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Contraste de gêneros A influência dos pares e familiares na sexualidade.

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Contraste de gêneros: A influência dos pares e familiares na sexualidade. 
Juliana LL Tozo¹; Nayara A Vicente¹; Paula C Buzutti¹; Raul A Martins². 
 
¹Discentes do curso de Ciências Biológicas na Universidade Estadual Paulista – Campus de São José do Rio Preto – SP. 
² Livre-Docente em Psicologia da Educação – Professor de Psicologia da Educação na Universidade Estadual Paulista – 
Campus de São José do Rio Preto - SP. 
 
Resumo: A sociedade atual está passando por diversas mudanças, de maneira que a forma 
de ver e pensar sobre sexualidade também está mudando. Com base nisso, foi elaborado um 
questionário pelo qual objetivou-se vislumbrar a atual situação em que se encontra a 
igualdade de gêneros diante da influência familiar e dos pares sobre os aspectos 
relacionados a sexualidade. Os resultados obtidos, permitiram observar diferenças na forma 
como rapazes e moças são tratados pelos pares e familiares. Os resultados mais 
significativos foram relacionados a opinião dos familiares com relação a idade do início da 
vida sexual e o poder de decisão sobre a mesma, e a prática da masturbação, bem como os 
fatores que influenciaram a orientação sexual dos entrevistados. 
 
Introdução 
 A sexualidade é um conceito amplo que se expressa de diversas maneiras diferentes, 
seja nas práticas sexuais, nos sentimentos e desejos, nos pensamentos, nas emoções, nas 
atitudes e nas representações. Dessa forma, a sexualidade refere-se tanto ao erotismo 
humano, considerando as questões orgânicas, psicológicas e sociais como também a um 
fenômeno que não se restringe ao sexo/genital. No entanto, a manifestação da sexualidade 
depende de diferentes contextos culturais e históricos (Anderson, 2000; Bozon, 2004; 
Blackhurn, 2002; Couwenhoven, 2007; Maia, 2010). 
 Já o sexo, normalmente, é abordado como um conceito isolado e determinista. 
Portanto, além da justificativa da biologia para preservação da espécie, há várias outras 
funções estabelecidas para a prática de relações sexuais, como a obtenção de prazer, troca 
por dinheiro e obtenção de benefícios além dos fins reprodutivos (Maia, 2010). Assim, há 
diversas formas de expressar o desejo erótico, amoroso e sexual, os quais acontecem 
geralmente na vida privada, porém, não podemos abordar a sexualidade separadamente da 
cultura. Portanto, os valores relacionados à sexualidade são construídos culturalmente, por 
diferentes grupos sociais (Maia & Ribeiro, 2010). 
 Com isso, o conceito de sexo, geralmente, está limitado apenas à genitalidade, 
estando relacionado apenas à prática de relações sexuais ou aos órgãos sexuais 
propriamente ditos, considerando a sexualidade voltada apenas para a reprodução e para o 
prazer sexual. Entretanto, o conceito de sexualidade é amplo, envolvendo as intenções do 
homem, a expressão e a vivência das condutas sexuais e dos relacionamentos afetivo-
sexuais. Dessa forma, há no contexto da sexualidade a dimensão sexual, assim como 
questões como a afetividade, o prazer e o erotismo juntamente com outros fatores que vão 
além do instinto sexual e que sofrem influência do contexto (Blackhurn, 2002; Maia, 2010; 
Ribeiro, 1990; Vitiello, 1995). 
Para Freud, a sexualidade era uma força inerente à estruturação da personalidade 
que não deveria ser confundida com genitalidade. Para ele, os aspectos sexuais se 
manifestavam em todas as fases da vida humana, inclusive a genital. Assim, a sexualidade 
individual refere-se a um conjunto de diferentes fontes de prazer (Freud, 1975). Dessa 
forma, as transformações da humanidade ao longo do tempo no que tende à sexualidade, 
afetam, sem dúvida, as formas de se viver e de se construir identidades de gênero e 
sexuais. Assim, a sexualidade não é apenas uma questão social e política, além de ser 
construída ao longo de toda a vida, de muitos modos, por todos os sujeitos (Louro, 1999). 
Através de processos culturais, definimos o que é, ou não, natural. Assim, 
produzimos e transformamos a natureza e a biologia e as tornamos históricas, fazendo com 
que os corpos ganhem sentido socialmente. A inscrição dos gêneros, feminino ou 
masculino, nos corpos é feita no contexto de uma determinada cultura. Dessa forma, as 
possibilidades de sexualidade também são sempre socialmente estabelecidas e codificadas. 
As identidades de gênero e sexuais são, portanto, compostas e definidas por relações 
sociais, sendo assim, conclui-se que nos processos de reconhecimento de identidade inclui-
se, simultâneamente, a atribuição de diferenças (Louro, 1999). 
Dentre os aspectos implicados nessas dimensões, a sexualidade aparece como um 
dos mais polêmicos e de difícil progresso. Apesar das lutas cada vez mais visíveis e 
articuladas de vários movimentos, ainda falta muito para a participação em igualdade de 
condições desses grupos na vida social (Rios, 2006). As ideologias que defendem que as 
mulheres devem ser puras, castas e virgens até o casamento podem levar à mutilação 
genital feminina, aos crimes de honra e às restrições da mobilidade das mulheres, assim 
como da sua participação econômica e política. As ideias de que os homens devem ser 
“machos” podem significar que a violência sexual dos homens é algo natural e esperado e 
não uma atitude que dever ser condenada (Ilkkaracan & Jolly, 2007). 
Em muitos lugares, para ser considerado um “homem adequado” ou uma “mulher 
adequada”, você precisa agir 100% como heterossexual, obedecendo aos estereótipos de 
gênero. Portanto, ser lésbica, gay, bissexual ou “trans” pode resultar em marginalização ou 
violência (Samelius & Wagberg, 2005). Mas, como podem ser contestadas as ideologias 
dominantes de gênero em torno da sexualidade? Os direitos sexuais são uma resposta. Além 
disso, o marco referencial dos direitos sexuais pode ajudar a identificar os vínculos entre os 
diferentes temas da sexualidade, criando as bases de uma aliança ampla e diversa. Os 
direitos sexuais podem incluir tanto o direito de não sofrer violência e coerção em relação à 
sexualidade como também o de explorar e buscar prazeres, desejos e satisfação (Ilkkaracan 
& Jolly, 2007). 
Várias iniciativas estimulantes dão apoio aos direitos sexuais das mulheres, como os 
cursos de direitos humanos na Turquia que incluem um módulo sobre o “prazer sexual 
como um direito humano da mulher”, o trabalho da organização que apóia as mulheres 
solteiras “fora da rede de segurança do casamento” na Índia, o enfrentamento da mutilação 
genital feminina pela promoção do prazer no Quênia ou a Iniciativa Poder das Garotas na 
Nigéria. Também estão em desenvolvimento trabalhos criativo com homens enquanto 
parceiros das mulheres, mas também para tratar da espoliação dos direitos sexuais dos 
próprios homens (Ilkkaracan & Jolly, 2007). 
Além disso, apesar de existir um conjunto diverso de fatores associados aos 
comportamentos sexuais, a influência familiar e dos pares é visível durante o 
desenvolvimento de adolescentes (Kingon & Sullivan, 2001). A família, desde os tempos 
mais antigos, corresponde a um grupo social que exerce marcada influência sobre a vida 
das pessoas, sendo encarada como um grupo com uma organização complexa, inserido em 
um contexto social mais amplo com o qual mantém constante interação (Biasoli-Alves, 
2004). Portanto, muitas vezes a família não oferece informações necessárias sobre o 
assunto aos adolescentes, acreditando que esta é uma tarefa da escola e/ou dos serviços de 
saúde, existindo também a forte influência de elementos culturais sobre esse 
comportamento (Fernandes; Sousa; Barroso, 2004). 
Entretanto, a partir da adolescência é esperado que os indivíduos se confrontem com 
um processo de aquisição de uma autonomia e independência emocional dos pais e 
simultaneamente, estabeleçam relaçõesinterpessoais e de intimidade mais amadurecidas 
com os pares (Zimmer-Gembeck, 2002). A intensificação das relações com o grupo de 
amigos na adolescência, aumenta a potencial influência dos pares em termos da qualidade 
das soluções dadas aos problemas sociais, dos valores e das regras sócio-morais, agora em 
fase de maior restruturação. O grupo tanto pode influenciar o comportamento responsável, 
a maturidade e o desenvolvimento saudável, como pode ser implicado na adesão a uma 
variedade de comportamentos de risco, nomeadamente de comportamentos sexuais de risco 
(Dryfoos, 1997). 
Dessa forma, foi proposto a elaboração de um questionário com o objetivo de 
compreender as percepções e a igualdade de homens e mulheres acerca da influência 
parental e dos pares diante de questões relacionadas à sexualidade. Os resultados deste 
trabalho prentendem analisar de que modo esses fatores e sua interação intervêm na adoção 
de determinados comportamentos sexuais. 
 
Método 
Esta pesquisa foi desenvolvida concomitantemente à disciplina Psicologia da 
Educação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual Paulista – Campus de 
São José do Rio Preto – SP. De acordo com o objetivo do trabalho, foi elaborado um 
questionário a respeito da sexualidade de homens e mulheres de idades variadas. O 
questionário foi publicado online em redes sociais para que a população com diferentes 
idades e diferentes níveis de instrução pudesse ter acesso. O questionário ficou disponível 
para respostas no período de cinco dias. Na coleta de dados, foram utilizadas perguntas 
abertas e fechadas, sendo que nas questões abertas era solicitado que o participante 
justificasse a sua resposta. O questionário continha 21 questões e não continha espaço para 
indicação do nome, sendo considerado completamente anônimo. Dessa forma, os 
questionários respondidos foram analisados quanto à análise do conteúdo e, em função de 
alguns descartes devido a preenchimentos incorretos do questionário, o número total de 
respondentes foi de 785. Assim, a população estudada compreendeu participantes de ambos 
os sexos, na faixa etária de 15 a 50 anos completos. A análise estatística dos dados foi 
realizada a partir do programa SPSS, compreendendo a construção de tabelas e gráficos 
utilizando-se as características de interesse para o estudo. 
 
Resultados 
Na presente pesquisa, foram analisados um total de 785 questionários, sendo que 
578 foram respondidos por homens (M) e 207 foram respondidos por mulheres (F) (Tabela 
1). 
Tabela 1. Frequência e porcentagem dos participantes dos diferentes sexos. 
Sexo Frequência (Ind) Porcentagem (%) 
F 578 73,6 
M 207 26,4 
Total 785 100,0 
(F) = Sexo Feminino; (M) = Sexo Masculino; Ind = Indivíduos. 
 
Os participantes apresentavam faixa etária muito diversa, sendo que a idade mínima 
encontrada foi 15 anos e a idade máxima 50 anos. Entretanto, não foram obtidos 
representantes de todas as idades dentre este montante. A maior representatividade foi 
encontrada na faixa dos 20 anos, na qual foram analisadas respostas de 119 pessoas e na 
faixa dos 19 aos 24 anos, na qual foram obtidas 494 respostas (Figura 1). 
 
 
Figura 1. Histograma da idade dos participantes. 
 
A partir dos resultados obtidos, 642 pessoas já tiveram sua primeira relação sexual. 
Entretanto, a idade da primeira relação varia, sendo a faixa etária mínima encontrada de 8 
anos e a máxima 34 anos. Não houve diferença significativa entre homens e mulheres para 
a idade média da primeira relação sexual (Tabela 2). 
 
Tabela 2. Idade média da primeira relação sexual. 
Sexo Média das Idades 
(anos) 
Frequência 
(Ind) 
Feminino 
Masculino 
17,43 
17,66 
390 
105 
Total 495 
 
Bem como a idade dos entrevistados, para este dado, não se obteve representantes 
de todas as idades dentre esse montante, dessa forma, a maioria dos participantes se 
relacionou sexualmente pela primeira vez entre os 17 e 18 anos (127 participantes de cada 
uma das idades) e aos 16 anos (115 participantes) (Figura 2). 
 
 
Figura 2. Histograma da idade da primeira relação sexual. 
 
Além disso, dentre os 785 questionários analisados, 697 foram respondidos por 
participantes que estão cursando ou já cursaram o Ensino Superior (Tabela 3). 
 
Tabela 3. Grau de escolaridade dos participantes. 
Escolaridade Frequência (Ind) Porcentagem (%) 
EFC 3 4 
EFI 1 1 
EMC 62 7,9 
EMI 22 2,8 
ESC 264 33,6 
ESI 433 55,2 
Total 785 100,0 
EFC = Ensino fundamental Completo; EFI = Ensino fundamental Incompleto; EMC = Ensino Médio Completo; 
EMI = Ensino Médio Incompleto; ESC = Ensino Superior Completo; ESI = Ensino Superior Incompleto. 
 
Pôde-se constatar também que do total de questionários, 358 participantes, 
aproximadamente a metade, está em um relacionamento “sério”, ou seja, namorando 
(Tabela 4). 
 
Tabela 4. Estado civil dos participantes. 
Estado Civil Frequência (Ind) Porcentagem (%) 
Ficando 98 12,5 
Casado/mora junto 97 12,4 
Namorando 358 45,6 
Solteiro 232 29,6 
Total 785 100,0 
 
Com relação à orientação sexual, 601 participantes se consideram heterossexuais, 
65 se consideram homossexuais e 111 se consideram bissexuais (Tabela 5). 
 
Tabela 5. Orientação sexual dos participantes. 
Orientação sexual Frequência (Ind) Porcentagem (%) 
Assexual 7 9 
Bissexual 111 14,1 
Heterossexual 601 76,6 
Homossexual 65 8,3 
Transsexual 1 1 
Total 785 100,0 
 
Com relação ao principal fator que contribuiu na opção sexual, 259 dos 
participantes reconhece que a decisão própria foi o principal fator, enquanto que a família e 
os amigos estiveram em segundo e terceiro lugar, respectivamente (Tabela 6). 
 
Tabela 6. Fatores que influenciaram na escolha da orientação sexual. 
Fatores Frequência 
(Ind) 
Porcentagem 
(%) 
Outros 17 2,2 
Amigos 98 12,5 
Amigos e Escola 22 2,8 
Amigos e Outros 16 2,0 
Atração pelo sexo oposto 11 1,4 
Decisão própria 259 33,0 
Escola 17 2,2 
Familia 149 19,0 
Família e Amigos 77 9,8 
Família, Amigos, Escola e Outros 84 10,7 
Família e Escola 25 3,2 
Família e Religião 10 1,3 
Total 785 100,0 
 
Os resultados analisados para as questões “Sua família considera que somente 
depois do casamento pode começar a transar?”, “Sua família sabe que você tem vida sexual 
ativa?”, “Tem memórias das suas primeiras impressões/sensações/descobertas eróticas?”, 
“Grau de satisfação com a própria imagem corporal” e “Número médio de relações sexuais 
no último mês” não revelaram grandes distinções (não foram significativos) quando 
comparado os dois sexos. 
Entre ambos os sexos a maioria das respostas foi negativa quanto à família achar 
que só após o casamento pode haver relação sexual. Quanto à segunda questão, a maioria 
dos participantes, de ambos os sexos, responderam que suas famílias sabe que eles têm 
relações sexuais, mas não comentam e não perguntam sobre. Da mesma forma, a maioria 
dos participantes, homens e mulheres, tem memórias das suas primeiras 
impressões/sensações/descobertas eróticas. Quanto ao nível de satisfação com sua imagem 
corporal, as respostas mais frequentes foram gostar ou gostar mais ou menos, para ambos 
os sexos. E o número de relações sexuais praticados por homens e mulheres no último mês 
chegou a uma média de seis relações mensais. 
Dentre todos os participantes, 601 foram o total de participantes heterossexuais dos 
sexos feminino e masculino que já tiveram sua primeira relação sexual. A partir disso, 
pôde-se observar que 81,8% das famílias consideram ser direito dos homens decidir quando 
começar a ter relações sexuais. Já apenas 68,1% das famílias consideramser direito das 
mulheres decidir quando começar a ter relações sexuais (Tabela 7). 
 
Tabela 7. Ponto de vista da família quanto ao direito do indivíduo de decidir quando 
começar a ter relações sexuais. 
Sexo Direito próprio Frequência 
(Ind) 
Porcentagem 
(%) 
Masculino Sim 112 81,8 
Feminino Sim 316 68,1 
Masculino Não 25 18,2 
Feminino Não 148 31,9 
Total 601 100,0 
 
Dos 601 participantes heterossexuais, apenas 526 responderam e destes, 82% das 
famílias consideraram que a idade em que os homens tiveram sua primeira relação sexual 
era adequada. Entretanto, apenas 51,8% das famílias consideraram que a idade em que as 
mulheres tiveram sua primeira relação sexual era adequada e 48,2% considerou inadequada 
(Tabela 8) embora, como já foi dito, não houve diferença significativa nas idades em que os 
homens e as mulheres tiveram sua primeira relação sexual, como constatado pela Tabela 2. 
 
Tabela 8. Ponto de vista da família quanto à idade da primeira relação sexual. 
Sexo Direito próprio Frequência 
(Ind) 
Percentagem 
(%) 
Masculino Sim 91 82 
Feminino Sim 215 51,8 
Masculino Não 20 18 
Feminino Não 200 48,2 
Total 526 100,0 
 
Quanto à masturbação, 78,1% dos homens afirmam praticarem, já apenas 43,8% das 
mulheres o fazem. Em contrapartida, 2,9% dos homens responderam negativamente à 
prática enquanto que 22,2% das mulheres responderam negativamente (Tabela 9). 
 
Tabela 9. Prática de masturbação entre os participantes. 
Sexo Masturbação Frequência 
(Ind) 
Percentagem 
(%) 
Masculino Sim 107 78,1 
Feminino Sim 203 43,8 
Masculino Não 4 2,9 
Feminino Não 103 22,2 
Masculino 
Feminino 
Total 
Às vezes 
Às vezes 
26 
158 
601 
19 
34,1 
100,0 
 
Dentre os 601 participantes, 533 responderam à pergunta e destes a maioria dos 
homens, 66,7%, consideram que a camisa diminui o prazer no ato sexual, o mesmo é 
afirmado por 53% das mulheres. Entretanto, 33,3% dos homens afirmam que o uso da 
camisinha não interfere no prazer no momento do ato sexual e 47% das mulheres afirmam 
o mesmo (Tabela 10). 
 
Tabela 10. Uso da camisinha na diminuição do prazer no ato sexual. 
Sexo Opinião Frequência 
(Ind) 
Percentagem 
(%) 
Masculino Sim 76 66,7 
Feminino Sim 222 53 
Masculino Não 38 33,3 
Feminino Não 197 47 
Total 533 100,0 
 
Discussão 
 É sabido que o desenvolvimento da sexualidade sofre influência da cultura na qual o 
indivíduo está inserido (Ressel e Gualda, 2003; Farris, 2006; Sousa et al., 2006; Araújo, 
2005), além disso, o tratamento direcionado a meninas e meninos é diferente (Sousa et al., 
2006; Giffin, 1994, Araújo, 2005; Maia, 2007; Farris, 2006), o que justifica, por vezes, a 
diferença de idade em que homens e mulheres iniciam sua vida sexual (Borges e Schor, 
2005). Entretanto, no presente trabalho, a idade de “iniciação” foi semelhante em ambos os 
sexos, sendo 17,43 anos para as mulheres e 17,66 anos para os homens. Alguns autores 
relacionam a diminuição dessa diferença com a mudança do pensamento da sociedade, em 
particular, das mulheres (Araújo, 2005; Borges e Schor, 2005). Estudos realizados por 
Borges e Schor (2005) corroboram com os dados encontrados na presente pesquisa. 
 Sobre a opinião dos familiares no que diz respeito a idade da primeira relação 
sexual e ao poder de decisão dos entrevistados sobre a mesma, foi observado grande 
distinção entre homens e mulheres, sendo que quando se trata dos filhos, 81,8% das 
famílias julgam ser direito do rapaz decidir e 82% afirmam que o filho teve sua primeira 
relação com a idade adequada. Em contrapartida, quando se trata das filhas, os números 
caíram significativamente, de forma que 68,1% das famílias acreditam ser uma decisão da 
moça a escolha da idade para iniciar sua vida sexual e apenas 51,8% dizem que a mesma se 
decidiu pela idade certa. Tais resultados mostram claramente a diferença feita entre homens 
e mulheres, citada por Sousa e colaboradores (2006), Giffin (1994), Araújo (2005), Maia 
(2007) e Farris (2006). Apesar disso, em ambos os sexos, a maioria das respostas para a 
relação casamento-sexo foi negativa, ou seja, a maior parte dos familiares dos entrevistados 
aceitam o fato de seus filhos transarem antes do casamento. Isso pode ser consequência da 
forma como o sexo é abordado na Igreja atualmente, formalmente, a mesma considera 
imoral e condena qualquer tipo de relação sexual pré-matrimonial, mas informalmente, ela 
“aceita” ou, pelo menos, “tolera” a relação entre dois adultos, desde que estes estejam numa 
relação séria (Farris, 2006). 
 Outro aspecto que tem íntima relação com a forma como os entrevistados foram 
criados diz respeito a masturbação. A diferença entre os dados foi expressiva, já que 78,1% 
dos homens afirmam praticar, contra 43,8% com relação às mulheres. Quanto a resposta 
contrária, apenas 2,9% dos homens afirmam não praticar, enquanto 22,2% das mulheres 
não praticam. Tais resultados já eram esperados, devido a cultura da sociedade, onde os 
rapazes crescem tendo que demonstrar sua masculinidade (Araújo, 2005), sendo 
incentivados, dessa forma, pelo grupo social ao qual pertence, entretanto as moças tem tal 
ato reprimido e condenado pelo sociedade (Maia, 2007). 
Os dados sobre os fatores influentes na decisão da orientação sexual indicam que 
33% dos entrevistados dizem não terem sofrido influência, 19% afirma terem sido 
influenciados apenas pela família e 12,5% apenas pelos amigos. Entretanto, é necessário 
entender que a sexualidade é intrínseca a personalidade, ou identidade do indivíduo (Farris, 
2006), e, sendo esta influenciada por aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos e 
psíquicos (Marques, 2009), a sexualidade também é influenciada por tais fatores, mesmo 
que de forma inconsciente. 
Dessa forma, conclui-se que ainda existe diferenças entre os gêneros tanto por parte 
dos familiares quanto do grupo social, influenciando o indivíduo nos aspectos da sua 
sexualidade. 
 
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Maia, A. C. B.; Ribeiro, P. R. M. 2010 Desfazendo mitos para minimizar o preconceito 
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Zimmer-Gembeck, M. 2002. The development of romantic relationships and adaptations in 
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ANEXO 
 
Anexo 1. Questionário utilizado na pesquisa. 
QUESTIONÁRIO – SEXUALIDADE 
 
1) Idade*: ___________________ 
 
2) Sexo Biológico*: 
( ) Feminino 
( ) Masculino 
 
3) Grau de Escolaridade*: 
( ) Ensino Fundamental Completo 
( ) Ensino Fundamental Incompleto 
( ) Ensino Médio Completo 
( ) Ensino Médio Incompleto 
( ) Ensino Superior Completo 
( ) Ensino Superior Incompleto 
 
4) Estado Civil*: 
( ) Casado/Vive junto 
( ) Namorando 
( ) Solteiro 
( ) “Fica” Ocasionalmente 
 
5) Orientação*: 
( ) Heterossexual 
( ) Homossexual 
( ) Bissexual 
( ) Transsexual 
( ) Assexual 
 
6) Qual destes fatores teve a maior contribuição na sua orientação sexual?* 
[ ] Família 
[ ]Amigos 
[ ] Escola 
[ ] Outros ___________________ 
 
7) Sua família considera que é um direito seu decidir quando começar a transar?* 
( ) Sim 
( ) Não 
 
8) Sua família considera que somente depois do casamento pode começar a transar?* 
( ) Sim 
( ) Não 
 
9) Você já teve relações sexuais alguma vez?* 
( ) Sim 
( ) Não 
 
10) Se respondeu “NÃO” na questão anterior, vá direto para a questão 18. Se 
respondeu SIM na questão anterior, escreva a idade da primeira transa: 
___________________ 
 
11) Número de relações do último mês: ___________________ 
 
12) Com quantas pessoas diferentes você teve relações sexuais nos últimos 12 meses? 
___________________ 
 
13) Você faz uso de preservativo em todas as transas com parceira(o) fixo(a) ou 
eventual? 
( ) Sim, apenas com parceiros (as) fixos (as) 
( ) Sim, apenas com parceiros (as) eventuais 
( ) Sim, sempre utilizo preservativo 
( ) Sim, eventualmente 
( ) Não, nunca uso preservativo 
( ) Outros ___________________ 
 
14) Qual o método contraceptivo (camisinha, anticoncepcional, ...) mais utilizado por 
você? ___________________ 
 
15) O uso da camisinha deixa o ato sexual menos prazeroso? 
( ) Sim 
( ) Não 
 
16) Sua família sabe que você tem vida sexual ativa? 
( ) Minha família não sabe que tenho relações sexuais 
( ) Minha família sabe que tenho relações sexuais, mas não comentam e perguntam sobre 
( ) Minha família sabe que tenho relações sexuais e comentam/questionam 
 
17) Sua família considera que você já estava na idade de começar a transar? 
( ) Sim 
( ) Não 
 
18) Tem memórias das suas primeiras impressões/sensações/descobertas eróticas?* 
( ) Sim 
( ) Não 
 
19) A educação familiar influenciou a sua forma de viver a sexualidade?* 
( ) Sim, meus pais falam de sexo abertamente comigo 
( ) Não, meus pais não falam de sexo abertamente comigo 
( ) Não, mas meus pais falam de sexo abertamente comigo 
 
20) Você se masturba?* 
( ) Sim 
( ) Não 
( ) Às vezes 
 
21) Qual o nível de satisfação com sua imagem corporal?* 
( ) Não gosto do meu corpo 
( ) Gosto muito pouco do meu corpo 
( ) Mais ou menos 
( ) Gosto do meu corpo 
( ) Gosto muito do meu corpo 
 
* respostas obrigatórias

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