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Teorias clássicas do trabalho Karl Marx (1818-1883) Émile Durkheim (1859-1917) Max Weber (1864-1920) Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Karl Marx O que diferencia a espécie humana dos outros animais é sua habilidade de planejar e produzir seus meios de subsistência (teleologia do trabalho). Esta habilidade também provê os meios pelos quais as pessoas podem realizar seu potencial humano, logo o mundo do trabalho incorpora a natureza humana. A perspectiva de Marx é centrada nas relações sociais de produção e, portanto, no trabalho. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Objetivação e alienação Objetivação é o produto do trabalho humano sobre a matéria bruta. O modo de produção das sociedades é essencial à humanidade, tanto por prover a estrutura material da vida social quanto por facilitar a realização do potencial individual. Modo de produção: relações sociais de produção x forças produtivas Entretanto, no modo de produção capitalista, os meios de produção são propriedade de uma minoria enquanto a maioria possui apenas sua força de trabalho. A produção visa o lucro, e não a satisfação, logo ao invés de objetivação ocorre a alienação. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira As esferas da alienação O trabalhador não tem controle sobre o produto de seu trabalho, o que restringe sua humanidade. Quanto mais o homem se entrega ao trabalho, menor sua perspectiva de auto-realização. A segmentação do trabalho em tarefas sem significado faz com que o trabalho não seja um processo de libertação criativa, mas algo forçado e instrumental. Os escritos mais antigos de Marx vislumbravam a possibilidade da libertação no trabalho, mas em sua fase mais madura afirmam que a libertação ocorre fora da esfera da produção, da necessidade material, mesmo sob o comunismo. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Da alienação à exploração Em seus trabalhos da fase mais madura, Marx salta do campo da filosofia para o da economia, da alienação para a exploração. O trabalho no capitalismo é inerentemente conflituoso e requer formas de coerção para transformar a força de trabalho em produtiva para o capital. Parte do valor gerado pelo trabalho é apropriado pelo capitalista na forma de lucro (mais-valia). Logo há interesses contraditórios entre Capital e Trabalho. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Émile Durkheim A contribuição fundamental de Durkheim à sociologia do trabalho deriva de sua tese de doutoramento: A Divisão do Trabalho. Seu foco está centrado no tema da solidariedade e coesão social. Durkheim contesta as teorias de que a vida social entraria em colapso com a crescente divisão do trabalho e os processos de industrialização e urbanização. A sociedade industrial moderna tira as pessoas do isolamento por induzir dependência mútua pela divisão do trabalho. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Individualismo x solidariedade social Durkheim reconheceu a dificuldade de preservar a ordem moral do declínio iminente que se anunciava ao final do século XIX: o egoísmo parecia suplantar o pluralismo, mas Durkheim via essa situação como um problema temporário (anomia). Só a solidariedade coletiva e a moralidade podem fornecer as bases da liberdade: individualismo ético, não egoísmo psicológico é a chave do progresso das sociedades. A solidariedade das sociedades pré-industriais seria somente resultado da sufocante uniformidade de experiências e pensamentos, logo, às custas da individualidade. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Divisão do trabalho anômica e forçada Não há correlação entre maior especialização e menor solidariedade, mas formas anormais de divisão do trabalho podem subsistir e gerar problemas para a produção e reprodução da solidariedade social. Dessas formas anormais, duas são particularmente importantes: a divisão do trabalho anômica e a forçada. A divisão anômica refere-se à perda de sentido do trabalho pela especialização. Esta anomalia deve desaparecer sob uma regulação social gerada por uma resolução institucionalizada do conflito no trabalho entre sindicatos de trabalhadores e as associações patronais. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Divisão do trabalho anômica e forçada A divisão forçada ocorre quando os padrões de desigualdade existentes não refletem o que Durkheim considera a normal e inevitável desigualdade entre as pessoas. Logo a divisão do trabalho normal seria alcançada somente por uma sociedade onde as diferenças sociais refletissem as diferenças naturais. Durkheim não prega uma sociedade igualitária e sim meritocrática e considera a divisão do trabalho doméstico entre o homem (mais inteligente) e a mulher como um bom exemplo da harmonia gerada quando as desigualdades sociais refletem as desigualdades naturais. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Max Weber Weber reconhece a importância da propriedade na estratificação social, mas a vê com uma natureza mais multi-dimensional e derivada da situação do mercado. Como o mercado é guiado por forças impessoais, as considerações de status são de alto valor nas sociedades capitalistas. O status seria determinado por estilo de vida, educação formal, hereditariedade e prestígio ocupacional. Grupos de status não são idênticos a classes, mas sua maior homogeneidade o dota com maior poder de ação social. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Metodologia Apesar de Weber se preocupar com os coletivos sociais (classes, grupos de status) recusava a abordagem estruturalista de Marx e Durkheim por subestimar o papel dos indivíduos. Para Weber os coletivos sociais seriam redutíveis a seus componentes individuais, ou seja, a sociologia seria o estudo dos coletivos sociais a partir da interpretação individual. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Capitalismo e racionalização Weber estava convencido de que a sociedade contemporânea se apoiava cada vez mais no avanço material e simbólico da racionalidade. A racionalidade marca o declínio das interpretações mágicas do mundo e a eliminação gradual dos mistérios. Marca também a substituição das ações “afetivas” e “tradicionais” por ações “racionais”, isto é, com custos e benefícios calculados. Seguimos regras porque foram construídas sobre princípios racionais e o maior exemplo desta forma de autoridade é a burocracia. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Burocracia Para Weber a burocracia antecedeu o capitalismo, mas não era estruturada em torno de princípios racionais de contratos livres, salários fixados e esferas delimitadas de competências. Apesar de nunca definir burocracia, Weber fez extensivas análises de seus princípios fundamentais: legitimidade, autoridade e seleção Porém controle burocrático não é inequivocamente, e por si só, efetivo. Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Protestantismo e capitalismo Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo O surgimento de uma nova atitude em relação ao trabalho, uma mudança cultural onde o trabalho significa uma expressão da deidade, está relacionada ao surgimento do calvinismo e do capitalismo racional. Os calvinistas são mais propensos ao reinvestimento que ao consumo de seus ganhos. Ao contrários da tese de Marx, portanto, o surgimento do capitalismo estaria mais associado a condições culturais que materiais e estruturais Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira Diferenças relevantes Orientação Revolucionária Conservador Liberal política Método Estruturas Estruturas Indivíduos analítico sociais sociais Divisão do Conflitos Solidariedade Racionalidade trabalho sociais social Foco Desintegração Integração Racionalidade analítico e conflito e controle e burocracia Prof. Dr. Arnaldo José Fança Mazzei Nogueira
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