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EXCELENTÍSSIMO(A) SR.(A) DR.(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAICÓ – CE
A ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ/CE, da comarca de Caicó do Estado do Ceará, pessoa jurídica de direito privado, com fundamento no artigo 5º, inciso V, da Lei 7347/85, vem por meio da presença de Vossa Excelência, propor a presente
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR
  
Contra GUARARAPES ADM LTDA.empresa jurídica de direito privado, CNPJ nº ............, com sede na cidade de Caicó/CE, representada pelo Sr.....Conforme os fatos e fundamentos que passam a expor: 
I- DOS FATOS.
A empresa ré é administradora de algumas ruínas da época dacolonização portuguesa, as quais fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade de Caicó, cidade essa pequena e escassa de pontos turísticos, porém possui uma ruina muito famosa conhecida como “Colosseu”,que nos últimos anos passou a ser o principal ponto turístico da cidade, sendo fundamental para a economia local, impulsionando o comercio da região .Ocorre que nos últimos meses, mas precisamente desde de setembro de 2017, a empresa ré tem deixado de lado a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que vai realizar, porém não faz. Inconformados e muitos preocupados com a situação a associação de moradores através de seu fundador procurou auxílio da defensoria pública do Estado do Ceará, pois como é uma associação sem fins lucrativos e sem muitos recursos financeiros, sempre que precisam de auxílio jurídico recorrem a esta ,que preparou um Ofício à Prefeitura Municipal de Caicó, com quem a empresa GUARARAPES possui o contrato de convênio, solicitando informações e providências. 
No dia 10 de Janeiro de 2018 a prefeitura informou que já havia diligenciado junto à empresa as providências cabíveis, mas que também ainda não tinha obtido retorno, informou também que em reunião com o responsável da empresa convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, porém que o mesmo não havia sido cumprido. O contrato firmado entre a Prefeitura local e a empresa continua vigente mesmo com o descumprimento da contratação, sem que sejam tomadas as devidas providências para a revitalização do local.
Todavia, a empresa Ré, apesar de estar comprovado a falta de manutenção, não adotou medidas efetivas para sanar o problema.
II - DA LIMINAR
  
A Lei 7.347/85 regula a matéria procedimental da Ação Civil Pública. Em seu 12º artigo há a hipótese da medida liminar, face a eventual necessidade de tutela instrumental ao objeto da tutela jurisdicional principal, de cunho cognitivo, garantido a efetividade e utilidade desta.
 
A medida liminar requer além das condições comuns da ação, condições específicas, ou seja, a presença do “fumus boni juris” e do “periculum in mora”.
 Está muito evidente estar presente, in casu, o fumus boni iuris, caracterizado pela falta de responsabilidade legal da Ré em promover a conservação do bem patrimonial, o que importa na responsabilidade objetiva em realizar a restauração daquele, uma vez que a omissão por ela praticada é danosa ao patrimônio cultural constitucionalmente assegurado à população.
Da mesma forma, está bem demonstrado o periculum in mora, consubstanciado na urgência de se conservar as características do aludido “Colosseu”, sob pena de se perder, de forma irreversível, sua estrutura física.
José Carlos Barbosa Moreira, reconhecendo a necessidade de tratamento adequado à proteção dos bens de valor cultural por meio da adoção da tutela jurisdicional de caráter preventivo, leciona: 
“Em grande número de hipóteses é irreparável a lesão consumada no interesse coletivo: nada seria capaz de reconstituir a obra de arte destruída, nem de restaurar a rocha que aformoseava a paisagem; inexiste, ademais, prestação pecuniária que logre compensar adequadamente o dano, insuscetível de medida por padrões econômicos. Em poucas matérias se revela de modo tão eloquente como nesta a insuficiência da tutela repressiva, exercitada mediante a imposição de sanções e, quando necessário, pela execução forçada da condenação. O que mais importa é evitar a ocorrência de lesão, daí o caráter preventivo que deve assumir, de preferência, a tutela jurisdicional”.
III - DIREITO 
DA COMPETÊNCIA 
Conforme Artigo 2º da Lei 7357/1985, é competente para julgar a Ação Civil Pública o foro do local onde ocorreu o dano:
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 
Assim, não resta dúvidas que o Juízo da vara Cível de Caicó, onde ocorreu o danoé o competente para decidir sobre a presente ação.
DO CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
A Lei 7347/85 que trata da Ação Civil Pública, em seu artigo 1º estabelece que:
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
VIII – ao patrimônio público e social. 
A Constituição também menciona no art. 129, III, vejamos: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
Como a presente ação tem fundamentos de interesses difusos e coletivos está mais que evidente o direito a sua propositura.
DA LEGITIMIDADE ATIVA
Os legitimados concorrentes a proporem a Ação Civil Pública, nos termos do art. 5º da Lei 7.347/85 e Lei 8.078/90, são o Ministério Público, a União, os Estados e Municípios, além das autarquias, empresa pública, fundações, sociedade de economia mista ou associações constituídas a pelo menos 01 ano (art. 5º, XXI da Constituição Federal) e que provem representatividade e institucionalidade adequada e definida para a defesa daqueles direitos específicos: vejamos o artigo abaixo;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Nos termos do art. 5º da Lei 7.347/85 está mais que comprovado a legitimidade;
Art. 5o  Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
V - a associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; 
Fica demonstrado, então, a legitimidade ativa da Associação de moradores unidos de Caicó para ingressar como polo ativo nesta ação civil pública.
DO SUJEITO PASSIVO 
Para José Maria Tesheiner,
[...] Em relação à legitimação passiva nas ações coletivas, se considerada a generalidade dos casos, não se encontram maiores discussões sobre quem deva figurar no polo passivo. Em princípio, as mesmas pessoas (físicas ou jurídicas) podem ser apontadas como parte passiva tanto nas ações individuais quanto nas coletivas.
Resta afirmar, que todos aqueles que causaram prejuízo ao patrimônio histórico e cultural, podem, ser sujeitos passivos numa Ação Civil Pública, ou seja a RéGUARARAPES ADM LTDAestá apta a ser o polo passivo da presente ação, sendo ela a responsável pela administração dos patrimônios culturais e históricos da cidade, cujo compromisso não está sendo cumprido.
IV - DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer:
a) Que se conceda a liminar nos termos do artigo 12 da Lei 7347/85, para a empresa ré faça imediatamente os reparos e tome as devidas providencias;
b) Caso não seja concedidopedido liminar, que ocorra a cassação da licença definitiva das atividades da empresa ré e, ainda, estipulado astreintes em caso de descumprimento de ordem judicial com base no Art. 11 da lei 7.347/85 por se tratar de ação que por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
c) A citação dos réus, para contestar a presente ação, sob pena de revelia e confissão, consoante o Código de Processo civil, com base no Artigo 19 Da Lei 7347/85;
d) A condenação da réao pagamento das custas, honorários pela isenção de custas da parte autora com fulcro no art. 18 da Lei 7.347/85.
e)Requer a notificação do Ministério Público, pois a ação foi de autoria de outra legitimidade, devendo assim o ministério público atuar como fiscal da lei. 
V - DO VALOR DA CAUSA 
O bem protegido tem valor inestimável, porém dá-se à causa o valor de R$ 1000,00(mil reais) para fins fiscais.
Nesses termos, pede deferimento.
Maycon Scoparo – OAB _________
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Caicó Estado do Ceará,15 de Janeiro de 2018

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