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Estudo de Caso Monografia Casa Modernista Santa Cruz SP

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Monografia 2
O
 Semestre 2004: 
 
 
1
O
 Casa Moderna de São Paulo 
 
Arquiteto Gregori Warchavchik 
 
 
 
 
 
 
 
 
 222 
1.0 - Introdução 
 
 
 
Esse trabalho foi elaborado com o objetivo de analisar a origem e a introdução de um novo movimento artístico e arquitetônico no 
Brasil: O Modernismo, que nasceu através de uma nova arquitetura ditada pelos novos moldes da moderna arquitetura mundial, que tem como o 
principal representante o Arquiteto Le Corbusier no campo internacional e Oscar Niemeyer, Lucio Costa, GGGrrreeegggooorrriii WWWaaarrrccchhhaaavvvccchhhiiikkk dentre outros no 
campo nacional. 
 
Vamos analisar o trabalho desses brilhantes arquitetos que deixaram seu imenso legado para a humanidade no campo arquitetônico 
bem como os reflexos e as influências dessa nova arquitetura no Brasil, os primeiros e principais arquitetos, os materiais utilizados na época, tão 
como as dificuldades técnicas causadas por estes, assim como se segue no próximos capítulos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 333 
2.0 - Antecedentes a construção da primeira casa modernista em São Paulo: 
 
2.1 - Os primeiros 30 anos do século XX no Brasil 
Nas primeiras três décadas deste século, o Brasil foi marcado pela hegemonia da política do café - com - leite. São Paulo, o estado 
mais rico; Minas Gerais o estado mais populoso. O capitalismo industrial vinha sendo desenvolvido em São Paulo pela consolidação da política 
republicana junto com os cafeicultores. A "Belle Époque" trazia à elite brasileira e especialmente à elite paulistana o consumismo e a imitação do 
modo de vida e padrões europeus. A princípio a França ditava a moda que vinha de Paris para as terras tropicais. 
Crescia a imigração e a indústria também crescia junto. Aliás, as estrelas deste tempo eram a indústria, a eletricidade, o cimento e o 
automóvel. São Paulo era uma mistura de arranha - céus recém nascidos e casarões tradicionais; caipiras vindos do interior paulista e de outros 
estados contrastavam com os imigrantes; nas ruas passavam os burgueses industriais, cafeicultores e comerciantes se misturando, dividindo o espaço 
das ruas movimentadas com os proletários ou mendigos. 
Entre 1900 e 1920 a população de São Paulo dobrou. Isso já era o prenúncio do que esta cidade seria, uma grande metrópole. O 
lucro advindo do café era aplicado em melhorias como energia elétrica, importações de máquinas, remodelação de ruas e avenidas, construções 
novas, etc... Na década de 20 a recente grande metrópole já ganhava seus contrastes, elementos representantes da miséria e herdeiros das diferenças 
sócio - econômicas que já eram bem presentes. A cidade já contava com mendigos, ladrões e o número assustador de 3.529 prostitutas. Se formavam 
nesta época os primeiros bairros operários que contrastavam com a calmaria e com a serenidade dos bairros burgueses dos industriais e cafeicultores. 
Da década de 20 em diante o cinema ditava a moda que vinha especialmente das produções hollywodianas. Isso fatalmente gerava 
o consumismo e a vontade de imitar a vida norte - americana. Os ricos freqüentavam o cinema, iam ao Mappin Stores, situado na Praça Ramos de 
Azevedo, comprar as novidades vindas de Paris ou dos EUA, passeavam no Automóvel Clube, no Palácio dos Campos Elíseos e iam ao teatro. Na 
época haviam seis teatros e o mais famoso era o Municipal. Dessa burguesia, muitos eram imigrantes também, ou seus descendentes. 
Em 1917 houve a primeira exposição industrial em São Paulo, que aconteceu no Palácio das Indústrias. O cimento, a cerveja e os 
elevadores se destacavam industrial e comercialmente. O elevador era uma novidade tão apreciada que as pessoas faziam filas nos finais de semana 
só para dar uma "subidinha" nos elevadores dos edifícios da época. 
Para registrar tantas mudanças e os grandes acontecimentos da época, a imprensa se torna importante e um ótimo investimento para 
seus donos. O jornal se torna um essencial narrador dos acontecimentos locais e mundiais. Pegando como exemplo os jornais de 1922 encontramos 
as manchetes que davam conta da "descoberta do túmulo de Tutân Camon"; "Einstein recebe o Prêmio Nobel de física"; "Lançamento do primeiro 
número da revista Klaxon", e muito mais. Neste momento histórico os jornais anunciavam também a Semana de Arte Moderna de 1922. Os 
participantes desta semana eram intelectuais burgueses insatisfeitos com as regras e estilos parnasianos e antigos na arte e na literatura. Eles foram 
buscar na Europa algo novo para revolucionar as artes no Brasil. Foram financiados pelos ricos cafeicultores, e em suas obras expressavam um estilo 
novo e em alguns deles estava presente um elogio à metrópole que surgia naquele momento. Notamos isto ao ler "Paulicéia Desvairada" de um dos 
grandes representantes do modernismo Mário de Andrade. Outro grande escritor que deve ser mencionado é o jornalista Alcântara Machado, que a 
 444 
partir de histórias do cotidiano escreveu uma grande obra que retrata a vida dos imigrantes nos bairro operários "Brás, Bexiga e Barra Funda". A 
Semana de 22 queria igualar a produção intelectual à riqueza e modernidade industrial. 
2.2 - Semana de Arte Moderna de 1922 e o movimento modernista. 
 
 
A irradiação do grupo em todo o País decorre da formação universitária de muitos profissionais, cariocas ou não, que se graduam 
no Rio de Janeiro e migram para diversos estados. Entre inúmeros outros arquitetos e artistas, seguindo a tradição do movimento, Roberto Burle-
Marx, Luiz Nunes, Hélio Duarte e, mais recentemente, Acácio Gil Borsoi, Francisco de Assis Reis, João Filgueiras Lima e Severiano Mário Porto 
empregam os modelos e padrões modernistas em Pernambuco, na Bahia e no Amazonas, adaptando-os simultaneamente às necessidades tropicais. 
A migração desses profissionais estimulou nas capitais e regiões do Brasil a criação de instituições, cursos e escritórios de 
arquitetura e urbanismo, que transferiram experiências e processos, técnicas de construção e de controle ambiental. A tecnologia avançada do 
concreto armado e os materiais da região, as normas urbanas inglesas e americanas, além das novas formas de habitação multi e unifamiliares, dos 
espaços e equipamentos para o trabalho, o lazer e o ensino, agregaram-se às lajes de perímetro curvo, terraços, varandas e marquises, aos brises-
soleil e cobogós (elemento vazado), para traduzir os elementos básicos e característicos da escola carioca. 
A produção arquitetônica brasileira desenvolveu-se sob um processo cultural complexo, e os arquitetos, imigrantes e brasileiros, 
sempre contribuíram para a ruptura das formas e estilos consagrados. A arquitetura foi expressão de progresso e instrumento para a modernização 
durante os períodos Colonial, Imperial e Republicano. Contou com o apoio dos governantes - a partir de 1808, com o rei de Portugal, D. João VI, 
prosseguindo com os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II e, mais tarde, desde o ditador Getúlio Vargas até o presidente Juscelino Kubitschek. 
Mereceu também o apoio de intelectuais e artistas que atuaram na Semana de Arte Moderna, em 1922, no Salão de 31, no Cinema Novo, em 1960, e 
na resistência à ditadura militar, nas décadas de 70 e 80. 
 
 
A industrialização e o poder político nacionais, concentrados no eixo Rio-São Paulo, 
propiciaram a modernização da arquitetura brasileira entre os anos de 1950-70, consolidando as escolas carioca e 
paulista. 
 Desde a década de 30, quando tem origem na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, a escola 
carioca se torna o movimento que irradia as idéias modernistas. O arquiteto Lucio Costa é o teóricodo 
movimento, que tem nas figuras de Oscar Niemeyer, Jorge Machado Moreira, Milton e Marcelo Roberto e 
Affonso Eduardo Reydi seus maiores representantes. 
 
 555 
 
 
A criação da Academia Imperial de Belas Artes e o estabelecimento do ensino regular de arquitetura propiciaram, em meados do 
século XIX, a renovação do barroco - transformado em signo rococó da fase colonial de raiz lusa - e a implantação do formalismo oficial, com o 
neoclassicismo. 
Em 1904, a inauguração da avenida Central, atual Rio Branco, no Rio de Janeiro, institui a técnica da produção industrializada por 
meio do ecletismo. As fachadas adornadas de elementos pré-fabricados traduzem o imaginário feérico dos imigrantes e resultam em híbridos e 
polifônicos estilos típicos da fase republicana inicial. Denominados também historicistas e pinturescos de feição neoclassicizante, renascentista e 
gótica, com inspiração mourisca, anglo-saxônica, italiana e francesa, os edifícios ecléticos exprimem a internacionalização da economia e do 
comércio no Brasil. 
A arquitetura do século XX é inaugurada em São Paulo, em 1902, com a Vila Penteado, de Carlos Eckman, e com a construção da 
Estação da Estrada de Ferro Sorocabana, em Mairinque, projetada em 1907 por Victor Dubugras. O modern style que Eckman e Dubugras 
ostentaram nessas e em outras obras apresentou-se sob dupla faceta: o art nouveau e o art déco. Essas tendências do fragmentário e descontínuo 
"estilo moderno" inicial, ou protomodernismo, multiplicaram as contradições da nação neófita ao contrapor a técnica artesanal da criatividade 
cristalizada à racionalidade industrial da produção em série. 
Simultaneamente, o estilo neocolonial, introduzido pelo arquiteto português Ricardo Severo, expressava as "constantes de 
sensibilidade" luso-ibéricas. Nesse nativismo predominavam as formas do mission style californiano e do marajoara, enquadrado na condição de 
vertente do art déco. O período de transição, prolongado até a Segunda Guerra Mundial, destaca a féerie de cenários e estilos improvisados, mas 
algumas experiências de transformações estilísticas excepcionais foram construídas, no Rio de Janeiro, por empreiteiros italianos, ingleses e alemães, 
a partir das concepções dos arquitetos Virzi, Morales de Los Rios, Heitor de Melo, Archimedes Memória, Francisque Couchet e Gastão Bahiana. 
A hegemonia cultural e política do eixo Rio-São Paulo provocou, nessas cidades, empreendimentos progressistas de renovação da 
fisionomia urbana e regional, que se expandiram para as demais regiões. A contínua modernidade urbanística e, conseqüentemente, arquitetônica, 
revela-se na transferência das capitais do Piauí (para Teresina, em 1852) e de Sergipe (para Aracaju, em 1855); na criação das cidades de Belo 
As condições e as principais origens da modernidade na configuração do espaço físico-político 
brasileiro foram determinadas pela importância do papel da ocupação holandesa na formação das 
cidades do Recife e de São Luís, no século XVIII, e pela consolidação, no século XIX, das propostas da 
Missão Francesa, na cidade do Rio de Janeiro, com as "sagas" de Grandjean de Montigny e de Pereira 
Passos, nos primórdios do século XX. 
 666 
Horizonte (1894) e Goiânia (1933) e nos planos pilotos de João Pessoa (1932) e Salvador (1945), capitais dos estados de Minas Gerais, Goiás, 
Paraíba e Bahia, respectivamente. 
Em 1926, o urbanismo "renovador" reprisa a Paris iluminista de Haussman no projeto do francês Alfred Agache para a 
remodelação e embelezamento da cidade do Rio de Janeiro. Convidado pelo governo, o urbanista estabelece na América portuguesa o padrão 
clássico das capitais modernas européias e altera radicalmente a morfologia e tipologia das fases anteriores. 
O fenômeno movimento modernista na arquitetura brasileira teve sua "fase heróica" entre 1930-45. Neste período, alguns 
arquitetos de renome, ao atenderem às necessidades de expansão e importação/exportação de uma "arquitetura de renovação", colocaram o País entre 
os primeiros no ranking internacional da indústria da construção civil e difundiram a homogeneização do espetáculo urbano caracteristicamente 
cambiante e contingente. 
As transformações da arquitetura brasileira foram determinadas pelo arquiteto russo Gregori Warchavchik - graduado em Milão e 
contratado pelo grupo Simonsen para trabalhar na cidade de São Paulo, no final da década de 20. O marco inicial destas transformações foi o projeto 
e a construção da Casa Modernista, seguido pela publicação do texto-manifesto Futurismo, a condição de representante do Congresso Internacional 
de Arquitetura Moderna (CIAM) e as classes de arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, ministradas sob a direção do arquiteto Lucio Costa, 
com o qual estabeleceu escritório no Rio de Janeiro, entre os anos 30 e 32. 
A visita do arquiteto Le Corbusier, em 1929, fortalece os arquitetos vanguardistas que atuavam em São Paulo e no Rio de Janeiro, 
difundindo as idéias dos precursores modernistas Walter Gropius, Mies Van der Rohe e Frank Lloyd Wrigth. Porém, apenas em 1936 a proposta de 
Le Corbusier, convidado para resolver o impasse criado no concurso para a sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, define a 
aceitação "oficial" do modernismo, com a renovação da técnica e expressão arquitetônicas brasileiras. 
"O grupo do prédio do Ministério", composto por Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos, Jorge Moreira, Lucio 
Costa e Oscar Niemeyer, consolida o "período heróico" e propicia o estabelecimento da liderança carioca de Costa e Niemeyer, que realizam, em 
dupla e individualmente, um roteiro entremeado de obras-primas. Desde 1939, com o Pavilhão do Brasil para a Feira Internacional de Nova York, 
até o concurso internacional e a construção do plano piloto de Brasília, a nova capital federal, em 1956-60, incluindo o conjunto da Pampulha, de 
Niemeyer (Belo Horizonte, Minas Gerais), o Hotel do Park São Clemente (Nova Friburgo, Rio de Janeiro) e o conjunto residencial do Parque Guinle 
(Rio de Janeiro), de Costa, confirmam-se as premissas corbusianas e o diálogo entre o racionalismo e o organicismo, que fundamentaram a 
arquitetura brasileira contemporânea. 
A atuação de Lucio Costa no Serviço do Patrimônio, de 1937 a 1960, é simultânea à sua condição de mentor do prestígio 
internacional da arquitetura brasileira. Essa etapa se caracteriza no Rio de Janeiro pelo atendimento às encomendas do setor privado por Marcelo e 
Milton Roberto e Henrique Mindlin, enquanto as do setor público dividem os trabalhos de Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy e Carmen 
Portinho, aos quais se sucedem Francisco Bolonha e Sérgio Bernardes. Em São Paulo, Flávio de Carvalho e outros herdeiros da tradição moderna, 
como Vital Brasil, Rino Levi, Oswaldo Bratke e Vilanova Artigas, realizam obras significativas, entre elas o conjunto da alameda Lorena, o Edifício 
Esther, a Residência do Arquiteto, o Hospital do Câncer e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. No Recife, destacam-se Luís Nunes e Burle 
 777 
Marx, na década de 30, e Delfim Amorim, em 1940-50. Outras capitais, como Salvador por exemplo, tiveram em Diógenes Rebouças e José Bina 
Fonyat, legítimos seguidores da matriz formalista de base corbusiana. 
À maneira de Warchavchik, a arquiteta italiana Lina Bo Bardi, de formação milanesa, demarca outra tendência na transição de 
estilos, desde sua chegada ao Brasil em 1947. Entre 1950-80, na Bahia e em São Paulo, Bo Bardi explorou a multiplicidade de soluções estéticas da 
arquitetura brasileira utilizando as fontes vernáculas e racionalistas como referências para seus projetos de espaços culturais e de lazer. O Museu de 
Arte Moderna de São Paulo, o Solar do Unhão, em Salvador, e o Sesc-Pompéia,em São Paulo, demonstram a evolução da complexidade e 
singularidade da arquitetura brasileira. 
 Com a construção de Brasília, capital do País desde 1960, surge uma nova etapa da arquitetura brasileira. À quebra da unidade 
estética inaugurada com a nova cidade, segue-se a afirmação de identidades locais determinando o início da fase chamada pós-Brasília. É neste 
período que as características regionais e as diferenças de materiais e técnicas de construção ficam mais evidentes. A diversidade das propostas 
formais desperta, no Rio de Janeiro, principalmente nas realizações dos arquitetos Paulo Casé e Luiz Paulo Conde, várias revisões e releituras do 
repertório formal das fases protomodernista e racionalista. O que acabou gerando, a partir dos anos 70, as discussões teóricas que reafirmam a perda 
da unidade do pensamento arquitetônico, típica da geração dos 50. A construção de Brasília configura a superação das limitações culturais e 
históricas e, no campo da arquitetura, privilegia a quebra da pretensa unidade estética. 
As reafirmações das identidades locais determinam o início da fase pós-Brasília, quando se evidenciam as características regionais 
e as diferenças de materiais e técnicas construtivas. Além disso, a constatação do conflito provocado com o adensamento dos bairros centrais das 
cidades estabeleceu a prioridade para a alteração das escalas dos projetos de planejamento e desenho urbano. Paralelamente, a despreocupação com 
os modelos modernistas e o cuidado com o habitat ampliaram o campo de trabalho dos arquitetos e possibilitaram o desenvolvimento das tendências 
arquitetônicas pós-modernistas, tecnológicas e vernaculares. O uso do concreto armado concorre com as estruturas metálicas; o tijolo aparente e as 
cerâmicas imprimem as cores tropicais na arquitetura. 
Em 1969, Lucio Costa projeta o plano piloto para a Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, onde busca atualizar as diretrizes do 
urbanismo racionalista. Ao mesmo tempo, em várias cidades brasileiras, desde o sul pratense até o norte amazônico, incluindo Minas Gerais e 
Brasília, desenvolvem-se arquiteturas de tendências variadas, com a reafirmação do international style e as variações pós-modernas. Nesse período 
revelam-se tanto os continuadores da tradição heróica, como Joaquim Guedes, Paulo Mendes da Rocha, Ruy Ohtake, Filgueiras Lima, Paulo Casé e 
Acácio Gil Borsoi, quanto a dos revisores do movimento modernista, como Luiz Paulo Conde, Severiano Mário Porto, Francisco de Assis Reis e 
Jaime Lerner e, finalmente, Sérgio Magalhães, Carlos Bratke, Hector Viglecca e João Castro Filho, além de Éolo Maia e seus parceiros, que 
configuram a novíssima geração mineira, caracterizada por constante exercício de revisão crítica a partir da absorção de valores universalistas e 
regionais. 
Na década de 80 começa a reflexão sobre a questão urbana e reforça-se a crise dos dogmas e dos padrões progressistas; dessa 
forma, a mescla de atividades orienta a ocupação dos espaços e os aspectos estéticos das edificações. A arquitetura e o desenho urbano transformam-
 888 
se em motores do desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro, atraindo investimentos turísticos que espraiam por todo o litoral brasileiro os 
programas de recreação e lazer. 
As transformações em códigos locais das forças homogeneizadoras, dos princípios de Le Corbusier e do funcionalismo 
arquitetônico, revelados na Carta de Atenas, ocorrem de maneira diversa na conhecida escola paulista de arquitetura. Até meados de 1940, na fase 
inicial ou heróica do movimento modernista, a formação e o ideário estético dos arquitetos paulistas se realizam de maneira idêntica à dos cariocas. 
Os contatos e intercâmbios de idéias e trabalhos proporcionam a Lucio Costa, Gregori Warchavchik e Flávio de Carvalho o 
desenvolvimento de parcerias e eventos que têm na Escola de Belas Artes seu pólo aglutinador. A avenida São João, na área central da capital 
paulista, é o símbolo e a vitrine das semelhanças entre as arquiteturas do Rio e de São Paulo. 
A década de 60 - quando a capital federal do País se desloca para Brasília, os militares instalam a ditadura militar e planeja-se a 
fase de expansão conhecida como "milagre econômico" - caracteriza a fase áurea da arquitetura paulista, com a predominância das grandes estruturas 
de concreto aparente, sua principal marca. Oswaldo Bratke, Roberto Cerqueira César e Rino Levi, lado a lado com arquitetos estrangeiros, entre os 
quais se destaca a italiana Lina Bo Bardi, atendem à imensa demanda para a construção de apartamentos, edifícios de escritórios, cinemas e 
residências da classe média e da elite paulista, formada por brasileiros de outros quadrantes, além de europeus e asiáticos. 
João Vilanova Artigas, que trabalhou com Warchavchik, em 1939, e complementou os estudos nos Estados Unidos, é considerado 
o definidor da escola paulista de arquitetura. As preocupações de Vilanova Artigas com as questões sociais refletem-se nas propostas teóricas e na 
produção prática que seguem as teses e as formas corbusianas de maneira quase radical. Os temas e os programas arquitetônicos, característicos de 
suas realizações, apresentam grandes planos e geometrias puras; desprovidos de revestimentos, adornos e de metáforas formalistas, promovem a 
integração dos espaços abertos no interior dos edifícios e o contraste das pesadas vigas com rampas e escadas leves e delicadas. A socialização dos 
equipamentos nos clubes, rodoviárias e condomínios populares, desenvolvida em diversas obras de Artigas e de seus epígonos, tornou-se a referência 
mais significativa para os arquitetos de outros estados. 
Joaquim Guedes, Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake - descendente de japoneses e fortemente influenciado pelos exercícios 
formais niemeyerianos -, lado a lado com talentos recentes, como Carlos Bratke e Hector Viglecca, propagaram em Brasília, Goiás, Rio de Janeiro e 
no interior do estado de São Paulo as soluções da arquitetura paulista, procurando sempre aliar a produção industrial ao rigor geométrico. 
Após a febre do concreto aparente, da completa ausência de revestimentos e do uso excessivo de grandes vãos em estruturas 
metálicas nas décadas de 60 e 70, expressos admiravelmente na avenida Paulista e nos clubes e escolas do interior, os arquitetos deram seqüência à 
plástica pós-modernista, estabelecendo o diálogo das vedações revestidas em cerâmicas de cores vivas com os vazios, projetando edifícios 
comerciais e residências multifamiliares que ocupam novos bairros e alteram as perspectivas das avenidas marginais. 
 
 
 999 
3.0 – Biografia do Arquiteto 
 
 
 
 
 
 
Veio para o Brasil em 1923, embebido das idéias novas que marcavam a Europa de então. Dois anos depois (1925), publicou o 
primeiro artigo da arquitetura modernista do país, onde descrevia a casa como um bem de consumo qualquer. 
Aqui, iniciou uma pesquisa sobre a arquitetura funcional, livre de ornamentos, comprometida com os aspectos econômicos e 
estruturais 
Construiu em São Paulo a primeira residência modernista do Brasil e da América Latina (1927) e representou a América Latina nos 
Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna por indicação de Le Corbusier e foi convidado por Lúcio Costa para lecionar na Escola de Belas-
Artes do Rio de Janeiro (1931). 
 Foi considerado o primeiro arquiteto modernista da América Latina contratado pela Companhia Construtora de Santos, que 
Roberto Simonsen dirigia. 
Encontrou aqui uma São Paulo apenas pequena província, mas que fervia, em seus meios intelectuais, de idéias renovadoras que 
artistas como Graça Aranha, Menotti Del Picchia, Ronald de Carvalho, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e 
outros deram a publico na Semana de Arte Moderna, realizada em fevereirodo ano anterior. 
Seu escritório de arquitetura e construção abrigou muitos jovens arquitetos de talento como Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, 
Charles Bosworth e Henrique Cristofani, o “Verona”, autor do notável projeto da casa das pedras, ao lado do Edifício Sobre as Ondas, no Guarujá. 
Neste ambiente, que o próprio Warchavchik considerou como "terreno preparado para minhas idéias e meus sonhos", começou a 
trabalhar. Já em 1927 construía, na Vila Mariana, mais exatamente na rua Santa Cruz, aquela que seria a primeira casa modernista, "surgindo 
revolucionariamente no panorama arquitetônico paulistano", como disse Geraldo Ferraz. 
Gregori Warchavchik, foi o arquiteto responsável por vários projetos importantes no Brasil. São dele os projetos da Sede do Clube 
Paulistano, em São Paulo; da Sede do Iate Clube de Santos; da Sede do Clube Pinheiros, em São Paulo; da Sede do Clube Hebraica; da Sede do 
Clube Tietê; Edifício Tejereba, em Guarujá; Lojas Mappin, em São Paulo; Automóvel Clube de São Paulo, entre muitos outros. No Guarujá, 
projetou e construiu para seu uso uma residência na praia da Enseada que chamava a atenção por sua simplicidade, beleza e praticidade. Os armários 
Gregori Warchavchik nasceu a 2 de abril de 1896 na Russia. Diplomado pela Universidade de Russa de 
Odessa em 1918 deixou sua cidade natal nesse mesmo ano, seguindo para Roma, onde estudou arquitetura no 
"Instituto Superiore di Belle Arti" (Instituto Superior de Belas-Artes de Roma), conseguindo seu diploma em 1920. 
Trabalhou durante dois anos com Marcello Piacentini e, como seu ajudante, dirigiu a construção do 
Teatro de Savoia, em Florença. 
 111000 
tinham “araras” móveis que permitiam colocar as roupas para tomar sol no pátio em frente ao mar. Havia uma ampla sala com lareira, com pé direito 
alto e grandes, portas de correr com vista para a praia. 
Além da "primeira casa modernista" da rua Santa Cruz, de 1927 e da casa também modernista da rua Itápolis (1930), há, ainda em 
São Paulo, inúmeras construções suas, como o prédio número 1003, da alameda Barão de Limeira, pequenas residências na rua Melo Alves, rua 
Avanhandava e casa populares na rua Afonso Celso e Dona Berta. Trabalhou ainda com Lúcio Costa e tem casas construídas no Rio de Janeiro seu 
espírito renovador e revolucionário de fazeram-se presente no arquiteto até o dia de sua morte quando faleceu aos 76 anos, em 28 de julho de 1972. 
3.1 Cronologia das Principais Obras: 
 
3.1.1 Residência de Marx Graf localizado a Rua Melo Alves, 1928-1929: A unidade de estilo era total, não havendo nenhuma influência visível 
da arquitetura do passado; a pureza dos volumes prismáticos, o culto ao ângulo reto e a ausência da ornamentação são algumas das suas 
características semelhantes a casa da Rua Santa Cruz. 
 
3.1.2. Residência de João de Sousa Lima, 1929: Caracterizado pela maior definição de seu estilo, utiliza pilotis para corrigir a forte declividade 
do terreno. 
 
3.1.3 Residência de Cândido da Silva, Lapa, São Paulo, 1930: Destaque para a criação de um terraço jardim. 
 
3.1.4 Residência de Luiz da Silva Prado, 1930: Utilização de janelas corridas tomando toda a fachada, empregadas para iluminar adequadamente 
os ambientes e propiciar uma visão panorâmica 
 
3.1.5 Residência Nordchild na Rua Toneleros, Rio de Janeiro 1931. Uma exposição modernista puramente arquitetônica. 
 
3.1.6 A casa da Rua Bahia, 1930 
 
 111111 
A realização mais importante sob o aspecto arquitetônico é, sem dúvida, a Casa da Rua Bahia, também de 1930. Neste caso o 
repertório arquitetônico moderno contempla todos os aspectos da edificação. A acomodação à declividade do terreno, a articulação dinâmica dos 
volumes, a feição quase industrial da elevação da rua Bahia em contraste com as aberturas longas e contínuas da face oposta e, finalmente, o uso do 
terraço jardim, destacam os aspectos mais evidentes dessa característica. Ao contrário da Rua Santa Cruz, neste exemplar não há mais hesitação, mas 
o domínio completo do repertório formal, da organização espacial e da técnica construtiva, a serviço do melhor desempenho funcional e construtivo, 
que atinge o nível de realização estética madura. 
Mas se, comparativamente, a casa da Rua Santa Cruz apresenta limitações, isso não lhe reduz a importância. Ao contrário, 
tratando-se de um exemplar de transição, adquire um valor documental único, como testemunho da mudança na direção da arquitetura moderna. 
Mudança que se manifesta na hesitação entre dois códigos distintos, entre duas formas de concepção diversas evidenciadas pela presença de certos 
elementos de solução formal já apontados, como a simetria da composição, o recurso ao tromp l’oeil, a adoção de soluções espaciais como as 
varandas e a persistência de técnicas e materiais tradicionais, como o uso de telhas cerâmicas. 
Se o raciocínio está correto, o juízo dele decorrente tem conseqüências diretas nos critérios de restauração a serem adotados, pois o 
propósito de evidenciar a importância documental do edifício implica na necessidade de restaurá-lo segundo sua forma original. É na sua 
configuração primitiva que é possível perceber os elementos contraditórios de sua concepção. Embora esta proposta possa escandalizar aos mais 
ingênuos e parecer conservadora aos que se pretendem mais atualizados em relação às teorias contemporâneas de restauração, é relativamente fácil 
argumentar em sua defesa. 
3.1.7. Casa Modernista da Rua Itápolis, Pacaembú 1930: 
 
 
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Composto de um conjunto homogêneo de arquitetura e decoração interior. A Casa da Rua Itápolis, concluída no início do ano de 
1930, é uma realização melhor sucedida que a anterior, pois encerra uma volumetria mais rigorosa, onde já comparece o uso do concreto armado nas 
marquises e lajes. Sua organização espacial, porém, não traz inovações significativas. Sua planta coincide com o arranjo típico dos sobrados de 
classe média largamente difundidos em São Paulo. Reproduz, além disso, os resquícios de uma organização comprometida pela estrutura social 
característica de nosso meio, denunciada pela presença da edícula. Sua importância é conseqüência do fato de ter sediado a Exposição de Arte 
Modernista, e da decorrente demonstração do princípio da integração das artes - arquitetura, artes plásticas e artes aplicadas. 
3.1.8 Capela do Morumbi 
 
 
Produtora de chá-da-Índia, a fazenda, em cuja área hoje se localiza o bairro homônimo, teve diversos proprietários. A expansão da 
cidade de São Paulo, principalmente no início do século, induziu a ocupação Responsável pela venda dos lotes, a Cia. Imobiliária Morumby decidiu, 
com o objetivo de obter uma valorização dos mesmos, restaurar a capela. 
Concluída em 1950, a obra, de autoria do arquiteto Gregori Warchavchik, aproveitaria as paredes em ruínas existentes no local, 
completando-as com alvenaria de tijolos. O resultado, uma edificação com paredes com parte construída em taipa e parte em alvenaria, foi 
transformado em capela. Nas paredes de seu altar, foi pintado um afresco, que representava a cena do batismo de Cristo, onde os anjos apresentavam 
fisionomia de índios. 
Transferida a responsabilidade pela conservação do local ao Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), a capela passou, em 
1979, por outra obra de restauração. Entregue ao público na data de aniversário da cidade (25 de Janeiro) do ano de 1980, a chamada Capela do 
Morumbi, agora transformada num centro cultural, faz parte do conjunto de casas históricas que compõem o Museu da Cidade (cuja sede se localiza 
no Solar da Marquesa). Um estímulo a novos artistas, a capela hoje oferece exposições mensais, agendadas, de artistas contemporâneos. 
 
 
 
A sede da fazenda e as ruínas em taipa de pilão de uma suposta capela: essaseram as 
construções existentes nos últimos lotes da Fazenda Morumbi colocados à venda, em meados 
de 1940. 
 
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3.1.9 Casa projetada por Warchavchik, 3.1.10 Residência de Ricardo Jafet, Guarujá, S.Paulo 
 Praia da Enseada, Guarujá. 
 
 
 
 
3.1.11. Projeto de moradia para Ibsen Ramenzoni, 3.1.12 Projeto de sede para a Sociedade 
Praia de Pitangueiras, Guarujá. Harmonia de Tênis 
 
 
 
 
 
 
 
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4.0 - A obra escolhida 
 
 
 
OBRA: Casa do Arquiteto Modernista Gregori Warchavchik 
 
AUTOR: Gregori Warchavchik 
 
LOCAL: Rua Santa Cruz 325, Vila Mariana, São Paulo, SP 
 
DATA: 1927-1928 
 
 
 
 
 
 
 
 
 111555 
4.1- Localização 
 
 
 
 
 
 
 
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4.2 - Histórico da Obra. 
 
A Casa Modernista foi tombada em 1984, após disputa entre herdeiros do casal, que queriam vendê-la para uma construtora, e a 
Associação Pró-Parque Modernista. Em 98, o governo quis reformar a casa, mas o Ministério Público moveu ação contra a intervenção, que previa 
reforma, não restauro. O projeto só agora foi retomado. 
 
Warchavchik teve, ao longo de sua carreira, dificuldades em colocar em prática suas novas concepções. As diversas dificuldades se 
lhe impuseram a ele devido essas concepções estéticas, como por exemplo o episódio da Prefeitura Municipal, que negava-se a aprovar seus projetos 
com fachadas lisas. Para receber a aprovação, Warchavchik modificava a planta original, disfarçando a com nichos incluindo detalhes ondulados. 
Desta forma, conseguia a aprovação e quando a Prefeitura, na hora de conceder o "habite-se" percebia que a construção não correspondia à planta 
autorizada, Warchavchik desculpava-se dizendo que a construção não havia sido acabada por falta de recursos. Assim, conseguiu a autorização para 
diversas construções. 
Respeitado por arquitetos de renome tais como Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, Gregori Warchavchik era considerado um 
arquiteto renovador e revolucionário, um dos nomes mais importantes da arquitetura moderna no país onde deixou importantes obras no Brasil, país 
que escolheu para morar e ao mesmo tempo construir e embelezar onde infelizmente faleceu. 
A casa da rua Santa Cruz é tombada pelo Iphan desde 1986. O imóvel foi tombado pelo Condephaat em 20 de outubro de 1984, 
conforme publicação no DOE em 23/10/1984, processo 22.831/81 e o Iphan reconheceu o tombamento, assim como o Conpresp. O tombamento foi 
conseguido pela mobilização de moradores que fundaram a Associação Pró-Parque Modernista, para evitar que o espaço se transformasse num 
condomínio residencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4.3 - 1
O
 Casa Moderna de São Paulo - A obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cercada por um jardim paisagístico de treze mil metros quadrados a casa modernista agoniza, não exibe o vigor, o brilho e a aura 
que ostentou no ano de 1927, quando foi inaugurada como o primeiro exemplar brasileiro da arquitetura moderna, movimento então corrente na 
Europa. 
Gregori Warchavchik, apesar da formação clássica tradicional andava a par da linguagem em voga que buscava se adequar aos 
mecanismos do capitalismo industrial. Porém não bastava, entretanto, enunciar princípios teóricos, era também necessários pô-los em pratica, 
Warchavchik não poderia empenhar-se nessa tarefa se não tivesse uma certa independência e assim em 1926, deixou a companhia construtora que o 
contratara. 
 O casamento com Mina Klabin tornou possível estabelecer-se por conta própria e a realizar a primeira obra pessoal, sua própria 
residência, a Casa da Rua Santa Cruz. 
 
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Projetada em 1927 e concluída em 1928, entre os atributos assinalados para o tombamento desta residência, destaca-se, sem 
dúvida, o pioneirismo da iniciativa de construção do primeiro edifício moderno do Brasil. Embora não se trate de ação isolada, se considerarmos os 
primeiros projetos de Flávio de Carvalho, os artigos de Rino Levi, e a ação quase simultânea de outros arquitetos menos conhecidos, não se pode 
negar a Warchavchik os méritos do ato inaugural de construção do primeiro edifício moderno no Brasil. 
Os apelos eram em direção ao aproveitamento das conquistas da técnica e da ciência modernas do século vinte e a orientação 
seguia pelo conceito de fabricação de casas em larga escala, com o máximo de conforto, comodidade, higiene e um mínimo de gastos a fim de 
atingir também as classes menos favorecidas. 
 Mas o que caracteriza esta obra como representativa dos princípios do movimento moderno? Assim, embora tanto a planta quanto 
a elevação correspondessem ao formalismo proposto por Le Corbusier, apenas um dos cinco pontos da nova arquitetura por ele proposta foi possível 
Warchavchik utilizar: a janela horizontal. Porém por outro lado Warchavchik trabalhou muito sob o aspecto plástico, no uso de ângulos retos, a 
regularidade do conjunto e dos detalhes tanto em planta quanto em elevação. Seu esforço era de em favor da apresentação de um novo estilo o que 
causou impacto geral na opinião publica, onde foram promovidos debates por sua obra por grandes personalidades como Mário de Andrade. 
Porém com o passar do tempo e depois de anos de abandono, a degradação atingiu várias partes do edifício. De um lado, expôs 
alguns aspectos anteriores à reforma sofrida em 1934 e, de outro, comprometeu vários elementos originais especialmente executados para o edifício, 
tais como lambris, mobiliário integrado, caixilhos e ferragens. 
Após uma longa disputa judicial, parece que finalmente o Governo do Estado se dispõe a promover a recuperação da Casa 
Modernista da Rua Santa Cruz. A iniciativa aliás é urgente, pois o avançado estado de arruinamento que atingiu o edifício, ameaça tornar irreversível 
a perda de vários componentes originais desse que, de algum modo, ficou consagrado como o primeiro exemplar de arquitetura moderna no Brasil. 
Assim sendo, não se trata apenas de recuperar a casa, mas o que se apresenta como questão fundamental é o que restaurar e como 
fazê-lo. É imprescindível, portanto, a elaboração de um projeto de restauração, o qual, por sua vez, somente poderá chegar a bom resultado se for 
capaz de estabelecer adequadamente, a cada um dos aspectos da restauração, o juízo de valor compatível com o significado desta obra na história da 
Arquitetura Moderna no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 111999 
5.0 - O programa da obra 
 
Como pode-se observar nos croquis a baixo, a casa em si é considerada simples na sua composição nos padrões atuais, a 
distribuição interna não traz muitas novidades porém para a época em que ela foi construída foi dotada de características muitos inovadoras. 
 
No Pavimento Térreo: 
 
 
No Pavimento Superior: 
 
 
 
Encontra-se nesse pavimento organizados 
sob forma muito coerente os seguintes ambientes: 
 
 1 copa / cozinha 
 1 sala de jantar 
 1 pequena despensa 
 1 sala de estar 
 1 escritório 
 e um amplo terraço que envolve boa parte da 
fachada lateral direita da edificação. 
Encontra-se no pavimento superior, os 
ambientes considerados mais íntimos da casa. 
Situado no pavimento superior a fim de 
preservar a intimidade dos moradores da residência 
encontram-se 
 
 4 dormitórios 
 1 banheiro 
 1 amplo hall de circulação interna 
 3 terraços que atendem aos dormitórios 
 
 222000 
5.1 - O Partido Arquitetônico 
 
A solução encontrada pelo arquiteto para promover a construção de uma edificação aos moldes modernos, pode serobservada na 
escolha de uma planta de formato regular, dividida em 2 pavimentos dividindo a ala íntima da ala social. 
A área social composta do terraço que circunda as salas de estar e jantar externamente, dá idéia de comunhão entre esses 
ambientes, dando uma noção de amplitude, não ficando o acesso a residência limitado somente por uma única entrada social o que faz a área externa 
da residência se tornar independente de seu interior dando acesso a piscina localizada ao lado esquerdo da casa. 
As área de serviço como lavanderia e cozinha foram colocadas de forma isolada da área social central porém está possui 
comunicação independente ao exterior da residência. 
As áreas mais íntimas da residência encontra-se na parte superior da edificação, com a distribuição de dormitórios ligados por um 
hall central que dá acesso a escada. Com destaque para os dormitórios, que possuem um pequeno terraço para usufruto dos moradores da residência. 
 
5.2 - As Técnicas Construtivas 
 
A composição simétrica da planta da residêncida de Warchavchik não difere muito de uma casa 'tradicional'. É, no fundo uma 
casa convencional despida de seus ornamentos. 
 
 A casa é bastante tímida do ponto de vista estrutural, espacial e estético. Composta de estrutura livre apoiadas em paredes 
autoportantes de tijolos. 
 
 Embora concebido em concreto armado, a obra se deu em tijolo ocultado pelo revestimento de cimento branco. 
 
 As janelas de canto assim como as demais foram executadas em ferro, em nome da simetria, o arquiteto colocou uma janela de 
canto na varanda para esta compor com a da sala, localizada diametralmente oposta assim como as da cozinha. 
 
 A cobertura não se trata de um terraço como faz parecer a fachada, mas um telhado colonial formando por telhas tipo canal 
apoiados sobre estrutura de madeira escondido pela platibanda. 
 
Vários outros aspectos que denunciam vínculos com a arquitetura tradicional: 
 
 As janelas do pavimento superior ainda mantêm proporções predominantemente verticais com detalhes decorativo fabricadas em 
ferro ( posteriormente trocadas por madeira), assim como a grade da porta de acesso. 
 
 O reboco é rústico de cimento branco e mica. 
 
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 Os forros foram pintados com "esmalte prateado" assim como a moldura da escada interna. 
 
 Os banheiros e a cozinha foram revestidos com azulejos branco. 
 
 O piso da escada foi confeccionado em madeira escura. 
 
 A residência ainda é composta de um mobiliário integrado. 
 
Na época não havia recursos materiais e humanos para aplicação do terraço-jardim, da planta e da fachada livres e do edifício sobre 
pilotis. Essas contradições deram uma aparência enganosa ao edifício, mas não diminui sua importância na afirmação de uma estética cubista pela 
primeira vez implantada no Brasil. 
 
5.3 - Detalhes : 
 
O Jardim 
 
 
 
O uso de cactáceas e espécies tropicais pouco usuais em jardins da época conferiu um aspecto singular ao paisagismo brasileiro. “A 
fórmula, influenciada com toda certeza pela simplificação cromática e figurativa da pintura de Tarsila do Amaral, se mostrou bastante eficaz, 
estabelecendo, a partir daí, uma identidade clara para o desenvolvimento do paisagismo moderno”. 
 
5.4 Aspectos Plásticos: 
Na verdade, não há muito mais do que um volume prismático, desprovido de elementos decorativos. A composição da fachada 
ainda guarda vínculos com os procedimentos de composição tradicionais, de desenho absolutamente simétrico com a porta principal no eixo central 
Os jardins realizados por sua esposa, Mina Warchavchik, são considerados pioneiros 
no uso de plantas tropicais como cactos e mandacarús. 
Foi elaborado no mesmo contexto que o delineado para a arquitetura de seu marido, 
obras de transição e fundação de uma nova sensibilidade obras mais características e marcantes 
igualmente esperariam até o início da década de 40, com os trabalhos notáveis de Burle Marx no Rio de 
Janeiro e seu entorno. 
 222222 
do conjunto. A forma geométrica esconde, por traz de sua aparente pureza, uma cobertura tradicional de telhas cerâmicas, que termina numa prosaica 
varanda na face lateral e posterior. 
Warchavchik entendia que a questão da estética era um primeiro passo e mesmo nesse campo, abriu concessões para tradições 
locais como a varanda em L e a cobertura em telha canal aparente, ainda que nos fundos da casa, além do exuberante jardim tropical projetado por 
sua esposa Mina Warchavchik. Este foi concebido integrado ao projeto, o que lhe levou a ser conhecido como o primeiro jardim moderno do Brasil. 
A ausência de elementos decorativos era uma provocação. Assim como Adolf Loos, na casa Steiner (1910) em Viena, havia um 
despojamento agressivo contrario aos floreios acadêmicos. 
 A influencia do cubismo esta presente não só na fachada, mas na questão da continuidade do espaço, a relação exterior-interior, 
grandes aberturas ligadas a ampla varanda. A oposição entre o grupo de volumes prismáticos que conformam a planta da casa em si em contraponto 
com o vazio continuo da varanda estava de acordo com o principio cubista de que um objeto não deve ser apreendido a partir de uma única vista, é 
preciso contorna-lo para compreende-lo na sua totalidade. 
 O próprio Warchavchik defendeu suas idéias não querendo copiar o que na Europa está se fazendo, inspirado pelo encanto das 
paisagens brasileiras, "tentei criar um caráter de arquitetura que se adaptasse a esta região, ao clima e também às antigas tradições desta terra". 
Ao lado de linhas retas, nítidas, verticais e horizontais, que constituem, em forma de cubos e planos, o principal elemento da 
arquitetura moderna, fez muito uso das tão decorativas e características telhas coloniais conseguindo assim idear uma casa muito brasileira, pela sua 
perfeita adaptação ao ambiente. O jardim, de caráter tropical, em redor da casa, contém toda a riqueza das plantas típicas brasileiras” 
 
5.5 - A obra em relação ao seu entorno: 
É visivelmente curioso o que pode-se notar com a observância da obra com o seu entorno, trata-se de uma pequena área verde, 
passando-se quase por uma chácara em pleno centro urbano. 
A residência em si situa-se ligeiramente afastada do alinhamento com o passeio público escondida entre os arvoredos presentes, e 
por um grande muro de blocos de concreto, que a deixa oculta aos olhos da população. 
A natureza do projeto é altamente contrastante com o que tornou a cidade após anos de desenvolvimento. Muitas vezes a população 
passa cerca da área sem notar do que se trata, salvos os que percebem o recém emplacamento da área entitulada como Parque Modernista, 
caracterizando uma propriedade passível de visitas. 
 
 
 
 
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6.0- A residência hoje: 
 A reforma 
A obra da rua Santa Cruza sofreu uma pequena reforma realizada pelo próprio arquiteto poucos anos após, em 1934. A sala de estar 
foi ampliada avançando sobre a varanda, no pavimento superior, o quarto principal foi ampliado sobre o terraço existente, foi acrescentado um novo 
banheiro e o telhado da varanda deu lugar a uma laje, criando um terraço à volta dos quartos. Ainda foram alterados alguns elementos 
construtivos,como a substituição dos caixilhos originais de ferro por madeira e introduzida uma marquise lateral que embora esteja de acordo com as 
idéias do modernismo, mas particularmente de Le Corbusier, é um corpo estranho no conjunto. 
A degradação atingiu várias partes do edifício. De um lado, expôs alguns aspectos anteriores à reforma sofrida em 1934 e, de outro, 
comprometeu vários elementos originais especialmente executados para o edifício, tais como lambris, mobiliário integrado, caixilhos e ferragens. 
Assim sendo, não se trata apenas de recuperar a casa,mas o que se apresenta como questão fundamental é o que restaurar e como fazê-lo. É 
imprescindível, portanto, a elaboração de um projeto de restauração, o qual, por sua vez, somente poderá chegar a bom resultado se for capaz de 
estabelecer adequadamente, a cada um dos aspectos da restauração, o juízo de valor compatível com o significado desta obra na história da 
Arquitetura Moderna no Brasil 
 
Para levar a efeito a preservação deste edifício temos três alternativas: 
a) preservá-lo tal como se encontra; 
b) recuperar alguns de seus aspectos originais como a fachada emblemática preservando o restante de acordo com a situação atual; 
c) fazê-lo retornar à sua configuração original. 
 
Preservar o edifício tal como se apresenta a partir da reforma de 1934 ou incorporando as alterações mais recentes, significaria 
atribuir a prevalência da biografia do arquiteto sobre o significado da obra. 
Recompor alguns aspectos do edifício como, por exemplo, a fachada, imagem marcante desta obra, à qual sempre esteve associada 
a sua memória na maioria das publicações, mantendo-se o restante de acordo com a situação atual, resultaria em algo que o edifício nunca foi. Mas, 
pior que isso, uma tal proposta estaria em conflito com um dos preceitos mais importantes do Movimento Moderno, isto é, que a forma externa de 
um edifício deve estar, necessariamente em correspondência com seu conteúdo. 
Resta, portanto, examinar a última hipótese. 
 222444 
A reversão da casa à sua configuração original é relativamente fácil. Não se trata de recriação, pois lá estão presentes quase todos 
os elementos originais. O mais difícil - porém simples diante dos recursos hoje disponíveis - é a remoção da laje do terraço. O pavimento superior é 
praticamente o mesmo, tendo sofrido apenas alguns acréscimos. A iconografia disponível é suficiente para orientar a recuperação dos elementos em 
seus detalhes. Prospecções dos elementos originais poderão servir para verificar dúvidas e confirmar detalhes construtivos. 
Reforça esta hipótese o fato do edifício se encontrar em estado avançado de arruinamento. O critério proposto para o edifício se 
aplica, do mesmo modo, ao jardim. Tratando-se, no Brasil, da primeira obra paisagística moderna, o jardim fronteiriço à casa deverá ser recomposto 
com todo o rigor. O levantamento das espécies e a distinção entre elementos originais e acrescentados será indispensável para a recomposição de sua 
integridade. As espécies estranhas à sua concepção original deverão ser removidas. As espécies originais deverão ser analisadas quanto a sua 
condição fito-patológica para avaliar as possibilidades de sua conservação ou necessidade de substituição. Os registros fotográficos disponíveis são 
suficientemente ricos para guiar com segurança a seleção dos dados obtidos no levantamento. 
O momento em que, finalmente, são obtidos os recursos necessários à recuperação deste importante testemunho da arte moderna 
brasileira, constitui uma oportunidade excepcional para buscar o restabelecer os seus valores em toda a sua integridade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7.0 – Anexos 
 
 
Reportagem : 
 
Colunista: O profissional arquiteto 
GEORGE HOCHHEIMER - Especial para a Folha Online em 27/08/2004 - 12h14 
No decorrer da história, encontramos a figura do arquiteto em quase todos os momentos. Edifícios ou cidades que 
necessitavam de projetos, lá estava eles. Eram sacerdotes, padres, mestres construtores, em cada momento e região um título, mas 
o de arquiteto conheceremos a partir do período moderno. 
Há muitos personagens que assumem este papel na urbanização das cidades, construção de igrejas e palácios. Um 
bom exemplo foi de Leonardo Da Vinci que, além de inventor, pintor, escultor, foi um grande projetista de edifícios e, sua 
influência, quando temos conhecimento de sua obra, pode ser percebida até hoje. 
A atribuição da profissão foi mudando com o tempo. Há alguns anos, era associada ao construtor, não havendo 
separação entre as atividades. Em muitos casos, o projetista também era responsável pelas construções. No Brasil, Arquitetura é 
uma profissão recente. Em 1933, a atividade foi regulamentada, porém em conjunto com Engenharia e Agrimensura e, somente em 
1958, foi reconhecida como uma profissão independente. Até então, existiam os "Arquitetos Construtores", sempre com uma visão 
muito associada à forma de pensar da engenharia. 
Difícil separá-las, principalmente porque os cursos eram parte do currículo das faculdades de engenharia. Com a 
influência da Bauhaus --movimento alemão precursor do modernismo (1919 a 1933)-- e da reconstrução européia do pós-guerra, 
além do trabalho de alguns mestres modernistas atuantes no Brasil, como Gregori Warchavchik, Lucio Costa, Vilanova Artigas e 
Oscar Niemeyer entre outros, uma nova estética foi estabelecida, mudando os valores de maneira irreversível. 
Sendo um ser crítico, o arquiteto começa a avaliar as relações estabelecidas entre o homem e o espaço - tanto faz a 
escala-, criando novas relações. A partir deste fato, a profissão tornou-se algo parecido com o que conhecemos hoje, onde o 
arquiteto adquire a atribuição de ser responsável pelo desenho urbano e dos edifícios das cidades. 
 222666 
Com o golpe militar de 1964, a cultura nacional foi tolhida, os "seres pensantes" e críticos perseguidos. Houve uma 
pasteurização da cultura influenciada por padrões norte-americanos, onde a imagem, a ilusão e a hipocrisia eram válidas e tidas 
como chavão de Pirandelo "assim é, se lhe parece ser". 
Entramos na era estética, onde tudo era considerado, principalmente se representasse uma realidade que não fosse 
nossa e sim, algo que gostaríamos de ser, a ilusão. Começamos a permitir que o poder do consumo imperasse sobre a capacidade 
criativa e crítica de nossos arquitetos. 
Dessa maneira, na arquitetura, passamos a ser europeus americanos, tailandeses, enfim o que fosse "bonitinho" 
mesmo que não tenha nada a ver com nossa cultura, história e relação urbana. A arquitetura tende a deixar de ter partido, 
passando em muitos casos, a ser puramente aplicação de estilos. 
Em São Paulo, como em outras metrópoles brasileiras, são encontrados muitos edifícios com tremenda tecnologia 
embarcada, porém com cara de Neoclássico, digo cara, porque onde encontraremos neoclássico com essa escala e proporções? Não 
existe. 
Isso serve para atender aos interesses comerciais dos envolvidos nos processos, criando uma Arquitetura 
Transgênica. Devido a esta política consumista, a atribuição do arquiteto infelizmente mudou, tornando-o projetista de fachadas, 
um colador de estilos. Muitas vezes, abrindo mão de soluções que agreguem qualidade estética e espacial, para atender aos 
programas de marketing para facilitar as vendas dos empreendimentos. 
Estamos passando por um momento crítico em relação à atribuição profissional do arquiteto. Seguindo os 
ensinamentos dos grandes mestres e tendências mundiais da arquitetura, o profissional tem, ou deveria ter, como atribuição o 
"projetar" e "influenciar" de forma didática a sociedade, levando em conta as questões ambientais, tecnológicas e sociais. Ter 
consciência da relação do projeto com os indivíduos, tanto na escala da cidade, do edifício assim como em pequenos espaços. 
Diante desta visão, cada trabalho tem sua forma individual. É necessária uma interpretação das necessidades de 
cada implantação, procurando sempre agregar valores e um estudo profundo de cada situação nova. Assim, temos a oportunidade 
de aplicar conceitos, funcionalidade e técnicas, valorizando a cidade e a qualidade de vida dos usuários, sem desprezar os valores 
éticos referentes à estética e aos relacionamentos entre os envolvidos nos processos. 
Para desenvolver bons trabalhos, oprofissional necessita estar sempre em busca de informações atualizadas. Hoje 
há diversas fontes que podem assistir o arquiteto em seus projetos. É muito fácil encontrar bons artigos, textos, imagens, 
profissionais, enfim, referências para qualquer tipo de busca. Basta ter disposição. 
 222777 
Para a revalorização da importância do profissional, é fundamental que este tipo de consciência tenha seu 
nascimento nas escolas de arquitetura, seja explicitada nas entidades de classe, além de ser divulgado nas mídias de abrangência e 
em todos os segmentos relacionados aos processos que envolvam o trabalho dos arquitetos. 
Sem este tipo de atitude a população está fadada em ter cidades totalmente descaracterizadas e sem valorização do 
indivíduo, seus valores e história. Tudo será como um grande cenário e os usuários estarão representando algo que não são, sem 
identidade. Qual o legado que deixaremos para as próximas gerações? Por mais "Macunaímas" que sejamos, sabemos o que não 
somos e temos a obrigação de respeitar nossos limites. 
 
 
George Hochheimer é sócio-proprietário da Imperatori Arquitetura. 
 
8.0 - Conclusão 
Com base nas informações tratadas podemos observar e concluir que a influência do Movimento Modernista, oriunda da 
Arquitetura de Le Corbusier foi uma das bases de suma importância para o desenvolvimento da Arquitetura Moderna Brasileira, foi ela quem deu de 
início às principais cidades do país, como São Paulo e Rio de Janeiro e posteriormente ao restante do país, o marco inicial de uma nova era 
arquitetônica, o principio do início do fim daquela velha arquitetura, a qual toda a sociedade estava acostumada. O inicio de um novo visual com um 
efeito plástico sinônimo de praticidade, harmonia e a cima de tudo com "gostinho" de novidade, uma arquitetura limpa, sem os excessos 
característicos da arquitetura colonial de um passado pouco distante, mas que agora somente mantém sua beleza nas vilas, nas cidades, ou nos 
edifícios tombados pelo patrimônio histórico dos órgãos públicos. 
Arquitetura é um processo de renovação, de novas elaborações e de re-invenções daquilo que já não nos encanta mais aos olhos... 
Arquitetura é vida, que nasce e morre a cada novo ciclo, de um novo século, de um novo tempo, nasce e morre com o surgimento de um novo estilo, 
é quase moda, porém ela nunca fica perdida no espaço, e tão pouco ficará esquecida por completo, sempre haverá alguém que ela não abandonará, 
alguém que em nome da história e da memória arquitetônica do país se empenhará por mantê-la viva nos projetos de preservação do patrimônio 
histórico, para a sorte de muitos outros que ainda virão e poderem verificar com seus próprios olhos e não somente através dos livros, o que um dia 
foi a Arquitetura de seus pais ou de seus avós. 
 
 
 
 
 222888 
9.0 - Bibliografia 
 
Livros Consultados: 
 
Quando o Brasil era moderno: guia de Arquitetura 1928-1960. Lauro Cavalcanti (org.). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001. P. 110. 
ARGAN, G. Carlo. Arte Moderna. Companhia das Letras. São Paulo, 1992. 
BRUAN, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. Editora Perspectiva. São Paulo,1997. 
CLARK, R; PAUSE, M. Arquitectura: temas de composicion. 1989. 
SEGRES, Roberto. Arquitetura da América Latina: o fim do milênio. São Paulo: Studio Nobel, 1991. 
 
 
Sites Consultados 
 
BANCO DE DADOS FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco. 
Arquivo do Projeto Brasil 500 Anos de Arquitetura 
Vita mia, arquitetura, paisagem e urbanismo. Website Ecco - a Comunidade Italiana on line. 
www.sobreasondas.com /história_Gregori Warchavchik.htm 
www.vitruvius.com.br/arquitextos/ 
www.galinsk.com/ Villa Savoye Poissy by Le Corbusier.htm 
 
 
Fotos: 
 
Fonte: Própria e dos Sites consultados

Outros materiais