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Contabilidade de Custos Introdução à Contabilidade de Custos Introdução Esta lição é o primeiro contato com a Contabilidade de Custos, portanto, faremos um breve relato histórico e uma apresentação de todos os componentes de custos de uma empresa industrial. 1. Histórico da Contabilidade de Custos A partir da Revolução Industrial, os gastos para manufatura de um produto obrigaram as indústrias a desenvolver procedimentos de con- tabilidade interna. Em 1925, a ênfase da Conta- bilidade de Custos estava voltada para a deter- minação do custo do estoque, em que a avaliação dos custos de produção consistiria em determinar o valor correto dos estoques e assim, consequen- temente, o custo dos produtos vendidos. Esse método era útil e não havia outras metodologias mais eftcazes. A não existência de sistemas computacionais e a obtenção de altos lucros não motivavam os administra- dores e contabilistas a encontrarem outros métodos mais eftcazes. Após os anos 70, o cenário industrial mu- dou drasticamente: as recessões econômicas nos anos 80 e 90, a evolução da informática, a globalização e o aumento da concorrência ftzeram com que os contabilistas encontrassem metodologias melhores para o cálculo do custo de produção. Nesse período foi grande o movi- mento acadêmico com pesquisas sobre gestão de custos. Além disso, de um modo geral, a indústria perdeu espaço na economia para as empresas prestadoras de serviços. Assim, todas as pesquisas sobre custos começaram a abranger esse setor também. No Brasil, a metodologia de custos foi im- portada pelas empresas multinacionais e rapi- damente incorporadas à legislação contábil e ao Regulamento do Imposto de Renda. 2. Definição de Custo Custo é um gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Ou seja, é tudo o que é utilizado ou consumido para produzir um bem ou serviço. Para a fabricação de um produto ou a prestação de um serviço, são necessários materiais, mão-de-obra, energia elétrica, combustível, etc. Assim, o custo é a junção de todos os gastos para a produção de um bem ou a prestação de um serviço. O custo difere da despesa já que se trata de um gasto usado na produção e a despesa é usada direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Por exemplo, o gasto usado na administração de uma empresa não pode ser considerado como custo e sim como despesa. A comissão paga a vendedores são despesas, por se tratar de um gasto utilizado sem envolver a produção e, sim, as vendas. 3. Classificação dos Custos Os custos podem ser classiftcados de duas maneiras: quanto ao uso e ao comportamento. Quanto ao Uso Podem ser classiftcados em diretos e indiretos, e esta classiftca- ção dependerá do tipo de produto fabricado e os gastos específtcos na fabricação. Vejamos os seguintes gastos usados na fabricação de livros: Depreciação R$ 500,00 Aluguel R$ 1.000,00 Matéria-prima e Embalagens (papel) R$ 2.000,00 Tinta R$ 500,00 Mão-de-obra (produção) R$ 1.000,00 Materiais auxiliares R$ 400,00 Energia elétrica R$ 600,00 Água e telefone R$ 120,00 Mão-de-obra (supervisão) R$ 800,00 Total Gasto R$ 6.920,00 São impressos e encadernados três diferentes livros1. Vamos analisar todos os gastos da produção quanto ao uso, ou seja, quais gastos estão diretamente associados à fabricação dos livros? Podemos dizer que a matéria-prima e a mão-de-obra da produção são gastos diretamente relacionados a cada produto ela- borado. Assim, chamamos de Custos Diretos, pois têm uma forma de mensuração direta para cada tipo de produto. Geralmente, esses custos possuem uma característica de medição (quantidade, quilos, litros, etc.). Em muitas fábricas, a energia elétrica possui parcela de custo direto, pois as máquinas utilizam relógios medidores. Todos os demais custos são indiretos, já que são gastos gerais utilizados para vários produtos diferentes e sua alocação a cada produto é de difícil mensuração. A depreciação, materiais auxi- liares, mão-de-obra da supervisão, etc. são exemplos de gastos gerais e estão indiretamente ligados ao produto. Quanto ao Comportamento Quanto ao comportamento, os custos assumem outra classift- cação. Vejamos o mesmo exemplo apresentado anteriormente: Depreciação R$ 500,00 Aluguel R$ 1.000,00 Matéria-prima e Embalagens (papel) R$ 2.000,00 Tinta R$ 500,00 Mão-de-obra (produção) R$ 1.000,00 Materiais auxiliares R$ 400,00 Energia elétrica R$ 600,00 Água e telefone R$ 120,00 Mão-de-obra (supervisão) R$ 800,00 Total Gasto R$ 6.920,00 São impressos e encadernados três diferentes livros. Ao analisar os gastos, vejamos quais os custos que variam de acordo com a produção: obviamente, a matéria-prima, a mão de obra da produção, a tinta e os materiais auxiliares, pois quanto maior o volume de livros produzidos, maior será o gasto da pro- dução. Ou seja, nessa abordagem o custo varia de acordo com a produção. Assim podemos chamar de custos variáveis, pois o total gasto será de acordo com o volume de produção. Os demais gastos independem de produção, ou seja, se não houver produção, os gastos existirão. Assim chamamos de custos fixos, pois independem de produção para a sua existência. 4. Contabilidade de Custos e os Métodos de Custeio Mundialmente, no meio acadêmico, diversos métodos de cus- teio foram desenvolvidos para determinação do valor correto do custo de cada unidade produzida. Essa diftculdade em apurar o valor do custo se dá pela existência de custos indiretos, que em uma produção com diversos produtos diferentes necessitam de um tratamento adequado. Já foram desenvolvidos diversos métodos de custeio, mas, efetivamente, somente três são usados: custeio por absorção, custeio variável e custeio por atividades. Custeio por Absorção Consiste na utilização de todos os custos de produção (diretos e indiretos) na alocação do estoque, ou seja, o estoque “absorve” todos os custos da produção, em que os custos diretos são lançados diretamente aos produtos e os indiretos são deftnidos aos produtos por meio de rateios baseados em critérios pré-estabelecidos. Esse método é aceito pela legislação do Imposto de Renda. Custeio Variável Esse método reconhece que somente os custos variáveis são destinados aos produtos e formam o custo do estoque. Os custos ftxos serão lançados diretamente ao resultado da empresa. Custeio por Atividades (ABC)2 Esse método reconhece que cada produto fabricado exige um certo número de atividades diferentes. Os custos diretos são lançados diretamente aos produtos e os indiretos são lançados aos produtos, de acordo com as atividades exercidas. O custeio por atividades é muito semelhante ao custeio por absorção, havendo apenas a existência do critério “atividade”. 5. Comparações e Limitações entre os Métodos de Custeio A legislação do Imposto de Renda reconhece apenas o custeio por absorção como ideal para o uso das empresas; os demais mé- todos podem ser utilizados para ftns gerenciais. O custeio variável é usado na Europa e em alguns países da América (Argentina e Chile). Nos Estados Unidos, há uma liberdade para as empresas optarem por qualquer modelo. O baseado em atividades é um modelo contábil, mas enfocado para a gestão de custos, pois pos- sibilita a veriftcação de quais as atividades são necessárias e quais são desnecessárias, reduzindo, assim, o custo de produção. A limitação do custeio por absorção deve-seà época de sua criação, quando os custos diretos correspondiam a quase 90% dos custos de produção. Atualmente, essa proporção está em torno de 30% para custos diretos e 70% para indiretos. Esse aumento deve-se à automatização das fábricas, devido à substituição da mão-de-obra pelas máquinas. No entanto, o custeio baseado em atividades tenta reduzir esta diferença. Custos e Introdução Nesta lição estudaremos todos os custos segundo a legislação brasileira, quais impos- tos e encargos sociais implicam no custo da produção, e como a empresa pode se beneftciar com a sua contabilização. 1. Custo da Matéria-Prima O custo da matéria-prima e demais ma- Frete R$ 200,00 Seguro R$ 150,00 Valor Total da Nota Fiscal R$ 3.500,00 Assim, como o comprador é uma indústria, e essa recupera o IPI e o ICMS, deveremos destacar esses impostos; o frete e o seguro integram o custo da matéria-prima. Assim, o valor de custo ftcará: Valor total da nota ftscal R$ 3.500,00 teriais diretos (embalagens) é determinado ( - ) IPI R$ 150,00 por: • Custo original (valor de aquisição) ( - ) ICMS Valor total de custo da matéria-prima R$ R$ 360,00 2.990,00 • Frete (se houver) • Seguro (se houver) • Impostos não recuperáveis Neste momento, é importante salientar que para uma indústria, o IPI e o ICMS são impostos recuperáveis, assim, deverão ser destacados do valor do material. Por exemplo, para o caso de uma empresa de prestação de serviço, o IPI deve incorporar o preço de custo do material, pois a empresa não recupera esse imposto. O ICMS é um imposto que já está embutido no preço de compra, assim não há a necessidade de somá-lo. Exemplo: uma indústria comprou couro para a fabricação de calçados. Os detalhes da nota ftscal são: Valor total da matéria-prima R$ 3.000,00 Se no exemplo anterior o comprador fosse uma empresa prestadora de serviços, não ha- veria nenhum destaque no valor da nota ftscal, pois ela não recupera nenhum dos impostos. As alícotas dos impostos podem variar de acordo com o produto e com o Estado onde a operação é realizada. Em nosso exem- plo, usamos essas alíquotas apenas para demostração de cálculo. 2. Matéria-Prima e Estoques Obviamente, nem todo material adquirido é colocado para a fabricação no momento de sua compra. Assim sempre existirá um período em que a matéria-prima permanecerá em esto- que. Para determinarmos o custo da matéria- prima, podemos utilizar dois critérios: avalia- ção de estoques e inventário periódico. Legislação Brasileira ICMS (12%) R$ 360,00 IPI (5%) R$ 150,00 Avaliação de Estoques da Matéria-Prima A avaliação da matéria-prima ocorre no momento em que há aquisições de materiais a preços diferentes.Utilizaremos o crité- rio PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai), assim temos um critério de qual matéria-prima sai primeiro do estoque para ser fabricada. Vamos apenas exempliftcar esse processo: 3 Compra de 10 unidades a R$ 200,00 cada 3 Consumo de 7 unidades 3 Compra de 15 unidades a R$ 210,00 cada 3 Consumo de 17 unidades 3 Compra de 5 unidades a R$ 230,00 cada 3 Consumo de 4 unidades 3 Estoque inicial: 8 unidades a R$ 190,00 cada 3 Os valores já estão sem os impostos recuperáveis Data ENTRADAS SAÍDAS SALDO quantidade preço unitário total quantidade preço unitário total quantidade preço unitário total EI 8 190,00 1.520,00 1 10 200,00 2.000,00 10 200,00 2.000,00 2 7 190,00 1.330,00 1 190,00 190,00 10 200,00 2.000,00 3 1 190,00 190,00 10 200,00 2.000,00 15 210,00 3.150,00 15 210,00 3.150,00 4 1 190,00 190,00 10 200,00 2.000,00 6 210,00 1.260,00 17 3.450,00 9 210,00 1.890,00 5 9 210,00 1.890,00 5 230,00 1.150,00 5 230,00 1.150,00 6 4 210,00 840,00 5 210,00 1.050,00 5 230,00 1.150,00 Total 30 6.300,00 28 5.620,00 5 210,00 1.050,00 5 230,00 1.150,00 10 2.200,00 Avaliação pelo Inventário Periódico Nesse modelo, o foco do consumo está na matéria-prima. Vejamos: Estoque Inicial de Matéria-prima: R$ 12.000,00 Compras de Matéria-prima: R$ 240.000,00 Estoque Final de Matéria-prima: R$ 26.000,00 Assim, o consumo de matéria-prima pode ser alcançado por: CMP = EI + C – EF CMP = Consumo de Matéria-prima EI = Estoque Inicial C = Compras EF = Estoque Final Aplicando a fórmula, o consumo de matéria será de: CMP = EI + C – EF CMP = 12.000 + 240.000 – 26.000 CMP = 226.000 2. Custo da Mão-de-Obra O custo da mão-de-obra é composto por: 3 Salário nominal do funcionário 3 Encargos sociais 3 Férias 3 13° salário 3 Benefícios 3 Etc. Vejamos um exemplo sobre o custo da mão-de-obra. O salário nominal de um operador de empilhadeira é de R$ 950,00. A empresa concede benefícios de R$ 200,00 com seguro saúde e vale-alimenta- ção. Os encargos sociais que a empresa paga sobre o salário nominal do funcionário são de 36,8%, de acordo com a tabela3. INSS 20,0% FGTS 8,0% SAT 3,0% Salário Educação 2,5% SESI ou SESC 1,5% SENAI ou SENAC 1,0% INCRA 0,2% SEBRAE 0,6% Total 36,8% 3. Tabela referente aos encargos sociais do período de setembro de 2007. O 13° salário é um salário a mais por ano que o trabalhador recebe. Assim, mensalmente um funcionário custa 1/12 de um salário nominal, mais encargos sociais correspondentes. As férias são 1/3 de um salário mensal que o trabalhador recebe. Assim, o custo de um funcionário pode alcançar o seguinte valor: Salário Nominal 950,00 Benefícios 200,00 Encargos Sociais (36,8%) 349,60 13° Salário 108,30 Férias 36,10 Total 1.644,00 Estamos considerando esse valor como um exemplo básico, pois se levarmos em conta feriados, tempos parados para o café, ausên- cias no trabalho por justa causa (licença médica, etc.), o custo da mão-de-obra será muito maior. Essa análise dependerá do tipo de contrato de trabalho e da empresa onde está o empregando. Cabe ao contabilista analisar e apresentar o custo da mão-de-obra. 4. Custos Indiretos de Fabricação Os custos indiretos de fabricação são todos os que não podem ser determinados a cada produto de maneira precisa ou, em outras palavras, que servem para a produção de mais de um produto, im- possibilitando, assim, a determinação de custo de cada produto. A solução encontrada pelo método de custeio por absorção é a utilização do rateio, que é um critério pré-estabelecido para dividir todos os custos indiretos aos produtos. As medidas são as mais variadas possíveis: horas de mão-de-obra, tempo total de produção, kw de energia, etc. Custos Indiretos e Impostos Alguns custos indiretos são dotados de impostos recuperá- veis, como a energia elétrica. Se a empresa conseguir separar o que é utilizado para a produção e usado para consumo, o ICMS da parcela usada para produção pode ser recuperado. Os gastos com materiais auxiliares também sofrem o mesmo processo. Nas empresas prestadoras de serviço, isso não ocorre devido à não recuperação de impostos. Custos Indiretos e Critério de Rateio Os critérios de rateio serão determinados pela empresa, com base em algum índice que determine o uso destes custos a cada produto elaborado. Vejamos um exemplo: Os custos indiretos de fabricação alcançaram o valor de R$ 90.000,00 em determinado período. Eles devem ser rateados aos produtos (copo, prato e taça), de acordo com o tempode produção, que é dado por: Copo 100 h Taça 170 h Prato 450 h Total 720 h Assim, os custos indiretos para cada produto serão determi- nados pelo valor por hora de produção, da seguinte maneira: Valor por hora de produção = Custos Indiretos Tempo total de produção Valor por hora de produção = 90.000 720 Valor por hora de produção = 125,00 por hora de produção Para determinar o custo direto para cada produto, usaremos o tempo gasto na elaboração daquele produto multiplicando-o pelo valor por hora de produção: Copos Custos Indiretos = Tempo de Produção x Valor por hora de produção Custos Indiretos = 100 h x 125,00 Custos Indiretos = 12.500,00 Taça Custos Indiretos = Tempo de Produção x Valor por hora de produção Custos Indiretos = 170 h x 125,00 Custos Indiretos = 21.250,00 Prato Custos Indiretos = Tempo de Produção x Valor por hora de produção Custos Indiretos = 450 h x 125,00 Custos Indiretos = 56.250,00 5. Cálculo do Custo Total de Produção O custo total de produção será a soma de todos os custos diretos com os indiretos da seguinte maneira: Custo total de produção = CMP + Mão-de-Obra + Custos Indiretos CMP = Consumo de matéria-prima Vejamos o seguinte exemplo: Uma empresa teve os seguintes custos de produção: Compras de matéria-prima R$ 12.000,00 Mão-de-obra R$ 32.000,00 Custos indiretos R$ 48.000,00 As compras de matéria-prima tiveram um gasto adicional de R$ 500,00 por fretes e seguros. O estoque ftnal de matéria-prima foi de R$ 4.000,00 e o estoque inicial de R$ 14.000,00. Para a mão- de-obra, a empresa paga R$ 8.000,00 de benefícios. Com esses dados, vamos determinar o custo total de produção: Consumo de Matéria-prima CMP = EI + C + Fretes – EF CMP = 14.000,00 + 12.000,00 + 500,00 – 4.000,00 CMP = 22.500,00 Custo da Mão-de-obra Salário Nominal 32.000,00 Benefícios 8.000,00 Encargos Sociais (36,8%) 11.776,00 13° Salário 3.648,00 Férias 1.216,00 Total 56.640,00 Custo Total de Produção Custo total de produção = CMP + Mão-de-obra + Custos indiretos Custo total de produção = 22.500,00 + 56.640,00 + 48.000,00 Custo total de produção = R$ 127.140,00 Custeio por Absorção Introdução Nesta lição estudaremos o método de custeio por absorção, que é a metodologia adotada pelas empresas brasileiras, por força do regulamento do Imposto de Renda. 1. Conceitos Básicos do Custeio por Absorção O custeio por absorção determina, a prin- cípio, a classiftcação dos custos em diretos e indiretos, que deve ser dada pela Contabili- dade em estudo do processo de produção. A partir disso, a contabilidade deve classiftcar os custos diretos a cada produto fabricado, e os custos indiretos devem ser rateados de acordo com algum critério pré-determinado. 1.1 Critério de Rateios O critério de rateio deve tentar traduzir da maneira mais realista possível o consumo de cada produto fabricado, apesar de que, na maioria das vezes (se não em sua totalidade), o método de rateio não consegue apresentar um custo real. O grande problema desse método é que, atualmente, os custos indiretos represen- tam a maior parte do custo total de produção. Assim, se o método de rateio estiver errado, o custo de um produto estará errado também. E as decisões gerenciais poderão estar erradas com a utilização desse método. A unidade de medida do rateio varia de empresa para empresa e de setor para setor. Assim, o contabilista deve estudar todo o processo de produção antes de deftnir quais critérios adotar. Um bom critério muito uti- lizado pelas empresas é o tempo de produção, pois podemos dimensionar o custo por tempo efetivo produzido, além de determinar algu- mas variáveis gerenciais importantes, como tempo perdido com paradas involuntárias (quebra de máquina), pausas para reuniões, tempo desperdiçado, etc. 2. Sistema Básico de Custeio por Absorção No sistema básico de custeio por absorção, devemos adotar cinco passos necessários: 1° Separar os custos e despesas. 2° Separar os custos diretos e custos indi- retos. 3° Lançar os custos diretos aos produtos. 4° Lançar os custos indiretos aos produtos, de acordo com o critério de rateio. 5° Calcular o custo de produção, custo unitário e o custo dos produtos vendidos e contabi- lizar o resultado. Para entendermos melhor cada passo, ve- jamos o seguinte balancete de veriftcação: Contas Débito Crédito Caixa 1.000,00 Máquinas e Equipamentos 10.000,00 Duplicatas a Pagar 2.500,00 Duplicatas a Receber 3.600,00 Impostos a Pagar 1.500,00 Banco conta Movimento 2.400,00 Matéria-prima Consumida 3.000,00 Energia Elétrica Consumida 1.500,00 Depreciação das Máquinas 500,00 Depreciação dos Equipamentos - Escritório 300,00 Mão-de-obra - Produção 6.000,00 Aluguel - Fábrica 1.500,00 Aluguel - Escritório 700,00 Despesas Financeiras 400,00 Gastos Gerais - Fábrica 600,00 Gastos Gerais - Escritório 200,00 Despesa de Vendas 400,00 Vendas 15.000,00 Mão-de-obra - Supervisão 900,00 Capital Social 14.000,00 Total 33.000,00 33.000,00 1° Passo: Separar os Custos de Despesas Como vimos anteriormente, os custos são gastos usados na produção de um bem e as despesas são gastos que visam direta ou indiretamente a obtenção de receitas. Vamos separar os gastos com a produção como custos e os gastos com vendas, administração e ftnanceiros como despesas. Assim, teremos: Custos Gastos Matéria-prima Consumida 3.000,00 Energia Elétrica Consumida 1.500,00 Depreciação das Máquinas 500,00 Mão-de-obra - Produção 6.000,00 Aluguel - Fábrica 1.500,00 Gastos Gerais - Fábrica 600,00 Mão-de-obra - Supervisão 900,00 Total 14.000,00 Despesas Gastos Depreciação dos Equipamentos - Escritório 300,00 Aluguel - Escritório 700,00 Despesas Financeiras 400,00 Gastos Gerais - Escritório 200,00 Despesa de Vendas 400,00 Total 2.000,00 Vejamos que todos os custos e despesas foram separados. As- sim, os gastos de produção foram de R$ 14.000,00 e as despesas de R$ 2.000,00. 2° Passo: Separação de Custos Diretos e Custos Indiretos Os custos diretos são aqueles de fácil determinação pela produ- ção. Assim, nesse caso, os gastos com mão-de-obra e matéria-prima serão considerados como diretos. Dessa forma, classiftcaremos os custos da seguinte maneira: Custos Diretos Gastos Matéria-prima Consumida 3.000,00 Mão-de-obra - Produção 6.000,00 Total 9.000,00 Custos Indiretos Gastos Energia Elétrica Consumida 1.500,00 Depreciação das Máquinas 500,00 Aluguel - Fábrica 1.500,00 Gastos Gerais - Fábrica 600,00 Mão-de-obra - Supervisão 900,00 Total 5.000,00 O total da produção é a soma dos custos diretos com os indi- retos, que será de R$ 14.000,00. 3° Passo: Distribuição dos Custos Diretos aos Produtos A empresa fabrica roupas jeans e possui três tipos de produtos: jaquetas, camisas e calças. A matéria-prima consumida foi dada pela seguinte planilha de requisições: Produto Consumo (kg) Calça 2000 Camisa 1200 Jaqueta 2800 Total 6000 A mão-de-obra foi determinada pelo número de funcionários que trabalhou em cada produto, durante o período, da seguinte maneira: Produto Nº de funcionários Calça 6 Camisa 4 Jaqueta 5 Total 15 Com esses dados, podemos determinar os custos diretos de cada produto, conforme tabela a seguir: Custo da Matéria-prima: Custo da Matéria-prima (R$) 3.000,00Consumo de Matéria-prima (kg) 6.000 Custo Unitário da Matéria-prima 0,50 Produto Calça Camisa Jaqueta Total Quantidade Consumida (kg) 2000 1200 2800 6000 Custo Unitário da Matéria-Prima 0,50 0,50 0,50 0,50 Custo Total da Matéria-Prima por Produto 1.000,00 600,00 1.400,00 3.000,00 Custo da Mão-de-obra: Custo da Mão-de-Obra 6.000,00 Número de Funcionários 15 Custo de Funcionários 400,00 Produto Calça Camisa Jaqueta Total Número de Funcionários por Produto 6 4 5 15 Custo por Funcionários 400,00 400,00 400,00 400,00 Custo Total da Mão-de-Obra por Produto 2.400,00 1.600,00 2.000,00 6.000,00 Para determinarmos o total dos custos diretos aos produtos, ftcará mais fácil se juntarmos todos esses dados em uma única tabela, da seguinte maneira: Produto Calça Camisa Jaqueta Total Custo Total da Matéria-Prima por Produto 1.000,00 600,00 1.400,00 3.000,00 Custo Total da Mão-de-Obra por Produto 2.400,00 1.600,00 2.000,00 6.000,00 Total dos Custos Diretos 3.400,00 2.200,00 3.400,00 9.000,00 Essa etapa é simples, pois signiftca apenas distribuir os custos unitários ao consumo de matéria-prima. Para o nosso exemplo, esses custos já estão com todos os encargos e impostos da nossa legislação. 4° Passo: Rateio dos Custos Indiretos aos Produtos A Contabilidade, juntamente com a Engenharia de Produção, veriftcou que a maneira mais próxima de determinar os custos indiretos aos produtos seria por meio do rateio por período de produção na fábrica. Assim, segundo o apontamento de ordens de produção, o período de utilização da fábrica por produto foi dado por: Os custos indiretos por hora de produção serão de: Total dos Custos Indiretos 5.000,00 Tempo de Produção (horas) 250 Custo Indireto por hora de produção 20,00 Assim, da mesma maneira feita para os custos diretos, rate- aremos os custos indiretos para cada produto, com base no custo indireto por hora de produção, conforme tabela abaixo: Produto Calça Camisa Jaqueta Total Tempo de Produção (horas) 80 60 110 250 Custo Indireto por hora de produção 20,00 20,00 20,00 20,00 Total dos Custos Indiretos 1.600,00 1.200,00 2.200,00 5.000,00 5° Passo: Calcular o Custo de Produção, o Custo Unitário e o Custo dos Produtos Vendidos e Contabilizá-los. Com todos os dados apresentados, podemos calcular o custo total de cada produto, somando os custos diretos com os custos indiretos, conforme a tabela: Produto Calça Camisa Jaqueta Total Custo Total da Matéria-prima por Produto 1.000,00 600,00 1.400,00 3.000,00 Custo Total da Mão-de-obra por Produto 2.400,00 1.600,00 2.000,00 6.000,00 Total dos Custos Diretos 3.400,00 2.200,00 3.400,00 9.000,00 Total dos Custos Indiretos 1.600,00 1.200,00 2.200,00 5.000,00 Custo Total por Produto 5.000,00 3.400,00 5.600,00 14.000,00 Produto Calça Camisa Jaqueta Total Tempo de Produção (horas) 80 60 110 250 Se desejarmos saber o custo unitário de cada produto, basta dividir o custo total pelo total produzido, conforme tabela: Produto Calça Camisa Jaqueta Total Custo Total da Matéria-prima por Produto 1.000,00 600,00 1.400,00 3.000,00 Custo Total da Mão-de-obra por Produto 2.400,00 1.600,00 2.000,00 6.000,00 Total dos Custos Diretos 3.400,00 2.200,00 3.400,00 9.000,00 Total dos Custos Indiretos 1.600,00 1.200,00 2.200,00 5.000,00 Custo Total por Produto 5.000,00 3.400,00 5.600,00 14.000,00 N° de Produtos Elaborados 250 170 140 - Custo Unitário do Produto 20,00 20,00 40,00 - Para determinarmos o custo dos produtos vendidos, precisare- mos saber qual é o volume de vendas de cada produto, de acordo com a seguinte tabela: Produto Calça Camisa Jaqueta Total Quantidade Vendida 180 110 90 - Preço de Venda 35,00 30,00 60,00 - Receita de Vendas por Produto 6.300,00 3.300,00 5.400,00 15.000,00 Com a tabela acima, conseguiremos determinar o custo dos produtos vendidos. Com base na quantidade vendida, a porção restante será pertencente ao estoque: Produto Calça Camisa Jaqueta Total Custo Unitário do Produto 20,00 20,00 40,00 - Quantidade Vendida 180 110 90 - Custo dos Produtos Vendidos 3.600,00 2.200,00 3.600,00 9.400,00 Produto Calça Camisa Jaqueta Total N° de Produtos Elaborados 250 170 140 - (-) Quantidade Vendida 180 110 90 - (=) Quantidade em Estoque 70 60 50 - Custo Unitário do Produto 20,00 20,00 40,00 - Valor do Estoque 1.400,00 1.200,00 2.000,00 4.600,00 Poderíamos chegar ao valor do estoque se diminuíssemos o valor total do custo de produção pelo total dos custos dos produ- tos vendidos. Contabilização dos custos em livro diário e livro razão A contabilização dos custos deverá obedecer aos padrões de débito e crédito. Assim, o procedimento correto para fazer a con- tabilização é: Lançar todos os custos (diretos e indiretos) para uma conta chamada “custo de produção”. Lançar todos os custos de produção aos estoques de cada produto. Lançar todos os custos dos produtos vendidos de cada produto. Essa maneira é mais eftcaz e evita problemas na contabilização. Vejamos a contabilização para nosso exemplo: 1° Passo: lançamento de todos os custos para a conta “custos de produção”. Diário: Custos de Produção a Diversos a Matéria-Prima Consumida R$ 3.000,00 a Mão-de-Obra - Produção R$ 6.000,00 a Energia Elétrica Consumida R$ 1.500,00 a Depreciação – Máquinas R$ 500,00 a Aluguel – Fábrica R$ 1.500,00 a Gastos Gerais – Fábrica R$ 600,00 a Mão-de-Obra – Supervisão R$ 900,00 Razonetes Matéria-Prima Consumida Energia Elétrica Consumida Depreciação das Máquinas Mão-de-Obra - Produção 3.000,00 1.500,00 500,00 6.000,00 3.000,00 1.500,00 500,00 6.000,00 Aluguel - Fábrica Gastos Gerais - Fábrica Mão-de-Obra - Supervisão Custo Total de Produção 1.500,00 600,00 900,00 14.000,00 1.500,00 600,00 900,00 1° 2° 3° 2° Passo: lançar todos os custos de produção aos estoques de cada produto. Diversos a Custos de Produção Estoque – Calças R$ 5.000,00 Estoque – Camisas R$ 3.400,00 Estoque – Jaquetas R$ 5.600,00 Razonetes Estoque - Calças Estoque - Camisas Estoque - Jaquetas Custo Total de Produção 5.000,00 3.400,00 5.600,00 14.000,00 14.000,00 3° Passo: lançar o Custo dos Produtos Vendidos Custo dos Produtos Vendidos a Diversos a Estoque – Calças R$ 3.600,00 a Estoque – Camisas R$ 2.200,00 a Estoque – Jaquetas R$ 3.600,00 Estoque - Calças Estoque - Camisas Estoque - Jaquetas Custo dos Produtos Vendidos 5.000,00 3.400,00 5.600,00 9.400,00 3.600,00 2.200,00 3.600,00 1.400,00 1.200,00 2.000,00 Assim, poderemos calcular o resultado do período: Resultado a Diversos a Custo dos Produtos Vendidos R$ 9.400,00 a Despesas de Depreciação Escritório R$ 300,00 a Aluguel – Escritório R$ 700,00 a Despesa Financeira R$ 400,00 a Gastos Gerais – Escritório R$ 200,00 a Despesas de Vendas R$ 400,00 Vendas a Resultado R$ 15.000,00 Depreciação dos Equip. Escritório Aluguel - Escritório Despesas Financeiras Gastos Gerais - Escritório 300,00 700,00 400,00 200,00 300,00 700,00 400,00 200,00 Despesa de Vendas Vendas Resultado Custo dos Produtos Vendidos 400,00 15.000,00 11.400,00 15.000,00 9.400,00 9.400,00 400,00 15.000,00 3.600,00 O lucro líquido será de: Resultado a Lucros AcumuladosR$ 3.600,00 Resultado Lucros Acumulados 3.600,00 O Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício serão dados por: BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Circulante Circulante Caixa 1.000,00 Duplicatas a Pagar 2.500,00 Banco Conta Movimento 2.400,00 Impostos a Pagar 1.500,00 Duplicatas a Receber 3.600,00 Total Circulante 4.000,00 Estoques Calças 1.400,00 Patrimônio Líquido Camisas 1.200,00 Capital Social 14.000,00 Jaquetas 2.000,00 4.600,00 Lucros Acumulados4 3.600,00 Total Circulante 11.600,00 Total Patrimônio Líquido 17.600,00 Não-Circulante Máquinas e Equipamentos 10.000,00 Total Não-Circulante 10.000,00 Total do Ativo 21.600,00 Total do Passivo 21.600,00 Demonstração de Resultados do Exercício Vendas (-) Custo dos Produtos Vendidos (=) Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais (=) Lucro Operacional 15.000,00 (9.400,00) 5.600,00 (2.000,00) 3.600,00 4. A conta Lucros Acumulados só poderá existir no Balanço Patrimonial das empresas que não sejam denominadas “Sociedades por Ações”. 11.400,00 15.000,00 3.600,00 3.600,00 3. Departamento e Centro de Custo Custo departamental é um sistema de atribuição dos custos indiretos de fabricação aos produtos por departamento. Departamento é a menor unidade admi- nistrativa de uma empresa, para efeito de acu- mulação dos custos indiretos de fabricação. A atividade administrativa, comercial e de produção de uma empresa industrial poderá estar estruturalmente dividida nas seguintes seções: • Administração geral • Ambulatório médico • Almoxarifado • Conservação e manutenção • Controle de qualidade • Recrutamento, seleção e treinamento de pessoal • Estudos e projetos • Corte • Usinagem • Montagem • Acabamento, etc. Para efeito de Custo Departamental, cada uma dessas seções é considerada como sendo um departamento. Na empresa industrial existem basica- mente dois tipos de departamentos: o produ- tivo e o de serviços. Departamento Produtivo É composto por pessoas e máquinas res- ponsáveis pela fabricação dos produtos. Nesse departamento, são gerados custos diretos e indiretos em relação aos produtos. Os custos diretos são atribuídos aos pro- dutos sem maiores complicações e os custos indiretos, embora necessitem de critérios estimados e arbitrados, são rateados para cada produto diretamente, já que os produtos passam por esses departamentos. Departamento de Serviços O departamento de serviços é composto por pessoas e máquinas que prestam serviços para toda a empresa industrial, inclusive para os departamentos produtivos. Centro de Custo Centro de custo é a uni- dade mínima utilizada para acumulação dos Custos Indiretos de Fabrica- ção (CIF). Exemplo de Distribuição de Custos Suponhamos que uma empresa, produzindo três produtos, X, Y e Z, tenha já alocado a eles os seguintes custos diretos: Produto X ................................R$ 500,00 Produto Y ................................R$ 300,00 Produto Z ................................R$ 450,00 TOTAL .....................................R$ 1.250,00 A composição dos custos indiretos que deverão ser apropriados é a seguinte: Depreciação de equipamentos ..........................R$ 200,00 Manutenção de equipamentos ..........................R$ 350,00 Energia elétrica ......................R$ 300,00 Supervisão de fábrica ............R$ 100,00 Outros custos indiretos ..........R$ 200,00 TOTAL .....................................R$ 1.150,00 O que predomina nesses itens são os custos ligados a equipa- mentos (depreciação, manutenção e energia). Decide-se fazer a apropriação aos diversos produtos com base no tempo de horas- máquina que cada produto leva para ser feito. Feito o levantamento foi veriftcado: Produto X 400 horas-máquina 40% Produto Y 200 horas-máquina 20% Produto Z 400 horas-máquina 40% TOTAL 1.000 horas-máquina 100% Desse modo, a atribuição dos custos indiretos e o cálculo do custo total ftcam assim: R$ 1.150,00 dividido por 1.000 hm = 1,15 por hora-máquina que é o custo indireto médio por hora-máquina = total do custo indireto dividido pelo total de horas-máquina. Indireto Direto Custo Totais % R$ R$ R$ Produto X 40 460,00 500,00 960,00 Produto Y 20 230,00 300,00 530,00 Produto Z 40 460,00 450,00 910,00 Total 100 1.150,00 1.250,00 2.400,00 Ao se analisar o processo de produção veriftca-se que, apesar de os totais de horas-máquina consumidas serem os mesmos, existe uma grande disparidade entre os produtos. Isso acontece porque o produto X gasta um total de 400 hm, mas distribuídas nos setores de corte, montagem e acabamento, enquanto que o produto Y só passa pelo corte, não necessitando nem de montagem nem de acabamento, e o produto Z só passa por esses dois últimos setores, não precisando passar pelo corte. A distribuição total ftcaria assim: Produto h.m. Corte h.m Montagem h.m. Acabamento Totais X 100 50 250 400 Y 200 - - 200 Z - 250 150 400 Total 300 300 400 1000 Completando essa investigação inicial, veriftca-se também que o gasto com os custos indiretos de produção não é uniforme entre os setores, distribuindo-se: Custos Indiretos Corte Montagem Acabamento Totais Depreciação 100,00 30,00 70,00 200,00 Manutenção 200,00 30,00 120,00 350,00 Energia 60,00 40,00 200,00 300,00 Supervisão 50,00 20,00 30,00 100,00 Outros Custos Indiretos 40,00 30,00 130,00 200,00 Total 450,00 150,00 550,00 1.150,00 Custos 450,00 150,00 550,00 1.150,00 Médio 300 hm 300 hm 400 hm 1.000 hm Por hora/máquina 1,5/hm 0,5/hm 1,375/hm 1,15/hm A partir dessas informações podemos efetuar uma apropriação dos custos indiretos de forma mais adequada, levando em conta o tempo de cada produto em cada departamento. Produto No Corte Na Montagem No Acabamento Totais X 100 hm x 1,5/hm 50 hm x 0,5/hm 250 hm x 1,375/hm = 150,00 = 25,00 = 343,75 518,75 Y 200 hm x 1,5/hm = 300 300,00 Z 250 hm x 0,5/hm 150 hm x 1,375/hm = 125,00 = 206,25 331,25 Total 450,00 150,00 550,00 1.150,00 Vamos fazer uma comparação entre os valores dos custos indi- retos alocados a cada produto sem a departamentalização (uso de uma única taxa horária para todos) e com a departamentalização (uma taxa para cada departamento): Produto Sem departamentalização Com departamentalização Diferença em R$ em % X R$ 460,00 R$ 518,75 R$ 58,75 12,77 % Y R$ 230,00 R$ 300,00 R$ 70,00 30,43% Z R$ 460,00 R$ 331,25 (R$ 128,75) -27,99% Total R$ 1.150,00 R$ 1.150,00 Analisando a coluna das diferenças, veriftcamos o grau de distorção existente ente as duas formas e, apesar de quaisquer arbitrariedades ocorridas na forma de apropriação por hora-má- quina, é claro que na alocação com base na departamentalização estarão sendo cometidas menos injustiças e diminuídas as chances de erros mais graves. Se a empresa ftxasse seus preços de venda com base nos custos de produção, veriftcaria então que, com base na departamentaliza- ção, precisaria aumentar os custos dos produtos X e Y e diminuir os de Z. Sérios problemas podem ocorrer na empresa em função da concorrência pelo inadequado processo de custeamento. Introdução Custeio Variável seu comportamento,ou seja, em custos ftxos e variáveis e, de certa maneira, tenta corri- esta lição estudaremos os detalhes do método de custeio variável e sua diferença para o custeio por absorção. 1. Considerações Iniciais Na lição anterior, vimos a metodologia de custeio por absorção, a qual mostra o cus- to unitário do produto, observando todos os gastos utilizados pela produção. Essa determi- nação do custo de um produto existe com base no rateio, que é um critério pré-estabelecido pela Contabilidade para a atribuição de custos indiretos aos produtos. O grande problema é que esse critério, mui- tas vezes, não representa a realidade de proces- so produtivo, ou seja, o custo determinado pelo método por absorção, na maioria das vezes, não mostra o custo real de um produto. Outra abordagem está na classiftcação dos custos, em que se ignora a existência dos custos ftxos mesmo sem haver produção. Por exemplo: o aluguel do prédio de uma fábrica, havendo ou não produção, deverá ser pago e assim será uma despesa incorrida. A depre- ciação tem a mesma característica e assim por diante. Para tentar corrigir essas falhas, o método do custeio variável trata os custos com base em gir algumas falhas do método do custeio por absorção. Vale a pena lembrar que o método não é aceito pela legislação brasileira, por ferir o regime de competência. Mas em mui- tos países da Europa e alguns da América do Sul (Argentina e Chile), são métodos bastante empregados. 2. Sistemática do Custeio Variável O custeio variável trata os custos com base em seu comportamento, ou seja, em custos ft- xos e variáveis, no qual o custo ftxo é um gasto existente que não depende da produção para ser incorrido. Por exemplo: aluguel, mão-de- obra, energia elétrica, etc. são gastos que serão incorridos, mesmo não havendo a produção. No caso dos custos variáveis, são gastos que variam de acordo com a produção, ou seja, são gastos com matéria-prima, materiais auxilia- res, embalagens, etc. No método do custeio variável somente serão integrantes do custo das mercadorias vendidas os custos variáveis, sendo o custo ftxo tratado como despesa e assim debitado do resultado. Vejamos um exemplo prático: A indústria Veredas produz triciclos, apre- sentando os seguintes dados de custos: Custos variáveis: R$ 16,00 por unidade produzida Custos ftxos: R$ 10.000,00 por mês Preço de venda: R$ 40,00 por unidade vendida Durante os três meses a seguir as vendas foram de: Assim, temos dados suftcientes para apresentar o resultado com base no custeio variável: 1° Mês Vendas 1.000 unidades x R$ 40,00 R$ 40.000,00 Custos Variáveis Custos Fixos Lucro Bruto 1.000 unidades x R$ 16,00 R$ 16.000,00 R$ 10.000,00 R$ 14.000,00 2° Mês Vendas 700 unidades x R$ 40,00 R$ 28.000,00 Custos Variáveis Custos Fixos Lucro Bruto 700 unidades x R$ 16,00 R$ 11.200,00 R$ 10.000,00 R$ 6.800,00 3° Mês Vendas 1.200 unidades x R$ 40,00 R$ 48.000,00 Custos Variáveis Custos Fixos Lucro Bruto 1.200 unidades x R$ 16,00 R$ 19.200,00 R$ 10.000,00 R$ 18.800,00 Veja como seria a demonstração de resultados: 1° Mês 2° Mês 3° Mês Total Vendas 40.000,00 28.000,00 48.000,00 116.000,00 (-) Custo dos Produtos Vendidos (16.000,00) (11.200,00) (19.200,00) (46.400,00) ( = ) Margem de Contribuição 24.000,00 16.800,00 28.800,00 69.600,00 (-) Custos Fixos (10.000,00) (10.000,00) (10.000,00) (30.000,00) (=) Lucro Bruto 14.000,00 6.800,00 18.800,00 39.600,00 Meses Vendas 1 1000 2 700 3 1200 3. Alguns Comentários sobre o Custeio Variável O custeio variável apresenta algumas informações importan- tes. A primeira delas está na tomada de decisões, quando podemos veriftcar se a empresa está aproveitando os custos ftxos de manei- ra eftcaz, pois quanto maiores forem a venda e a produção, mais baratos serão os custos ftxos. Outra importante consideração está no fluxo de caixa da empresa, no qual os custos ftxos geralmente representam gastos que a empresa paga rotineiramente, sem poder negociar prazo de pagamento. Um exemplo é o aluguel, pois deve ser pago todos os meses, sem concessão de um prazo para pagamento. A mão-de-obra é outro exemplo, pois todos os meses a empresa tem de pagar seus funcionários e assim por diante. Se veriftcarmos essa ótica sobre o custeio por absorção, muitos gastos que a empresa faz rotinei- ramente são jogados aos produtos e eles se encontram no estoque, e não no resultado. Assim, podemos dizer que, de certa maneira, o custeio variável é mais realístico que o custeio por absorção, porém, não pode ser utilizado no Brasil. Custeio por Atividades (ABC) Introdução O custeio baseado em atividades é uma metodologia recente, de característica similar ao custeio por absorção, mas que tenta deter- minar o custo do produto de forma mais real. Nesta lição veremos os principais pontos sobre o custeio por atividades. 1. Custos e Atividades O custeio por atividades tem muitas diver- gências sobre seu surgimento. Muitos dizem que pesquisas acadêmicas em universidades norte-americanas, durante os anos 70 e 80, determinaram o surgimento desse método. Há outros registros de companhias de grande porte como a DuPont, por exemplo, que já usavam métodos similares durante os anos 60. Mas uma coisa sobre o custeio por atividades deve ser esclarecida: além de ser um método de custeio, o ABC5 é um método de gerencia- mento de custos, que atrelado a outros méto- dos de gestão, (ABM e Balanced Scorecard), é uma ferramenta muito utilizada na gestão de grandes companhias. O ABC parte do pressuposto de que toda a produção da empresa é um conjunto de diferentes atividades e que cada atividade consome recursos. Assim, no ABC são criados direcionadores de custos de acordo com cada atividade exercida. O ABC é cada vez mais utilizado de ma- neira gerencial em empresas que possuem uma parcela muito grande de custos indiretos nos custos totais. Atualmente, quase todas as empresas estão nessa situação, já que a auto- matização das indústrias aumentou signiftca- tivamente esses custos. Além disso, o ABC é usado em empresas com processos produtivos complexos e em prestadoras de serviço, nas quais a atividade exercida é mais facilmente reconhecida. 2. Atividades e Direcionadores de Custos Uma atividade exercida consome recursos que devem ser determinados por cada dire- cionador. Trata-se de uma forma de rateio, mas baseada no consumo da atividade. Va- mos supor um exemplo: em uma indústria, a atividade de um supervisor de fábrica será a de orientar cada equipe de trabalho de cada linha de produto. Assim, o tempo que o super- visor passa orientando será um direcionador de custos. 3. Exemplo Prático de Custeio Baseado em Atividade Para entendermos melhor o ABC, vejamos um exemplo prático aplicado em uma grande universidade. Determinaremos o custo por serviço prestado. Uma universidade ministra quatro cursos diferentes na área de Ciências Sociais: Histó- ria, Geografta, Filosofta e Sociologia. A contabilidade observou todos os gastos do departamento pedagógico durante um mês de trabalho e chegou aos seguintes valores: Salários dos funcionários R$ 10.000,00 Energia elétrica R$ 3.000,00 Gastos com telefonia e internet R$ 1.000,00 Gastos com materiais (papel, caneta, etc.) R$ 1.500,00 Gastos gerais R$ 2.500,00 Os custos com o salário dos professores são da ordem de R$ 35,00 por horade trabalho. As atividades executadas pelo departamento são: 3 Atendimento a alunos 3 Elaboração de documentos 3 Elaborar diplomas 3 Arquivo e lançamento de notas O tempo ocupado por estas atividades está na seguinte pro- porção: Atividade Tempo (hs) Atendimento a alunos 15 Elaboração de Documentos 13 Elaboração de Diplomas 17 Arquivo e Lançamento de Notas 15 Total de horas 60 Essas atividades possuem os seguintes direcionadores: Atividade Direcionador Atendimento a alunos número de atendimentos Elaboração de Documentos número de documentos Elaboração de Diplomas número de diplomas Arquivo e Lançamento de Notas número de avaliações aplicadas Dessa maneira, a contabilidade apurou, durante o período, os dados destes direcionadores para cada curso ministrado: Direcionador Geografia História Filosofia Sociologia Total Número de atendimentos 12 10 7 21 50 Número de documentos 45 17 52 13 127 Número de diplomas 23 45 13 22 103 Número de avaliações aplicadas 45 73 17 44 179 Com estes dados, podemos determinar o custo de cada ativi- dade e o custo da atividade. Determinaremos o custo para cada curso por meio dos direcionadores: 1° Passo: saber o custo por hora de trabalho. Total de custos indiretos R$ 18.000,00 N° de horas de atividade 60 horas Custo por hora R$ 300,00 2° Passo: saber o custo de cada atividade. Atividade Tempo (hs) Custo por hora Custo da Atividade Atendimento a alunos 15 300,00 4.500,00 Elaboração de Documentos 13 300,00 3.900,00 Elaboração de Diplomas 17 300,00 5.100,00 Arquivo e Lançamento de Notas 15 300,00 4.500,00 3° Passo: alocar os custos por atividades aos cursos, segundo o direcionador de custos. Atividade Direcionador Custo da Atividade Total do Direcionador Custo Unit. Direcionador Atendimento a alunos Número de atendimentos 4.500,00 50 90,00 Elaboração de Documentos Número de documentos 3.900,00 127 30,71 Elaboração de Diplomas Número de diplomas 5.100,00 103 49,51 Arquivo e Lançamento de Notas Número de avaliações aplicadas 4.500,00 179 25,14 Aplicação do Direcionador aos cursos: Direcionador Custo Unit. Direcionador Geografia História Filosofia Sociologia Total Número de atendimentos 90,00 1.080,00 900,00 630,00 1.890,00 4.500,00 Número de documentos 30,71 1.381,95 522,07 1.596,92 399,23 3.900,17 Número de diplomas 49,51 1.138,73 2.227,95 643,63 1.089,22 5.099,53 Número de avaliações Aplicadas 25,14 1.131,30 1.835,22 427,38 1.106,16 4.500,06 Total de Custos por Curso - 4.731,98 5.485,24 3.297,93 4.484,61 17.999,76 Supondo que estudam 45 alunos no curso de Geografta, 39 em História, 17 em Filosofta e 26 em Sociologia, o custo por aluno seria de: Direcionador Custo Unit. Direcionador Geografia História Filosofia Sociologia Total Número de atendimentos 90,00 1.080,00 900,00 630,00 1.890,00 4.500,00 Número de documentos 30,71 1.381,95 522,07 1.596,92 399,23 3.900,17 Número de diplomas 49,51 1.138,73 2.227,95 643,63 1.089,22 5.099,53 Número de avaliações aplicadas 25,14 1.131,30 1.835,22 427,38 1.106,16 4.500,06 Total de Custos por Curso - 4.731,98 5.485,24 3.297,93 4.484,61 17.999,76 N° de alunos - 45 39 17 26 127 Custo unitário por curso - 105,16 140,65 193,99 172,49 141,73 Vejamos que o custo apresentado é proporcional ao trabalho desenvolvido para cada curso. Essa ferramenta é muito impor- tante para a gestão da empresa. Enquanto o custeio por absorção apresenta o custo por critérios supostos pela contabilidade, o ABC demonstra, por meio das atividades desenvolvidas, quais são originárias dos custos.
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