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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIf:NCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS INSTITUTO DE PÓ5-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS NAS INDÚSTRIAS DE MÉDIO E GRANDE PORTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TERESA CRISTINA JANES CARNEIRO i MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS EDUARDO FACÓ LEMGRUBER RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL 1994 FOLHA DE APROVAÇÃO 'TÍTULO: Utilização de Técnicas de Avaliação de Projetos nas Indústrias de Médio e Grande Portes do Estado do Rio de Janeiro TERESA CRISTINA JANES CARNEIRO ü Dissertação ou tese submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre. Aprovada por : Prof. � �ardo Facó Lemgruber COPPEAD/UFRJ Prof. �� Cláudio Roberto Contador COPPEAD/UFRJ Prof. ?de � t 2111RA& Walter Lee Ness, Jr. PUC/RJ - Presidente da Banca �. Rio de Janeiro - RJ JAN/1994 Carneiro, Teresa Cristina Janes. Utilização de técnicas de avaliação de projetos nas indústrias de médio e grande portes do estado do Rio de Janeiroj Teresa Cristina Janes Carneiro: COPPEAD, 1994. ix, 86p. il. Dissertação. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD. 1. Avaliação (finanças) 2. Orçamento de Capital 3. Projetos Industriais 4. Tese (Mestr. COPPEADjUFRJ) I. Título. iii iv Aos meus pais, pelo incentivo por toda a vida. Ao meu marido, pelo apoio, compreensão e colaboração. Aos meus filhos, para que lhes sirva de exemplo e incentivo. v RESUMO DA TESE APRESENTADA À COPPEAD/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM C�NCIAS (M. Sc.) UTILIZAÇÃO DE TICNICAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS NAS INDÚSTRIAS DE MÉDIO E GRANDE PORTES ORIENTADOR: DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TERESA CRISTINA JANES CARNEIRO JANEIRO/1994 PROF. EDUARDO FACÓ LEMGRUBER DEPARTAMENTO: ADMINISTRAÇÃO O presente trabalho objetiva a análise das práticas de avaliação financeira de projetos nas indústrias de médio e grande portes do estado do Rio de Janeiro. Para taL foi desenvolvida uma pesquisa em 1988/89 junto à população de 88 indústrias com sede no estado, com faturamento anual superior a Cr$ 1.300.000,00 segundo classificação da Relação Brasil Dez Mil - Principais Empresas Brasileiras, uma publicação da Dun & Bradstreet International. Os principais temas abordados na pesquisa foram: as técnicas de avaliação de projetos mais utilizadas pelas empresas, as prioridades na utilização, a distribuição de responsabilidades na apresentação e na posterior análise e aprovação de projetos e o grau de sofisticação no tratamento do risco e dos efeitos da inflação no processo de avaliação de projetos. vi ABSTRACT OF 1HFSIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS PARTIAL FULFILLMENT FOR 1HE DEGREE OF MASTER OF SCIENCFS (M. Sc.) UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE PROJIITOS NAS INDÚSfRIAS DE MÉDIO E GRANDE PORTES CHAIRMAN: DEPARTMENT: DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TERESA CRISTINA JANES CARNEIRO JANEIRO/1994 PROF. EDUARDO FACÓ LEMGRUBER ADMINISTRAÇÃO This work analyzes lhe capital budgeting techniques used by lhe medium and large manufactures of lhe State of Rio de Janeiro. The analysis is based on a specific survey, developed in 1988/89 over a population of 88 companies headquartered in Rio de Janeiro, wilh annual income above Cr$ 1,300,000.00 as published in Brasil Dez Mil - Principais Empresas Brasileiras, by Dun & Bradstreet International. The major topics covered in this work are: lhe most used capital budgeting techniques, lhe techniques' priorities, lhe responsibilities in project submission, analysis and approval, and lhe evaluation of risk and inflation effects. UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS NAS INDÚSTRIAS DE MÉDIO E GRANDE PORTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1. INTRODUÇÃO 2. 1.1. A IMPORTÂNCIA DO FSTUDO 1.2. OBJETIVO DO FSTUDO 1.3. DELIMITAÇÃO DO FSTUDO 1.4. ORGANIZAÇÃO DO FSTUDO AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO 2.1. INTRODUÇÃO 2.2. CLASSIFICAÇÃO DE PROJETOS 2.2.1. Classificação Quanto ao Tipo de Benefícios 2.2.2. Classificação Quanto à Finalidade 2.2.3. Oassificação Quanto ao Grau de Dependência 2.2.4. Classificação Quanto aos Fluxos de Caixa 2.3. METODOLOGIA NA A V ALIAÇÃO DE PROJETOS 2.4. DISPONIBILIDADE DE FUNDOS 2.5. CUSTO DE CAPITAL 2.6. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE PROJETOS 2.6.1.TÉCNICAS NÃO SOFISTICADAS 2.6.1.1. Taxa Média de Retomo 2.6.1.2. Período de Payback 1 1 1 1 2 3 3 4 4 4 6 7 7 9 10 12 14 14 15 vii vili 2.6.2. TÉCNICAS SOFISTICADAS 17 2.6.2.1. Valor Presente liquido (VPL) 17 2.6.2.2. Taxa Interna de Retomo (TlR) 21 2.6.2.3. índice de Lucratividade (IL) 22 2.7. RISCO EM INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO 25 2.7.1. Análise de Sensibilidade 25 2.7.2. Análise de Cenários 26 2.7.3. Árvores de Decisão 26 2.7.4. Oasses de Risco 27 2.7.5. Simulação 28 2.7.6. Equivalentes-Certeza 28 2.7.7. Taxas de Desconto Ajustadas ao Risco 29 2.7.8. Redução do Período de Payback 29 2.8. INFLAÇÃO EM INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO 30 2.8.1. O Estudo de Cooley, Roenfeldt e Chew 31 2.8.2. O Estudo de Rappaport e Taggard 33 2.8.3. O Estudo de Mehta, Curley e Fung 34 2.9. PESQUISAS SOBRE UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE A VALIAÇÃO DE PROJETOS 37 2.9.1. A Pesquisa de K1ammer 37 2.9.2. A Pesquisa de Frengem 38 2.9.3. A Pesquisa de Gitman e Forrester 41 2.9.4. A Pesquisa de Schall, Sundem e Geijsbee.k 42 2.9.5. A Pesquisa de Schall e Sundem 43 2.9.6. A Pesquisa de Oblak e Helm 45 2.9.7. A Pesquisa de Ross 46 2.9.8. A Pesquisa de Fensterseifer e Saul 47 3. METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1. ESCOLHA DO TEMA 3.2. COLETA DE DADOS 3.3. AMOSTRA 4. RESULTADOS 5. 4.1. SOBRE AS EMPRESAS 4.2. SOBRE O PRODUTO 4.3. SOBRE INVESTIMENTOS 4.4. SOBRE UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS CONCLUSOES E RECOMENDAÇÕES 5.1. sUMÁRIo 5.2. CONCLUSÕES 5.3. RECOMENDAÇÕES 5.4. ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO 5.5. ANEXO 2- SIC 5.6. BffiUOGRAFIA 49 49 49 50 51 51 55 57 60 73 73 74 75 78 83 84 ix 1. INTRODUÇÃO 1.1. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO 1 A elevação do nível de vida dos países em vias de desenvolvimento depende, entre outros fatores, de seu desenvolvimento industrial. Em todos os países, especialmente os latino-americanos, a expansão adequada deste setor é necessária para a melhoria das condições de vida do país. A necessidade de capitais para o financiamento de novas indústrias ou para ampliação e melhoramento das já existentes, é um dos pontos merecedores de especial atenção num programa de desenvolvimento industrial. A distribuiçao de recursos escassos com o objetivo de seu aproveitamento máximo, através de benefícios para comunidade, constitui a filosofia do desenvolvimento. A escassez de pesquisas publicadas, desenvolvidas no Brasil, sobre utilizaçao de métodos de auxilio a análises financeiras de decisões de investimentos, em empresas brasileiras, recomenda a realização de estudos exploratórios que permitam conhecer e comunicar a importância da avaliação eficiente de projetos de investimentos, visando a otimização do uso dos recursos disponíveis. 1.2 OBJETIVO DO ESTUDO o objetivo deste estudo é explorar a relação existente entre a teoria sobre avaliação financeira de investimentos de longo prazo e a utilização, na prática, dessa teoria,por empresas industriais de médio e grande portes do estado do Rio de Janeiro. É também nosso objetivo, explorar como são realizadas nestas empresas, a avaliação e a escolha de projetos de investimento de longo prazo e como são tratados neste processo, o risco e os efeitos da inflação. 1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO o estudo se limita à área da teoria financeira denominada de Orçamento de Capital, que trata de investimentos de longo prazo. Trataremos apenas da 2 avaliação financeira de projetos não analisando os aspectos sociais da avaliação de projetos1 tais como análise de impactos ambientais e de geração de empregos, temas estes de muita importância não só para as empresas como para o desenvolvimento do pais como um todo. 1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO o presente trabalho foi dividido em quatro partes. A primeira parte é a introdução onde apresentamos o trabalho, falamos de sua importância e de seus objetivos. A segunda parte é uma revisão bibliográfica sobre os principais temas abordados pela pesquisa que apresentamos na terceira parte. A quarta e última parte são conclusões e recomendações juntamente com os anexos que servem de apoio ao texto principal. Na revisão bibliográfica são abordados vários temas relacionados a investimentos de longo prazo tais como a metodologia de avaliação de projetos, principais técnicas de avaliação, disponibilidade e custo do capital a ser investido, tratamento do risco na análise de projetos e principais técnicas de ajuste de projetos ao risco. Analisamos também a inflação no contexto de investimentos de longo prazo, apresentamos uma análise das limitações do método tradicional do valor presente liquido para tratar dos impactos da inflação nos retornos reais dos projetos e fazemos uma revisão das principais pesquisas publicadas sobre utilização de técnicas de avaliação de investimentos, comentando separadamente, sete destas pesquisas, em ordem cronológica. A terceira parte do trabalho, compreendendo os capítulos 3 e 4, apresenta a pesquisa que desenvolvemos em indústrias de médio e grande portes do estado do Rio de Janeiro, sobre utilização de técnicas de análise de projetos. No capítulo 3 tratamos da metologia utilizada: a escolha do tema , a seleção da amostra e a coleta de dados. No capítulo 4, apresentamos e analisamos os resultados encontrados. Na quarta parte, encerramos o trabalho apresentando as principais conclusões e algumas recomendações a título de contribuição e sugestão a pesquisas fuhrras. 1 Ver Contador (1981), Avaliação Social de Projetos. 2. AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO 2.1. INTRODUÇÃO 3 A análise de investimento de capital envolve decisões sobre gastos necessários à manutenção do crescimento da empresa a longo prazo. Engloba todo o processo de análise e decisão sobre qual alternativa de investimento deve ser incluída no orçamento de capital da empresa. A estratégia de investimentos adotada pela empresa, determina seu crescimento futuro e sua lucratividade. Sendo assim, o processo de análise de investimentos é de fundamental importância para a empresa pois seus resultados podem determinar seu sucesso ou seu fracasso. Um investimento mal planejado pode trazer sérias consequências: se uma empresa investir demais em ativos fixos, incorrendo desnecessariamente em elevadas despesas, poderá ficar com capacidade ociosa, custos altos de produção e baixa competitividade. Por outro lado, se a empresa não investir o suficiente em ativos fixos, poderá perder oportunidades de vendas por falta de capacidade instalada para atender a demanda. Na terminologia usual da avaliação de decisões de investimento, uma dada possibilidade de investimento é considerada projeto. De acordo com esta terminologia, o objetivo da avaliação de decisões de investimento consiste no oferecimento de uma regra para decidir, se um dado projeto de investimento deve ser realizado ou não. Muito tem sido escrito e pesquisado sobre avaliação financeira de investimentos de longo prazo. A seguir abordaremos alguns dos principais tópicos relacionados ao tema, limitando esta abordagem ao objetivo, conteúdo e abrangência de nossa pesquisa. Utilizaremos na revisão destes temas, livros textos básicos da teoria financeira como Gitman (1987), Brigham (1988), Levi e Sarnat (1990) e alguns livros textos mais avançados como Cope1and e Weston (1988) e Brealey e Myers (1988), dentre outros. 4 2.2. CLASSIFICAÇÃO DE PROJETOS Existem várias classificações possiveis para projetos de investimento de capital segundo o tipo de beneficios, segundo o grau de dependência, o tipo de fluxo de caixa, quanto ao tamanho do projeto (pequeno, médio e grande), tipo de recursos utilizados (mão-de-obra intensivo ou capital intensivo), grau de prioridade (urgente, requerido, desejado), quanto à localização, dentre outros. A seguir detalharemos algumas dessas possiveis classificações. 2.2.1. Classificação Quanto ao Tipo de Benefícios Ross (1968) e Levi e Sarnat (1990) apresentam uma classificação de projetos de investimento de capital segundo o tipo de beneficios, dividindo-os em: 1) Obrigatórios ou mandatários: são projetos onde os retornos não são facilmente traduzidos para valores monetários. Alguns exemplos são projetos envolvendo obrigações legais, treinamento de recursos humanos, controle da poluiçãO, construção de creches ou estacionamento para funcionários, troca de equipamentos antiquados, melhoria de qualidade do produto, propaganda institucional, projetos ecológicos (instalação de mtros anti-poluentes, por exemplo), projetos de cunho social (construção de escolas ou ambulatórios para a comunidade), etc. 2) Arbitrários ou discricionários: são projetos em que os retornos são mais tangiveis, mais facilmente conversíveis para valores monetários. Como exemplo os autores citam projetos de expansão de mercado para produtos já existentes, projetos para abertura de novos negócios, para redução de custos, para redução de riscos, etc. 2.2.2. Classificação Quanto à Finalidade Segundo Brigham (1989), os projetos podem ser classificados, de acordo com suas finalidades, nas seguintes categorias: 5 1) Troca para manutenção do negócio: projetos envolvendo troca de equipamentos obsoletos utilizados na produção de produtos lucrativos. 2) Troca para redução de custos: projetos que envolvem a troca de equipamentos obsoletos por outros mais modernos com a finalidade de reduzir custos de fabricação como mão-de-obra, matéria-prima, eletricidade, etc. 3) Expansão de mercado para produtos já existentes: projetos para aumentar a demanda por produtos já fabricados pela empresa ou para fadlitar a distribuição em mercados já servidos pela firma. Requer análises mais complexas envolvendo previsões de demandas futuras do produto pelo mercado. 4) ExpansãO para novos produtos ou mercados: projetos envolvendo o lançamento de novos produtos ou a entrada em mercados ainda não explorados. Envolve decisões estratégicas que podem mudar inclusive a natureza do negócio da empresa. Fusões e aquisições de empresas podem fazer parte destes projetos. 5) Segurança ou projetos ambientais: projetos envolvendo obrigações legais com o meio-ambiente, acordos traballústas ou políticas de segurança. São projetos que não produzem receitas. 6) Outros: aqui são incluídos os projetos para construção ou reforma de escritórios, estacionamentos, aquisição de aeronaves para transporte de executivos, etc. Segundo Caldas e Pando (1976), os projetos industriais, mais especificamente, podem ser classificados segundo os seus propósitos em: 1) Projetos elaborados para uso pIÚprio: Estes projetos são elaborados em empresas relativamente grandes e organizadas, onde os executivos necessitam eventualmente submeter à consideração dos diretores a realização de umprojeto industrial. Estes projetos orientam-se basicamente para os interesses da empresa. As questões de factibilidade e de rentabilidade adquirem uma importância primordial. 2) Projetos destinados à consideração de possíveis investidores: Estes projetos guardam características muito semelhantes aos anteriores só que com mais precisão. Geralmente estes estudos devem conter informações mais amplas 6 sobre os aspectos referentes à viabilidade e rentabilidade do projeto. Frequentemente, o projeto é dirigido a investidores estrangeiros ou a grupos não identificados com a indústria em questão, portanto é requerida uma exposição mais geral sobre as condições do pais ou detalhes da atividade a que se propõe. 3) Projetos destinados a obtençao de isenções ou benefícios fiscais: Muitos paises concedem isenções fiscais e vantagens diversas às empresas industriais. Estas concessões são estudadas com base no interesse do desenvolvimento industrial que determinem vantagens sócio-econômicas para o pais. Assim procedendo, pretende-se que os investidores industriais sejam estimulados a dedicar suas atividades a setores de maior interesse nacional. O projeto preparado pelo empresário deve conter elementos de apreciação suficientes para permitir a análise dos aspectos sódo-econômicos, que determinarão ou não sua aceitação. 4) Projetos destinados a instituições financeiras de desenvolvimento: Os projetos destinados aos bancos de desenvolvimento requerem, geralmente, uma apresentação mais pormenorizada. Além de todos os requisitos mencionados nos tópicos anteriores, devem ser incluídas também as questões das garantias e aspectos puramente crediticios. Aos bancos de desenvolvimento, interessa a factibilidade do projeto e seu mérito sócio-econÔmico, sem descuidar as questões relativas à qualidade das garantias oferecidas. Os projetos industriais destinados à obtenção de crédito em bancos de desenvolvimento requerem um planejamento mais complexo. Atualizando a classificação de Caldas e Pando (1976) e principalmente ajustando-a à atualidade brasileira, incluiríamos nesta classificação uma quinta classe de projetos: 5) Projetos destinados a privatizaçao: são projetos que visam determinar um valor para a empresa a ser privatizada. São projetos complexos, envolvendo vários tipos de ativos, muitas vezes de dificil avaliação. 2.2.3. Classificação Quanto ao Grau de Dependência Segundo Gitman (1987), Cope1and e Weston (1988) e Levi e Sarnat (1990), os projetos podem ser classificados quanto ao grau de dependência em: 7 1) Dependentes ou Complementares: são projetos que s6 podem ser executados se antes forem executados projetos preliminares dos quais são dependentes. 2) Independentes: são aqueles que competem entre si, de tal modo que a aceitação de um deles não elimina a consideração dos outros. Na ausência de limitação de verbas, todos os projetos independentes que satisfizerem um critério mínimo de seleção, podem ser implementados. 3) Mutuamente exclusivos: são aqueles que possuem a mesma função. A aceitação de um projeto do grupo de projetos mutuamente exclusivos, elimina a consideração de todos os outros do grupo. 2.2.4. Classificação Quanto aos Fluxos de Caixa Para avaliar as alternativas de investimento de capital, é necessário determinar saídas e entradas de caixa incrementais, após o imposto de renda, relacionadas a cada projeto, o que na literatura financeira é denominado de fluxo de caixa. Gitman (1987) classifica os projetos segundo os fluxos de caixa que apresentam, em dois tipos: 1) Convencionais: Projetos que apresentam fluxos de caixa com uma saída de caixa inicial seguida de uma ou mais entradas. É denominado de anuidade o caso particular de um fluxo de caixa convencional em que todas as entradas de caixa possuem o mesmo valor. 2) Nilo-convencionais: Projetos que apresentam fluxo de caixa em que uma saída inicial não é seguida somente por entradas de caixa. Ocorre quando, por exemplo, existem saídas de caixa (desembolso) no meio do projeto. 2.3. METODOLOGIA NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS o processo de decisão de investimento de capital varia de firma para firma, mas em geral está relacionado ao montante do dispêndio e a importância dos itens a serem adquiridos. 8 Segundo Neves (1982), a análise de projetos pode ser dividida nas seguintes fases: 1) Identificaçao das Alternativas de Investimento: Para a identificação das alternativas de investimento se faz necessário, primeiramente, definir o nível de análise. Pode-se também percorrer vários níveis de análise, partindo do mais geral para o particular, gerando-se alternativas de investimentos em cada nível. 2) Estudo de Pré-viabilidade das Alternativas: Consiste na estimativa prelinúnar dos investimentos, custos e receitas dos projetos anteriormente identificados. É difícil, segundo o autor, avaliar muitas propostas de investimento de capital em decorrência da dificuldade de se determinar retornos intangíveis que elas podem gerar. 3) Seleçao Preliminar das Alternativas: Uma vez realizadas as estimativas preliminares a respeito das implicações de cada alternativa, cabe ao grupo de estudo elinúnar aquelas que estarao dominadas por outras ou que são impossíveis de realizar. 4) Estudo de Viabilidade das Alternativas Selecionadas: Estimativa detalhada dos investimentos, custos e receitas das alternativas selecionadas e aplicação dos critérios quantitativos de decisão. Estas estimativas se farão acompanhar de cronogramas de desembolsos e receitas que levaração à formação dos fluxos de caixa (quadro de entrada e saida de recursos) de cada alternativa. Os fluxos de caixa serão analisados segundo critérios já estabelecidos. Em geral esses critérios são o método do valor presente líquido, da taxa interna de retomo, etc. 5) Considerações Adicionais e Tomada de Oecisao: Considerações sobre risco, incerteza, análise de fatores intangíveis, dentre outros, para cada alternativa selecionada, seguida de uma seleção final das alternativas. A maioria das empresas opera com racionamento de capital onde apenas uma certa quantia de recursos é alocada para fins de investimento de capital. Inúmeros projetos poderão disputar essa quantia limitada de capital. Neste caso, segundo Neves (1982), a empresa deve procurar aprovar os projetos que maximizem os retornos a longo prazo. 9 6) Realizaçao das Alternativas Selecionadas: Implantação dos projetos de investimento selecionados até o funcionamento normal. Todas as diferenças significativas entre os valores reais e os valores previstos devem ter suas razões examinadas e este controle de valores reais, em confronto com valores previstos, deve permitir o aperfeiçoamento contínuo da precisão das previsões. 2.4. DISPONIBILIDADE DE FUNDOS Um fator que afeta o ambiente decisório da empresa é a disponibilidade de fundos para investimento de capital. Para que se possa tomar decisões eficazes a respeito da aceitação ou rejeição de projetos de investimentos, é necessário saber a quantidade de capital existente para fins de investimento. Isto pressupõe não só o conhecimento do volume de capital efetivamente disponível em termos de caixa ou ativos prontamente realizáveis, mas também das outras fontes de capital que podem ser utilizadas, quanto custaria levantar recursos de capital junto a essas fontes, e que outras decisões (tal como a poJitica de dividendos) podem influenciar as disponibilidades futuras de capital. Segundo Gitman (1987), algumas empresas porém bem poucas, operam com fundos ilimitados para investimentos, o que simplifica o processo de tomada de decisões. Todos os projetos independentes, que atendam a um critério mínimo de seleção, podem ser aceitos. A maior parte das firmas, entretanto, emprega alguma forma de racionamento de capitaL fazendoalocação competitiva de seus fundos, ou seja, limitando investimentos mesmo que, para isso, projetos lucrativos sejam negligenciados pois sob racionamento de capital, os projetos competem entre si e não com padrões de lucratividade. 2.5. CUSTO DE CAPITAL 10 Embora a literatura financeira contenha uma variedade de artigos sobre custo de capital muito pouco foi escrito sobre aspectos procedurais de medição do custo de capital que é o principal problema na prática de análise de projetos. Taggard (1977) defende que o custo de capital para um projeto particular de investimento, depende das caracteristicas deste projeto e não da corporação como um todo. O autor utiliza como argumento de sua defesa um paralelo com a "teoria do equilibrio do mercado de titulos" e cita o "principio de aditividade de valor". Segundo o autor, muitos ativos produtivos não são empregados diretamente pelos individuos. Ao invés disso, as vantagens da espedalização e limitação das obrigações, encoraja as empresas a agir como intermediárias, mantendo e administrando ativos fixos e emitindo titulos para investidores individuais. A habilidade de gerentes profissionais pode então ser usada para avaliar projetos de investimento, comparando-os com padrões de oportunidades alternativas dos investidores. Se as firmas avaliam projetos em termos de oportunidade dos investidores, elas têm que ser capazes de comparar as características de seus próprios projetos com as outras alternativas financeiras disponíveis no mercado. O mercado de titulos oferece uma variedade de investimentos (ações ordinárias, ações preferenciais, bônus, commercial papers, opções, seguros, contratos futuros e outros) que diferem em risco, maturidade e padrão de pagamentos. Cada titulo pode ser pensado como um conjunto particular dessas características. Pela "teoria do equilibrio do mercado de titulos", as expectativas de cada investidor quanto ao fluxo de caixa de cada titulo, junto com seu preço corrente, determinam uma taxa de retomo esperada pelo investidor para cada titulo, enquanto suas preferências e os retornos possíveis em outros titulos com caracteristicas similares ditam a taxa de retomo requerida por cada investidor. Uma firma emite titulos cujas caracteristicas refletem as de seus ativos. Se algum novo ativo, real ou financeiro, pode ser representado como um conjunto de características pelas quais corresponde uma taxa de retomo requerida já existente no mercado de títulos, cada ativo pode ser tratado como se fosse um titulo separado a ser oferecido aos investidores. Este é o "princípio de aditividade de 11 valor" que permite a firma avaliar novos ativos independentemente de seus ativos já existentes. Investidores irão preferir que a firma adquira um novo ativo cujo retomo esperado exceda o retomo requerido por títulos similares no mercado. o principio da aditividade de valor, segundo Taggard (1977), também implica que o retomo requerido ou custo de capital para um projeto particular de investimento, depende das caracteristicas deste projeto e não da corporação como um todo. O custo de capital varia com as características do projeto assim como a taxa requerida de retomo dos títulos varia com as suas características. Gitman (1987) defende o oposto do que foi defendido por Taggard (1977). Segundo Gitman (1987), é melhor utilizar o custo de capital combinado da empresa do que utilizar o custo da fonte específica de financiamento de um determinado projeto, ao se avaliar alternativas de investimento. Segundo o autor, se a empresa se utilizar da hipótese de Taggard (1977), poderá aprovar um projeto de rentabilidade mais baixa por ter conseguido financiá-lo a uma fonte mais barata (endividamento, por exemplo), e logo a seguir, rejeitar um projeto mais rentável por ter conseguido recursos a um custo mais caro (capital próprio, por exemplo). Se no entanto, a empresa ponderar suas fontes de capital, obterá um custo médio que inviabilizará o projeto menos rentável e beneficiará o projeto mais lucrativo. Embora o custo de capital seja determinado em um dado momento, este deve refletir o custo de fundos por longo tempo, já que o custo de capital é usado em investimentos que gerarão benefícios a longo prazo. Segundo Copeland e Weston (1988), o principio da aditividade de valor implica que, sendo conhecido o valor separado de cada projeto aprovado na empresa, ao se somar o valor de todos esses projetos, obtém-se o valor da firma. Isto significa que projetos podem ser considerados pelos seus próprios méritos, sem que seja necessário considerar uma variedade infinita de combinações com outros projetos. No entanto, Cope1and e Weston (1988) defendem o uso do custo médio ponderado de capital na avaliação de projetos e não o custo especifico da fonte como faz Taggard (1977). Para Cope1and e Weston (1988), a vantagem de se usar o custo médio ponderado é que desta forma, a decisão de investimento fica desvinculada da decisão de financiamento. Em caso de mudança da fonte de financiamento do projeto não é necessário refazer os cálculos para o projeto. 12 Brigham (1989) também considera como melhor opção, utilizar o custo de capital médio ponderado na avaliação de projetos, mas destaca a necessidade de utilizar taxas de desconto ajustadas ao risco (custo de capital mais prêmio pelo risco) ao se comparar projetos com diferentes graus de risco. 2.6. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE PROJETOS Gitman (1987) classifica os critérios de avaliação financeira mais usuais em dois grupos: A) Métodos nao-sofisticados: São aqueles em que não se considera a variação que o capital sofre com o tempo. Os mais conhecidos são: 1) Taxa Média de Retomo (TMR); 2) Periodo de Payback. B) Métodos sofisticados: São aqueles em que é levada em conta a variação que o capital sofre com o tempo, também chamados de métodos de fluxo de caixa descontado. Os mais utilizados são: 1) Valor Presente Uquido (VPL); 2) Taxa Interna de Retomo (TlR); 3) Razão Benefício/Custo ou Índice de Lucratividade (lL). Antes de detalhar as diferentes técnicas usadas para avaliar projetos de investimentos, devemos considerar os requisitos gerais a serem preenchidos por essas técnicas, de acordo com certos critérios bem definidos, identificando suas vantagens e desvantagens. A finalidade de qualquer técnica de avaliação de projetos de investimentos é estabelecer uma regra de decisão para aceitar ou rejeitar os projetos. Necessita se, portanto, de uma regra que, dado um conjunto de projetos possíveis juntamente com seus respectivos fluxos de caixa, produza a resposta de aceitar ou rejeitar para cada projeto. Segundo Harisson (1978), as regras de decisão para avaliação de projetos de investimento possuem,. essendalmente, três estágios: 13 1) Redução de todas as informações disponiveis sobre o projeto e seus respectivos fluxos de caixa a um único número (período de pll!Jback, taxa de retomo, valor presente líquido, etc.), 2) Comparação desse número a algum limite ou "critério mínimo". 3) Se o número associado ao projeto for melhor (o período de pll!Jback mais curto, taxa de retomo superior, valor presente líquido mais alto, etc.) do que o valor núnimo estabelecido, o projeto será aceito. Se o número associado ao projeto for pior, o projeto será rejeitado. Segundo Brigham (1988), existem três propriedades que um método de análise de projetos deve apresentar para conduzir a decisões de investimento consistentes e corretas: 1) O método deve considerar todos os fluxos de caixa durante a vida do projeto; 2) O método tem que considerar o valor do dinheiro no tempo - tem que refletir o fato de que o dinheiro recebido hoje vale mais que o mesmo dinheiro recebido no futuro; 3) Quando o método é utilizado para avaliar projetos mutuamente exclusivos,tem que indicar como melhor alternativa aquele projeto que maximiza a riqueza dos proprietários da firma. A seguir analisamos e descrevemos alguns dos diferentes métodos de avaliação de projetos de investimento, indicando as principais vantagens e desvantagens de cada técnica. 14 2.6.1.TÉCNICAS NÃO SOFISTICADAS 2.6.1.1.Taxa Média de Retomo Este método utiliza no seu calculo dados contábeis: o Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR). Sua definição, segundo Gitman (1987,p.439), é: Taxa Média de Retomo = LAIRmédio Investimento médio onde o LAIR médio é obtido somando-se todos os LAIRs esperados para cada ano de vida do projeto e dividindo o resultado pelo número de anos do projeto; e o investimento médio é obtido dividindo-se o investimento inicial por dois. Isto pressupõe que a empresa utiliza o método de linha reta para a depredação dos ativos durante a vida do projeto, significando que, em média, a empresa manterá a metade do seu preço inicial de compra nos seus livros. Já a definição apresentada por Van Home (1988) não leva em consideração o investimento médio e sim o investimento totaL ficando o resultado, obtido pela fórmula de Van Home (1988) , igual à metade do resultado encontrado pela fórmula de Gitman (1987). A vantagem do método é a sua facilidade de cálculo, uma vez que usa dados contábeis e o seu maior inconveniente é não levar em conta a preferência pelo adiantamento das receitas. Levi e Samat (1990) diferenciam este método em dois tipos: a taxa média de retomo sobre investimentos totais que é a abordagem de Van Home (1988) e a taxa média de retomo sobre investimento médio, que é a abordagem de Gitman (1987). 15 2.6.1.2.Periodo de Payback Provavelmente a técnica mais simples para a avaliação de projetos de investimento seja o método de paybadc, que é defuúdo como sendo o número de anos necessários para que seja inteiramente recuperado o investimento original de capital, exigido pelo projeto. Quanto menor o período de paybadc, melhor o projeto. o período de paybadc é um método simples, porém é condenado nos livros textos mais modernos de teoria de finanças como conduzente a decisões incorretas. Não é uma técnica inteiramente inequívoca, pelo fato de que se o projeto necessitar de investimentos adicionais durante sua vida, o fluxo de caixa acumulado pode vir a se tornar novamente negativo, e por conseguinte, teríamos dois ou mais períodos de paybadc diferentes, fazendo com que a decisão de aceitar ou não esse projeto dependa do período de paybadc que utilizarmos. A seguir, apresentamos um exempl02, de um projeto, com desembolsos nos anos O e 4, com dois períodos de paybadc diferentes. Ano O 1 2 3 4 5 6 Fluxo de Caixa Acumulado (5.000) (5.000) 2.000 (3.000) 2.000 (1.000) 2.000 1.000 (3.000) (2.000) 2500 SOO 2500 3.000 Período de Paybadc 1 = 2,5 anos Período de Paybadc 2 = 4,8 anos o exemplo a seguir ilustra uma das duas principais deficiências do método do período de payback: não leva em conta os fluxo de caixa que ocorrem após o final do período. Considera o projeto A como o melhor, quando B é o projeto que apresenta a maior receita. Não atende portanto, a primeira propriedade citada por Brigham (1988). 2 Os exemplos desta seção são do livro de Harrison (1978, p.46-49). Ano O 1 2 3 4 5 6 PROJETO A PROJETO Fluxo de Caixa Acumulado Fluxo de Caixa (5.000) (5.000) (5.000) 2.000 (3.000) 1.000 2.000 (1.000) 2.000 2.000 1.000 3.000 2.000 3.000 4.000 2.000 5.000 5.000 2.000 7.000 6.000 Período de Payback Projeto A = 2,5 anos Período de Payback Projeto B = 2,7 anos 16 B Acumulado (5.000) (4.000) (2.000) 1.000 5.000 10.000 16.000 Uma outra deficiência deste método é não considerar o valor do dinheiro no tempo, ou seja, não considerar que é preferível 1 unidade monetária hoje a 1 unidade monetária no próximo ano, porque pelo menos 1 unidade monetária hoje pode ser investida para produzir mais do que 1 unidade monetária depois de um ano. Não atende também à segunda propriedade citada por Brigham (1988). A maior vantagem do periodo de payback, reside na sua fácil utilização. O conceito é de fácil compreensão e os cálculos necessários são bastante simples. Sua vantagem em relação à taxa média de retomo é que utiliza fluxos de caixa no lugar de lucros contábeis, além de dar alguma consideração implicita à época dos fluxos de caixa. Um outro motivo para a utilização deste método pelas empresas, segundo Brigham (1988), é o fato dele ser uma medida de risco. Reflete a liquidez do projeto e deste modo, o risco de se recuperar o investimento. A liquidez de um projeto é determinada pela rapidez com que é recuperado o investimento original. Quanto menor o payback, mais liquido o projeto e menor o risco de não se recuperar o investimento. Para resolver uma das deficiências do método, de não considerar o valor do dinheiro no tempo, Brigham (1988) apresenta uma variante denominada "payback descontado" que é similar ao método de payback tradicional, exceto que os , fluxos de caixa esperados são descontados por uma taxa que tanto pode ser o 17 custo de capital do projeto como a taxa de retorno requerida para o investimento. Sendo assim, o método é definido como o número de anos requeridos para recuperar o investimento de capital original com fluxos de caixa descontados. O prryback descontado ganha sofisticação ao considerar a variação do dinheiro no tempo, mas perde para o prryback tradicional, a vantagem da facilidade de cálculo. 2.6.2. TÉCNICAS SOFISTICADAS 2.6.2.1.Valor Presente Líquido (VPL) O método mais simples e largamente utilizado de fluxo de caixa descontado para avaliação de projetos de investimento consiste, em sua essência, no cálculo dos valores no ano zero, de todos os fluxos associados ao projeto (valor presente), somando-os posteriormente. O valor resultante é o valor presente liquido (VPL) do projeto (também denominado valor atual liquido ou valor presente descontado). Se o VPL for maior ou igual a zero, o retorno do projeto cobrirá, ou mais do que cobrirá, o custo de capital, e o projeto deverá ser aceito. Se o VPL for menor que zero, o projeto deverá ser rejeitado. Um projeto com VPL nulo indica que o capital nele investido está sendo remunerado à taxa de risco. O valor presente liquido (VPL) no ano zero, para a taxa mínima de retorno "k", é dado, segundo Brigham(1989), por: n VPL = L [ CF t / (1 + k) t ] t=o Equaçao 2.1 onde "CFt" são os fluxos de caixa para cada ano do projeto, sendo que as entradas são positivas e as saídas de caixa, negativas, e "t" a duração do projeto. 18 Este método, segundo Brigham (1988) é o único que atende às três propriedades necessárias e suficientes para um método conduzir a decisões corretas de seleção de projetos de investimento: considera todos os fluxos de caixa, considera o valor do dinheiro no tempo e seleciona, entre dois projetos mutuamente exclusivos, aquele que maximiza a riqueza dos proprietários da fuma. o principal problema do VPL é a difícil determinação de uma taxa de desconto adequada, se o custo de capital do projeto, se o custo de capital da empresa ou se uma taxa de retomo minima. Para taxas de desconto diferentes, o método apresenta valores diferentes, podendo até haver troca na ordem de classificação do melhor projeto ou mesmo mudança no resultado de aceitar/rejeitar . Seja o exemplo a seguir, adaptado do exemplo dado por Gitman (1987): VPL Perfis de VPL para Projetos A e B 4) -=--�--�-_; --_-�;_-_-� :3J -� _.0 _. - - - - - _� __ 0'- ______ � ____ • ___ • __ �-- ______ o __ + __________ + __________ _ aJ E "--�;"" --··fSL-······--- E j--·-----·---�i--·-----··--Er .. --------�a:-------- ---10 -- .. ----.. -,- __ o ----.--i- -- - __ o -<----- -- - ----f-----------f - ------- ---. . : ::: _ o : _:-: :C-::: -::r:--: -:--:L: -__ : :-:: . : . -:-: ::::::: E - _:_:::: L:::: ::::: : : : .aJ -----------; -- ---------j -----------i -----------(----------, -------t----------- :: ::::: ::::::1:::::: ::::: 1: ::::::: ::: ::::::: ::::::::: ::: :::::1 ::::: :::: __ L_ ___ ___ _ i : : : : ! ��--�----�----+-----�---+----+---� 0% 5"/0 10'/. 15% 20'/0 2S'/. 00'/. 39% projA --- projB Segundo nosso exemplo acima, para uma taxa de desconto de 10%, ambos os projetos apresentam o mesmo VPL. Para uma taxa inferior a 10%, o maior VPL é dado por B. Para taxas superiores a 10%, o melhor projeto é o A. Se for adotada uma taxa de desconto de até 15%, B é um projeto viável (VPL maior que zero), caso contrário, B deverá ser rejeitado (VPL menor que zero). O mesmo ocorre para 19 o projeto A, para as taxas inferiores e superiores a 30%, respectivamente. Estas taxas de 15% e 30% são, respectivamente, as taxas internas de retomo dos projetos BeA. Segundo Brigham (1988), se uma empresa desenvolve um projeto com VPL igual a zero, significa que o projeto possui uma taxa de retomo igual a taxa requerida pela firma, que por sua vez foi determinada de modo que sua lucratividade fosse mantida. Sendo assim,. o valor da fuma não se altera e consequentemente, fica inalterada a riqueza de seus proprietários. Porém se a fuma desenvolve um projeto com VPL maior do que zero, a riqueza dos proprietários aumenta, pois o projeto possui um retomo superior ao requerido pela fuma, aumentando a lucratividade da empresa e o seu valor. Na prática, analistas financeiros e investidores, antecipam os resultados das fumas que identificam e aceitam projetos com VPL positivo e refletem isso na valorização das ações. Os preços das ações reagem ao anúncio de projetos com VPL positivo aprovados pelas empresas. O valor da fuma pode ser entendido, segundo Brigham (1988), como sendo o valor de seus ativos já existentes mais o valor de suas oportunidades de crescimento ou projetos com VPL positivo. Brealey e Myers (1988) apresentaram em seu livro" PrincipIes of Corporate Finance" uma abordagem interessante sobre projetos com VPL positivo. Segundo os autores, quando um projeto analisado apresentar um VPL positivo, pode ter ocorrido uma das duas situações: 1) erro nas previsões devido ao otimismo na avaliação das receitas e despesas associadas ao projeto, ou 2) a empresa descobriu uma vantagem competitiva associada ao projeto, em relação a seus concorrentes. O mais comum é ocorrer a primeira alternativa. A vontade de ver o projeto aprovado é tão grande que as pessoas responsáveis pela estimativa dos fluxos de caixa a ele associados, tendem a introduzir tendências, subestimando as despesas ou superestimando as receitas, ou até mesmo, desconsiderando uma variável importante como a inflação, por exemplo. Para evitar erros, os autores recomendam que se olhe primeiro para os valores de mercado, ou seja, se as estimatimas estão de acordo com a realidade do mercado. Se ao fazer esta análise, descobrir-se que se pode produzir um algo lucrativo de forma mais barata que a concorrência, então não é necessário fazer cálculos de VPL para se saber que se está diante de um ótimo projeto. Mas não se 20 deve esquecer de questionar o porquê de um ativo ser mais lucrativo nas suas mãos do que nas mãos dos seus concorrentes. Segundo Brealey e Myers (1988), quando uma indústria se estabelece em um equilíbrio competitivo de longo prazo, é de se esperar que todos os seus ativos tenham rendimento igual ao seu custo de capital - nem mais nem menos. Se seus ativos rendem mais, as empresas desta indústria tendem a crescer e firmas de fora da indústria tendem a entrar no negócio. Ainda segundo os autores, retornos que são superiores ao custo de capital podem ser temporários (no caso de indústrias que não estão em equilíbrio de longo prazo) ou persistentes (no caso da firma possuir algum poder de mercado ou algum grau de monopólio). Projetos que apresentam VPL positivo somente são verdadeiros se a firma possui alguma vantagem especial em relação a seus concorrentes. Esta vantagem pode ser devido a vários fatores. A firma pode ter tido a sorte de ser a primeira no mercado com um produto novo pelo qual os consumidores aceitam pagar um prêmio pela novidade (até que os concorrentes entrem e reduzam o excesso de lucro). A firma pode ter uma patente, ser proprietária de uma tecnologia ou ter vantagens nos custos de produção que seus concorrentes não podem ter acesso, pelo menos por vários anos, ou ainda possuir algum contrato de exclusividade de um negócio lucrativo. Concluindo, os autores recomendam que se tenha atenção a projetos com VPL positivo. Quando se compara diferentes projetos e os analisa por diferentes métodos, Brealey e Myers (1988) sugerem que um questionamento seja feito: o que é melhor, ter fluxos maiores ocorrendo mais cedo ou mais tarde? A resposta segundo os autores, depende de como a firma reinvestirá os fundos adicionais gerados, ou seja, depende da taxa do custo de oportunidade com a qual a firma reinvestirá os fluxos que ocorreram mais cedo. Gitman (1987) defende o VPL, mostrando que o método assume, implicitamente, que os fluxos de caixa gerados por um projeto podem ser reinvestidos ao custo de capital utilizado para descontá-los, enquanto que o método da TIR assume que a firma tem a oportunidade de reinvestí-Ios à própria TIR. Essas premissas de taxas de reinvestimento são inerentes à própria forma de cálculo destes métodos. 21 Para projetos com VPL positivo (VPL > O), temos uma TIR maior que o custo de capital da empresa. Neste caso, o método da TIR assume que haverá outros projetos na empresa ou outros ativos na economia com taxas iguais à TIR nos quais os fluxos gerados pelo projeto serão reinvestidos. O mais correto, entretanto, seria supor que esses fluxos seriam reinvestidos na própria empresa e ao custo de capital desta. 2.6.2.2. Taxa Interna de Retomo (TIR) Esse método consiste no cálculo da taxa de retomo do projeto e na comparação desta, com a taxa minima de atratividade. A TIR resulta da equação apresentada anteriormente (equaÇão 2.1) para definir o valor presente liquido. A taxa de desconto que anula o VPL, é a taxa interna de retomo deste projeto. A TIR também pode ser definida como a taxa de desconto que iguala o VPL de todos os fluxos de caixa negativos (saídas de caixa) ao VPL de todos os fluxos de caixa positivos (entradas de caixa). Em outras palavras, a TIR representa, em certo sentido, a taxa de retomo obtida pela empresa em seu investimento de capital no projeto. Para usar a TIR na tomada de decisões, basta notar que, para fluxos de caixa convencionais, o VPL é uma função decrescente da TIR. Ou seja, quanto mais alta a TIR, menor será o VPL, e vice-versa. Portanto, se a taxa de desconto for superior à TIR, o VPL será negativo (e, portanto, o projeto deverá ser rejeitado); se a taxa de desconto for inferior à TIR o VPL será positivo (e o projeto deverá ser aceito). Esse fato é utilizado para estabelecer uma regra simples para aceitação ou rejeição de projetos: dada uma taxa de desconto (que neste contexto será denominada taxa minima de atratividade), o projeto deverá ser aceito, se sua TIR for superior à essa taxa, e rejeitado se for inferior. Para que essa regra de aceitação faça sentido, é necessário que, no intervalo considerado, exista uma solução para a equação 2.1 e que essa solução seja única. Sendo assim, nem todo projeto de investimento é passível de ser avaliado pelo critério da taxa interna de retomo. A resolução da equação 2.1, segundo Faro (1972), consiste na determinação das raízes de um polinômio de grau "n". Da álgebra sabe-se que todo POllnômio degrau "n", possui "n" raízes, incluindo as raízes complexas e múltiplas. O problema da aplicaçãO do método da TIR consiste então em determinar a existência e 22 garantir a unicidade de uma raiz que corresponda a uma taxa de juros no intervalo considerado. É esta condição que assegura a aplicabilidade do método. Segundo Jean (1968), múltiplas taxas de retomo são possiveis somente quando fluxos de caixa negativos ocorrem no meio da vida útil do projeto, ou seja, em projetos que possuem fluxos de caixa não-convencionais. Para estes projetos, entretanto, existem urna série de critérios3 que garantem a existência ou não de uma única taxa de juros real e positiva no intervalo considerado. o método da TIR atende as duas primeiras propriedades citadas por Brigham (1988) (considera todos os fluxos de caixa do projeto e considera o valor do dinheiro no tempo), mas não atende a terceira propriedade: em caso de escolha entre dois projetos mutuamente exclusivos, o método não conduz a adoção do projeto que aumenta a riqueza dos proprietários da firma. A maior dificuldade no uso do método da taxa interna de retomo reside na complexidade de seu cálculo. Com o uso cada vez mais disseminado de máquinas de calcular financeiras e planilhas eletrÔnicas de cálculo, entretanto, esta dificuldade está sendo atualmente contornada, tomando o método mais fácil de ser utilizado na prática. Outro problema deste método segundo Brigham (1988) é que o método considera a taxa de reinvestimento como sendo a própria TIR. É mais provável que a firma reinvista seus fluxos de caixa a seu custo de capital do que a urna taxa (TIR) que pode ser superior a ele. A vantagem desse método em relação ao VPL é expressar os resultados em termos de taxa de juros cujo significado é mais facilmente assimilado do que o valor presente expresso em unidades monetárias. 2.6.2.3. índice de Lucratividade (lL) A abordagem deste método, também conhecido como "razão benefício/custo", não difere muito da abordagem do método do VPL. A única diferença é que o índice de lucratividade ou IL mede o retomo relativo ao valor 3 Ver Faro (1972), Kaplan (1965), Smith (1973), Thuesen et al (1965). 23 presente por unidade monetária investida, enquanto que o VPL dá a diferença monetária entre o valor presente dos retornos e o investimento inicial. Gitman (1987) define IL como sendo: IL = Valor Presente das Entradas de Caixa Investimento Inicial Se o IL for maior ou igual à unidade, significa que as entradas de caixa são superiores ao investimento inicial e o projeto deve ser aceito. Caso contrário, se IL for menor que a unidade, as entradas de caixa serão inferiores ao investimento inicial e o projeto deve ser rejeitado. Seja: VPEC = Valor Presente das Entradas de Caixa lo = Investimento Inicial (ano O) VPL = VPEC - lo IL = VPEC / lo então, para IL > 1 temos que: VPEC / lo > 1 e VPEC > lo, logo, VPEC - lo > O. Como VPL = VPEC - lo, temos então que, para IL > I, VPL > o. Logo, as abordagens dos métodos de IL e VPL apresentam sempre as mesmas decisões de aprovar I rejeitar. Da mesma forma que o VPL, IL > 1 aumentará a riqueza do proprietário refletida no preço das ações da empresa. No entanto, para projetos que atendam ao critério mínimo de seleção pelos dois métodos, podem ocorrer casos de classificações conflitantes como mostra o exemplo de Gitman (1987,p.446): 24 PROJ A PROJ B l) VPEC 30.000 60.000 2) lo 20.000 45.000 3) VPL (1 - 2) 10.000 15.000 ' 4) IL (1 / 2) 1,50 ' 1,33 " (melhor projeto) Pelo método do VPL, o projeto B seria melhor do que o projeto A , mas pelo método IL, o projeto A seria o melhor. Segundo Gitman (1987), para se definir qual dos projetos é realmente o melhor, vai depender do montante de capital disponivel para investimento que a empresa dispõe. Se for ilimitado, o projeto B seria o melhor pois é o que mais aumenta a riqueza dos proprietários (15.000 no projeto B contra 10.000 no projeto A ), sendo o método mais indicado o VPL. Para empresas que operam com racionamento de capitaL o projeto A seria o melhor pois é o que possui maior retomo por unidade monetária investida (1,50 para o projeto A contra 1,33 para o projeto B ). Neste caso, o método mais indicado seria o IL. 2.7. RISCO EM INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO 25 Decisões de investimentos de capital dependem da estimativa de fluxos de caixa futuros para diferentes alternativas de investimento. A previsão de valores futuros, segundo Levi e Sarnat (1990), é bastante incerta e arriscada pois é baseada em informações incompletas. Em qualquer situação de tomada de decisão há um risco associado com cada alternativa a ser escolhida. O tomador de decisão pode esperar um resultado particular para um curso de ação particular, mas ele sabe que há alguma probabilidade do resultado final ser diferente. Além do mais, há inevitavelmente, alguns elementos de incerteza em tomo de quaisquer estimativas de valores futuros. Em análise de investimentos, por exemplo, existem incertezas sobre as estimativas de fluxos de caixa futuros, sobre a vida útil do projeto, sobre a inflação futura e até mesmo, sobre estimativas do custo de capital a ser utilizado. Não há uma forma de se eliminar o risco e a incerteza na hora da decisão, mas eles podem ser reconhecidos explicitamente na hora da análise que apoiará essa decisão. Segundo Brea1ey e Myers (1990), atualmente analistas financeiros não mais tratam projetos como se fossem "caixas pretas" que são aceitos e implementados sem que seus mecanismos sejam totalmente conhecidos e compreendidos. Em um ambiente de muita incerteza como o que vivemos, há uma necessidade cada vez maior de se entender o funcionamento dos projetos, seu relacionamento com os demais projetos da empresa, e de analisar o que pode acontecer de errado para saber que medidas podem ser tomadas caso algum imprevisto ocorra. Várias técnicas foram desenvolvidas para auxiliar o administrador a entender os fluxos de caixa dos projetos de forma mais dinâmica e consequentemente avaliar melhor os riscos envolvidos. Dentre as principais técnicas de avaliação de risco de projetos citadas por Gitman (1987), Brigham (1988), Brea1ey e Myers (1988) e Levi e Sarnat (1990), dentre outros, podemos destacar: 2.7.1. Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade é uma técnica que indica, no caso de análise de projetos, como o VPL é afetado quando se impõe mudanças a uma determinada variável do fluxo de caixa, mantendo todas as demais constantes. Desta forma, 26 determina-se a variável crítica para o projeto. O risco do projeto será dado pelo grau de incerteza desta variável crítica. Levi e Samat (1990) definem análise de sensibilidade como sendo o método em que a empresa faz uma estimativa mais apropriada para receitas e custos envolvidas no projeto, calcula o VPL para estes dados estimados e então analisa a sensibilidade do VPL para erros de estimativa dos vários itens de receitas e de custos. Se a sensibilidade for grande, o projeto é considerado muito arriscado e caso contrário, se a sensibilidade for pequena, o projeto é considerado de baixo risco. 2.7.2. Análise de Cenários A análise de cenários é uma técnica que consiste em comparar circunstâncias otimistas e pessimistas na economia, com uma circunstância mais provável de ocorrer. Consiste em se montar cenários pessimistas, otimistas e mais prováveis, aos quais são atribuidas probabilidades de ocorrerência. A partir dos valores que as variáveis componentes dos fluxos de caixa assumem nestes cenários, são calculados os VPLs para cada um deles e a seguir é calculado um VPL médio que é a média ponderada dos VPLs dos vários cenários. A avaliação do risco do projeto é dada pela comparação do desvio-padrão e do coeficiente devariação do VPL médio deste projeto com os de outros projetos da firma ou com padrões pré-estabelecidos. 2.7.3. Árvores de Decisão Árvore de decisão é um método gráfico utilizado para mapear as alternativas de decisão e os riscos e consequências associados a elas, com o objetivo de orientar os administradores na tomada de decisão em face da incerteza. O gráfico em forma de árvore é uma ótima ferramenta para representar a sequência no tempo, em que cada alternativa poderá ocorrer. É um método especialmente indicado para tratar problemas que envolvem sequências de decisões. 27 o processo de traçado do gráfico tem inicio com a representação das opções iniciais abertas ao administrador, onde cada opção é um galho da árvore. Denomina-se "garfo de atos" a representação gráfica em que cada bifurcação do garfo representa uma opção de ação dada ao administrador. Denomina-se de "garfo de eventos" a representação gráfica em que cada ramificação representa um fato possível de ocorrer e que independe da vontade do administrador, foge de seu controle. Cada fato possível é denominado "evento" e a ele é associada uma probabilidade de ocorrência que mede o grau de incerteza deste evento. A soma total das probabilidades de um garfo é sempre igual à unidade. o traçado do gráfico segue, desenhando-se os garfos de atos e os garfos de eventos, representando todas as alternativas relevantes possíveis. O segundo estágio do traçado consiste na avaliação das consequêndas monetárias potenciais: custos relevantes e as receitas pertinentes a cada alternativa, ponderadas pela probabilidade de ocorrência. O estágio final da análise é a escolha do curso de ação mais adequado à empresa, ou seja, o curso de ação que levar ao maior retomo possível do investimento inicial. As árvores de decisão são muito úteis quando se tem que analisar decisões sequenciais. Em tais casos devem ser estabelecidas probabilidades condicionadas e, geralmente, a análise é bem mais sofisticada. No entanto, a técnica não captura bem o risco, mas apenas apóia o uso de valores esperados. Não é um método sofisticado de tratar risco pois se baseia em probabilidades estimadas subjetivamente. 2.7.4. Classes de Risco Um outro conceito fundamental é o de classes de risco. Para o caso de projetos, consiste em agrupar os que possuem retornos equivalentes em classes de risco homogêneo. Um projeto classificado em uma dada classe de risco possui retornos com correlação perfeitamente positiva (igual a 1) com os demais projetos da mesma classe. Este conceito é útil pois simplifica o tratamento de risco no processo de avaliação de investimento de capital, uma vez que o faz por grupo e não individualmente. No entanto, é um passo intermediário de sofisticação entre não se tratar o risco e fazê-lo de forma individual, para cada projeto. 28 2.7.5. Simulação A simulação é uma técnica de análise de risco na qual eventos futuros prováveis são simulados no computador, quando são estimados Úldices de risco e taxas de retomo. Primeiramente o computador escolhe um valor randômico para cada variável incerta de um modelo, baseado na distribuição de probabilidades específica para cada variável. Os valores assim selecionados, juntamente com valores de fatores fixos como a taxa de imposto de renda e de depreciação, são usados em um modelo para determinar os fluxos de caixa líquidos, então usados para determinar o VPL do projeto em uma primeira corrida. Todo este processo (corrida) é repassado uma série grande de vezes (500 ou 1.000 vezes, por exemplo), gerando vários valores de VPL. De posse destes valores define-se a distribuição de probabilidades associada a eles. Pode-se então definir não apenas o valor mais provável do retomo do projeto, mas também a probabilidade de se atingir determinados retornos ou intervalos de retornos. O analista pode visualizar conciliações continuas de risco/retomo em lugar de um único valor mais provável. A maior dificuldade em se utilizar este método reside na dificuldade de se especificar as correlações existentes entre as variáveis incertas dos fluxos de caixa. Um outro problema deste método e que também é pertinente ao método da análise de cenários, é que, uma vez concluidos os cálculos, não existe uma regra de aceitar/rejeitar. O resultado final é um valor esperado de VPL e uma distribuição de valores em tomo desta média, que podem ser usados para julgar o grau de risco do projeto. Não há um mecanismo para indicar se a lucratividade do projeto, medida pelo retomo (VPL) esperado, é suficiente para compensar seu risco, dado pelo desvio-padrão e pelo coeficiente de variação dos VPLs. 27.6. Equivalentes-Certeza Também chamada de ajuste subjetivo dos fluxos de caixa. É uma abordagem mais direta no tratamento do risco. Equivalentes-certeza são fatores que refletem a porcentagem de uma dada entrada de caixa que o responsável pela decisão financeira aceitaria em troca das entradas de caixa esperados. Seria o 29 desc.onto que .o t.omad.or de decisã.o daria para tr.ocar um val.or duvid.os.o p.or um val.or cert.o. O projet.o é ajustad.o a.o risc.o, c.onvertend.o .os flux.os de caixa esperad.os em. val.ores cert.os, através dos fatores de equivalência e entã.o, desc.ontand.o esses val.ores pela taxa livre de risco acha-se o VPL d.o projet.o. Se utilizarmos uma taxa de desc.ont.o ajustada a.o risc.o, estarem.os c.onsiderand.o .o risc.o em. d.obr.o, o que nã.o é cert.o. O método nã.o é s.ofisticad.o por ser bastante subjetivo. O t.omad.or de decisões intr.oduz suas próprias preferências na determinaçã.o d.os fatores de equivalência d.os flux.os. 2.7.7. Taxas de Desconto Ajustadas ao Risco A.o c.ontrári.o d.o mét.od.o de equivalente-certeza em. que sã.o ajustad.os .os fluxos de caixa a.o risco, neste métod.o ajustam.os a taxa de desc.ont.o destes flux.os. O resultad.o finaL entretant.o, é .o mesm.o para .os d.ois métod.os. Este métod.o c.onsiste em. adici.onar à taxa livre de risc.o um prêmi.o pel.o risc.o que varia para os diferentes níveis de retom.o esperad.o. A empresa desenv.olve entã.o uma funçã.o que relaci.ona risc.o a ret.om.o requerid.o, traçand.o um gráfico den.ominad.o "curva de indiferença" da firma. O risc.o seria representad.o pel.o coeficiente de variaçã.o (CV) d.o projet.o e .o ret.om.o por uma taxa de jur.os requerida. Os investid.ores seriam entã.o indiferentes a t.odas as c.ombinações risc.o X retom.o representadas p.or pont.os da linha de indiferença da firma. 2.7.8. Redução do Periodo de Payback Uma .outra f.orma de tratar .o risc.o é reduzind.o .o perí.od.o de payback mínim.o requerid.o. C.onsiste em. aceitar projetos mais curtos e p.ortant.o mais liquid.os. 30 2.8. INFLAÇÃO EM INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO Incrementos significativos no nivel geral de preços dos produtos e serviços geram a necessidade de modificações nos procedimentos tradicionais de análise de investimentos de capital para evitar alocação ineficiente de capital Um ambiente de inflação diminui o poder de compra da unidade monetária, causando divergências entre fluxos de caixa futuros nominais e reais. A inflação faz com que os custos aumentem e o poder de compra das receitas futuras diminua. FaThas em considerar o impacto da inflação nos investimentos de longo prazo, tendem a produzir decisões subótimas por se negligenciar a redução causada pela inflação nos retornos reais e nos juros. Sendo assim, tratar o efeito da inflação de forma simplificada, pode levar a decisões errôneas e à aprovação de projetos cujos retornos esperados podem não ser atingidos. Muito pouco se tem encontrado na literatura financeira básica sobre o tratamento da inflação na análise de projetos de investimento de capital. A maior parte dos livros básicos4 se limita a adicionar à taxa de desconto dos fluxos decaixa, um prêmio pela inflação, uma taxa constante, função da inflação futura prevista. Este prêmio transforma uma taxa real de juros em uma taxa nominal. A regra básica é: descontar fluxos de caixa nominais à taxas nominais e fluxos de caixa reais a taxas reais. No caso específico do Brasil, uma das formas utilizadas pelas empresas para tratar a inflação é projetar os fluxos de caixa dos projetos em moeda forte (dólar, por exemplo). O problema desta abordagem é que nem sempre a taxa cambial acompanha a taxa de inflação, causando distorções nos valores de receitas e despesas estimados dos fluxos de caixa, dificultando a análise, além de não considerar a inflação do dólar. Estudo mais recentes têm mostrado que ajustes simples na taxa de desconto não são suficientes para se proteger os projetos dos efeitos de uma inflação crescente. A seguir apresentaremos três estudos sobre o tema, desenvolvidos nos Estados Unidos, e suas principais conclusões. 4 Ver Brealey e Myers (1988, p.88-90), por exemplo. 31 2.8.1. O Estudo de Cooley, Roenfeldt e Chew Cooley, Roenfeldt e Chew (1975), analisaram detelhadamente o problema da inflação e a partir do modelo tradicional do valor presente liquido (equação 2.1), apresentaram uma nova fórmula que incorpora explicitamente a inflação antecipada e aloca incerteza aos fluxos de caixa reais. Segundo os autores, incertezas nos fluxos liquidos de caixa reais, advêm de três razões: 1) risco do negócio ou risco operacional, 2) incerteza na taxa de inflação esperada, e 3) incerteza na sensibilidade dos fluxos de caixa às mudanças gerais nos preços. Faz se então necessário, incluir na previsão de fluxos de caixa, prêmios para compensar estes riscos. O problema está em como determinar estes valores. As principais limitações do modelo tradicional do VPL que foram analisadas pelos autores são: 1) Desconta fluxos de caixa nominais a uma taxa de desconto ajustada ao risco, constante para os fluxos de caixa por todos os periodos do tempo. Ou seja, supõe que o risco é o mesmo para todos os fluxos do projeto. Para se resolver este problema, analistas frequentemente modificam o modelo tradicional, transformando a taxa de desconto fixa em uma taxa variável de periodo a periodo, possibilitando que os fluxos sejam ajustados de acordo com o nível de risco de cada periodo de tempo. 2) A taxa de inflação é contida, implicitamente, na taxa de desconto e permanece inalterada durante toda a vida do projeto. Taxas de inflação irão, sem dúvida, variar de periodo a periodo durante a vida do projeto. A diferença entre valores de VPL encontrados pelo método tradicional e valores de VPL calculados considerando a variação da taxa de inflação ao longo do tempo, tendem a ser ainda maiores, segundo os autores, em projetos muito longos, em ambientes de inflação não estabilizada e em projetos com altas taxas puras de retomo. 3) Variando a sensibilidade à inflação de receitas e custos, permanece inalterado o resultado. Receitas e custos especificos podem reagir de forma diferente à inflação. Por exemplo, custo de salários podem ser reajustados diferentemente dos custos de matérias-primas ou dos preços dos produtos acabados. Se os salários constituírem a maior parte das despesas operacionais de um projeto cujas receitas são derivadas da venda de produtos acabados, é 32 impróprio assumir que os fluxos de entrada e os fluxos de saída são igualmente afetados pela inflação. Apesar da variação no indice de preços ao consumidor poder refletir acuradamente o custo de oportunidade da maior parte dos investidores, provavelmente reflete imprecisamente o verdadeiro impacto da inflação na maior parte das receitas e despesas de projetos individuais. Como a construção deste indice é baseada em somente uma parte dos produtos e serviços que compõem os preços no atacado, produtos e serviços relevantes a um projeto de investimento podem ter sido excluidos ou apenas parcialmente incluidos na composição do indice. 4) Taxas de depreciaçao sao assumidas para ter a mesma incerteza que os outros fluxos de caixa associados ao projeto. Despesas não-caíxa como a depreciação são não-reativas à inflação pois, os procedimentos convencionais de contabilização utilizam como base de depreciação o custo históric05. Como essas despesas são dedutiveis do imposto de renda, mas não geram saída de caixa, deduções maiores podem resultar em um fluxo de caixa liquido maior. O fato destes custos não serem afetados pela inflação, reduz a atratividade de projetos de investimentos em ambientes inflacionários, especialmente os projetos do tipo capital intensivo. 5) Supõe que a taxa de inflaçao implícita é conhecida com certeza. Existem vários fatores que causam variação na taxa de inflação que ainda não são perfeitamente entendidos. A inabilidade para se prever, com precisão, a taxa futura da inflação decorre deste fato e é demostrada por prognósticos econométricos completamente diferentes entre si Em função destas limitações citadas, os autores desenvolveram um novo modelo, denominado "VPL Real" e adaptado do modelo tradicionaL em que são feitos ajustes na taxa de desconto, que passa a ser variável a cada período do fluxo. Esta variação é devido à variação nos componentes da taxa de desconto: a parcela livre de risco, a parcela da inflação, o prêmio pelo risco do negócio da firma, o prêmio pelo risco do projeto e o prêmio pelo risco da inflação. No novo modelo, os fluxos de caixa são subdivididos em fontes de entradas (receitas) e 5 De acordo com a legislação norte-americana. No Brasil, a base da depreciação é corrigida mas sempre ocorre uma distorção entre índices de correção e a inflação real Ver Ness Jr. (1993), Expectativas de inflacão na avaliacão de projetos. 33 saídas (despesas) de caixa específicas, e analisadas separadamente, suas respectivas reações às mudanças no nível de preços. o grande problema do novo modelo do VPL Real, é o número muito grande de variáveis a serem estimadas e a dificuldade de se obter estimativas razoáveis. Os autores sugerem que sejam utilizadas técnicas avançadas como simulação e análise de sensibilidade dentre outras, na determinação destes valores, de modo a reduzir a parcela de risco decorrente da incerteza dos valores destas variáveis. 2.8.2. O Estudo de Rappaport e Taggard Rappaport e raggart (1982) analisaram e compararam três abordagens que incorporam a inflação na avaliação de investimentos de capital: 1) Abordagem do Lucro Bruto por Unidade - Essa abordagem se baseia em uma premissa simples de que o lucro bruto por unidade expresso em dólar hoje, permanece constante durante toda a vida do projeto. As projeções dos fluxos de caixa são baseados em aumentos de volume e as expectativas dos preços futuros e mudanças de custos são ignoradas. 2) Abordagem do Fluxo de Caixa Nominal - Nesta abordagem. variações de preços futuros e mudanças nos custos são incorporadas nas previsões. 3) Abordagem do Fluxo de Caixa Real - Esta abordagem usa a previsão de fluxos de caixa nominais com um deflator geral dos preços, para gerar uma sequência de fluxos com poder de compra constante. As principais conclusões a que os autores chegaram foram: • As três abordagens apresentarão o mesmo resultado quando os efeitos do imposto de renda nos fluxos de caixa forem ignorados e quando for assumido que a inflação afeta preços e custos simultaneamente e à mesma taxa. Como na realidade, a segunda suposição não ocorre, a abordagem do Lucro Bruto por Unidade gera resultados incorretos mas as outras duas abordagens do fluxo de caixa nominal e do fluxo de caixa real, fornecerão resultados idênticos e teoricamente corretos. 34 • Sob condições mais realistas, onde a taxa de mudança dos preços e custos do projeto diverge da variação do índice geral da inflação,a abordagem do lucro bruto por unidade conduzirá a resultados íncorretos. Mais especificamente, quando a taxa de variação no lucro bruto por unidade do projeto é maior do que a varição no índice geral da inflação, a abordagem do lucro bruto unitário subavalia o projeto analisado. Quando ocorre o contrário, o projeto é superavaliado. Entretanto, tanto a abordagem do fluxo de caixa real quando a do fluxo de caixa nomínal conduzirão a resultados idênticos e teoricamente corretos. • Em presença de inflação, a taxa de depreciação irá necessariamente causar uma redução nos valores reais durante a vida econômica do projeto. Esta redução é corretamente íncorporada nas abordagens de fluxo de caixa nominal e real, mas não na abordagem do lucro bruto por unidade, fazendo com que esta aboradagem conduza a uma sistemática superavaliação do projeto. • Ao assumir uma taxa constante de retomo sobre as vendas, obtém-se uma simplicidade administrativa oferecida pela abordagem do lucro bruto unitário, mas perde-se a superioridade teórica dos outros dois métodos. Isto é equivalente a assumir que receitas e custos aumentam na mesma proporção durante toda a vida do projeto. • Entre as duas abordagens superiores teoricamente, a abordagem do fluxo de caixa nominal é mais fácil de entender e de calcular do que a abordagem do fluxo de caixa real: segundo os autores, é mais fácil obter uma taxa de juros nomínal do que uma taxa real, e de um modo geraL os orçamentos de capital das firmas são expressos em valores nominais. 2.8.3. O Estudo de Mehta, Curley e Fung Mehta, Curley e Fung (1984) estudaram o impacto da inflação na taxa utilizada para descontar fluxos de caixa em análises de projeto e propuseram um método logicamente mais apropriado para íncorporar o impacto desigual da inflação nesta taxa de desconto. 35 Os autores mostraram que, embora seja dificil especificar a priori e de rnane:ira inhritiva, a influência da inflação no custo de capital da firma, � de vital importância evitar a especificação errada através da utilização da forma convencional de medir custo de capital em análise de projetos. O grau de significância dos ajustamentos, segundo os autores, vai geralmente depender do interre1acionamento entre a inflação antecipada, a taxa nominal de juros e a habilidade individual da firma de se ajustar a variações da inflação, habilidade esta refletida em sua lucratividade. Al� do mais, pelo fato de que o ajustamento na taxa nominal de juros possa não ser proporcional às variações da taxa de inflação esperada, como sugerido pela literatura finance:ira, uma transformação consistente da análise nominal para a análise real pode não ser tão direta quanto sugerido. Para efeito de implementação, segundo os autores, a análise real � um processo derivativo que requer, em prime:iro lugar, que sejam corretamente definidos fluxos de caixas nominais e uma taxa de desconto. Uma decisão de investimento de capital envolve tipicamente, considerações sobre dois mercados separados por�m corre1acionados. Estimativas de fluxos de caixa envolvem o mercado de bens ou mercado real, enquanto que a taxa de desconto está relacionada com o mercado finance:iro. A velocidade de ajustamento a mudanças da inflação esperada difere neste dois mercados, uma vez que o mercado finance:iro ajusta-se muito mais rapidamente do que o mercado de bens. Logo, estimativas de fluxos de caixa requerem um cuidado especial com respeito a variações nos fluxos de receitas e despesas. Ao mesmo tempo, a dificuldade de se fazer uma especificação correta da taxa de desconto � exarcebada pela ausência, em um ambiente de inflação, de uma taxa real constante e válida para toda a economia. Uma vez reconhecido os efeitos desiguais da inflação nos vários fluxos de caixa e por consequência no valor da firma, é necessário reconhecer que os riscos associados aos vários fluxos da firma também não são iguais. O impacto diferenciado da inflação nos vários fluxos de caixa da firma deve levar a magnitudes diferentes de risco refletindo diversas habilidades de proteção contra o risco nestas firmas. Um mercado de capitais eficiente, segundo os autores, deverá reconhecer esta vantagem desigual e incorporar isto nas taxas de capitalização, isto é, no custo de capital das firmas. Portanto, assim como os gerentes reconhecem sensibilidades diferentes nos fluxos de caixa dos projetos 36 quanto à inflação, o mercado de capitrus está apto a reconhecer as diferentes habilidades de proteção de cada firma, contra riscos relevantes. Os autores lembram que a taxa de desconto k (ver equação 2.1) é uma taxa de desconto real, ajustada ao negócio da firma e a riscos financeiros, mas não ao risco da inflação espeáfico da firma. Os autores lembram ainda do problema da depreciação. A parcela da taxa de depreciação é um componente fixo e nominalmente definido do fluxo de caixa, cujos valores reais variam com a inflação. Se duas firmas são idênticas em todos os aspectos exceto por suas intensidades de uso de capital, a firma com uma alta taxa de capital/trabalho, denominada de capital intensivo, deverá ter uma maior proporção de fluxo de caixa agregado através da sua maior parcela da taxa de depreciação. Logo, esta firma irá requerer maiores esforços de proteção contra inflação do que a outra firma. Além do mais, qualquer variabilidade nas taxas de inflação irá apenas aumentar a variabilidade dos fluxos de caixa reais e por consequência, o risco da firma de capital intensivo. Então, embora o custo de capital real possa ser idêntico para as duas firmas para uma dada taxa de inflação, suas estimativas de custo real deve diferir para uma outra taxa de inflação, diferente da primeira. Simplesmente ajustando-se k para expectativas de mudanças na taxa de inflação, não levará corretamente ao custo de capital da firma estimado pelo mercado de capitrus, além de que este processo ingênuo deve resultar num erro de especificação do valor do projeto, em classificações inapropriadas de projetos e em um aparente excesso ou falta de capital para a firma. Para solucionar estes problemas os autores propõem que seja definido um custo de capital para a firma, função de uma taxa livre de risco mais um prêmio pelo risco do negócio (k = Rf + prêmio pelo risco), de uma taxa de inflação esperada (1t), e de um prêmio pelo risco da inflação que seria o desvio-padrãO das taxas estimadas de inflação ('t71). Sendo assim, o custo de capital nominal da firma seria expresso por: Equação 2.2 - Custo de Capital Nominal da Firma segundo Mehta, Curley e Fung (1984) 2.9. PESQUISAS SOBRE UTILIZAÇÃO DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS , I TECNICAS 37 DE A prática de pesquisas sobre utilização de técnicas de avaliação financeira de investimentos de longo prazo nas empresas está bastante disseminada entre os pesquisadores americanos, que realizam estes estudos desde o fim dos anos 60, em diversos segmentos de negócios nos Estados Unidos. No Brasil, entretanto, esta prática ainda é bastante incipiente. A seguir mostramos alguns dos principais estudos publicados sobre o tema nos Estados Unidos, apresentando suas principais conclusões. Apresentaremos também urna pesquisa desenvolvida no Brasil, em empresas brasileiras de grande porte. A ordem cronológica foi a escolhida para apresentação dos estudos para que se pudesse perceber, mais facilmente, a evolução das taxas de utilização das técnicas mais sofisticadas de avaliação financeira de projetos e de tratamento ao risco. 2.9.1. A Pesquisa de Klammer Em 1970, Thomas KIammer (1972) desenvolveu um estudo sobre os procedimentos de análise de investimentos em empresas americanas, procurando detectar mudanças nas práticas de negócios. Estudos anteriores indicavam que estas empresas preferiam as técnicas mais simples de análise de projetos
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