Buscar

1ªpeça constitucional seção1



Continue navegando


Prévia do material em texto

EXM.º SENHOR JUIZ DA VARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
MAGNÓLIA, brasileira, estado civil (...), trabalhadora rural, CPF nº (...), RG n º (...) residente e domiciliada na Rua (...), nº (...), bairro (...), Caicó/CE, E-mail (...), por conduto do Defensor Público abaixo firmado, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor o seguinte: 
HABEAS DATA C.C TUTELA ANTECIPADA em face do: ESTADO DO CEARÁ contra o ato coator praticado pelo DIRETOR DO HOSPITAL ESTADUAL DE FORTALEZA, na pessoa de (...), autoridade pública que negou o fornecimento das informações, cuja sede é situada na Rua (...), nº (...), bairro (...), Fortaleza/CE, pelos motivos abaixo elencados.
DOS FATOS
A Impetrante foi internada com urgência no Hospital Estadual de Fortaleza e submetida à exames que a diagnosticou como portadora de Lúpus. Após uma pequena melhora no seu quadro clínico, a mesma recebeu alta médica sem ter acesso a uma cópia do seu prontuário médico e outras informações necessárias para dar continuidade ao tratamento, tendo sido informada que deveria fazer uso continuo de determinado medicamento e estar sob supervisão médica.
Tendo em vista a necessidade das informações constantes no prontuário médico, a fim de prosseguir com o tratamento, Sr.ª Magnólia formalizou requerimento administrativo junto à Direção do Hospital. Em 20/08/2017, tomou ciência da negativa das informações sob alegação de que não poderia ter acesso ao prontuário médico solicitado, pois eram informações técnicas de conhecimento e acesso restrito aos médicos do hospital, conforme demonstra cópias do requerimento e da resposta anexos.
Vale salientar que a impetrante é a titular do dado pessoal que se pretende obter por meio desta, o que está em harmonia com a natureza personalíssima da ação. Frente a negativa da prestação de informação comprova-se o interesse de agir da impetrante.
DO DIREITO
O direito à informação é um Direito Fundamental consagrado pela Carta Magna, em seu Art. 5º, inciso XXXIII:
Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”:
XXXIII – “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”; 
Direito esse que fora negado à Sr ª Magnólia, mesmo assegurado pela Constituição.
Além da Constituição, legislação infraconstitucional como o Código de Ética Médica vem regulamentar o direito de acesso ao prontuário e veda ao profissional médico negar esse direito, ressalvado quando ocasionar riscos ao paciente ou à terceiros, o que não ocorre no caso em tela:
Art. 88. “Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros”.
O direito de acesso ao prontuário médico é direito de todo paciente, nesse sentido dispõe a Resolução nº. 1605/2000 do Conselho Federal de Medicina:
Art. 6º - “O médico deverá fornecer cópia da ficha ou do prontuário médico desde que solicitado pelo paciente ou requisitado pelos Conselhos Federal ou Regional de Medicina”.
Observada a Súmula nº 02 do STJ e o Art. 8, I da Lei nº 950797, restou apenas à Requerente recorrer ao Poder Judiciário por meio do Remédio Constitucional da “habeas data”, fundamentado na Constituição Federal, Art. 5, inciso LXXII, alíneas “a” e “b” e regulamentado pela Lei 9.507/97, Art. 7º, “in verbis”:
Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”:
LXXII – “conceder-se-á habeas data”:
a) “para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público”;
b)” para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”;
Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Mesmo diante de todo amparo legal, hospitais públicos e privados continuam a suprimir tal direito.
DA TUTELA ANTECIPADA
Conforme consta na narrativa dos fatos, a Impetrante se deparou com a inefetividade estatal, diante disso é incerto o prazo para receber o documento requerido. O NCPC elege a situação como urgência em seu Art. 300, pois o “Periculum in Mora” pode ocasionar danos irreparáveis ou de difícil reparação à saúde da Sr.ª Magnólia, no caso de demora na concessão da tutela, uma vez que esta é portadora de Lúpus e necessita continuar seu tratamento.
Concernente ao “Fumus boni iuris”, tem como base o direito à informação e acesso aos dados públicos da Impetrante. Como já narrado anteriormente, a Sr.ª Magnólia é a titular dos dados os quais se pretende obter. Está amparada pela Constituição, Art. 5º, XXXIII, Código de Ética Médica, Art. 88 e Resolução nº. 1605/2000 do Conselho Federal de Medicina e teve seu requerimento administrativo indeferido podendo impetrar “Habeas Data” conforme orienta a Súmula nº 02 do STJ.
Diante do apresentado, estão presentes os requisitos para a concessão da tutela antecipada de urgência em caráter antecedente.
DO PEDIDO
Diante do exposto requer:
a citação da autoridade coatora, para que entregue, à Impetrante, a cópia do prontuário médico do diagnóstico de seu quadro patológico, no prazo de 10 (dez) dias, conforme o disposto no artigo 9º da Lei 9.507/1997.
A concessão de liminar inaudita altera parte, sem prejuízo da disposição expressa da lei supramencionado, para que a autoridade coatora promova a imediata exibição dos documentos postulados por meio do presente habeas data, sob pena de multa/dia a ser arbitrada por Vossa Excelência no caso de não cumprimento;
A intimação do membro do MP nos termos da lei.
A condenação da Impetrada, nos moldes do art. 13 da Lei 9.507/1997, obrigando a entrega definitiva do histórico de prontuários médicos em nome da Impetrante.
A dispensa da realização de audiência de conciliação nessa fase inicial do processo.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.
DO VALOR DA CAUSA
O Impetrante deixa de atribuir valor à respectiva ação, considerando que o art. 5º, LXXVII da CF/1988, afirma que são gratuitas as ações de habeas data, e, na forma do Art. 1º, I da Lei 9265/1996 são gratuitos os atos necessários ao exercício da cidadania.
E ainda o disposto no art. 21 da Lei 9.507//97: 
Art. 21. “São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data”. 
PEDE DEFERIMENTO
CAICÓ, (...) DE (...) DE (...).
 _________________________________
DEFENSO PÚBLICO
OAB/ESTADO (...)