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Religião como Fenômeno Universal

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PUC Minas Virtual • 1 
 
 
 
 Unidade 8 
 
 Cosmologia religiosa 
 uma enigmática semiosfera 
 
 
 
 
 
1. A Religião como fenômeno universal 
No início do terceiro milênio, em um mundo tão modificado pelas conquistas da modernidade, 
a religiosidade, a mística e a religião com todas as suas formas de expressão, continuam a mostrar a 
sua relevância na auto-compreensão do ser humano, no processo de construção do mundo e na in-
terpretação da vida como um todo. Não é sem razão que a religião, como um fenômeno que atinge a 
totalidade da vida humana, enquanto expressão cultural, social, ou mesmo nos mistérios de sua inte-
rioridade, tem sido considerada como um fenômeno universal e de expressivo interesse científico. 
O mundo globalizado e pluralizado, em que vivemos, tem introduzido novas questões para a 
pauta das atenções da humanidade. No interior dos desafios de ordem política e econômica, como a 
fome, a paz e a sustentabilidade ecológica, entre outros, está a religião, envolvida em novo dina-
mismo, articulando, de forma diversa, sentidos radicais que vão determinando os rumos da existên-
cia humana. 
A religião é um fenômeno universal! Não são poucos os testemunhos de estudiosos que nos 
confrontam esta realidade: 
- “Não há povo, por mais primitivo que seja, em que não se veja a religião” (Antropólogo 
Bronislaw Malinowski); 
- “Se encontram no passado, e se encontram até hoje sociedades humanas que não possuem 
ciência, nem artes, nem filosofia. Mas nunca existiu sociedade sem religião” (Pensador 
fancês Henri Bergson); 
- “A religião (...) até épocas recentes era encontrada universalmente em todas as sociedades 
humanas de que temos registro” (Sociólogo Thomas O’Dea); 
- “O homem desenvolveu uma atividade religiosa desde a sua primeira aparição no cenário 
da história e que todas as tribos e todas as populações, de qualquer nível cultural, cultiva-
ram alguma forma de religião” (Pesquisador Batista Mondin. Citado em SIMÕES, Cultu-
ra, p. 11-12) 
A religião, ao longo de sua história, tem sido a grande companheira da humanidade, tirando-a 
de sua solidão no universo, oferecendo uma orientação global, dando sentido às coisas, criando va-
lores e normas, gerando solidariedade, construindo a realidade a fundo, a partir de um sentido últi-
mo e definitivo. Neste sentido, a religião, é a organização mais ancestral e sistemática da dimensão 
utópica inerente ao ser humano, que aposta que o mundo não está definitivamente perdido, mas que 
 
Título: Cosmologia 
 
Autor: Camilo LOS Ribeiro 
 
PUC Minas Virtual • 2 
 
se orienta para uma comunhão plena entre homem e mulher, ser humano e natureza, Deus e a hu-
manidade. (BOFF, Ecologia, p. 63). 
 
 
 
 
 
 
_________________________________________________ 
 
A religião como transcendência do mundo 
 
“A intenção da religião não é explicar o mundo. Ela nasce, justamente, do protesto contra este 
mundo que pode ser descrito e explicado pela ciência. A descrição científica, ao se manter ri-
gorosamente dentro dos limites da realidade instaurada, sacraliza a ordem estabelecida de 
coisas. A religião, ao contrário, é a voz de uma consciência que não pode encontrar descanso 
no mundo, tal como ele é, e que tem como seu projeto transcendê-lo” (ALVES, R. O enigma da 
religião, p. 25, Citado em: BOFF, Ecologia, p. 63-64). 
 
_________________________________________________ 
 
Todavia, os propósitos da religião podem ser orientados para caminhos diversos. A história da 
humanidade, também, está profundamente marcada por experiências negativas de violência, etno-
centrismos, autoritarismos, patriarcalismos, preconceitos, feitos em nome da religião. Atualmente, 
muitos dos conflitos mundiais estão fundamentados no fanatismo e fundamentalismo religiosos; 
basta lembrar os recentes acontecimentos que ficaram conhecidos como “11 de setembro”, a 
“Guerra do Iraque” e o terrorismo ainda em curso. A religião, ainda, tem servido como fundamen-
to de projetos políticos e econômicos desumanizantes, que têm conduzido parte da humanidade para 
a fome, o abandono e a exclusão. 
Desta forma, o fenômeno religioso, tão antigo quanto a humanidade, se apresenta como uma 
realidade sempre atual e desafiante. Refletir sobre ele, significa buscar entender a teia de relações 
vitais na qual ele se constrói e se entende, identificar os elementos dessa construção, suas possíveis 
representações, codificações, interesses e significados. Tal conhecimento é de fundamental impor-
tância, pois permite: 
- Evitar a absolutização da própria experiência religiosa como sendo a única ou a 
melhor; 
- Perceber a relatividade da experiência pessoal em relação às multiplicidade e di-
versidade de experiências humanas, percebendo criticamente seus limites e possi-
bilidades; 
- Sintonizar o ideal com a problemática real, o ideal religioso articulado com a 
complexidade da vida quotidiana; 
- Ampliar os horizontes de compreensão de si mesmo, do homem, da mulher, da na-
tureza, da sociedade e do mundo; 
- Perceber, com seriedade, os condicionamentos de uma cultura na linguagem, no 
agir e em todo o modo de ser, entendendo-a no contexto das muitas culturas; 
- Tomar consciência, no contexto da sociedade globalizada, da parcialidade de toda 
experiência e da necessidade das interações entre o particular e o universal; 
- Perceber as várias formas de aproximação do fenômeno religioso, de dentro, a par-
tir da fé e de fora, a partir das ciências; 
- Pensar o fenômeno religioso, de forma interdisciplinar, dentro do entrelaçado das 
relações sócio-culturais, identificando seus conflitos, limites e possibilidades; 
- Desmistificar os preconceitos para poder possibilitar o dialogo com o diferente; 
PUC Minas Virtual • 3 
 
- Construir um saber crítico sobre a religiosidade, a mística e suas múltiplas expres-
sões no concreto da história; 
 
 Um fenômeno humano 
 
O fenômeno religioso é antes de tudo um fenômeno humano, para entendê-lo é preciso en-
tender o ser humano na sua totalidade, em todas as suas dimensões (biológica, psicológica, social e 
transcendental), inter-relacionando-as. Neste contexto, o objeto de estudo do fenômeno religioso é o 
mundo do sagrado, o universo religioso do ser humano, multiplicado por tantas perspectivas quanto 
as culturas. Aqui vale a observação e a análise da participação desta dimensão no processo de cons-
trução da vida como um todo. 
A dimensão transcendental é inata no ser humano, como afirma Mircea Eliade: “Ser - ou, 
antes, tornar-se – ser humano significa ser religioso” (ELIADE, 1983, p. 14). Desde os mais primi-
tivos traços nas cavernas, que demonstram sua inteligência, o homem manifesta a dimensão religio-
sa. 
 
__________________________________________________________ 
 
A crença humana na divindade 
 
“desde que o homem é homem, ou melhor, desde que documentos conservados (pinturas, 
gravações, esculturas, monumentos funerários, templos etc.), permitem deduzir conclusões 
com algum fundamento e comprovar a existência da crença humana na divindade, bem co-
mo na sobrevivência de algo depois da morte” (Guerra, Manuel, História de las religiones, 
los grandes interrogantes, p. 81. Citado em: HELCION, Religiosidade, p. 11-12). 
 
__________________________________________________________ 
 
É o homem o único capaz da manifestação Religiosa 
 
“Dentre os seres vivos sobre a terra, é o homem o único capaz da manifestação religiosa. 
Essa capacidade é constitutiva do ser humano, como o são a racionalidade, a vontade e a 
liberdade. Por isso todo homem tem em si a capacidade de auto transcendência religiosa. 
As mais diversaspesquisas etnológicas e antropológicas constatam traços de manifestação 
religiosa em todos os grupos humanos, desde os mais primitivos aos mais civilizados. O 
homem se percebe superior à universalidade das coisas (apesar de algumas vezes, por não 
impostar bem sua manifestação, fazer de certas coisas ou de outros homens superiores a si), 
e não se contenta com o anonimato entre os outros seres animais. Penetrando no íntimo 
mais recôndito de si mesmo atinge a própria profundidade real: sua grandeza. Esta mesma 
constatação, porém, evidencia seu limite: existe algo além de si próprio. A dor, a morte, a 
solidariedade e a utopia ocultam e desvelam outras dimensões sem seu coração inquieto” 
(HELCION, Religiosidade, p. 11) 
 
__________________________________________________________ 
 
 
 
 
Homo religiosus 
 
“As descobertas feitas nos últimos vinte anos na África deslocaram os horizontes da paleo-
antropologia. Essa aceleração súbita no conhecimento do passado antigo da humanidade 
permite-nos melhor compreende a emergência do ser humano, sua evolução, sua história e 
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sua especificidade. Esclarece também de modo novo e inesperado a antropologia religiosa. 
A evidência da unidade de origem e da semelhança de comportamento dos seres humanos 
mostra-nos que desde seu aparecimento o ser humano assumiu um modo de existência espe-
cífico. Com efeito, o homo religiosus é reconhecível em cada etapa de seu percurso... Na 
perspectiva das descobertas recentes, a história das religiões obtém, confirma e explicita os 
resultados da paleoantropologia a respeito da unidade do gênero humano e não hesita em 
falar de uma unidade espiritual. De fato, constatamos que, nas culturas muito variadas em 
que se desenrolou sua vida, o homo religiosus fez uma experiência semelhante....” “o homo 
religiosus tem o sentimento da presença de um poder invisível e eficaz que se manifesta por 
meio de um objeto, de um ser, de uma pessoa, revestidos de uma dimensão nova, a sacrali-
dade” (J. Ries, Conclusion. Les perspectives d’une anthropologie du sacré, in J. Ries, org., 
Traité d’anthropolie du sacré. Vol. I: Les origines et le probléme de l’homo religiosus, Pa-
ris, Desclée, 1992, pp. 333s. Citado em LIBANIO, A religião, p. 88). 
 
__________________________________________________________ 
 
O ser humano é um ser que não se contenta em viver enclausurado dentro dos limites da his-
tória, da vida física, do perceptível e compreensível, ele sempre se projeta inquietamente para o 
mais, para o maior, para o além. A sensação de incompletude, de carência que lhe assola a existên-
cia o tempo inteiro, o remete, constantemente, na busca do eterno e definitivo. Esta abertura radical, 
essa projeção infinita do ser humano é o que caracteriza, antropologicamente, sua religiosidade. 
A Religiosidade é, portanto, uma atitude dinâmica de abertura efetiva da pessoa ao sentido 
fundamental, radical de sua existência – seja qual for o modo como este sentido é percebido –, a 
ponto de tornar-se a orientação básica de sua vida. Parte das perguntas: de onde vim? Qual a razão 
de existir? Pra onde vou?, unindo passado, presente e futuro. É uma atitude pessoal de protesto do 
ser com relação ao mundo que ele integra, buscando respostas, soluções existenciais que o extrapo-
lem. Neste sentido, apresenta-se como a dimensão mais profunda da vida, como a matriz de todas, 
capaz de projetar o ser humano para além dos limites, suprir sua ignorância em relação à existência, 
transcendê-lo e determinar seu modo de intervenção na história. 
A religiosidade, como dimensão constitutiva de todo ser humano, é anterior à religião. O ser 
humano é histórico, por isso, sua religiosidade é exteriorizada dentro de sistemas formais (ritos, 
mitos, doutrinas, mistérios, celebrações, reuniões, comunidades, tradições, etc), próprios de seu 
espaço cultural. Esta maneira de viver a religiosidade, no colorido conjuntural das épocas e dos lu-
gares, profundamente marcada pelas circunstâncias históricas, é o que constitui a grande diversida-
de e pluralidade das religiões. As religiões são as respostas, no plural, das perguntas humanas pelo 
sentido, codificando seus mais nobres desejos, anseios e expectativas, suas mais sofridas angústias e 
suas mais profundas esperanças. 
Para viabilizar toda essa experiência que as religiões comportam, o ser humano cria símbo-
los. Ele tem necessidade dos símbolos para a sua orientação e ordenação do mundo em que vive. O 
símbolo é um nexo que une a manifestação terrena e o sagrado que nela se manifesta, constituindo 
uma única experiência. As religiões, portanto, ao nascerem da transparência das manifestações hu-
manas, do quotidiano para a realidade última, apresentam-se, em sua expressão e comunicação, de 
forma obrigatoriamente simbólica. 
O simbolismo religioso abrange especialmente as palavras religiosas (linguagem sagrada: la-
tim, sânscrito, etc), objetos visíveis (representação visual do sagrado), ações (ritual), músicas, dan-
ças, etc. Os símbolos têm um grande papel em todas as atividades religiosas. Não há religião sem 
símbolos. Tudo pode tornar-se símbolo quando há um significado que vai além daquilo que a pes-
soa vê, ouve, sente, cheira ou toca. É próprio do símbolo expressar significados que não podem ser 
percebidos diretamente pelos sentidos. Todavia, toda linguagem simbólica está estreitamente relaci-
onada com seu contexto, a partir de onde ela se faz entender em seu significado. 
 
__________________________________________________________ 
 
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Simbolismo religioso 
 
“O simbolismo acha-se intimamente unido ao mito em toda religião, e é um elemento capi-
tal e universal em que trabalha intensamente a pesquisa científica moderna. Na mentalidade 
e na psicologia religiosa, sobretudo do Oriente, tem simplesmente lugar primacial. Uma di-
cotomia fundamental caracteriza o universo: uma parte das coisas, as sensíveis, simboli-
zam; ao passo que as outras, as divinas, são simbolizados; assim confirma-se a intuição do 
poeta que via no universo ‘floresta de símbolos’ . Mas é preciso compreender o simbolismo 
num sentido bem realista. Não se trata, com efeito, em muitos casos, de simples reminiscên-
cia intencional, mas como que de uma composição real, de um simbiose, de um e de outro 
lado, como no direito e no avesso dum tecido. Então o lado sensível não se limita a simboli-
zar, mas evoca o lado misterioso e invisível que se acha muito além das aparências” 
(SHLESINGER, Hugo et PORTO, Humberto. As religiões ontem e hoje. São Paulo, Pauli-
nas, 1982, p. 251) 
 
__________________________________________________________ 
 
A partir desses pressupostos entendemos a Religião como relegere (reler), ou seja, é preciso 
aprender a decodificar o fenômeno religioso presente em cada contexto. Wittengstein define a reli-
gião como um abajur que ilumina bem um determinado lugar e emite pouca luz para outro contexto. 
Desta forma, não há uma definição que esgote o sentido da religião. Em sua estrutura simbólica, a 
religião apresenta-se sempre revestida de um dinamismo originário, que faz e refaz seu significado 
constantemente. É algo vivo, em constante processo de construção, subordinado à complexidade 
das possibilidades do ser humano conceber o universo inteiro como algo humanamente significati-
vo. 
Como fenômeno humano, as religiões estão subordinadas as condições de possibilidades da 
história, encontrando aí suas riquezas, limites e definições. Por isso não convém falar de religião, 
mas de religiões, para expressar sua pluralidade de formas e complexidade de interpretações. 
 
__________________________________________________________ 
 
Etimologia 
 
“Religio – religião – vem do latim re+ligare que significa “religação do ser humano com 
Deus”. (Lactâncio, Div. Inst.,IV, 28, 2; Rouëtde Journel, Enchiridion Patisticum, n. 635). 
...“Com este vínculo de piedade estamos unidos e re-ligados a Deus: de onde a própria re-
ligião recebe o nome”. Aqui aparece mais a dimensão religiosa do ser humano que se liga 
com Deus. 
Cícero aponta outra versão interpretativa, como Lactâncio mensionou. Religião em de 
re+legere, para indicar uma “Cuidadosa veneração dos deuses” (Cícero, De natura deo-
rum, II 72). Nesse caso considera-se a dimensão objetiva, institucional da religião que sele-
ciona ritos, cultos. Eis o texto de Cícero...“Aqueles que tudo o que pertencia ao culto dos 
deuses conservam cuidadosamente e como que re-liam (tudo isso) são chamados religiosos, 
de re-ler, como os elegantes de e-le(ger), os que amam de escolher, os inteligentes de ‘ler 
dentro’ (o entendido); em todos esses verbos está a força de ‘ler’ que aparece no termo re-
ligioso” (Cícero, De natura deorum, II 72) (LIBANIO, A religião, p. 89-90). 
__________________________________________________________ 
 
Religião como parte da dinâmica social 
 
“Uma definição sociológica da religião é uma definição da religião enquanto parte da di-
nâmica social, influi sobre ela e dela recebe um impacto decisivo. Uma definição sociológi-
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ca da religião é uma definição da religião como fenômeno social, fenômeno social imerso 
numa complexa e movimentada rede de relações sociais. Vale dizer, uma definição socioló-
gica da religião é uma definição que procura recolher e expressar um aspecto das religiões: 
o aspecto de fenômeno social presente em todo fato religioso.” (O. Maduro, Religião e luta 
de classes: quadro teórico para a análise de suas inter-relações na América Latina, Petró-
polis, Vozes, 1981, p. 41. Citado em: LIBANIO, A religião, p. 113). 
 
__________________________________________________________ 
 
Religião como realização sócio-individual 
 
“Religião é a realização sócio-individual (em doutrina, costume, freqüentemente ritos) de 
uma relação do homem com algo que o transcende e a seu mundo, ou que abrange todo o 
mundo, que se desdobra dentro de uma tradição e de uma comunidade. É a realização de 
uma relação do homem com um realidade verdadeira e suprema, seja ela compreendida da 
maneira que for (Deus, o Absoluto, Nirvana, Shûyatâ, Tao). Tradição e comunidade são 
dimensões básicas para todas as grandes religiões: doutrina, costumes e ritos são suas fun-
ções básicas; transcendência (para cima ou para dentro, no espaço e/ou no tempo, como 
salvação, iluminação ou libertação) é sua preocupação básica” (H. Küng, Introdução: o 
debate sobre o conceito de religião, in Concilium 1986/1, n. 203. Pp. 5-10; aqui p. 8. In: LI-
BANIO, A religião, p. 91). 
 
__________________________________________________________ 
 
Religião como relacionamento pessoal do homem com Deus 
 
“Forma concreta, visível e social, de relacionamento pessoal e comunitário do homem com 
Deus. Conjunto sistemático de ritos, costumes, atos e palavras culturais, relações humanas, 
patrimônio escriturístico e sapiencial. No caso concreto, significa a religião um todo de 
homens fiéis a mesma crença, dados a idênticos atos de culto e concordes no procedimento 
moral. Importa distinguir entre a religião como dimensão interior do homem (religio subi-
ectiva) e a religião como instituição externa exprimimdo-se em crenças e práticas pessoais 
ou coletivas (religio obiectiva)” (SHLESINGER, Hugo et PORTO, Humberto. As religiões 
ontem e hoje. São Paulo, Paulinas, 1982, p. 251). 
 
__________________________________________________________ 
 
A religião pode, ainda, ser definida a partir de seu objeto (religião como crença em seres so-
brenaturais: Deus, deuses, espíritos etc.), ou a partir de sua função (Religião como um instrumento 
para resolver problemas existenciais, legitimar a ordem social, proteger a pessoa contra a angústia 
etc). 
Desta forma, a complexidade da religião, permite que ela seja compreendida de muitas for-
mas: 
- Como a instituição de um sistema de ritos, práticas, doutrinas, constituições, organizações, 
tradições, mitos, artes que possibilitam a re-ligação com o mundo divino; 
- Como a indicação do caminho da razão, da experiência humana para religar-se com o divi-
no; 
- Como a configuração de um sistema de representação, de orientação, de normatividade; 
- Como a tradução de uma realidade objetiva, uma tradição acumulada e vivida por uma co-
munidade; 
- Como a expressão visível da relação com o sagrado; 
- Como a expressão histórica da relação salvífico entre Deus e a humanidade. 
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Todas as definições de religião propostas mostram que religião é algo que não se conforma 
dentro de uma definição. Assim como não existe a religião perfeita, também não existe uma defini-
ção perfeita. A definição se presta ao serviço de ser mais útil que verdadeira, por que ela é um ins-
trumento de trabalho e não a finalidade da pesquisa. Toda e qualquer definição possui uma subjeti-
vidade inerente que a determina. 
 
 
 
Bibliografia essencial 
 
AZEVEDO, Josimar. O Fenômeno Religioso. 2000. 
 
LIBANIO, J. B. A religião no início do milênio. São Paulo: Loyola, 2002. 
 
BOFF, L. Ecologia, mundialização e espiritualidade. São Paulo: Editora Ática. 1993. 
 
ALVES, Rubem. O enigma da religião. Petrópolis: Vozes, 1975. 
 
MALINOWSKI, B. Magic, Science and Religion, New York, doubleday Books, 1948, p. 17 
 
BERGSON, H. As duas fontes da moral e da religião. Rio de Janeiro, Zahar, 1978, p. 85. 
 
O’DEA, Th. Sociologia da religião. São Paulo: Pioneira, 1969. 
 
MONDIN, B. O homem, quem é ele?. São Paulo: Paulinas, 1980. 
 
SIMÕES, Jorge. Cultura religiosa. O Homem e o Fenômeno Religioso. São Paulo: Loyola, 1994. 
 
RIBEIRO, Helcion. Religiosidade popular, na teologia lationo-americana. São Paulo: Paulinas, 
1985. 
 
SHLESINGER, Hugo e PORTO, Humberto. As religiões ontem e hoje. São Paulo: Paulinas, 1982.

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