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Aula Dobb vs Sweezy

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O que procurar em Dobb
Reflexão de como muda o modo de produção. 
Quais são as forças que levam a estas mudanças ?
Fatores endógenos x Exógenos
Tentativa de integrar fatores exógenos com endógenos
A contribuição de Dobb
Definição de relação feudal:
“...é necessário postular a definição de feudalismo que adotaremos daqui em diante. A ênfase desta definição irá repousar, não na relação jurídica entre vassalo e soberano, nem na relação entre a produção e o destino do produto, mas na relação entre o produtor direto (que pode ser um artesão em uma oficina ou um camponês cultivando alguma terra) e o seu superior imediato ou senhor [overlord], e no conteúdo sócio-econômico da obrigação que os conecta. Conforme a noção de Capitalismo discutida no capítulo anterior, esta definição irá caracterizar o feudalismo primordialmente como um modo de produção, e isto formará a essência de nossa definição. Deste modo, será virtualmente idêntica ao que usualmente qualificamos como servidão: uma obrigação imposta ao produtor pela força e independentemente de sua vontade, para preencher a demanda econômica de um senhor, quer esta demanda tome a forma de serviços a prestar ou taxas a serem cobradas.”
Modo de Produção
Não pode se resumir ao estado da técnica tendo que englobar outros elementos como propriedade dos meios de produção, relação sociais que estão interligadas a esses meios de produção 
Essas são as características prioritárias, posto que os sistemas nunca se encontram em forma “pura”. Dobb se interessa quando esse novo modo se torna dominante dentro da sociedade.
Caráter “endógeno” das forças que enfraquecem o feudalismo e que constroem a nova ordem capitalista.
Caráter limitado da produção feudal M-D-M 
Importância do Surgimento das Cidades
“ A simples existência das cidades altera as perspectivas dos camponeses: se necessário, suas chances de fugir com sucesso das terras controladas pela nobreza aumentam muito. Não resta dúvida de que isto elevou o poder de barganha do campesinato e colocou duas alternativas opostas a serem escolhidas pela nobreza: a) fazer concessões como a redução dos tributos, atenuação do trabalho nas terras do senhor, etc.; garantindo com isto a permanência dos camponeses em seus domínios, ou b) intensificar a coação, prendendo pela força os produtores diretos à terra. O importante é que ambas as alternativas, no final das contas, acabaram reduzindo os rendimentos da nobreza. A primeira de forma direta, pois ao abolir e atenuar os tributos e impostos a arrecadação da classe dominante diminui imediatamente, o mesmo ocorrendo com o quantum de trabalho vivo à sua disposição (fruto da atenuação ou supressão da obrigação do servo a trabalhar nas terras de seu senhor). Já a segunda opção esvazia os cofres da nobreza de forma indireta, pois para vigiar e controlar um campesinato rebelde e disperso por grandes extensões territoriais é necessário grandes investimentos militares. (p. 32)
Caráter contraditório da resposta dos senhores feudais.
Havia necessidade de elevação da exploração para cobrir o aumento as necessidades tanto para impor sua exploração pela força (incluindo forças militares para expansão de propriedade) como para alimentar o consumo conspícuo mais elevado. Essa contradição interna, ou a incapacidade do sistema resolver de forma a se perpetuar acabou por condená-lo, Outro problema: o crescimento das famílias dos senhores feudais a repartição da terra e o subenfeudamento (aumento do número de vassalos mediante a fragmentação das propriedades existentes) criando propriedades pequenas de exploração “economicamente impossível” (p. 35)
Esse crescimento populacional “ineficiente” criava pedintes e bandidos.
O modo de produção começa a ficar inerentemente insustentável no ponto em que é incapaz de se reproduzir.
Questão da classe dominante/Transição
“Entre os séculos XIV e XVI período complexo e “transitório” mas nem por isso isso classifica como nem feudal nem capitalista. De acordo com Dobb, não havia uma outra classe dominante, denominada “burguesia mercantil”, que não a dos senhores feudais. Essa outra classe sobrevivia exclusivamente do comércio. Se isto for verdade, o Estado nestes dois séculos foi um estado burguês, fato que inviabilizaria classificar a revolução inglesa do século XVII como uma revolução burguesa” (p. 36)
Para Dobb antes do século XVI o Estado ainda era predominantemente feudal, só que num estado avançado de desintegração mas as relações capitalistas ainda não eram dominantes. “Esta proposição é a única a se sustentar na idéia de que a revolução de XVII foi realmente uma revolução burguesa “clássica” que pôs fim ao Estado feudal, substituindo-o pelo Estado burguês” (p. 37)
(continuação)
“Tai mudanças ocorreram em um longo período de tempo (entre os séculos XIV ao XVI) mas este não pode ser caracterizado como uma transição porque isso seria estranho ao materialismo histórico e nem haveria classe dominante. Essa é justamente a questão da transição e da natureza do domínio das classes sociais e a eventual dominação por essa classe do Estado.”
Classes “revolucionárias”
“Os mercadores teriam problemas em ser a classe “revolucionária” :
“...a produção continua subordinada ao comércio: a sua intenção ao produzir é manter, ou se possível aumentar, a diferença entre o preço de compra e o preço de venda e seus produtos mediante o controle da oferta. É por este motivo que os comerciantes- produtores ainda utilizaram ao máximo as restrições artesanais das guildas, alinhando- se politicamente à aristocracia feudal. As condições e os interesses dos pequenos e médios produtores que se voltaram ao mercado eram muito diferentes. A sua inserção no mercado só foi possível mediante a luta contra os monopólios e contra todas as restrições feudais à circulação de mercadorias, e sua arma principal foi a redução dos custos de seus produtos.” 
Há também um papel “progressista” no campo por parte do capital mercantil ao arrendar terras, contratação da mão de obra, criação de ovelhas em larga escala para produção de lã e processo de “fechamento” dos campos.
A via revolucionária surge nos séculos XVI e XVII, sob a ação de artesãos e camponeses abastados, nas unidades de produção agrícolas e industriais que empregavam trabalho assalariado. Estes empreendedores formavam o setor mais progressista da burguesia, pois eram os que mais tinham a ganhar com a destruição do feudalismo: consistiram na força motriz mais importante da revolução Inglesa de XVll. A sua luta, portanto, não era apenas contra a nobreza rentista, mas também contra todos os mercadores que dominavam as grandes rotas comerciais e que passaram eles próprios a adquirirem manufaturas. A via numero II é simultânea aos acontecimentos descritos acima. Dobb cita vários exemplos para ilustrá-la: entre os Tecelões, o elemento mercantil se “associa” à produção ao dominar ...a guilda formando seus lucros mediante o controle da oferta e da demanda. 
Na verdade as “duas vias” interagiam continuamente, formando tendências complexas e extremamente variadas, O resultado geral de sua atuação em conjunto foi a progressiva capitalização da produção (tanto na indústria nascente quanto na agricultura que progressivamente adquiria feições capitalistas). Mas há uma importante diferença entre elas. Diferença que, no entender de Dobb, justifica a sua divisão: são caminhos promovidos por forças sociais distintas, com interesses fundamentalmente companhias de mercadores de exploração estavam aplicando em escala nacional.
Resumo da Posição de Dobb
“...a desintegração final do feudalismo não foi motivada pelo “assédio” do capitalismo ou devido a sua luta para se libertar das “amarras feudais”. A razão central de sua dissolução encontra-se na revolta dos pequenos e médios produtores contra a exploração feudal, O conflito destes novos personagens contra a aristocracia e contra os grandes comerciantes acabou resultando em sua independência parcial. Portanto, o processo de diferenciação social foi fruto da reação
ao próprio feudalismo, processo que foi amadurecendo gradualmente antes da emergência do capitalismo. É isto que determina o intervalo entre o declínio da servidão e a consolidação definitiva do modo de produção capitalista, evento que pode ser situado na Inglaterra após a sua “revolução burguesa clássica”, onde a reação feudal (absolutista) foi definitivamente destruída e o processo de subordinação do capital mercantil ao industrial começa a avançar, preparando o terreno para a Revolução Industrial.” (p. 40)
Pontos Centrais na abordagem de Dobb para Sweezy 
1) "baixo nível técnico, no qual os instrumentos de produção são simples e em geral baratos, e o ato de produção é em grande parte de caráter individual; a divisão de trabalho ... se encontra em grau de desenvolvimento muito primitivo";
2) "produção para atender as necessidades imediatas da família ou da comunidade aldeã, e não para um mercado mais amplo";
3) "agricultura dominial: cultivo das terras do senhor, às vezes em grande escala, mediante trabalho compulsório";
4) "descentralização política";
6) "exercício, por parte de um senhor, de funções judiciais ou quase-judiciais em relação à população dependente".
Tensões intra-sistema
Em outras palavras, não existirá a pressão que se manifesta no capitalismo para a contínua melhoria dos métodos de produção. Técnicas e formas de organização acomodam-se a rotinas estabelecidas ... existe uma tendência muito acentuada para que toda a vida da sociedade se oriente no sentido dos usos e da tradição.
Um elemento de instabilidade é a competição entre os senhores por terras e vassalos, os quais constituem, somados, o fundamento do poder e do prestígio. Gera um estado de guerra mais ou menos constante; a resultante insegurança de vidas e bens, porém, ao invés de revolucionar os métodos de produção, como o faz a competição capitalista, apenas reforça a dependência mútua do senhor e dos vassalos, fortalecendo, portanto, a estrutura básica das relações feudais. Os conflitos armados feudais conturbam, empobrecem e exaurem a sociedade, mas não tendem a transformá-la.
(continuação)
Um segundo elemento de instabilidade é encontrado no crescimento populacional. [além da questão dos ciclos populacionais] Os filhos mais moços dos servos são expulsos da estrutura regular da sociedade feudal e vão constituir a população errante — que vive de esmolas ou de banditismo e que fornece a matéria-prima para os exércitos mercenários — tão característica da Idade Média. Essa população excedente, porém, conquanto contribua para a instabilidade e insegurança, não exerce nenhuma influência criadora ou revolucionária sobre a sociedade feudal.
Podemos concluir, então, que o feudalismo europeu ocidental, apesar da instabilidade e insegurança crônicas, foi um sistema com forte tendência em favor da manutenção de certos métodos e relações de produção.
Logo.....
Essas contradições internas não são capazes de transformá-lo 
Esta é a chave para se compreender o raciocínio de Sweezy e suas divergências com Dobb. Sweezy afirma que as contradições internas do feudalismo não eram capazes de transforma-lo. Este e o "caráter inerentemente conservador" de que fala: sem a atuação de uma força externa, o modo de produção feudal, em seus aspectos fundamentais,se reproduziria de forma sempre semelhante. Não exatamente igual, dado seus "elementos de instabilidade", mas o que é decisivo ressaltar: suas forças internas agindo isoladamente não seriam capazes de transformar o velho modo de produção em um novo. Esta "transformação" só se tornou possível após o surgimento e a intensificação de uma poderosa força externa, o comercio de longa distancia, que destruiu gradualmente o sistema feudal, alterando-o no que Sweezy considera a sua base: de uma economia produtora de valores de uso, transformou-o em uma economia voltada a produção de valores de troca. 
Por outro lado não há razão para duvidar da realidade da crescente extravagância da classe dominante feudal: as provas aqui são abundantes e apontam todas na mesma direção. Mas essa crescente extravagância era uma tendência passível de explicação pela natureza do sistema feudal, ou reflete algo que ocorria fora do sistema feudal? Parece-me que, em termos gerais, seria de esperar a última hipótese. Mesmo num sistema dinâmico tal como o capitalismo, mudanças espontâneas nos gastos dos consumidores são desprezíveis, e o mesmo se aplicaria a fortiori a uma sociedade tradicionalmente como o feudalismo. Além disso, considerando- se o que se passava fora do sistema feudal, encontramos múltiplas razões para a crescente extravagância da classe dominante feudal: a rápida expansão do comércio a partir do século XI punha ao seu alcance uma quantidade de bens cada vez maior e mais variada.
Mudanças na estrutura social do campo. A fuga dos servos ocorreu simultaneamente com o crescimento das cidades, especialmente nos séculos XII e XIII. Não há dúvida de que as cidades em rápido crescimento — a oferecerem, como o faziam, liberdade de emprego e melhoria de posição social — agiram como potentes ímãs para a população rural oprimida. E os próprios burgueses, necessitando de maiores contingentes de mão-de-obra e de mais soldados para fortalecer seu poderio militar, tudo fizeram para facilitar a evasão dos servos à jurisdição de seus amos.
Modelo de Sweezy
Maior ênfase
Sweezy se detem, principalmente, sobre o fato de a economia feudal ser voltada à produção de valores de uso e, para ser coerente, encara a eventual presença do comércio de longa distância como uma força externa, operando nas margens da sociedade. Ele explica o declínio do feudalismo principalmente através da intensificação deste aspecto externo específico: o comércio de longa distância envolvendo mercadorias sofisticadas.” 
A ação transformadora do comércio sobre comunidades auto-suficientes
Para ser coerente com sua explicação do fim do feudalismo Sweezy tem que colocar a própria natureza do feudalismo em outra relação que não a da exploração do trabalho. A servidão seria compatível com outros sistemas que não o feudalismo, logo sua natureza deveria ser procurada em outro elemento, sendo o escolhido por Sweezy justamente a natureza da produção de valores, o que de resto será mais consistente com sua teoria comercial do fim do feudalismo. Sweezy estava mais preocupado com um “sistema de produção para uso do que um modo de produção”. Citando
“Parece-me que o principal conflito, nesse caso, não é entre "economia monetária" e "economia natural", mas entre produção para o mercado e produção para uso. Precisamos descobrir o processo pelo qual o comércio engendrou um sistema de produção para o mercado, para depois comprovar o impacto desse sistema sobre o sistema feudal preexistente de produção para uso.”
 
Combinação comércio/cidades
Quando, porém, ultrapassou esse estágio e começou a implicar o estabelecimento de centros de comércio e entrepostos locais um fator qualitativamente novo surgiu, pois esses centros, ainda que baseados no comércio a longa distância, tornaram-se inevitavelmente geradores de produção de mercadorias, por si próprios. Tinham de ser abastecidos a partir das regiões rurais circunvizinhas; e seu artesanato, que era a concretização de uma forma de especialização e de divisão de trabalho superior ao que a economia senhorial jamais conhecera, não apenas fornecia os bens de que necessitava a própria população urbana, como ainda fornecia os que a população rural podia comprar com o produto das vendas no mercado da cidade. À medida que se expandia esse processo, as transações dos comerciantes a curta distância — que tinham constituído a semente de que se originaram os centros comerciais — perderam sua importância singular e provavelmente na maioria dos casos passaram a ocupar um lugar secundário nas economias urbanas.
Vemos, assim, como a troca a longa distância pôde ser uma força criativa, suscitando um sistema de produção para troca paralelo ao antigo sistema feudal de produção para uso.
Isso criou bens mas baratos que enfraqueceram esquemas feudais de produção de tecidos e pequenos utensílios
A posse da riqueza logo se tornou um fim em si mesmo na economia de troca, e essa transformação psicológica afetou não apenas aqueles imediatamente envolvidos mas (ainda que em grau menor, sem dúvida) também os que entravam em contato com a economia de troca. Conseqüentemente, não apenas mercadores e comerciantes mas também membros da antiga sociedade feudal adquiriram o que hoje se chamaria de atitude de homens de negócio em relação a assuntos econômicos. Uma vez que homens de negócio sempre precisam de maiores receitas, encontramos aqui parte da explicação da crescente necessidade de receitas por parte da classe dominante [importante] na explicação do declínio do feudalismo.
Sweezy reconhece as mudanças no campo, ou seja a diminuição das relações de extração direta do excedente, aumento das remunerações dos trabalhadores rurais, aumento das relações mercantis e mudança na estrutura do campo. Entretanto, essas mudanças seriam reflexo das migrações para as cidades como explicado anteriormente.
Ordem Jurídica Conservadora/Luta de Classe 
A predominância de um direito baseado nos costumes, além de demonstrar o peso que a tradição desempenha, dificulta a racionalização administrativa da produção ou da sociedade. 
Europa Oriental e a segunda servidão do século XVI: distância das mudanças comerciais. 
Dobb teria “esticado muito” o conceito de feudalismo, ou seja, a dependência do camponês ao “terratenente” de outras formas mesmo quando a servidão formal já havia sido eliminada, não pode mais caracterizar o feudalismo. 
“
Transição para Sweezy – Sistema Intermediário
Estamos, penso eu, justificados ao concluirmos que embora a produção pré- capitalista de mercadorias não fosse nem feudal nem capitalista, foi todavia um sistema viável em si mesmo. Bastante poderoso para minar e desintegrar o feudalismo, mas demasiado fraco para desenvolver um estrutura independente própria: tudo o que pode realizar num sentido positivo foi preparar o terreno para o avanço vitorioso do capitalismo nos séculos XVII e XVIII”
“Chamarei o sistema que prevaleceu na Europa ocidental durante os séculos XV e XVI simplesmente de "produção pré-capitalista de mercadorias" para significar que foi o crescimento da produção de mercadorias o que primeiro solapou o feudalismo e que, um pouco mais tarde, depois desse trabalho de destruição se encontrar praticamente concluído, preparou o terreno para o desenvolvimento do capitalismo.”
Os produtores da transição
Sweezy propõe uma explicação diferente da fornecida por Dobb sabre as "duas vias" para o capitalismo. Ele sustenta que o equivoco de Dobb deriva de uma má leitura de Marx: ao escrever a célebre passagem sabre as duas vias, Marx não estava se referindo a caminhos opostos seguidos por forças sociais distintas (pequenos produtores versus grandes comerciantes e proprietários rurais), mas pondo em contraste a fundação de empresas amadurecidas (" full-fledged enterprises") e o lento desenvolvimento do "novo sistema". A qualificação revolucionário ou conservador diz respeito a velocidade das transformações. O putting-out é conservador por ser mais Iento: o mercador-empresário encomendava os diversos estágios da manufatura de um produto determinado a artesãos independentes (produção fragmentada), enquanto as "empresas capitalistas amadurecidas" "queimavam" esta fase intermediaria controlando a totalidade do processo de manufatura dos produtos [que] triunfou devido a sua maior produtividade, fruto da concentração da produto.
Reproduzamos toda a passagem em que Marx fala da "via realmente revolucionária":
A transição do modo feudal de produção se dá por duas vias. O produtor torna-se um mercador e capitalista, em oposição à economia agrícola natural e ao artesanato controlado pelas guildas da indústria urbana medieval. Esta é a via realmente revolucionária. Ou então o mercador se apossa diretamente da produção. Esta via, apesar de servir historicamente de modo de transição — como por exemplo o negociante de tecido inglês do século XVII que controla os tecelões, ainda que estes trabalhem independentemente, vendendo-lhes a lã e comprando deles o tecido — não pode por si mesma fazer muito no sentido de derrubar o antigo modo de produção, mas, ao contrário, preserva-o e utiliza-o como premissa"
Se interpretarmos Marx como querendo significar que a "via realmente revolucionaria" era a abertura, por parte dos que dispunham de capital, de empreendimentos integralmente capitalistas, sem passar pelos estágios intermediários da produção (isto é, o putting -out system, a distribuição das matérias-primas aos artesãos, que as beneficiavam em suas casas), encontraremos sem dificuldade, creio eu, abundantes provas que o confirmem. Nef provou conclusivamente (naturalmente sem qualquer referência a Marx) que o que ele chama de primeira revolução industrial na Inglaterra (por volta de 1540 a 1640) se caracterizava em grande parte exatamente por esse tipo de investimento em "novas" indústrias tais como mineração, metalurgia, refinação de açúcar e de sal, fabricação de cerveja, sabão, alume e vidro.
Resposta de Dobb
É correto lembrar que houve outros momentos históricos onde ocorreu extração compulsória do excedente.
Qual seria a ênfase adequada: relação de produção ou troca (produção para o mercado)?
Estabilidade x luta de classes
Forças centrífugas e centrípetas de movimentos populacionais 
Problema da relação direta comércio e servidão.
O problema da transição
Modo de produção – classes revolucionárias – problema do Financiamento inicial
Absolutamente, não nego que o crescimento das cidades mercantis e do comércio desempenharam importante papel na aceleração da desintegração do antigo modo de produção. O que afirmo é que o comércio exerceu sua influência na medida em que acentuou os conflitos internos no antigo modo de produção.
Ninguém está sugerindo que a luta de classes dos camponeses contra os senhores deu origem, de maneira simples e direta, ao capitalismo. O que ela fez foi modificar a dependência do pequeno modo de produção em relação à suserania feudal e, com o tempo, libertar o pequeno produtor da exploração feudal. Foi, portanto, do pequeno modo de produção (na medida em que ele assegura independência de ação, e em que a diferenciação social, por sua vez, se desenvolve no seu interior) que o capitalismo nasceu. (Dobb)
Se uma burguesia mercantil constituía a classe dominante, então o estado deve ter sido algum tipo de estado burguês. E se o estado já era burguês, não já no século XVI porém ainda no começo do século XV, qual foi a questão fundamental da guerra civil do século XVII? Não pode ter sido (deste ponto de vista) a revolução burguesa. 
“A posse da terra e dos instrumentos de trabalho, bem como o domínio sobre o processo de trabalho garantiam aos produtores diretos certa autonomia relativa, já que podiam produzir sua subsistência. Só produziam e entregavam o excedente devido ao poder do senhor feudal, poder fundado basicamente na força militar e legitimado pela igreja e pelos costumes. Em tais circunstâncias, o desenvolvimento do comércio não pode abalar de forma significativa a estrutura ou as relações de classe feudais, por influenciar de forma reduzida a base desta sociedade.”
O problema da Transição em Dobb
Trata com muita limitação o período de transição ( o período em que acabou a servidão desde o fim do sec. XIV até o século XVII, e depois também a própria revolução burguesa do Século XVII) . Dobb passaria a privilegiar o processo de destruição dos “grilhões feudais” que obstruíam a produção e o comércio, isto é, o processo de emancipação do “pequeno modo de produção”.
Qual era essa classe agente da transição? Explora de forma insuficiente o fim da servidão que ocorre muito cedo na Inglaterra.

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