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Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla O meu livro 1001 Questões Comentadas de D. Administrativo FCC está à venda pelo site da Ed. Método no seguinte endereço: http://editorametodo.com.br/produtos_descricao.asp?codigo_produto=2605 Assista meu vídeo com dicas importantes sobre Anulação & Revogação dos Atos Administrativos http://www.jurisprudenciaeconcursos.com.br/espaco/anulacao-e-revogacao-do-ato-administrativo-- video-com-dicas-importantes Bons estudos! @profapatricia Princípios da Administração Pública No Direito, princípios são fórmulas nas quais estão contidos os pensamentos diretores do ordenamento, de uma disciplina legal ou de um instituto jurídico. Os princípios constituem as bases nas quais assentam institutos e normas jurídicas. No Direito Administrativo, os princípios revestem-se de grande importância. Por ser um ramo do direito de elaboração recente e não codificado (não temos código de Direito Administrativo!) os princípios auxiliam a compreensão e consolidação de seus institutos. A importância dos princípios para o Direito Administrativo deve-se também ao fato de que eles possibilitam a solução de casos não previstos em lei, para permitir uma melhor compreensão dos textos esparsos e para conferir certa segurança aos cidadãos quanto à extensão dos seus direitos e deveres. Se algum dia você pensar em desistir, desista de pensar!! Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 2 Segundo o prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, “princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tônica que lhe dá sentido harmônico”. Para o referido autor, “violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma”. Os princípios revestem-se de função positiva ao se considerar a influência que exercem na elaboração de normas e decisões sucessivas, na atividade de interpretação e integração do direito; atuam, assim, na tarefa de criação, desenvolvimento e execução do direito e de medidas para que se realize a justiça e a paz social; sua função negativa significa a rejeição de valores e normas que os contrariam. Em resumo, pode-se afirmar que os princípios cumprem duas funções essenciais dentro do Direito Administrativo, vejamos: 1. Função hermenêutica: o princípio pode ser utilizado para a interpretação de determinada norma; 2. Função integrativa: o princípio pode ser também utilizado para suprir lacunas em caso de ausência de norma legal acerca de determinada matéria. Na Constituição de 1988 encontram-se mencionados explicitamente como princípios os seguintes: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (este último acrescentado pela EC 19/1998). Outros princípios do Direito Administrativo decorrem da lei, da elaboração jurisprudencial e doutrinária. Vejamos agora cada um dos princípios do Direito Administrativo mais cobrados em provas de concursos. Vamos começar pelos princípios expressos na CF/1988, art. 37, caput: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência = LIMPE A ADMINISTRAÇÃO! L I M P E Princípio da Legalidade: Tal princípio é decorrência do Estado de Direito e traduz a idéia de que a Administração só pode fazer o que a lei permite. Ao contrário, na relação entre particulares, o princípio aplicável é o da autonomia da vontade, segundo o qual o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei. Aqui não se aplica a autonomia das vontades das relações particulares. A relação que o particular tem com a lei é de liberdade e autonomia da vontade, de modo que os ditames legais operam fixando limites negativos à atuação privada. Dessa forma, o silêncio da lei quanto ao regramento de determinada conduta é recebido na esfera particular como permissão para agir. Ao contrário, a relação do agente com a lei é de subordinação, assim, a ausência de disciplina legal sobre certo comportamento significa no âmbito da Administração Pública uma proibição de agir. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 3 De acordo com a CF/88, art. 84, IV, compete ao Presidente da República “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução”. Evidencia-se, destarte, que mesmo os decretos, inclusive quando expedem regulamentos, só podem ser produzidos para ensejar execução fiel da lei, ou seja, pressupõem sempre uma dada lei da qual sejam os fiéis executores. Em decorrência disso, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo federal, prevê que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o direito. Atenção! A existência de atos administrativos discricionários (a ser estudado nas próximas aulas) NÃO constitui exceção ao princípio da legalidade. Pelo princípio da legalidade o administrador só poderá fazer aquilo que a lei autoriza ou permite. No entanto, tal princípio não exclui a atividade discricionária do administrador uma vez que a Administração em certos casos terá que usar a discricionariedade para efetivamente atender à finalidade legal e, como conseqüência, atender ao princípio da legalidade. É interessante observar que discricionariedade não se confunde com arbitrariedade, esta é ilegal, ato praticado fora dos limites da lei. Já aquela é liberdade de ação dentro da lei. Princípio da Impessoalidade: A impessoalidade tanto é aplicado aos particulares como à própria Administração Pública. Quando a impessoalidade é aplicada aos particulares, está relacionada com a finalidade pública que deve nortear a atividade administrativa. Nesse sentido, a Administração não pode prejudicar e nem beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que deve conduzir a atividade do administrador. Assim, o princípio da impessoalidade, considerado por muitos administrativistas como princípio da impessoalidade, impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal de forma impessoal. A finalidade de todo ato administrativo é sempre o interesse público, o ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á a invalidação por desvio de finalidade, que a Lei de Ação Popular conceituou como o “fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência” do agente (Lei nº 4.717/65, art. 2º, parágrafo único, “e”). Quando a impessoalidade é aplicada ao administrador, aplica-se a idéia da proibição de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos. A Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, inciso III, exige “objetividade no atendimento do interesse público, vedando a promoção pessoal de agentes ou autoridades.” (grifou-se) Só uma coisa determinará a dimensão de suas conquistas: o tamanho da sua fé! Esperar em Deus é mais demorado. Mas, é mais seguro! Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatriciaFacebook: Profa Patrícia Carla 4 Vale lembrar que o princípio da impessoalidade também é aplicado na Teoria do Agente de Fato, quando se reconhece validade aos atos praticados por funcionário irregularmente investido no cargo ou função, sob fundamento de que os atos são do órgão e não do agente público. Princípio da Moralidade: Deve-se entender a moralidade administrativa como um conjunto de valores éticos que fixam um padrão de conduta que deve ser necessariamente observado pelos agentes públicos como condição para uma honesta, proba e íntegra gestão da coisa pública, de modo a impor que estes agentes atuem no desempenho de suas funções com retidão de caráter, decência, lealdade, decoro e boa-fé. Atenção! A moralidade não se confunde com a legalidade administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de vista legal, mas moralmente deficiente, caso não represente atitude ética e de boa-fé, não sendo útil a adoção desta norma ou atividade. Assim, legalidade moralidade e são princípios autônomos, ambos tem previsão expressa na CF/1988, art. 37, caput. Atenção! A moralidade administrativa difere da moral comum. O princípio jurídico da moralidade administrativa não impõe o dever de atendimento à moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito de boa administração. A imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos, já que acarreta a anulação do ato, que pode ser decretada pela própria Administração (princípio da autotutela) ou pelo Poder Judiciário. A Lei nº 9784/99 prevê o princípio da moralidade no art. 2º, caput, como um dos princípios a que se obriga a Administração Pública; e, no parágrafo único, inciso IV, exige “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”, com referência evidente aos principais aspectos da moralidade administrativa. Um outro aspecto importante da moralidade está na Súmula Vinculante nº13 que veda a prática do nepotismo no serviço público. Vejamos: Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 21/08/2008: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”. Atenção! O próprio Supremo Tribunal Federal ressalvou que a proibição NÃO é extensiva aos agentes políticos do Poder Executivo como ministros de estado e secretários estaduais, distritais e municipais (Rcl – MC – AgR 6650/PR, STF). A CF/1988, ao consagrar o princípio da moralidade, determinou a necessidade de sua proteção e a responsabilização do administrador público amoral ou imoral. Para tanto, encontram-se no ordenamento jurídico inúmeros mecanismos para impedir atos de imoralidade tais como: Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 5 a) Regras sobre a improbidade administrativa, no art. 37, § 4º, CF e na Lei nº 8.429/92; b) Crimes de responsabilidade do Presidente da República e de outros agentes políticos, CF/1988, art. 85, art. 5º, LXXIII; c) Ação Popular, CF/1988, art. 5º, LXXIII e Lei nº 4.717/65; Além dos citados acima, há ainda outros instrumentos de proteção da moralidade administrativa previstos no ordenamento jurídico, como, por exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº101/00). Princípio da Publicidade: Em conseqüência deste princípio, expressado na CF/1988, art. 37, caput, todos tem o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral (CF/1988, art. 5º, XXXIII). A publicidade representa condição de eficácia para os atos administrativos (ela NÃO é elemento formativo do ato administrativo), marcando o início de produção de seus efeitos externos, já que ninguém está obrigado a cumprir um ato administrativo se desconhece a sua existência. Assim, o ato administrativo, como de resto todo ato jurídico, tem na sua publicação o início de sua existência no mundo jurídico, irradiando, a partir de então, seus legais efeitos, produzindo, assim, direitos e deveres. Os objetivos da publicidade dos atos administrativos são os seguintes: a) Exteriorizar a vontade da Administração Pública divulgando o seu conteúdo para conhecimento público; b) Tornar exigível o conteúdo do ato; c) Desencadear a produção de efeitos do ato; d) Permitir o controle de legalidade do comportamento do administrador. A desobediência ao dever de publicar os atos oficiais pode caracterizar ato de improbidade administrativa, Lei nº 8.429/92, art. 11, inciso IV. Como não existe princípio absoluto, a publicidade comporta exceções, ou seja, a publicidade é a regra que comporta exceções, seja por exigência dos interesses sociais, seja por imperativos da segurança do Estado. Você nunca sabe que resultados virão das suas ações. Mas, se você não fizer nada, não existirão resultados. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 6 A Lei nº 11.111, de maio de 2005, regulamentando o art. 5º, XXXIII, CF/1988, disciplina o acesso aos documentos públicos de interesse particular, interesse coletivo ou interesse geral, ressalvadas as hipóteses em que o sigilo seja ou permaneça imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 2º). Princípio da Eficiência: Este princípio, acrescido à Constituição Federal pela EC nº 19/98, visa exigir que a Administração Pública funcione de forma mais eficiente, preocupada com o seu desempenho e em alcançar resultados cada vez mais positivos, procurando a busca pela maior produtividade, em contraposição aos velhos hábitos e rotinas burocráticas que sempre nortearam a atividade pública. A eficiência está ligada a uma noção de Administração mais moderna, mais gerencial, preocupada com resultados. São conseqüências desse princípio as criações de institutos como contratos de gestão, agências executivas e reguladoras, organizações sociais e a procura pela ampliação de autonomia de órgãos e entidades. O princípio da eficiência também pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público. A exigência de eficiência ao agente público acarretou a alteração feita, também pela EC nº 19/98, no art. 41, § 1º, da Constituição Federal, ao criar nova possibilidade de perda do cargo para o servidor público estável “mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa”. Dessa forma, o servidor, mesmo estável, que não seja eficiente em seu desempenho funcional, poderá perder o cargo, após a devida regulamentação da matéria por lei complementar. Para o servidor ainda não estável, também houve mudanças decorrentes da exigência de eficiência, vez que a reforma administrativa alterou o art. 41, caput, ao aumentar o tempo de efetivo exercício exigido para aquisição de estabilidade de dois para três anos, e acrescentou o § 4º, segundo o qual “como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenhopor comissão instituída para essa finalidade”, condição essa não exigida anteriormente. Os princípios vistos acima são chamados de expressos porque expressamente previstos na Carta Magna. Porém, temos outros princípios além destes que podem ser chamados de implícitos ou infraconstitucionais, são eles: Princípio da Supremacia do interesse público sobre o interesse do particular: Uma vez que o Estado representa toda a coletividade, o interesse da Administração deve ser entendido como interesse de todos, e, portanto, deve prevalecer quando em conflito com determinado interesse particular, desde que sejam respeitados os direitos individuais deste. Tal princípio exalta a superioridade do interesse da coletividade, estabelecendo a prevalência do interesse público sobre o interesse do particular, como condição indispensável de assegurar e viabilizar os interesses individuais. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 7 A Administração Pública está sujeita ao chamado regime jurídico administrativo que é formado pelo princípio da supremacia do interesse público e pelo princípio da indisponibilidade do interesse público. Pelo princípio da supremacia vigora a verticalidade nas relações entre a Administração e o particular, desse princípio resulta a exigibilidade e executoriedade dos atos administrativos, as cláusulas exorbitantes dentro dos contratos administrativos, a intervenção do Estado sobre a propriedade privada etc. Já o Princípio da Indisponibilidade do interesse público serve para limitar a atuação do agente público, revelando-se um contrapeso à superioridade descrita no princípio da supremacia do interesse público. Sendo o interesse público qualificado como próprio da coletividade, este não se encontra à livre disposição de quem quer que seja, por ser insuscetível de apropriação. Os próprios sujeitos da Administração que o representam não tem disponibilidade sobre ele, haja vista que lhes incumbe tão-somente zelá-lo, no desempenho de um dever. Assim, os bens e o interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade. É, por isso, o administrador, mero gestor da coisa pública, não tendo disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e realização. Desse princípio resulta a obrigatoriedade da Administração fazer concurso público para o preenchimento dos seus cargos, bem como se submeter ao procedimento licitatório para aquisição de bens e serviços. Princípio da Motivação: A Administração Pública deve motivar os seus atos, ou seja, demonstrar os motivos pelos quais está agindo de determinada maneira, para conhecimento e garantia dos administrados, que assim terão a possibilidade de contestar o motivo alegado pela Administração, caso discordem do mesmo. A Lei nº 9.784/99 trouxe de forma expressa o princípio da motivação em seu art. 2º, segundo o qual nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinam a decisão. A referida Lei em seu art. 50, § 1º, permitiu a denominada motivação aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordância com fundamentos anteriores, informações, decisões ou propostas já é considerada motivação do ato administrativo. Opõe-se a chamada motivação contextual em que os fundamentos de fato e de direito estão indicados no próprio contexto do ato, não havendo remissão à motivação externa. Dessa forma, não viola o princípio da motivação dos atos administrativos o ato da autoridade que, ao deliberar acerca de recurso administrativo, mantém decisão com base em parecer de consultoria jurídica, sem maiores considerações. É interessante lembrar que quando o administrador motiva o ato, ele estará vinculado ao motivo, em virtude da aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes. De acordo com esta teoria, a Administração tem total vinculação com os motivos que apresenta para a prática do ato, de tal sorte que, se inexistentes os motivos, o ato será anulado. Princípio da Segurança jurídica: Está relacionado à necessidade de respeito, pela Administração, à boa-fé dos administrados que com ela interagem, no sentido de que, quando esses tem um determinado direito reconhecido pela Administração, não podem vir a ser prejudicados, ulteriormente, por mudanças de entendimento da própria Administração sobre aquela matéria. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 8 Esse princípio também é chamado de boa-fé ou proteção á confiança, por ele fica vedada a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa que encontra-se consagrada no ordenamento jurídico pátrio. Ele tem previsão legal na Lei nº 9.784/99, art. 2º. Princípio da Proporcionalidade: Tal princípio irradia para a Administração Pública a obediência ao bom senso, moderação, prudência, proibição de excessos, equidade e valores afins. É um princípio constitucional implícito que exige a verificação do ato do poder público quanto aos seguintes caracteres: adequação (utilidade), necessidade (exigibilidade) e proporcionalidade em sentido estrito. Assim, aplicado tal princípio à Administração Pública, impõe-se que as entidades, órgãos e agentes públicos, no desempenho das funções administrativas, adotem meios que, para a realização de seus fins, revelem-se adequados, necessários e proporcionais. A lei nº 9.784/99 explicitou, a nível infraconstitucional, o referido princípio, exigindo da Administração Pública a observância do princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Com efeito, prevê o seu art. 2º, caput, que a “Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. Ademais, prevê a Lei em tela, no parágrafo único do art. 2º, que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. Princípio da Razoabilidade: Segundo José dos Santos Carvalho Filho, Razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis. O princípio da razoabilidade se fundamenta nos princípios da legalidade e da finalidade. Os princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade constituem instrumentos de controle dos atos estatais abusivos, seja qual for a sua natureza. Princípio da Isonomia: A Constituição Federal, no art.5º, caput, estabelece que, sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais perante a lei. Todos devem ser tratados por ela igualmente tanto quando concede benefício, confere isenções ou outorga vantagens como quando prescreve sacrifícios, multas, sanções e agravos. Tal princípio tem a finalidade de impedir distinções, discriminações e privilégios arbitrários ou odiosos. Toda diferenciação deve estar fundamentada em uma justificativa objetiva e razoável, sendo que a violação ao princípio da igualdade restará caracterizada toda vez que o elemento discriminador for de encontro a uma finalidade albergada pelo ordenamento jurídico. É comum a distinção entre igualdade formal e material. A primeira, também conhecida como igualdade perante a lei (José Afonso da Silva), consiste no tratamento igual conferido a todos os seres de uma mesma categoria essencial. A igualdade material consiste na busca pela igualização dos desiguais por meio da concessão de direitos sociais substanciais. Para que haja uma igualdade material é necessário que o Estado atue positivamente proporcionando aos menos favorecidos igualdades reais de condições.A Carta Magna consagra a igualdade formal, mas impõe a busca por uma igualdade material, conforme se pode depreender de vários dispositivos, dente eles, o art.3º, III que estabelece como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a redução das desigualdades sociais e regionais. As chamadas discriminações positivas ou ações afirmativas – ações que beneficiam grupos menos favorecidos para que tenham igualdade material de condições – não são vedadas pela Constituição, desde que amparadas por critérios justificáveis e albergados pelo ordenamento jurídico. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 9 Súmula 339, STF: Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Bem, aqui vimos os principais princípios do Direito Administrativo. Alguns ficaram de fora (ex. Autotutela, Presunção de legitimidade, Continuidade dos serviços públicos, Finalidade etc) porque eu achei mais didático abordá-los quando estivermos estudando os respectivos assuntos. Vamos sintetizar tudo? 1. Princípio da legalidade: é uma exigência que decorre do Estado de Direito, ou seja, da submissão do Estado ao império da ordem jurídica. Assim, a atividade administrativa só pode ser exercida em conformidade com a lei. Para a Administração a legalidade, ou seja, ela só faz aquilo que a lei autoriza ou permite. Para o particular a autonomia da vontade, ou seja, ele pode fazer tudo o que quiser desde que a lei não proíba; 2. Princípio da impessoalidade: exige que a atividade administrativa seja exercida de modo a atender a todos os administrados, ou seja, a coletividade, e não a certos membros em detrimento de outros, devendo apresentar-se, portanto, de forma impessoal. A impessoalidade veda a prática do nepotismo, afastando os parentes da Administração Pública (SV 3). De acordo com tal princípio a atividade administrativa exercida pelo agente público é imputada ao órgão e não ao próprio agente; 3. Princípio da Moralidade: determina o emprego da ética, honestidade, retidão, probidade, boa-fé e lealdade com as instituições administrativas e políticas no exercício da atividade administrativa; 4. Princípio da publicidade: exige uma atividade administrativa transparente, a fim de que o administrado tome conhecimento dos comportamentos administrativos do Estado. A publicidade é condição de eficácia do ato administrativo; 5. Princípio da eficiência: introduzido pela EC nº 19/1998, trouxe para a Administração o dever explícito de realizar as suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento; 6. Princípio da supremacia do interesse público: este princípio exalta a superioridade do interesse da coletividade, estabelecendo a prevalência do interesse público sobre o interesse do particular, como condição indispensável de assegurar e viabilizar os interesses individuais; Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 10 7. Princípio da indisponibilidade do interesse público: os bens e os interesses públicos não estão entregues à livre disposição da vontade do administrador. Ao contrário, cumpre a ele o dever de protegê-los nos termos da finalidade legal a que estão vinculados; 8. Princípio da motivação: por este princípio o ato administrativo deve ser motivado, seja ele discricionário ou vinculado. Quando o administrador motiva o ato, mesmo aquele no qual não é obrigatória a motivação (ex. exoneração de servidor público ocupante de cargo em comissão), ele estará vinculado ao motivo, em face da aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes; 9. A Teoria dos Motivos Determinantes implica para a Administração a total vinculação com os motivos que apresenta para a prática do ato, dessa forma, inexistentes os motivos, o ato será anulado; 10. A Lei nº 9.784/99, em seu art. 50, § 1º, permitiu a denominada motivação aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordância com fundamentos anteriores, informações, decisões ou propostas já é considerada motivação do ato administrativo; 11. Princípio da Segurança Jurídica: Esse princípio também é chamado de boa-fé ou proteção á confiança, por ele fica vedada a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa. JURISPRUDÊNCIA SOBRE O ASSUNTO DA AULA: Princípio da Impessoalidade. Constituição Estadual pode proibir atribuição de nome de pessoa viva a bens e logradouros públicos. ADI 307/CE, rel. Min. Eros Grau, INFO 494 – STF. O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial (RE 233.582/RJ, INFO 506 – STF). Obstáculo é aquilo que você enxerga quando tira os olhos do seu objetivo. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 11 A exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de admissibilidade de recurso administrativo constitui obstáculo sério (e intransponível, para consideráveis parcelas da população) ao exercício do direito de petição (CR, art. 5º, XXXIV), além de caracterizar ofensa ao princípio do contraditório (CR, art. 5º, LV) (ADI 1976/DF, INFO 461 – STF). Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo Vamos treinar?? 01. (FCC/MPE-SE/Técnico/2009) A Constituição determina expressamente que são princípios da Administração Pública: (A) publicidade, moralidade e eficiência. (B) impessoalidade, moralidade e imperatividade. (C) hierarquia, moralidade e legalidade. (D) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade. (E) impessoalidade, presunção de legitimidade e hierarquia. Resposta: A Comentários: Outra questão também muito fácil. Art. 37, caput, CF: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (grifou-se) A Carta Magna expressamente faz referência ao LIMPE, já estudado anteriormente. Vamos rever as alternativas: (A) publicidade, moralidade e eficiência: resposta correta!! (B) impessoalidade, moralidade e imperatividade: a imperatividade é um atributo do ato administrativo a ser estudado nas próximas aulas. (C) hierarquia, moralidade e legalidade: o princípio da hierarquia não tem previsão expressa na Carta Magna, de acordo com tal princípio, os atos administrativos podem ser revisados, é possível a delegação e a avocação de competência e do ponto de vista do subordinado há o dever de obediência. (D) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade: a autoexecutoriedade é um atributo do ato administrativo a ser estudado nas próximas aulas. (E) impessoalidade, presunção de legitimidade e hierarquia: a presunção de legitimidade é um atributo do ato administrativo a ser estudado nas próximas aulas. Portanto, correta a letra A. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 12 02. (FCC/TRT22/Analista/2010) Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é INCORRETO afirmar: (A) O princípio da eficiência alcança apenas os serviços públicos prestados diretamente à coletividade e impõe que a execução de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Em observância ao princípio da impessoalidade,a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. (C) Embora não se identifique com a legalidade, pois a lei pode ser imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei, a imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos porque acarreta a invalidade do ato que pode ser decretada pela própria Administração ou pelo Judiciário. (D) O princípio da segurança jurídica veda a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública, preservando assim, situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. (E) Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Resposta: A Comentários: Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é INCORRETO afirmar: (A) O princípio da eficiência alcança apenas os serviços públicos prestados diretamente à coletividade e impõe que a execução de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional. Incorreto e é essa que vamos marcar! O “apenas” deixou a questão errada. Vamos corrigi-la: O princípio da eficiência alcança os serviços públicos prestados direta e indiretamente (ex. concessionários, permissionários de serviços públicos) à coletividade e impõe que a execução de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. Correto! Ex. remoção de servidor público tem que atender ao interesse público, não posso remover para punir, caso contrário, estaria violado o princípio da impessoalidade. Segundo o STF, é dever da Administração Pública perseguir a satisfação da finalidade legal. O pleno cumprimento da norma jurídica constitui o núcleo do ato administrativo. Dever jurídico da Administração Pública de atingir, da maneira mais eficaz possível, o interesse público identificado na norma. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 13 (C) Embora não se identifique com a legalidade, pois a lei pode ser imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei, a imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos porque acarreta a invalidade do ato que pode ser decretada pela própria Administração ou pelo Judiciário. Correto! A moralidade não se confunde com a legalidade administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de vista legal, mas moralmente deficiente, caso não represente atitude ética e de boa-fé, não sendo útil a adoção desta norma ou atividade. Assim, legalidade moralidade e são princípios autônomos, ambos tem previsão expressa na CF/1988, art. 37, caput. (D) O princípio da segurança jurídica veda a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública, preservando assim, situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. Correto! A segurança jurídica tem muita relação com a idéia de respeito à boa-fé. Se a Administração adotou determinada interpretação como a correta e aplicou a casos concretos, não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram praticados com base em errônea interpretação. Se o administrado teve reconhecido determinado direito com base em interpretação adotada em caráter uniforme para toda a Administração, é evidente que a sua boa-fé deve ser respeitada. (E) Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Correto! No direito positivo brasileiro, tal princípio, além de referido no art. 37, caput, CF, está contido também no art. 5º da Carta Magna que, repetindo preceito de Constituições anteriores, estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” 03. (FCC/TRE-AL/Técnico/2010) Quando se afirma que o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe e que a Administração só pode fazer o que a lei determina ou autoriza, estamos diante do princípio da: (A) legalidade. (B) obrigatoriedade. (C) moralidade. (D) proporcionalidade. (E) contradição. Resposta: A Comentários: Essa foi um presente da FCC!! Claro que a resposta é a letra A por tudo o que nós já estudamos anteriormente! 04. (FCC/TRE-AL/Técnico/2010) A imposição de que o administrador e os agentes públicos tenham sua atuação pautada pela celeridade, perfeição técnica e economicidade traduz o dever de (A) agir. (B) moralidade. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 14 (C) prestação de contas. (D) eficiência. (E) obediência. Resposta: D Comentários: Também muito fácil!! É dever de eficiência. Os agentes públicos devem agir com rapidez, presteza, perfeição, rendimento. Importante também é o aspecto econômico, que deve pautar as decisões, levando-se em conta sempre a relação custo-benefício. Privilegia, assim, o binômio qualidade x economicidade. Construir uma linha de distribuição elétrica em rua desabitada pode ser legal, mas não será um investimento eficiente para a sociedade, que arca com os custos e não obtém o benefício correspondente. A Administração Pública deve estar atenta às suas estruturas e organizações, evitando a manutenção de órgãos/entidades subutilizados, ou que não atendam às necessidades da população. A Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, “caput” assim preceitua: Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. A eficiência também está presente na Constituição Federal, em seu art. 37, caput: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Acrescente-se que os princípios administrativos previstos constitucionalmente representam uma relação meramente exemplificativa de dogmas que deverão ser obrigatoriamente observados pelo administrador público. Segundo a doutrina, o princípio da democracia participativa é instrumento para a efetividade dos princípios da eficiência e da probidade administrativa. 05. (FCC/TRE-AM/Analista/2010) A respeito dos princípios básicos da Administração, é correto afirmar: (E) Em razão do princípio da moralidade o administrador público deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Os princípios da segurança jurídica e da supremacia do interesse público não estão expressamente previstos na Constituição Federal. © A publicidade é elemento formativo do ato e serve para convalidar ato praticado com irregularidade quanto à origem. (D) Por força do princípio da publicidade todo e qualquer ato administrativo, sem exceção, deve ser publicado em jornal oficial. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 15 (E) O princípio da segurança jurídica permite a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa.Resposta: B Comentários: A respeito dos princípios básicos da Administração, é correto afirmar: (E) Em razão do princípio da moralidade o administrador público deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeição e rendimento funcional. O correto seria: Em razão do princípio da eficiência o administrador público deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Os princípios da segurança jurídica e da supremacia do interesse público não estão expressamente previstos na Constituição Federal. Correto! São princípios implícitos! Como o rol de princípios previstos no art. 37, caput da CF é meramente exemplificativo, a Lei nº 9.784/99 trouxe outros a serem aplicados na atividade administrativa, são eles: Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. © A publicidade é elemento formativo do ato e serve para convalidar ato praticado com irregularidade quanto à origem. A publicidade NÃO é elemento formativo do ato, é requisito de eficácia e moralidade. Segundo a doutrina dominante os elementos formativos do ato são: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. A publicidade é necessária para dar eficácia aos atos que devam produzir efeitos fora dos limites da repartição pública para que os mesmos sejam de “conhecimento público”. A publicidade NÃO convalida o ato administrativo. Se o ato é ilegal, ele continuará sendo ilegal mesmo se for publicado. Convalidar é tornar válido, é efetuar correções no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigências legais. Estudaremos convalidação na aula de atos administrativos. (D) Por força do princípio da publicidade todo e qualquer ato administrativo, sem exceção, deve ser publicado em jornal oficial. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 16 Errado! A publicidade produz os efeitos previstos somente se feita através de órgão oficial, que é o jornal, público ou não, que se destina à publicação de atos estatais. Dessa forma, não basta a mera notícia veiculada na imprensa (STF, RE 71.652). No entanto, não são todos os atos administrativos que devem ter publicidade ampla. Assim, atos internos, em geral, exigem apenas publicidade interna, como é o caso de fixação de regras para apresentação de atestados médicos por parte dos servidores do órgão. De outro lado, por expressa previsão legal, deve haver publicação no meio oficial, por exemplo, nas hipóteses de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido (Lei nº 9.784/99, art. 26, § 4º). (E) O princípio da segurança jurídica permite a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa. Ao contrário! Não permite! Também chamado por alguns de princípio da estabilidade das relações jurídicas, revela a importância de se ter certa imutabilidade ou certeza de permanência dessas relações jurídicas, visando impedir ou reduzir as possibilidades de alterações dos atos administrativos, sem a devida fundamentação. Assim, busca evitar as constantes mudanças de interpretações da lei feitas pela Administração, bem como evitar que sejam invalidados seus atos, sem causa justificativa, trazendo prejuízos a terceiros de boa-fé. Tal princípio tem previsão na Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, XIII: “Art. 2º (...) Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.” (grifou-se) Atos Administrativos Conceito de Ato Administrativo “Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. (Hely Lopes Meirelles) O conceito de ato administrativo não deve ser confundido com o de fato administrativo. Embora sejam ambos provenientes da Administração, constituem manifestações distintas do Poder Público. O fato administrativo não tem por fim a produção de efeitos jurídicos, mas sim a realização material no exercício da função administrativa (por isso são também chamados de atos materiais). Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 17 O fato administrativo é, portanto, uma mera realização material, de ordem prática, de execução, como a construção de uma ponte, a demolição de um prédio, a apreensão de mercadorias irregulares, a instalação de um serviço. Ou seja, é em si uma atividade pública material desprovida de conteúdo de direito. Em regra, o ato administrativo e o fato administrativo são institutos relacionados, pois o último é conseqüência do primeiro. Antes de realizar o fato administrativo (realização material) a Administração vai manifestar sua vontade por intermédio do ato administrativo (conteúdo jurídico). Partindo-se da idéia da divisão de funções entre os três Poderes do Estado, pode-se dizer, em sentido amplo, que todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato da Administração. A expressão atos da Administração tem sentido mais amplo do que a expressão ato administrativo, abrangendo os atos de direito privado, atos materiais, atos de conhecimento, atos políticos, contratos, atos normativos e os atos administrativos propriamente ditos. ATOS ADMINISTRATIVOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Atos regidos pelo direito público Atos regidos pelo direito público ou privado Ato administrativo: declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeito ao controle do Poder Judiciário. Ato da administração: todo ato praticado no exercício da função administrativa. Ato da Administração: gênero; Ato administrativo: espécie do gênero atos da Administração Assim, os atos da Administração (gênero) englobam todos os atos praticados pela Administração Pública, seja sob o regime de direito público ou sob o regime de direito privado. Já o ato administrativo (espécie do gênero atos da Administração) é a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário. Dentre os atos da Administração distinguem-se os que produzem e os que não produzem efeitos jurídicos. Aqueles que não produzem efeitos jurídicos não são considerados atos administrativos por não se enquadrar no respectivo conceito. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 18 OS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO ENGLOBAM: Atos de direito privado (ex. doação, permuta, compra e venda, locação); Atos materiais da Administração (ex. demolição de uma casa, apreensão de mercadoria, realização de um serviço); Atos de conhecimento (ex. atestados, certidões, pareceres, votos); Atos políticos; Contratos; Atos normativos (ex. decretos, portarias, resoluções, regimentos, de efeitos gerais e abstratos); Atos administrativos propriamente ditos Elementos do Ato Administrativo Os elementos do ato administrativo estão presentesna Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular), art. 2º. São eles: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. a) Competência: é o poder atribuído, por lei, aos órgãos e agentes para o desempenho de suas atribuições. A competência legalmente atribuída a determinado agente não pode por ele ser transferida de forma permanente a outro, mas pode ser delegada e avocada. A profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro chama esse elemento de sujeito. A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou (art. 2º, Lei 4717/65). b) Finalidade: é o resultado que se quer alcanças com a prática daquele ato; em sentido amplo, mediato, a finalidade de todo ato administrativo deve ser sempre atender ao interesse público, enquanto em sentido estrito cada ato tem a sua finalidade imediata, específica, que deverá decorrer, ainda que de forma implícita, da lei. Quando não atendida a finalidade do ato, ocorrerá o desvio de finalidade, a tornar o ato nulo. O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência (art. 2º, Lei 4717/65). Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 19 c) Forma: é o modo pelo qual o ato administrativo se exterioriza, adotando, em regra, a forma escrita, e, excepcionalmente, outras formas como a verbal e até mesmo sinais, tais como placas de trânsito, visto que todas manifestam unilateralmente a vontade da Administração. Os atos podem vir na forma de decretos, resoluções, vistos, portarias, instruções etc. O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato (art. 2º, Lei 4717/65). d) Motivo (# motivação # móvel): (é a situação de direito e de fato que determina ou autoriza a realização de ato administrativo // quando o motivo vier expresso na lei, o ato será vinculado. Quando a lei deixar ao administrador a avaliação quanto à oportunidade e conveniência, o ato será discricionário // Ex. demissão de um servidor – motivo: a infração por ele praticada (já que demissão é uma penalidade); motivação: é a exposição de motivos, a exteriorização, por escrito, do motivo que levou a Administração a aplicar tal penalidade). Atenção: o art.50, Lei 9784/99 enumerou expressamente atos que deverão ser motivados. A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido (art. 2º, Lei 4717/65). e) ELEMENTOS // REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (Lei nº 4.717/65, art. 2º) Competência (sujeito) Conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo. Finalidade É o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato. Forma É o modo através do qual se exterioriza o ato administrativo, é seu revestimento. Motivo É o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo. Objeto (conteúdo) É o efeito jurídico imediato que o ato produz. MÉRITO ADMINISTRATIVO = CONVENIÊNCIA + OPORTUNIDADE TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: relaciona-se com o motivo do ato administrativo, é aquela que prende o administrador no momento da execução do ato aos motivos que ele alegou no momento de sua edição, sujeitando-se à demonstração de sua ocorrência, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 20 f) Objeto (= conteúdo): é o que efetivamente o ato está fazendo, é o efeito gerado pelo ato. Em um ato de demissão, o objeto é a demissão de determinado servidor; no ato de desapropriação, o objeto é a desapropriação dos referidos imóveis. O objeto de todo ato administrativo deve ser sempre lícito, moral e possível, ou o ato será inválido. A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo (art. 2º, Lei 4717/65). Atributos do Ato Administrativo P A T I a) Presunção de Legitimidade: presunção iuris tantum, pois admite prova em contrário. b) Autoexecutoriedade: autoriza a ação imediata e direta da Administração. ATENÇÃO!!! O PROFESSOR CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO DEFENDE QUE A AUTOEXECUTORIEDADE ABRANGE: EXIGIBILIDADE E EXECUTORIEDADE c) Tipicidade: citado pela profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ela ensina que é o “atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei”. d) Imperatividade: os atos administrativos são obrigatórios, imperativos, devendo ser obedecidos pelo administrado ainda que de forma contrária aos seus interesses ou sua concordância. ATENÇÃO!!! O PROFESSOR CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO CHAMA ESSE ATRIBUTO DE PODER EXTROVERSO DO ESTADO. 4 – Discricionariedade x Vinculação: ato vinculado é aquele editado em decorrência do poder vinculado que detém a Administração, ou seja, quando a lei determina a única forma possível de atuação para a Administração, não lhe concedendo nenhum grau de liberdade para manifestação de sua vontade. Ato discricionário, ao contrário, é aquele editado em decorrência do poder Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 21 discricionário que detém a Administração, ou seja, quando a lei permite certo grau de liberdade para que a Administração decida se deve agir desta ou de outra forma, bem como decida o momento mais apropriado para agir. Vamos sintetizar tudo? 1. Presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei, já a presunção de veracidade diz respeito aos fatos; 2. Autoexecutoriedade é o atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário; 3. Autoexecutoriedade (exigibilidade e executoriedade): exigibilidade – meios indiretos, executoriedade – meios diretos; 4. Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei; 5. Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. Espécies de ato administrativo: 1. Atos normativos: são aqueles que contem comandos, em regra, gerais e abstratos para viabilizar o cumprimento da lei. Para alguns autores, tais atos seriam leis em sentido material. Ex. decretos, deliberações 2. Atos ordinatórios: são manifestações internas da Administração decorrentes do poder hierárquico disciplinando o funcionamento de órgãos e a conduta de agentes públicos. Assim, não podem disciplinar o comportamento de particulares por constituírem determinações internas. Ex. instruções e portarias. 3. Atos negociais: manifestam a vontade da Administração em concordância com o interesse de particulares. Ex. concessões, licenças. 4. Atos enunciativos: também chamados atos de pronúncia, certificam ou atestam uma situação existente, não contendo manifestação de vontade da Administração Pública. Ex. certidões, pareceres, atestados. 5. Atospunitivos: aplicam sanções a particulares ou servidores que pratiquem condutas irregulares. Ex. multas e interdições de estabelecimento. ...pois saiba que Deus quer te surpreender, Ele pode falar com você e mudar totalmente o seu destino. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 22 Vamos resumir e exemplificar? Atos Normativos: comandos gerais e abstratos para aplicação da lei Ex. decretos e regulamentos, instruções normativas, regimentos, resoluções, deliberações Atos Ordinatórios: disciplinam órgãos e agentes públicos Ex. instruções, circulares, avisos, portarias, ordens de serviço, ofícios, despachos Atos negociais: vontade da Administração em concordância com particulares Ex. licença, autorização, permissão, aprovação, admissão, visto, homologação, dispensa, renúncia, protocolo administrativo. Atos enunciativos: certificam ou atestam uma situação existente Ex. certidões, atestados, pareceres técnicos, pareceres normativos, apostilas Atos punitivos: aplicam sanções a agentes e particulares Ex. multa, interdição de atividade, destruição de coisas Vamos conceituar cada um deles? ATOS NORMATIVOS Decretos e regulamentos: São atos administrativos, em regra, gerais e abstratos, privativos do Chefe do Poder Executivo e expedidos para dar fiel execução à lei. Instruções normativas: São atos normativos de competência dos Ministros praticados para viabilizar a execução de leis e outros atos normativos. Resoluções: São atos administrativos inferiores aos decretos e regulamentos, expedidos por Ministros de Estado, presidentes de tribunais, de casas Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 23 legislativas e de órgãos colegiados, versando sobre matérias de interesse interno dos respectivos órgãos. Deliberações: São atos normativos ou decisórios de órgãos colegiados. ATOS ORDINATÓRIOS Instruções: Expedidas pelo superior hierárquico e destinadas aos seus subordinados, são ordens escritas e gerais para disciplina e execução de determinado serviço público. Circulares: Constituem atos escritos de disciplina de determinado serviço público voltados a servidores que desempenham tarefas em situações especiais. Diferem das instruções porque não são gerais. Avisos: Atos exclusivos de Ministros de Estado para regramento de temas da competência interna do Ministério. Portarias: Atos internos que iniciam sindicâncias, processos administrativos ou promovem designações de servidores para cargos secundários. São expedidas por chefes de órgãos e repartições públicas. As portarias nunca podem ser baixadas pelos Chefes do Executivo. Ordens de serviço: São determinações específicas dirigidas a servidores subordinados ou particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social. São convites ou comunicações Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 24 Ofícios: escritas dirigidas a servidores subordinados ou particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social. Despachos: São decisões de autoridades públicas manifestadas por escrito em documentos ou processos sob sua responsabilidade. ATOS NEGOCIAIS Licença: Ato administrativo unilateral, declaratório e vinculado que libera, a todos que preencham os requisitos legais, o desempenho de atividades em princípio vedadas pela lei. Trata- se de manifestação do poder de polícia administrativo desbloqueando atividades cujo exercício depende de autorização da Administração, como acontece na licença para construir. Autorização: Ato unilateral, discricionário, constitutivo e precário expedido para a realização de serviços ou a utilização de bens públicos no interesse predominante do particular, como o porte de arma. Permissão: Ato unilateral, discricionário e precário que faculta o exercício de serviços de interesse coletivo ou a utilização de bem público. Aprovação: Ato administrativo unilateral e discricionário que realiza a verificação prévia ou posterior da legalidade e do mérito de outro ato como condição para a sua produção de efeitos. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 25 Admissão: Ato administrativo unilateral e vinculado que faculta, a todos que preencherem os requisitos legais, o ingresso em repartições governamentais ou defere certas condições subjetivas, como a admissão de usuário em biblioteca pública. Visto: Constitui ato vinculado expedido para controlar a legitimidade formal de outro ato particular ou agente público. Homologação: É ato administrativo unilateral e vinculado de exame de legalidade e conveniência de outro ato de agente público ou particular. Dispensa: É ato administrativo discricionário que exime o particular do desempenho de certa tarefa. Renúncia: É ato unilateral, discricionário, abdicativo e irreversível pelo qual a Administração Pública abre mão de crédito ou direito próprio em favor do particular. Protocolo administrativo: É a manifestação administrativa em conjunto com o particular versando sobre a realização de tarefa ou abstenção de certo comportamento em favor dos interesses da Administração e do particular, simultaneamente. ATOS ENUNCIATIVOS Certidões: São cópias autenticadas de atos ou fatos permanentes de interesse do requerente constantes de arquivos públicos. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 26 Atestados: São atos que comprovam fatos ou situações transitórias que não constem de arquivos públicos. Pareceres técnicos: Manifestações expedidas por órgãos técnicos especializados referentes a assuntos submetidos a sua apreciação. Pareceres normativos: São pareceres que se transformam em norma obrigatória quando aprovados pela repartição competente. Apostilas: Equiparam-se a uma averbação realizada pela Administração declarando um direito reconhecido pela norma legal. ATOS PUNITIVOS Multa: Constitui punição pecuniária imposta a quem descumpre disposições legais ou determinações administrativas. Interdição de atividade: É a proibição administrativa do exercício de determinada atividade. Destruição de coisas: É o ato sumário de inutilização de bens particulares impróprios para consumo ou de comercialização proibida. Classificação dos atos administrativos: 1 – Quanto ao conteúdo: a) concretos: são atos produzidos visando a um único caso, específico, e nele se encerram, ex. nomeação ou concessão de férias a um servidor; Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 27 b) abstratos: chamados também de normativos, são os que, disciplinando determinada matéria de modo geral e abstrato, atingem um número indefinidode pessoas, e que podem continuar sendo aplicados inúmeras vezes, ex. regulamentos. 2 – Quanto à formação de vontade: a) ato simples: nasce da manifestação de vontade de apenas um órgão, seja ele unipessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado (composto de várias pessoas). É simples o ato que altera o horário de atendimento da repartição pública, emitido por uma única pessoa, bem assim a decisão administrativa do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, órgão colegiado, que expressa uma vontade única. Outro exemplo de ato colegiado encontramos no caso da direção das Agências Reguladoras, nos termos do art. 4º, Lei nº 9.986/2000; b) ato complexo: para que seja formado, necessita da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos diferentes, sem hierarquia entre eles, de tal forma que cada um, de forma independente, não pode produzir validamente tal ato: enquanto todos os órgãos competentes não se manifestarem, o ato não estará perfeito, não podendo criar direitos ou atribuir deveres. Assim, tem-se a união de várias vontades que se juntam para formar apenas uma. Por fim, veja que não é possível impugnar o ato antes de completo seu ciclo de formação, ou seja, antes de todas as partes terem manifestado suas vontades, pois que antes disso ele inexiste. Acrescente-se, ainda, o caso da concessão inicial de aposentadoria ou pensão: nas palavras do ilustre relator no MS 24.742, Ministro Marco Aurélio, o ato de concessão inicial de aposentadoria “mostra-se complexo, com o implemento da aposentadoria pelo órgão de origem, a fim de não haver quebra de continuidade da satisfação do que percebido pelo servidor, seguindo à homologação pelo Tribunal de Contas da União”. Bem por isso – ser o ato complexo –, “não se tem o envolvimento de litigantes, razão pela qual é inadequado falar-se em contraditório para, uma vez observado este, vir o Tribunal de Contas da União a indeferir a homologação”; Súmula Vinculante 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. c) ato composto: é aquele que nasce da vontade de apenas um órgão. Porém, para que produza efeitos, depende da aprovação de outro ato, que o homologa. Repita-se: a vontade é de apenas um órgão, o segundo apenas o confere, dando-lhe exeqüibilidade. Diz-se, então, que um é instrumental em relação ao outro, pois há, aqui, dois atos, um principal e outro acessório. Exemplifique-se com a dispensa de licitação, que depende de homologação pela autoridade competente. Tendo em vista que se torna difícil distinguir esse tipo de ato do procedimento, alguns autores negam sua existência. Aqui, há dois atos, um principal, outro secundário. No procedimento, há um principal e vários secundários. Em qualquer dos casos, estando viciado um dos acessórios, inválido será o principal. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 28 3 – Quanto aos destinatários a) individuais: são aqueles que têm destinatários certos, nominados, como no caso da nomeação de servidores, ou delegação de atribuições a um subordinado. Pode ser para apenas uma pessoa (singular), como na desapropriação, ou para várias (plural), como na nomeação de vários servidores no mesmo ato. O importante é que se sabe exatamente a quem se dirige o ato; b) gerais: os destinatários são muitos, inominados, mas unidos por uma característica em comum, que os faz destinatários do mesmo ato abstrato. Para produzirem seus efeitos, já que externos, devem ser publicados. É geral o ato que fixa novo horário de atendimento ao público pela repartição, que afeta a todos os usuários daquele órgão, bem assim os decretos regulamentares, instruções normativas etc. 4 – Quanto aos efeitos a) constitutivo: gera uma nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser outorgando um novo direito, como permissão de uso de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um período de suspensão; b) declaratório: simplesmente afirma ou declara uma situação já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue a situação existente, apenas a reconhece. Também é dito enunciativo. É o caso da expedição de uma certidão de tempo de serviço, ou de um parecer; c) modificativo: altera a situação já existente, sem que seja extinta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de atendimento da repartição é exemplo de ato modificativo; d) extintivo: pode também ser chamado desconstitutivo, que é o ato que põe termo a um direito ou dever existentes. Cite-se a demissão do servidor público; e) enunciativo: é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece determinada situação de fato ou de direito. Ex. certidões, atestados, informações, pareceres, vistos, apostilas. 5 – Quanto à abrangência dos efeitos a) internos: destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno da Administração Pública, não atingindo terceiros, como os pareceres (atos enunciativos) e circulares. Ademais, os atos administrativos praticados pela Administração Pública com a finalidade de disciplinar seu funcionamento interno e a conduta de seus agentes são denominados atos ordinatórios, como avisos e portarias; b) externos: tem como destinatárias pessoas além da Administração Pública, e, portanto, necessitam de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos. São exemplos a fixação do horário de atendimento e a ocupação de bem privado pela Administração Pública. 6 – Quanto ao grau de liberdade para produzir a) vinculado: a lei estabelece todos os contornos do ato, como deve ser feito, quando, por quem etc, não deixando ao agente qualquer grau de liberdade. Cumpridos todos os requisitos legais, a Administração Pública não pode deixar de conceder a aposentadoria a quem de direito, ou a licença para construir; Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 29 b) discricionário: a lei também estabelece uma série de regras para a prática de um ato, mas deixa certo grau de liberdade à autoridade, que poderá optar por um entre vários caminhos igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva prévia à edição do ato, como os que permitem o uso de bem público, permitindo a instalação de uma banca de revistas na calçada. Segundo o STF, “a autoridade administrativa está autorizada a praticar atos discricionários apenas quando norma jurídica válida expressamente a ela atribuir essa livre atuação”. ATO VINCULADO ATO DISCRICIONÁRIO (# ato arbitrário) Não há liberdade para o administrador Há liberdade para o administrador Não há oportunidade e conveniência Há oportunidade e conveniência Pode ser anulado, mas não pode ser revogado Pode ser anulado e revogado Há controle do Poder Judiciário Há controle do Poder Judiciário, exceto quanto ao mérito Ex. aposentadoria compulsória, licença, admissão Ex. autorização 7 – Quanto à validade a) válido: é o que atende a todos os requisitos legais: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro; b) nulo: é o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, “extunc”, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nulo. Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha nível superior para um cargo que o exija. A partir do reconhecimento do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legais eventualmente praticadas por ele durante o período em que atuou permanecerão válidas; c) anulável: é o ato que contém defeitos, porém, que podem ser sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 30 válido. Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles expressamente previstos em lei e analisados no item seguinte. d) inexistente: é aquele que apenas aparenta ser um ato administrativo, manifestação de vontade da Administração Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impossível. Exemplo do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; do segundo, a ordem para matar alguém. 8 – Quanto à exeqüibilidade a) perfeito: é aquele que completou seu processo de formação, estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se às etapas de sua formação. b) imperfeito: não completou seu processo de formação, portanto, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei. c) pendente: para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confunde com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data específica. d) consumado: é o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a concessão de licença para doar sangue. - Perfeição: refere-se ao processo de formação do ato, que foi todo cumprido; - Validade: refere-se à conformidade do ato com a lei; - Eficácia: é a capacidade do ato para produzir seus efeitos; - Exeqüibilidade: é a capacidade do ato para produzir seus efeitos imediatamente. Então, um ato adequadamente produzido, sem pender de condição ou termo, é perfeito, válido, eficaz e exeqüível. Se produzido num mês, para valer a partir do mês seguinte, não será ainda exeqüível. 9 – Quanto às prerrogativas: a) ato de império: é aquele praticado pela Administração com todas as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular independentemente de autorização judicial; b) ato de gestão: é aquele praticado pela Administração em situação de igualdade com os particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e para a gestão de seus serviços. Convalidação do Ato Administrativo A publicidade NÃO convalida o ato administrativo. Convalidar é tornar válido, é efetuar correções no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigências legais. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 31 Convalidação/saneamento é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. Como regra geral, os atos eivados de algum defeito devem ser anulados. A exceção é que haja convalidação, como positivado na Lei nº 9.784/99, sobre o processo administrativo federal: Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Essa é a possibilidade de convalidação expressa, desde que não acarrete lesão ao interesse público ou prejuízo a terceiros. Assim, nos termos do art. 54 da mesma Lei, eventual ato administrativo viciado, de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, que não seja anulado no prazo decadencial de cinco anos, contados da data em que foram praticados, estará convalidado tacitamente, não podendo mais ser alterado, salvo comprovada má-fé. Quais são os requisitos pra convalidar? 1 – não acarretar lesão ao interesse público; 2 – não haver prejuízo a terceiros; 3 – ato com defeito sanável Quem convalida? Ela é feita, em regra, pela Administração, mas eventualmente poderá ser feita pelo administrado, quando a edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada. Este pode emiti-la posteriormente convalidando o ato. Quais são os efeitos? Ex tunc, retroage. Quais elementos do ato podem ser convalidados? A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados. A forma pode ser convalidada, desde que não seja fundamental à validade do ato. Se a lei estabelecia uma forma determinada, não há como tal elemento ser convalidado. Com relação à competência, é possível a convalidação dos atos que não sejam exclusivos de uma autoridade, quando não pode haver delegação ou avocação. Assim, desde que não se trate de matéria exclusiva, pode o superior ratificar o ato praticado por subordinado incompetente. Se o ato não for convalidado, o que acontecerá com ele? Será anulado! Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 32 Convalidação # Conversão. A conversão é o aproveitamento de ato defeituoso como ato válido de outra categoria. Ex. contrato de concessão outorgado mediante licitação em modalidade diversa da concorrência convertido em permissão de serviço público. O ato de conversão é constitutivo, discricionário e com eficácia ex tunc. Extinção do Ato Administrativo a) Anulação: Ocorre nos casos em que existe ilegalidade no ato administrativo e, por isso, pode ser feita pela própria Administração (controle interno) ou pelo Poder Judiciário; b) Revogação: Retira do mundo jurídico atos válidos, legítimos, perfeitos, mas que se tornaram inconvenientes, inoportunos, desnecessários; c) Cassação: É uma sanção para aquele particular que deixou de cumprir as condições para manutenção de um determinado ato; d) Caducidade: É a retirada do ato em virtude da publicação de uma lei, posterior à edição do ato administrativo, que torna inadmissível a situação antes permitida por aquele ato; e) Contraposição: É a extinção do ato administrativo em função da edição de outro ato administrativo com efeito contrário ao primeiro; f) Renúncia: Ocorre quando o seu próprio beneficiário a ele renuncia, abrindo mão do mesmo. Súmula 346, STF: “A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos” Súmula 473, STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla 33 ESPÉCIES OBJETO TITULAR EFEITOS PRAZO ANULAÇÃO Ilegalidade do ato - Administração - Judiciário Ex tunc (já nasceu ilegal) Obs. Para o prof. Celso Antônio B. Mello podem
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