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Direito Administrativo - Aula 06 Autotutela é um princípio atribuído a toda administração pública brasileira. Se impõe às entidades da administração direta, União, Estado, municípios, Distrito Federal; e também às entidades da administração indireta, autarquias, agências reguladoras, empresas públicas.. Esse princípio está baseado num dos pilares fundamentais da burocracia, que impõe à administração pública a obrigação de realizar um processo permanente de revisão da sua atividade administrativa. Autotutelar quer dizer autogerir. Autogerir quer dizer manter um sistema de controle do âmbito interno. Estamos falando de um sistema de controle do âmbito interno que indica a obrigação de um processo permanente ou continuado de revisão. O que está sendo objeto de revisão? Toda vez que o Estado se manifesta no exercício de função administrativa, nós temos a manifestação unilateral do Estado - ato administrativo -, ofício, memorando, alvará, nomeação, exoneração, demissão, certidão, atestado… A administração pública veicula sua atividade através de pronunciamentos que são manifestações unilaterais, que são atos administrativos. Também teremos atos administrativos através de contratos, que são manifestações bilaterais. Esses atos administrativos vão ser continuamente reapreciados. Essa reapreciação, decorre da hierarquia, pois todo superior hierárquico tem a obrigação de fiscalizar a atuação daquele que está a ele subordinado. Na reapreciação temos de ofício, em decorrência do exercício de sua competência; decorre de um expediente inerente à administração pública, onde teremos três desdobramentos: 1. homologação (aprovação, ratificação ou confirmação, por autoridade judicial ou administrativa, de certos atos particulares, a fim de que possam se investir de força executória ou se apresentar com validade jurídica); 2. revogação: a Súmula 473 do STF consolidou-se no texto da Lei 9784/99 que diz que a administração pública pode revogar seus atos quando inconvenientes inoportunos (...); uma forma de dar publicidade do interesse do produzido pela administração pública; revogação é discricionário. 3. anulação: (...) e deve anulá-los quando tiverem vícios, porque deles não se originam direitos e obrigações; o vício pode estar presente no ato desde sua criação (feito por autoridade incompetente), quando apresenta desvios de finalidade ou conteúdo impreciso, pode estar, também, associado à eficácia ou falta de publicação, devendo ser retirado pela própria administração pública, pois devido o princípio da autotutela ele tem a obrigação de revisar internamente, e todo superior hierárquico tem que supervisionar a atividades dos seus subordinados; tem efeito ex tunc, retroagindo. Se um ato administrativo for manifestado pelo Estado, eivado de vício, e seu conteúdo se estabelece com instrumento para que você exerça seu direito, no caso, seu direito está vinculado a um ato administrativo ilícito, será que a administração pública pode a qualquer tempo anular esse ato? De acordo com o princípio da segurança jurídica, a resposta é não. O indivíduo que ganhou tal direito específico, se agiu de boa fé, no caso, não obrigou ou induziu a administração pública ao erro, não terá seu direito anulado caso tenha se passado 5 anos. Podemos chamar essa situação, passadas os 5 anos, de decadência da autotutela. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Exemplo: empresa de engenharia que vai construir um prédio, onde por lei se precisa ter 2 vagas de garagem para apto com mais de 80m², a empresa manda o projeto para que se tenha 1 vaga de garagem e 2 elevadores para 3 aptos por andar. O órgão despacha o alvará e definindo a licença para construir. A empresa, no entanto, decide esperar um pouco para construir - 7 anos -, engavetando a licença. Daqui a 7 anos aparece um fiscal para verificar o cumprimento da lei e percebe que a licença foi expedida com erro, mas ela não poderá ser retirada devido ao tempo que já passou. A segurança jurídica salvaguarda o interesse do particular, diante das centenas dos ilícitos praticados pela administração pública. Existe um universo onde a lei confere liberdade diante de uma hipótese hipotética, emita ou não emita o ato. Tem variável relacionada a conteúdo, tempo, valoração… Para que o interesse público fosse cumprido, a discricionariedade da administração pública teria que se basear nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. O princípio da razoabilidade determina que a discricionariedade é lícito se ele é aceitável e compatível com o interesse a ser concretizado. Quando o administrador público for realizar um ato discricionário, terá que fazer com juízo de valor em três partes: 1. se a conduta é exigível, ou seja, se o ato deve ser manifestado; 2. considerando que deve ser manifestado, se há medida/parâmetro quantitativo/qualificativo é compatível com o interesse a ser cumprido; 3. proporcionalidade em sentido estrito: se o ato apresenta menor potencial ofensivo aos Direitos Fundamentais.
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