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Carboidratos e suas alterações Bioquímica Clínica Profª. Carolina M. Wallauer carolinawallauer@gmail.com •Mais abundante biomolécula da Terra: •Fotossíntese converte + 100 bilhões toneladas de CO2 e H2O em carboidratos (celulose e outros açúcares). Carboidratos Funções dos carboidratos • Reconhecimento celular; • Adesão celular; • Estrutura celular: Peptídeoglicanos, Proteoglicanos, quitina e celulose; • Reserva energética: glicose, amido, glicogênio; Funções dos carboidratos: estrutural Reconhecimento e adesão celular Pe ptid e oglica no Prote oglica nos AmidoGlicogênioCelulose Funções dos carboidratos: reserva energética CARBOIDRATOS Classificação dos Carboidratos • Monossacarídeos: Glicose, frutose e galactose • Dissacarídeos: sacarose, maltose e lactose • Polissacarídeos: amido e glicogênio Revisão Metabolismo dos Carboidratos • Hidrólise e digestão (amilase, lactases, sacarases, maltases, invertases..) • Absorção (células intestinais) • Distribuição (Todos os tecidos) • Armazenamento (Fígado, músculo e adipócitos) Revisão Carboidratos GLICOGÊNESE: conversão de glicose a glicogênio; GLICOGENÓLISE: desdobramento do glicogênio em glicose; GLICONEOGÊNESE: formação de glicose a partir de outras fontes não-carboidratos, como aminoácidos, glicerol ou lactato. GLICÓLISE: conversão da glicose ou outras hexoses em lactato ou piruvato Revisão O que ocorre em nosso organismo após uma refeição contendo carboidratos? Glicogênese 100g Hormônios Reguladores Hormônios envolvidos na regulação da glicose Insulina Glucagon Adrenalina GH Cortisol Horm. Tireóide Revisão Insulina e Glucagon • São hormônios polipeptídeos sintetizados como pró- hormônios nas células β e α, respectivamente, nas ilhotas de Langerhans no pâncreas; • A pró-insulina é clivada liberando insulina madura e peptídeo C; • O glucagon também é sintetizado como pró-hormônio e clivado a glucagon maduro. Revisão * SOMATOSTATINA Insulina • Liberada em resposta à ingestão de carboidratos; • Promove a utilização de glicose como substrato energético e seu armazenamento como gordura e glicogênio; É o principal hormônio anabólico do organismo Além disso... • Promove o aumento da síntese de proteínas • Crescimento celular, em adição ao armazenamento de substrato energético. Hormônios Reguladores Captação celular Glicogênese Síntese proteica Lipogênese Transportadores de glicose Dois mecanismos através da membrana celular Transporte facilitado, mediado por transportadores de membrana específicos (GLUT) Co-transporte com o íon Sódio Insulina Receptor da insulina Glicose GLUT4 Ação da Insulina no transporte intracelular da glicose Glucagon • Principal hormônio contra-regulatório da insulina; • Está diminuído frente a uma refeição rica em carboidratos; • Concentração elevada no jejum; • Sua concentração no sangue sinaliza a abstinência da glicose e promove a produção de glicose (glicogenólise e gliconeogênese); • Também estimula a mobilização dos ácidos graxos. Hormônios Reguladores Glicogenólise Gliconeogênese Cetogênese Lipólise Células Beta Células alfa Células Alfa Células Beta Insulina Glucagon Alta taxa de glicose Baixa taxa de glicose Fígado quebra o glicogênio e libera glicose Fígado absorve a glicose e armazena na forma de glicogênio Carboidratos • Essas atividades metabólicas levam a glicemia a níveis normais (70-99 mg/dL), como a encontrada em jejum. HIPERGLICEMIAHIPOGLICEMIA Desordens do metabolismo dos Carboidratos • Diabetes mellitus (DM): • Síndrome de etiologia múltipla (doença multifatorial), decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos. • Hiperglicemia crônica com distúrbios no metabolismo das proteínas, carboidratos e lipídeos. • As consequências a longo prazo incluem danos, disfunção e falência de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. • Hipoglicemia Desordens do metabolismo dos Carboidratos • Uma epidemia de diabetes mellitus (DM) está em curso. • Atualmente, estima-se que a população mundial com diabetes seja da ordem de 387 milhões e que alcance 471 milhões em 2035. • Cerca de 80% desses indivíduos vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade e há crescente proporção de pessoas acometidas em grupos etários mais jovens, as quais coexistem com o problema que as doenças infecciosas ainda representam Desordens do metabolismo dos carboidratos • O número de diabéticos está aumentando em virtude do crescimento e do envelhecimento populacional, da maior urbanização, da progressiva prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como da maior sobrevida de pacientes com DM; • O Estudo Multicêntrico sobre a Prevalência do Diabetes no Brasil evidenciou a influência da idade na prevalência de DM: 2,7% na faixa etária de 30 a 59 anos 17,4% na de 60 a 69 anos • O Estudo Multicêntrico sobre a Prevalência do Diabetes no Brasil evidenciou a influência da idade na prevalência de DM e observou incremento de 2,7% na faixa etária de 30 a 59 anos para 17,4% na de 60 a 69 anos, ou seja, um aumento de 6,4 vezes • Na maioria dos países desenvolvidos, verifica-se que o DM figura entre a quarta e a oitava posição entre as principais causas básicas de óbito Classificação etiológica do DM (SBD, 2016) Tipo 1: destruição das células β, provocando deficiência insulínica. (origem auto-imune ou idiopática) Tipo 2: Resistência insulínica e/ou deficiência na secreção. (Associada à fatores ambientais e ou genéticos) DM gestacional: Resistência à insulina. Outros tipos específicos: defeitos genéticos funcionais das células B(MODY), defeitos genéticos na ação da insulina, pancreatite crônica, DM induzida por fármacos, endocrinopatias, infecções (rubéola congênita e CMV)... Diabetes mellitus tipo 1 • O DM tipo 1 é caracterizado por destruição das células beta que levam a uma deficiência de insulina, sendo subdivido em tipos 1A e 1B. • Resultado da destruição imunomediada de células betapancreáticas com consequente deficiência de insulina. • Os marcadores de autoimunidade são os autoanticorpos anti-ilhota ou antígenos específicos da ilhota e incluem os anticorpos anti- insulina, antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65), antitirosina- fosfatases (IA2 e IA2B) e antitransportador de zinco (Znt). • • Esses anticorpos podem ser verificados meses ou anos antes do diagnóstico clínico, ou seja, na fase pré-clínica da doença, e em até 90% dos indivíduos quando se detecta hiperglicemia. • A fisiopatologia do DM tipo 1A envolve fatores genéticos e ambientais. Diabetes mellitus tipo 1A - autoimune • Como o nome indica, não há uma etiologia conhecida para essa forma de DM. • Corresponde à minoria dos casos de DM1 e caracteriza-se pela ausência de marcadores de autoimunidade contra as células beta. • Os indivíduos com esse tipo de DM podem desenvolver cetoacidose e apresentam graus variáveis de deficiência de insulina. • Devido à avaliação dos autoanticorpos não se encontrar disponível em todos os centros, a classificação etiológica do DM1 nas subcategorias autoimune e idiopática pode não ser sempre possível. Diabetes mellitus tipo 1B - idiopático • O DM2 é a forma verificada em 90 a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina e na regulação da produção hepática de glicose. • A resistência à insulina e o defeito na função das células beta estão presentes precocemente na fase pré-clínica da doença. É causada por umainteração de fatores genéticos e ambientais. • Entre os fatores ambientais associados estão sedentarismo, dietas ricas em gorduras e envelhecimento. Diabetes mellitus tipo 2 • O DM2 pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos. • Os pacientes não dependem de insulina exógena para sobreviver, porém podem necessitar de tratamento com insulina para obter controle metabólico adequado. Diferentemente do DM1 autoimune, não há indicadores específicos para o DM2. Diabetes mellitus tipo 2 Características clínicas do DM Tipo 1 Tipo 2 Idade inicial Criança, jovens Adultos, idosos Início Agudo Gradual Perda de peso Usual Não Usual Hálito cetônico Usual Não Usual [Insulina]plasma Baixa ou ausente Normal, baixa ou alta DM Gestacional • Trata-se de qualquer intolerância à glicose, de magnitude variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. • Entretanto, aquelas pacientes de alto risco e que na consulta inicial de pré-natal, no primeiro trimestre de gestação, já preenchem os critérios para diabetes fora da gestação, serão classificadas não como diabetes gestacional, mas como diabetes mellitus tipo 2. • Similar ao DM2, o DM gestacional associa-se tanto à resistência à insulina quanto à diminuição da função das células beta. • No Brasil, cerca de 7% das gestações são complicadas pela hiperglicemia gestacional. Outros tipos específicos de diabetes mellitus • Pertencem a essa classificação formas menos comuns de DM cujos defeitos ou processos causadores podem ser identificados. • A apresentação clínica desse grupo é bastante variada e depende da alteração de base. • Estão incluídos nessa categoria defeitos genéticos na função das células beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino e entre outras. Tipos distintos de DM • LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults) • Autoimunidade porém instalação tardia • MODY (Maturity Onset Diabetes of the Young) • Herança autossômica dominante • Início aos 25 anos e hiperglicemia leve • Sem obesidade e sem predisposição a cetoacidose Classes intermediárias no grau de tolerância à glicose • Referem-se a estados intermediários entre a homeostase normal da glicose e o DM. • A categoria glicemia de jejum alterada está relacionada às concentrações de glicemia de jejum inferiores ao critério diagnóstico para DM, contudo mais elevadas que o valor de referência normal. • A tolerância à glicose diminuída representa uma anormalidade na regulação da glicose no estado pós-sobrecarga, diagnosticada por meio de teste oral de tolerância à glicose (TOTG). • A glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose diminuída são categorias de risco aumentado para o desenvolvimento do DM, e o termo “pré-diabetes” também é utilizado para designar essas condições. TOTG Consiste na dosagem de glicemia basal e após 120 minutos depois da ingesta de 75g de glicose anidra (em crianças a dose é de 1,75g/kg de peso, até no máximo 75g). Cuidados ao realizar a TOTG • Período de jejum entre 8 e 12 h • Atividade física normal • Comunicação da presença de infecções, ingestão de medicamentos ou inatividade No TOTG, a ingesta da solução de glicose deve ser feita em no máximo cinco minutos, com jejum de oito a doze horas antes da coleta basal, e o paciente em dieta sem restrição de carboidratos durante pelo menos os três dias que antecedem ao teste Diabetes mellitus • Fatores de risco para o DM • Idade • Dislipidemias • Obesidade, sedentarismo • Estresse • Antecedentes familiares • Diabetes mellitus gestacional • Uso de medicação hiperglicemiante (CO, B- bloqueadores) Diabetes mellitus • Sintomas do DM • Polidipsia • Poliúria (diurese osmótica) • Polifagia • Perda de peso • Cansaço • Irritação cutânea e prurido • Cãibras Métodos e Critérios para o Diagnóstico Atualmente são três os critérios aceitos para o diagnóstico do DM com utilização da glicemia: • Sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia casual ≥ 200 mg/dl. Compreende-se por glicemia casual aquela realizada a qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições. • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl. Em caso de pequenas elevações da glicemia, o diagnóstico deve ser confirmado pela repetição do teste em outro dia. • Glicemia de 2 h pós-sobrecarga de 75 g de glicose ≥ 200 mg/dl Diagnóstico Laboratorial do DM Métodos laboratoriais úteis na classificação do tipo de DM • Marcadores de auto-imunidade • Anti-GAD (anti-descarboxilase do ácido glutâmico) • Anti-IAA (anti- insulina) • Anti-ICA (anti- ilhota) • Anti- IA2 (anti-insulinoma) • Avaliação da reserva pancreática de insulina • Dosagem de insulina • Dosagem de Peptídeo C Pré-diabetes Resistência insulínica • Índice HOMA • Mede o grau de resistência à insulina. Dosa- se a glicemia e insulina de jejum. O cálculo reproduz bem o teste padrão ouro (clamp hiperinsulinêmico). HOMA IR : insulina jejum (mcU/mL) x glicose jejum (mmol/L*) 22,5 Diagnóstico de DM em crianças • Utiliza-se os mesmos métodos que utilizamos para adultos, porém a medida de glicose para realização do TOTG deve ser de: 1,75g/Kg de glicose (no máximo 75g). Rastreamento e diagnóstico de DM gestacional • Na primeira consulta pré-natal, deve ser solicitada glicemia de jejum. Caso o valor encontrado seja ≥ 126 mg/dl, é feito o diagnóstico de diabetes mellitus franco diagnosticado na gravidez. • Caso glicemia plasmática em jejum seja ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl, é feito o diagnóstico de DMG. Em ambos os casos, deve ser confirmado o resultado com uma segunda dosagem da glicemia de jejum. • Caso a glicemia seja < 92 mg/dl, a gestante deve ser reavaliada no segundo trimestre. Primeira consulta pré-natal ≥ 126 mg/dl ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl Diabetes Mellitus franco diagnosticado na gravidez. DMG < 92 mg/dl Deve ser reavaliada no segundo trimestre. Complicações do DM • Complicações agudas • CETOACIDOSE DIABÉTICA • COMA HIPEROSMOLAR NÃO-CETÓTICO • HIPOGLICEMIA • Complicações crônicas • Micro e macro angiopatia diabética (vasculares) • NEFROPATIA • RETINOPATIA • NEUROPATIA • DAC • DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA • AVC Complicações Agudas do DM • Clínicas• Metabólicas •Sede •Poliúria •Desidratação •Hipotensão •Taquicardia •Hiperventilação •Vômito •Dor abdominal •Sonolência •Coma •Hiperglicemia •Glicosúria •Hiponatremia •Uremia •Dist. do met. Protéico e Lipídico •Cetonemia •Cetonúria •Acidose Complicações crônicas do DM Alterações vasculares gerando lesões em órgãos alvo. FISIOPATOLOGIA • Hiperglicemia crônica. • Geração de produtos avançados de glicação (AGEs) - doença vascular aterosclerótica e o aumento do estresse oxidativo celular • Espécies reativas de oxigênio (RL) • Ciclo do sorbitol (glicose >>> sorbitol – aldose redutase) Complicações crônicas do DM Nefropatia diabética ➢É a causa mais comum de falência renal ➢20 a 40% dos diabéticos tipo 1 e 2 ➢IR causada por lesões nos pequenos vasos ➢Aumento da volemia (osmolaridade) ➢Aumento da resistência vascular periférica ➢1/3 dos diabéticos são hipertensos Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ikGl7DPXUK0&feature=related Retinopatia diabética • Alterações dos pequenos vasos da retina, causando sangramentos e diminuindo a visão, podendo chegar a cegueira. • Após 20 anos de diagnóstico, 100% dos DM 1 apresentam retinopatia, e 60% dos DM 2. • O grau de retinopatia diabética é dependente da hiperglicemia. CATARATA, GLAUCOMA, CEROTOPATIA (ÚLCERAS DE CÓRNEA ) Retinopatia diabética Retinopatia Neuropatia diabética Sintomatologiadepende da musculatura envolvida: ➢ Fibra motora - Fraqueza muscular ➢ Fibra sensorial - Perda de sensações ➢ Fibra autonômica - Perda de funções como: Digestão, incontinência urinária, ereção,pele seca, prurido, taquicardia, hipotensao..... (60% dos DM) Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=D17WEN4hCVU Pé diabético Doenças cardiovasculares ➢Aumenta de 2-4 vezes as DCV ➢Associa-se à disfunções endoteliais ➢Anormalidade de pequenos vasos ➢Hiperatividade trombótica: • Aumento da agregação plaquetária • Aumento da conconcentração de fibrinogênio * Triagem com 347.978 homens sem DM e com DM, entre 35-57 anos. * Fatores de risco analisados: Hipercolesterolemia, TB, HAS. * A mortalidade por DAC foi 2,64% maior nos DM do que nos NDM assoc. aos 3 FR. Stamler J, Vaccaro O, Neaton JD, Wentworth D. Diabetes, other risk factors, and 12-yr cardiovascular mortality for men screened in the Multiple Risk Factor Intervention Trial. Diabetes Care. 1993 Feb;16(2):434-44. Referências • www.diabetes.org/home.jsp • www.diabetes.org.br • Motta, VT. Bioquímica clínica para o laboratório-Princípios e interpretações. EDUCS, 2003. • http://www.fleury.com.br/Medicos/SaudeEmDia/AulaMultimi dia/Pages/Default.aspx. Referências • Grupo Interdisciplinar de Padronizacao da Hemoglobina Glicada – A1c. Posicionamento Oficial – 2004. Disponivel em <www.sbpc.org.br> • American Diabetes Association, Standards of Medical Care in Diabetes. Diabetes Care, 37, (suppl 1):S14-S80, 2014. Disponivel em <care.diabetesjournals.org> • Standards of Medical Care in Diabetes, 2014.
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