Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO P1 TEORIA GERAL DO PROCESSO - DIREITO PROCESSUAL = ciência que estuda e regulamenta o exercício da função jurisdicional. - Ação se materializa com distribuição da petição inicial > chega ao Judiciário, para iniciar a resolução do conflito e exercer a jurisdição > processo é instaurado Essa é a TRILOGIA ESTRUTURAL. Evolução histórica do Direito Processual FASE IMANENTISTA É a primeira fase, quando havia a ideia de que o direito processual e o direito material eram a mesma coisa. Dessa forma, não haviam regras processuais próprias. FASE CIENTÍFICA/CONCEITUAL Há o reconhecimento do Direito Processual como ciência autônoma, com o surgimento de regras próprias. Não só as regras do direito material devem ser respeitadas, mas também as processuais. ~ AUTONOMIA PROCESSUAL – juiz pode extinguir ação sem julgar mérito, se essa não estiver de acordo com os requisitos processuais (art. 485, NCPC); nova ação pode ser ajuizada, pois a perda ocorreu somente no âmbito processual. > mérito = “motivo” da ação, análise da pretensão; questão de direito material. FASE INTRUMENTALISTA Evolução da segunda fase; obra de Candido Rangel Dinamarco. Reconhecimento do processo como instrumento para realização do direito material > “O processo não é um fim em si mesmo”. Há uma preocupação com os efeitos práticos do processo. CONSEQUÊNCIAS: processo não deve ser longo, deve atender demandante, etc. Instrumentalidade do processo é contrariada quando processo não “vai para frente”. IMPORTÂNCIA DOS RESULTADOS – mesmo que em alguns momentos alguns requisitos não sejam cumpridos perfeitamente, caso a finalidade seja alcançada, processo continua prosseguindo sem empecilhos (art. 277, NCPC) FASE NEOPROCESSUALISTA (ou neoprocessualismo) Evolução da fase instrumentista. Reconhecimento de que o Direito Processual se submete ao Direito Constitucional, que passa a encarar a Constituição como principal veículo normativo do sistema jurídico. Em outras palavras, devem ser respeitados os valores constitucionais. Dessa forma, ao interpretar as regras processuais, o juiz deve fazê-lo sob lentes constitucionais – o que acaba permitindo o ativismo judicial. A constitucionalização do Direito Processual se deu tanto pela incorporação de normas processuais na Constituição, inclusive como direitos fundamentais, e a partir das normas processuais concretizadoras dos princípios antes expostos somente no texto constitucional – o art. 1º, NCPC, é o artigo que concretiza essa ideia de correspondência entre Constituição e processo. NCPC assume essa linha metodológica (art. 1, NCPC), e trata, em seus artigos 1º a 12, das regras fundamentais do Direito Processual. Interpretações posteriores devem partir desses valores. Fontes do Direito Processual Base de onde provém a solução jurídica a ser posta processualmente. FONTE FORMAL A lei (ex vi legis = de acordo com a lei, na força da lei.), da qual ninguém se escusa alegando desconhecimento (art. 3º, LINDB). É a fonte principal no processo; OBS: Juiz não pode se recusar a decidir casos alegando não haver lei sobre determinado assunto – daí vem as fontes subsidiárias. FONTES MATERIAIS (subsidiárias à formal) Ferramentas de aperfeiçoamento ou correção do sistema normativo. 1. Analogia – buscar solução normativa para um caso semelhante 2. Doutrina – lições dos estudiosos sobre o Direito. 3. Jurisprudência – conjunto de decisões jurisdicionais sobre um mesmo sentido Sobretudo de tribunais superiores – órgãos paradigmáticos; criam paradigmas, através de súmulas > síntese de orientações – tecnicamente, juiz não é obrigado a seguir súmulas de orientação, somente as vinculantes do STF (que são consideradas fontes formais) 4. Costumes Lei processual no tempo De acordo com o art. 1º da LINDB, caso não haja menção na lei promulgada, a vigência começa após 45 dias da publicação no Diário Oficial. Porém, no art. 1045 do NCPC (Lei 13105/2015), foi previsto o prazo de um ano para a lei do novo código processual entrar em vigor – vacatio legis. Uma vez que fora promulgada em março de 2015, já está em vigor. A nova lei processual não se aplica a processos findados antes do início de sua vigência, pois isso feriria segurança jurídica – Constituição trata do conceito de “coisa julgada” (art. 5º, inciso XXXVI, CF). Quanto aos novos processos, após dia 18 de março de 2016, o NCPC é aplicado. Quanto aos processos vigentes, o art. 14 e art. 1046 do NCPC estabelecem que a nova lei é aplicada imediatamente aos processos em curso. Porém, não vai retroagir em atos processuais consolidados, somente em novos atos do processo – tempus regit actum (tempo que rege o ato). RESSALVA: há uma exceção para a irretroatividade – a incoerência processual. Quando uma nova lei traz disciplina incoerente com ato processual existente. TEORIA DO ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS - isolar atos processuais verificando tempo de sua prática > “fatiar o procedimento”. - ATO JURIÍDICO PERFEITO = ato criado e consolidado de acordo com lei que o rege, ainda que lei seja posteriormente revogada. Lei processual no espaço Lei processual é federal, portanto tem aplicabilidade em todo o território nacional. OBS: é possível admitir um produto processual estrangeiro através da homologação (art. 105, inciso I, alínea “i”, CF e art. 960 a art. 965, NCPC) Princípios processuais constitucionais Princípios são diretrizes de uma ciência; são pontos de partida, bases. Trata-se de uma norma que estabelece um fim a ser atingido. É, dessa forma, uma espécie normativa com eficácia direta, ou seja, traduz- se na atuação sem intermediação ou interposição de outro princípio ou regra. Caso não exista previsão normativa expressa para determinado estado de coisas almejado, o princípio irá garanti-lo. Demonstram que a autonomia estatal é e deve ser limitada. DEVIDO PROCESSO LEGAL (art. 5º LVI, CF) É a cláusula geral processual – norma-mãe, princípio guarda-chuva; ou seja, de onde os outros princípios decorrem. Direito de processar ou de ser processado de acordo com normas pré- estabelecidas, ou seja, processo deve estar em conformidade com o Direito como um todo. Essa característica faz com que o devido processo legal seja o processo justo, equitativo. Tal princípio é uma garantia contra o exercício abusivo do poder, qualquer poder – é importante dizer isso pois aplica-se inclusive à relações privadas, uma vez que direitos fundamentais tem aplicabilidade privada. ACESSO À JUSTIÇA (art. 5º XXXV, CF e art. 3º, NCPC) Não se excluirá da tutela jurisdicional qualquer ameaça a direito. É chamado também de princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do controle jurisdicional. Um dos efeitos desse princípio é o direito fundamental de ação. Tal direito é detido não só por pessoas naturais, mas também por pessoas formais. O recurso, dessa maneira, seria uma extensão do direito de ação. Existe uma visão mais ampla desse princípio, na qual garantia constitucional não se extinguiria após o ajuizamento da ação; ele estaria sendo exercitado ao longo de todo o processo. MAURO CAPELETTI em seus estudos sobre o acesso à justiça trabalha com os problemas e obstáculos desse acesso. Os obstáculos reconhecidos por Cappelletti são: 1. Os custos do processo – se o menos favorecido economicamente não pode entrar com ação, os mais abastados ganham; este seria um estímulo para a exploração dos menos abastados. Isso inclui também a defesa técnica, ou seja, a contratação de um advogado. SOLUÇÃO:gratuidade de justiça (art. 98 ao art. 102, NCPC [lei 1060/1950 foi parcialmente revogada pelo art. 1072, inciso III, NCPC]) + defensoria pública (art. 185 a art. 187, NCPC) + escritórios modelo das faculdades. OBS: RISCO DA SUCUMBÊNCIA – custos processuais e advogados devem ser pagos pela parte perdedora. Isso faria com que as pessoas sem condições de entrar com ação se sentissem intimidadas para pleitear seus direitos, pois não poderiam arcar com os custos da sucumbência. SOLUÇÃO: isenção do pagamento da sucumbência (art. 98 §3º, NCPC) 2. O processo jurisdicional individual não é adequado para uma sociedade massificada. SOLUÇÃO: valorização da tutela coletiva. CONSEQUÊNCIA: molecularização do litígio – aglutinação em um único processo de diversos litígios, evitando ações dispersas. VANTAGEM: isonomia dos julgados (não incidência de diferentes decisões para o mesmo problema) + economia processual. 3. Inefetividade das decisões jurisdicionais. SOLUÇÃO: saídas tempestivas (no tempo certo) + efetivas (da forma certa). ISONOMIA/IGUALDADE (art. 5º, caput, CF e art. 7, NCPC) A isonomia não é fria, formal – o que se busca é uma isonomia material, dar conteúdo ao conceito de isonomia. “Desiguais merecem tratamentos desiguais”, em oposição à ideia de “todos são iguais perante a lei”. Esse princípio visa que as partes devem ser tratadas com igualdade. Porém, para isso, as vezes é necessário o tratamento distinto/diferenciado para poder igualar as partes. A igualdade processual deve observar quatro aspectos: 1. Imparcialidade do juiz – equidistância em relação às partes 2. Igualdade no acesso à justiça, sem discriminação 3. Redução das desigualdades que dificultem o acesso à justiça, como a financeira, a geográfica, a de comunicação, etc. 4. Igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório. PUBLICIDADE (art. 93, inciso IX, CF, art. 8 e art. 11, NCPC) Todos os julgamentos deverão ser públicos. Tem, basicamente, duas funções: a) proteger as partes contra juízos arbitrários; b) permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, principalmente sobre o exercício da atividade jurisdicional (daí vem também sua íntima relação com a regra de motivação/princípio da motivação da decisão judicial por parte dos juízes). Há também a necessidade de publicização de precedentes por parte tribunais por conta da ascendente importância da jurisprudência, o que é interesse de várias pessoas. Além disso, expande- se para duas dimensões: a) interna - publicidade para as partes. b) externa - publicidade para terceiros. EXCEÇÃO: a dimensão externa pode ser restringida, pois tramitarão em segredo de justiça os atos processuais cuja publicidade violaria o direito à intimidade (art. 189, NCPC). OBS: a arbitragem que não envolva partes públicas pode ter sua dimensão externa limitada, pois seu conteúdo pode ser sigiloso, se isso for acordado pelas partes (art. 2º, §3º, da Lei n.9.307/1996). MOTIVAÇÃO (art. 93, inciso IX, CF e art. 11, NCPC) Também chamada de fundamentação. Todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas pelo juiz – auxilia no controle democrático da atuação do Judiciário: controle externo (resposta ao público/povo) e interno (controle vertical, por órgão que julgará eventual recurso). PRINCÍPIO DA COMPLETUDE DA MOTIVAÇÃO (art. 489, §1º, NCPC) - busca coibir motivação fictícia; fundamentação genérica não é mais permitida. - Por conta de o Judiciário ser o poder com menor legitimidade democrática, deve existir o devido processo legal e a fundamentação. CONTRADITÓRIO (art. 5º, inciso LV, CF e art. 9 e art. 10, NCPC) Pode ser chamado também de princípio da participação. Implica num binômio entre informação necessária e reação possível; traz a ideia de diálogo processual. Tudo que ocorrer no processo deverá ser informado às partes (informação necessária) para que essas possam se defender (reação possível). O processo é estruturado no contraditório. Esse princípio é reflexo do princípio democrático da estruturação do processo, uma vez que democracia é participação. A garantia formal do contraditório é a de ser ouvido, de participar do processo, de ser comunicado – em suma, de participação. CONTRADITÓRIO PARTICIPATIVO Formato mais democrático, para tentar acabar ou diminuir a arbitrariedade judicial. Nesse modelo, as partes têm o direito de ver seus argumentos considerados, podendo dialogar e argumentar de forma a ter a possibilidade de influenciar decisão (poder de influência). Ou seja, o juiz deve ouvir as partes antes de proferir decisões, a partir de um diálogo prévio. Esse poder de influência se trata da dimensão substancial do contraditório. OBS: mesmo que juiz decida a partir de fatos não alegados pelas partes (o que lhe é garantido pelo art. 493, NCPC), deverá ouvi-las antes de proferir decisão (parágrafo único do mesmo artigo) – preservando, assim, o direito ao contraditório. Esse princípio veda a decisão-surpresa. Existem, entretanto, hipóteses em que se admitem a decisão sem que a parte contrária seja ouvida, sendo que alguma estão expostas no parágrafo único do art. 9, NCPC. Além disso, no caput do mesmo artigo, é possível notar que não é preciso ouvir determinada parte caso a decisão seja favorável a ela. Por tudo isso, é dever do juiz zelar por esse princípio (art. 7º e art. 139, inciso I, NCPC) – por isso, há hipóteses excepcionais em que o julgador pode intervir no processo para reequilibra contraditório (art. 139, inciso VI, primeira parte, NCPC, adequação feita pelo juiz de dilatar prazos processuais). AMPLA DEFESA (art. 5º, inciso LV, CF) Contraponto do princípio de acesso à justiça (enquanto esse é relacionado ao autor, ampla defesa é relacionado ao réu) e par, de certa forma, do princípio do contraditório – não há contraditório sem defesa nem defesa sem contraditório, pois esse é instrumento de atuação desta. Pretende garantir meios amplos para efeito de posições jurídicas no processo para ambas as partes. Um exemplo é a necessidade de a ação deve ser ajuizada onde o réu mora (art. 46, NCPC), para que saiba da ação e possa se defender. JUIZ NATURAL (art. 5º, inciso XXXVII e LIII, CF) É vetada a criação de tribunais de exceção/órgãos especiais jurisdicionais (tribunais ad hoc). Há a verificação de um órgão judicial pré-estabelecido para julgar determinados tipos de causa, pois não se pode escolher o julgador. Esse princípio vale tanto para as partes quanto para os juízes, que podem almejar a criação de órgãos para influencias conveniências políticas. Juiz natural é aquele abstratamente previsto anteriormente, e não para o caso concreto, posteriormente – art. 285, NCPC, trata da distribuição e da competência judicial. Dessa forma, tal princípio estabelece: a) A necessidade de que o juiz seja pré-estabelecido pela lei e não constituído post factum; b) A proibição do poder de comissão (criação de juízos extraordinários – como tribunais de exceção, ad hoc); c) A proibição do poder de avocação (alteração das regras predeterminadas de competência). Em suma, não se pode escolher o juiz, órgão ou vara, somente o foro, que se relaciona com o território (art. 63, NCPC). IMPESSOALIDADE DA JURISDIÇÃO – alguns autores consideram que vem desse princípio a crença da imparcialidade do juiz. É o prestígio à isonomia das partes. Normas acerca da parcialidade do juiz: art. 144, NCPC, trata do impedimento, e o art. 145, NCPC, trata da suspensão do juiz. Essa última pode acontecer em caso de foro íntimo, sem necessidadede motivação – o que contraria o princípio da motivação, porém STF julgou que esse entendimento é o correto. PERPETUAÇÃO DA COMPETÊNCIA (ou da jurisdição) – subprincípio do juiz natural (art. 43, NCPC) Determina-se a competência no momento da destruição da petição inicial. Após a competência atribuída, são irrelevantes modificações de fato ou de direito para o que foi previsto no ajuizamento – regra estabelecida é perpetuada. EXCEÇÃO: salvo quando for suprimido um órgão ou quando alterarem a competência absoluta. RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO (art. 5º, inciso LXXVIII, CF e art. 4º, NCPC) É uma norma programática, que prescreve um programa a ser seguido – não tempo fixo, pois tempo varia de acordo com processo litigioso. Surge inicialmente com o art. 8, 1, do Pacto de São José da Costa Rica, da Convenção Americana de Direitos Humanos. Tempo fisiológico = tempo comum do processo, tempo para réu, acusação e juiz amadurecerem o processo. Não há princípio da celeridade – processo deve durar tempo necessário para que conflito seja apurado respeitando o devido processo legal. Tempo patológico = protelação, burocracia; esse deve ser coibido. Existem instrumentos para concretizar esse princípio contra esse tempo. Princípio visa evitar dilações temporais indevidas. A emenda constitucional que deu origem ao inciso foi a EC 45/2004, na reforma da Judiciário. Esse princípio advém da eficiência do poder Judiciário (art. 8º, NCPC) – é dever do juiz zelar pela duração razoável do processo (art. 139, inciso II, NCPC e art. 37, CF). OBS: não serve somente para o autor! Em alguns casos, réu tem interesse em resolver a questão, enquanto autor tem interesse em protelar conflito. O principal problema são os tempos mortos do processo, que é o tempo que o processo aguarda movimento judicial – isso demanda melhoria no Judiciário. Existem alguns critérios para avaliar a duração razoável do processo: a) a complexidade do assunto; b) o comportamento dos litigantes e de seus procuradores ou da acusação e da defesa no processo; c) a atuação do órgão jurisdicional; d) a análise da estrutura do órgão judiciário. O art. 12, NCPC, foi alterado pela Lei 13.256/2016. Antes da alteração, obrigava os juízes a obedecer a ordem cronológica ao proferir sentenças dos processos. Após a alteração, orienta: “atenderá, preferencialmente. Entretanto, existem situações que excepcionam essa regra, admitindo processos com prioridade de tramitação. Não há mecanismo de sanção adequado ao Estado/Judiciário para descumprimento desse processo – é prevista, de forma indeterminada, uma possível medida administrativa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça caso haja representação de um prejudicado. OBS: existe preferência de tramitação de alguns processos (art. 1048, NCPC). Jurisdição É a função típica do Judiciário, o poder (função estatal de resolver conflitos) e dever (decorre do princípio de acesso à justiça – se alguém ajuíza uma ação, há o dever estatal de outorgar uma prestação jurisdicional) de dizer o direito. Tal função pode ser exercida por outros órgãos, o que configuraria a função atípica desses. Jurisdição é uma técnica de solução de conflitos por heterocomposição, onde um terceiro (estranho ao conflito, aspecto objetivo) e desinteressado (ao conflito, imparcial, aspecto subjetivo) impõe uma solução aos litigantes. A jurisdição civil tem, também, a função específica de proteger direito subjetivos (art. 5º, inciso XXXV, CF). Uma de suas características é a impossibilidade de controle externo – a jurisdição é somente controlada pela jurisdição. > sinônimo de situação jurídica ativa, direito potestativo ou direito a uma prestação. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL = resposta fundamentada acerca de uma provocação judicial (ajuizamento da ação) TUTELA JURISDICIONAL = sentido de proteção; só é outorgada para aqueles que demonstram estar certos após ajuizamento da ação. JUIZ COMO “BOCA DA LEI” Juiz amoldaria caso concreto ao que diz a lei; reproduziria a lei. Esse se tornou um conceito ultrapassado com o pós-positivismo: juiz adquiriu uma função criativa ao interpretar a norma, dando origem a uma nova forma de jurisdição. É reconhecida, assim, a necessidade de uma postura mais ativa do juiz: deve compreender o caso concreto e encontrar, na normal geral abstrata, solução que esteja em conformidade com a Constituição – prática legislativa, assim, deixa de ser vista como perfeita e acabada e dá lugar à uma crítica judicial, visando um controle de constitucionalidade, se necessário, e a tutela dos direitos fundamentais. Essa mudança se deu devido à abertura axiológica dos princípios, pois juiz deve interpretar a lei de acordo com eles e sob lentes constitucionais (técnicas de controle de constitucionalidade). Além disso, a utilização pelo Legislador de conceitos jurídicos indeterminados (a técnica legislativa de cláusulas gerais, por exemplo) também faz com que juiz tenha que atribuir valor a alguns termos, incrementando sua função interpretativa. A ampliação dessas técnicas gera maior abertura para as decisões judiciais – função do juiz não é mais meramente declaratória, mas adquire também a de construir decisão. Essa criatividade é limitada pelos enunciados normativos (Constituição, leis, etc) e pelo caso concreto, criando a “zona ou área de criatividade jurisdicional”) > é uma espécie de texto normativo, cujo antecedente (hipótese fática) é composto por termos vagos e o consequente (efeito jurídico) é indeterminado. A jurisdição é monopólio estatal, ou seja, somente o Estado a detém. Porém, não é obrigatória – há outras formas de resolver conflitos, que são os equivalentes jurisdicionais (conciliação, mediação, arbitragens – art. 3º, §s, NCPC) Princípios INÉRCIA (art. 2, NCPC) Poder Judiciário é inerte e deve ser provocado através do exercício do direito de ação. O processo começa por iniciativa das partes, o que rompe a inércia, e continua a partir do impulso oficial até o final. Isso é, de certa maneira, uma forma de preservar imparcialidade. PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA/CORRELAÇÃO/ADSTRIÇÃO (art. 141 e art. 492, NCPC) Subprincípio decorrente da inércia. Determina que o pedido formulado pelo autor na petição inicial delimita a prestação jurisdicional. O pedido projeta a sentença, e essa deve ser o espelho do pedido – ou seja, juiz deve julgar de acordo com o que foi pedido; nem mais, nem menos. Constitui mais um limitador jurisdicional. Tal determinação existe também pois defesa será formulada de acordo com pedido expresso na petição inicial – não existe razão para defender-se de algo que, em teoria, não está sendo analisado. TIPOS DE SENTEÇAS VICIADAS > não obedecem ao princípio da congruência e, por consequência, cabem recurso. a) infra/citra petita – trata de menos do que foi pedido, constituindo omissão do juiz em analisar todo o pedido. b) extra petita – trata de algo diferente do que foi pedido. c) ultra petita – quando juiz julga mais ou além do que foi pedido. INVESTIDURA (art. 93, inciso I, CF) Só é revestido de investidura para exercer a jurisdição quem está em meio jurisdicional – o que, normalmente, demanda a aprovação em um concurso público, mas existe outras possibilidades, como o quinto constitucional (art. 94, CF). > determinação constitucional de que um quinto do Tribunal de Justiça deve ser composto por membros da advocacia ou do Ministério Público. Intuito é de democratizar e/ou arejar exercício da magistratura. INITERRUPTABILIDADE (art. 93, incisoXII, CF) Jurisdição é ininterrupta, devendo funcionar 24 horas por dia, todo dia. Daí vem o regime de plantão judiciário, para momentos emergenciais em que o fórum se encontra fechado. RESSALVA: se processo é físico, prazo para protocolar é o do fechamento do fórum. Por conta disso, há a suspensão de prazos e audiências no período de festas de final de ano e início de janeiro (art. 220, NCPC), que foi uma reinvindicação dos próprios advogados, para que esses pudessem ter férias sem a preocupação com prazos. Isso não constitui recesso – fórum continua funcionando, e nos feriados ainda há o plantão. INEVITABILIDADE (art. 140, NCPC) Juiz não pode evitar de julgar determinada demanda, ou seja, evitar de exercer a jurisdição – daí vem o dever de dar resposta jurisdicional. Essa inevitabilidade se aplica mesmo se tratando de casos de lacuna ou obscuridade da lei. Nesses casos, deve se valer das fontes subsidiárias (analogia, costumes, jurisprudência, etc). Além disso, também é vetada a delegação do exercício jurisprudencial no poder decisório. SUBSTITUTIVIDADE Juiz, ao julgar, substitui as vontades das partes no caso concreto. Ou seja, autor monta uma tese, réu elabora uma antítese e juiz faz uma síntese. É a ideia de imperatividade estatal, da autoridade do juiz, de onde vem a importância de sua decisão, uma vez que a jurisdição é manifestação de um poder. Tem aplicação mais destacada na jurisdição contenciosa. TERRITORIALIDADE ou da aderência ao território (art. 16, NCPC) Exercício da jurisdição deve ser realizado conforme os limites da competência, ou seja, respeitando a esfera estatal, federal, etc (a que lhe for atribuída). Os magistrados só têm autoridade nos limites territoriais do seu Estado; ou seja, nos limites do território de sua jurisdição. É a limitação da jurisdição ao território, ou seja, da aderência ao território. Interpretação do art. 16, NCPC, deve ser realizada em conformidade com o art. 42, NCPC. Deve-se ficar atento ao um redimensionamento da territorialidade na jurisdição, em razão das vastas possibilidades de comunicação eletrônica e dos avanços tecnológicos. Além disso, não se pode confundir tal princípio com o lugar onde a decisão irá produzir efeitos – a jurisdição produzirá efeitos onde tiver que produzi-los. * Carta precatória (art. 237, inciso III, NCPC) para recolher depoimento ou prova em outro juízo senão o do território do ajuizamento da ação. Esse é um dos exemplos da necessidade de cooperação entre as autoridades judiciária. DEFINITIVIDADE (art. 5º, inciso XXXVI, CF) Determina que decisões judiciais, em algum momento, se tornam imutáveis, a partir do conceito de coisa julgada. > ou decisão que transitou em julgado, ou imutabilidade das decisões judiciais = não cabe mais recurso. Pode ser realizado em até 15 dias após decisão < Legislador impôs essa ficção jurídica/fim político para que processos não fossem eternos. Tal princípio não visa a justiça das decisões judiciais, mas sua estabilidade, em prol da segurança jurídica – coisa julgada pode tornar uma injustiça definitiva. “A certeza pacifica” > uma vez que um dos fins do direito é a pacificação social, Legislador apostou não segurança jurídica para alcança-lo. Coisa julgada também é chamada de preclusão máxima (perca de uma faculdade processual, sendo que a principal é a temporal, decorrente da perda de prazos) e de sanatória geral (pois, caso exista algum vício não acusado ao longo do processo e até o fim do prazo para recurso, tal vício será sanado). OBS: há hipóteses excepcionais de quebra da coisa julgada – existem mecanismos para isso. Espécies de jurisdição Quanto à existência de litigiosidade: a) Jurisdição contenciosa (art. 539 a art. 718, NCPC) – quando se tem a lide (litígio, conflito de interesses), quando há conflito. b) Jurisdição voluntária (art. 719 a art. 770, NCPC) – quando não há lide. Alguns assuntos são tão importantes que, para ter efeitos na vida prática, Legislador obrigou a haver ação para juiz chancelar. Nesse caso, juiz está somente certificando e fiscalizando requisitos legais, pois os interesses das partes estão de acordo. Também é chamada de graciosa, pois seria uma graça do estado. É chamada também de integrativa, pois busca a integração da vontade. Característica do princípio da substitutividade não existe nesse tipo de ação. É considerada, de certa forma, obrigatória pois alguns atos só produzem efeitos se levados a esse tipo de jurisdição. Existe um debate doutrinário – sem efeitos práticos - acerca da natureza jurídica da jurisdição voluntária: 1. Na TEORIA ADMINISTRATIVA, é defendido que ela seria somente uma função administrativa realizada pelo Judiciário e, dessa forma, não configuraria o exercício da jurisdição. Seria a administração pública de interesses privados, pois não há processo, não há procedimento, não há partes – há interessados. 2. Na TEORIA REVISIONISTA, é defendido que ela seria, sim, exercício de jurisdição, pois a garantia dos juízes a qualificam para fiscalizar/certificar questões consideradas importantes pelo Legislativo. Além disso, não existe a lide inicialmente, mas são situações com potencial surgimento de conflito, no qual juiz teria que se manifestar acerca de algum parecer. Por isso, esse tipo de procedimento reuniria todas as características da jurisdição, sendo assim identificada como uma. Meios alternativos de solução de conflitos Também chamados de equivalentes jurisdicionais, ou ADR (Alternative dispute resolution). Tais formas de solução de conflitos não são definitivas, pois podem ser submetidas ao controle jurisdicional. Tema recebeu maior importância com o NCPC (art. 3, §s, NCPC) e em 2015 lei da arbitragem mudou, o que denota uma maior movimentação e consequente valorização desse meio no Legislativo. São formas de solucionar conflitos ou buscar a pacificação social sem a participação de um juiz, ou seja, não jurisdicionais. Existe uma cultura do litígio, em que tudo é resolvido no Judiciário. Atualmente, há a visão de que o Judiciário deveria ser utilizado em último caso, tendo os meios alternativos como prioridade – visão endossada pelo novo código, pois determina que deve haver uma tentativa de conciliação antes da defesa (art. 334, NCPC). Assim, busca-se uma solução construída, pois essas são tidas como mais duradoras, pois não haveriam vendedores ou perdedores – atende melhor ao propósito de pacificação social. Formas AUTOTUTELA É a “justiça pelas próprias mãos” – vedada pelo ordenamento jurídico, por sua probabilidade de ser abusivo e depender da força. Trata-se de solução do conflito que se dá pela imperatividade da vontade de um deles, com o sacrifício do interesse do outro. É tipificada como crime: exercício arbitrário das próprias razões (se for particular) e exercício arbitrário ou abuso de poder (se for o Estado). Porém, se existem problemas no acesso à justiça, acaba ocorrendo. Existem hipóteses excepcionais (extremas ou de urgência) em que a autotutela é considerada legal (art. 1210, §1º, CC), se justificando pela impossibilidade de o Estado-juiz estar presente sempre que um direito esteja sendo violado ou prestes a sê-lo. Em todo caso, é passível de controle posterior pela solução jurisdicional, que legitimará ou não a defesa privada. AUTOCOMPOSIÇÃO Traz a ideia do acordo, que seria composto por concessões entre os litigantes (art. 3º §2º o estimula, §3º o faz dentro ou fora de juízo). A composição extrajudicial pode ser levada ao juiz apenas para a homologação (art.515, inciso III, NCPC) – isso dá um status de tutela judicial. O acordo tem validade – se for descumprido, ação pode ser ajuizada (art. 784, inciso IV, NCPC). Um grande exemplo da valorização do acordo em juízo é o no art. 2º da Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais). Além disso, é um dos deveres do juiz a promoção da autocomposição (art. 139, inciso V, NCPC) - juiz pode designar audiência para buscar solução consensual. Feito o acordo em juízo, juiz homologa o acordo e sentencia (art. 487, inciso III, alínea “b”, NCPC) – provada sua adimplência, juiz extingue sentença. MEDIAÇÃO (art. 165 a 175, NCPC e Lei 13.140/2015 – Lei da Mediação) Alguns autores tratam como uma espécie de conciliação (auto composição). Ainda que as duas busquem uma solução amigável através de um acordo, na mediação existe um terceiro imparcial e preparado, além dos litigantes, para trazer esclarecimentos relacionados ao conflito em questão ou, no mínimo, auxiliar no reestabelecimento da comunicação. Além disso, a mediação é mais apropriada para as relações jurídicas continuativas (como vizinhos, familiares, etc), que demanda um cuidado maior do que as relações trabalhadas nas conciliações. Diferentemente do que acontece na conciliação, na mediação não há o objetivo de resolver somente o problema em questão, mas sim a convivência, através de uma solução mais intensa, onde as partes chegarão a uma solução juntos – chamada também de justiça coexistencial. Trata-se de uma justiça mais preocupada. Suas diferenças estão expostas no art. 165, NCPC. Entretanto, em ambos os casos, veda-se a utilização, pelo terceiro, de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Além disso, os interessados podem recorrer a uma mediação/conciliação na esfera privada. ARBITRAGEM (Lei 9.307/1996 – Lei da Arbitragem, atualizada pela Lei 13.129/2015) Antes de tudo, é importante ressaltar que alguns doutrinadores não consideram essa forma de tutela como alternativa, e sim uma forma de jurisdição sem juiz, ou seja, por autoridade não-estatal. É considerado, também, uma forma de heterocomposição. Nesse meio, o árbitro decide, impõe uma solução, resolve o conflito fora de juízo – diferentemente da conciliação e da mediação, em que há uma construção da solução. Árbitro normalmente é um especialista na área do litígio, mas necessita somente ser pessoa natural e capaz. O que ele decidir vale – sua decisão é chancelada por lei, não precisa ser chancelada pelo juiz (art. 18 da Lei da Arbitragem). Têm status de juiz e de fato, inclusive sendo equiparados aos servidores públicos para efeitos penais. O árbitro, em caso de litígio, pode ser pré-determinado contratualmente. O novo código, em seu art. 3º, §1º, estimula a arbitragem. Porém, essa só pode ser utilizada quando o que está em jogo é um direito disponível, ou seja, aquele que se possa dispor. Além disso, ela também não pode ser compulsória. Ademais, pode ser realizada envolvendo o poder público, de acordo com §1º e §2º do art. 1º da Lei da Arbitragem. QUAL A VANTAGEM DA ARBITRAGEM? É mais barata, apresenta celeridade (procedimento mais enxuto, além de poder decidir anteriormente condições arbitrais), confidencialidade. Além disso, a decisão arbitral também fica imutável pela coisa julgada. Cláusula compromissória = convenção em que as partes decidem, prévia e abstratamente, que as divergências oriundas de certo negócio jurídico serão resolvidas pela arbitragem. Compromisso arbitral = acordo de vontades – realizado através de um contrato – para submeter uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral, prescindindo do Poder Judiciário – em outras palavras, renunciando à atividade jurisdicional estatal. >> Normalmente para efetivar a cláusula compromissória, é necessário que se faça o compromisso arbitral, regulando o processo arbitral almejado. Entretanto, se a cláusula for completa – contiver todos os elementos para a instauração imediata da arbitragem – não haverá necessidade de futuro compromisso arbitral. Caso parte com obrigações não a cumpra, parte adversária deve recorrer ao Judiciário (art. 515, inciso VII, NCPC) – ainda que árbitro tenha poder para encontrar solução, não tem para executá-la. Ação É o direito subjetivo – pois é voluntário, ninguém é obrigado a exercê-lo – e abstrato, garantido constitucionalmente (art. 5º, inciso XXXV, CF e art. 3º, caput, NCPC), de provocar a jurisdição. É a garantia de acessar os tribunais e exigir deles uma tutela jurisdicional adequada, tempestiva e efetiva. Tal direito se materializa a partir da distribuição da petição inicial, que fica os limites da atividade jurisdicional a partir da definição do objeto litigioso. O direito à tutela jurisdicional, a um procedimento adequado, a técnicas processuais adequadas para efetivas o direito afirmado, à prova e de recorrer são corolários do exercício de direito de ação. Limitações ao direito de ação podem existir, mas sempre com justificação razoável, sob pena de inconstitucionalidade. ABSTRAÇÃO DO DIREITO DE AÇÃO - o exercício do direito de ação é desvinculado de sua vitória; há o direito de provocar o Judiciário mesmo perdendo na análise do mérito. Alguém sempre pode entrar com uma ação, provocar o judiciário, questionar o poder público, etc. CONDIÇÕES PARA O LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA AÇÃO (art. 485, inciso VI, NCPC) Tem o intuito de garantir a utilidade do sistema judiciário. Existe o debate se elas existiriam como título doutrinário, uma vez que o conceito de “condições da ação” não existe mais no NCPC, transformando tais requisitos em outras condições para admissibilidade do processo (pressupostos processuais), pois o termo anterior teria caído em desuso. Caso tais condições não sejam respeitadas, juiz declara carência de ação (ou declararia, de acordo com omissão desses termos no NCPC) e extingue o processo sem julgar mérito: 1. Legitimidade das partes – ad causam Tal condição se manteve com novo código. Só se permite a litigância a partir dos titulares do Direito (os “donos do Direito”) – ou seja, você sofre dano, você entra com ação. A doutrina trata como a pertinência subjetiva entre o titular do Direito e a postulação em juízo. Existem dois tipos de legitimidade: a) Ordinária – é o que ocorre normalmente, quando se vai em nome próprio defender direito próprio. Há correspondência entre a situação legitimante e as situações jurídicas submetidas à apreciação do juiz. Sujeitos do processo (autor e réu) = sujeitos da lide (titulares do direito). b) Extraordinária (art. 18, NCPC) – quando alguém vai em nome próprio defender direito alheio, não há coincidência entre titulares do direito e relações desenvolvidas no processo. Nessa legitimação, confere-se a alguém o poder de conduzir processo que versa sobre direito do qual não é titular ou do qual não é titular exclusivo. Sujeitos do processo são diferentes dos sujeitos da lide. Entretanto, essa hipótese é excepcional, sendo restrita a situações previstas em lei. 2. Interesse de agir Também chamado de interesse processual, essa condição também se manteve com o novo CPC. É um binômio: necessidade (é necessária a atuação do Judiciário para a realização do Direito, sendo a última forma de resolução desse conflito) + utilidade (adequação do provimento – pedido – pleiteado, pedido deve ter possibilidade de tutelar direito pleiteado, deve ser útil nesse sentido) da prestação jurisdicional. A constatação do interesse de agir sempre se faz em concreto, à luz da situação narrada no instrumento da demanda. Não há como analisarem abstrato se há interesse de agir, pois ele está sempre relacionado com a demanda judicial. >> art. 485, §3º autoriza juiz a controlar, de ofício e enquanto durar a litispendência, a existência da legitimidade e de interesse de agir. 3. Possibilidade jurídico de pedido Diferentemente das outras duas condições acima, essa condição não se manteve no NCPC. Seria impossível o pedido se esse fosse vedado pela lei. Tal condição não foi reproduzida pois hoje, em casos como esses, juiz deve julgar o mérito como improcedente. Isso acontece pois antes, uma vez que esse problema era tratado como meramente processual, juiz somente rejeitaria a ação, mas sem julgar mérito, o que não daria a oportunidade de tornar sentença transitada em julgado, implicando na possibilidade de o autor ajuizar diversas ações com esse mesmo problema. TEORIA DA ASSERÇÃO Alguns doutrinadores defendem que Brasil adota tal teoria, que também é chamada de teoria da afirmação e pretende corrigir falhas do Direito Processual. Atesta que nem sempre juiz consegue identificar quem está correto, e uma visão geral da ação só ocorreria posteriormente, a partir da produção de provas. Dessa forma, juiz deveria raciocinar admitindo, provisoriamente e por hipótese, o exposto pelo autor para verificar as condições da ação e, caso fosse descoberto que uma das partes o enganou, ele não extinguiria o processo sem mérito (art. 485, NCPC), mas julgaria o mérito como improcedente – o que impediria que nova ação com mesmo mérito fosse ajuizada. A partir dessa teoria, não haveria a necessidade de provar a legitimidade ad causam e o interesse de agir para atestar as condições da ação. Entretanto, o NCPC determina que o procedimento determinado pelo art. 485, NCPC, seja seguido. ELEMENTOS DA AÇÃO São os elementos individualizadores da ação, que servem para diferenciá-los – se os elementos são iguais, a ação é igual. São elas (art. 337, §2º, NCPC): 1. Partes – autor e réu, demandante e demandado. 2. Causa de pedir – porque você pede, o motivo. 3. Pedido – o que pede como restituição. >> deve ser identificável quem quer, porque, de quem e o que (art. 319, incisos II, III e IV, NCPC) Processo É o método/sistema de composição de litígios em juízo. É a ideia de instaurar processo para que Estado “dê” o Direito – é um meio/instrumento para a realização do direito material. A instrumentalidade do processo pauta-se na premissa de que o direito material se coloca como o valor que deve presidir a criação, a interpretação e a aplicação das regras processuais. Existe uma diferenciação teórica entre processo e os autos do processo. Enquanto o primeiro é abstrato, é como um sistema, método, o segundo é a sua corporificação, material, impresso, como um registro. A relação processual é um ramo do direito público, pois tem a participação do Estado-juiz – daí vem a imperatividade da decisão judicial. FUNÇÕES a) Documentar os atos processuais – para a organização, facilitar controle b) Para trazer publicidade – permissão para que todos fiscalizem, consultem Para permitir análise do que ocorreu; se não existisse processo, não haveria certeza se garantias foram respeitadas. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS São requisitos processuais indispensáveis para o julgamento do mérito da causa (art. 485, inciso IV, NCPC). Caso falte algum requisito, juiz pode extinguir ação sem julgar mérito. 1. Existência – da constituição, se processo existe ou não. O que precisa ter para processo existir? a. Demanda – a distribuição da petição inicial b. Órgão investido em jurisdição – investidura do julgador, que deve ser jurisdicional e capaz. c. Capacidade de ser parte – relativo ao art. 1º, CC. Trata de quem pode ser parte em um processo – pessoas jurídicas e bebês, por exemplo, podem. 2. Validade – processo já existe, mas resta saber se é válido. a. Competência do juízo – órgão julgador deve estar de acordo com as regras de distribuição de determinação de competência. b. Imparcialidade do juiz – lei dita situações em que imparcialidade do juiz estaria comprometida (nos casos menos graves, de impedimento [art. 144, NCPC], e nos mais graves, de suspensão [art. 145, NCPC]). Pode-se buscar a anulação do processo por conta de decisão impedida ou suspeita do juiz. c. Atividade formal jurisdicional (ou formalismo processual) – necessidade de respeito a requisitos formais processuais. Nesse caso, anulação não seria de todo o processo, mas somente dos atos irregulares formalmente. Um exemplo é o art. 239, NCPC, que dita a necessidade de citação do réu – citação é requisito de validade para possibilidade de condenação do réu. d. Preenchimento de requisitos da petição inicial ou regularidade da petição inicial – regras para formulação da petição inicial que estão dispostas nos art. 319 e art. 320 do NCPC. e. Capacidade de estar em juízo – relacionado aos art. 4º, CC e art. 70, art. 71, art. 73 e art. 75, NCPC). Trata da diferenciação da capacidade de fato e de exercício – algumas pessoas são incapazes (ou necessitam de algum tipo de representação) no Direito Civil e são partes de um processo, então tal pessoa deve estar representada em juízo por um tutor ou curador. - Despacho = impulsionamento do processo sem decisão judicial. - ex officio / de ofício = quando juiz age sem provocação.
Compartilhar