Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contabilidade de Custos Professor conteudista: Hildebrando Oliveira Sumário Contabilidade de Custos Unidade I 1 A CONTABILIDADE DE CUSTOS .....................................................................................................................1 1.1 O desenvolvimento da contabilidade de custos .........................................................................3 1.2 Métodos de apropriação de custos ..................................................................................................7 1.3 O significado de custo e despesa ......................................................................................................7 2 TERMINOLOGIA APLICADA À CONTABILIDADE DE CUSTOS ........................................................... 10 2.1 Gasto ......................................................................................................................................................... 10 2.2 Desembolso ..............................................................................................................................................11 2.3 Investimento ...........................................................................................................................................11 2.4 Custo ..........................................................................................................................................................11 2.5 Despesa ..................................................................................................................................................... 12 2.6 Perdas ........................................................................................................................................................ 13 2.7 Classificação dos custos .................................................................................................................... 13 2.7.1 Em relação aos produtos ..................................................................................................................... 13 2.7.2 Em relação ao volume de produção ................................................................................................ 15 2.8 Outras terminologias aplicadas à contabilidade de custos ................................................. 17 3 ESQUEMA BÁSICO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS ........................................................................ 19 3.1 Primeiro passo: separação entre custos e despesas ............................................................... 20 3.2 Segundo passo: apropriação dos custos diretos ..................................................................... 21 3.3 Terceiro passo: apropriação dos custos indiretos .................................................................... 22 Unidade II 4 CONTABILIZAÇÃO DOS CUSTOS ................................................................................................................ 24 4.1 Um exemplo de contabilização mais completo ....................................................................... 25 5 MATERIAIS DIRETOS ....................................................................................................................................... 29 5.1 Métodos de avaliação dos estoques ............................................................................................. 30 5.1.1 Último a Entrar, Primeiro a Sair (UEPS) ou Last-in, First-out (LIFO) .................................. 30 5.1.2 Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS) ou First-in, First-out (FIFO) ............................... 31 5.1.3 Custo médio ponderado móvel ......................................................................................................... 31 5.1.4 Exemplo de aplicação dos métodos de valoração de estoques ........................................... 32 5.2 Subprodutos e sucatas ....................................................................................................................... 36 6 MÃO DE OBRA DIRETA .................................................................................................................................. 36 6.1 Cálculo do custo de um funcionário horista ............................................................................ 37 6.2 Grupos de encargos sociais .............................................................................................................. 39 6.3 Tempo ocioso e outros gastos com a mão de obra ................................................................ 40 6.4 Exercício resolvido ................................................................................................................................ 41 1 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Unidade I 5 10 15 20 1 A CONTABILIDADE DE CUSTOS Em disciplinas anteriores, ocupamo-nos dos processos contábeis gerais e daqueles relativos às empresas comerciais, especificamente no decorrer da disciplina Contabilidade Comercial. As mercadorias vendidas pelas empresas comerciais são obtidas das empresas industriais. Empresa industrial é aquela que transforma, por meio de um processo de produção, a matéria-prima em produto acabado. Transforma, por exemplo, a borracha (matéria-prima), seja ela natural ou sintética, em pneu (produto acabado). A empresa manufatureira, industrial ou fabril emprega trabalho e utiliza maquinário para converter matéria-prima em produto acabado. Transforma, assim, recursos materiais; sua atividade difere da atividade da empresa mercantil. As utilidades adquiridas pela empresa industrial são matérias-primas para ela, mas eram produtos acabados para o fabricante que as vendeu. A farinha de trigo é matéria-prima para o padeiro e produto acabado para o moleiro. A lâmina de aço é matéria-prima para o fabricante de automóveis, mas produto acabado para a siderúrgica produtora de aço. A extensão da atividade comercial na fábrica é evidente para quem quer que contemple a variedade de transformações que ocorre nas utilidades e serviços exigidos pela vida moderna. 2 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 O desenvolvimento tecnológico da empresa industrial já torna possível a produção e a venda de qualquer tipo de produto. Mas produzir atendendo a padrões adequados de qualidade não é tudo; vender essa produção com lucro é outro aspecto essencial da atividade econômica. Por outro lado, sabe-se que a lucratividade das empresas, principalmente as industriais, está intimamente associada à técnica empregada na operação de seus custos. Daí a constante preocupação da administração empresarial com o levantamento, o controle e a redução de custos, pela aplicação de técnicas cada vez mais avançadas e eficientes. A gerência eficiente sabe que deve manter os custos dentro de determinados limites para que sejam obtidos lucros adequados ao desenvolvimento da empresa; sabe, também, que os custos tendem a crescer à medida que a competição aumenta e cresce em função do desenvolvimento do país. No ambiente econômico cada vez mais competitivo da atualidade, o controle de custos assume a posição de função administrativa essencial para a rentabilidade e, consequentemente, para a sobrevivência da empresa. Nesse ambiente, os sistemas de controle de custos, exercendo contínua e eficiente fiscalização sobre todos os tipos de custos da atividade empresarial, estabelecendo padrões de controle e permitindo a elaboração de relatórios objetivos de acompanhamento, tornaram-se ferramentas indispensáveis à moderna administração. Hoje em dia, é admitido que, para o eficiente exercício das suas funções, a equipe administrativa precisa de registros e relatóriosde custos e lucros analíticos, elaborados de forma sistemática e comparativa. Será com base nesses registros e informações, com custos acumulados por produtos ou 5 10 15 20 25 30 3 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 por área de responsabilidade, que a administração poderá conscientemente: • fixar a meta de lucro da empresa; • analisar e decidir sobre estabelecimento e alteração de preços; • analisar e decidir sobre alterações na linha de produtos; • analisar e decidir sobre a eliminação de produtos de baixa lucratividade. Dada a importância desses itens, concluímos que o estudo detalhado dos custos é essencial para a empresa moderna. 1.1 O desenvolvimento da contabilidade de custos A contabilidade geral ou financeira surgiu com o desenvolvimento do comércio, na chamada Era mercantilista. Seu objetivo é o controle do patrimônio da empresa e de suas variações, que são resultantes da apuração do resultado das operações mercantis. A apuração do resultado nas empresas comerciais pode ser observada a seguir: Estoque inicial de mercadorias ( + ) Compras de mercadorias no período = mercadorias disponíveis para venda no período ( – ) Estoque final de mercadorias = custo das mercadorias vendidas 5 10 15 20 4 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Porém, para uma apuração de resultado de forma mais completa, teremos: Receita de vendas ( – ) Custo das mercadorias vendidas = lucro bruto ( ± ) Receitas/despesas operacionais = resultado operacional ( ± ) Receitas/despesas não operacionais = resultado do exercício Fundamentalmente orientada para os aspectos fiscais da empresa, a contabilidade geral não atendia de forma satisfatória às necessidades de informação da administração industrial, interessada no controle efetivo dos custos de suas operações. À medida que as empresas evoluem, produzindo grande quantidade de produtos diferentes, mais complexas ainda se tornam as decisões relativas a cada produto. Algumas decisões dependem basicamente das informações fornecidas pela contabilidade. Com a Revolução Industrial e o consequente crescimento das empresas manufatureiras, a contabilidade necessitou adaptar os procedimentos para apuração do resultado das empresas comerciais, que apenas compravam e vendiam mercadorias, sem nada agregar a elas, para as empresas industriais, que utilizavam os fatores de produção para transformá-los em produtos destinados à venda. Daí o desenvolvimento de um novo recurso contábil, que utilizava os mesmos conceitos, princípios e mecanismos da contabilidade geral ou financeira, agrupado sob a denominação genérica de contabilidade de custos e que vem evoluindo 5 10 15 20 25 5 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 significativamente ao longo dos tempos, com a criação de novas técnicas de análise e interpretação das informações qualitativas e quantitativas das operações das empresas industriais. A solução encontrada naquela época pelos estudiosos da contabilidade foi usar os mesmos procedimentos para apuração do resultado do exercício das empresas comerciais, substituindo a conta compras pelos fatores que entraram na produção dos produtos, ou seja, matéria-prima consumida, salário dos operários da produção, energia elétrica e combustível utilizados, enfim, todos os gastos incorridos na atividade industrial, que foram chamados de custo de produção. A especialização ou a subdivisão da contabilidade que apropriava e controlava esses gastos passou a ser denominada de contabilidade de custos. Semelhante ao que apresentamos para uma empresa comercial, quanto à forma como ela apura seu resultado, observaremos, a seguir, como uma empresa industrial pode apurar o seu resultado, de forma resumida: Estoque inicial de produtos (em elaboração e acabados): + custo de produção do período (composto por): • matérias-primas consumidas; • salários e encargos sociais dos operários; • energia elétrica; • combustíveis; • demais custos. ( – ) Estoque final de produtos (em elaboração e acabados) = Custo dos Produtos Vendidos (CPV). 5 10 15 20 25 6 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Ou, com um pouco mais de complementos, teremos: Demonstração dos custos dos produtos vendidos: Estoque inicial de matérias-primas: ( + ) Compras de matérias-primas = custo das matérias-primas disponíveis ( – ) Estoque final de matérias-primas = custo das matérias-primas consumidas ( + ) Custo da mão de obra direta ( + ) Custos indiretos de fabricação = custo de produção do período ( + ) Estoque inicial dos produtos em processos = custo total da produção ( – ) Estoque final dos produtos em processos = custo da produção acabada ( + ) Estoque inicial dos produtos acabados = custo dos produtos disponíveis para venda ( – ) Estoque final dos produtos acabados = Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Por outro lado, na demonstração de resultado do exercício de uma empresa industrial, teremos, de uma forma completa: Receita de vendas ( – ) CPV = resultado bruto ( ± ) Receitas/despesas operacionais = resultado operacional ( ± ) Receitas/despesas não operacionais = resultado do exercício Devemos observar, nos exemplos demonstrados, que o custo de produção, ou seja, os gastos incorridos com a produção, foi totalmente absorvido, seja pelos estoques finais de produtos, 5 10 15 20 25 30 7 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 seja pelo custo dos produtos vendidos. Esse fato faz surgir os chamados métodos de apropriação de custos, que empregam critérios diferentes para a apropriação dos custos, com campos de aplicação específicos, o que permite dizer que cada um desses métodos não substitui o outro, mas se complementam. A contabilidade de custos é, pois, uma técnica contábil utilizada para identificar, resumir e informar os custos dos produtos e/ou serviços. 1.2 Métodos de apropriação de custos Existem dois principais métodos de apropriação de custos: • custeio por absorção: é o método de custeio que consiste em atribuir aos produtos todos os custos de produção, de forma direta ou indireta. Assim, todos os custos, sejam eles fixos ou variáveis, são absorvidos pelos produtos. É o método utilizado para custear estoques, cujos saldos encontramos no balanço patrimonial, e determinar o Custo dos Produtos Vendidos (CPV), encontrado na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). É, normalmente, exigido pela auditoria externa das empresas abertas e pelo Imposto de Renda; • custeio variável: é o método de custeio que consiste em considerar que os produtos devem receber somente e exclusivamente os custos que causam ao serem produzidos. Nesse caso, os custos a serem alocados aos produtos são somente os custos variáveis. Os custos fixos são tratados como custos do período, indo diretamente para o resultado como despesas. 1.3 O significado de custo e despesa Uma empresa industrial pratica diariamente uma série de operações para realizar suas atividades administrativas, de vendas e de fabricação. Operações tais como a compra de matéria- 5 10 15 20 25 8 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 prima, pagamento de impostos, pagamento demanutenção de máquinas, pagamento de folha salarial etc. Entretanto, nem sempre essas operações, que representam gastos para a empresa, são consideradas custos. Para entender essa situação, observemos a estrutura de uma demonstração de resultado do exercício: Receita de vendas ( – ) Custo dos produtos vendidos = lucro bruto ( – ) Despesas: administrativas, gerais e de vendas = lucro operacional Observamos que os lucros e as despesas são demonstrados separadamente. Há a dedução do custo dos produtos vendidos das receitas de vendas e dedução das despesas do lucro bruto. Assim, entre os gastos de uma empresa industrial, encontramos custos e despesas. Os custos correspondem aos gastos relativos à fabricação de produtos, e as despesas correspondem aos gastos relacionados à administração geral e à geração de receita. Para facilitar a compreensão do surgimento de um custo e de uma despesa, vamos utilizar um organograma (gráfico que representa a estrutura organizacional de uma empresa), agrupando os órgãos de uma empresa em três divisões: fábrica, administração geral e vendas. Fábrica: reúne os setores de apoio à produção, tais como almoxarifado, engenharia de fábrica, planejamento e controle de 5 10 15 20 25 9 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 produção, e os setores de produção, como usinagem, montagem e pintura. Administração geral: reúne todos os setores administrativos, como Recursos Humanos, Controle de Processamento de Dados (CPD), finanças etc. Vendas: reúne os setores relacionados às atividades comerciais tais como propaganda, vendas, Serviço de Assistência ao Cliente (SAC). Desta maneira, a empresa exemplificada seria assim representada num organograma: Gestão superior Administração geral VendasFábrica Apoio à produção Produção RH CPD Finanças Propaganda SACVendas Almoxarif. Eng. defábrica PCP Usinagem Montagem Pintura De forma resumida, poderíamos demonstrar que os custos e as despesas dessa empresa incorreram nos seguintes órgãos da estrutura organizacional: Fábrica Administração Geral Vendas Nestes órgãos incorrem custos Nestes órgãos incorrem despesas 5 10 10 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Na demonstração do resultado do exercício, as despesas ocorrem nos órgãos de administração e de vendas; já os custos dos produtos vendidos ocorrem na fábrica. 2 TERMINOLOGIA APLICADA À CONTABILIDADE DE CUSTOS Considerando a contabilidade de custos como uma linguagem geral ou financeira, por ser uma subdivisão da contabilidade geral, necessitamos uniformizar o entendimento de determinados termos específicos que ela utiliza e que já foram e serão usados nesta disciplina. 2.1 Gasto Vamos considerar como gasto o compromisso financeiro assumido pela empresa para aquisição de bens ou de serviços, independentemente de sua destinação dentro da empresa. Conforme a destinação do gasto, este poderá se converter em gasto de investimento, quando o bem ou o serviço for utilizado em vários processos produtivos, e em gasto de consumo, quando o bem ou o serviço for consumido no momento da produção realizada pela empresa. Dependendo da destinação do gasto de consumo, ele poderá se converter em custo ou despesa. Como exemplo de gastos, podemos citar: • gasto com a compra de matéria-prima; • gasto com a aquisição de máquina; • gasto com a mão de obra; • gasto com aluguel do prédio da fábrica; • gasto com a estruturação organizacional administrativa; • gasto com energia elétrica etc. 5 10 15 20 25 11 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 O gasto normalmente implica desembolso, embora este possa estar defasado do gasto. 2.2 Desembolso É o pagamento proveniente da compra de um bem ou de um serviço. Pode ocorrer antes da realização do gasto (pagamento antecipado), no momento da realização do gasto (pagamento à vista) ou depois da realização do gasto (pagamento a prazo). 2.3 Investimento É um gasto ativado, realizado para obtenção de um bem ou de um serviço em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. São os bens e direitos registrados nos ativos da empresa. Assim, quando a empresa compra materiais, realiza um investimento, registrado na conta estoque. A utilização desses materiais na fabricação de um produto transforma-se em custo, assim como a utilização destes materiais nas áreas administrativas ou de vendas gera uma despesa. Do mesmo modo, a compra de um caminhão gera um investimento, registrado na conta veículos do ativo permanente imobilizado; pela sua depreciação, poderemos ter um custo ou uma despesa. Como outros exemplos de investimentos, podemos citar: • compra de móveis e utensílios; • compra de matéria-prima; • compra de imóveis. 2.4 Custo É toda e qualquer utilização de recursos, humanos e materiais, para a produção de bens ou de serviços. De um modo geral, são os gastos relacionados à área industrial da empresa. 5 10 15 20 25 12 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 De forma esquemática, podemos representar custos da seguinte forma: Utilização Recursos materiais • matérias-primas; • outros materiais. Recursos humanos ou serviços • prestados por pessoas físicas vinculadas à empresa; • prestados por terceiros; • utilização de outros recursos (transporte, água, luz, energia, segurança etc.). Como exemplos de custos, podemos citar: • matéria-prima utilizada no processo produtivo; • salário do pessoal da produção; • aluguel e seguro de prédio da fábrica; • depreciação das máquinas e dos equipamentos da fábrica; • gastos com manutenção de máquinas e equipamentos de fábrica; • energia elétrica e combustível utilizados na fábrica. 2.5 Despesa Despesa é toda e qualquer utilização, consumo de bens ou de serviços, objetivando, direta ou indiretamente, a obtenção de receitas. Todas as despesas são ou foram gastos. Porém, alguns gastos, muitas vezes, não se transformaram em despesas, como terrenos que não são depreciados ou só se transformam quando de sua venda. Como exemplos de despesas, podemos citar: • salários e encargos de vendedores; • salários e encargos dos funcionários administrativos; • energia elétrica consumida no escritório; • aluguel e seguro do prédio da administração etc. 5 10 15 20 13 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 2.6 Perdas Bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. São itens que vão diretamente à conta de resultado, tal como as despesas. Como exemplos de perdas, podemos citar: • gastos com a mão de obra durante uma greve; • material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento; • obsolescência de estoque etc. 2.7 Classificação dos custos Existem várias formas de classificação de custos, objetivando atender a diversas finalidades para as quais são apurados. As duas classificações básicas compreendem aquelas que permitem determinar o custo de cada produto fabricado e o seu comportamento em diferentes níveis de produção em que uma empresa possa operar. a) Com relação aos produtos fabricados: os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos. b) Com relação ao volume de produção: os custos podem ser classificados como fixos e variáveis. 2.7.1 Em relação aos produtosA regra básica para a classificação dos custos em relação a um produto, em diretos e indiretos, é a seguinte: Se for possível identificar a quantidade do elemento de custo aplicada no produto, o custo será direto. Se não for possível identificar a quantidade aplicada no produto, o custo será indireto. 5 10 15 20 14 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Os custos diretos são assim denominados porque seus valores e quantidades podem ser identificados com um produto específico. Consideremos como exemplo uma indústria que fabrique armários de madeira. Para esse tipo de produto, a indústria teria os seguintes custos diretos: • matéria-prima: madeira; • materiais secundários: dobradiças, fechaduras, puxadores; • mão de obra: salários e encargos de pessoal que trabalha diretamente na produção do armário, ou seja, no corte da madeira, no lixamento de madeira, na colocação de acessórios, envernizamento etc. Os custos indiretos são assim denominados porque seus valores, e principalmente quantidade, não podem ser identificados facilmente com um produto específico. A dificuldade de identificação desse tipo de custo em relação a um produto ocorre porque os referidos custos são utilizados na fabricação de vários produtos ao mesmo tempo. Se os custos indiretos são difíceis de identificação em relação a cada produto, o valor desses custos é atribuído a cada produto fabricado por meio de um critério de rateio, o qual será estimado ou até mesmo atribuído pela empresa. Consideremos como exemplo a mesma indústria que fabrica armários. Para esse tipo de produto, a indústria teria os seguintes custos indiretos: • cola, verniz, lixa; • depreciação das máquinas utilizadas na produção (serra elétrica, lixadeira elétrica, furadeira, forno etc.); 5 10 15 20 25 15 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 • salários dos chefes de supervisão de equipes de produção; • aluguel do prédio da fábrica; • energia elétrica sem medidor em cada máquina, impossibilitando identificar o consumo de energia em relação a cada produto fabricado etc. 2.7.2 Em relação ao volume de produção Essa classificação dos custos, relacionada ao volume de produção, ocorre em função do comportamento dos elementos de custos em relação às mudanças que possam ocorrer no volume de produção. A ideia central é a seguinte: a certo nível de produção, incorre-se em um montante de custos. Se esse nível de produção aumentar ou diminuir, a utilização ou o consumo de alguns itens de custos acompanhará esta oscilação para mais ou para menos, e outros itens de custo não acompanharão. Assim sendo, com relação ao volume de produção de um determinado período, os custos podem ser classificados em custos fixos e custos variáveis. Custos fixos São aqueles que, dentro de um determinado volume de produção, permanecem constantes, não se alterando com as modificações da quantidade produzida. Ainda utilizando o exemplo da fábrica de armários, tanto faz a empresa produzir dez ou trinta unidades de um certo tipo de armário em um mês, por exemplo, pois os custos fixos serão os mesmos nesse mês. Para esse tipo de produto, poderíamos exemplificar os seguintes custos fixos: • aluguel da fábrica; • depreciação das máquinas e dos equipamentos; 5 10 15 20 25 16 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 • salário e encargos da supervisão de fábrica; • prêmios de seguros de prédio da fábrica etc. Os custos fixos possuem algumas características dentre as quais destacamos: • o seu valor total é constante dentro de uma faixa considerável de produção; • apresentam diminuição do valor por unidade de produto na medida em que a produção aumenta. Custos variáveis São aqueles que variam, aumentando ou diminuindo o seu valor total em função do volume de produção da empresa. Considerando ainda como exemplo a indústria que fabrica armários, para esse tipo de produto, a indústria teria os seguintes custos variáveis: • matéria-prima: madeira; • mão de obra direta: salário e encargos dos operários; • materiais secundários: dobradiças, fechaduras, puxadores. Os custos variáveis possuem algumas características dentre as quais destacamos: • o seu montante total varia em proporção direta com o volume de produção; • apresentam valor constante por unidade de produção, independente da quantidade produzida. 5 10 15 20 17 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 2.8 Outras terminologias aplicadas à contabilidade de custos Em sua atividade profissional, o contador terá frequentes oportunidades de se encontrar com outros tipos de denominações referentes a custos, entre as quais destacamos: • custos departamentais: as informações contábeis e referentes a custos, que a moderna administração geralmente solicita, podem ser agrupadas em duas grandes classes: custos por produtos ou custos por departamentos; são necessárias para: segregar os diferentes processos produtivos; assegurar um melhor fluxo da produção; determinar o custo do produto. Os departamentos, normalmente, são classificados em departamentos de produção, em que estão centralizados os processos de produção, como numa fábrica de geladeira, em que teríamos as operações de estamparia, montagem, pintura e acabamento final. A seguir temos os departamentos classificados em departamentos não produtivos ou auxiliares de produção ou indiretos. Os departamentos auxiliares não estão diretamente relacionados ao processo de produção, mas prestam serviços a ele, como recebimento de matérias-primas, estoque, controle de qualidade, manutenção. • Custo do produto: é o custo associado às unidades produzidas, envolvendo o material, a mão de obra e os gastos de fabricação. • Custo das matérias-primas disponíveis: representa o valor do estoque inicial de matérias-primas mais o valor das compras de matérias-primas efetuadas no período. • Custo das matérias-primas consumidas: representa o custo das matérias-primas disponíveis menos o estoque final de matérias-primas. 5 10 15 20 25 30 18 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 • Custo primário: representa o valor da soma da matéria-prima mais a mão de obra direta. • Custo de transformação: representa o valor dos custos incorridos para transformar matéria-prima em produto. Compreende os custos com a mão de obra direta e o custo indireto de fabricação. O custo de transformação é chamado também de custo de conversão. • Custo de produção do período: também chamado de custo de fabricação do período, compreende a soma dos custos incorridos na produção do período dentro da fábrica. É formado pela soma dos materiais diretos e indiretos, com mão de obra direta e indireta e com os gastos gerais de fabricação diretos e indiretos, aplicados na produção do período, sem considerar o valor do estoque inicial dos produtos em elaboração. • Custo de produção: compreende o custo de produção do período mais o estoque inicial de produtos em elaboração. Corresponde à soma dos custos de matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos. • Custo de produção acabada: compreende o custo de produção menos o estoque final de produtos em elaboração. Este custo pode conter custos de períodos anteriores. • Custo dos produtos disponíveis para venda: compreende o custo da produção acabadano período mais o estoque inicial de produtos acabados. • Custo dos produtos vendidos: compreende o custo dos produtos disponíveis para venda menos o estoque final dos produtos acabados. Pode, também, conter custos de produção de vários períodos. • Custo unitário: é o custo de cada unidade do produto. É obtido pela divisão entre o custo total da produção pela quantidade de unidades produzidas. Pode ser obtido pela fórmula: Custo total = Custo unitário Quantidade produzida 5 10 15 20 25 30 19 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Havendo: a = Custo unitário CF = Custo fixo total CV = Custo variável total n = Quantidade produzida Teremos: a = CF + CV n 3 ESQUEMA BÁSICO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS Agora que já conhecemos um pouco sobre o surgimento da contabilidade de custos, sua terminologia e algumas classificações, vamos apresentar, em passos, o esquema básico da contabilidade de custos. 1º passo: separação entre custos e despesas (partindo-se de uma relação de gasto incorrido em determinado período). 2º passo: apropriação dos custos diretos aos produtos. 3º passo: apropriação dos custos indiretos aos produtos (por meio de rateio). Esse esquema básico pode ser ilustrado pelo seguinte gráfico. Custos Diretos Indiretos Rateio Prod A Prod B Prod C Estoque (+) Receitas (-) CPV (-) Despesas (=) Resultado Elementos de custos Componentes principais Material Direto (MD) Mão de Obra Direta (MOD) Custos Indiretos de Fabricação (CIF) 5 10 15 20 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 A seguir, simplificaremos o esquema básico da contabilidade de custos. Suponha que uma empresa industrial, em determinado período, tenha incorrido nos seguintes gastos: • Depreciação móveis e utensílios $ 80 • Mão de obra indireta $ 160 • Matéria-prima consumida $ 540 • Gastos gerais de fabricação $ 120 • Comissão de vendedores $ 300 • Depreciação máquina produção $ 140 • Aluguel escritório de vendas $ 60 • Salário de vendedores $ 20 • ICMS sobre vendas $ 600 • Mão de obra direta $ 220 • Embalagem utilizada em produção $ 40 Total $ 2.280 3.1 Primeiro passo: separação entre custos e despesas Custos Despesas Mão de obra indireta $ 160 Depreciação móveis e utensílios $ 80 Matéria-prima consumida $ 540 Comissão de vendedores $ 300 Gastos gerais de fabricação $ 120 Aluguel escritório de vendas $ 60 Depreciação máquina produção $ 140 Salário de vendedores $ 20 Mão de obra direta $ 220 ICMS sobre vendas $ 600 Embalagem utilizada em produção $ 40 Total $ 1.220 Total $ 1.060 5 10 15 20 21 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Após a separação dos custos e das despesas, sabemos que as despesas não entram nos custos de produção, serão colocadas diretamente na conta resultado; por esse motivo, não as consideraremos. 3.2 Segundo passo: apropriação dos custos diretos Vamos supor que a empresa do nosso exemplo elabore dois produtos, Beta e Gama, e que o consumo de matéria-prima seja registrado por meio de requisições da produção ao almoxarifado, e que, durante o período, foram apurados os seguintes valores quanto à matéria-prima consumida e quanto às embalagens utilizadas na produção: Matéria-prima $ 540 Embalagens $ 40 • Produto Beta $ 320 • Produto Beta $ 20 • Produto Gama $ 220 • Produto Gama $ 20 Quanto à mão de obra, os apontamentos feitos indicam que para a mão de obra direta temos: Mão de obra direta $ 220 • Produto Beta $ 100 • Produto Gama $ 120 Temos, então, de forma resumida, o seguinte: Custos diretos Custos indiretos Custos totaisProduto Beta Produto Gama Matéria-prima Mão de obra direta Embalagem utilizada produção Mão de obra indireta Gastos gerais de fabricação Depreciação máquinas produção 320 100 20 220 120 20 160 120 140 540 220 40 160 120 140 Total 440 360 420 1.220 5 10 15 22 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Do custo total de produção de $ 1.220, os custos diretos perfazem um total de $ 800 e já estão alocados aos produtos Beta e Gama, e $ 420 compreendem os custos indiretos de produção e precisam ainda ser apropriados aos produtos. 3.3 Terceiro passo: apropriação dos custos indiretos O valor total dos custos indiretos de produção ($ 420) deverão ser apropriados aos produtos Beta e Gama, seguindo-se algum critério de rateio. Analisaremos alguns a seguir. O primeiro critério de rateio dos custos indiretos de produção ou custos indiretos de fabricação (CIF) que utilizamos em nosso exemplo é a alocação dos mesmos aos produtos, proporcionalmente aos custos diretos totais ($ 800). Observamos que, uma vez estabelecido o critério de rateio, a execução do mesmo (cálculos) é feita pela de regra de três simples. Assim, teremos: Produto Beta Produto Gama 800 – 100% 800 – 100% 440 – x 360 – x X = 55% X = 45% Para obtenção dos valores dos CIF a serem apropriados aos produtos, apropriamos o total dos CIF de $ 420 da seguinte forma: Produto Beta Produto Gama 55% de $ 420 = $ 231,00 45% de $ 420 = $ 189,00 5 10 15 20 23 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Assim, teremos, de forma resumida: Produtos Custos diretos Custos indiretos Total $ % $ % $ Beta 440 55 231 55 671 Gama 360 45 189 45 549 Total 800 100 420 100 1.220 Observamos que o custo total de cada produto fica diferente em função do critério de rateio adotado. Produto CIF rateado por custos totais CIF rateado por MOD Beta 671,00 630,89 Gama 549,00 589,11 Total 1.220,00 1.220,00 O produto Beta, por exemplo, ficaria com um custo total de $ 671, caso o critério de rateio dos CIF dos produtos fossem os custos totais, e $ 630,89 caso o critério de rateio dos CIF aos produtos fosse a mão de obra direta. Qual é o melhor critério? Tentaremos indicar respostas a essa indagação na sequência de nossos estudos sobre a contabilidade de custos. 5 24 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Unidade II 4 CONTABILIZAÇÃO DOS CUSTOS A ilustração a seguir facilitará a compreensão de como se processa a contabilização dos elementos de custos. DRE Receita de vendas $ XXX ( - ) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) $ XXX = lucro bruto $ XXX ( - ) Despesas administrativas $ XXX ( - ) Despesas de vendas $ XXX = lucro operacional Administração XXX XXX Vendas XXX XXX Matéria-prima Mão de obra direta CIF XXX XXX XXX XXX XXX XXX XX Produção- andamento Produto acabado CPV XXX XXX XXX XXX XXX XXX XXX XXX XX XX Ativo Circulante Caixa Duplicatas receber Estoques Matéria-prima XX Produtos em elaboração XX Produtos acabados XX Realizável LP Permanente... Total do ativo Passivo Patrimônio líquido Total passivo + PL 25 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 No exemplo que acabamos de demonstrar, se utilizarmos os dados constantes do rateio dos custos indiretos de produção, pelo critério da mão de obra direta (item 3.2), teremos a contabilização dos custos pela contabilidadefinanceira em contas apropriadas e transferência direta para os estoques à medida que os produtos são acabados ou então só no fim do período, sem registro das fases de rateio: Embalagens consumidas Matéria-prima consumida Mão de obra direta CIF 40 40(a) 540 540(a) 220 220(a) 420 420(a) Produção em andamento Estoques produto Beta Estoques produto Gama (a)40 (a)540 (a)220 (a)420 40(b) 320(c) 220(c) 100(d) 420(e) (b) 20 (c) 320 (d) 100 (e) 190,89 (b) 20 (c) 220 (d) 120 (e) 229,11 1.220 630,89 589,11 4.1 Um exemplo de contabilização mais completo A empresa industrial fabricava um tipo de produto em 01/03/X7. Apresentava os seguintes saldos em suas contas de estoque: • material direto: $ 100; • produtos em elaboração: $ 20; • produtos acabados: $ 80. Durante o mês de março de X7, ocorreram as seguintes operações: 1 – Compra de material direto por $ 210, a prazo. 2 – Consumo de energia elétrica do mês: fábrica $ 20; administração $ 10. 5 10 15 26 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 3 – Requisição de material direto pela produção: $ 180. 4 – Apropriação de serviços de limpeza executados por terceiros: fábrica $ 5; comercialização $ 3. 5 – Apropriação de parcela de seguro contra incêndio: fábrica $ 20; administração $ 12. 6 – Folha de pagamento com seus respectivos encargos: mão de obra direta $ 62; mão de obra indireta $ 40; pessoal da área administrativa e comercial $ 60. 7 – Apropriação da depreciação: fábrica $ 10; administração $ 5. 8 – Foram transferidos os seguintes valores: • de MOD para produtos em elaboração: $ 62; • de custos indiretos de fabricação para produtos de elaboração: $ 95; • de produtos em elaboração para produtos acabados: $ 400; • de produtos acabados para Custo de Produtos Vendidos: $ 350. Para simplificar, utilizaremos a conta contas a pagar para registrar as operações ainda não pagas, e a conta sintética despesas operacionais. Pede-se contabilizar e calcular o lucro operacional do mês de março/X7, sabendo-se que as vendas líquidas à vista foram de $ 900. Obs.: os lançamentos dessas operações no diário seriam assim: 1) D – material direto $ 210 C – contas a pagar $ 210 2) D – CIF $ 20 D – despesas operacionais $ 10 C – contas a pagar $ 30 5 10 15 20 25 27 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 3) D – produtos em elaboração $ 180 C – materiais diretos $ 180 4) D – CIF $ 5 D – despesas operacionais $ 3 C – contas a pagar $ 8 5) D – CIF $ 20 D – despesas operacionais $ 12 C – seguros a vencer $ 32 6) D – mão de obra direta $ 62 D – CIF $ 40 D – despesas operacionais $ 60 C – contas a pagar $ 162 7) D – CIF $ 10 D – despesas operacionais $ 5 C – depreciação acumulada $ 15 8) D – produtos em elaboração $ 157 C – mão de obra direta $ 62 C – CIF $ 95 8.1) D – produtos acabados $ 400 C – produtos em elaboração $ 400 8.2) D – Custo dos Produtos Vendidos $ 350 C – produtos acabados $ 350 9) D – banco $ 900 C – vendas líquidas $ 900 5 10 15 20 28 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 No razão, teríamos o que segue: Contas a pagar Material direto MOD CIF (6) 62 (2) 20 210 (1) SI 100 180 (3) 62 (8) (4) 5 30 (2) (1) 210 (5) 20 8 (4) (6) 40 162 (6) 310 180 (7) 10 EF 130 95 95 (8) Produtos em elaboração Produtos em acabado Despesas operacionais SI 120 400 (8.1) SI 80 350 (8.2) (2) 10 (3) 180 Custo (8.1) 400 CPV (4) 3 (8) 157 Produção (5) 12 Acabado 480 350 (6) 60 EF 57 EF 130 (7) 5 90 90 (11) Seguros a vencer Depreciação acumulada CPV 32 (5) 15 (7) (8.2) 350 350 (10) Vendas líquidas Bancos Resultado do período (12) 900 900 (9) (9) 900 (10) 350 900 (12) (11) 90 440 900 460 Lucro operacional 29 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5 MATERIAIS DIRETOS Preliminarmente mencionamos o fato de que uma empresa utiliza materiais para diversos fins: matéria-prima, materiais de escritório, materiais auxiliares de produção, materiais para embalagem, materiais de limpeza. De todos esses materiais mencionados, apenas as matérias- primas comporão os produtos. No exemplo anteriormente citado, de uma fábrica de armários, a madeira, a fórmica, a fechadura, a dobradiça. Sabemos que, no processo de produção do armário, serão empregadas serras, lixas, estopas, verniz etc., porém, sem integrar fisicamente o produto; neste caso, serão materiais auxiliares, também chamados de materiais indiretos. O custo da matéria-prima deve corresponder à quantidade consumida na fabricação do produto. As matérias-primas adquiridas pela empresa industrial permanecem estocadas no almoxarifado até que sejam requisitadas pelos setores de produção, para, por meio da sua utilização, serem transformadas em custos. O documento utilizado para comprovar as saídas das matérias-primas do almoxarifado para a produção denomina-se requisição de materiais. Ao comprar uma matéria-prima, a empresa incorre numa série de gastos que não somente o valor pago ao fornecedor. Desta forma, o valor da matéria-prima ou de qualquer outro material pode ser obtido mediante a seguinte sequência de cálculo: Valor pago ao fornecedor: ( – ) IPI (se houver recuperação) ( – ) ICMS (se houver recuperação) ( + ) Frete (se houver) ( + ) Seguro (se houver) ( – ) Armazenagem e outros gastos (se houver) = valor do material ou da matéria-prima. 5 10 15 20 25 30 30 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5.1 Métodos de avaliação dos estoques As empresas efetuam compras de materiais de acordo com suas necessidades e em conformidade com políticas de estoque estabelecidas pela empresa. Existem materiais cujas compras são frequentes, porém, como são adquiridos de diversos fornecedores, os preços irão variar. Considerando essa situação, é de se esperar que no estoque exista o mesmo material comprado por valores diferentes. Então, quando a produção requisita matéria-prima para utilização na produção, qual custo a ser considerado na requisição de material? O mais recente? O mais antigo? Qual é o valor do saldo remanescente no estoque? Para resolver essas questões, foram criados alguns métodos de valoração de estoques, sendo os mais conhecidos: 5.1.1 Último a Entrar, Primeiro a Sair (UEPS) ou Last-in, First-out (LIFO) Por este método, as quantidades requisitadas são valorizadas pelas aquisições mais recentes que tenham saldo no estoque. Quando o saldo destas for esgotado, passa-se às anteriores e assim sucessivamente. Acontecendo nova aquisição, passa a ser esta a última entrada. Adotando este método de valoração de estoques, a empresa sempre atribuirá aos materiais (matérias-primas) em estoque o custo mais antigo. Na adoção deste método, presume-se que as compras mais recentes sejam efetuadas por valores mais elevados, contribuindo para elevar o custo dos produtos e, consequentemente, reduzindo o lucro-base de cálculo do Imposto de Renda. Esse método não é aceito pelo Fisco. 5 10 15 20 25 31 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5.1.2 Primeiro a Entrar,Primeiro a Sair (PEPS) ou First-in, First-out (FIFO) Por este método, as quantidades requisitadas são valorizadas pelas aquisições mais antigas que tenham saldo no estoque. Quando o saldo destas for esgotado, passa-se à seguinte e assim sucessivamente. Adotando este método de valoração de estoques, a empresa sempre atribuirá aos materiais (matérias-primas) em estoques o custo mais recente. Esse método de valoração de estoques é aceito pela legislação tributária brasileira, uma vez que, em situação inflacionária, produz lucros tributáveis mais elevados. 5.1.3 Custo médio ponderado móvel Por este método, toda vez que houver entrada no estoque, resultante de nova compra, o valor médio é alterado, ponderando-se o saldo anteriormente existente com a compra efetuada. Por este método, as quantidades requisitadas são valorizadas pelo valor médio ponderado do saldo existente no momento da requisição. Adotando este método de valoração de estoques, a empresa sempre atribuirá aos materiais (matérias-primas) em estoque o custo de aquisição médio, sendo esses custos atualizados após cada compra efetuada. Observamos que diversos fatores podem influenciar a decisão de escolha do método de valoração dos custos dos materiais; são eles: • aceitação do método pela receita federal; • praticabilidade na determinação do custo; • utilidade do método para decisões gerenciais. 5 10 15 20 25 32 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5.1.4 Exemplo de aplicação dos métodos de valoração de estoques Para registrarmos as operações ocorridas com os materiais diretos (matéria-prima), é utilizado um documento denominado ficha de controle de estoque, cujo formato apresentaremos na resolução do exemplo. Observamos que, para cada tipo de material, deverá existir uma ficha de controle para registrar a movimentação. O mesmo exemplo será utilizado para demonstrar os três métodos de valoração de estoque. Vamos supor que numa determinada empresa industrial, que faz controle permanente dos estoques, houve a movimentação a seguir discriminada de uma matéria-prima “x” em um determinado período. Estoque inicial = 200 unidades a $ 50 cada. Dia 03 = compra de 80 unidades a $ 55 cada. Dia 05 = compra de 220 unidades a $ 60 cada. Dia 10 = requisição de 230 unidades para aplicação no produto “A” (RA). Dia 12 = requisição de 150 unidades para aplicação no produto “B” (RB). Dia 15 = compra de 100 unidades a $ 65 cada. Dia 18 = compra de 350 unidades a $ 70 cada. Dia 25 = requisição de 200 unidades para aplicação no produto “B” (RB). Dia 28 = requisição de 300 unidades para aplicação no produto “A” (RA). Dia 30 = requisição de 50 unidades para aplicação no produto “B” (RB). 5 10 15 20 25 33 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5.1.4.1 Utilizando-se o método PEPS, tem-se: Ficha de controle de estoque – material: madeira Data Operação Entradas (compras) Saídas (requisições) Saldos Quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total EI 200 50 10.000 03 C 80 55 4.400 200 80 50 55 10.000 4.400 05 C 220 60 13.200 200 80 220 50 55 60 10.000 4.400 13.200 10 RA 200 30 50 55 10.000 1.650 - 50 220 - 55 60 - 2.750 13.200 12 RB 50 100 55 60 2.750 6.000 - 120 - 60 - 7.200 15 C 100 65 6.500 120 100 60 65 7.200 6.500 18 C 350 70 24.500 120 100 350 60 65 70 7.200 6.500 24.500 25 RB 120 80 60 65 7.200 5.200 - 20 350 - 65 70 - 1.300 24.500 28 RA 20 280 65 70 1.300 19.600 - 70 - 70 - 4.900 30 RB 50 70 3.500 20 70 1.400 Totais 750 48.600 930 57.200 20 70 1.400 Resumo – PEPS Operação Quantidade Valor unitário Valor total Saldo inicial 200 50 10.000 Compras 750 48.600 Requisições -930 -57.200 Saldo final 20 70 1.400 34 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5.1.4.2 Utilizando-se o método UEPS, tem-se: Ficha de controle de estoque – material: madeira Data Operação Entradas (compras) Saídas (requisições) Saldos Quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total EI 200 50 10.000 03 C 80 55 4.400 200 80 50 55 10.000 4.400 05 C 220 60 13.200 200 80 220 50 55 60 10.000 4.400 13.200 10 RA 220 10 60 55 13.200 550 200 70 50 55 10.000 3.850 12 RB 70 80 55 50 3.850 4.000 120 50 6.000 15 C 100 65 6.500 120 100 50 65 6.000 6.500 18 C 350 70 24.500 120 100 350 50 65 70 6.000 6.500 24.500 25 RB 200 70 14.000 120 100 150 50 65 70 6.000 6.500 10.500 28 RA 150 100 50 70 65 50 10.500 6.500 2.500 70 50 3.500 30 RB 50 50 2.500 20 50 1.000 Totais 750 48.600 930 57.600 20 50 1.000 Resumo – UEPS Operação Quantidade Valor unitário Valor total Saldo inicial 200 50 10.000 Compras 750 48.600 Requisições -930 -57.600 Saldo final 20 50 1.000 35 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 5.1.4.3 Utilizando o método MPM, tem-se: Ficha de controle de estoque – material: madeira Data Operação Entradas (compras) Saídas (requisições) Saldos Quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total EI 200 50,00 10.000 03 C 80 55 4.400 280 51,42 14.400 05 C 220 60 13.200 500 55,20 27.600 10 RA 230 55,20 12.696 270 55,20 14.904 12 RB 150 55,20 8.280 120 55,20 6.624 15 C 100 65 6.500 220 59,65 13.124 18 C 350 70 24.500 570 66,00 37.624 25 RB 200 66,00 13.200 370 66,01 24.424 28 RA 300 66,01 19.803 70 66,01 4.621 30 RB 50 66,01 3.301 20 66,00 1.320 Totais 750 48.600 930 57.280 20 66,00 1.320 Resumo – Média móvel Operação Quantidade Valor unitário Valor total Saldo inicial 200 50 10.000 Compras 750 48.600 Requisições -930 -57.280 Saldo final 20 66 1.320 Quadro-resumo Método Custo das compras Custo transferido para a produção dos produtos A e B Custo atribuído aos estoques finais da matéria-prima PEPS 48.600 57.200 1.400 UEPS 48.600 57.600 1.000 MPM 48.600 57.280 1.320 Observa-se no quadro-resumo que a escolha de qualquer método de valoração de materiais diretos interfere diretamente 36 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 no custo de produção e no valor do estoque final. Nos três métodos exemplificados, os valores obtidos para o custo de produção, bem como para o estoque final, foram diferentes. Excetuando-se o método UEPS, que não é aceito pela legislação brasileira de Imposto de Renda, conforme já mencionamos anteriormente, a praticabilidade na determinação do custo e a utilidade para decisões gerenciais são fatores que certamente vão influenciar na escolha do método a ser utilizado pela empresa. 5.2 Subprodutos e sucatas Os materiais não aproveitados no processo produtivo podem gerar receita para a empresa: • subprodutos: são itens produzidos secundariamente, mas que encontram mercado regular e certo para venda, embora participem de forma muito pequena no faturamento da empresa. Ex.: retalhos, serragem, aparas de papel etc.; • sucata: são materiais desperdiçadosdurante o processo de fabricação, cuja venda é eventual. 6 MÃO DE OBRA DIRETA O segundo elemento componente do custo é a mão de obra. Os gastos com mão de obra, geralmente, representam uma considerável parte dos custos totais incorridos por uma empresa na produção dos seus produtos. Consideramos mão de obra direta aqueles funcionários que atuam promovendo diretamente a transformação da matéria-prima em produto acabado. 5 10 15 20 25 37 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Entretanto, o custo que esses funcionários representam só pode ser considerado como custo direto após a análise feita nos registros de tempo trabalhado pelos funcionários. Esses registros são feitos, normalmente, por meio do cartão de ponto ou do relatório feito pelo apontador de mão de obra. O relatório feito pelo apontador é diário, sendo mencionadas apenas as exceções feitas durante o dia, como, por exemplo, se o funcionário é destacado para executar tarefas indiretas. O valor do custo da mão de obra direta é composto pelo salário ajustado entre a empresa e o funcionário, salário este que pode ser horário ou mensal, acrescido dos encargos sociais. Esses encargos sociais da empresa decorrem do contrato de trabalho e podem representar obrigações legais, acordos sindicais ou negociações com a própria empresa. Observamos que cada empresa deve proceder ao seu próprio cálculo dos encargos sociais, não só pela alteração frequente de seus percentuais, como pela sua especificidade. Portanto, para aplicação dos cálculos que a seguir demonstraremos, há necessidade de adequação à legislação trabalhista, previdenciária e tributária, uma vez que indicaremos apenas um roteiro básico para os cálculos dos principais encargos trabalhistas que incidem sobre a mão de obra, seja ela direta ou indireta. 6.1 Cálculo do custo de um funcionário horista Assim, se imaginarmos um funcionário horista contratado por um salário de $ 8,00 por hora, que cumprirá uma jornada de trabalho de 220 horas por mês (mínimo permitido pela legislação trabalhista) ou 44 horas por semana (considerando-se que a semana tenha seis dias de trabalho), quanto, de fato, esse funcionário custará para a empresa? 5 10 15 20 25 30 38 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Uma forma simplificada de procedermos a esse cálculo é determinar inicialmente quanto o funcionário custará para a empresa por ano. Assim sendo, teremos: A: Remuneração 1) Salário: 335 dias X 7,33h X $ 8,00 19.644,40 2) Férias: 30 dias X 7,33h X $ 8,00 1.759,20 3) 1/3 Férias anuais: $ 1.759,20 : 3 586,40 4) 13º salário: 220h X $ 8,00 1.760,00 5) Remuneração anual: 23.750,00 B: Encargos sociais (consideremos apenas alguns) 1) INSS: 20% 2) SENAI, SESI etc.: 5,2% 3) FGTS: 8% 4) Seguro acidente de trabalho: 2% Total percentual de encargos sociais: 35,2% 35,2% sobre $ 23.750,00 8.360,00 Gasto total para a empresa durante um ano 32.110,00 A seguir, consideremos o total de horas por ano que um funcionário pode oferecer à empresa. Dias do ano: 365 Domingos: (48) Férias: (30) Feriados: (12) Total de dias produtivos no ano: 275 Horas de trabalho por ano: 275 dias X 7,33h = 2.015, 75h/ano. Assim sendo, o custo total por hora (salário + encargos) de um funcionário contratado por $ 8,00/hora é de: $ 32.110,00 : 2.015,75 = $ 15,95. 5 10 15 20 25 39 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Portanto, os encargos sociais provocam um acréscimo de $ 7,95/h do funcionário contratado, o que, percentualmente, representa um acréscimo de 99,93%. Ainda sobre encargos sociais, informamos que existem empresas especializadas que divulgam tabelas para o cálculo de encargos sociais para funcionários horistas e mensalistas. Essas tabelas de encargos sociais são formadas por grupos de encargos sociais. 6.2 Grupos de encargos sociais • Grupo A: constituído por contribuições fixas mensais, determinadas por lei, incidentes sobre a folha de pagamento: (INSS / SESI / SESC / SENAI / SENAC / INCRA / SEBRAE / Salário Educação / SAT / FGTS). Em média, a somatória dos encargos sociais deste grupo atinge 35,8% para funcionários horistas e funcionários mensalistas. • Grupo B: constituído pela parcela agregada ao salário e paga diretamente ao funcionário (DSR / férias / 1/3 férias / feriados / 13º salário / faltas abonadas / auxílio-doença / aviso prévio). Em média, a somatória dos encargos sociais deste grupo atinge 57,73% para funcionários horistas e 30,70% para funcionários mensalistas. • Grupo C: constituído por obrigações trabalhistas que não incidem sobre os outros grupos, como, por exemplo, depósito sobre o FGTS por dispensa de funcionário sem justa causa. Em média, a somatória dos encargos sociais deste grupo atinge 1,52% para funcionários horistas e 1,25% para funcionários mensalistas. Logo, se considerarmos esses percentuais, teremos incidido sobre o salário o percentual de 115,72% para funcionários horistas e 78,74% para funcionários mensalistas, percentuais estes obtidos da seguinte maneira: 5 10 15 20 25 30 40 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Func. horista % Func. mensalista % Total Grupo A 35,80 35,80 Total Grupo B 57,73 30,70 Total Grupo C 1,52 1,25 Incidência cumulativa Grupo A x Grupo B 20,67 10,99 Percentual total 115,72 78,74 Observamos que o percentual encontrado de incidência de encargos sociais sobre o salário de funcionários é superior àquele encontrado anteriormente, quando calculamos um percentual de forma simplificada para um funcionário horista (99,93% contra 115,72%). Essa diferença ocorre por diversos motivos, dentre os quais destacamos o fato de, no cálculo inicial, não serem levados em consideração os encargos do grupo B e C, bem como também não ter sido considerada a incidência do grupo A sobre o grupo B. 6.3 Tempo ocioso e outros gastos com a mão de obra Para completarmos o assunto, observamos que não devemos confundir o tempo ocioso, que corresponde às horas não trabalhadas no processo produtivo de forma direta, como, por exemplo, a falta de matéria-prima, falta de energia elétrica, manutenção das máquinas, com o tempo ocioso de greves ou acidentes, que paralisam a produção. O primeiro é um tempo ocioso que deve ser considerado normal e apropriado aos produtos como custo indireto de produção; o segundo é um tempo ocioso que deve ser considerado como anormal e apropriado diretamente ao resultado do exercício como perda do período. Observamos também que existem diversos gastos da empresa em função da mão de obra, tais como transporte, alimentação e vestuário. Esses gastos, por serem de natureza fixa e não guardarem relação com o volume de produção, devem ser considerados como mão de obra indireta, para posterior rateio aos produtos. 5 10 15 20 25 41 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 6.4 Exercício resolvido Suponhamos que, numa fábrica de fogões, exista um setor de pintura com oito funcionários diretos com jornada de trabalho de 44 horas semanais. O salário de cada funcionário é de 16,00 por hora. Os encargos sociais somam a 115,72% dos salários. No mês em questão, houve quatro domingos e dois feriados (que caíram, respectivamente, na segunda-feira e na quarta-feira). Um dos funcionáriosfaltou dois dias, que foram justificados e abonados. A empresa fabrica quatro produtos (A/ B / C / D). O relatório de apontamento de mão de obra indica que, das horas disponíveis para trabalhar, 176,70 h foram consideradas improdutivas, e as restantes, portanto, foram consideradas produtivas. Produtos A B C D Total de horas produtivas Horas improdutivas Total de horas apontadas Tempo total 220 h 370 h 425 h 201 h 1216 h 176.70 h 1392.70 h Pede-se: 1. calcular o salário mensal do setor de pintura; 2. calcular o valor dos encargos sociais e trabalhistas do setor de pintura; 3. calcular o custo da mão de obra do setor de pintura; 4. calcular o custo/hora de mão de obra do setor de pintura; 5. calcular o custo de mão de obra direta; 5 10 15 20 42 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 6. calcular o custo do tempo improdutivo do setor de pintura; 7. calcular o custo da mão de obra por produto. Para a resolução desse exercício, passaremos por diversas etapas: a) Cálculo dos dias de trabalho no mês: – dos funcionários não faltosos: – do funcionário faltoso: 30 dias 4 domingos 2 feriados 24 dias úteis 30 dias 4 domingos 2 feriados 2 faltas 22 dias úteis b) Cálculo da jornada diária: 44 h/semana: 6 dias = 7,33 horas/dia c) Cálculo das horas disponíveis para trabalhar, conforme cartão de ponto: – dos funcionários não faltosos: – do funcionário faltoso: 24 dias úteis x 7,33 h/dia = 175,92 horas/mês x 7 funcionários = 1.231,44 horas disponíveis 22 dias úteis x 7,33 h/dia 161,26 horas/mês x 1 funcionário = 161,26 horas disponíveis Os oito funcionários totalizaram 1.392,7 horas disponíveis para trabalhar no mês (1231,44h + 161,26h). 5 10 15 20 25 43 CONTABILIDADE DE CUSTOS Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 Respostas 1) Cálculo do salário mensal do setor de pinturas: 1.392,7 horas disponíveis, segundo cálculo do item C. X $ 6,00 salário – hora = $ 8.356,20 salário do mês do setor de pinturas. 2) Cálculo dos encargos sociais e trabalhistas: $ 8.356,20 salário do mês X 115,72% (percentual dos encargos) = $ 9.669,79 encargos do mês. 3) Cálculo do custo da mão de obra do departamento: $ 8.356,20 de salário + $ 9.669,79 de encargos = $ 18.025,99 custo da mão de obra do mês. 4) Cálculo do custo/hora da mão de obra direta do setor de pintura: $ 18.025,99 custo = $ 12,94/h. 1.392,7 horas disponíveis 5) Cálculo do custo da mão de obra direta: 1.216 horas produtivas (220h + 3700h +425h + 201h) X $ 12,94/h = $ 15.735,04 6) Cálculo do custo de tempo improdutivo: 176,7 horas improdutivas X $ 12,94/h $ 2.286,49 5 10 15 20 25 44 Unidade II Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 2/ 10 7) Custo da mão de obra direta por produto: Produto Horas apontadas Custo/ hora Custo MOD A B C D Total 220 370 425 201 1216 $ 12,94 $ 12,94 $ 12,94 $ 12,94 $ 2.846,80 $ 4.787,80 $ 5.499,50 $ 2.600,94 $ 15.735,04 Observamos que o custo referente ao tempo improdutivo ou ocioso deverá ser alocado aos quatro produtos conforme algum critério de rateio. Essa apropriação é o objeto da nossa próxima disciplina referente a custos. Bibliografia básica MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. _________. Contabilidade de custos – livro de exercícios. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2006. VICECONTI, Paulo Eduardo V.; NEVES, Silvério das. Contabilidade de custos – um enfoque direto e objetivo. 8. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2008. Bibliografia complementar HORNGREN, Charles Thomas; FOSTER, George; DATAR, Srikant. Contabilidade de custos. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. PADOVEZI, Clóvis L. Curso básico gerencial de custos. São Paulo: Thomson, 2003. 5 10
Compartilhar