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EAE0207: Matemática Aplicada à Economia Aula 28: Otimização com Restrições de Igualdade (Cont.) Marcos Y. Nakaguma 13/11/2017 1 Revisão Na aula passada, estudamos como resolver problemas de otimização sujeitos a uma restrição de igualdade do tipo: max x1,x2 f (x1, x2) sujeito a: h (x1, x2) = c 2 Revisão Vimos que a escolha de um valor apropriado para o multiplicador de Lagrange, λ = λ�, torna equivalente os seguintes problemas: max x1,x2 f (x1, x2) s.a. h (x1, x2) = c (�) e max x1,x2 L (x1, x2,λ) = f (x1, x2)� λ� (h (x1, x2)� c) (��) onde podemos interpretar o multiplicador de Lagrange como uma penalidade aplicada a violações do problema. 3 Revisão O método de Lagrange consiste no seguinte procedimento: i . Forme a função Lagrangiana: L (x1, x2,λ) = f (x1, x2)� λ (h (x1, x2)� c) , onde λ é denominado multiplicador de Lagrange. ii . Derive a função lagrangiana em relação a x1, x2 e λ. As condições de primeira-ordem associadas a este problema são: ∂L(x �1 ,x �2 ,λ�) ∂x1 = 0 ∂L(x �1 ,x �2 ,λ�) ∂x2 = 0 ∂L(x �1 ,x �2 ,λ�) ∂λ = 0 ) ∂f (x �1 ,x �2 ) ∂x1 = λ� ∂h(x � 1 ,x � 2 ) ∂x1 ∂f (x �1 ,x �2 ) ∂x2 = λ� ∂h(x � 1 ,x � 2 ) ∂x2 h (x�1 , x � 2 ) = c iii . A solução desse sistema, (x�1 , x � 2 ,λ �), é tal que (x�1 , x � 2 ) maximiza a função L(x1, x2,λ�) e é a solução do problema de otimização inicial. 4 O Método do Multiplicador de Lagrange Teorema: Sejam f (x1, x2) e h (x1, x2) funções C 1 de duas variáveis. Suponha que x� = (x�1 , x � 2 ) é uma solução do problema: max x1,x2 f (x1, x2) sujeito a h (x1, x2) = c Suponha também que (x�1 , x � 2 ) não é um ponto crítico de h (x1, x2). Então, existe um número real λ� tal que (x�1 , x � 2 ,λ �) é um ponto crítico da função Lagrangiana: L (x1, x2,λ) = f (x1, x2)� λ (h (x1, x2)� c) Em outras palavras, em (x�1 , x � 2 ,λ �) temos: ∂L (x�1 , x�2 ,λ�) ∂x1 = 0, ∂L (x�1 , x�2 ,λ�) ∂x2 = 0 e ∂L (x�1 , x�2 ,λ�) ∂λ = 0 5 Quali cação de Restrição Não-Degenerada (QRND) Uma condição técnica para que o método de Lagrange possa ser aplicado é a de que (x�1 , x � 2 ) não seja um ponto crítico de h (x1, x2), i.e. o teorema acima não é válido quando: ∂h (x�1 , x � 2 ) ∂x1 = 0 e ∂h (x�1 , x � 2 ) ∂x2 = 0 Neste caso, as condições de primeira-ordem do problema podem ser expressas como: ∂f (x �1 ,x � 2 ) ∂x1 = λ� ∂h(x � 1 ,x � 2 ) ∂x1 ∂f (x �1 ,x �2 ) ∂x2 = λ� ∂h(x � 1 ,x � 2 ) ∂x2 h (x�1 , x � 2 ) = c ) ∂f (x �1 ,x � 2 ) ∂x1 = 0 ∂f (x �1 ,x �2 ) ∂x2 = 0 h (x�1 , x � 2 ) = c 6 Quali cação de Restrição Não-Degenerada (QRND) Assim, o multiplicador λ desaparece do problema, i.e. é como se estivéssemos impondo que a "punição" λ seja igual a zero. Neste caso, não há garantias de que as escolhas de x1 e x2 que satisfazem: ∂f (x1, x2) ∂x1 = 0 e ∂f (x1, x2) ∂x2 = 0 também satisfaçam: h (x1, x2)� c = 0. Portanto, de forma geral, o sistema formado pelas condições de primeira-ordem não terá solução. 7 Exemplo Exemplo 2: Considere o seguinte problema: max x1,x2 f (x1, x2) = x 2 1 x2 sujeito a h (x1, x2) � 2x21 + x22 = 3 I Para veri car se a quali cação de restrição é satisfeita, precisamos calcular os pontos críticos de h (x1, x2). Note que: ∂h (x1, x2) ∂x1 = 4x1 = 0 ) x1 = 0 e ∂h (x1, x2) ∂x2 = 2x2 = 0 ) x2 = 0 I Assim, o único ponto crítico desta função é (0, 0), o qual não satisfaz a restição 2x21 + x 2 2 = 3. Logo, (0, 0) não pode ser solução do problema e, portanto, a quali cação de restrição não-degenerada está satisfeita. 8 Exemplo (Cont.) I A função Lagrangiana associada ao problema acima é dada por: L (x1, x2,λ) = x21 x2 � λ � 2x21 + x 2 2 � 3 � I Assim, obtemos as seguintes condições de primeira-ordem: ∂L ∂x1 = 2x1x2 � 4λx1 = 0 (1) ∂L ∂x2 = x21 � 2λx2 = 0 (2) ∂L ∂λ = 2x21 + x 2 2 � 3 = 0 (3) 9 Exemplo (Cont.) I Note que a equação (1) pode ser escrita como: 2x1 (x2 � 2λ) = 0 ) x1 = 0 ou x2 = 2λ I Considere cada um desses casos separadamente: i . Se x1 = 0 , então da equação (3) segue que: x22 � 3 = 0 ! x2 = � p 3 Portanto, (0, p 3) e (0,�p3) são duas possíveis soluções do problema. ii . Se x2 = 2λ , então da equação (2) segue que: x21 � 2 � x2 2 � x2 = 0 ! x21 = x22 Substituíndo esta expressão em (3), obtemos que: 3x21 � 3 = 0 ! x1 = �1 Portanto, (1, 1), (1,�1), (�1, 1) e (�1,�1) são mais quatro possíveis soluções. 10 Exemplo (Cont.) I Pelo teorema de Lagrange, sabemos que, se o ponto de máximo condicionado existe, então deve estar entre os seis candidatos identi cados acima. I Para veri car qual é a solução do problema, substituímos cada um desses pontos em f (x1, x2): f (0, p 3) = f (0,� p 3) = 0 f (1, 1) = f (�1, 1) = 1 e f (1,�1) = f (�1,�1) = �1 I Portanto, (1, 1) e (�1, 1) são soluções do problema. Nestes casos, tem-se que λ = 12 . 11 Exemplo Observe que o grá co da função f (x1, x2) = x21 x2 é dado por: Portanto, (0, p 3) é ponto de mínimo local e f (0,�p3) é ponto de máximo local, mas nenhum deles é solução de máximo ou mínimo do problema. 12 Exemplo Observe que o grá co da função f (x1, x2) = x21 x2 é dado por: Portanto, (0, p 3) é ponto de mínimo local e f (0,�p3) é ponto de máximo local, mas nenhum deles é solução de máximo ou mínimo do problema. 13 Exercício 18.2 Encontre as distâncias máxima e mínima da origem à elipse x2 + xy + y2 = 3. Respostas: i . Soluções de máximo: ( p 3,�p3) e (�p3,p3). ii . Soluções de mínimo: (1, 1) e (�1,�1). 14 Transformação Monótona De nição: Seja I � R um intervalo da reta real. Dizemos que g : I ! R é uma transformação monótona de I se g (�) é uma função estritamente crescente em I . Além disso, se g (�) é uma transformação monótona e u (�) é uma função de n variáveis, então dizemos que g � u : x 7�! g (u (x)) é uma transformação monótona de u (�) . Se g (�) é uma função diferenciável e g 0 (x) > 0 para todo x 2 I , então g (�) é uma transformação monótona. Intuitivamente, uma transformação monótona transforma um conjunto de números em outro preservando a ordem original dos números. Assim, g (�) é uma função monótona se para qualquer x1,x2 2 R: x1 > x2 $ g (x1) > g (x2) 15 Transformação Monótona Considere os seguintes problemas: max x1,x2 f (x1, x2) (P1) s.a. h (x1, x2) = c e max x1,x2 g(f (x1, x2) ) (P2) s.a. h (x1, x2) = c onde g (�) é uma transformação monótona de f (x1, x2) . Neste caso, se (x�1 , x � 2 ) é solução do problema (P1), então (x � 1 , x � 2 ) também é solução do problema (P2). 16 Transformação Monótona Exemplo: Suponha que x , y 2 R+. As seguintes funções são transformações monótonas de f (x , y) = xy : i . 3xy + 2 ii . (xy)2 (apenas se x , y 2 R+) iii . (xy)3 + xy iv . exy v . ln (xy) = ln x + ln y (apenas se x , y 2 R+) 17
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