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118
ARTIGO DE REVISÃO
Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016
RESUMO
Objetivo: Essa pesquisa se propor a refl exão sobre a possibilidade de interferência da mídia e do ambiente social na 
obesidade na adolescência. Métodos: realizou-se uma revisão bibliográfi ca dividida em 3 fases. Na primeira fase localizou-
se os artigos através dos descritores ‘obesidade’, ‘família’, ‘mídia’ e ‘fatores sociais’. Estabeleceram-se os seguintes critérios 
de inclusão: artigos de livre acesso e disponíveis na íntegra em inglês, português e espanhol; pesquisas realizadas com 
ambos os sexos; crianças e adolescentes; e artigos publicados entre os anos 2009 e 2014. Optou-se por não analisar 
artigos que apresentassem dados referentes a populações adultas ou pré-escolares, artigos não disponíveis na íntegra, notas 
científi cas, comunicações, amostras representativas de população indígena e de apenas um dos sexos, amostra contendo 
sujeitos portadores de outras enfermidades além da obesidade, e artigos de intervenção. A base de dados utilizada para a 
realização desse estudo foi a LiLacs durante os meses de outubro e novembro de 2014, onde os artigos foram selecionados 
por seus títulos. Na segunda fase foi realizada a análise dos artigos encontrados e seleção daqueles que seriam utilizados 
no presente artigo. Na terceira fase, denominada comunicação, realizou-se a redação do trabalho científi co. Resultados e 
Conclusão: Após a análise das bibliografi as pode-se considerar que a mídia, os fatores socioeconômicos e sociodemográfi cos 
e o ambiente social podem ser um facilitador para a obesidade em adolescentes.
PALAVRAS-CHAVE
Obesidade, adolescente, meio Social.
ABSTRACT
Objective: This research aimed to propose a refl ection on the possibility of interference of the media and the social environment 
in adolescence obesity. Methods: We did a literature review divided into three phases. In the fi rst phase we located articles 
through the descriptors ‘obesity’, ‘family’, ‘media’ and ‘social factors’. We established the following criteria for inclusion: 
open access articles and fully available in English, Portuguese and Spanish; researches taken with both sexes, children and 
adolescents, and articles published between the years 2009-2014. We chose not to analyze articles that presented data on 
adult populations or preschoolers, articles not fully available, scientifi c notes, communications, representative samples of the 
Ambiente social, mídia e obesidade na 
adolescência: proposta de refl exão
Social environment, media and obesity in adolescence: proposal 
for refl ection
Denise Bolzan Berlese1
Daiane Bolzan 
Berlese2
Cássia Cinara da 
Costa3
Jacinta Renner4
Gustavo Roese 
Sanfelice5
Denise Bolzan Berlese (deniseberlese@feevale.br) - Rua Recife, 215, apto 51, Bloco 5, Boa Vista. Novo Hamburgo, RS, Brasil. CEP: 
93410-510.
Recebido em 06/05/2015 – Aprovado em 06/07/2015
1Doutor em Diversidade e Inclusão pela Universidade Feevale (FEEVALE). Novo Hamburgo, RS, Brasil. Mestre em Distúrbios da Comunicação 
Humana pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria, RS, Brasil. Professora de Educação Física da Universidade Feevale 
(FEEVALE). Novo Hamburgo, RS, Brasil.
2Doutora em Bioquímica Toxicológica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria, RS, Brasil. Professora Adjunta da 
Universidade Feevale (FEEVALE). Novo Hamburgo, RS, Brasil.
3Doutora em Ciências Pneumológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, RS, Brasil. Professora da 
Universidade Feevale (FEEVALE). Novo Hamburgo, RS, Brasil.
4Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, RS, Brasil. Professora da 
Universidade Feevale (FEEVALE). Novo Hamburgo, RS, Brasil.
5Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). São Leopoldo, RS, Brasil. Professor da 
Universidade Feevale (FEEVALE). Novo Hamburgo, RS, Brasil.
>
>
>
119Berlese et al. AMBIENTE SOCIAL, MÍDIA E OBESIDADE NA 
ADOLESCÊNCIA: PROPOSTA DE REFLEXÃO
Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016Adolescência & Saúde
Torna-se importante ressaltar que as faci-
lidades oriundas da tecnologia contribuíram 
para o aumento da obesidade e acabaram por 
implicar também em menor atividade física. 
Neste sentido, Freitas3 expõe que o uso de ele-
vadores e escadas rolantes, controles remotos, 
a substituição das brincadeiras e jogos de rua 
por brinquedos eletrônicos e computadorizados 
vêm contribuindo para uma geração de crianças 
inativas fi sicamente. Somando-se ao fator falta 
de tempo, comum em quase todas as famílias, 
aos horários de trabalho dos pais, ao medo da 
violência que tem deixado as pessoas cada vez 
mais em casa, à distância e à difi culdade de 
transporte e trânsito, e às residências cada vez 
menores, o Brasil tem seu nome na lista dos paí-
ses de maior risco para a obesidade.
A partir deste cenário o Brasil, assim como 
outros países em desenvolvimento, passa por 
um período de transição epidemiológica que 
se caracteriza por uma mudança no perfi l dos 
problemas relacionados à saúde. Essa transição 
vem acompanhada de modifi cações demográ-
fi cas e nutricionais, com os índices de desnutri-
ção sofrendo reduções e a obesidade atingin-
do proporções epidêmicas. A alta prevalência 
mundial de sobrepeso e obesidade em crianças 
e adolescentes, associada a seus fatores de ris-
co e permanência na vida adulta, continua a 
ser um desafi o para os profi ssionais de área da 
saúde e social4.
Sendo considerada a doença nutricional 
mais frequente no século XX, ela é responsá-
vel, direta ou indiretamente, pelo maior volume 
de gastos com a saúde nos Estados Unidos da 
América. Os custos com a obesidade em países 
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma doença crônica, com-
plexa, de etiologia multifatorial e resulta de ba-
lanço energético positivo, podendo ser defi nida 
como o excesso de gordura corpórea em rela-
ção à massa magra, decorrente do distúrbio de 
metabolismo energético. Quando a obesidade 
ocorre em idade pediátrica esta é considerada 
um problema de saúde pública, sendo conside-
rada uma das doenças mais difíceis e frustrantes 
de tratar, ressaltando-se ainda a problemática 
que crianças obesas tendem a ser um adulto 
obeso. Diversos fatores como a genética, local 
e cultura onde o indivíduo está inserido e até 
mesmo o grau de obesidade, podem contribuir 
para que o doente obeso se torne mais vulnerá-
vel, difi cultando, de certa forma, a abordagem e 
o tratamento1,2.
A globalização na chamada era pós-mo-
derna trouxe benefícios, avanços tecnológicos e 
práticos que facilitam a vida urbana e auxiliam 
o homem no cotidiano. No entanto, em con-
trapartida destas facilidades, alguns elementos 
tendem a ser nocivos, pois a tecnologia contri-
bui para um ritmo de vida e de trabalho mais 
acelerado. Neste contexto, há que se considerar 
também a interferência massifi cada que a mídia 
pode exercer na vida das pessoas. Com o uso de 
tecnologias ocorreu uma maior difusão de con-
ceitos pela mídia, muitas vezes distorcidos em 
relação ao que é preconizado como uma boa 
alimentação2. Nesse sentido, o tema central da 
discussão proposto neste artigo é analisar a re-
lação e a infl uência desses fatores na obesidade 
infantil/ adolescente.
>
indigenous population and with only one gender, sample containing subjects with other diseases besides obesity, and articles 
of intervention. The database used to conduct this study was Lilacs during the months of October and November 2014, 
where articles were selected by their titles. In the second phase it was carried out the analysis of the articles and selected 
those that would be used in this article. In the third phase, called communication, tookplace the writing of this scientifi c 
work. Results and Conclusion: After reviewing the bibliographies we considered that the media, the socioeconomic and 
sociodemographic factors and the social environment can be a facilitator for obesity in adolescence.
KEY WORDS
Obesity, adolescent, social environment.
>
120 Berlese et al.AMBIENTE SOCIAL, MÍDIA E OBESIDADE NA 
ADOLESCÊNCIA: PROPOSTA DE REFLEXÃO
Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016
desenvolvidos são cerca de 2 a 7% dos gastos 
totais com a saúde2.
Em termos de problematização da obesida-
de no Brasil, dados apontam que a obesidade 
apresentou aumentos em todas as faixas etárias 
5. Entre 2003 e 2009, a frequência de pessoas 
com excesso de peso aumentou em mais de um 
ponto percentual ao ano. Isto indica que em 
cerca de uma década, o excesso de peso pode-
rá alcançar dois terços da população adulta do 
Brasil, magnitude semelhante à encontrada nos 
Estados Unidos6.
Ao considerar as tendências dos tempos 
atuais, em termos de cenário da obesidade e 
fatores coadjuvantes, pode-se dizer que a mo-
dernização das sociedades implicou numa reor-
ganização do contexto de vida do homem con-
temporâneo e fez emergir um novo modo de 
vida, no qual a oferta e o consumo de alimentos 
aumentaram expressivamente, sendo que os cri-
térios predominantes não são a saúde e qualida-
de de vida e sim, a oferta e sedução da mídia7.
Neste contexto, o Ministério da Saúde 
infere que ocorreram modifi cações signifi cati-
vas na alimentação nas últimas décadas, com 
a denominada “dieta moderna”. Esta pode ser 
caracterizada como uma dieta rica em gordura 
(principalmente as de origem animal), açúcares 
e alimentos refi nados. E, em contrapartida, pela 
quantidade reduzida de fi bras e outros carboi-
dratos complexos. Por outro lado, a redução 
da atividade física e a adesão ao estilo de vida 
sedentário devem-se as alterações na esfera do 
trabalho, do lazer e do modo de vida moderno8.
De modo geral, há um consenso de que 
a obesidade é um problema de saúde pública. 
Discute-se muito sobre o problema estabeleci-
do, ou seja, o adulto obeso que apresenta uma 
série de problemas de saúde decorrentes da 
obesidade, assim como as estratégias para solu-
ção desse problema. No entanto, parece haver 
carência de discussão sobre a causa primária da 
obesidade que tende a ocorrer ainda na infância. 
Esta parece ter relação com a realidade social e o 
contexto onde a criança vive e que pode ser per-
meada por questões midiáticas. Nesse sentido, 
o presente estudo realizar uma revisão bibliográ-
fi ca a fi m de promover uma discussão por meio 
de referenciais teóricos publicados, analisando 
e discutindo as várias contribuições científi cas, 
bem como e propor uma refl exão sobre a possi-
bilidade de interferência da mídia e do ambiente 
social na obesidade de adolescentes. 
MÉTODO
A pesquisa bibliográfi ca fundamenta-se em 
conhecimentos proporcionados pela biblioteco-
nomia e documentação, entre outras ciências, 
além de técnicas empregadas de forma metó-
dica envolvendo a identifi cação, localização e 
obtenção da informação, fi chamento e redação 
do trabalho científi co. Esse processo necessita 
de uma busca planejada de informações para 
elaborar e documentar um trabalho de pesquisa 
científi ca. Sendo assim, de acordo com os cri-
térios ditados por Salomon9, pode-se dividir a 
pesquisa bibliográfi ca em três fases:
A primeira fase, denominada de prepara-
ção, compreendeu localizar os artigos através 
dos descritores ‘obesidade’, ‘fatores sociais’, 
‘família’ e ‘mídia’. Estabeleceu-se os seguintes 
critérios de inclusão: artigos de livre acesso e 
disponíveis na íntegra; em inglês, português e 
espanhol; pesquisas realizadas com ambos os 
sexos; crianças e adolescentes de 6 a 19 anos de 
idade; e artigos publicados de nos anos 2009 a 
2013. Defi niu-se não analisar artigos que apre-
sentassem dados referentes a populações adul-
tas ou pré-escolares, artigos não disponíveis na 
íntegra, notas científi cas, comunicações, amos-
tras representativas de população indígena e de 
apenas um dos sexos, amostra contendo sujei-
tos portadores de outras enfermidades além da 
obesidade, e artigos de intervenção.
 Dessa forma, 10 artigos atenderam os cri-
térios de inclusão para essa discussão e foram 
utilizados para a análise. Analisado os descrito-
res ‘obesidade’ e ‘fatores sociais, encontrou-se 
4 artigos, sendo 1 repetido. Com os decritores 
‘mídia’ e ‘obesidade’ foram encontrados 2 arti-
>
121Berlese et al. AMBIENTE SOCIAL, MÍDIA E OBESIDADE NA 
ADOLESCÊNCIA: PROPOSTA DE REFLEXÃO
Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016Adolescência & Saúde
gos sendo que 1 não estava disponível. E com os 
descritores ‘família’ e ‘obesidade’ foram encon-
trados 14 artigos, mas somente 6 abordavam a 
questão em crianças e adolescentes. 
A coleta de dados foi realizada nos meses 
de outubro e novembro de 2013 na base de da-
dos LiLacs, onde os artigos foram selecionados 
por seus títulos.
Na segunda fase do trabalho, denomina-
da de realização, foi realizado o fi chamento dos 
artigos que, após o procedimento da leitura, 
foram selecionados defi nitivamente para a ela-
boração deste trabalho científi co. Na terceira 
fase, denominada de comunicação, realizou-se a 
análise das informações agrupadas e redação do 
trabalho científi co.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a leitura dos artigos, foi possível identi-
fi car quatro principais vertentes relacionadas aos 
principais fatores de riscos da obesidade, sendo 
estes: os fatores socioeconômicos, fatores sócio-
demográfi cos, estilo de vida e fatores midiáticos.
Fatores socioeconômicos e sociodemográfi cos
O aumento da obesidade no mundo pode 
ser resultante do fenômeno da transição nutri-
cional, esse processo tem como determinantes 
as mudanças que vêm ocorrendo nos padrões de 
alimentação e de atividade física das populações, 
e que estão relacionados as mudanças econômi-
cas, sociais, demográfi cas e consequentemente, 
ao processo de modernização mundial10.
Relacionando-se a distribuição desta doença 
com os níveis econômicos dos familiares observa-
-se que em países desenvolvidos, crianças/ado-
lescentes pertencentes às classes desfavorecidas 
(média/baixa) apresentam uma maior prevalência 
de sobrepeso/obesidade se comparados aos gru-
pos de condições socioeconômicas mais eleva-
das10. Ou seja, encontra-se uma relação negativa 
entre o alto nível socioeconômico e a obesidade.
O oposto é observado nos países em vias 
de desenvolvimento, onde a percentagem de 
obesos é mais elevada nos jovens de classes mais 
favorecidas11. Ou seja, há uma relação positiva 
entre alto nível socioeconômico e obesidade16. 
O estudo de Leão et al.11 corrobora essa relação, 
onde analisando estudantes com idade entre 5 
e 10 anos em Salvador (BA), verifi cou-se que as 
crianças pertencentes a escola particular apre-
sentaram 30% de prevalência de obesidade, en-
quanto as de escola pública 8%. 
No Brasil, a obesidade e suas múltiplas fa-
cetas também atingem indivíduos de diferentes 
classes sociais e de diferentes regiões. Inicial-
mente, podemos dizer que a obesidade não se 
comporta de maneira homogênea no país, mas 
mesmo assim é possível apontar algumas ten-
dências na dinâmica do agravo onde a obesi-
dade tende a ser um fenômeno essencialmente 
urbano, embora seja possível notar diferenças 
regionais. Observa-se que em todas as regiões 
brasileiras a distribuição do excesso de peso é 
ligeiramente mais elevada na área urbana do 
que na área rural do país. Wanderley e Ferreira10 
indicaram que as diferenças geográfi cas no país 
expressam diferenciações sociais na distribuição 
da obesidade. Inicialmente, verifi cou-se maior 
prevalência de excesso de pesonas regiões mais 
desenvolvidas (Sul, Sudeste e Centro-Oeste) do 
país e nos estratos de renda mais elevados, mas 
já se observa uma tendência de aumento da 
obesidade nas regiões Norte e Nordeste e nos 
estratos de renda mais baixos. 
Deve-se levar em consideração o nível 
socioeconômico e educação, pois este resulta 
em padrões de comportamento que afetam na 
ingestão calórica, o gasto energético e a taxa 
de metabolismo. Os alimentos como: peixes, 
carnes magras, vegetais, frutas frescas são ge-
ralmente menos consumidos pelos indivíduos 
de nível socioeconômico mais baixo. Outro fa-
tor que parece infl uenciar nessa transição é a 
merenda escolar. Atualmente, com os planos 
sociais do governo federal brasileiro, as crian-
ças e os adolescentes estão tendo mais acesso 
a alimentação e a escola ainda reproduz o lan-
che de quando os índices de desnutrição ainda 
eram elevados12.
>
122 Berlese et al.AMBIENTE SOCIAL, MÍDIA E OBESIDADE NA 
ADOLESCÊNCIA: PROPOSTA DE REFLEXÃO
Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016
Dados sugerem que o maior número de es-
tabelecimentos que fornecem alimentos de alta 
densidade calórica como a escola pode contri-
buir para a maior prevalência da obesidade em 
habitantes de bairro de baixa renda, porém ain-
da é muito contraditório, não se sabe exatamen-
te qual nível socioeconômico tem uma maior 
prevalência13.
Estilo de vida 
Os aspectos culturais parecem infl uenciar 
os estilos de vida não só no que diz respeito à 
ingestão alimentar, como os padrões de ativi-
dade física, apesar dos “atributos culturais” res-
ponsáveis por tal mecanismo ainda não serem 
totalmente esclarecedores.
Para pensar em cultura se faz necessário 
compreender a estrutura de formação da mes-
ma. Seguindo as ideias de Foucault14, a cultura 
se apresenta com códigos fundamentais que 
seriam aqueles que regem a linguagem, as 
percepções e os valores. São os aspectos que 
apresentam ao observador os signos da própria 
cultura observada. Compreendendo que toda 
Cultura possui aspectos que as norteiam, obser-
vamos uma tendência contemporânea nomea-
da por Bauman15de Modernidade Líquida. Este 
conceito se refere aos rompimentos dos padrões 
existentes na modernidade (Fixo e Sólidos), por 
uma constante instabilidade social.
O Líquido tão referenciado por Bauman15 
em sua metáfora se refere justamente às neces-
sidades dos sujeitos e da sociedade de forma 
geral, em se adaptar constantemente as velozes 
mudanças que ocorrem e estão ocorrendo no 
estilo de vida atual.
Com o desenvolvimento econômico e o 
proces so de urbanização sobre as modifi cações 
no estilo de vida da população, houve uma 
mudança nos padrões alimentares e modelos 
de ocupação predominantemente. Atualmente 
grande parte da população possui hábitos ali-
mentares inadequados e uma vida com baixos 
nível de atividade física, onde o sedentarismo 
está atingindo níveis alarmantes.
As comodidades oferecidas pelo mundo 
moderno, tais como aparelhos de televisão, 
telefones sem fi o, videogames, computadores, 
controles remotos, entre outros, têm favorecido 
a redução do gasto energético16. Outro fator re-
levante para o uso excessivo das novas tecnolo-
gias diz respeito à violência, principalmente nas 
grandes cidades. Observam-se cada vez menos 
crianças e adolescentes brincando nas ruas, nos 
parques e praças e isso segundo os pais e/ou 
responsáveis ocorre devido aos altos índices de 
violência. Com isso, as crianças estão cada vez 
mais dentro de seus lares e utilizando esses re-
cursos tecnológicos.
Segundo Wanderley e Ferreira10, outros fa-
tores a serem considerados são os associados à 
dieta, que contribuem para a o excesso de peso 
dos brasileiros. As mudanças nos padrões ali-
mentares tradicionais, que são a migração inter-
na, a alimentação fora de casa, o crescimento 
na oferta de fastfood e a ampliação do uso de 
alimentos industrializados estão cada vez mais 
evidentes nas opções alimentares das famílias 
brasileiras. Segundo os autores, estes aspectos 
estão diretamente vinculados à renda das famí-
lias e às possibilidades de gasto com alimenta-
ção, que por sua vez está associada ao valor so-
ciocultural dos alimentos em cada grupo social.
As práticas alimentares como determi-
nantes diretos do aumento da obesidade têm 
sido reconhecidas em inúmeros estu dos. Entre 
os adolescentes, a alimentação inadequada ca-
racterizada pelo consumo excessivo de açúcares 
simples e gorduras, associada à ingestão insu-
fi ciente de frutas e hortaliças contribui direta-
mente para o ganho de peso nesse grupo popu-
lacional. Estudo conduzido nos Estados Unidos 
por Liebman et al.17, envolvendo 1.817 jovens, 
revelou associação positiva entre so brepeso/
obesidade e consumo de bebidas com adição de 
açúcar, consumo de grandes porções de alimen-
tos, refeições realizadas concomitantemente 
com outra atividade, e tempo despendido assis-
tindo televisão. Em contrapartida, o aumento do 
consumo de frutas e hortaliças tem apresentado 
as sociação negativa com o ganho de peso16.
123Berlese et al. AMBIENTE SOCIAL, MÍDIA E OBESIDADE NA 
ADOLESCÊNCIA: PROPOSTA DE REFLEXÃO
Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016Adolescência & Saúde
Dados da Pesquisa de Orçamento Fami-
liares- IBGE18 revelam que a média nacional de 
disponibilidade de alimentos por domicílio é de 
1.800 Kcal/pessoa/dia, sendo 1.700 Kcal/pes-
soa/dia no meio urbano e 2.400 Kcal/pessoa/
dia no meio rural. Deve-se ressaltar que a menor 
disponibilidade calórica no meio urbano possi-
velmente refl ete uma maior frequência de con-
sumo de alimentos fora do domicílio, de difícil 
quantifi cação, e menores necessidades energé-
ticas do que no meio rural10.
A tendência de evolução dos padrões de 
consumo alimentar no período de 1974-1975 
a 2002-2003, passível de estudos apenas nas 
áreas metropolitanas do país, indica menor 
contribuição dos carboidratos na dieta embo-
ra haja persistência de um teor excessivo de 
açúcar na dieta, com redução no consumo de 
açúcar refi nado e incremento no consumo de 
refrigerantes, e o aumento do aporte de gor-
duras em geral e gorduras saturadas, não evi-
denciando qualquer tendência de superação 
dos níveis insufi cientes de consumo de frutas 
e hortaliças16.
Nota-se ainda, que hábitos tradicionais 
na dieta do brasileiro, como o arroz e o feijão, 
perderam importância no período, enquanto 
o consumo de produtos industrializados como 
biscoitos, refrigerantes e refeições prontas, au-
mentou consideravelmente10.
Em relação ao gasto energético, observa-
-se que a relação da ascensão da obesidade 
com a redução do nível de atividade física re-
fere-se às mudanças na distribuição das ocupa-
ções por setores e nos processos de trabalho 
com redução do esforço físico ocupacional; 
modifi cações nas atividades de lazer, que pas-
saram de atividades de elevado gasto energéti-
co, como práticas esportivas, para prolongados 
períodos diante da televisão ou computador; 
da utilização crescente de equipamentos do-
mésticos com redução do gasto energético da 
atividade, como por exemplo, lavar roupa à 
máquina no lugar de fazê-lo manualmente; e 
do uso do automóvel, veículo automotivo para 
deslocamento10.
Nesse sentido Serra e Santos19 comentam 
que a mídia desempenha papel estruturador na 
construção e desconstrução das práticas alimen-
tares como, por exemplo, o consumo elevado 
de fastfoods verifi cado atualmente e que cons-
tantemente tem sido veiculado pela mídia10.
Fatores midiáticos
Embora a televisão desempenhe um pa-
pel relevante na disseminação de infor mações 
e cultura, em algumas situações ela pode ser o 
veículo de mensagens que infl uenciam negati-
vamente as preferências e escolhas alimentares 
de crianças e ado lescentes, além de desempe-nhar um efeito negativo direto no estilo de vida 
de crianças e adolescentes16.
Nesse contexto, observa-se que o tempo 
excessivo dedicado a assistir à Televisão (TV) é 
um marcador para identifi cação de baixos níveis 
de atividade física e também de práticas alimen-
tares pouco saudáveis. Em relação ao sedenta-
rismo, Pimenta e Palma20 observaram que a mé-
dia de tempo despendido em frente à TV (2,6 
horas/dia) era maior do que a média de tempo 
despendido com atividade física (1,1 hora/dia) 
entre escolares de 10 e 11 anos matriculados em 
uma escola no município do Rio de Janeiro. Em 
Florianópolis, um estudo realizado em 2002 re-
velou que crianças entre 7 e 9 anos de idade 
despendiam, em média, 3,3 horas/dia em frente 
à TV, sendo que somente 35,7% dentre 1.689 
crianças realizavam algum tipo de esporte, além 
daquele praticado em horário escolar21.
Quanto às práticas alimentares, Salmon22 
observou associação entre o baixo consumo de 
frutas e hortaliças e a elevada audiência de TV, 
entre crianças e adolescentes. Almeida et al.20, 
ao analisarem a TV brasileira, observaram que 
27,4% das propagandas referiam- se a alimen-
tos, e que a veiculação desses comerciais distri-
buía-se por todos os períodos do dia.
O efeito causado pelas inúmeras horas des-
pendidas ao assistir televisão é de particular in-
teresse no risco de obesidade, pois a visualização 
da televisão promove o ganho de peso através 
da reduzida prática de atividade física, além de 
124 Berlese et al.AMBIENTE SOCIAL, MÍDIA E OBESIDADE NA 
ADOLESCÊNCIA: PROPOSTA DE REFLEXÃO
Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 1, p. 118-125, agosto 2016
infl uenciar um aumento da ingestão de alimen-
tos nutricionalmente desequilibrados19.
Os meios de comunicação, em especial a 
televisão, mostram-se então como grande vilã 
no tocante à obesidade. Os comerciais infl uen-
ciam o comportamento alimentar, e o hábito de 
assistir TV está diretamente relacionado a pe-
didos, compras e consumo de alimentos anun-
ciados, sendo que esses alimentos veiculados 
possuem elevados índices de gorduras, óleos, 
açúcar e sal, o que não está de acordo com as 
recomendações de uma dieta saudável e balan-
ceada. Os alimentos consumidos com maior fre-
quência em frente à TV são os biscoitos, refrige-
rantes, salgadinhos, pipoca e pães3.
Com isso, observa-se que os dados referen-
ciados acima apontam que a permanência em 
frente à TV é um fator que infl uencia crianças e 
adolescentes a desenvolverem hábitos alimenta-
res menos saudáveis, e também reduz o tempo 
dedicado à atividade física, o que é extrema-
mente prejudicial para o desenvolvimento inte-
gral desses indivíduos23.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo que teve por objetivo 
propor uma refl exão sobre a possibilidade de 
interferência da mídia e do ambiente social na 
obesidade de adolescentes. Observou-se que a 
mídia, os fatores socioeconômicos e sociodemo-
gráfi cos e o estilo de vida na modernidade in-
fl uenciam no comportamento alimentar e con-
tribuem para o sedentarismo.
Sendo assim, o ambiente social como os 
demais fatores, tornam-se facilitadores para a 
obesidade em adolescentes. Alguns dos maio-
res determinantes na etiologia da obesidade são 
modifi cáveis, como: a ingestão elevada de ali-
mentos ricos em gorduras e carboidratos, a falta 
da prática de exercícios físicos e o uso excessivo 
da televisão e vídeo games. Com isso é possível 
inferir que a obesidade na adolescência é um 
sério problema de saúde pública no Brasil que 
vem aumentado em todas as camadas sociais da 
população brasileira, caracterizada por um con-
texto de epidemia mundial.
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