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caderno e livro resumo TGP p1

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RESUMO P1 
TEORIA GERAL DO PROCESSO 
 
- DIREITO PROCESSUAL = ciência que estuda e regulamenta o exercício da 
função jurisdicional. 
- Ação se materializa com distribuição da petição inicial > chega ao 
Judiciário, para iniciar a resolução do conflito e exercer a jurisdição > 
processo é instaurado 
 Essa é a TRILOGIA ESTRUTURAL. 
Evolução histórica do Direito Processual 
FASE IMANENTISTA 
 É a primeira fase, quando havia a ideia de que o direito processual 
e o direito material eram a mesma coisa. Dessa forma, não haviam regras 
processuais próprias. 
FASE CIENTÍFICA/CONCEITUAL 
 Há o reconhecimento do Direito Processual como ciência autônoma, com 
o surgimento de regras próprias. Não só as regras do direito material 
devem ser respeitadas, mas também as processuais. 
 ~ AUTONOMIA PROCESSUAL – juiz pode extinguir ação sem julgar mérito, 
se essa não estiver de acordo com os requisitos processuais (art. 485, 
NCPC); nova ação pode ser ajuizada, pois a perda ocorreu somente no âmbito 
processual. 
 > mérito = “motivo” da ação, análise da pretensão; questão de 
direito material. 
FASE INTRUMENTALISTA 
 Evolução da segunda fase; obra de Candido Rangel Dinamarco. 
Reconhecimento do processo como instrumento para realização do direito 
material > “O processo não é um fim em si mesmo”. Há uma preocupação com 
os efeitos práticos do processo. 
 CONSEQUÊNCIAS: processo não deve ser longo, deve atender demandante, 
etc. 
 Instrumentalidade do processo é contrariada quando processo 
não “vai para frente”. 
 IMPORTÂNCIA DOS RESULTADOS – mesmo que em alguns momentos alguns 
requisitos não sejam cumpridos perfeitamente, caso a finalidade seja 
alcançada, processo continua prosseguindo sem empecilhos (art. 277, NCPC) 
FASE NEOPROCESSUALISTA (ou neoprocessualismo) 
 Evolução da fase instrumentista. Reconhecimento de que o Direito 
Processual se submete ao Direito Constitucional, que passa a encarar a 
Constituição como principal veículo normativo do sistema jurídico. Em 
outras palavras, devem ser respeitados os valores constitucionais. Dessa 
forma, ao interpretar as regras processuais, o juiz deve fazê-lo sob lentes 
constitucionais – o que acaba permitindo o ativismo judicial. A 
constitucionalização do Direito Processual se deu tanto pela incorporação 
de normas processuais na Constituição, inclusive como direitos 
fundamentais, e a partir das normas processuais concretizadoras dos 
princípios antes expostos somente no texto constitucional – o art. 1º, 
NCPC, é o artigo que concretiza essa ideia de correspondência entre 
Constituição e processo. 
 NCPC assume essa linha metodológica (art. 1, NCPC), e trata, em seus 
artigos 1º a 12, das regras fundamentais do Direito Processual. 
Interpretações posteriores devem partir desses valores. 
 
Fontes do Direito Processual 
 Base de onde provém a solução jurídica a ser posta processualmente. 
FONTE FORMAL 
 A lei (ex vi legis = de acordo com a lei, na força da lei.), da qual 
ninguém se escusa alegando desconhecimento (art. 3º, LINDB). É a fonte 
principal no processo; 
 OBS: Juiz não pode se recusar a decidir casos alegando não haver lei 
sobre determinado assunto – daí vem as fontes subsidiárias. 
FONTES MATERIAIS (subsidiárias à formal) 
 Ferramentas de aperfeiçoamento ou correção do sistema normativo. 
1. Analogia – buscar solução normativa para um caso semelhante 
2. Doutrina – lições dos estudiosos sobre o Direito. 
3. Jurisprudência – conjunto de decisões jurisdicionais sobre um mesmo 
sentido 
Sobretudo de tribunais superiores – órgãos paradigmáticos; criam 
paradigmas, através de súmulas 
 > síntese de orientações – tecnicamente, juiz não é obrigado 
a seguir súmulas de orientação, somente as vinculantes do STF 
(que são consideradas fontes formais) 
4. Costumes 
 
Lei processual no tempo 
 De acordo com o art. 1º da LINDB, caso não haja menção na lei 
promulgada, a vigência começa após 45 dias da publicação no Diário Oficial. 
Porém, no art. 1045 do NCPC (Lei 13105/2015), foi previsto o prazo de um 
ano para a lei do novo código processual entrar em vigor – vacatio legis. 
Uma vez que fora promulgada em março de 2015, já está em vigor. 
 A nova lei processual não se aplica a processos findados antes do 
início de sua vigência, pois isso feriria segurança jurídica – Constituição 
trata do conceito de “coisa julgada” (art. 5º, inciso XXXVI, CF). 
 Quanto aos novos processos, após dia 18 de março de 2016, o NCPC é 
aplicado. 
 Quanto aos processos vigentes, o art. 14 e art. 1046 do NCPC 
estabelecem que a nova lei é aplicada imediatamente aos processos em curso. 
Porém, não vai retroagir em atos processuais consolidados, somente em 
novos atos do processo – tempus regit actum (tempo que rege o ato). 
 RESSALVA: há uma exceção para a irretroatividade – a incoerência 
processual. Quando uma nova lei traz disciplina incoerente com ato 
processual existente. 
 TEORIA DO ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS - isolar atos processuais 
verificando tempo de sua prática > “fatiar o procedimento”. 
- ATO JURIÍDICO PERFEITO = ato criado e consolidado de acordo com lei que 
o rege, ainda que lei seja posteriormente revogada. 
 
Lei processual no espaço 
 Lei processual é federal, portanto tem aplicabilidade em todo o 
território nacional. 
 OBS: é possível admitir um produto processual estrangeiro através da 
homologação (art. 105, inciso I, alínea “i”, CF e art. 960 a art. 965, 
NCPC) 
 
Princípios processuais constitucionais 
 Princípios são diretrizes de uma ciência; são pontos de partida, 
bases. Trata-se de uma norma que estabelece um fim a ser atingido. É, 
dessa forma, uma espécie normativa com eficácia direta, ou seja, traduz-
se na atuação sem intermediação ou interposição de outro princípio ou 
regra. Caso não exista previsão normativa expressa para determinado estado 
de coisas almejado, o princípio irá garanti-lo. Demonstram que a autonomia 
estatal é e deve ser limitada. 
DEVIDO PROCESSO LEGAL (art. 5º LVI, CF) 
 É a cláusula geral processual – norma-mãe, princípio guarda-chuva; 
ou seja, de onde os outros princípios decorrem. 
 Direito de processar ou de ser processado de acordo com normas pré-
estabelecidas, ou seja, processo deve estar em conformidade com o Direito 
como um todo. Essa característica faz com que o devido processo legal seja 
o processo justo, equitativo. Tal princípio é uma garantia contra o 
exercício abusivo do poder, qualquer poder – é importante dizer isso pois 
aplica-se inclusive à relações privadas, uma vez que direitos fundamentais 
tem aplicabilidade privada. 
ACESSO À JUSTIÇA (art. 5º XXXV, CF e art. 3º, NCPC) 
 Não se excluirá da tutela jurisdicional qualquer ameaça a 
direito. É chamado também de princípio da proteção judiciária ou da 
inafastabilidade do controle jurisdicional. 
Um dos efeitos desse princípio é o direito fundamental de ação. Tal 
direito é detido não só por pessoas naturais, mas também por pessoas 
formais. O recurso, dessa maneira, seria uma extensão do direito de ação. 
Existe uma visão mais ampla desse princípio, na qual garantia 
constitucional não se extinguiria após o ajuizamento da ação; ele estaria 
sendo exercitado ao longo de todo o processo. 
MAURO CAPELETTI em seus estudos sobre o acesso à justiça trabalha com 
os problemas e obstáculos desse acesso. Os obstáculos reconhecidos por 
Cappelletti são: 
1. Os custos do processo – se o menos favorecido economicamente 
não pode entrar com ação, os mais abastados ganham; este seria 
um estímulo para a exploração dos menos abastados. Isso inclui 
também a defesa técnica, ou seja, a contratação de um 
advogado. 
SOLUÇÃO:gratuidade de justiça (art. 98 ao art. 102, NCPC 
[lei 1060/1950 foi parcialmente revogada pelo art. 1072, 
inciso III, NCPC]) + defensoria pública (art. 185 a art. 
187, NCPC) + escritórios modelo das faculdades. 
OBS: RISCO DA SUCUMBÊNCIA – custos processuais e advogados devem 
ser pagos pela parte perdedora. Isso faria com que as pessoas 
sem condições de entrar com ação se sentissem intimidadas para 
pleitear seus direitos, pois não poderiam arcar com os custos 
da sucumbência. 
SOLUÇÃO: isenção do pagamento da sucumbência (art. 98 §3º, 
NCPC) 
2. O processo jurisdicional individual não é adequado para uma 
sociedade massificada. 
SOLUÇÃO: valorização da tutela coletiva. 
 CONSEQUÊNCIA: molecularização do litígio – aglutinação 
em um único processo de diversos litígios, evitando ações 
dispersas. 
VANTAGEM: isonomia dos julgados (não incidência de 
diferentes decisões para o mesmo problema) + economia 
processual. 
3. Inefetividade das decisões jurisdicionais. 
SOLUÇÃO: saídas tempestivas (no tempo certo) + efetivas (da 
forma certa). 
ISONOMIA/IGUALDADE (art. 5º, caput, CF e art. 7, NCPC) 
 A isonomia não é fria, formal – o que se busca é uma isonomia material, 
dar conteúdo ao conceito de isonomia. “Desiguais merecem tratamentos 
desiguais”, em oposição à ideia de “todos são iguais perante a lei”. Esse 
princípio visa que as partes devem ser tratadas com igualdade. Porém, para 
isso, as vezes é necessário o tratamento distinto/diferenciado para poder 
igualar as partes. 
 A igualdade processual deve observar quatro aspectos: 
 1. Imparcialidade do juiz – equidistância em relação às partes 
 2. Igualdade no acesso à justiça, sem discriminação 
 3. Redução das desigualdades que dificultem o acesso à justiça, como 
a financeira, a geográfica, a de comunicação, etc. 
 4. Igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do 
contraditório. 
PUBLICIDADE (art. 93, inciso IX, CF, art. 8 e art. 11, NCPC) 
 Todos os julgamentos deverão ser públicos. Tem, basicamente, duas 
funções: a) proteger as partes contra juízos arbitrários; b) permitir o 
controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, principalmente 
sobre o exercício da atividade jurisdicional (daí vem também sua íntima 
relação com a regra de motivação/princípio da motivação da decisão judicial 
por parte dos juízes). Há também a necessidade de publicização de 
precedentes por parte tribunais por conta da ascendente importância da 
jurisprudência, o que é interesse de várias pessoas. Além disso, expande-
se para duas dimensões: 
 a) interna - publicidade para as partes. 
 b) externa - publicidade para terceiros. 
 EXCEÇÃO: a dimensão externa pode ser restringida, pois tramitarão em 
segredo de justiça os atos processuais cuja publicidade violaria o direito 
à intimidade (art. 189, NCPC). 
 OBS: a arbitragem que não envolva partes públicas pode ter sua 
dimensão externa limitada, pois seu conteúdo pode ser sigiloso, se isso 
for acordado pelas partes (art. 2º, §3º, da Lei n.9.307/1996). 
MOTIVAÇÃO (art. 93, inciso IX, CF e art. 11, NCPC) 
 Também chamada de fundamentação. Todas as decisões judiciais devem 
ser fundamentadas pelo juiz – auxilia no controle democrático da atuação 
do Judiciário: controle externo (resposta ao público/povo) e interno 
(controle vertical, por órgão que julgará eventual recurso). 
 PRINCÍPIO DA COMPLETUDE DA MOTIVAÇÃO (art. 489, §1º, NCPC) - busca 
coibir motivação fictícia; fundamentação genérica não é mais permitida. 
- Por conta de o Judiciário ser o poder com menor legitimidade democrática, 
deve existir o devido processo legal e a fundamentação. 
CONTRADITÓRIO (art. 5º, inciso LV, CF e art. 9 e art. 10, NCPC) 
 Pode ser chamado também de princípio da participação. Implica num 
binômio entre informação necessária e reação possível; traz a ideia de 
diálogo processual. Tudo que ocorrer no processo deverá ser informado às 
partes (informação necessária) para que essas possam se defender (reação 
possível). 
 O processo é estruturado no contraditório. Esse princípio é reflexo 
do princípio democrático da estruturação do processo, uma vez que 
democracia é participação. A garantia formal do contraditório é a de ser 
ouvido, de participar do processo, de ser comunicado – em suma, de 
participação. 
 CONTRADITÓRIO PARTICIPATIVO 
 Formato mais democrático, para tentar acabar ou diminuir a 
arbitrariedade judicial. Nesse modelo, as partes têm o direito de ver seus 
argumentos considerados, podendo dialogar e argumentar de forma a ter a 
possibilidade de influenciar decisão (poder de influência). Ou seja, o 
juiz deve ouvir as partes antes de proferir decisões, a partir de um 
diálogo prévio. Esse poder de influência se trata da dimensão substancial 
do contraditório. 
 OBS: mesmo que juiz decida a partir de fatos não alegados pelas partes 
(o que lhe é garantido pelo art. 493, NCPC), deverá ouvi-las antes de 
proferir decisão (parágrafo único do mesmo artigo) – preservando, assim, 
o direito ao contraditório. 
 Esse princípio veda a decisão-surpresa. Existem, entretanto, 
hipóteses em que se admitem a decisão sem que a parte contrária seja 
ouvida, sendo que alguma estão expostas no parágrafo único do art. 9, 
NCPC. Além disso, no caput do mesmo artigo, é possível notar que não é 
preciso ouvir determinada parte caso a decisão seja favorável a ela. Por 
tudo isso, é dever do juiz zelar por esse princípio (art. 7º e art. 139, 
inciso I, NCPC) – por isso, há hipóteses excepcionais em que o julgador 
pode intervir no processo para reequilibra contraditório (art. 139, inciso 
VI, primeira parte, NCPC, adequação feita pelo juiz de dilatar prazos 
processuais). 
AMPLA DEFESA (art. 5º, inciso LV, CF) 
 Contraponto do princípio de acesso à justiça (enquanto esse é 
relacionado ao autor, ampla defesa é relacionado ao réu) e par, de certa 
forma, do princípio do contraditório – não há contraditório sem defesa nem 
defesa sem contraditório, pois esse é instrumento de atuação desta. 
Pretende garantir meios amplos para efeito de posições jurídicas no 
processo para ambas as partes. 
 Um exemplo é a necessidade de a ação deve ser ajuizada onde o réu 
mora (art. 46, NCPC), para que saiba da ação e possa se defender. 
JUIZ NATURAL (art. 5º, inciso XXXVII e LIII, CF) 
 É vetada a criação de tribunais de exceção/órgãos especiais 
jurisdicionais (tribunais ad hoc). Há a verificação de um órgão judicial 
pré-estabelecido para julgar determinados tipos de causa, pois não se pode 
escolher o julgador. 
 Esse princípio vale tanto para as partes quanto para os juízes, que 
podem almejar a criação de órgãos para influencias conveniências 
políticas. 
 Juiz natural é aquele abstratamente previsto anteriormente, e não 
para o caso concreto, posteriormente – art. 285, NCPC, trata da 
distribuição e da competência judicial. Dessa forma, tal princípio 
estabelece: 
a) A necessidade de que o juiz seja pré-estabelecido pela lei e não 
constituído post factum; 
b) A proibição do poder de comissão (criação de juízos extraordinários 
– como tribunais de exceção, ad hoc); 
c) A proibição do poder de avocação (alteração das regras 
predeterminadas de competência). 
 Em suma, não se pode escolher o juiz, órgão ou vara, somente o foro, 
que se relaciona com o território (art. 63, NCPC). 
 IMPESSOALIDADE DA JURISDIÇÃO – alguns autores consideram que vem 
desse princípio a crença da imparcialidade do juiz. É o prestígio à 
isonomia das partes. 
 Normas acerca da parcialidade do juiz: art. 144, NCPC, trata do 
impedimento, e o art. 145, NCPC, trata da suspensão do juiz. Essa última 
pode acontecer em caso de foro íntimo, sem necessidadede motivação – o 
que contraria o princípio da motivação, porém STF julgou que esse 
entendimento é o correto. 
 PERPETUAÇÃO DA COMPETÊNCIA (ou da jurisdição) – subprincípio do juiz 
natural (art. 43, NCPC) 
 Determina-se a competência no momento da destruição da petição 
inicial. Após a competência atribuída, são irrelevantes modificações de 
fato ou de direito para o que foi previsto no ajuizamento – regra 
estabelecida é perpetuada. 
 EXCEÇÃO: salvo quando for suprimido um órgão ou quando 
alterarem a competência absoluta. 
RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO (art. 5º, inciso LXXVIII, CF e art. 4º, 
NCPC) 
 É uma norma programática, que prescreve um programa a ser seguido – 
não tempo fixo, pois tempo varia de acordo com processo litigioso. Surge 
inicialmente com o art. 8, 1, do Pacto de São José da Costa Rica, da 
Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 Tempo fisiológico = tempo comum do processo, tempo para réu, acusação 
e juiz amadurecerem o processo. Não há princípio da celeridade – processo 
deve durar tempo necessário para que conflito seja apurado respeitando o 
devido processo legal. 
 Tempo patológico = protelação, burocracia; esse deve ser coibido. 
Existem instrumentos para concretizar esse princípio contra esse tempo. 
 Princípio visa evitar dilações temporais indevidas. A emenda 
constitucional que deu origem ao inciso foi a EC 45/2004, na reforma da 
Judiciário. Esse princípio advém da eficiência do poder Judiciário (art. 
8º, NCPC) – é dever do juiz zelar pela duração razoável do processo (art. 
139, inciso II, NCPC e art. 37, CF). 
 OBS: não serve somente para o autor! Em alguns casos, réu tem 
interesse em resolver a questão, enquanto autor tem interesse em protelar 
conflito. 
 O principal problema são os tempos mortos do processo, que é o tempo 
que o processo aguarda movimento judicial – isso demanda melhoria no 
Judiciário. Existem alguns critérios para avaliar a duração razoável do 
processo: a) a complexidade do assunto; b) o comportamento dos litigantes 
e de seus procuradores ou da acusação e da defesa no processo; c) a atuação 
do órgão jurisdicional; d) a análise da estrutura do órgão judiciário. 
 O art. 12, NCPC, foi alterado pela Lei 13.256/2016. Antes da 
alteração, obrigava os juízes a obedecer a ordem cronológica ao proferir 
sentenças dos processos. Após a alteração, orienta: “atenderá, 
preferencialmente. Entretanto, existem situações que excepcionam essa 
regra, admitindo processos com prioridade de tramitação. Não há mecanismo 
de sanção adequado ao Estado/Judiciário para descumprimento desse processo 
– é prevista, de forma indeterminada, uma possível medida administrativa 
realizada pelo Conselho Nacional de Justiça caso haja representação de um 
prejudicado. 
 OBS: existe preferência de tramitação de alguns processos (art. 
1048, NCPC). 
 
Jurisdição 
 É a função típica do Judiciário, o poder (função estatal de resolver 
conflitos) e dever (decorre do princípio de acesso à justiça – se alguém 
ajuíza uma ação, há o dever estatal de outorgar uma prestação 
jurisdicional) de dizer o direito. Tal função pode ser exercida por outros 
órgãos, o que configuraria a função atípica desses. Jurisdição é uma 
técnica de solução de conflitos por heterocomposição, onde um terceiro 
(estranho ao conflito, aspecto objetivo) e desinteressado (ao conflito, 
imparcial, aspecto subjetivo) impõe uma solução aos litigantes. A 
jurisdição civil tem, também, a função específica de proteger direito 
subjetivos (art. 5º, inciso XXXV, CF). Uma de suas características é a 
impossibilidade de controle externo – a jurisdição é somente controlada 
pela jurisdição. 
 > sinônimo de situação jurídica ativa, direito potestativo 
ou direito a uma prestação. 
 PRESTAÇÃO JURISDICIONAL = resposta fundamentada acerca de uma 
provocação judicial (ajuizamento da ação) 
 TUTELA JURISDICIONAL = sentido de proteção; só é outorgada para 
aqueles que demonstram estar certos após ajuizamento da ação. 
 JUIZ COMO “BOCA DA LEI” 
 Juiz amoldaria caso concreto ao que diz a lei; reproduziria a 
lei. Esse se tornou um conceito ultrapassado com o pós-positivismo: juiz 
adquiriu uma função criativa ao interpretar a norma, dando origem a uma 
nova forma de jurisdição. É reconhecida, assim, a necessidade de uma 
postura mais ativa do juiz: deve compreender o caso concreto e encontrar, 
na normal geral abstrata, solução que esteja em conformidade com a 
Constituição – prática legislativa, assim, deixa de ser vista como perfeita 
e acabada e dá lugar à uma crítica judicial, visando um controle de 
constitucionalidade, se necessário, e a tutela dos direitos fundamentais. 
 Essa mudança se deu devido à abertura axiológica dos princípios, 
pois juiz deve interpretar a lei de acordo com eles e sob lentes 
constitucionais (técnicas de controle de constitucionalidade). Além disso, 
a utilização pelo Legislador de conceitos jurídicos indeterminados (a 
técnica legislativa de cláusulas gerais, por exemplo) também faz com que 
juiz tenha que atribuir valor a alguns termos, incrementando sua função 
interpretativa. A ampliação dessas técnicas gera maior abertura para as 
decisões judiciais – função do juiz não é mais meramente declaratória, mas 
adquire também a de construir decisão. Essa criatividade é limitada pelos 
enunciados normativos (Constituição, leis, etc) e pelo caso concreto, 
criando a “zona ou área de criatividade jurisdicional”) 
 > é uma espécie de texto normativo, cujo antecedente 
(hipótese fática) é composto por termos vagos e o consequente (efeito 
jurídico) é indeterminado. 
 A jurisdição é monopólio estatal, ou seja, somente o Estado a detém. 
Porém, não é obrigatória – há outras formas de resolver conflitos, que são 
os equivalentes jurisdicionais (conciliação, mediação, arbitragens – art. 
3º, §s, NCPC) 
Princípios 
INÉRCIA (art. 2, NCPC) 
 Poder Judiciário é inerte e deve ser provocado através do exercício 
do direito de ação. O processo começa por iniciativa das partes, o que 
rompe a inércia, e continua a partir do impulso oficial até o final. Isso 
é, de certa maneira, uma forma de preservar imparcialidade. 
 PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA/CORRELAÇÃO/ADSTRIÇÃO (art. 141 e art. 492, 
NCPC) 
 Subprincípio decorrente da inércia. Determina que o pedido 
formulado pelo autor na petição inicial delimita a prestação 
jurisdicional. O pedido projeta a sentença, e essa deve ser o espelho do 
pedido – ou seja, juiz deve julgar de acordo com o que foi pedido; nem 
mais, nem menos. Constitui mais um limitador jurisdicional. 
 Tal determinação existe também pois defesa será formulada de 
acordo com pedido expresso na petição inicial – não existe razão para 
defender-se de algo que, em teoria, não está sendo analisado. 
 TIPOS DE SENTEÇAS VICIADAS 
> não obedecem ao princípio da 
congruência e, por consequência, cabem recurso. 
 a) infra/citra petita – trata de menos do que foi pedido, 
constituindo omissão do juiz em analisar todo o pedido. 
 b) extra petita – trata de algo diferente do que foi pedido. 
 c) ultra petita – quando juiz julga mais ou além do que foi 
pedido. 
INVESTIDURA (art. 93, inciso I, CF) 
 Só é revestido de investidura para exercer a jurisdição quem está em 
meio jurisdicional – o que, normalmente, demanda a aprovação em um concurso 
público, mas existe outras possibilidades, como o quinto constitucional 
(art. 94, CF). 
> determinação constitucional de que um quinto do Tribunal de 
Justiça deve ser composto por membros da advocacia ou do Ministério 
Público. Intuito é de democratizar e/ou arejar exercício da 
magistratura. 
INITERRUPTABILIDADE (art. 93, incisoXII, CF) 
 Jurisdição é ininterrupta, devendo funcionar 24 horas por dia, todo 
dia. Daí vem o regime de plantão judiciário, para momentos emergenciais 
em que o fórum se encontra fechado. 
 RESSALVA: se processo é físico, prazo para protocolar é o do 
fechamento do fórum. 
 Por conta disso, há a suspensão de prazos e audiências no 
período de festas de final de ano e início de janeiro (art. 220, NCPC), 
que foi uma reinvindicação dos próprios advogados, para que esses pudessem 
ter férias sem a preocupação com prazos. Isso não constitui recesso – 
fórum continua funcionando, e nos feriados ainda há o plantão. 
INEVITABILIDADE (art. 140, NCPC) 
 Juiz não pode evitar de julgar determinada demanda, ou seja, evitar 
de exercer a jurisdição – daí vem o dever de dar resposta jurisdicional. 
Essa inevitabilidade se aplica mesmo se tratando de casos de lacuna ou 
obscuridade da lei. Nesses casos, deve se valer das fontes subsidiárias 
(analogia, costumes, jurisprudência, etc). Além disso, também é vetada a 
delegação do exercício jurisprudencial no poder decisório. 
SUBSTITUTIVIDADE 
 Juiz, ao julgar, substitui as vontades das partes no caso concreto. 
Ou seja, autor monta uma tese, réu elabora uma antítese e juiz faz uma 
síntese. É a ideia de imperatividade estatal, da autoridade do juiz, de 
onde vem a importância de sua decisão, uma vez que a jurisdição é 
manifestação de um poder. Tem aplicação mais destacada na jurisdição 
contenciosa. 
TERRITORIALIDADE ou da aderência ao território (art. 16, NCPC) 
 Exercício da jurisdição deve ser realizado conforme os limites da 
competência, ou seja, respeitando a esfera estatal, federal, etc (a que 
lhe for atribuída). Os magistrados só têm autoridade nos limites 
territoriais do seu Estado; ou seja, nos limites do território de sua 
jurisdição. É a limitação da jurisdição ao território, ou seja, da 
aderência ao território. Interpretação do art. 16, NCPC, deve ser realizada 
em conformidade com o art. 42, NCPC. 
 Deve-se ficar atento ao um redimensionamento da territorialidade na 
jurisdição, em razão das vastas possibilidades de comunicação eletrônica 
e dos avanços tecnológicos. Além disso, não se pode confundir tal princípio 
com o lugar onde a decisão irá produzir efeitos – a jurisdição produzirá 
efeitos onde tiver que produzi-los. 
 * Carta precatória (art. 237, inciso III, NCPC) para recolher 
depoimento ou prova em outro juízo senão o do território do ajuizamento 
da ação. Esse é um dos exemplos da necessidade de cooperação entre as 
autoridades judiciária. 
DEFINITIVIDADE (art. 5º, inciso XXXVI, CF) 
 Determina que decisões judiciais, em algum momento, se tornam 
imutáveis, a partir do conceito de coisa julgada. 
> ou decisão que transitou em 
julgado, ou imutabilidade das decisões judiciais = não 
cabe mais recurso. 
Pode ser realizado em até 15 dias após decisão < 
 Legislador impôs essa ficção jurídica/fim político para que processos 
não fossem eternos. Tal princípio não visa a justiça das decisões 
judiciais, mas sua estabilidade, em prol da segurança jurídica – coisa 
julgada pode tornar uma injustiça definitiva. 
 “A certeza pacifica” > uma vez que um dos fins do direito é a 
pacificação social, Legislador apostou não segurança jurídica para 
alcança-lo. 
 Coisa julgada também é chamada de preclusão máxima (perca de uma 
faculdade processual, sendo que a principal é a temporal, decorrente da 
perda de prazos) e de sanatória geral (pois, caso exista algum vício não 
acusado ao longo do processo e até o fim do prazo para recurso, tal vício 
será sanado). 
 OBS: há hipóteses excepcionais de quebra da coisa julgada – existem 
mecanismos para isso. 
Espécies de jurisdição 
 Quanto à existência de litigiosidade: 
a) Jurisdição contenciosa (art. 539 a art. 718, NCPC) – quando 
se tem a lide (litígio, conflito de interesses), quando há 
conflito. 
b) Jurisdição voluntária (art. 719 a art. 770, NCPC) – quando 
não há lide. Alguns assuntos são tão importantes que, para 
ter efeitos na vida prática, Legislador obrigou a haver ação 
para juiz chancelar. Nesse caso, juiz está somente 
certificando e fiscalizando requisitos legais, pois os 
interesses das partes estão de acordo. Também é chamada de 
graciosa, pois seria uma graça do estado. É chamada também de 
integrativa, pois busca a integração da vontade. 
Característica do princípio da substitutividade não existe 
nesse tipo de ação. É considerada, de certa forma, obrigatória 
pois alguns atos só produzem efeitos se levados a esse tipo 
de jurisdição. 
Existe um debate doutrinário – sem efeitos práticos - acerca da 
natureza jurídica da jurisdição voluntária: 
1. Na TEORIA ADMINISTRATIVA, é defendido que ela seria somente uma 
função administrativa realizada pelo Judiciário e, dessa forma, 
não configuraria o exercício da jurisdição. Seria a administração 
pública de interesses privados, pois não há processo, não há 
procedimento, não há partes – há interessados. 
2. Na TEORIA REVISIONISTA, é defendido que ela seria, sim, exercício 
de jurisdição, pois a garantia dos juízes a qualificam para 
fiscalizar/certificar questões consideradas importantes pelo 
Legislativo. Além disso, não existe a lide inicialmente, mas são 
situações com potencial surgimento de conflito, no qual juiz teria 
que se manifestar acerca de algum parecer. Por isso, esse tipo de 
procedimento reuniria todas as características da jurisdição, sendo 
assim identificada como uma. 
 
Meios alternativos de solução de conflitos 
 Também chamados de equivalentes jurisdicionais, ou ADR (Alternative 
dispute resolution). Tais formas de solução de conflitos não são 
definitivas, pois podem ser submetidas ao controle jurisdicional. Tema 
recebeu maior importância com o NCPC (art. 3, §s, NCPC) e em 2015 lei da 
arbitragem mudou, o que denota uma maior movimentação e consequente 
valorização desse meio no Legislativo. 
 São formas de solucionar conflitos ou buscar a pacificação social sem 
a participação de um juiz, ou seja, não jurisdicionais. Existe uma cultura 
do litígio, em que tudo é resolvido no Judiciário. Atualmente, há a visão 
de que o Judiciário deveria ser utilizado em último caso, tendo os meios 
alternativos como prioridade – visão endossada pelo novo código, pois 
determina que deve haver uma tentativa de conciliação antes da defesa 
(art. 334, NCPC). Assim, busca-se uma solução construída, pois essas são 
tidas como mais duradoras, pois não haveriam vendedores ou perdedores – 
atende melhor ao propósito de pacificação social. 
Formas 
AUTOTUTELA 
 É a “justiça pelas próprias mãos” – vedada pelo ordenamento jurídico, 
por sua probabilidade de ser abusivo e depender da força. Trata-se de 
solução do conflito que se dá pela imperatividade da vontade de um deles, 
com o sacrifício do interesse do outro. É tipificada como crime: exercício 
arbitrário das próprias razões (se for particular) e exercício arbitrário 
ou abuso de poder (se for o Estado). Porém, se existem problemas no acesso 
à justiça, acaba ocorrendo. Existem hipóteses excepcionais (extremas ou 
de urgência) em que a autotutela é considerada legal (art. 1210, §1º, CC), 
se justificando pela impossibilidade de o Estado-juiz estar presente 
sempre que um direito esteja sendo violado ou prestes a sê-lo. Em todo 
caso, é passível de controle posterior pela solução jurisdicional, que 
legitimará ou não a defesa privada. 
AUTOCOMPOSIÇÃO 
 Traz a ideia do acordo, que seria composto por concessões entre os 
litigantes (art. 3º §2º o estimula, §3º o faz dentro ou fora de juízo). A 
composição extrajudicial pode ser levada ao juiz apenas para a homologação 
(art.515, inciso III, NCPC) – isso dá um status de tutela judicial. 
 O acordo tem validade – se for descumprido, ação pode ser ajuizada 
(art. 784, inciso IV, NCPC). Um grande exemplo da valorização do acordo 
em juízo é o no art. 2º da Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais). 
Além disso, é um dos deveres do juiz a promoção da autocomposição (art. 
139, inciso V, NCPC) - juiz pode designar audiência para buscar solução 
consensual. Feito o acordo em juízo, juiz homologa o acordo e sentencia 
(art. 487, inciso III, alínea “b”, NCPC) – provada sua adimplência, juiz 
extingue sentença. 
MEDIAÇÃO (art. 165 a 175, NCPC e Lei 13.140/2015 – Lei da Mediação) 
 Alguns autores tratam como uma espécie de conciliação (auto 
composição). Ainda que as duas busquem uma solução amigável através de um 
acordo, na mediação existe um terceiro imparcial e preparado, além dos 
litigantes, para trazer esclarecimentos relacionados ao conflito em 
questão ou, no mínimo, auxiliar no reestabelecimento da comunicação. Além 
disso, a mediação é mais apropriada para as relações jurídicas 
continuativas (como vizinhos, familiares, etc), que demanda um cuidado 
maior do que as relações trabalhadas nas conciliações. Diferentemente do 
que acontece na conciliação, na mediação não há o objetivo de resolver 
somente o problema em questão, mas sim a convivência, através de uma 
solução mais intensa, onde as partes chegarão a uma solução juntos – 
chamada também de justiça coexistencial. Trata-se de uma justiça mais 
preocupada. 
Suas diferenças estão expostas no art. 165, NCPC. Entretanto, em 
ambos os casos, veda-se a utilização, pelo terceiro, de qualquer tipo de 
constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Além disso, 
os interessados podem recorrer a uma mediação/conciliação na esfera 
privada. 
ARBITRAGEM (Lei 9.307/1996 – Lei da Arbitragem, atualizada pela Lei 
13.129/2015) 
 Antes de tudo, é importante ressaltar que alguns doutrinadores não 
consideram essa forma de tutela como alternativa, e sim uma forma de 
jurisdição sem juiz, ou seja, por autoridade não-estatal. É considerado, 
também, uma forma de heterocomposição. 
Nesse meio, o árbitro decide, impõe uma solução, resolve o conflito 
fora de juízo – diferentemente da conciliação e da mediação, em que há uma 
construção da solução. Árbitro normalmente é um especialista na área do 
litígio, mas necessita somente ser pessoa natural e capaz. O que ele 
decidir vale – sua decisão é chancelada por lei, não precisa ser chancelada 
pelo juiz (art. 18 da Lei da Arbitragem). Têm status de juiz e de fato, 
inclusive sendo equiparados aos servidores públicos para efeitos penais. 
O árbitro, em caso de litígio, pode ser pré-determinado contratualmente. 
 O novo código, em seu art. 3º, §1º, estimula a arbitragem. Porém, 
essa só pode ser utilizada quando o que está em jogo é um direito 
disponível, ou seja, aquele que se possa dispor. Além disso, ela também 
não pode ser compulsória. Ademais, pode ser realizada envolvendo o poder 
público, de acordo com §1º e §2º do art. 1º da Lei da Arbitragem. 
 QUAL A VANTAGEM DA ARBITRAGEM? É mais barata, apresenta celeridade 
(procedimento mais enxuto, além de poder decidir anteriormente condições 
arbitrais), confidencialidade. Além disso, a decisão arbitral também fica 
imutável pela coisa julgada. 
 Cláusula compromissória = convenção em que as partes decidem, prévia 
e abstratamente, que as divergências oriundas de certo negócio jurídico 
serão resolvidas pela arbitragem. 
 Compromisso arbitral = acordo de vontades – realizado através de um 
contrato – para submeter uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo 
arbitral, prescindindo do Poder Judiciário – em outras palavras, 
renunciando à atividade jurisdicional estatal. 
 >> Normalmente para efetivar a cláusula 
compromissória, é necessário que se faça o compromisso arbitral, regulando 
o processo arbitral almejado. Entretanto, se a cláusula for completa – 
contiver todos os elementos para a instauração imediata da arbitragem – 
não haverá necessidade de futuro compromisso arbitral. 
 Caso parte com obrigações não a cumpra, parte adversária deve recorrer 
ao Judiciário (art. 515, inciso VII, NCPC) – ainda que árbitro tenha poder 
para encontrar solução, não tem para executá-la. 
 
Ação 
 É o direito subjetivo – pois é voluntário, ninguém é obrigado a 
exercê-lo – e abstrato, garantido constitucionalmente (art. 5º, inciso 
XXXV, CF e art. 3º, caput, NCPC), de provocar a jurisdição. É a garantia 
de acessar os tribunais e exigir deles uma tutela jurisdicional adequada, 
tempestiva e efetiva. Tal direito se materializa a partir da distribuição 
da petição inicial, que fica os limites da atividade jurisdicional a partir 
da definição do objeto litigioso. 
 O direito à tutela jurisdicional, a um procedimento adequado, a 
técnicas processuais adequadas para efetivas o direito afirmado, à prova 
e de recorrer são corolários do exercício de direito de ação. Limitações 
ao direito de ação podem existir, mas sempre com justificação razoável, 
sob pena de inconstitucionalidade. 
 ABSTRAÇÃO DO DIREITO DE AÇÃO - o exercício do direito de ação é 
desvinculado de sua vitória; há o direito de provocar o Judiciário mesmo 
perdendo na análise do mérito. Alguém sempre pode entrar com uma ação, 
provocar o judiciário, questionar o poder público, etc. 
CONDIÇÕES PARA O LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA AÇÃO (art. 485, inciso VI, 
NCPC) 
 Tem o intuito de garantir a utilidade do sistema judiciário. Existe 
o debate se elas existiriam como título doutrinário, uma vez que o conceito 
de “condições da ação” não existe mais no NCPC, transformando tais 
requisitos em outras condições para admissibilidade do processo 
(pressupostos processuais), pois o termo anterior teria caído em desuso. 
Caso tais condições não sejam respeitadas, juiz declara carência de ação 
(ou declararia, de acordo com omissão desses termos no NCPC) e extingue o 
processo sem julgar mérito: 
1. Legitimidade das partes – ad causam 
Tal condição se manteve com novo código. Só se permite a litigância 
a partir dos titulares do Direito (os “donos do Direito”) – ou seja, 
você sofre dano, você entra com ação. A doutrina trata como a 
pertinência subjetiva entre o titular do Direito e a postulação em 
juízo. Existem dois tipos de legitimidade: 
a) Ordinária – é o que ocorre normalmente, quando se vai em nome 
próprio defender direito próprio. Há correspondência entre a 
situação legitimante e as situações jurídicas submetidas à 
apreciação do juiz. Sujeitos do processo (autor e réu) = 
sujeitos da lide (titulares do direito). 
b) Extraordinária (art. 18, NCPC) – quando alguém vai em nome 
próprio defender direito alheio, não há coincidência entre 
titulares do direito e relações desenvolvidas no processo. 
Nessa legitimação, confere-se a alguém o poder de conduzir 
processo que versa sobre direito do qual não é titular ou do 
qual não é titular exclusivo. Sujeitos do processo são 
diferentes dos sujeitos da lide. Entretanto, essa hipótese é 
excepcional, sendo restrita a situações previstas em lei. 
2. Interesse de agir 
Também chamado de interesse processual, essa condição também se 
manteve com o novo CPC. É um binômio: necessidade (é necessária a 
atuação do Judiciário para a realização do Direito, sendo a última 
forma de resolução desse conflito) + utilidade (adequação do 
provimento – pedido – pleiteado, pedido deve ter possibilidade de 
tutelar direito pleiteado, deve ser útil nesse sentido) da prestação 
jurisdicional. A constatação do interesse de agir sempre se faz em 
concreto, à luz da situação narrada no instrumento da demanda. Não 
há como analisarem abstrato se há interesse de agir, pois ele está 
sempre relacionado com a demanda judicial. 
 >> art. 485, §3º autoriza juiz a controlar, de 
ofício e enquanto durar a litispendência, a existência da legitimidade e 
de interesse de agir. 
3. Possibilidade jurídico de pedido 
Diferentemente das outras duas condições acima, essa condição não se 
manteve no NCPC. Seria impossível o pedido se esse fosse vedado pela 
lei. Tal condição não foi reproduzida pois hoje, em casos como esses, 
juiz deve julgar o mérito como improcedente. Isso acontece pois antes, 
uma vez que esse problema era tratado como meramente processual, juiz 
somente rejeitaria a ação, mas sem julgar mérito, o que não daria a 
oportunidade de tornar sentença transitada em julgado, implicando na 
possibilidade de o autor ajuizar diversas ações com esse mesmo 
problema. 
TEORIA DA ASSERÇÃO 
 Alguns doutrinadores defendem que Brasil adota tal teoria, que também 
é chamada de teoria da afirmação e pretende corrigir falhas do Direito 
Processual. Atesta que nem sempre juiz consegue identificar quem está 
correto, e uma visão geral da ação só ocorreria posteriormente, a partir 
da produção de provas. Dessa forma, juiz deveria raciocinar admitindo, 
provisoriamente e por hipótese, o exposto pelo autor para verificar as 
condições da ação e, caso fosse descoberto que uma das partes o enganou, 
ele não extinguiria o processo sem mérito (art. 485, NCPC), mas julgaria 
o mérito como improcedente – o que impediria que nova ação com mesmo mérito 
fosse ajuizada. A partir dessa teoria, não haveria a necessidade de provar 
a legitimidade ad causam e o interesse de agir para atestar as condições 
da ação. Entretanto, o NCPC determina que o procedimento determinado pelo 
art. 485, NCPC, seja seguido. 
ELEMENTOS DA AÇÃO 
 São os elementos individualizadores da ação, que servem para 
diferenciá-los – se os elementos são iguais, a ação é igual. São elas 
(art. 337, §2º, NCPC): 
1. Partes – autor e réu, demandante e demandado. 
2. Causa de pedir – porque você pede, o motivo. 
3. Pedido – o que pede como restituição. 
 >> deve ser identificável quem quer, porque, de quem e o que 
(art. 319, incisos II, III e IV, NCPC) 
 
Processo 
 É o método/sistema de composição de litígios em juízo. É a ideia de 
instaurar processo para que Estado “dê” o Direito – é um meio/instrumento 
para a realização do direito material. A instrumentalidade do processo 
pauta-se na premissa de que o direito material se coloca como o valor que 
deve presidir a criação, a interpretação e a aplicação das regras 
processuais. 
 Existe uma diferenciação teórica entre processo e os autos do 
processo. Enquanto o primeiro é abstrato, é como um sistema, método, o 
segundo é a sua corporificação, material, impresso, como um registro. 
 A relação processual é um ramo do direito público, pois tem a 
participação do Estado-juiz – daí vem a imperatividade da decisão judicial. 
FUNÇÕES 
a) Documentar os atos processuais – para a organização, facilitar 
controle 
b) Para trazer publicidade – permissão para que todos fiscalizem, 
consultem 
Para permitir análise do que ocorreu; se não existisse processo, não 
haveria certeza se garantias foram respeitadas. 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
 São requisitos processuais indispensáveis para o julgamento do mérito 
da causa (art. 485, inciso IV, NCPC). Caso falte algum requisito, juiz 
pode extinguir ação sem julgar mérito. 
1. Existência – da constituição, se processo existe ou não. 
O que precisa ter para processo existir? 
a. Demanda – a distribuição da petição inicial 
b. Órgão investido em jurisdição – investidura do julgador, que 
deve ser jurisdicional e capaz. 
c. Capacidade de ser parte – relativo ao art. 1º, CC. Trata de quem 
pode ser parte em um processo – pessoas jurídicas e bebês, por 
exemplo, podem. 
2. Validade – processo já existe, mas resta saber se é válido. 
a. Competência do juízo – órgão julgador deve estar de acordo com 
as regras de distribuição de determinação de competência. 
b. Imparcialidade do juiz – lei dita situações em que 
imparcialidade do juiz estaria comprometida (nos casos menos 
graves, de impedimento [art. 144, NCPC], e nos mais graves, de 
suspensão [art. 145, NCPC]). Pode-se buscar a anulação do 
processo por conta de decisão impedida ou suspeita do juiz. 
c. Atividade formal jurisdicional (ou formalismo processual) – 
necessidade de respeito a requisitos formais processuais. Nesse 
caso, anulação não seria de todo o processo, mas somente dos 
atos irregulares formalmente. Um exemplo é o art. 239, NCPC, que 
dita a necessidade de citação do réu – citação é requisito de 
validade para possibilidade de condenação do réu. 
d. Preenchimento de requisitos da petição inicial ou regularidade 
da petição inicial – regras para formulação da petição inicial 
que estão dispostas nos art. 319 e art. 320 do NCPC. 
e. Capacidade de estar em juízo – relacionado aos art. 4º, CC e 
art. 70, art. 71, art. 73 e art. 75, NCPC). Trata da 
diferenciação da capacidade de fato e de exercício – algumas 
pessoas são incapazes (ou necessitam de algum tipo de 
representação) no Direito Civil e são partes de um processo, 
então tal pessoa deve estar representada em juízo por um tutor 
ou curador. 
- Despacho = impulsionamento do processo sem decisão judicial. 
- ex officio / de ofício = quando juiz age sem provocação.

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