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FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 1 Roteiro do ponto 7. A REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA Federação significa organização administrativa do Estado compatível com poderes regionais. No caso do Brasil, existem três âmbitos: União Federal (Poder central), Estados Membros e Municípios (poderes periféricos). Cada um deles possui, no seu respectivo âmbito, autonomia política, administrativa, financeira, etc. De acordo com a CF, Art. 18. “A organização político- administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Assim sendo, percebe-se a importância da repartição de competências entre os três âmbito. O princípio geral que norteia a distribuição de competências entre as entidades federativas no Brasil é o princípio da predominância do interesse. Segundo esse princípio, cabe: a) à União as matérias e questões de predominante interesse geral (nacional); b) aos Estados, as matérias de predominante interesse regional; c) aos Municípios concernem os assuntos de interesse local; e d) ao DISTRITO FEDERAL, OS ASSUNTOS DE INTERESSE REGIONAL E LOCAL. Modelos de repartição a. Repartição horizontal: inexistência de subordinação entre os entes no exercício da competência. Cada ente tem autonomia plena de exercício, sem ingerência dos demais entes. Exemplos: Arts. 21, 22, 25, 30. São as chamadas Competências Privativas: atribuídas a apenas uma das esferas. b. Repartição vertical: Constituição outorga a diferentes entes a competência para atuar sobre as mesmas matérias, com uma relação de subordinação. São as chamadas Competências Concorrentes: atribuídas a mais de uma das esferas. → cumulativas (Art. 23) → não cumulativas (Art. 24 + 4 incisos do Art. 22) FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 2 Competências privativas União Enumeradas Estados-Membros Reservadas, remanescentes ou residuais Municípios Genericamente enumeradas Competências definidas a título indicativo (José Afonso da Silva) Legislativa Art. 22, com exceções: 4 incisos Art. 25, § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; Art. 30, III, 1ª parte: instituir e arrecadar os tributos de sua competência... Político- administrativa Art. 21: exclusiva, não pode delegar Art. 30, I: de forma implícita. Art. 30, III: 2ª parte: bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei. Art. 30, IV ao IX. observação: delegação de competência legislativa da União!!! Art. 22, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Delegação de competência legislativa da União para o Estado-membro. Exigência de lei complementar federal delegante Competência privativa (Art. 22) → pode haver delegação. Competência exclusiva (Art. 21) → não pode haver delegação. Cuidado: Questão geral x Questão específica Questão específica ≠ norma particular Art. 22, IX, XXI, XXIV, XXVII → não pode haver delegação destes incisos, pois tratam competência de legislação de normas gerais. FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 3 Competências concorrentes cumulativas → São administrativas Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Competências concorrentes não-cumulativas → São legislativas a. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre... IX - diretrizes da política nacional de transportes; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; Observações em relação aos 4 incisos do Art. 22: 1) São consideradas competências concorrentes não cumulativas, já que ocorreu a previsão de a União estabelecer as normas gerais. 2) O que difere das matérias previstas no Art. 24 é que as matérias dos 4 incisos do Art. 22 não poderão ser alvo de legislação supletiva por parte dos Estados, ou seja: há obrigatoriedade de norma geral da União para que o Estado possa estabelecer norma particular. Na ausência da norma geral, não poderá o Estado estabelecer norma geral para estas matérias!! b. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre... § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 1) União: normas gerais § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 2) Estados: suplementar = complementar § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 3) Estados: supletivas FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 4 § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 4) Revogação da lei estadual: afastaria definitivamente do sistema jurídico 5) A superveniência de lei federal, neste caso, suspende a eficácia da lei estadual: se um dia for revogada a lei federal, volta a ter eficácia a lei estadual. FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 5 1) Sempre prevalece, em caso de incompatibilidade, a lei federal contra a lei estadual. Resposta mais completa na 2 Competências privativas: ocorre a repartição horizontal de competências. Depende → Se a matéria for de competência privativa da União (Art. 22. CF, por exemplo), prevalecerá a lei federal. Se for matéria de competência estadual, prevalecerá a lei estadual. Competências concorrentes: ocorre a repartição vertical de competências,com relação de subordinação entre as leis federais, estaduais e municipais. Competências concorrentes cumulativas (Art. 23, CF, por exemplo), sempre prevalecerá a lei federal. Competências concorrentes não-cumulativas (Art. 24, por exemplo): Lei federal com norma geral: sempre prevalece Lei estadual com norma particular: sempre prevalece Lei federal e estadual com norma geral e norma particular: depende → prevalece lei federal somente no que diz respeito à norma geral. → prevalece lei estadual no que diz respeito à a norma particular. 2) Lei estadual incompatível com lei federal prevalecente é sempre inconstitucional. Falso No caso da competência privativa: sempre inconstitucionalidade. (quadro das comp. 22,21,25,30) Por exemplo, se lei Estadual ou Municipal legislar sobre matéria prevista no artigo 22, será afastada a lei Estadual ou Municipal, por questão de inconstitucionalidade (por haver conflito com a norma constitucional de atribuição de competência). No caso da competência concorrente: a. Concorrente cumulativa: sempre ilegalidade. (Art. 23) Não ocorre a divisão entre norma geral e norma particular, mas há hierarquia entre as normas das três esferas. Assim, a lei Federal afasta a lei Estadual ou Municipal se estiverem contrarias a ela (lei Federal) → por ilegalidade. b. Concorrente não cumulativa: há 2 hipóteses de inconstitucionalidade e 2 hipóteses de ilegalidade. (Art. 24) Há uma divisão hierárquica das normas, no seguinte sentido: 1. União, através de Lei Federal, estabelece normas gerais da matéria X. FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 6 2. Estado-Membro, através de uma Lei Estadual, estabelece as normas particulares sobre a mesma matéria. Hipóteses de inconstitucionalidade: 1. União: lei federal → NG + NP → será inconstitucional no que tratar de norma particular. (Art. 24, § 1º) 2. Estado: lei estadual → NG + NP → será inconstitucional no se houver norma geral. (Art. 24, § 2º) Por que inconstitucional? Desrespeitou a separação vertical de competência (Norma Geral x Norma Particular) Hipóteses de ilegalidade: 1. Incompatibilidade entre norma particular estadual e norma geral federal. Obs: LF → NG LE → NP Por que não houve inconstitucionalidade? Por que a Lei Estadual respeitou a separação vertical (NG x NP) e legislou sobre norma particular, mas contrariou a Norma Geral Federal. 2. União não edita norma geral. Estado-membro está autorizado a editar norma geral estadual (Art. 24, § 3º), que irá suprir a ausência da norma geral federal. Obs: União edita lei geral federal (superveniente – Art. 24, § 4º) → afastamento da Norma Geral Estadual por ilegalidade da norma estadual naquilo que for incompatível. 3) Lei estadual incompatível com lei federal prevalecente é sempre ilegal. Falso. Copiar questão 2 4) Nem sempre prevalece, em caso de incompatibilidade, a lei federal contra a lei estadual. Verdadeira. Copiar questão 1 5) Competências concorrentes não-cumulativas: examina todos os aspectos da questão. FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 7 Copiar parte das não cumulativas da questão 2 Mais observação sobre Art. 22, 4 incisos. Observações em relação aos 4 incisos do Art. 22: 1. São consideradas competências concorrentes não cumulativas, já que ocorreu a previsão de a União estabelecer as normas gerais. 2. O que difere das matérias previstas no Art. 24 é que as matérias dos 4 incisos do Art. 22 não poderão ser alvo de legislação supletiva por parte dos Estados, ou seja: há obrigatoriedade de norma geral da União para que o Estado possa estabelecer norma particular. Na ausência da norma geral, não poderá o Estado estabelecer norma geral para estas matérias!! 3. Embora haja previsão de delegação legislativa das matérias do Art. 22, da União para os Estados, não pode haver delegação destes incisos, pois tratam competência de legislação de normas gerais. Assim, os Estados podem somente elaborar norma particular. 6) Há sempre hierarquia entre lei federal e lei estadual? Não. No caso de competências privativas não há hierarquia, ocorre uma repartição horizontal de competências. No caso das competências concorrentes, há uma hierarquia. Diferenciar as cumulativas e não0- cumulativas. Ver questão 1 7) É possível delegação legislativa da União Federal para o Estado Membro. Depende. Em se tratando de matérias previstas no Art. 21 (matérias de competência exclusiva da União) não caberá delegação. Poderá haver delegação nas matérias de competência privativa da União previstas no Art. 22, conforme previsto no seu Parágrafo único: “Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.” Cabe salientar que a delegação será referente à questões específicas, não sendo permitida a delegação de qualquer norma prevista no Art. 22. Por exemplo, as normas previstas nos seus incisos IX, XXI, XXIV, XXVII não poderão ser alvos de delegação, por tratarem de legislação de normas gerais. 8) Não há previsão de legislação municipal complementar. FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 8 De acordo com a CF, Art. 30, inciso II: “Compete aos Municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber” Cabe salientar que, em uma interpretação sistemática da Constituição Federal, a palavra suplementar deve ser lida aqui como complementar, não devendo haver confusão com a competência supletiva, já que a previsão de competência supletiva está contida no artigo 24, § 3º, e diz respeito a uma competência dos Estados. Art. 24, § 3º: Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 9) Em matéria de competência concorrente não-cumulativa, cabe legislação estadual supletiva. Sim. 24, § 3º e 4º Se, no caso de competência concorrente não cumulativa, a União não edita norma geral, o Estado- membro está autorizado a editar norma geral estadual (Art. 24, § 3º), que irá suprir a ausência da norma geral federal. Porém, a edição de lei geral federal superveniente (Art. 24, § 4º), causará o afastamento da Norma Geral Estadual por ilegalidade (naquilo que for incompatível) 10) Em matéria de competência concorrente não-cumulativa, não cabe legislação estadual supletiva. Negação da questão 9 11) Não há previsão de delegação legislativa da União Federal para o Estado Membro. Negação da questão 7 12) As competências legislativas privativas do Estado Membro são enumeradas, enquanto que as da União Federal são reservadas. Falso As competências enumeradas são as competências da União, conforme se segue: o Art. 21 trata de competências político-administrativas e o Art. 22 trata de competências legislativas. FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIOPÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 PORTO ALEGRE - RS 9 Já as competências do Estado são chamadas de competências reservadas, residuais ou remanescentes, de acordo com a previsão do § 1º do Art. 25: “São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.” 13) Lei estadual pode sempre suprir a falta de lei federal. Na competência privativa, não pode (Art. 21 e 22) → seria inconstitucionalidade. Na competência concorrente, pode. (ausência de lei geral da União) → Art. 24, § 3º: Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 14) Lei estadual não pode suprir a falta de lei federal. Negação da questão 13. 15) A lei federal sempre prevalece contra a lei estadual ou a lei municipal. Nem sempre Ver questões 1 e 2 16) Legislação municipal depende sempre de prévia legislação federal ou estadual. Depende Não, nos casos da competência privativa. (inciso I, III – primeira parte) Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência,... Sim, no caso de competência complementar: Art. 30. Compete aos Municípios: II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
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