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EAE0207: Matemática Aplicada à Economia Aula 29: O Problema do Consumidor Marcos Y. Nakaguma 29/11/2017 1 O Problema do Consumidor 2 O Problema do Consumidor Considere o problema de um consumidor que deseja escolher quantidades de dois bens, x1 e x2, de forma a maximizar a sua utilidade sujeito à restrição orçamentária. Formalmente, o indivíduo resolve o seguinte problema: max x1,x2 U (x1, x2) � xα1 x1�α2 sujeito a p1x1 + p2x2 = w , onde p1 e p2 são os preços dos bens 1 e 2, w é a renda do consumidor e α é um parâmetro da função de utilidade, com 0 < α < 1. A função U (x1, x2) � xα1 x1�α2 é conhecida como função de utilidade Cobb-Douglas. 3 O Problema do Consumidor A função Lagrangiana associada ao problema acima é: L = xα1 x1�α2 � λ (p1x1 + p2x2 � w) As condições de primeira ordem em relação a x1, x2 e λ são: ∂L ∂x1 = 0 ) αxα�11 x1�α2 � λp1 = 0 (1) ∂L ∂x2 = 0 ) (1� α) xα1 x�α2 � λp2 = 0 (2) ∂L ∂λ = 0 ) p1x1 + p2x2 � w = 0 (3) 4 O Problema do Consumidor Note que as duas primeiras equações podem ser re-escritas como: αxα�11 x 1�α 2 = λp1 (1� α) xα1 x�α2 = λp2 Dividindo uma pela outra, obtemos: αxα�11 x 1�α 2 (1� α) xα1 x�α2 = λp1 λp2 ) α (1� α) x2 x1 = p1 p2 Assim, segue que: x2 = (1� α) p1 αp2 x1 (4) 5 O Problema do Consumidor Substituíndo a expressão acima na restrição orçamentária, obtemos: p1x1 + p2 � (1� α) p1 αp2 x1 � = w ) p1x1 + (1� α) α p1x1 = w , o que implica que: αp1x1 + (1� α) p1x1 = αw e portanto: x�1 = αw p1 (5) Utilizando a expressão acima para resolver para x2, temos: x2 = (1� α) p1 αp2 � αw p1 � ) x�2 = (1� α)w p2 (6) 6 O Problema do Consumidor Finalmente, usando as duas expressões anteriores em conjunto com a equação (1), podemos resolver para λ, assim obtendo: α � αw p1 �α�1 � (1� α)w p2 �1�α = λp1 ) λ� = � α p1 �α �1� α p2 �1�α 7 O Problema do Consumidor Portanto, a solução do problema do consumidor é dada por: x�1 (w , p1, p2) = αw p1 e x�2 (w , p1, p2) = (1� α)w p2 , com λ� (w , p1, p2) = � α p1 �α � 1�α p2 �1�α . As soluções x�1 (w , p1, p2) e x � 2 (w , p1, p2) são chamadas funções demanda. Note que, no caso em que a função utilidade é Cobb-Douglas, o indivíduo gasta uma fração α da sua renda no bem 1 e uma fração 1� α da sua renda no bem 2. 8 O Signi cado do Multiplicador de Lagrange O valor da função utilidade do agente na solução é dado por: V (w , p1, p2) � U (x�1 (w , p1, p2) , x�2 (w , p1, p2)) = x�1 (w , p1, p2) α x�2 (w , p1, p2) 1�α = � αw p1 �α � (1�α)w p2 �1�α = � α p1 �α � 1�α p2 �1�α w onde V (w , p1, p2) é denominada função utilidade indireta. 9 O Signi cado do Multiplicador de Lagrange Assim, o efeito de um aumento marginal na renda sobre a utilidade do agente é: ∂V (w , p1, p2) ∂w = � α p1 �α �1� α p2 �1�α = λ� Portanto, λ� mede o valor (em termos de utilidade) de um "relaxamento" da restrição orçamentária, p1x1 + p2x2 = w ("). É comum referir-se a λ� como o preço-sombra da riqueza. 10 Paul Samuelson A interpretação econômica do multiplicador de Lagrange foi primeiro proposta por Paul Samuelson em seu livro "Foundations of Economic Analysis" publicado em 1947. 11 O Signi cado do Multiplicador de Lagrange De forma geral, o multiplicador de Lagrange mede a sensibilidade do valor da função objetivo no ponto de ótimo a variações no parâmetro "a" da restrição. Considere o seguinte problema: V (a) � max x ,y f (x , y) sujeito a h (x , y) = a Teorema: Sejam f (�) e h (�) funções C 1 de duas variáveis. Para qualquer valor xo do parâmetro a, seja (x� (a) , y � (a)) a solução do problema anterior com multiplicador correspondente λ�. Suponha que x� (a) , y � (a) e λ� (a) são funções C 1 de a e que a QRND vale em (x�, y �,λ�) . Então, λ � (a) = dV (a) da 12 Extra: Otimização com Várias Restrições de Igualdade 13 Otimização com Várias Restrições de Igualdade De forma mais geral, considere o problema de maximizar uma função f (x1, ..., xn) de n variáveis sujeito a m restrições de igualdade: max x1,...,xn f (x1, ..., xn) sujeito a h1 (x1, ..., xn) = c1 h2 (x1, ..., xn) = c2 ... hm (x1, ..., xn) = cm 14 Otimização com Várias Restrições de Igualdade Neste caso, a função Lagrangiana é dada por: L (x1, ..., xn,λ1, ...,λm) = f (x1, ..., xn)� λ1 (h1 (x1, ..., xn)� c1)� � λ2(h2 (x1, ..., xn)� c2)� ...� λm(hm (x1, ..., xn)� cm) onde λ1, λ2, ..., λm são os m multiplicadores de Lagrange desse problema. 15 Otimização com Várias Restrições de Igualdade As condições de primeira-ordem com relação a x1, ..., xn e λ1, ...,λm são dadas por:8>>>>>>>>>>>>>>>>>< >>>>>>>>>>>>>>>>>: ∂L(�) ∂x1 = 0 ... ∂L(�) ∂xn = 0 ∂L(�) ∂λ1 = 0 ... ∂L(�) ∂λm = 0 ) 8>>>>>>>>>>>>>>>>< >>>>>>>>>>>>>>>>: ∂f (�) ∂x1 � λ1 ∂h1(�)∂x1 � ...� λm ∂hm (�) ∂x1 = 0 ... ∂f (�) ∂xn � λ1 ∂h1(�)∂xn � ...� λm ∂hm (�) ∂xn = 0 h1 (�)� c1 = 0 ... hm (�)� cm = 0 16 Exercício Resolvido Exemplo: Considere o seguinte problema: max f (x , y , z) = xyz sujeito a: h1(x , y , z) � x2 + y2 = 1 e h2(x , y , z) � x + z = 1 I A função Lagrangiana associada ao problema acima é dada por: L = xyz � λ1(x2 + y2 � 1)� λ2 (x + z � 1) 17 Exercício Resolvido (Cont.) I As condições de primeira-ordem são as seguintes: ∂L ∂x = 0 ) yz � 2λ1x � λ2 = 0 (7) ∂L ∂y = 0 ) xz � 2λ1y = 0 (8) ∂L ∂z = 0 ) xy � λ2 = 0 (9) ∂L ∂λ1 = 0 ) x2 + y2 � 1 = 0 (10) ∂L ∂λ2 = 0 ) x + z � 1 = 0 (11) 18 Exercício Resolvido (Cont.) I Das equações (8) e (9), segue que: xz � 2λ1y = 0 ! λ1 = xz2y e xy � λ2 = 0 ! λ2 = xy I Substituíndo as expressões acima em (7), obtemos: yz � 2 � xz 2y � x � xy = 0 $ y2z � x2z � xy2 = 0 (12) I Em seguida, usando as equações (10) e (11), temos que: x2 + y2 � 1 = 0 ! y2 = 1� x2 e x + z � 1 = 0 ! z = 1� x 19 Exercício Resolvido (Cont.) I Substituíndo as expressões acima na equação (12), obtemos: (1� x2) (1� x)� x2 (1� x)� x(1� x2) = 0 Note que podemos expressar esta expressão como: 3x3 � 2x2 � 2x + 1 = 0 ) (x � 1) � x � 1 6 (�1+ p 13) �� x � 1 6 (�1� p 13) � = 0, I As raízes desta equação cúbica são: x 0 = 1, x 00 ' 0, 4343 e x 000 ' �0, 7676. I Assim, são possíveis soluções: (x = 1, y = 0, z = 0) (x = 0, 4343, y = �0, 9008, z = 0, 5657) (x = �0, 7676, y = �0, 6409, z = 1, 7676) 20 Exercício Resolvido (Cont.) I Substituíndo cada um desses pontos na função objetivo, obtemos: f (x = 1, y = 0, z = 0) = 0 f (x = 0, 4343, y = 0, 9008, z = 0, 5657) = 0, 221 f (x = 0, 4343, y = �0, 9008, z = 0, 5657) = �0, 221 f (x = �0, 7676, y = 0, 6409, z = 1, 7676) = �0, 869 f (x = �0, 7676, y = �0, 6409, z = 1, 7676) = 0, 869 I Portanto, o ponto de ótimo local é: (x = �0, 7676, y = �0, 6409, z = 1, 7676) 21
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