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Universidade Federal de Lavras – UFLA
Centro de Educação a Distância – CEAD
GÊNEROS TEXTUAIS E
DISCURSIVOS
Guia de Estudos
Helena Maria Ferreira
Mauricéia Silva de Paula Vieira
Lavras/MG
2013
Gêneros textuais e discursivos
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos
da Biblioteca da UFLA
Ferreira, Helena Maria.
 Gêneros textuais e discursivos : guia de estudos / Helena 
Maria Ferreira, Mauricéia Silva de Paula Vieira. – Lavras : 
UFLA, 2013.
 115 p. : il. 
 
 Uma publicação do Centro de Educação a Distância da 
 Universidade Federal de Lavras.
 1. Formação de professores. 2. Gêneros textuais. 3. Gêneros
discursivos. I. Vieira, Mauricéia Silva de Paula. II. 
Universidade Federal de Lavras. III. Título.
 CDD – 
372.6 
2
Gêneros textuais e discursivos
Governo Federal
Presidente da República: Dilma Viana Rousseff
Ministro da Educação: Aloizio Mercadante
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
(CAPES)
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Reitor: José Roberto Soares Scolforo
Vice-Reitora: Édila Vilela Resende von Pinho
Pró-Reitora de Graduação: Soraya Alvarenga Botelho
Centro de Educação a Distância
Coordenador Geral: Ronei Ximenes Martins
Coordenadora Pedagógica: Elaine das Graças Frade
Coordenador de Projetos: Cleber Carvalho de Castro
Coordenadora de Apoio Técnico: Fernanda Barbosa Ferrari
Coordenador de Tecnologia da Informação: Raphael Winckler de Bettio
Departamento de Ciências Humanas
Letras Português (modalidade à distância)
Coordenadora do Curso: Mauricéia Silva de Paula Vieira
Coordenadora de Tutoria: Débora Cristina de Carvalho
Revisor Textual: Marco Antônio Villarta-Neder
3
Gêneros textuais e discursivos
Sumário
UNIDADE 1........................................................................................................5
TEXTO, CONTEXTO E DISCURSO................................................................5
1.1 Texto e Discurso.......................................................................................6
1.2 Texto......................................................................................................16
1.3 Texto e Contexto.....................................................................................19
UNIDADE 2......................................................................................................28
GÊNEROS DISCURSIVOS E GÊNEROS TEXTUAIS: SISTEMATIZANDO 
E APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS.............................................28
2.1 Os gêneros na Antiguidade Clássica......................................................29
2.2 Gêneros discursivos e gêneros textuais:.................................................31
2.3 Gêneros discursivos................................................................................32
2.3.1 Bakhtin e os estudos sobre os gêneros discursivos.........................32
2.3.3 A teoria dos gêneros em Marcuschi ...............................................47
2.3.4 A teoria dos gêneros em Bazerman.................................................51
UNIDADE 3......................................................................................................54
TIPOS TEXTUAIS E SUPORTES TEXTUAIS...............................................54
3.2 Analisando os tipos textuais....................................................................65
3.3 Os suportes textuais................................................................................82
UNIDADE 4 ....................................................................................................86
GÊNEROS ORAIS E ESCRITOS NA ESCOLA: MEDIAÇÕES 
PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM...............................86
4.1 A utilização das sequências didáticas para o estudo dos gêneros textuais 
em sala de aula..............................................................................................97
4.3 Construindo a sequência didática........................................................100
REFERÊNCIAS..............................................................................................113
4
Gêneros textuais e discursivos
UNIDADE 1
TEXTO, CONTEXTO E DISCURSO
5
Gêneros textuais e discursivos
1.1 Texto e Discurso
Ao interagirem por meio da língua, os sujeitos sociais
produzem discursos, ou seja, praticam ações verbais dotadas de
intencionalidade. Os discursos produzidos se manifestam por meio de
textos. Mas...
Nesta unidade, trataremos da noção de texto, contexto e
discurso a fim de compreendermos o tema central de nosso estudo: a
questão dos gêneros textuais e discursivos. Primeiro, vamos refletir
sobre algumas questões:
• Para quê produzimos textos?
• Como os textos circulam socialmente?
• Uma palavra pode ser considerada um texto?
A primeira pergunta pode ser respondida da seguinte forma:
produzimos textos para interagir com alguém. Nós, seres humanos,
nos diferenciamos de outras espécies por nossa capacidade de
linguagem. “Na” e “pela” linguagem nos constituímos e nos
construímos como sujeitos sociais. A faculdade de linguagem pode ser
entendida como uma característica própria e diferenciadora da espécie
humana. Ao utilizarmos a linguagem, estamos utilizando um conjunto
de recursos que nos permitem expressar sentimentos, opiniões,
crenças, desejos, etc. Podemos nos valer de gestos, de cores, de
expressão facial; podemos empregar a linguagem matemática, a
dança, a música, e etc. Podemos, também, nos valer de uma outra
dimensão da linguagem: a verbal, isto é, a linguagem que se estrutura
e se organiza através da palavra, seja falada, seja escrita. Essa
dimensão da linguagem é compreendida como língua. Assim, quando
contamos uma piada a um amigo, ou quando deixamos um bilhete
6
Gêneros textuais e discursivos
escrito para avisar, por exemplo, que iremos nos atrasar para chegar
em casa, usamos a língua/ linguagem com uma intenção comunicativa:
produzir humor, no caso da piada, e avisar sobre o atraso,
considerando-se o bilhete.
Quando utilizamos a linguagem nós produzimos discursos.
Segundo Maingueneau (2001), o termo discurso possui diversos
sentidos. Podemos dizer “o presidente fez um discurso”, “tudo isso é só
discurso”, o discurso islâmico”, “ o discurso dos jovens”, etc. Trata-se,
segundo Maingueneau, de empregos usuais, comuns. Assim, o termo
discurso pode se referir a um enunciado solene (“o presidente fez um
discurso sobre o bolsa família”), a uma fala inconsequente (“o Brasil
erradicou a pobreza”) e o conjunto de textos produzidos em um dado
sistema (“discurso comunista”).
Nas ciências da linguagem, o termo discurso surgiu aliado a
uma concepção de linguagem como atividade interativa. Nessa
concepção, há um conjunto de fatores que nos orientam na
compreensão dos dizeres, dos textos, enfim, dos usos que fazemos da
língua. Trata-se de uma série de fatores reunidos sob o rótulo da
pragmática. Quando falamos em pragmática, estamos nos referindo a
um conjunto de fatores que consideram não só a materialidade
linguística, mas também uma dimensão mais ampla da língua (os
interlocutores, os objetivos, o contexto sócio histórico cultural, etc).
Para fazer referência às produções verbais, orais ou escritas,
não dispomos apenas do termo discurso: utilizamos também os termos
enunciado, frase e texto. O enunciado é compreendido como uma
unidade básica da comunicação verbal, uma sequência dotada de
sentido e sintaticamente completa, considerando-se,ainda, o contexto
em que foi produzido. Essa noção de enunciado opõe-se à noção de
frase, em que uma sequência linguística é analisada fora de contexto.
Vejamos:
7
Gêneros textuais e discursivos
Figura 1: Vagas de emprego
Fonte: http://presencaonline.com/wp-content/uploads/2012/07/h%C3%A1-vagas.png 
Figura 2: Disponibilidade para namoro
Fonte: http://www.vibeflog.com/carlagomes2009/p/25684287 
Figura 3: Vagas para deficientes
Fonte: http://adjcomunicacao.files.wordpress.com/2010/06/arte-ha-vagas.jpg?
w=250&h=181 
8
Gêneros textuais e discursivos
A expressão “Há vaga(s)” pode ser considerada como uma
frase se a considerarmos fora de uma situação comunicativa, de um
contexto comunicacional. Mas, se inscrita na recepção de uma
empresa, ou se nos referimos a uma condição de pessoa que está sem
namorado(a), ou se essa inscrição aparece acompanhada de um
símbolo de um cadeirante, consideramos que temos três enunciados
distintos, uma vez que considerados os aspectos linguísticos e também
a situação de comunicação. Essa acepção de enunciado possui um
sentido equivalente ao de texto. Quando empregamos o termo texto,
estamos nos referindo a produções verbais orais ou escritas,
produzidas como um todo, como uma totalidade coerente.
Consideramos que há interlocutores que procuram interagir em um
determinado contexto, com uma intenção comunicativa. Voltaremos a
essa questão.
 Para compreendermos a relação entre texto e discurso, vamos
analisar o texto a seguir:
O CAPITALISMO MAIS REACIONÁRIO
Tragédia em um ato
Personagens - o patrão e o empregado
Época - atual
ATO ÚNICO
Empregado - Patrão, eu queria lhe falar seriamente. Há 
quarenta anos que trabalho na empresa e até hoje só cometi 
um erro.
Patrão - Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora em 
diante tome mais cuidado.
(Pano bem rápido)
9
Gêneros textuais e discursivos
O texto “O capitalismo mais reacionário”, de Millôr Fernandes,
trata da questão das relações de trabalho entre empregado e patrão. O
título Tragédia em um ato, já nos deixa antever o final da história. A
fala do patrão, embora se refira ao empregado como “meu filho”, traz a
presença de uma voz social, presente em uma ideologia capitalista,
cujo sentido é o de que o empregado não pode errar e de que precisa
tomar mais cuidado. Embora, explicitamente, não haja uma ameaça de
demissão, tal ameaça pode ser inferida se considerarmos não só a
palavra “tragédia” presente no título, mas também o nosso
conhecimento sobre os pilares do capitalismo, sistema que busca o
lucro acima de tudo.
Há, no texto, um discurso capitalista e as posições sociais são
bem definidas: o patrão e o empregado. O termo discurso, nesse
sentido, refere-se
ao uso da língua em um contexto específico, ou seja, à
relação entre os usos da língua e os fatores extralinguísticos
presentes no momento em que esse uso ocorre. Por isso, o
discurso é o espaço da materialização das formações
ideológicas, sendo por elas determinado. Nesse sentido,
pode ser visto como uma abstração, porque corresponde à
“voz” de um grupo social. (ABAURRE; ABAURRE, 2007, p.
10).
Assim, há o discurso capitalista, o discurso ambiental, o
discurso feminista, o discurso nacionalista, etc. Tais discursos se
sustentam em sistemas sociais de representações, de normas, de
regras, de preceitos e de valores que procuram explicitar a realidade e
regular comportamentos. Esses sistemas sociais são como filtros que
organizam uma cultura e mesmo que não percebamos a existência
desses filtros, eles estão sempre presentes e é por esses filtros que
avaliamos a realidade em que estamos inseridos. Tais sistemas sociais
são as formações ideológicas, um conjunto de valores e de crenças
que permeia a sociedade em dado momento sócio histórico.
Vejamos o texto publicitário, a seguir, para compreendermos
10
Gêneros textuais e discursivos
melhor essa questão:
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/2010/08/11/sua-mulher-vai-
bater-o-fusca/ 
 
A propaganda anterior foi veiculada para um determinado
público- alvo e argumenta que uma das razões para que o homem
adquira um Volkswagen é o fato de que um dia, “mais cedo ou mais
tarde sua esposa vai dirigir”. O texto é construído a partir das
vantagens e das facilidades para se trocar peças do Volkswagen. Há
um discurso presente: o fato de que mulher não sabe dirigir e que
pode bater o carro, amassar o capô, soltar o para-choque. etc. Tal
discurso perdurou durante muito tempo e ainda faz parte da crença de
alguns que saem com piadinhas como: “mulher no volante, perigo
constante” ou “mulher não precisa tirar carteira para ser piloto de
11
Gêneros textuais e discursivos
fogão”. Claro que se considerarmos o momento atual, veremos que
muitas seguradoras de automóveis têm preços mais atraentes para as
mulheres uma vez que há dados que comprovam o menor
envolvimento do sexo feminino em acidentes com carros. Mas, a
piadinha não deixa de estar alicerçada em uma crença, ou em uma
ideologia sobre a mulher. Trata-se, portanto de uma formação
ideológica. 
As diferentes visões de mundo/formação ideológica sobre
determinado referente (mulher, homem, empregado, patrão) se
materializam nos textos através da linguagem. A cada formação
ideológica corresponde uma formação discursiva. Uma formação
discursiva pode ser compreendida como
um conjunto de temas (categorias ordenadoras do mundo
natural: alegria, medo, vergonha, solidariedade, honra,
liberdade, opressão, etc.) e de termos (elementos que
estabelecem uma relação com o mundo natural: mesa,
carro, árvore, mulher, etc.) que concretizam uma visão de
mundo específica. (ABAURRE; ABAURRE, 2007, p.07)
Em outros termos: as formações discursivas são formações
componentes das formações ideológicas. Cada visão de mundo está
ligada a um contexto mais amplo, que envolve discussões sociais,
políticas, religiosas, etc. Desse modo, uma formação ideológica não é a
atitude de uma pessoa, mas é um conjunto de representações que
estão ligadas a determinada classe/grupo social. 
 Quando interagimos com alguém, interagimos por meio de
textos, ou seja, nosso discurso se materializa no texto. Produzimos
textos orais (conversa, telefonema), textos escritos (bilhete, relatório,
carta) e textos que congregam várias semioses (no e-mail podemos
empregar cores, emoticons, etc) com a finalidade de alcançar
determinado efeito de sentido. Para convencer, podemos empregar um
12
Gêneros textuais e discursivos
discurso mais autoritário ou mais sedutor. Vai depender do nosso
interlocutor, da situação comunicativa, das crenças e dos valores que
nos orientam. Enfim, há uma série de fatores que interferem nos modo
de dizer, ou de produzir um texto.
Socialmente, os textos que produzimos circulam em padrões
mais ou menos estabelecidos, em formas que foram construídas em
um processo histórico e cultural, considerando-se as tecnologias
disponíveis em cada época, as necessidades sócio-comunicativas dos
sujeitos sociais. Por exemplo: a carta e o telegrama dividem espaço
com o e-mail. Os diários e os álbuns de fotografias convivem com os
blogs e com o facebook.
Essa discussão sobre os textos será objeto de estudo na
próxima seção. Agora, iremos refletir sobre o que estudamos, a partir
das atividades propostas.
ATIVIDADES
1.Assista aos vídeos indicados a seguir e reflita: Por que grandes empresasaderiram ao discurso ambiental e sustentável? O que está em jogo?
Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=soStcC3c_TE
Vídeo 2: https://www.youtube.com/watch?v=G2mPJdeSypM&feature=endscreen
Vídeo 3: https://www.youtube.com/watch?v=StTLavxzpac
Produza um artigo de opinião em que você discuta a adesão ao discurso ambiental e
sustentável de grandes empresas.
2. A seguir, apresentamos alguns textos (letra de música, soneto e uma propaganda)
produzidos em diferentes momentos e que foram construídos a partir de
determinadas representações sobre a mulher. Analise, em cada texto, o tema e os
temos (ou imagens) correspondentes à formação ideológica por ela representada.
Para orientá-lo (a), busque informações sobre o texto e o contexto em que foi
produzido. Finalmente, faça um texto discutindo as diferentes
13
Gêneros textuais e discursivos
representações/discursos sobre a mulher, a partir das análises efetuadas. Socialize
as suas discussões com os colegas.
Ai, que saudades da Amélia
Roberto Carlos
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Disponível em: http://letras.mus.br/roberto-carlos/87939/
A D. ÂNGELA
Anjo no nome, Angélica na cara! 
Isso é ser flor e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma tal flor que a não cortara
De verde pé, da rama florescente;
E quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?
14
Gêneros textuais e discursivos
Se pois como Anjo sois dos meus altares, 
Fôreis o meu Custódio e a minha guarda, 
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda, 
Posto que os Anjos nunca dão pesares, 
Sois Anjo que me tenta, e não me guarda.
Gregório de Matos
Fonte: http://www.propagandasantigas.blogger.com.br/
Show das Poderosas
Anitta
Prepara que agora
É a hora do show das poderosas
Que descem e rebolam
Afrontam as fogosas só as que incomodam
Expulsam as invejosas
Que ficam de cara quando toca
Prepara
Se não tá mais à vontade, sai por onde entrei
Quando começo a dançar eu te enlouqueço, eu sei
Meu exército é pesado e a gente tem poder
15
Gêneros textuais e discursivos
Ameaça coisa do tipo: Você
Vai! Solta o som, que é pra me ver dançando
Até você vai ficar babando
Pare o baile pra me ver dançando
Chama atenção à toa
Perde a linha, fica louca
http://letras.mus.br/mc-anitta/show-das-poderosas/
Após as atividades, vamos continuar nossa conversa. O que
vem a ser um texto? Uma palavra pode ser considerada texto? Reflita
sobre essas questões e anote a resposta em seu caderno.
1.2 Texto
Etimologicamente, a palavra texto origina-se do latim textum,
que significa tecido, entrelaçamento. Tecer um texto significa “trançar
os fios das palavras”. Definir o que é um texto, embora pareça fácil,
mostra-se uma tarefa complexa, uma vez que esta noção varia de
acordo com a corrente teórica que se adote e também com noções
como língua e linguagem. Assim, um texto já foi considerado como
“frase complexa”, como “signo complexo”, como “ato de fala complexo”,
como “produto acabado de uma concepção discursiva”, como “meio
específico de realização da comunicação verbal”, como “processo que
mobiliza operações e processos cognitivos”, como “o lugar de interação
entre atores sociais e de construção interacional de sentidos” (KOCH,
2006, p. 34). 
Consideramos, embasados em Koch e Travaglia (2000), que o
texto é uma unidade linguística concreta, que é tomada pelos usuários
da língua (falante/ouvinte, escritor/leitor) em uma situação de interação,
como uma unidade de sentido completo que preenche uma função
comunicativa.
Vejamos um exemplo:
16
Gêneros textuais e discursivos
Fonte: http://cardosinho.blog.br/wp-content/uploads/2011/06/charge-duke-para-o-
tempo.jpg
A charge é um texto que circula com a finalidade de criticar,
usando como estratégia o humor. Trata-se de função social. Todo
texto, ao circular socialmente, procura cumprir uma função. Na charge
acima, o tema tratado é o desvio de verbas por parlamentares. Ao
lermos o primeiro quadrinho causa-nos estranheza o fato de o
parlamentar afirmar que nunca fez caixa 2, que nunca aceitou propina
e que nunca desviou verbas. Por que a estranheza? Ora, se o objetivo
da charge é o de criticar, o que haveria de errado em encontrarmos
políticos honestos? Que crítica estaria sendo produzida? Ao lermos o
segundo quadrinho nosso estranhamento se desfaz e achamos graça
no texto, pois a afirmação “meu único defeito é falar mentira” nos faz
reconstruir o sentido de tudo que o parlamentar afirmou no primeiro
quadrinho e percebemos que ele já aceitou propina, já fez caixa 2, e,
também que é mentiroso. Lembramo-nos dos desvios de verba, do
dinheiro na mala, na cueca, dos caixas 2, tão divulgados em nosso
país, e percebemos uma crítica a alguns parlamentares e a alguns
políticos que nos representam.
17
Gêneros textuais e discursivos
IMPORTANTE
Qualquer enunciado, de qualquer tamanho, pode ser considerado um texto. Para
tanto, precisará preencher uma função comunicativa, em uma situação específica de
interlocução.
O texto – oral ou escrito – é composto por enunciados que, articulados entre si,
podem fazer sentido numa dada situação comunicativa, considerando-se os
elementos de contextualização. Assim, na construção do sentido é preciso
considerar os fatores pragmáticos, isto é, quem produziu o texto, com qual o
objetivo, para qual leitor, em que gênero, onde e em que suporte circulará o texto
final. Tais considerações deixam à mostra duas premissas:
1- Não existe sentido pronto no texto;
2- Na produção de sentido é necessário considerar não só a materialidade
linguística (as palavras, as imagens, cores, etc.) mas também o contexto (condições
de produção) e o nosso conhecimento prévio.
Em síntese: o sentido não está dado no texto, mas é
produzido pelo leitor em cada evento de uso de uso da língua. Embora
produza o sentido, o leitor não é livre para produzir qualquer sentido.
Como seres socioculturais, nós, os integrantes de uma mesma cultura
partilhamos conhecimentos, crenças, valores. Partilhamos
conhecimentos linguísticos, textuais, pragmáticos, etc. Assim, o sentido
construído é dependente do contexto sócio histórico cultural em que
estamos inseridos.
Atualmente, é preciso considerar que a globalização e as
tecnologias da informação e comunicação têm possibilitado a produção
18
Gêneros textuais e discursivos
de textos que congregam várias linguagens ou semioses. São os
chamados textos multimodais e ou multissemióticos. A expressão
“multimodal” e ou “multissemiótico” acompanhando o termo texto
engloba, não apenas, aspectos visuais como fotografias, desenhos,
pinturas, caricaturas, mas também a própria disposição gráfica do texto
no papel ou na tela do computador. O termorefere-se, portanto, aos
textos que congregam, em sua constituição, vários recursos
semióticos: sons, escrita, imagens, cores, ícones (emoticons).
1.3 Texto e Contexto
Sempre que lemos um texto precisamos ficar atentos às
circunstâncias de produção que o envolvem. De forma mais
específica, precisamos ficar atentos ao contexto em que o texto se
insere. Mas o que vem a ser o contexto e qual sua importância?
Na leitura e na produção de sentido, é preciso que o leitor
considere uma série de fatores. Vamos imaginar que, em uma
recepção de uma clínica, encontra-se pendurada uma placa com os
seguintes dizeres:
Fonte: http://paolocazu.blogspot.com.br/2009/07/e-proibido-fumar-partir-de-6-de-
agosto.html
Qualquer falante nativo do português sabe que, nesta situação,
há claramente uma intenção, por parte dos proprietários da clínica, de
19
Gêneros textuais e discursivos
que esse texto seja lido e entendido como uma norma a ser seguida e
que a não-observância dessa regra pode provocar uma repreensão
verbal ao infrator. Agora, imaginemos que o enunciado/texto “Proibido
fumar” tenha sido escrito em uma parede de uma galeria de arte, com
um spray de cor preta. E imaginemos que, ao lado desse texto,
apareçam outras proibições como “Proibido beber”, “Proibido viver”,
etc. e, com spray colorido, estivesse a seguinte inscrição na parede “É
proibido proibir”. Os visitantes da galeria, acostumados com exposição
de arte, provavelmente, não entenderiam o texto “Proibido fumar” como
uma proibição explícita ao fumo, tal como interpretariam na situação da
clínica.
Na compreensão de um texto, os falantes mobilizam um
conjunto de conhecimentos para produzir sentido para o que leem ou
ouvem. De um modo geral, consideram:
• A materialidade linguística, isto é, o conjunto se palavras e
de imagens e o modo como estão articuladas;
• Os conhecimentos prévios sobre normas sociais e sobre o
ambiente em que estão inseridos (uma clínica ou uma galeria, por
exemplo);
• A intenção comunicativa de quem o produziu: instituir uma
norma ou provocar uma reflexão de caráter estético.
Vamos analisar outro texto:
20
Gêneros textuais e discursivos
Fonte: http://pontoecontraponto.com.br/category/lingua-portuguesa/ 
21
Gêneros textuais e discursivos
Na leitura desse texto, precisamos considerar:
• A materialidade linguística que constitui o texto: os
elementos verbais (palavras, tamanho das letras), as cores, os
números que definem uma sequência para a leitura, o logotipo, as
instituições envolvidas, etc.
• O gênero textual cartaz de campanha e sua função
social: orientar, informar e instruir sobre o tema;
• O tema proposto relativo à proibição legal de dirigir após
consumo de bebida alcoólica;
• O público-alvo para o qual o texto se dirige: motoristas
jovens.
• A instituição social de onde esse “discurso” partiu. Trata-
se de um discurso institucional que emanou de um poder público.
• A data de veiculação (após a “lei seca”) e o meio em que
o texto foi veiculado.
Todos os elementos elencados nos exemplos anteriores fazem
parte do contexto em que o texto foi produzido. O termo contexto
possui vários sentidos. No início dos estudos sobre o texto, o termo
contexto referia-se ao entorno verbal, isto é, ao contexto linguístico. No
caso, por exemplo, do seguinte trecho “pegar carona com a gatinha
que não bebeu pega muito bem”, o termo bebeu deve ser entendido
em relação à gatinha, que se encontra no início do período. Aos
poucos, o conceito de contexto ampliou-se para dar conta de uma série
de fatores que interferem na produção de sentido, uma vez que a
linguagem se insere no interior de uma cultura, marcada por tradições,
por crenças, por costumes. Assim, o contexto engloba não só o
contexto linguístico (também chamado de cotexto) mas também a
situação de interação imediata, ou o entorno social, político e cultural
em que o texto foi produzido. Engloba, ainda, um conjunto de saberes
que são compartilhados pelos falantes ( saberes linguísticos, de
22
Gêneros textuais e discursivos
mundo, sobre os textos, sobre as regras sociais etc.).
IMPORTANTE
O termo contexto refere-se, portanto:
• ao cotexto, isto é, as sequências verbais encontradas antes ou depois da 
unidade/palavra que queremos interpretar no interior do mesmo texto.
• ao ambiente físico, ou o contexto situacional. Por exemplo, unidades como 
“eu”, você”, “aqui” podem ser interpretadas pelo contexto situacional da interação.
• aos saberes anteriores, isto é, os conhecimentos prévios que possuímos.
Por exemplo, sabemos que a lei seca foi instituída no país recentemente.
Vamos agora responder a outra questão: qual a importância do
contexto?
Koch (2006) elenca os seguintes motivos que justificam a
importância do contexto:
a- Certos enunciados são ambíguos, mas o contexto permite
fazer uma interpretação unívoca.
b- O contexto permite preencher as lacunas do texto. Todo
texto possui lacunas a serem preenchidas e o contexto nos permite
preencher tais espaços.
c- Os fatores contextuais podem alterar o que se diz. Por
exemplo, se alguém diz “Que bonito!”, saberemos se se trata de um
elogio ou de uma crítica pelo tom empregado.
d- O contexto justifica por que se disse isso e não aquilo.
Nosso dizer é escolhido de acordo com o contexto em que estamos
inseridos. Seguimos as regras desse contexto e por isso dizemos que é
o contexto que nos permite dizer o que dizemos.
Vamos ler a charge a seguir para compreendermos a
importância do contexto:
23
Gêneros textuais e discursivos
Fonte:http://venicios.blogspot.com.br/2009/11/apagao-no-congresso.html
Essa charge foi publicada em 2009, após um apagão que
ocorreu em diversos estados do país. Se observarmos a referência
embaixo da charge perceberemos o ano 2009 e o número 11 (o
apagão ocorreu em novembro de 2009). Nesse mesmo ano, diversos
escândalos envolvendo o Congresso estavam presentes na mídia.
Assim, na leitura da charge precisamos considerar a função social do
gênero, a materialidade linguística (articulação entre o texto verbal e as
imagens) e também o contexto extralinguístico (contexto sócio
histórico) em que ela foi produzida.
Para finalizar essa unidade e para sistematizar discussões,
vamos ler um fragmento dos Parâmetros Curriculares Nacionais que
tratam da articulação entre texto e discurso.
O discurso, quando produzido, manifesta-se
linguisticamente por meio de textos. O produto da atividade
discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo,
qualquer que seja sua extensão, é o texto, uma sequência
verbal constituída por um conjunto de relações que se
estabelecem a partir da coesão e da coerência. Em outras
palavras, um texto só é um texto quando pode ser
compreendido como unidade significativa global. Caso
contrário, não passa de um amontoado aleatório de
24
Gêneros textuais e discursivos
enunciados.
A produção de discursos não acontece no vazio. Ao
contrário, todo discurso se relaciona, de alguma forma, com
os que já foram produzidos. Nesse sentido, os textos, como
resultantes da atividade discursiva, estão em constante e
contínua relação uns com os outros, ainda que, em sua
linearidade, isso não se explicite. A esta relação entre o
texto produzido e os outros textos é que se tem chamado
intertextualidade.
Todo texto se organiza dentro de determinado gênero em
função das intenções comunicativas, como partedas
condições de produção dos discursos, as quais geram usos
sociais que os determinam. Os gêneros são, portanto,
determinados historicamente, constituindo formas
relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na
cultura.
Interagir pela linguagem significa realizar uma atividade
discursiva: dizer alguma coisa a alguém, de uma determinada forma,
num determinado contexto histórico e em determinadas circunstâncias
de interlocução. Isso significa que as escolhas feitas ao produzir um
discurso não são aleatórias — ainda que possam ser inconscientes,
mas decorrentes das condições em que o discurso é realizado. Quer
dizer: quando um sujeito interage verbalmente com outro, o discurso se
organiza a partir das finalidades e intenções do locutor, dos
conhecimentos que acredita que o interlocutor possua sobre o assunto,
do que supõe serem suas opiniões e convicções, simpatias e
antipatias, da relação de afinidade e do grau de familiaridade que têm,
da posição social e hierárquica que ocupam. Isso tudo determina as
escolhas do gênero no qual o discurso se realizará, dos procedimentos
de estruturação e da seleção de recursos linguísticos. É evidente que,
num processo de interlocução, isso nem sempre ocorre de forma
deliberada ou de maneira a antecipar-se à elocução. Em geral, é
durante o processo de produção que as escolhas são feitas, nem
25
Gêneros textuais e discursivos
sempre (e nem todas) de maneira consciente.
 Pensar em textos, orais ou escritos, como padrões recorrentes
de linguagem nos remete a questões sobre os gêneros textuais e
discursivos, conceito que será abordado na próxima unidade.
IMPORTANTE
• Os termos formação ideológica e formação discursiva estão ligados a 
estudos no campo da Análise do Discurso. 
• A formação ideológica tem como um de seus componentes uma ou várias 
formações discursivas. Assim, os discursos são regidos por formações 
ideológicas.
ATIVIDADES
Leia os textos abaixo para discutir o conceito de contexto.
Texto 1: Propaganda
26
Gêneros textuais e discursivos
Fonte:http://vpatalano.blogspot.com.br/ 
Texto 2: Charge
Após a leitura dos dois textos, produza um texto, mostrando qual a importância do
contexto para a produção do sentido:
27
Gêneros textuais e discursivos
UNIDADE 2
GÊNEROS DISCURSIVOS E GÊNEROS
TEXTUAIS: SISTEMATIZANDO E
APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS
28
Gêneros textuais e discursivos
2.1 Os gêneros na Antiguidade Clássica
O estudo sobre os gêneros esteve, ao longo da história da
humanidade e das investigações sobre a língua(gem), ligado, de
alguma forma, à tentativa de classificação de diferentes aspectos da
realidade, principalmente de fatos linguísticos. Assim, tanto o objeto de
estudo em si (como a oratória, a literatura,...), quanto o modo de
classificar os diferentes gêneros, assim como a determinação dos
fatores predominantes nessa classificação, fizeram com que diferentes
estudos, em diversos campos do conhecimento, surgissem e se
desenvolvessem. Nesse contexto, podemos falar em gêneros retóricos,
que estão ligados aos vários campos do saber desde a filosofia
clássica. Aristóteles propôs, em Arte Retórica, a organização da
oratória em três gêneros: a) o deliberativo (dirigido a um auditório que
se tem a intenção de aconselhar ou dissuadir); b) o forense ou
judiciário (orador acusa ou defende) e; c) o demonstrativo ou epidítico
(discurso religioso ou de repreensão ao cidadão). Esses discursos
seriam definidos pelas circunstâncias em que são produzidos,
considerando a categoria dos seus ouvintes.
Ainda na Antiguidade Clássica, a noção de gêneros passou a
ser relacionar aos textos com valor social ou literário reconhecido.
Assim, o recorte feito contemplou os gêneros literários classificando-os
como líricos, épicos e dramáticos. Essa classificação associa os
gêneros à representação do autor e dos personagens nas obras.
Assim, as obras em que apenas o autor fala, pertenceriam ao gênero
lírico; as em que autores e personagens têm direito à voz, ao gênero
épico; e, ao gênero dramático estariam associadas as obras em que
apenas os personagens falam. Essa divisão estava então
fundamentada no modo de enunciação dos textos. Além disso, o
gênero lírico estaria relacionado ao tempo presente, que
corresponderia à categoria da recordação; o épico, ao passado,
29
Gêneros textuais e discursivos
correspondendo à categoria da apresentação; e o dramático, ao futuro,
correspondendo à categoria da tensão.
Em momento bem posterior, no início do século XX, por volta
da segunda década, com o Formalismo Russo o estudo dos gêneros
ocupa posição de destaque, momento em que se defenderam caráter
evolutivo dos gêneros, considerando tanto o seu desenvolvimento
quanto sua história literária como um processo dinâmico. Para os
formalistas, essa evolução ocorreria nos aspectos constitutivos do
gênero, isto é, forma e função (uma nova forma surgiria uma vez que a
antiga teria esgotado suas possibilidades de exercer determinada
função), ao mesmo tempo em que seria uma resposta ao surgimento
de novos gêneros e/ou ao desenvolvimento de outros. Nesse sentido,
um gênero seria sempre a transformação de outro gênero
anteriormente existente, por inversão, deslocamento ou combinação.
Todorov (1980) destaca a dificuldade da definição de gênero na
literatura moderna, afirmando que não há nada que determine seu
lugar ou sua forma. Assim, os gêneros existem como uma instituição,
revelando traços constitutivos da sociedade à qual pertencem,
funcionando como "horizontes de expectativa" para leitores e como
"modelos de escritura para autores" (p. 163).
Todorov (1980), procurando definir a origem dos gêneros, diz 
que
De onde vêm os gêneros? Pois bem, simplesmente de
outros gêneros. Um novo gênero é sempre a transformação
de um ou de vários gêneros antigos: por inversão, por
deslocamento, por combinação. Um “texto” de hoje (também
isso é um gênero num de seus sentidos) deve tanto à
“poesia” quanto ao romance” do século XIX, do mesmo
modo que a “comédia lacrimejante” combinava elementos
da comédia e da tragédia do século precedente. Nunca
houve literatura sem gêneros; é um sistema em contínua
transformação e a questão das origens não pode
abandonar, historicamente, o terreno dos próprios gêneros:
no tempo, nada há de “anterior” aos gêneros (TODOROV, 1980,
46).
30
Gêneros textuais e discursivos
Podemos perceber que a noção de gêneros, no decorrer da
história, esteve sujeita aos diferentes estágios do desenvolvimento do
pensamento teórico, em variadas áreas do conhecimento, até chegar à
atualidade, quando pesquisadores se ocupam da caracterização do
chamado cibergênero (ARAÚJO, 2003). Alguns gêneros presentes na
Antiguidade foram se modificando de acordo com as demandas
sociais, com as tecnologias e com a cultura. Atualmente, interessa-nos
uma discussão que perpassa os estudos da linguagem: a questão dos
gêneros discursivos e dos gêneros textuais.
2.2 Gêneros discursivos e gêneros textuais:
Os termos gênero discursivo e gênero textual ganham
destaque no cenário dos estudos sobre ensino de língua portuguesa,
sobretudo a partir das diretrizes apresentadas pelos dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, ao postularem que
 (...) a unidade básica do ensino só pode ser o texto.
Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições
de natureza temática, composicionale estilística, que os
caracterizam como pertencentes a este ou aquele gênero.
Desse modo, a noção de gênero, constitutiva do texto,
precisa ser tomada como objeto de ensino.
Nessa perspectiva, necessário contemplar, nas atividades
de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas
em função de sua relevância social, mas também pelo fato
de que textos pertencentes a diferentes gêneros são
organizados de diferentes formas. (BRASIL, p. 23)
 
Entretanto, se há uma clareza em relação à orientação de
que o texto deve se constituir como a unidade de ensino e o
gênero como objeto de ensino, a noção de gênero encontra-se
presente em um terreno em que os termos discursivo e textual
precisam ser explicitados. Esses conceitos estão inseridos em
vertentes teóricas distintas, mas que possuem em comum as
31
Gêneros textuais e discursivos
bases dos estudos de Bakhtin. Segundo Rojo (2005)
(...) a primeira – teoria dos gêneros do discurso – centrava-
se sobretudo no estudo das situações de produção dos
enunciados ou textos e em seus aspectos sócio-históricos e
a segunda – teoria dos gêneros de textos - na descrição da
materialidade textual. (ROJO 2005, 185)
Rojo (2005) esclarece que os trabalhos que adotam a teoria de
gêneros de texto buscam analisar elementos da materialidade relativos
à estrutura ou forma composicional, noções articuladas à linguística
textual. Por sua vez, os trabalhos que adotam a vertente discursiva
tendem a selecionar em suas análises os aspectos da materialidade
linguística relativos à situação da enunciação, ou discursiva, sem
buscar esgotar os aspectos linguísticos ou textuais. A seguir,
discutiremos com mais detalhamento a noção de gêneros discursivos
e a de textuais.
2.3 Gêneros discursivos
2.3.1 Bakhtin e os estudos sobre os gêneros discursivos
Grande parte dos estudos atuais sobre os gêneros buscam em
Bakhtin uma base de sustentação. Teórico da literatura, Bakhtin tornou-
se autor de destaque nos estudos contemporâneos. Para o autor, a
língua é de natureza social e seu estudo deve dar conta da significação
completa. A palavra não existe fora de contexto social e os falantes
servem-se da língua para suas necessidades comunicativas, pois
Na prática viva da língua, a consciência linguística do
locutor e do receptor nada tem a ver com um sistema
abstrato de formas normativas, mas apenas com a
linguagem no sentido de conjunto de contextos possíveis de
uso de cada forma particular (BAKHTIN/VOLOCHINOV,
1992, p,25)
32
Gêneros textuais e discursivos
Para Bakhtin, a língua não pode ser considerada como um
conjunto abstrato de normas e de regras imutáveis e não existe falante
e nem enunciado individualizado. Falante e ouvinte são sujeitos
sociais, históricos e inseridos numa cultura. Esses sujeitos se
constituem nas relações sociais das quais participam e nas interações
que estabelecem com o outro através da linguagem e dos enunciados
que produzem. Esses enunciados pressupõem enunciados que o
precederam e outros que lhe sucederão, constituindo, assim, um
verdadeiro diálogo. Em outras palavras: na interação, todo discurso
concreto se entrelaça a outros discursos, a outras vozes e a outros
pontos de vista, constituindo uma rede ampla de diálogos. Segundo o
autor, o objeto de discurso de um locutor concentra em si uma
pluralidade de vozes. Assim:
O enunciado existente, surgido de maneira significativa num
determinado momento social e histórico, não pode deixar de
tocar os milhares de fios dialógicos existentes, tecidos pela
consciência ideológica em torno de um dado objeto de
enunciação, não pode deixar de ser participante ativo do
diálogo social. (BAKHTIN, 1998, p. 86)
O discurso, segundo Bakhtin, nasce do diálogo. O termo
diálogo, na acepção bakhtiniana, refere-se a toda comunicação verbal
e deve ser compreendido em um sentido amplo, isto é, como
propriedade intrínseca à linguagem e não apenas como uma
comunicação face a face. Todo texto dialoga com outros textos; toda
cultura dialoga com outras culturas. Por isso, na interpretação de um
texto é preciso considerar esses fios dialógicos que se entrecruzam a
outros fios produzidos. Todorov nos esclarece que:
Um discurso não é feito de frases mas de frases
enunciadas, ou, resumidamente, de enunciados. Ora, a
interpretação é determinada, por um lado, pela frase que se
enuncia, e por outro, por sua própria enunciação. Esta
enunciação inclui um locutor que enuncia, um alocutário a
quem se dirige, um tempo e um lugar, um discurso que
33
Gêneros textuais e discursivos
precede e que se segue; enfim, um contexto de enunciação.
(TODOROV, 1980, p. 27)
Partindo da interação entre língua e sociedade, Bakhtin afirma
que, em cada uma das esferas sociais, ou domínios discursivos,
existem “tipos relativamente estáveis de enunciados”- os gêneros do
discurso.
Cada enunciado particular é individual, mas cada campo de
utilização da língua elabora seus tipos relativamente
estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do
discurso. (BAKHTIN, 2003, p.277)
Bakhtin usa o termo “esferas sociais” ou campo de utilização
da língua para se referir aos espaços sociais das atividades humanas.
Assim, há a esfera científica, a literária, a religiosa, a jurídica, a
acadêmica, a familiar, a jornalística etc. e em cada uma dessas
esferas existem necessidades comunicativas específicas. Cada uma
dessas esferas possui, segundo Bakhtin, os “tipos relativamente
estáveis de enunciados”. Esses enunciados estão inseridos nessas
esferas sociais e, portanto, refletem aspectos temporais, históricos
dessa esfera. Refletem ainda a finalidade e as condições de produção
específicas dessas instituições. Por exemplo, na esfera religiosa
circulam ladainhas, salmos, evangelhos e orações, entre outros, que
abordam conteúdos como súplicas de perdão, ensinamentos,
doutrinações e pecado. Por sua vez, na jurídica encontraremos
conteúdos temáticos relativos à normatização e regulamentação de
condutas sociais, a sanções e assim por diante. Na esfera literária,
encontramos poemas, contos, romances que tratam de assuntos
diversos.
Para Bakhtin:
“as formas da língua e as formas típicas de enunciados, isto
é, os gêneros do discurso, introduzem-se em nossa
experiência e em nossa consciência conjuntamente. (...)
Aprender a falar é aprender a estruturar enunciados (porque
34
Gêneros textuais e discursivos
falamos por enunciados e não por orações isoladas e,
menos ainda, é óbvio, por palavras). Os gêneros do
discurso organizam nossa fala da mesma maneira que a
organizam as formas gramaticais (sintáticas). Aprendemos a
moldar nossa fala às formas do gênero e, ao ouvir a fala do
outro, sabemos de imediato, bem nas primeiras palavras
pressentir-lhe o gênero, adivinhar-lhe o volume (extensão
aproximada do todo discursivo), a dada estrutura
composicional, prever-lhe o fim, ou seja, desde o início,
somos sensíveis ao todo discursivo que, em seguida, no
processo da fala, evidenciará suas diferenciações. Se não
existissem os gêneros do discurso e se não os
dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela primeira vez
no processo fala, se tivéssemos de construir cada um de
nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase
impossível.” (BAKHTIN, 2003, p. 302)
Assim, numa situação comunicativa, quando algum dos
participantes começa seu dizer afirmando “agora vou contar uma de
português”, imediatamentenos preparamos para ouvir uma piada e
sabemos que o objetivo do participante é o de produzir humor. Por isso,
Bakhtin afirma que moldamos nossa fala e nossa escuta a essas
formas relativamente de enunciados e que se não houvesse os
gêneros discursivos a comunicação verbal seria quase impossível.
Os gêneros do discurso ou gêneros discursivos estão
intrinsecamente ligados à esfera de comunicação do qual fazem parte
e refletem as condições específicas e as finalidades dessas esferas
através de três elementos básicos, a saber:
35
Gêneros textuais e discursivos
a- Conteúdo temático: A expressão conteúdo temático refere-se aos
temas das diferentes atividades humanas, ou seja, o assunto de que
vai tratar o enunciado em questão. Trata-se de um domínio de sentido.
Por exemplo, vejamos como o tema aquecimento global é tratado em
esferas distintas.
Texto 01
 
Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com.
Texto 02
O aquecimento global é uma consequência das alterações
36
Gêneros textuais e discursivos
climáticas ocorridas no planeta. Diversas pesquisas confirmam o
aumento da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel
Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), da Organização das
Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos
cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse
aumento pode parecer insignificante, mas é suficiente para modificar
todo clima de uma região e afetar profundamente a biodiversidade,
desencadeando vários desastres ambientais.
Texto 3
Os textos 01, 02 e 03, embora tratem do mesmo assunto, são
provenientes de diferentes instâncias. Assim, o texto 01 busca produzir
humor e ao mesmo tempo propõe uma reflexão; o texto 02 busca
informar sobre o aquecimento global e o texto 03 explora as
multiplicidades da linguagem poética.
b- Estrutura composicional: A estrutura composicional corresponde
ao modo de estruturar o texto. Cada gênero apresenta uma
determinada estrutura. Assim, uma carta possui indicação do local e da
data em que essa foi escrita, a saudação e o nome da pessoa para
quem se escreve, o texto propriamente dito, a despedida e o nome de
quem escreve. Uma receita apresenta o título, ingredientes e modo de
fazer. Vejamos:
37
Gêneros textuais e discursivos
 
Além desse aspecto estrutural, o termo estrutura composicional
recobre a organização da narração, por exemplo, que se estrutura em
torno de equilíbrio inicial, conflito, clímax e resolução do conflito; por
sua vez, o artigo de opinião se organiza em torno de um ponto de vista
(tese) e de argumentos que sustentem essa posição.
c- Estilo de linguagem: o estilo de linguagem corresponde à seleção
dos recursos linguísticos (vocabulário, estrutura sintática, escolha
lexical, etc.) que serão empregados em função da esfera em que o
gênero circulará. Assim, o vocabulário poderá ser mais formal o menos
formal, poderá apresentar termos técnicos de determinada área de
conhecimento, por exemplo. A estrutura sintática, por sua vez, poderá
privilegiar uma sintaxe mais simples ou com estrutura mais complexa,
exemplificada por períodos mais longos. As classes de palavras, como
conjunções, verbos, nomes (adjetivos e substantivos) também estão
inseridas no estilo de linguagem. Até mesmo questões relacionadas à
paragrafação e à pontuação estão relacionadas ao estilo de linguagem
38
Gêneros textuais e discursivos
para que um gênero atenda às finalidades comunicativas a que se
propõe.
Vejamos na receita acima o uso dos verbos. Você observou
que na primeira parte (ingredientes) não há a presença de verbos? E
que na segunda parte (modo de fazer) os verbos estão no infinitivo
(colocar, bater, juntar, servir, etc.). Geralmente, no gênero receita, os
verbos são empregados como no exemplo acima, ou então no
imperativo (coloque, bata, junte, sirva etc.), pois tal gênero, como
objetiva instruir o leitor, traz sequências injuntivas.
Para tirar a dúvida, vamos ler o texto a seguir, que circulou na
internet. O texto brinca com estilo de linguagem de um texto científico.
Enquanto faz a leitura, preste atenção no vocabulário, na estrutura
sintática, nos tempos e modos verbais, etc. Vá fazendo anotações e
marcando trechos que achar interessante.
COMO SIMPLIFICAR UM TEXTO CIENTÍFICO
Beto Holsel
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/jokes/simpl-texto.html
Muitos textos científicos são escritos numa linguagem de difícil compreensão para o
grande público. Torna-se necessário traduzi-los para torná-los mais acessíveis ou,
pelo menos, para uma difusão mais extensiva da profundidade do pensamento
científico. Isto pode ser feito com aplicação de um método engenhoso que consiste
na reunião de conceitos fragmentados em outros mais abrangentes que, numa
sucessão progressiva de sínteses - ou estágios - reduzem a complexidade do texto
original até o nível de compreensão desejado.
Se estas colocações parecem ainda obscuras ou abstratas - o que mostra que são
científicas - um exemplo muito simples ilustrará o método e facultará ao leitor
esperto praticá-lo em outros textos. O exemplo que daremos a seguir é o de um
texto altamente informativo em que são discerníveis elementos de Química, Física,
Botânica, Geometria e outras disciplinas.
Como se verificará, entretanto, essa massa de compreensão pode ficar mais
próxima. Ao final do quinto estágio, surgirá, clara e límpida, a síntese mais refinada
daquele texto, antes incompreensível, que brilhará singela e cristalina, evidenciando
a eficácia do nosso método.
TEXTO ORIGINAL
O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de
H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus
officinarum, Linneu, isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar
39
Gêneros textuais e discursivos
que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos
de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de
base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar
de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as
papilas gustativas, sugerindo a impressão sensorial equivalente provocada pelo
mesmo dissacarídeo em estado bruto que ocorre no líquido nutritivo de alta
viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifica, Linneu.
No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no
estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica,
apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões
quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em
consequência da pequena deformidade que lhe é peculiar.
PRIMEIRO ESTÁGIO
A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo
de purificação e refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-
piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente ao paladar, lembrando a
sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar
líquido espesso e nutritivo.
Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando
submetida a uma tensão axial em consequência da aplicação de compressões
equivalentes e opostas.
SEGUNDO ESTÁGIO
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando-se em blocos
sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal, tem o sabor deleitável da
secreção alimentar das abelhas, todavia não muda suas proporções quandosujeito
à compressão.
TERCEIRO ESTÁGIO
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do
mel. Porém não muda de forma quando pressionado.
QUARTO ESTÁGIO
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.
QUINTO ESTÁGIO
Rapadura é doce, mas não é mole.
Agora responda: A qual conclusão você chegou sobre o estilo
de linguagem empregado no texto lido?
Como dito, o texto acima brinca com a linguagem. Mas o que
queremos que você tenha observado é a exploração dos recursos de
linguagem – estilo – em cada uma das etapas. Se observarmos o
primeiro parágrafo (texto original), verificamos que os períodos são
mais longos e complexos, a seleção lexical (palavras) contempla
termos técnicos como “arestas retilíneas”, Saccharus officinarum,
“papilas gustativas”, etc. Tais recursos são adequados aos gêneros que
40
Gêneros textuais e discursivos
circulam no espaço acadêmico e científico. À medida em que o texto se
desenvolve, as mudanças vão ocorrendo em toda a estrutura textual
(vocabulário, extensão etc.) e, ao fina,l temos um provérbio, em um
estilo de linguagem mais simples com frases curtas e a presença da
repetição.
Bakhtin (2003) ressalta, ainda, a natureza heterogênea dos
gêneros do discurso (orais e escritos) e classifica-os como primários e
secundários. Enquanto os gêneros primários se caracterizam por
serem construídos em situações comunicativas verbais espontâneas,
tais como cumprimentos, elogios, bate-papos informais, conversas
telefônicas, etc. os secundários estão presentes em situações
comunicativas culturais mais complexas, e envolvem a escrita.
Entretanto, esta classificação não coloca os gêneros em
compartimentos fechados, uma vez que os gêneros primários podem
tornar-se componentes dos gêneros secundários e, com isso, perdem
sua relação imediata com a realidade.
Interessa-nos, por fim, compreender que ao analisar um texto
sob a perspectiva de gênero discursivo, precisamos considerar não só
a categorização/classificação do gênero e suas características.
Precisamos, ainda, refletir sobre sua finalidade ou função social,
analisar o conteúdo temático, a forma composicional e o estilo de
linguagem empregado. Nas palavras de Silva:
a noção de gênero discursivo reenvia, em ternos
operacionais, a um estudo do uso, (dimensão pragmático-
social), da forma (dimensão linguístico-textual) e do
conteúdo temático dos discursos, (dimensão
temática/macroestrutural) materializados na forma de texto.
Em suma, para se depreender a natureza do gênero
discursivo, as entradas a serem feitas no texto (aqui tomado
como a unidade de análise) hão de contemplar todas as
dimensões que o constituem, caso contrário, se apenas
iluminar uma delas, deixando as outras à sombra,
neutralizando-as, pode-se correr o risco de lidar com outra
realidade linguística e aí criar outro objeto de estudo.
(SILVA, 1999, p. 86) (grifos nossos)
 
41
Gêneros textuais e discursivos
Para concluir esta discussão, apresentamos o trecho a seguir,
retirado de Silva (1999). Tal trecho é bastante esclarecedor sobre os
aspectos que são colocados como relevantes quando se adota o termo
gêneros discursivos.
Historicamente gerados no e pelo trabalho linguístico
empreendido pelos sujeitos, os gêneros discursivos
submetem-se a um conjunto de condições que cercam o
seu funcionamento comunicativo, discursivo, definido em e
por seus processos de produção e recepção, bem como o
seu circuito de difusão, a saber: a instância social de uso da
linguagem (pública ou privada); os interlocutores (locutor e
destinatário); o lugar e o papel que cada um desses sujeitos
representa no processo interlocutivo, os quais, em grau
maior ou menor, sofrem as injunções do lugar social que
cada um ocupa na sociedade; a relação de formalidade ou
não entre eles; o jogo de imagens ali presente e o jogo de
vozes socialmente situadas, orientando o que pode ou não
ser dito e como deve fazê-lo; a atitude enunciativa do
locutor (intuito discursivo) em relação ao seu objeto de dizer
e ao seu destinatário; as expectativas e finalidades deste
aliadas a sua a atitude responsiva em relação ao que está
sendo enunciado; o registro e a modalidade linguística e o
veículo de circulação. Todos esses fatores, em sua relação,
imprimem ao discurso uma configuração peculiar no que
tange a: (i) a abordagem do tema (esta varia conforme as
esferas da comunicação verbal); (ii) o arranjo esquemático
(global) em que o conteúdo semântico se assentará; (iii) os
modos de organização discursivos (atualização da narração,
da descrição, etc.); e, por fim, (iv) a seleção dos recursos
linguísticos (o estilo). Enfim, todos esses fatores orientam o
modo como o discurso se materializa no texto, este
pertencente ao um dado gênero, construído na e por uma
esfera da atividade e comunicação humana. (SILVA, 1999,
p.93)
A seguir, vamos discutir o tema gêneros textuais.
2.3.2 Os gêneros textuais na perspectiva de Bronckart
Para Bronckart (2003), os textos são produtos da atividade
humana. Logo, encontram-se articulados aos interesses, às
necessidades e às condições de funcionamento das formações sociais
no seio das quais são produzidos. Os contextos sociais são diversos e
evolutivos: no quadro de cada comunidade verbal são produzidos e
42
Gêneros textuais e discursivos
circulam diferentes espécies de texto/ gêneros. O autor ressalta que a
noção de gêneros – na Antiguidade, aplicada a textos com valor social
ou literário – sofreu, a partir de Bakhtin, ampliações passando a ser
aplicada ao conjunto de produções verbais organizadas: as formas
escritas usuais e ao conjunto de formas textuais orais.
Bronckart dialoga com Bakhtin e o adota em seu quadro
teórico, reconhecendo o destaque dado por Bakhtin à relação de
interdependência entre o domínio das produções de linguagem e o
domínio das ações humanas. Entretanto, considera que a terminologia
“gêneros discursivos”, empregada por Bakhtin, é flutuante (no conjunto
das obras), devido à própria evolução da obra e às traduções.
Segundo Bronckart, os gêneros discursivos são entidades
vagas e, por isso, são de difícil classificação. Aponta como causas
dessa dificuldade:
1- Diversidade de critérios que podem ser utilizados para
definir um gênero (baseados no tipo de atividade humana
envolvida – gênero jornalístico, científico, etc- , centrados no
efeito comunicativo, referentes à natureza, ao suporte, ao
conteúdo temático, etc);
2- Mobilidade dos gêneros no espaço histórico-cultural:
alguns gêneros reaparecem sob formas diferentes, como o e-
mail, por exemplo, que fez com que o gênero carta pessoal
praticamente desaparecesse; a fluidez das fronteiras entre
gêneros (vamos nos lembrar que um gênero pode assumir a
forma de outro gênero, por exemplo, um poema pode assumir
a forma de um anúncio e, finalmente, o fato de que novos
gêneros podem não ter recebido um nome consagrado.
3- Critérios linguísticos que consideram regras linguísticas
especificas, como tempos e modos verbais, uso de pronomes e
43
Gêneros textuais e discursivos
de organizadores, etc. Bronckart ressalta que esse critério
aplica-se somente aos segmentos que compõem o gênero.
Devido a essa dificuldade, Bronckart não considera os gêneros
discursivos como objeto de análise e toma como objeto de análise o
texto, “unidade de produção de linguagem situada, acabada e
autossuficiente” (2003, p.75). Para o autor, o texto é “toda unidade de
produçãoverbal que veicula uma mensagem linguisticamente
organizada e tende a produzir um efeito de coerência em seu
destinatário” (2003, p.137). Assim, os textos são produtos da atividade
humana e estão articulados às nossas necessidades, aos nossos
interesses e às condições de funcionamento dos contextos sociais em
que estamos inseridos e nos quais produzimos nossos dizeres, sejam
orais ou escritos. Em outros termos, a noção de texto, engloba não só
as produções escritas, mas também os textos orais que produzimos.
Para o autor, em função dos objetivos, dos interesses e questões
específicas às formações sociais (domínios/ esferas da atividade
humana) os falantes elaboram diferentes espécies de texto, que
apresentam características relativamente estáveis. Bronckart usa o
termo gêneros de texto, que constituem modelos indexados para os
usuários da língua.
Nas palavras do autor:
“Na medida em que todo texto se inscreve,
necessariamente, em um conjunto de textos ou em um
gênero, adotamos a expressão gênero de texto em vez de
gênero do discurso.” (BRONCKART, 2003, p.75)
Para Bronckart, todo texto possui uma organização interna em
três níveis superpostos e em parte interativos, como um folhado
textual.
“Concebemos a organização de um texto como um folhado
constituído por três camadas superpostas: a infraestrutura
44
Gêneros textuais e discursivos
geral do texto, os mecanismos de textualização e os
mecanismos enunciativos.” (BRONCKART, 2003, p. 119)
A infraestrutura corresponde ao nível mais profundo e comporta
o plano mais geral do texto – o conteúdo temático - , as articulações
entre os tipos de discurso e articulação entre as sequencias linguísticas
que aparecem. Segundo Bronckart, o plano geral pode assumir formas
variáveis pois está relacionado ao gênero, ao tamanho do texto, ao
conteúdo temático, às condições de produção (suporte, registro oral ou
escrito, à circulação, etc.) e também às sequencias linguísticas que o
texto.
Os mecanismos de textualização compreendem um nível
intermediário e são responsáveis pela coerência temática. Envolvem os
mecanismos de conexão, coesão nominal e coesão verbal.
Por sua vez, os mecanismos enunciativos, um nível superficial,
são responsáveis pela manutenção da coerência pragmática do texto,
contribuem para o esclarecimento dos posicionamentos enunciativos
(quais as vozes e as instâncias que se manifestam?) e indiciam as
diferentes avaliações (julgamentos, opiniões, sentimentos) sobre
aspectos do conteúdo temático. Vejamos a representação desses
planos:
45
Gêneros textuais e discursivos
De um modo geral, podemos afirmar que a análise, na
perspectiva proposta por Bronckart, apresenta-se em diálogo com os
estudos da Linguística Textual. Para o autor, os textos, produtos
concretos das ações de linguagem, são constituídos por
segmentos/sequências linguísticas diferentes (tais como exposição,
relato, diálogo, etc.) e é no nível desses enunciados linguísticos que
podemos encontrar regularidades de organização e de marcação
linguísticas. Tais enunciados são segmentos constitutivos de um
gênero e Bronckart os denomina de tipos de discurso, isto é, “formas
linguísticas que são identificáveis nos textos e que traduzem a criação
de mundos discursivos específicos” (2003, p. 149).
Assim, ao terminarmos esta seção podemos constatar que as
denominações “gênero textual” e “gênero discursivo” aliam-se a uma
perspectiva epistemológica que toma por base os estudos na
perspectiva do texto ou do discurso. De um modo geral, como ambos
buscam em Bakhtin um apoio teórico, há muita semelhança entre as
análises.
IMPORTANTE
• Gêneros do discurso (Bakhtin): tipos relativamente estáveis
de enunciados; produtos da interação verbal. 
• Gêneros textuais (Bronckart): constituem modelos indexados
para os usuários da língua.
A seguir apresentaremos outro autor que discute a questão dos
46
Gêneros textuais e discursivos
gêneros.
2.3.3 A teoria dos gêneros em Marcuschi
Segundo Marcuschi (2005, p.19) os gêneros textuais são
fenômenos históricos e intrinsecamente ligados à vida cultural e social.
O aspecto cultural é de suma relevância, conforme se depreende do
trecho a seguir:
Os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se
funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem.
Caracterizam-se muito mais por suas funções
comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas
peculiaridades linguísticas e estruturais. (MARCUSCHI,
2005, p. 20)
 
Embora tais modelos sirvam para estabilizar as atividades
comunicativas diárias, eles não são modelos estanques: eles surgem e
se modificam na cultura.
Para Marcuschi (2005, p.20), não são as novas tecnologias de
per si que originaram os gêneros, mas sim a intensidade dos usos
dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas
diárias. E-mails, chats, blogs, fotoblogs, etc. são exemplos desses
gêneros emergentes. Entretanto, conforme acentua o autor, eles não
são inovações absolutas uma vez que se ancoram em gêneros já
existentes: cartas, bilhetes, conversações, diário, etc.
O autor estabelece uma distinção entre tipo textual e gênero
textual:
a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma
espécie de construção teórica definida pela natureza
linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos
textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias
conhecidas como: narração, argumentação, exposição,
descrição, injunção.
b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção
propositalmente vaga para referir os textos materializados
47
Gêneros textuais e discursivos
que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
características sócio-comunicativas definidas por conteúdos,
propriedades funcionais, estilo e composição característica.
Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são
inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam:
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva,
reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo (...)
carta eletrônica bate-papo por computador, aulas virtuais e
assim por diante (Marcuschi, 2005, 21 et. seq.).
Assim, enquanto os gêneros textuais são os textos
materializados que circulam socialmente – “são artefatos culturais” – os
tipos textuais são as sequências linguísticas que compõem o gênero.
Marcuschi esclarece que os tipos textuais são limitados e que entram
na composição de vários gêneros. Vejamos como o tipo é encontrado
em gêneros diversos, como piada, conto, fábula, história em quadrinho
etc.
Vejamos alguns exemplos:
Texto 01 – Piada
Texto 01 – Piada
Luizinho, do que você tem mais medo?
- Da mula-sem-cabeca, fessora.
- Mas, Luizinho, a mula-sem-cabeca não existe. É apenas uma
lenda... Você não precisa ter medo. Mariazinha, do que você tem mais
medo?
 - Do saci-pererê, fessora.
- Mariazinha o saci-pererê também não existe. E somente outra
lenda... Você não precisa ter medo.
 - E você, Joãozinho? Do que tem mais medo? - Do MalaMen, fessora.
- Mala Men? Nunca ouvi falar... Quem é esse tal de Mala Men?
- Quem é eu também não sei, fessora. Mas toda noite minha mãe diz
na oração: Não nos deixes cair em tentação mas livrai-nos do Mala-
Men.
Disponível em: http://www.piadasnet.com/piada894joaozinho.htm 
48
Gêneros textuais e discursivos
Texto 02- Letra de música
Era um garoto
Que como euAmava os Beatles
E os Rolling Stones..
Girava o mundo
Sempre a cantar
As coisas lindas
Da América...
Não era belo
Mas mesmo assim
Havia mil garotas afim
Cantava Help
And Ticket To Ride
Oh Lady Jane, Yesterday...
Cantava viva, à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América...
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Lutar com vietcongs...
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...
49
Gêneros textuais e discursivos
Era um garoto
Que como eu!
Amava os Beatles
E os Rolling Stones
Girava o mundo
Mas acabou!
Fazendo a guerra
No Vietnã...
Cabelos longos
Não usa mais
Nem toca a sua
Guitarra e sim
Um instrumento
Que sempre dá
A mesma nota
Ra-tá-tá-tá...
Não tem amigos
Nem vê garotas
Só gente morta
Caindo ao chão
Ao seu país
Não voltará
Pois está morto
No Vietnã...
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
No peito um coração não há
Mas duas medalhas sim....
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...
Disponível em :http://www.vagalume.com.br/
50
Gêneros textuais e discursivos
Observem que nos dois gêneros encontramos sequências
narrativas. Em todos temos personagens, enredo, sequências
linguísticas que narram fatos ocorridos (reais ou fictícios), verbos no
passado etc.
Se antes era possível delimitar gêneros pertencentes à
oralidade ou à escrita, hoje o que encontramos são modelos híbridos
que rompem a dicotomia entre fala e escrita e evidenciam que essas
modalidades se apresentam, na verdade, como um continun.
Marcuschi (2001) ressalta que haveria um protótipo de uma
modalidade escrita e que não seria aconselhável compará-lo com um
gênero protótipo da oralidade. Nesse continun, os textos, em alguns
momentos, se entrecruzam e constituem domínios mistos, como, por
exemplo, alguns gêneros televisivos que constituem o Jornal Nacional,
que são escritos para serem “falados”, ou então alguns gêneros atuais
que articulam, em sua composição, oralidade e escrita.
2.3.4 A teoria dos gêneros em Bazerman
Seguindo um viés antropológico e social, Bazerman (2005)
destaca que os gêneros organizam nossa vida diária. Para ele, há um
ciclo ininterrupto de textos e atividades e, socialmente, existem
sistemas organizados e bem articulados dentro dos quais determinados
textos circulam por caminhos previsíveis e produzem fatos sociais, ou
seja, ações linguajeiras significativas que afetam o fazer humano, seus
direitos e deveres. Nesse contexto, há padrões comunicativos mais ou
menos estáveis e regulares que possibilitam uma compreensão
padronizada de determinada situação. Assim, os gêneros são formas
de comunicação reconhecíveis e auto reforçadoras que emergem nos
processos sociais em que as pessoas interagem através de condutas
coordenadas. Bazerman acrescenta que os gêneros podem ser
51
Gêneros textuais e discursivos
compreendidos como fenômenos de reconhecimento psicossocial e
parte de processos de atividades socialmente organizadas. Em síntese,
gêneros são formas tipificadas que tipificam ações sociais.
Ao conceito de gênero, Bazerman alia as noções de conjunto
de gêneros e sistema de gêneros. O conjunto de gêneros refere-se aos
textos que uma pessoa, desempenhando determinado papel, tende a
produzir. Por sua vez, um sistema de gêneros engloba os diversos
conjuntos utilizados por pessoas que trabalham juntas de uma forma
organizada e também as relações padronizadas que se estabelecem
na produção e circulação desses documentos. Assim, ao produzir uma
petição e enviá-la a um juiz competente, um advogado espera o
parecer desse juiz. Nesse processo, diversos gêneros são produzidos
dentro de um fluxo comunicativo próprio do sistema judiciário.
Outra questão colocada por Bazerman, diz respeito à
construção de identidades sociais. A produção de um conjunto de
gêneros dentro de um sistema de atividades permite o
desenvolvimento de identidades social e formas de vida coletivas,
próprias daquele espaço sócio-discursivo.
Bazerman ressalta que apesar do interesse de pesquisadores
em localizar e categorizar os gêneros, essa tarefa é dificílima, uma vez
que os gêneros são fatos sociais e não apenas fatos linguísticos.
Qualquer categorização torna-se redutora e empobrece a realização
individual de cada texto.
ATIVIDADES
1. Após a leitura deste capítulo, faça uma síntese destacando as
principais ideias sobre os gêneros, na perspectiva dos autores
52
Gêneros textuais e discursivos
apresentados.
2. Reflita sobre os gêneros a seguir e preencha o quadro com as
informações solicitadas:
Gênero textual Características
formais
Função social Estilo de linguagem
reportagem
notícia
Carta pessoal
música
poema
53
Gêneros textuais e discursivos
UNIDADE 3
TIPOS TEXTUAIS E SUPORTES TEXTUAIS
54
Gêneros textuais e discursivos
3.1- Compreendendo a noção de tipos textuais
É comum encontrarmos nos textos teóricos, nas diretrizes e
nas propostas curriculares e em livros didáticos, o uso das expressões
“tipo textual” e “tipologias textuais”. Os textos apresentam-se em
diferentes tipos porque esses tipos se concretizam devido à existência
de diferentes modos de interação entre as pessoas. Assim, o estudo
dos textos e dos diferentes gêneros textuais é fundamental para o
desenvolvimento das competências linguística, comunicativa e
discursiva doa aprendizes e não fazê-lo poderá implicar em prejuízos
para o uso adequado da língua. Sem nos prender aos aspectos
históricos que fazem parte dos estudos sobre os tipos textuais,
discutiremos aqui apenas questões conceituais relacionadas à
tipificação mais tradicionalmente difundida pelos teóricos que estudam
a temática. Para entender essa questão, leia a definição apresentada
abaixo:
55
Gêneros textuais e discursivos
Tipologia Textual é um termo que deve ser usado para designar uma
espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística
de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as
categorias: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção
(Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Esse termo é usado
para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela
natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbais, relações lógicas) (MARCUSCHI, 2005, p. 22).
O tipo textual é uma noção que remete ao funcionamento da
constituição estrutural do texto, ou seja, um texto configurado em um
determinado gênero (piada, charge, história em quadrinhos, resenha
etc), pode trazer na sua organização vários tipos textuais, os quais
compõem a tessitura do texto, a estrutura composicional do texto em
questão. De acordo com Travaglia (2007), o tipo pode ser identificado e
caracterizado por instaurar um modo de interação, uma maneira de
interlocução, segundo perspectivas que podem variar constituindo
critérios para o estabelecimento de tipologias diferentes. O autor expõe
várias formas para classificar os tipos textuais, entre as quais merecem
destaque:
a) a proposta de Adam (1993) que elenca as sequências
narrativa, descritiva, argumentativa explicativa e dialógica
(conversacional).
b) a proposta de Dolz e Schneuwly (2004) que enumera cinco
tipos de textos que são comumente referidos como ordens ao
listar gêneros que pertenceriam a cada ordem ou tipo. As cinco
ordens são: narrar, relatar, argumentar, expor e descrever

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