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Direito Processual Penal I

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VII PROCESSO PENAL I 
 
[Direito Processual Penal I] . 
 
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GRAU A GRAU B1 GRAU B2 GRAU C 
12/09 07/11 21/11 
 
 O processo penal tem leitura constitucional. 
 Direitos humanos e garantias constitucionais não são incompatíveis ao direito penal. 
 Século XVIII – final do século XVII 
 Período feudal (divino) – modernidade (ciência – a ideia de prova se dá devido a ciência, a 
busca da verdade e mais que isso, a certeza; direitos fundamentais; direito de liberdade) 
“O direito é uma ciência tardia” 
 Discursos criminológicos de não intervenção do Estado diz que deve-se preservar os direitos 
fundamentais, e não a flexibilização desses direitos. O Brasil não conseguiu construir políticas 
criminais que preservam os direitos. 
 - 1823: 1ª Assembleia Constituinte – ruptura 
 Grupo liberal: reforma 
 Grupo escravocrata: status quo 
 - 1824: Constituição Imperial 
 Grupo militar – Deodoro da Fonseca – ruptura 
 Primeira república 
 Decreto do Estado de sítio – suspensão da ordem jurídica // era um instituto 
constitucional 
 Revolução de 30 – Getúlio Vargas – ruptura 
 - 1940: Estado Novo – Ditadura Militar – ruptura 
 DOPS: comunismo 
 Código Penal 
 - 1941: Código de Processo Penal (Itália) 
 O CPP italiano não aceita o princípio da presunção de inocência, o CPP brasileira é 
inspirado no modelo italiano 
 Quase ruptura: Jânio Quadros – “forças ocultas” 
 - 1964: Ruptura 
 AI – 1: vitalicidade 
 AI – 2: suspende o direito ao Habeas Corpus 
 Promulgação da Lei de Anistia 
 - 1988: Constituição Federal 
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 Através da constituição há garantia de direitos fundamentais do cidadão 
 
 
 Fases da vingança [ Estado-Poder] 
1- Vingança Divina: rituais, ordálias. Código de Hamurabi 
2- Vingança Privada: autotutela – justiça com as próprias mãos, lei de Talião 
3- Vingança Pública [Estado – Poder]*: é o monopólio da justiça, sem monopólio da justiça, 
não há processo penal. O que impede o estado de punir é o processo penal, o poder 
(ideia de pena) não pode ser exercido porque é limitado ao processo. 
 A função do processo está a favor do réu, para que exista o exercício do poder de penar é 
necessário que se submeta ao processo, porém, isso não impede completamente o poder de penar. 
A pena é um atributo do estado-juiz, a reprobabilidade da pena incide ao final do processo, com o 
cálculo penal. Aqui, o Estado impõe sua autoridade, determinando que a pena seja pronunciada por 
um juiz imparcial, cujos poderes são juridicamente limitados. A titularidade do direito de penar por 
parte do Estado surge no momento em que se suprime a vingança privada e se implantam os 
critérios de justiça. O que impede o estado de punir é o próprio processo penal, o poder punitivo 
está limitado ao processo. 
 Processo Penal ≠ Processo Civil 
 O Processo Penal é diferente do Processo Civil, porque para que o direito penal só é realizado 
após o processo penal, ou seja, o processo penal é um caminho necessário para a existência da 
efetivação do Direito Penal. Já o Direito Civil não necessita do Processo Civil para se concretizar. O 
princípio da necessidade também demarca o primeiro ponto de ruptura do processo penal com o 
processo civil, evidenciando o equivoco da teoria geral do processo. O Direito Penal, ao contrário do 
Direito Civil, não permite, em nenhum caso, que a solução de conflito, mediante a aplicação de uma 
pena, se de pela via extraprocessual. O Direito Penal não tem realidade concreta fora do Processo 
Penal, ou seja, o Direito Penal não se efetiva senão pela via processual. O processo penal não pode 
ser visto como um simples instrumento a serviço do poder punitivo (direito penal), senão que 
desempenha o poder limitador do poder e garantidor do individuo a ele submetido. Só se admite a 
existência de um direito penal quando ao longo desse caminho forem rigorosamente observadas as 
regras e garantias constitucionalmente asseguradas do devido processo legal. 
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! Não existe delito sem pena, nem pena sem delito e processo, nem processo penal senão 
para determinar o delito e impor uma pena. 
Processo Penal 
Poder → Pena 
↓ 
Processo = Função → instrumentalidade constitucional – preservação dos direitos e garantias 
fundamentais 
Pena 
 ↓ Função do Processo 
 Vítima ←MP ←JUIZ → réu 
 
Processo Civil 
JUIZ 
Autor Réu 
LIDE 
 No processo civil há confissão ficta (revelia), desistência da ação, reconhecimento do direito 
e renúncia ao direito. 
 Só se realiza o direito penal após o processo penal, ou seja, o processo penal é um caminho 
necessário para o direito penal. Já o direito civil não necessita do processo civil para se concretizar. 
Princípio da necessidade: processo + jurisdição. 
 Crimes hediondos: pena máxima; crimes não hediondos: pena mínima. 
 Natureza jurídica do Processo Penal 
 Inicialmente a reação era iminentemente coletiva e orientada contra o membro que havia 
transgredido a convivência social. A reação social é, na sua origem, basicamente religiosa, e só de 
modo paulatino se transforma em civil. Nessa época a vingança era coletiva, que não pode ser 
considerada como pena, porque vingança e pena são dois fenômenos distintos. A vingança implica 
em liberdade, força, disposições individuais; a pena, a existência de um poder organizado. O 
processo penal é um caminho necessário para alcançar a pena e, principalmente, um caminho que 
condiciona o exercício do poder de penar (poder punitivo) à estrita observância de uma série de 
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regras que compõe o devido processo penal. Só se realiza o Direito Penal após o Processo Penal, ou 
seja, o Processo Penal é um caminho necessário para a efetivação do Direito Penal. 
 Teorias do Processo Penal 
 1 – Büllow: TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA 
 O autor é titular do direito subjetivo – a teoria foi feita para o processo civil. Não é obrigação 
do réu provar sua inocência, não tem obrigação de produzir prova contra si – Princípio da Inocência. 
O acusado não é obrigado a participar da reconstituição do crime, bem como não é obrigado a 
comparecer em audiência e não gera perigo ao processo, nem prejuízo – o não comparecimento em 
audiência não gera prisão. 
 Estabelece o rompimento do direito material com o direito processual e a independência 
entre as relações jurídicas que se estabelecem nessas duas dimensões. O processo é visto como uma 
relação jurídica de natureza pública que se estabelece entre as partes e o juiz, dando origem a uma 
reciprocidade de direitos e obrigações processuais. A natureza pública decorre do fato de que existe 
um vínculo entre as partes e um órgão público da administração da justiça, numa atividade 
essencialmente pública, ou seja, o processo é concebido como uma relação jurídica de direito 
público, autônoma e independente da relação jurídica de direito material. O réu passa a ser visto 
como sujeito de direitos e deveres processuais. É uma relação triangular, o acusado não é um mero 
objeto do processo, tampouco o processo não é um simples instrumento para a aplicação do jus 
puniendi estatal. O acusado é parte integrante do processo, em igualdade de armas com a acusação – 
seja ela estatal ou não – e, como tal, possuidor de um conjunto de direitos subjetivos dotados de 
eficácia em relação ao juiz e a acusação. 
 2 – James Goldschimidt: TEORIA DA SITUAÇÃO JURÍDICA 
 Para James, a teoria da relação jurídica são pressupostos de uma situação processual, de uma 
sentença e essas situações abrem “chances” para o réu, enão aproveitadas, gera “risco”. 
 Art. 396 – A/CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir 
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e 
arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos 
arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, 
citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para 
oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
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 ! A acusação tem carga processual (MP) – a carga processual é o ônus da prova. 
 O processo é visto como um conjunto de situações processuais pelas quais as partes 
atravessam, caminham, em direção a uma sentença definitiva favorável. Nega a existência de direitos 
e obrigações processuais e considera que os pressupostos processuais de Bülow são, na verdade, 
pressupostos de uma sentença de fundo. Goldschmidt demonstra o erro da visão estática de Bülow 
ao evidenciar que o processo é dinâmico e pautado pelo risco e incerteza. O processo é uma 
complexa situação jurídica, no qual a sucessão de atos vai gerando chances, que bem aproveitadas 
permitem que a parte se libere das cargas (probatórias) e caminhe em direção a uma sentença 
favorável (expectativa). O não aproveitamento de uma chance e a não liberação de uma carga, gera 
uma situação processual desvantajosa, conduzindo a uma perspectiva de uma sentença 
desfavorável. Às partes não incumbem obrigações, mas cargas processuais, sendo que, no processo 
penal, não existe distribuição de carga probatória, na medida em que toda a carga de provar o 
alegado está nas mãos do acusador, não só porque a primeira afirmação é feita por ele na peça 
acusatória (denúncia ou queixa), mas também porque o réu está amparado pela presunção de 
inocência. Noção de dinâmica, movimento e fluidez do processo, bem como o abandono da 
equivocada e sedutora ideia de segurança jurídica que brota da teoria de Bülow. 
 Nemo tenetur se detegere: não gera nenhum prejuízo processual, pois não existe carga. 
Porém, potencializa o risco de uma sentença condenatória. 
 
3- Fazzalari: PROCESSO COMO PROCEDIMENTO EM CONTRADITÓRIO 
 Modelo processual representado pelo procedimento realizado em contraditório e propõe 
que, ao invés da relação jurídica, se passe a considerar como elemento do processo a participação 
das partes que é constitucionalmente garantida. 
 Dessa forma, o processo moderno passa a exigir um procedimento aberto e dialético, ou 
seja, exige à participação das partes. Assim o processo seria o procedimento estruturado na forma de 
contraditório, que não dispensa a publicidade e a fundamentação. Apenas se estiver estruturado 
desta forma o processo poderá ser considerado legítimo em um Estado Democrático e Social de 
Direito. 
 
 
 
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 Sistemas Processuais 
 Existem 3 modelos de sistema processual: 
 1 – modelo acusatório (Grécia antiga): é um modelo escrito que tinha como fundamento a 
divisão de funções, ou seja, acusar, defender e julgar – não era a mesma pessoa que desempenhava 
essas funções. 
 - Europa Unificada: direito germânico antigo – modelo acusatório, não tinha juiz que 
desempenhava a função de julgar. Existia duelo no judiciário, o juiz era um terceiro longe do 
processo. 
 2 – modelo inquisitório (Igreja/Direito Canônico): deixa de lado as práticas antigas para dar 
destaque ao inquisidor. Havia tribunais eclesiásticos: inquisidor tinha as três funções: acusar, 
defender e julgar. Há concentração nas funções e também possibilidade de tortura. 
 3 – modelo misto (França – 1805): código de procedimento criminal. 
 Inquisição: juiz, acusador (promotor) e advogado. 
 Acusação: juiz e investigador. 
 
 Sistema Processual Brasileiro 
 Código de Processo Penal – 1940 
 Artigo 156/CPP: A prova da alegação incumbirá a quem 
a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, 
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da 
medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir 
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 No Artigo 156/CPP, o réu tem o ônus probatório e na CFRB, quem tem o ônus probatório é a 
acusação. 
 1 – modelo acusatório: Geraldo Prado 
 A CFRB segue o modelo acusatório, limita o poder do juiz e delimita os papéis de acusação, 
defesa e julgamento. Sendo assim, o artigo 156/CPP é inconstitucional à luz do Princípio Acusatório. 
 2 – modelo misto: 
 A investigação é discricionária, administrativa e há concentração de função, ou seja, o 
delegado desaparece no processo. 
 3 – modelo (neo) inquisitório: Aury Lopes Jr. 
 
 Princípios 
[Direito Processual Penal I] . 
 
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1- Princípio da Necessidade: 
Nullum crimen sine juditio 
 A jurisdição se desmembra. Em um primeiro momento, o juiz tem o poder de aplicar a pena e 
o dever, e ainda, a jurisdição é um direito fundamental do réu. A jurisdicionalidade, para alguns 
autores, é um sinônimo do Princípio da Necessidade. 
Processo + Jurisdição: O processo penal é um caminho necessário para alcançar a pena e, 
principalmente, um caminho que condiciona o exercício do poder de penar (poder punitivo) 
à estrita observância de uma série de regras que compõe o devido processo penal. Só se 
realiza o Direito Penal após o Processo Penal, ou seja, o Processo Penal é um caminho 
necessário para a efetivação do Direito Penal. 
1.1- Princípio do Juiz Natural: 
 Tribunal de Nuremberg – Alemanha = Tribunal de Exceção. 
 Art. 5º, XXXVII: veda o juízo ou o tribunal de exceção. O juízo deve ser pré constituído, ou 
seja, antes do fato, tudo deve ser prévio (para todos). 
CFRB 
↓ 
 CPP Regra de competência 
↓ 
COJE 
 
1.2- Princípio da Imparcialidade: 
 O juiz não se confunde com a função/atribuição e os interesses das partes. Neutralidade ≠ 
Imparcialidade, a razão e a emoção estão conectadas. 
 
1.3- Princípio do Prazo Razoável: 
 Não há previsão no CPP. 
 Prisão Preventiva: o estado-juiz deve a jurisdição, é uma prisão que foi feita análise 
de provas que põe o processo em perigo, não há exame de mérito. 
 Complexidade: os processos mais simples devem se resolver em menor prazo 
 Comportamento das partes: carta precatória - a testemunha não comparece, isso 
procrastina o processo resultando na morosidade processual. 
 Art. 59/CPP: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos 
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos 
motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como 
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do 
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crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites 
previstos;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de 
liberdade;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por 
outra espécie de pena,se cabível. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
 Vale também para a Acusação, porque tem força de polícia e todos os aparatos, se arrola 
testemunhas e insiste na mesma testemunha que não consegue ser localizada, a acusação acaba 
colaborando para a morosidade processual. 
2- Princípio da Presunção de Inocência 
 Ônus probatório é exclusivamente da acusação – Art. 156/CPP 
 Para haver crime deve existir a tipicidade (definição legal – tipo penal), ilicitude (ato contrário 
ao direito), culpabilidade (imputabilidade, potencial consciência e exigibilidade = Juízo de 
reprovação). O princípio da presunção de inocência é essencial ao processo penal, a busca da 
verdade viola esse princípio. 
 Dimensão Interna: Tratamento e análise de provas. Aplica-se dentro do 
processo, o juiz deve tratar o réu como inocente desde o início do processo 
até o fim. Quando a prova é inconsistente, deve-se pensar na Presunção de 
Inocência – in dubio pro reu (na dúvida, o réu deve ser absolvido) 
 Dimensão Externa: Imagem. Preservar a imagem do acusado, nos termos do 
Princípio. Há conflito entre o Direito de Informação, o Direito de Imagem e a 
Presunção de Inocência. 
 O processo penal, via de regra, não é sigiloso, apenas o inquérito policial são reservados para 
terceiros. 
 Ex.: crimes sexuais tramitam em sigilo. 
3- Princípio do Contraditório e Ampla Defesa: 
 As duas garantias tem o ponto de vista concreto, não é possível separar uma da outra porque 
a violação do contraditório implica na violação da ampla defesa. 
3.1. Contraditório 
 Formal: audiatur et altera pars: deve-se ouvir a parte contrária, ou seja, dar a parte o direito 
de participar, dar informação para haver uma reação. O contraditório formal exige que o magistrado 
ouça a parte contrária, porém, em atos de investigação é impossível que ocorra o contraditório 
formal, que neste caso será diferido, porque pode atrapalhar a finalidade da fase investigatória. 
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 Substancial/Material:Policentrismo/Contraparticipação*: No século XVIII se dava de forma 
participativa. Na atualidade, não tem como buscar a igualdade, mas a isonomia “tratar 
desigualmente os desiguais”. O reflexo é o tratamento isonômico e não decidir de oficio, há redução 
dos poderes do juiz. O policentrismo e a contraparticipação vão de encontro às leis constitucionais. 
 ! Superação do binômio Informação-Reação 
 Fase Preliminar e Contraditório = Investigação: não há contraditório em fase preliminar, mas 
existem espaços para o contraditório e a ampla defesa: 
- S.V 14/STF 
- Art. 14/CPP 
- EAOAB Art. 7º, XXV 
 Fase Processual e Contraditório: Doutrina de Fazzalari: Só existe processo se há 
contraditório. O contraditório só existe se as partes são isonômicas. Na fase processual há 
pleno contraditório e deve ser observado em cada etapa processual, sob pena de violação 
desse princípio. Módulo processual representado pelo procedimento realizado em contraditório e 
propõe que, ao invés da relação jurídica, se passe a considerar como elemento do processo à 
participação das partes que é constitucionalmente garantida. 
 3.2- Ampla Defesa 
 No princípio da Ampla Defesa, há o binômio “defesa pessoal-defesa técnica”. O advogado, 
junto com o seu cliente, formam uma frente de defesa, o réu e o advogado se conectam devido ao 
direito de liberdade. O advogado não julga ou defende a conduta do réu, mas os direitos 
constitucionais e as prerrogativas é que são defendidas. A ampla defesa assegura todos os meios do 
réu de se defender, o processo existe devido a existência de um réu/acusado. 
 Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de 
prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa. 
 Defesa Pessoal: Não é necessário advogado para essa defesa, é feita no interrogatório (fonte 
de prova e ato de defesa). O interrogatório tem natureza jurídica singular, não é ato de prova, é ato 
de defesa. Se fosse ato de prova, o que é dito poderia ser “falso testemunho” caso o réu mentisse no 
interrogatório. Não tutela a mentira, por isso, não é punível, os direitos constitucionais é que são 
tutelados. Não só no interrogatório, mas também durante os atos processuais (audiência) o réu tem 
o direito ao silêncio. 
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 Defesa Técnica: É composta apenas pelo advogado, o promotor (acusação) não tem 
capacidade postulatória. Além de técnica, é combativa. Na defesa técnica não há direito ao silêncio, 
tendo em vista que essa defesa é exclusiva do advogado. 
 
 Direito de não colaborar: nemo tenetur se detegere 
- Direito ao Silêncio 
- Coleta de Material Genético: 
- Reconstituições, acareações e reconhecimentos 
- Rito do Júri: se o réu fica em silêncio durante o Tribunal do Júri, o promotor 
não pode mencionar que ficou em silêncio, portanto, culpado. 
 Ampla defesa ≠ Plenitude de Defesa: no Tribunal do Júri não basta a ampla 
defesa, há de existir a plenitude de defesa. A plenitude de defesa é exercida 
no Tribunal do Júri, onde poderão ser usados todos os meios de defesa 
possíveis para convencer os jurados, inclusive argumentos não jurídicos, tais 
como: sociológicos, políticos, religiosos, morais etc. Destarte, em respeito a 
este princípio, também será possível saber mais sobre a vida dos jurados, sua 
profissão, grau de escolaridade etc.; inquirir testemunhas em plenário, 
dentre outros. 
Já a ampla defesa, exercida tanto em processos judiciais como em 
administrativos, entende-se pela defesa técnica, relativa aos aspectos 
jurídicos, sendo: o direito de trazer ao processo todos os elementos 
necessários a esclarecer a verdade, o direito de omitir-se, calar-se, produzir 
provas, recorrer de decisões, contraditar testemunhas, conhecer de todos 
atos e documentos do processo etc. O juiz poderá dissolver o conselho de 
Sentença caso a defesa seja fraca. 
Art. 5º, XXXVIII, a/CFRB: todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
XXXVIII - e reconhecida a instituição do júri, com a organização 
que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
 Ausência de Defesa: não poderá ser feita audiência sem advogado. 
- Multas: advogado que não comparece em audiência designada. 
- Advogado Dativo 
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 Prisão e Liberdade 
1. Liberdade é a regra, não precisa ser justificada, o que deve ser justificada é a 
prisão, sendo a liberdade suprimida somente em situações especificas. 
2. Prisão Provisória e Aplicação da Pena 
STF: o supremo é contrário a decisão de que o acusado deve responder em liberdade até que seja 
proferida sentença condenatória, que por sua vez, é provisória pois cabe recurso de apelação e será 
recebido em duplo efeito (suspensivo e devolutivo) e o acusado não poderá ser preso até que seja 
proferida a sentença devido a natureza provisória. Em razão do princípio da presunção de inocência 
deve ser respondido em liberdade. Sendo assim, o STF entende que após o exaurimento de provas 
em vias ordinárias poderá ser expedido mandado de prisão antes de interposição de recurso de 
apelação. Em fevereiro de 2016, o STF passou a permitir execução provisória da pena após a 
confirmação das condenações criminais em segunda instância (Tribunais de Justiça), porque entende 
que é no âmbitodas instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e provas, 
e também a fixação da responsabilidade criminal do acusado. Ainda, o desdobramento do duplo grau 
de jurisdição, uma vez que não são recursos de ampla devolução, não servem ao debate da matéria 
fática probatória. 
 O Princípio da Presunção de Inocência tem respaldo no Pacto de São José da Costa Rica e na 
Constituição Federal. 
 - Pacto de São José da Costa Rica: artigo 8.º, n.º 2, in verbis: "Toda pessoa acusada de delito tem 
direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se comprove legalmente a sua culpa.". 
 - Constituição Federal: Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. 
“É no âmbito das instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e 
provas e, demais disso, a própria fixação da responsabilidade criminal do acusado. Para o 
Ministro Zavascki, os recursos de natureza extraordinária não seriam desdobramento do duplo 
grau de jurisdição, uma vez que não são recursos de ampla devolutiva, pois não servem ao 
debate da matéria fática probatória. Criou-se, nesse contexto, uma verdadeira inversão da 
presunção de inocência a partir da manutenção da condenação pelos tribunais.” 
 
 Prisão em Flagrante 
 A prisão em flagrante de delito dispensa o mandado de prisão. Não tem controle jurisdicional 
anterior, o controle será sempre posterior, é diferente da prisão por escrito. 
 “O flagrante prende por si só”: essa corrente via no flagrante a inexistência de um decreto. 
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Art. 310/CPP: Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá 
fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal; ou 
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos 
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as 
medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente 
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, 
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de 
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. 
 
1. Natureza jurídica: a natureza jurídica não é provisória, nem cautelar (perigo que 
justifica), é pré cautelar: a prisão ocorre no instante em que o delito é cometido. 
2. Legitimidade: juiz, polícia (dever), qualquer pessoa do povo. 
Art. 302/CPP 
Iter Ciminis: conduta do agente 
a) Cogitação - impunível 
b) Preparação - impunível 
c) Execução – direito penal Art. 302, I/CPP 
d) Resultado – direito penal Art. 302, II/CPP 
 
3. Espécies – Artigo 302/CPP 
3.1. Próprio: há verossimilhança – Art. 302,III/CPP: logo após, perseguição, 
presunção:. 
 
3.2. Impróprio: Art. 302, IV/CPP - não há como fazer ligação direta com o crime, 
mais fácil de desconstruir “logo após”, não há perseguição e presunção, bem 
como não há tempo especifico – Art. 290, §1ºCP: desde que haja 
continuidade. 
4. Outras Classificações - Flagrante 
4.1. Forjado (ilegal): o flagrante é criado. Enxerto de drogas e armas, se a polícia 
entra em uma casa sem mandado e não há drogas e armas, para que 
justificar enxertam. 
 
4.2. Preparado e Provocado (crime impossível): Art. 17/CP: impropriedade do 
objeto/ineficácia do meio. Há controle da situação, a conduta progride no 
limite que é conduzida, o ambiente está preparado para a situação, porém, a 
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conduta é ineficaz – esfera de controle total. Já o flagrante provocado, há 
estimulação do flagrante e interrompe o resultado. 
 
 
4.3. Esperado (lícito): a esfera de controle não é total. 
 
4.4. Diferido/Prolatado/Retardado (lícito): ! conivência com crime não gera 
flagrante! 
- Organização Criminosa: a polícia representa para o juiz a ação controlada, o 
delegado presencia o crime e não prende, mas com a autorização do juiz. Sem 
autorização judicial é crime de prevaricação, permite a intervenção, mas deve ter 
ordem de prisão por escrito. 
 
 Morfologia do Procedimento do Flagrante de Delito 
1- Prisão (voz de prisão) Art. 301/CPP 
2- Identidade dos policiais Art. 5º, LXIV/CFRB 
3- Comunicação dos delitos Art. 5º, LXIII/CFRB 
4- Assistência: família Art. 5º, LXII/CFRB e advogados Art. 5º, LXIII/CFRB 
5- Exame de corpo de delito 
6- Comunicação do Juiz Art. 5º, LXII/CFRB e MP = Art. 306/CPP 
 O juiz só poderá decretar a prisão se o MP requerer. 
7- Apreensões e Arrecadações 
 ! Obs.: Crime Permanente: Art. 303/CPP – o iter criminis se prolonga no tempo. Lei de 
Drogas: tráfico “ter em depósito, armazenar” enquanto tiver permanência do crime, enquanto durar 
o sequestro da vítima, em qualquer momento é permitido a prisão em flagrante. 
Crime continuado ≠ Crime Permanente 
 Crime permanente é aquele crime que a sua consumação se estende no tempo. 
Ex: Se um sequestro está em andamento, com a vítima colocada em cativeiro, havendo a entrada em 
vigor, de uma lei nova, aumentando consideravelmente as penas para tal delito, aplica-se de 
imediato a norma prejudicial ao agente, pois o delito está em plena consumação. 
 
 Súmula 711 do STF: "A lei penal mais grave aplica-se 
ao crime continuado e permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade ou da permanência". 
 
[Direito Processual Penal I] . 
 
14 
 
 Crime continuado quando o agente pratica várias condutas, implicando na concretização 
de vários resultados, terminando por cometer infrações penais de mesmas espécies, em 
circunstâncias parecidas de tempo, lugar e modo de execução, aparentando que umas são meras 
continuações de outras. Em face disso aplica-se a pena de um só dos delitos. 
 Portanto, se uma lei nova tiver vigência durante a continuidade, deverá ser aplicada ao 
caso, prejudicando ou beneficiando. 
8- Oitivas: condutor, testemunhas, flagrado – Art. 304/CPP 
9- Nota de culpa – Art. 302,§2º/CPP (não é confissão) 
10- Juiz – Art. 310/CPP 
 Homologa + Liberdade (com ou sem fiança) 
 Homologa + Prisão Preventiva 
 Não homologa + Liberdade 
 Não homologa + Prisão Preventiva (Crítica) 
 Prazo: 24h - os autos devem ser remetidos ao juiz no prazo de 24h e em caso de 
descumprimento do prazo a prisão é ilegal. Art. 306, §ú/CPP e Art. 310/CPP. 
 
 Audiência de Custódia 
 A audiência de custódia é o instrumento processual que determina que todo o preso em 
flagrante deve ser levado à presença da autoridade judicial no prazo de 24h para que esta avalie a 
legalidade e necessidade da manutenção da prisão. 
 - Pacto de São José da Costa Rica Art. 7º, 5. Constitui norma supralegal 
 - Resolução 213/CNJ 
 - Art. 5º,§1º/CFRB 
 Prisão Preventiva 
 Ocorre quando há situação de perigo e pode acontecer a qualquer momento no processo, 
mas não quando houver trânsito em julgado, após o trânsito em julgado é prisão pena. 
Art. 311/CPP 
- fumus commissi delicti: fumaça da infração 
 Análise da prova da materialidade, indícios de autoria. Tipicidade + Ilicitude 
 Ex.: testa se o pó branco é mesmo cocaína. 
 
- periculum libertatis: ordem pública, ordem econômica, garantia da instrução criminal e 
aplicação da lei penal. É a situação de perigo, não é a mesma situação do crime. Não existe prisão 
preventiva sem perigo, sua natureza jurídica é cautelar. 
[Direito Processual Penal I] . 
 
15 
 
Ordem Pública: a corrente majoritária aborda a partir da reiteração criminosa, abalo social, 
resguardo das instituições.É uma categoria possível e não viola a CFRB. Já a corrente minoritária é 
aberta e permite interpretação e quer que seja dito objetivamente a situação do perigo. 
 Ordem Econômica: aspecto macroeconômico: PIB, Bolsa de Valores 
Garantia da Instrução Criminal: tutela o processo e a prova, o sujeito que ameaça 
testemunhas. 
Aplicação da lei penal: situação de perigo se confunde com crime. 
 
 Critérios para decretação da prisão preventiva 
1- Crimes dolosos com pena superior a 4 anos 
1.1- Exceção: crime doloso + violência doméstica (idoso, criança, mulher e 
deficientes) + assegurar medidas protetivas 
2- Crime doloso + reincidência do crime doloso – sem critério de pena 
3- Crime doloso + dúvida sobre a identidade do sujeito 
 
Art. 319/CPP – medidas cautelares diversas da prisão 
 Podem ser cumulativas. São substitutivas e não pode ser decretada a prisão preventiva sem 
analisar o Art. 319. 
Art. 319, VIII/CPP – Fiança 
 Perdimento: Configura-se naquelas hipóteses em que a sentença condenatória transita em 
julgado e o apenado não se apresenta para cumprir a pena. Ocorrerá o perdimento da fiança. 
Consequência: perde o valor integral do valor pago como fiança. Quando a sentença é absolutória ou 
se for houver extinção de punibilidade deve ser devolvido o valor pago a título de fiança. Se a 
sentença e condenatória este valor será utilizado para várias finalidades: pagamento das custas 
processuais, pagamento da pena de multa eventualmente imposta ao réu, pagar eventual valor de 
indenização a vítima e se houver sobra é restituído ao réu. 
 Cassação: Ocorre quando a autoridade policial arbitra fiança de maneira equivocada. Ou 
porque naquela hipótese não poderia ser arbitrada a fiança ou porque o valor arbitrado da fiança foi 
muito baixo. O efeito da cassação a fiança é a restauração da prisão. Não perde qualquer valor. 
 Quebra de fiança: Ocorre toda vez que o cidadão descumpre uma das obrigações que lhe foi 
imposta quando da concessão da liberdade provisória mediante o pagamento de fiança. Se deixar de 
cumprir a obrigação a prisão é restaurada e perde metade do valor que pagou como fiança. 
 
[Direito Processual Penal I] . 
 
16 
 
 Prisão Temporária 
Lei nº 7960/74 
 Origem: Medida provisória 111 
 Requisitos: Art. 1º, I, II e III 
 Legitimidade: delegado e MP. O juiz não pode pedir prisão temporária. 
 Prazo: 5 dias prorrogáveis por mais 5. Lei nº 8072/90: 30 dias prorrogáveis por mais 30. 
 DOPS: perseguição do criminoso político – prisão + interrogatório + tortura. Estado de 
exceção: caso das mãos amarradas. O DOPS surge para dar legalidade à prisão temporária (objetivo: 
investigação). 
 Princípio da Reserva Legal: deve haver lei em sentido estrito. O “Princípio da Reserva Legal”, 
também denominado “Estrita Legalidade”, é, antes de mais nada uma cláusula pétrea, uma vez que 
encontra-se disposto no artigo 5º, XXXIX/CFRB (não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal), é inadmissível sua violação, supressão, ou desrespeito à sua prevalência 
em relação às normas infraconstitucionais. Este princípio é emblemático, pois encontra-se atrelado à 
diversos outros institutos do Direito, como o conceito de crime, a anterioridade, a precisão da 
tipificação, a razoabilidade, e a proporcionalidade. O Princípio da Reserva Legal obriga que o Estado 
atue dentro de severas exigências legais, de modo que torne legítima qualquer condenação ao réu, 
demonstrando, precisamente, a necessidade da aplicação da pena, naquilo que podemos chamar de 
requisitos de observância obrigatória à persecução penal. 
 A reserva legal nos torna imunes ao livre arbítrio do Estado, pois nenhum agente será punido 
imotivadamente, sendo necessária a demonstração clara de indício de autoria de conduta 
previamente tipificada como criminosa, cuja investigação se deu dentro dos limites da Lei, e a 
punição será proporcional ao abalo causado à vítima, para que a pena não se torne leve, ou pesada 
demais ao réu. 
Investigação: Art. 1º, I, II e III, Lei nº 7960/84 
 Fases da investigação 
 1- Fase Preliminar: 
- inquisitorial: é concentrada no delegado 
[Direito Processual Penal I] . 
 
17 
 
- discricionária: contraditório (?) ampla defesa (?) para a doutrina majoritária não há esses princípios 
na fase preliminar. S.v 14 Art. 14/CPP Lei 8906 Art. 7º, XXI 
 Espécies de Procedimentos 
1- Inquérito Policial* - quando há crime de latrocínio, por exemplo. 
2- Procedimento Investigatório Criminal (PIC): comum quando o MP investiga 
 STF: o titular da investigação é o MP e pode investigar diretamente. 
3- Procedimento Administrativo – poder judiciário 
4- Termo Circunstanciado* - crimes de pena não superior a 2 anos. Lei nº 9099 – juizado 
especial criminal. 
 Sujeitos Processuais 
1- Juiz 
a. Imparcialidade 
 Subjetiva: relação com qualquer uma das partes 
 Objetiva: relação com os fatos da causa cuja apreciação lhe é submetida. 
b. Sistema Processual 
Acusatório 
Inquisitório 
Misto 
c. Impedimentos, suspeições e Incompatibilidades (aplica-se também ao promotor) 
Impedimento é matéria de ordem pública, alega-se a qualquer momento. 
Suspeição alega-se na primeira oportunidade em exceção de suspeição. 
 - Teoria da Aparência: Lombroso – características de um criminoso, hoje em dia essa teoria 
é preconceituosa. 
2- MP 
a. Função 
 É o exercício da pretensão acusatória, investiga através do PIC e é titular da ação penal 
pública. 
[Direito Processual Penal I] . 
 
18 
 
b. Parte Processual: acusador e acusado 
c. Pedidos de absolvição/condenação – princípio da legalidade 
3- Acusado e Defensor 
4- Assistente de Acusação 
a. Função 
b. Interesse Processual 
c. Habilitação 
d. Poderes 
 Pode produzir provas, mas tem um limite em relação à prova testemunhal. 
 Sentença absolutória – o assistente pode recorrer da absolvição? O que ele quer no 
processo? A condenação para obter a “justiça”. Se entender que o interesse é patrimonial, obteve o 
interesse patrimonial com a sentença absolutória? Não, porque houve a absolvição, então poderá 
recorrer. Quando a sentença for de absolvição, o assistente pode recorrer porque não tem um título 
judicial. 
 Sentença condenatória – cabe recurso? O interesse patrimonial foi resolvido, porque há o 
título executivo. Mas e se recorrer para aumentar a pena? Alguns admitem esse recurso. O interesse 
processual para aumentar a pena pode não ser reconhecido, e a possibilidade de o juiz não intimar o 
assistente para oferecer o recurso é grande. A sentença condenatória em princípio já satisfez o 
interesse da assistência. 
 O assistente pode oferecer Contrarrazões e Razões: 
 Se a sentença for condenatória, satisfez o interesse da assistência, mas a assistência de 
acusação quer manter essa condenação, e a defesa recorre e o assistente apresenta CR. 
 Apelação: recurso de dois tempos. Não tem uma peça única, há um termo de apelação e um 
prazo de 5 dias para oferecer o termo de apelação, depois tem as Razões no prazo de 8 dias, SÃO 
PEÇAS DIFERENTES EM MOMENTOS DIFERENTES. 
 Termo de Apelação: 
 “fulano de tal vem, por meio de seu advogado interpor recurso de apelação” 
 No júri: “a defesa apela” 
 Razões: é os fundamentos, a análise da prova. 
[Direito Processual Penal I] . 
 
19 
 
 Se a sentença for de absolvição: primeira regra fundamental do assistente de acusação – 
sempre está ao lado e às vezes a um passo atrás do promotor, vai falar depois do promotor, 
etc. primeiro, o MP será intimado para recorrer, se o MP recorrer (oferece o termo de 
apelação mais as razões), nesse mesmo recurso, o assistente oferece razões,pode arrazoar 
os recursos oferecidos pelo MP. 
 Sentença condenatória, o réu recorre com termo mais razões, o MP apresenta CR, o 
assistente oferece CR. Pode acontecer de o MP recorrer porque quer aumentar a pena 
apresentando termo+ razões. O réu oferece CR, e o assistente oferece razoes. 
 ! Há juízes que entendem que nesse caso o assistente não pode arrazoar, porque ele não 
teria interesse, já que a sentença é condenatória e não cabe esse interesse de “justiça”. Não só 
juízes, mas a própria doutrina entende que deve ser dessa forma. 
Ação Penal 
 Conceito: Para o direito processual penal, não é uma ação da parte, vai 
necessariamente envolver um conteúdo diferente, a ação penal tem pretensão acusatória, 
mas essa pretensão não exige a satisfação de um direito subjetivo. O promotor de justiça 
quando se coloca em juízo não vem postular o direito de liberdade, porque a liberdade é um 
direito fundamental indisponível. A pretensão é acusatória que revela um poder 
constitucional, o poder que a CFRB dá de provocar o estado-jurisdição. O juiz é o sujeito que 
pode aplicar a pena. O MP tem um poder/dever constitucional de ser o titular da ação penal, 
denuncia um ilícito. A pena não se aplica ao campo da acusação, a pena é inerente à 
atividade jurisdicional. É o exercício de uma pretensão acusatória, é o direito de acusar, que 
é potestativo. 
Espécies de ação penal 
1- Privada - Somente se procede mediante queixa. Nos delitos de ação penal privada não 
há falar em substituição processual, senão que o ofendido atua, no processo penal, com 
uma pretensão acusatória que lhe é própria e não se confunde com o poder de penar, 
que está a cargo do Estado-juiz. O particular é titular de uma pretensão acusatória e 
exerce o seu direito de ação, sem que exista delegação de poder ou substituição 
processual, ou seja, atua um direito próprio (o de acusar) da mesma forma que o MP nos 
delitos de ação penal de iniciativa pública. Ao ser regida pelos princípios da 
oportunidade/conveniência e disponibilidade, se o querelante deixar de exercer sua 
[Direito Processual Penal I] . 
 
20 
 
pretensão acusatória, deverá o juiz extinguir o feito sem julgamento do mérito ou, 
conforme o CPP, declarar a extinção da punibilidade pela perempção. 
 
2- Pública – é exercida pelo promotor de justiça. 
 Condicionada: Existem delitos em que há reserva um espaço de deliberação a 
vitima, que por sua vez, não pode exercer a pretensão acusatória, mas se 
aguarda a manifestação de vontade da vitima. Essa manifestação é a 
REPRESENTAÇÃO, ou seja, por opção do legislador, determinados crimes o 
Estado entende que deve ouvir a vitima, que a vítima é necessária para dar início 
da pretensão acusatória. O promotor não pode de maneira independente acusar 
o réu. Ex.: lesão corporal leve. A representação pode ser exercida em até 6 
meses contados da data da ciência do autor do fato. Até o oferecimento da 
denúncia pode haver retratação. A ação penal de iniciativa privada será exercida 
pelo ofendido ou seu representante legal através de queixa-crime. A queixa 
deverá conter os mesmos requisitos da denúncia. 
Art. 145,§ú/CP – “somente se procede mediante representação” ou “somente se 
procede mediante requisição no Ministro de Justiça”. 
 
 
 Incondicionada: não é necessária a representação, porque o “dono da ação 
penal” é o promotor. Ex.: homicídio tentado. É a regra geral do sistema penal 
brasileiro, no qual os delitos são objeto de acusação pública, formulada pelo MP 
(estadual ou federal), conforme seja a competência. Essa ação é exercida através 
de denúncia, instrumento processual específico da ação penal de iniciativa 
pública e de atribuição exclusiva do MP. O processo penal somente poderá 
iniciar poderá iniciar por denúncia do MP ou por queixa do ofendido, ou 
representante legal, nos crimes de iniciativa privada. No caso de contravenção 
penal, a acusação será feita por denúncia do MP. A denúncia deverá ser 
oferecida, com o regra, no prazo de 5 dias se o acusado estiver cautelarmente 
preso ou de 15 dias se estiver solto. Esse prazo conta-se da data em que o MP 
receber os autos do inquérito policial, outro instrumento de investigação 
preliminar ou outras peças de convicção (o inquérito não é obrigatório.). 
 
 
 
[Direito Processual Penal I] . 
 
21 
 
Ação Penal Privada Subsidiária da Ação Penal Pública 
 Há um espaço para a vítima “trabalhar”, significa que o crime propriamente dito é um crime 
de ação penal pública na sua essência, mas tendo em vista a omissão dos poderes do estado, permite 
à vítima a propositura da ação penal. 
 Crime: na sua origem é de ação penal pública, mas tendo em vista a omissão do Estado 
permite à vítima o exercício da ação penal privada. 
 Ex.: o sujeito foi vítima de um roubo - Art. 157/CPP é um crime de ação penal pública 
incondicionada - o crime deve ser processado mediante ação penal pública, a subsidiariedade ocorre 
em casos de omissão do Estado. O inquérito tramitou regularmente e foi para o MP, se o acusado 
está preso, o MP tem 5 dias para denunciar, mas se estiver solto, o MP tem 15 dias para oferecer a 
denúncia. “Opinio Delicti” se não for exercida no prazo legal, não oferece a denúncia, ou se não 
requisita diligências, ou se não pede arquivamento, a vítima pode por si só oferecer a inicial 
acusatória. A vítima não oferece denúncia, só quem tem poderes para denunciar é o MP, a vítima 
oferece queixa-crime. Se o promotor requisitar diligências, ou se postular o arquivamento, a vítima 
não pode exercer a ação penal privada. A ação penal subsidiária só ocorre em casos de omissão, da 
inércia do Estado. 
 O prazo começa a contar a partir da carga do inquérito policial. 
 Ex.: injúria racial – precisa de representação é condicionada. O promotor não oferece a 
denúncia, cabe ação penal subsidiária. 
Ação Penal 
 Pública Incondicionada 
 Pública Condicionada 
 Privada 
 Privada Subsidiária da Pública* 
Princípios e Regras 
 Ação Penal Pública – Condicionada ou Incondicionada 
 Obrigatoriedade/Legalidade: o MP tem o dever de oferecer a denúncia sempre que 
presentes as condições da ação (prática de fato aparentemente criminoso – fumus commissi 
delicti; punibilidade concreta; justa causa). A legitimidade é inequívoca diante da titularidade 
constitucional para o exercício da ação penal nos delitos de iniciativa pública. Não estando 
[Direito Processual Penal I] . 
 
22 
 
presentes essas condições, deverá o promotor postular o arquivamento do inquérito policial 
ao juiz. O promotor não poderá arquivar o inquérito, menos ainda a polícia senão postular o 
pedido de arquivamento ao juiz, em última analise, a competência para arquivamento é do 
juiz – Art. 17/CP. A obrigatoriedade encontra síntese nos princípios da oportunidade e da 
conveniência (não adotados no Brasil na ação pública), em que caberia ao MP ponderar e 
decidir a partir de critérios de política criminal com ampla discricionariedade. Em nosso 
sistema isso não existe e, estando presentes os requisitos legais para o exercício da ação 
penal, deverá o MP oferecer a denuncia. O dever de agir faz com que não exista margem de 
atuação entre denunciar, pedir diligências complementares ou postular arquivamento. Ou 
denuncia, se presentes as condições da ação; ou pede diligências complementares, nos 
termos do art. 16/CP; ou postula de forma fundamentada o arquivamento. Mesmo 
postulando o arquivamento, haverá sobre ele um controle jurisdicional, pois determina o art. 
28/CP que, em não concordando o juiz com as razoes apontadas pelo MP no pedido de 
arquivamento, encaminhará o inquérito (ou peças de convicção) para o procurador-geral, 
cabendo a estedecidir entre: oferecer denúncia, designar outro promotor para analisar o 
caso ou insistir no pedido de arquivamento, quando estará então o juiz obrigado a acolhe-lo 
– pois, não pode o juiz acusar ou iniciar o processo sem prévia acusação. Em relação aos 
delitos de menor potencial ofensivo, o MP poderá deixar de propor a ação penal e, em seu 
lugar, ofertar a transação penal. Trata-se de relativização do princípio da obrigatoriedade, 
ou, ainda, de uma nova concepção a ser incorporada no sistema processual penal brasileiro: 
discricionariedade regrada. 
 Indisponibilidade 
 Indivisibilidade 
 Ação Penal Privada 
 Strepitus fori / Strepitus judici 
 Oportunidade/Conveniência 
 Disponibilidade 
 Indivisibilidade 
Condições da Ação Penal 
 São as condições para a acusação (ação) seja admitida, dando início ao processo e permitindo 
que exista uma manifestação judicial sobre o mérito da causa. 
a) Prática de fato aparentemente criminoso: 
[Direito Processual Penal I] . 
 
23 
 
 1 - se houver elementos probatórios de que o acusado agiu- manifestamente- ao 
abrigo de uma causa de exclusão de ilicitude, deve a denúncia ou queixa ser rejeitada com 
base no Art. 395,II/CPP, pois falta uma condição da ação. 
2 - caso esse convencimento somente seja possível após a resposta do acusado, a 
decisão passará a ser de absolvição sumária, nos termos do art. 397. 
3 – havendo provas de exclusão de culpabilidade, como o erro de proibição, por 
exemplo, pré-constituída na investigação preliminar, está o juiz autorizado a rejeitar a 
acusação. 
b) Punibilidade Concreta: deve o juiz rejeitar a denúncia ou a queixa quando houver prova da 
extinção de punibilidade. A decisão de absolvição fica reservada aos casos em que essa prova 
somente será produzida após o recebimento de denúncia (após a resposta escrita do 
acusado). Quando presente a causa de extinção de punibilidade, com a prescrição, 
decadência ou renúncia (nos casos de ação penal privada ou pública condicionada à 
representação), a denúncia ou a queixa deverá ser rejeitada ou o réu absolvido 
sumariamente, conforme o momento em que seja reconhecida. 
c) Legitimidade 
Ação Penal Privada: vítima ou seu representante legal – Art. 30 e 31/CPP 
Ação Penal Pública: MP – Art. 129,I/CFRB 
Legitimidade Ativa: titularidade da ação penal pública mediante denúncia: MP; titularidade 
da ação penal privada mediante queixa: ofendido ou representante legal. 
Ilegitimidade ativa ou passiva: leva à rejeição da denúncia ou queixa nos termos do Art. 
395/II,CPP, ou ainda, permite o trancamento do processo através de habeas corpus, pois 
trata de processo nulo por ilegitimidade da parte (art. 648,IV e art. 564,II/CPP). A 
ilegitimidade permite que seja promovida nova ação, porque a decisão faz apenas coisa 
julgada formal. A rejeição da queixa não impede que o MP ofereça a denúncia. 
d) Justa Causa – Art. 395, III/CPP 
Identifica-se com a existência de uma causa jurídica e fática que legitime e justifique a 
acusação e a própria intervenção penal. 
1. Indícios da autoria e materialidade: deve a acusação ser portadora de elementos 
(geralmente extraídos da investigação preliminar), probatórios que justifiquem a 
admissão de acusação. Caso os elementos probatórios do inquérito sejam insuficientes 
para justificar a abertura do processo penal, deve o juiz rejeitar a acusação. 
2. Princípios limitadores do poder punitivo: quando se fala em justa causa, está se 
tratando de exigir uma causa de natureza penal que possa justificar o imenso custo do 
[Direito Processual Penal I] . 
 
24 
 
processo e as diversas penas processuais que ele contém. Inclusive, se devidamente 
considerado, o princípio da proporcionalidade visto como proibição de excesso de 
intervenção pode ser visto como base constitucional da justa causa. Deve existir, no 
momento em que o juiz decide se recebe ou rejeita a denúncia ou a queixa, uma clara 
proporcionalidade entre os elementos que justificam a intervenção penal e processual, 
de um lado, e o custo do processo penal, de outro. 
e) Outras condições: poderes especiais e menção ao fato criminoso na procuração que outorga 
poderes para ajuizar queixa-crime – Art. 44/CPP; a entrada no agente no território nacional, 
nos casos de extraterritorialidade – Art. 7º/CP; trânsito em julgado da sentença anulatória do 
casamento no crime do Art. 236,§ú/CP; prévia autorização da Câmara dos Deputados nos 
crimes praticados pelo Presidente ou vice da República, bem como pelos Ministros de Estado 
– Art. 51,I/CFRB. Em qualquer desses casos, a denúncia ou queixa deverá ser rejeitada nos 
termos do Art. 395,II/CPP. 
Lei Processual no Tempo e no Espaço 
 Em que local se aplica a lei processual brasileira? Não tem possibilidade de 
extraterritorialidade, o único espaço físico é o território nacional – Princípio da Territorialidade. 
 Lei Processual Penal no Tempo 
 O princípio da imediatidade, previsto no Art. 2º/CPP, segundo o qual as normas processuais 
penais têm aplicação imediata, independentemente se serem benéficas ou prejudiciais ao réu, sem 
efeito retroativo. 
Doutrina Majoritária: tempus regit actum 
Lei “Y”---------------------------Lei “X” 
 Citação Jan. 2018 
 Ago. 2017 
A lei Y não tem ultratividade, a lei “X” não retroage, se aplica imediatamente aos fatos. 
Doutrina minoritária 
 Lei Processual Penal no Espaço 
 Vige o princípio da territorialidade, no Art. 1º/CPP, não havendo a mesma 
problemática do direito penal, que admite a extraterritorialidade. Assim, a lei penal pode ser 
[Direito Processual Penal I] . 
 
25 
 
aplicada fora do território nacional nos casos do Art. 7º/CP, mas as leis processuais penais 
não podem, pois não possuem a extraterritorialidade. 
Intimações e citações 
 MP: intimação pessoal 
 Defensoria: intimação pessoal 
 Testemunhas ou Vítima: intimação pessoal – por mandado ou AR 
 Réu: intimação pessoal por mandado 
 Advogados: publicação oficial – NE ou pessoal 
 A citação pode ocorrer por hora certa ou por Edital. Se a citação for por edital, 
suspende o processo e a prescrição, e depois volta a fluir. 
 Contagem de Prazos 
Conta final de semana, o dia seguinte do mandado deve ter expediente forense. 
Prova Penal 
 Reconstrução do fato histórico: o processo tem por finalidade buscar a 
reconstituição de um fato histórico (o crime sempre é passado, logo, fato histórico), 
de modo que a gestão da prova é erigida a espinha dorsal do processo penal, 
estruturando e fundando o sistema a partir de dois princípios informadores: Princípio 
dispositivo: funda o sistema acusatório, a gestão das provas está nas mãos das 
partes; Princípio Inquisitivo: a gestão das provas está nas mãos do julgador. O 
processo penal é um instrumento de reconstrução aproximativa de um determinado 
fato histórico, sendo as provas o meio através dos quais se fará a reconstrução. 
 Verdade Real x Verdade Formal: a verdade real está intimamente ligada ao sistema 
inquisitório, com o interesse público, cláusula geral que serviu de argumento para 
maiores atrocidades; com sistemas políticos autoritários; com a busca de uma 
“verdade” a qualquer custo, chegando a legitimar a tortura em determinados 
momentos históricos; e com a figura do juiz inquisidor. A verdade formal é mais 
controlada quanto ao método de aquisição e mais reduzida quanto ao conteúdo 
informativo de qualquer hipotética verdade real. A verdade processual não pretende 
ser a verdade, não é obtida mediante indagações inquisitivas alheias ao objeto do 
processo, massim condicionada em si mesmo pelo respeito aos procedimentos e 
garantias da defesa. A decisão judicial não é a revelação da verdade – material, 
[Direito Processual Penal I] . 
 
26 
 
processual, divina- mas um ato de convencimento formado em contraditório e a 
partir do respeito às regras do devido processo. 
 Ideal razão 
 Prova Ilegítima e Prova Ilícita: art. 5º,LVI/CFRB: é inadmissível provas obtidas por 
meios ilícitos. A prova ilícita é aquela que viola regra de direito material ou a CFRB 
no momento de sua coleta, anterior ou concomitantemente ao processo, mas 
sempre exterior ao processo. Embora, servindo de forma imediata, também a 
interesses processuais, é vista, de maneira fundamental, em função dos direitos que 
o ordenamento reconhece aos indivíduos, independentemente do processo. Em 
geral, ocorre uma violação da intimidade, privacidade ou dignidade (interceptação 
telefônica ilegal, quebra ilegal de sigilo bancário). A prova ilegítima é quando ocorre 
violação de uma regra de direito processual penal no momento da sua produção em 
juízo, no processo. A proibição tem natureza exclusivamente processual, quando for 
imposta em função de interesse atinentes à lógica e à finalidade do processo. 
(juntada fora do prazo, prova unilateralmente produzida). 
Teorias sobre a Admissibilidade das Provas Ilícitas 
 Admissibilidade Processual da Prova Ilícita: a prova deve ser admitida desde que 
não seja vedada pelo ordenamento processual. Não interessa a violação do Direito 
Material. Essa corrente é minoritária, entendem que o responsável pela prova ilícita 
poderia utilizá-la no processo, respondendo em outro processo pela eventual 
violação da norma do direito material, que poderia construir um delito ou mesmo 
um ilícito civil. Não interessa a violação do direito material, apenas a vedação 
processual. Crítica: nasce da situação paradoxal criada: um mesmo objeto, diante 
da ilicitude com que foi obtido, seria considerado como corpo de delito para ensejar 
condenação a alguém e, ao mesmo tempo, seria perfeitamente válido para produzir 
efeitos no processo penal. No Brasil, essa teoria não encontra qualquer abrigo na 
jurisprudência. 
 Inadmissibilidade Absoluta: defendem essa posição os que fazem leitura literal do 
Art. 5º, LVI/CFRB. Nos casos em que 
Sistemas de valoração 
1. Prova tarifada: significa dizer que todas as provas têm seu valor prefixado pela lei, 
não dando ao magistrado liberdade decidir naquele caso concreto, se aquela prova 
[Direito Processual Penal I] . 
 
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era ou não comprovadora dos fatos, objeto do caso penal. O objetivo deste sistema é 
limitar o julgador ao valor ou meio de prova que a lei impõe a determinado fato, não 
permitindo ao magistrado valorar de acordo com seu arbítrio. É o caso do exame de 
corpo de delito em infrações penais que deixam vestígios. O juiz não precisa 
fundamentar a sua decisão e, muito menos, obedecer a critérios de avaliação de 
provas. O julgador está livre para valorar a prova – íntima convicção, sem que sequer 
tenha que fundamentar sua decisão. 
2. Livre Convencimento/Persuasão Racional: sustenta a garantia da fundamentação 
das decisões – Art. 155/CPP. 
__________________________________________________________________________________ 
Prova Ilícita Derivada 
1.

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