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Trabalho A LUTA PELO DIREITO

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Thaisa Correia Alegre RA: 7831608
Turma 003202B04
Fichamento 
IHERING, Rudolf von. A Luta pelo Direito. São Paulo, Editora Hunter Books, 2012 
Capítulo I – A origem da lei
Para Ihering o direito é produzido através de lutas, já que todas as leis foram estabelecidas por meio de batalhas. Entretanto, maioria dos homens vê a lei apenas como condição de paz e ordem. Tendo em vista este fato, Ihering faz uma crítica utilizando a analogia: a lei está muito mais atarefada com a balança do que com a espada da justiça.
“(...) a Justiça por um lado segura a balança, em que ela pesa o direito, e pelo outro segura a espada com que ela o executa. A espada sem a balança seria pura força, a balança sem a espada seria a impotência da lei. A balança e a espada têm de andar juntas, e o estado da lei só é perfeito quando o poder em que a Justiça carrega a espada está igualado pela habilidade com que ela segura a balança. ” 
Segundo o autor, não devemos esquecer de que a paz que desfrutamos hoje é resultado de guerras de gerações passadas.
O direito tem duas extremidades, uma é a objetiva (norma agendi) e a outra é a subjetiva (facultas agendi). Ihering trabalhou em “A Luta Pelo Direito” o direito subjetivo que é o poder que as pessoas têm de fazer valer seus direitos individuais através da luta. Em oposição a teoria de Ihering, há Savigny e Puchta, defensores do historicismo, que pregavam o Direito como expressão viva da história, ou seja, o direito, para eles, era resultante da convivência contínua e pacífica e da formação da vida social.
Ihering defendia que a luta é o meio empregado para se conseguir algo. Muitas vezes, lutas com dores (o autor faz comparação das lutas pelo nascimento da lei com o nascimento do homem, ambos são provenientes de dores violentas do parto). A ligação dos que lutam pelo direito seria semelhante a ligação da mãe ao filho que nasce através de muitas dificuldades, e que no final são revertidas em um forte vínculo. O direito conquistado através da luta é algo de grande valor pois se trata de uma conquista, diferentemente de algo que é dado.
Capítulo II – A vida da lei, uma batalha
A batalha pelo direito é fruto de sua violação. 
“Quando o direito legal de uma pessoa é violado, ela é colocada frente a frente com a pergunta, se ela afirmará o seu direito, resistirá ao seu oponente, isto é, entrará em batalha, ou, para evitar isso, deixará o seu direito de lado. “
Quando um direito é violado a pessoa deve escolher lutar ou se curvar. Essa questão cabe ao próprio indivíduo responde-la. Qualquer que seja a sua resposta há apenas os seguintes resultados respectivamente: a paz será sacrificada em nome da lei ou a lei será sacrificada em nome da paz. Para o autor vale muito mais o sentimento de injustiça e o valor do direito lesado porque a conduta e o caráter do indivíduo é o que está em jogo. Se ele se curvar diante de pequenas injustiças, o fará também diante das grandes. Além disso, a paz será preservada, mas à custa do direito. 
“(..) a vantagem e a desvantagem são pesadas uma contra a outra, por ambos os lados, e assim se chega a uma decisão. “
Ihering entende que uma pessoa não entrará em um processo contra quem quer que seja, sem pesar as vantagens e desvantagens de sua decisão. Todavia, muitas pessoas não pesam o custo do processo, apesar da fragilidade da ação. Estas pessoas, segundo o autor, têm mania de litigio. Elas não lutam apenas para reaver bens materiais, mas sim porque querem o reconhecimento de um direito seu. Já outros, chegam a decisão oposta a luta, preferem a paz. Para Ihering, se todos tomassem essa decisão a lei seria destruída, já 	que para a existência da lei deve haver resistência humana ao que é errado, e esta resistência é dever de todos para que a lei se afirme como universal. 
No livro, o autor deixa claro que o direito deve ser colocado acima de qualquer valor pecuniário, porque é a defesa moral, honra e respeito do indivíduo e só assim o direito prevalecerá.
Capítulo III – A luta pelos seus direitos, um dever da pessoa, cujos direitos foram violados para com ela mesma
A maior lei que há é a preservação da existência. Entretanto, o homem não está apenas preocupado com a existência física, mas também com sua existência moral. E a condição para que exista a existência moral é a lei. 
“ A batalha pelo seu direito é um dever da pessoa cujos direitos foram violados para com ela mesma.”
De acordo com Ihering, quem não luta pelos seus direitos estará se rebaixando ao nível do animal, assim como os escravos romanos que não possuíam direitos. Portanto, a afirmação dos direitos legais de uma pessoa é um dever de autopreservação moral. É dever da pessoa atacada repelir o ataque e se opor ao desrespeito à lei com todos os meios possíveis. 
“Em frente ao possuidor de boa-fé de algo que é meu, a minha posição é bem diferente. Aqui, a pergunta é: “o que devo fazer?” Não é uma questão do meu sentimento de direito legal, do meu caráter, da minha personalidade, mas uma pura questão de interesse, pois eu não tenho nada aqui a perder fora o valor do objeto em questão, e aqui, portanto, estou completamente perdoado em pesar os ganhos e as perdas, e a possibilidade de dúvida, uma contra a outra, e de chegar a uma decisão de acordo com isso: processar, abster de processar ou de transigir. “
O autor pondera que em situações quando alguém se diz dono de boa-fé de algo, a posição adotada deve ser diferente, pois o que está em jogo não é a existência moral, mas apenas o objeto. Entretanto, quando a parte acredita que a outra não está agindo de boa-fé, esta defenderá seus direitos com a mesma tenacidade quando os defende de um ladrão. Essa resistência tenaz não é apenas determinada pelo caráter da pessoa, mas é estabelecida pelas diferenças de educação e profissão.
“(...) a reação ao sentimento do direito legal não é determinada como a maioria dos sentimentos, somente pelo temperamento e a personalidade do indivíduo, e sim da mesma forma, por uma causa social (...). “
O sentimento de luta pelo direito é despertado em cada grupo de maneira diferente, pois o conceito de justiça é diferente para cada um. Ele fez uma comparação do camponês de sua época com o comerciante. Para o camponês o que há de mais importante na sua vida é a terra e para o comerciante é o crédito. Logo, o que fara com que o camponês saia as ruas lutar por seus direitos será a violação ao seu direito a terra, já para o comerciante será a lesão ao seu crédito. Cada classe reage com uma energia diferente a uma lesão ao direito legal. Este fato torna capaz medir a importância que uma classe ou um povo dá a lei em geral ou uma parte específica dela.
“ Cada Estado pune mais severamente aqueles crimes que mais ameaçam a sua própria condição de existência (...). “
O exposto acima também se aplica ao Estado que penaliza de forma diferente, porque todo estado tem princípios diferentes. Cada Estado pune mais severamente aqueles crimes que mais ameaçam a sua existência e seus princípios. 
Alguns indivíduos se preocupam com a justiça para todos e não apenas para si mesmo ou para o grupo ao qual pertence. Segundo o autor, o equilíbrio só existe na sociedade porque há indivíduos que não são covardes e possuem um sentimento de direito legal apurado. Estes sentem dor à violação dos direitos legais e lutam com coragem e determinação contra o ataque. O autor defende a validade da defesa do direito de forma violenta e apaixonada da mesma maneira que a resistência firme, tenaz e resoluta, pois ambas são resultado da força de direito legal ferido.
Capítulo IV – A afirmação dos direitos do indivíduo, um dever para a sociedade.
O autor fala que, além do dever que a pessoa tem com ela mesma pela batalha pela lei, a afirmação dos direitos do indivíduo é um dever dele para com a sociedade.
“Um direito legal concreto só existe nas condições pelas quais o princípio abstrato de lei consolida esse direito. (...) A lei concreta não apenas ganha vida e força da lei abstrata, mas dá também, em retorno, a vida
que ela recebeu. ” 
Para Ihering não se pode deixar de lutar pelo direito que possui, pois quando deixar de afirma-lo, o princípio desse direito perde o vigor e consequentemente o direito legal concreto é perdido pelo não uso. Essa é a principal diferença entre o direito público e o privado, pois no direito privado as pessoas podem perder um direito por não querer ou não saber como utiliza-lo. No direito público o estado deve cumprir a lei e esta depende do desempenho das autoridades. Para que um direito exista é necessário que ele esteja em harmonia com o direito concreto e o abstrato.
“A relação entre direito legal objetivo ou abstrato e o direito legal subjetivo ou concreto é a circulação do sangue, que sai do coração e retorna ao coração”.
O autor afirma que todos devem agir na defesa de seus direitos, pois ao defender os direitos legais individuais está sendo defendendo todo o corpo legal. Se uma lei que abrange muitas pessoas tiver poucas para lutar por ela, devido a covardia daqueles que não defenderam seus direitos inicialmente, isso se tornará um verdadeiro martírio para aqueles que lutam sozinhos contra a falta de lei, entretanto estes permaneceram fiéis a si mesmos. Quando não se luta pelos próprios direitos, toda a vida civil e do estado corre risco de cair por terra e todos farão o que tiverem vontade sem preocupação com a lei e com as sanções que dela acarretam.
A lei e a justiça só são vitoriosas se todos estiverem alertas, cada membro da sociedade deve cooperar batalhando por seus direitos
“Todo homem é um lutador nato pela lei no interesse da sociedade. 
(...) meu direito legal é a lei; quando meu direito legal é violado, a lei é violada; quando ele é afirmado a lei é afirmada. ” 
Capítulo V – A importância da luta pela lei para a vida nacional
A nação deve respeitar o indivíduo, para que seja respeitada no exterior. 
O Estado deve entender que é do direito privado que se faz o direito público e os dois devem andar juntos. Se o sentimento do direito legal dos indivíduos que compõem a nação é covarde e não encontra espaço para se desenvolver, esta nação se acostuma com a injustiça e não será despertada mesmo quando há uma violação de seus direitos. Facilitando desta forma, a implantação de regimes abusivos e a entrada de inimigos externos, já que não haverá resistência por parte do povo. O povo é enfraquecido sempre que leis injustas ou a aplicação injusta da lei e instituições legais ruins exercem o poder na nação.
O povo que tem o sentimento de direito legal despertado não se deixa dominar por leis injustas ou por inimigos estrangeiros, pois eles lutam bravamente por seus direitos e consequentemente o Estado é mantido, caso este sentimento seja arrancado do povo, este se torna fraco e padece.
Capítulo VI – A Lei Romana de hoje e a luta pela lei
O maior dano que a justiça de um país pode sofrer é o judiciário ser conivente com a injustiça. Para Ihering o ladrão não comente apenas um crime contra a pessoa que ele roubou e sim contra o Estado, contra a ordem e contra a lei moral. O autor se inquieta com o objetivo materialista do julgamento, já que na violação dos direitos legais de uma pessoa, não é apenas o valor que está em jogo, mas o sentimento de direito legal ferido. O autor cita um fato que presenciou, onde o credor foi ao juiz pedir um baixo valor referente a um objeto e o juiz para não continuar o processo acabou pagando do próprio bolso o valor em questão. O credor não aceitou a resolução dada pelo juiz, e este ficou ofendido, pois não entendeu que o litigante estava lutando pelo seu direito legal e não pelo valor pecuniário.
A defesa valor, tornou-se a força maior no julgar do direito. Entretanto, cabe a questão do autor: “O que é, então, a proteção da lei quando não há interesse pecuniário”? Ele responde que “Se isto for verdadeiro, o ladrão, então poderá ficar livre, após o objeto ser devolvido. ” 
Ihering usou o exemplo de um relógio que foi objeto de tentativa de roubo por um ladrão. “(..) que é um relógio comparado à vida ou uma perna ou braço? A perda do objeto pode ser reparada; a perda do outro é irreparável. “
Para o autor, o fato da vítima matar o ladrão para evitar a perda do relógio deveria uma excludente de ilicitude, pois o valor do patrimônio é subjetivo, assim como a justiça que não pode ser estimada apenas pelo valor pecuniário. Mesmo que o objeto em questão seja apenas um relógio, a pessoa e todos os seus direitos foram atacados, para Ihering é muito triste o fato de que o verdadeiro direito legal desapareceu, pois a lei admite o sacrifício dos direitos nesse caso. Ele afirma que a teoria que obriga o sacrifício de direitos ameaçados é oposta à que ele defende.
Ihering cita o filosófo Herbart que tem aversão a batalha como exemplo de teoria oposta e completa afirmando que ele sente prazer na luta
O autor afirma que materialismo esta se sobressaindo como principal objetivo da luta, ao invés do sentimento de satisfação em defender sua existência moral. 
Só com a luta pelo direito, suor e trabalho árduo de cada um se alcança a paz. Para que a justiça seja vitoriosa cada membro deve cooperar para que a luta pelo direito seja mais abrangente e o direito legal se fortaleça. Para ele a defesa é sempre uma batalha.
“(..) a batalha é o eterno trabalho da lei. A frase: “Do suor do seu rosto, ganharás o seu pão” está no mesmo nível que esta outra: “Através da luta, ganharás os seus direitos”. No momento em que a lei renuncia a apoiar a luta, ela se abandona, pois o que diz o poeta, que só merece a liberdade e a vida daquele que as conquista por si próprio todos os dias, também é verdadeiro para a lei. “

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