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RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 06 1 Aula 06 ----------------- MASSAGEM OU MANIPULAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO ---------------- A massagem ou manipulação do tecido conjuntivo (MTC), foi elaborada por uma Fisioterapeuta alemã, Elizabeth Dicke, em 1929. Tratava pacientes com artrite obliterante, que desencadeia problemas vasculares e pode levar a amputações. A massagem era realizada nas regiões pélvica e sacral, inicialmente para diminuir a dor. Percebeu a rigidez tecidual desta região e a associou com os membros inferiores (MMII). Com a aplicação da técnica nas regiões relatadas, percebeu que conseguia promover vasodilatação e hiperemia nos MMII. Dicke desenvolveu a técnica da MTC e afirmou em seus estudos que a MTC afeta o sistema nervoso vegetativo e por reação reflexa, pode corrigir desequilíbrios nas funções vegetativas do corpo. A relação entre as doenças nos órgãos e o tecido conjuntivo da superfície corporal, assim como a relação reflexa e segmentar já haviam sido explicadas pelas obras norteadoras de Head (1898), Mackenzie (1911) e Hasen Staa (1938). Desde 1900 existem estudos sobre os efeitos terapêuticos da MTC embasada na teoria reflexa. Na década de 50 e 60, várias pesquisas foram realizadas sobre MTC na Europa, principalmente na Alemanha e na França. Já na década de 70, expandiu-se também para Eslováquia e Dinamarca. Nos anos 80, para Itália e Inglaterra e, na década de 90, no Brasil. Efeitos da Massagem do Tecido Conjuntivo: A MTC é uma importante técnica que promove a manipulação da pele e tecido subcutâneo em áreas determinadas do corpo, com o intuito de obter efeitos em órgãos internos e em estruturas locomotoras, podendo contribuir nos diagnósticos gerais e no tratamento de algumas patologias. Os médicos ingleses Head e Mackenzie foram os primeiros a descrever a relação segmentar entre pele, músculos e vísceras; fazendo a relação entre as enfermidades viscerais e hiperalgesia muscular e estabelecendo a relação músculo-visceral e cutâneo-visceral. Durante o desenvolvimento embrionário, o corpo humano possui 33 somitos mesodérmicos que dão origem às raízes nervosas da medula espinhal, formando as áreas dos dermátomos, miótomos e esclerótomos, ou seja, áreas da pele, músculos ou ossos que são inervados pela mesma raiz nervosa. Desta forma, áreas da pele inervadas pelas mesmas raízes medulares, que possuem a mesma origem embrionária, fazem uma inter-relação metamérica entre pele, vísceras e músculos. A disfunção de um órgão promove um efeito reflexo em áreas cutâneas correspondentes, alterando a estrutura do tecido conjuntivo. Na manipulação da pele, se obtém o efeito inverso, normalizando o tecido conjuntivo, e fazendo com que impulsos contrários ao distúrbio sejam enviados aos órgãos, modificando sua função. Esta técnica se distingue da massagem tradicional em técnicas e efeitos fisiológicos. As suas manobras exercem sobre a pele e subcutâneo estímulos desconfortáveis, que desencadeiam reflexos neurais com aumento da circulação sanguínea e redução da dor na área reflexa correspondente à região. A MTC tem, então, o objetivo de interagir com os sistemas nervoso somático e viscerais, através do estímulo das camadas reticulares da derme. RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 06 2 O processo de inter comunicação entre sistema nervoso somático e visceral ocorre em ambos os sentidos, tanto de víscera para pele como da pele para as vísceras. Os sinais provenientes de nociceptores viscerais podem manifestar-se como dor em outras regiões do corpo, a chamada dor referida. A convergência de fibras aferentes somáticas e viscerais pode explicar este tipo de dor. Provavelmente este efeito é decorrente da anatomia do sistema nervoso, onde as fibras aferentes nociceptivas das vísceras e de áreas somáticas periféricas convergem no mesmo neurônio de projeção no corno dorsal, e desta forma o encéfalo não tem como identificar a origem do estímulo. As manobras realizadas por esta técnica, promovem áreas de eritema resultante da liberação de histamina e dos pequenos traumatismos na área. A histamina liberada pode provocar edema local e dilatação arteriolar, e este aumento do aporte sanguíneo auxilia na resolução de processos sub agudos e crônicos, reduzindo a dor pela remoção dos produtos do metabolismo existentes no tecido. A MTC estimula regiões de aderências subcutâneas. Indicações: Alterações funcionais de órgãos internos Alterações funcionais do sistema locomotor Enfermidades de obstrução arterial Afecções venosas Alterações do tecido conjuntivo Enxaqueca e cefaleias Lesões músculo esqueléticas Entorses Contra Indicações: Cardiopatias descompensadas Dermatites e dermatoses Câncer Tuberculose Hipertricose Feridas abertas Úlceras e lesões cutâneas na área a ser tratada Hemofílicos Pessoas que utilizam anticoagulantes Fragilidade capilar RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 06 3 RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 06 4 Técnica e Aplicação da Massagem no Tecido Conjuntivo: A técnica de MTC pode ser praticada na maioria das áreas do corpo, não apenas na região cervical e das costas, mas também em regiões mais periféricas. A MTC é uma técnica específica de manipulação aplicada aos tecidos conjuntivos colocando-se uma tensão elástica sobre eles. Os movimentos que compõem esta técnica são similares, tanto para o diagnóstico como para o tratamento. Esta técnica manual é utilizada na identificação de áreas de alteração do tecido conjuntivo que podem não estar visíveis. A técnica diagnóstica e terapêutica da massagem se caracteriza por um deslizamento da pele sobre os planos profundos. Se faz uma tração irritante sobre o tecido conjuntivo. Realiza-se primordialmente com o dedo médio e o apoio consequente do indicador e anular, movimento este denominado “traço de estiramento”. Para realizar essa tração, há necessidade de se efetuar uma pressão sobre o tecido. De acordo com o posicionamento os dedos, se for de forma mais plana ou inclinada, obtêm-se uma maior pressão ou não. A manobra de traço pode ser longa ou curta, onde houver maior resistência (aderência) o paciente pode sentir uma sensação de corte ou arranhão característica. Permite o diagnóstico e o tratamento bilateralmente (através de método comparativo). Outro momento da técnica é o rolamento da pele, onde os tecidos subcutâneos são rolados sobre as estruturas mais profundas visando a mobilização entre a pele e as estruturas subcutâneasfacilitando o movimento, que possa ter ficado comprometido por uma imobilização excessiva da pele. Para a realização desta técnica, é imprescindível que o terapeuta tenha as unhas curtas e nenhum lubrificante deve ser utilizado.
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