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Percepção - Aula (TO)

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Percepção
Neurociência em TO
Tiago Coelho, PhD
2017-2018
Sensação vs Percepção
Processos interligados, mas diferentes
Sensação: processo bottom-up através do qual os nossos sentidos 
recebem e transmitem um estímulo
Percepção: processo top-down através do qual o nosso cérebro organiza 
e interpreta essa informação de forma contextualizada
Percepção
Funções mentais específicas relacionadas com o reconhecimento
e a interpretação dos estímulos sensoriais
Percepção auditiva: Funções mentais envolvidas na discriminação de sons, tons, intensidade e outros estímulos acústicos
Percepção visual: Funções mentais envolvidas na discriminação da forma, tamanho, cor e outros estímulos oculares
Percepção olfactiva: Funções mentais envolvidas na diferenciação de odores
Percepção gustativa: Funções mentais envolvidas na diferenciação de sabores, tais como, estímulos doces, azedos, salgados e
amargos, detectados pela língua
Percepção táctil: Funções mentais envolvidas na diferenciação de texturas, tais como, estímulos ásperos ou lisos, detectados pelo
tacto
Percepção visioespacial: Função mental envolvida na distinção, através da visão, da posição relativa dos objectos ou em relação a
si próprio
…
Processo perceptivo
Estímulos
Podem ser externos ou internos
Os estímulos ambientais referem-se a todos os aspectos do ambiente que podemos 
potencialmente percepcionar
Sinais elétricos
Tudo o que nós percepcionamos é baseado em sinais elétricos no nosso sistema 
nervoso
Estes sinais são criados nos receptores, que transformam energia do ambiente (ex: 
luz) em sinais elétricos 
Este processo designa-se de transdução (i.e. a transformação de uma forma de 
energia para outra forma de energia) 
Sinais elétricos
Transdução – Transmissão - Processamento
Experiência e acção
Percepcionar, reconhecer e agir em relação ao estímulo do ambiente
Percepção ocorre quando os sinais elétricos que representam a traça são 
transformados pelo cérebro da Ellen na experiência de ver a traça
Reconhecimento
Capacidade de identificar o objeto percepcionado de acordo com representações 
mentais, atribuindo-lhe significado (ex: identificar o insecto como uma traça)
Quando não se é capaz de reconhecer objetos, pessoas, formas, cheiros ou outros 
estímulos, sem que se deva a um défice significativo da função sensorial ou da 
memória, estamos na presença de uma agnosia
A agnosia pode resultar de défices na percepção (propriamente dita) do objecto
como um todo ou no seu reconhecimento (associação do que é percepcionado a um 
significado)
Acção
Refere-se às acções motoras resultantes da percepção
Segundo alguns autores, a percepção desenvolveu-se para promover acções
adequadas ao ambiente (detectar presas e predadores e agir de acordo) –
importância para sobrevivência
O facto da percepção levar frequentemente a acções significa que o processo 
perceptivo se encontra em constante mudança (focamos a nossa atenção em novos 
aspectos, detectamos novos pormenores)
Processo perceptivo
Conhecimento 
O conhecimento adquirido, 
tal como outros factores, 
pode influenciar o 
reconhecimento e 
interpretação dos estímulos
Importa perceber que a 
percepção resulta da 
interação entre 
processamento bottom-up
(imagem nos receptores) e 
processamento top-down
(que envolve a informação 
que a pessoa possui)
Percepção vs realidade
Percepção é o que nos permite dar significado aos estímulos (à 
realidade) que os nossos sentidos detectam
Limiar de detecção absoluto: mínimo de estimulação 
necessária para detectar um estímulo (pelo menos 50% das 
vezes)
Limiar de detecção diferencial: a diferença mínima entre dois 
estímulos que uma pessoa pode detectar (lei de Weber – a 
diferença entre dois estímulos que pode ser detectada é 
proporcional à magnitude dos estímulos)
Percepção
Conhecimento
Experiências prévias
Expectativas
Motivação
Emoção
Contexto
Cultura
…
Organização perceptiva
A própria organização perceptiva pode iludir-nos
Para organizar os inúmeros estímulos a que estamos sujeitos surge a tendência para 
criar padrões, para fazer agrupamentos, para identificar o todo e não as suas partes
Gestalt: dar forma ao que percepcionamos («o todo é diferente da soma das partes»)
A organização perceptiva envolve 
genericamente agrupar elementos de uma 
imagem para criar objetos maiores
Lei da pregnância (lei da simplicidade): Cada 
padrão é visto de uma forma a que a estrutura 
resultante seja a mais simples possível.
Leis de organização perceptiva (Gestalt)
Lei da semelhança: Formas similiares são agrupadas. Objetos semelhantes tendem a 
permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes 
elementos. 
Leis de organização perceptiva (Gestalt)
Lei da boa continuidade: Refere-se ao 
alinhamento harmónico das formas. 
Pontos que, quando alinhados de forma 
harmoniosa, parecem pertencer à mesma 
forma.
Leis de organização perceptiva (Gestalt)
Lei da proximidade: Formas próximas umas 
das outras parecem estar agrupadas 
Lei da região comum: Elementos na mesma 
região parecem pertencer ao mesmo grupo
Lei da conectividade: Formas ligadas são 
agrupadas
Lei da sincronia: Eventos simultâneos são 
agrupados
Leis de organização perceptiva (Gestalt)
Lei do destino comum: Formas que se movem 
na mesma direcção são agrupadas
Lei da familiaridade: padrões que sejam 
familiares são agrupados da mesma forma
Leis de organização perceptiva (Gestalt)
Lei da clausura: Preenchemos falhas para completar uma figura
Leis de organização perceptiva (Gestalt)
A percepção de formas seria difícil sem a dinâmica figura – fundo
Refere-se à organização do campo visual em objetos (figura) que se destacam do que 
os rodeia (fundo)
É o que nos permite focarmo-nos em determinados objetos e não noutros
Organização perceptiva – figura/fundo
Percepção da profundidade
Simplificamos o nosso dia-a-dia agrupando formas e distinguindo figura do seu fundo
No entanto, a percepção da profundidade é fundamental para o nosso funcionamento 
Refere-se à capacidade de ver objectos em três dimensões apesar das imagens na retina 
serem bi-dimensionais
Percepção da profundidade
Sendo a imagem que recebemos bi-dimensional, como distinguimos o que está próximo 
do que está distante?
Através de pistas oculomotoras, binoculares e monoculares. 
Pistas oculomotoras:
- Convergência: sentimos o movimento dos olhos que ocorre quando eles convergem 
para olhar para objetos próximos
- Acomodação: tensão que sentimos nos olhos quando focamos objetos próximos
Percepção da profundidade
Pistas binoculares:
Olhos estão separados por cerca de 6 cm, logo as retinas recebem imagens diferentes 
(disparidade binocular). 
O cérebro compara as duas imagens para definir a distância. 
Quanto maior a diferença entre imagens, maior a proximidade do objecto. 
Pistas usadas para avaliar distâncias mais próximas. 
Percepção da profundidade
Pistas monoculares:
-Pistas estáticas: 
Oclusão: quando um objecto esconde parcialmente outro
Altura relativa: quando a base de um objecto está acima consideramos como mais distante
Tamanho relativo: objectos do mesmo tamanho a distâncias diferentes vão ocupar espaços 
diferentes no campo visual (mais pequeno – mais distante)
Convergência de perspetivas: quando linhas paralelas que se afastam aparentam convergir
Percepção da profundidade
Pistas monoculares:
-Pistas estáticas: 
Familiaridade do tamanho: quando julgamos a 
distância dos objectos com base no 
conhecimento que temos do seu tamanho
Perspetiva atmosférica: objectos mais distantes 
estão mais difusos
Percepção daprofundidade
Pistas monoculares:
-Pistas estáticas: 
Gradiente de 
texturas: objectos
mais distantes com 
menos detalhe
Percepção da profundidade
Pistas monoculares:
-Pistas estáticas: 
Sombras: localização das 
sombras dá informação sobre 
a sua posição
Percepção da profundidade
Pistas monoculares:
-Relacionada com o movimento - Paralaxe de movimento: objectos próximos passam mais 
rápido por nós que objectos distantes
Percepção
Neurociência em TO
Tiago Coelho, PhD
2017-2018
Referência principal:
Goldstein, E. (2009). Sensation and Perception. Belmont: Wadsworth, 
Cengage Learning.

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