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FACULDADES ASSOCIADAS DE UBERABA - FAZU Mantenedora : Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias - FUNDAGRI EDMUNDO BENEDETTI Módulo VI Pastagens Consorciadas 2 Benedetti, Edmundo B398p Pastagens consorciadas / Edmundo Benedetti -- Uberaba : FAZU, 2004. 100 p. -- (Curso de Pós-graduação “lato sensu” em Manejo da Pastagem, Módulo 6). 1. Pastagem. I. Título CDD 633.2 3 APRESENTAÇÃO O uso de leguminosas nas pastagens brasileiras, embora há mais de 50 anos se conhecem os seus benefícios, ainda pouco se tem feito no sentido de adotá-las rotineiramente nos sistemas de produção da pecuária. Esta, por sua vez, é uma das atividades do setor agropecuário mais importante nos trópicos e subtrópicos e, também, uma das principais fontes de proteína animal para os habitantes dessas regiões. Durante a década de 70, a pecuária respondeu por 7 a 17% da proteína na dieta dos habitantes da Ásia e África, 30% na América Latina e mais de 30% nos países desenvolvidos. As forrageiras, incluindo todo o material vegetal, exceto os grãos e concentrados, foram responsáveis por mais de 90% dos alimentos consumidos pelos ruminantes (VALENTIM, 1985). As pastagens cultivadas e nativas constituem a principal fonte alimentar dos rebanhos. Somente no ambiente Cerrado existem 49,4 milhões de hectares de pastagens cultivadas (SANO et al., 1999), que abrigam cerca de 40 milhões de cabeças de bovinos. A produção, por animal e por hectare, pode ser comprometida pela baixa qualidade e produção estacional, especialmente quando em cultivo de gramíneas puras e sem a correção da fertilidade do solo. Essa constatação pode ser comprovada pela perda da capacidade produtiva das pastagens na região dos Cerrados, constituindo-se no principal problema social, econômico e ambiental da região. Os pesquisadores e produtores enfrentam o desafio de conciliar a necessidade contínua de aumentar a produtividade e a qualidade da forragem produzida, reduzindo custos, e, ao mesmo tempo, manter a qualidade do meio ambiente. Prof. Edmundo Benedetti 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................... 1 SUMÁRIO .................................................................................................................................................... 2 CAPITULO 1 - IMPORTÂNCIA DA CONSORCIAÇÃO NO SETOR AGROPECUÁRIO............... 3 CAPÍTULO 2 - IMPORTÂNCIA DAS LEGUMINOSAS NAS PASTAGENS ..................................... 6 CAPÍTULO 3 - IMPLANTAÇÃO E CONDUÇÃO DE SISTEMAS CONSORCIADOS..................... 12 3.1 - Transferência do nitrogênio (N) para as gramíneas em consórcio.............................12 3.2 - Implantação e/ou plantio das leguminosas por meio de sementes.............................21 CAPÍTULO 4 - UTILIZAÇÃO E MANEJO DAS PASTAGENS CONSORCIADAS.......................... 29 4.1 - Aspectos da fertilidade do solo e a implantação da leguminosa...............................29 4.2 – Manejo de pastagens consorciadas ..........................................................................36 CAPÍTULO 5 - ALTERNATIVAS NO USO DAS LEGUMINOSAS..................................................... 54 5.1 - Uso de bancos de proteínas e ou leguminosas arbóreas/arbustivas ...........................54 5.2 - Rotação agricultura: pasto ......................................................................................60 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................... 75 5 CAPITULO 1 - IMPORTÂNCIA DA CONSORCIAÇÃO NO SETOR AGROPECUÁRIO Neste capítulo, você vai encontrar assuntos que evidenciam a importância do consórcio das pastagens com leguminosas, no sentido geral, e seu destaque na condução de sistemas de produção nas quais existem dificuldades de insumos e outras alternativas. Abordará também, a atual situação da pecuária bovídea nacional, ressaltando as potencialidades das leguminosas no enriquecimento da qualidade nutricional das pastagens. O atual momento vivido pela pecuária brasileira pode ser considerado como paradoxal, em especial na região do Cerrado. A abertura dos mercados de exportação, pela declaração de zonas livres de aftosa, o aumento do consumo interno e a melhoria da qualidade do produto carne se contrapõem à realidade de um sistema de produção fortemente desestruturado. Pastagens com baixa capacidade produtiva, exauridas pelos anos de exploração, descapitalização do setor e linhas de crédito limitadas evidenciam a dificuldade de resposta do setor a esse novo cenário. As forrageiras podem dar uma importante contribuição para a produção mundial de alimentos no futuro, por meio da manutenção e aumento da sua participação na dieta dos ruminantes que produzem carne e leite a preços acessíveis. As forrageiras podem aumentar a disponibilidade de alimentos produzidos pelas plantas para a humanidade, das seguintes formas: a) por meio da substituição dos grãos que atualmente são utilizados como alimento pelos animais herbívoros; b) permitindo que plantas produtoras de alimentos sejam cultivadas em áreas atualmente ocupadas com pastagens; c) melhorando a fertilidade das terras agricultáveis; d) economizando no uso de combustíveis e fertilizantes nitrogenados. Uma das alternativas apresentadas para resolver o problema constitui-se na introdução de leguminosas forrageiras na pastagem. A adaptação de algumas espécies nativas da flora do Cerrado, com alta qualidade nutritiva ao longo do ano, em comparação com as gramíneas, e a possibilidade de incremento de nitrogênio no sistema solo-planta-animal, correspondem um forte apelo para a implantação de pastagens com essas espécies. Os programas de introdução, avaliação e seleção de leguminosas forrageiras, desenvolvidos pelas instituições nacionais e internacionais, representam um grande esforço, que resultou num estoque de conhecimento e material genérico para validação nos diferentes sistemas de produção. 6 A adoção de leguminosas em consórcio de pastagens tem sido muito limitada no país. A pequena oferta de cultivares, os insucessos ocorridos no passado e a falta de persistência configuram um forte entrave à adoção pelos produtores. Sem dúvida, o manejo de consorciações é mais complexo que pastagens puras, pois inclui os efeitos de competição entre espécies da comunidade, a seletividade animal sobre os componentes, além do desconhecimento, por parte dos produtores e por muitos técnicos, do manejo dessas pastagens. Estima-se que a consorciação já alcança 120 mil hectares de pastagens apenas com a utilização da leguminosa multilinha da Embrapa – Gado de Corte (Stylosanthes sp. cv. Campo Grande), considerada a mais promissora entre as avaliadas pela pesquisa. Entretanto, em relação à área ocupada pela pecuária – 200 milhões de hectares – aquela área torna-se pouco expressiva no contexto da produção de forragem consorciada, mas tem grande significado sob o ponto de vista técnico, evidenciando o uso comercial dasleguminosas nos sistemas de produção animal. O nitrogênio (N) é um elemento essencial para todos os organismos vivos. Embora cerca de 80% da atmosfera terrestre seja composta desse elemento e cada hectare seja coberto por 77.000t de N, ele não se encontra disponível em uma forma que possa ser utilizada pelas plantas. O nitrogênio é o elemento mais limitante para o maior número de espécies de plantas e animais na maior parte do mundo do que qualquer outro elemento (BURTON, 1976). Em função da necessidade desse elemento, aliada aos custos elevados e à disponibilidade de fertilizantes, o nitrogênio é considerado o fator-chave, além da água, em regiões áridas ou semi-áridas, uma vez que regula a quantidade e qualidade dos alimentos, sendo responsável pela subnutrição em muitas partes do mundo (ALEXANDER, 1984). As principais limitações das tecnologias disponíveis para a utilização de fertilizantes nitrogenados nos sistemas de produção agropecuários são: 1) a ineficiência na utilização desses insumos; 2) o potencial de poluição dos lençóis freáticos; 3) as perdas por denitrificação; 4) os possíveis efeitos destrutivos da denitrificação na camada de ozônio; 5) os custos de produção, empacotamento, transporte. Nos países tropicais em desenvolvimento, a maior parte dos alimentos é produzida pela agricultura familiar. Devido a limitações de recursos financeiros, baixo nível educacional, dificuldades de acesso a crédito e ao mercado, esses produtores raramente se beneficiam das tecnologias que dependem de insumos externos (VALENTIM, 1990). O nitrogênio, que é demandado em altas quantidades e a custos elevados, é um elemento fundamental na produção de forragem. Os custos crescentes dos fertilizantes nitrogenados, 7 essenciais para a manutenção de níveis de produtividade econômicos das pastagens de gramíneas puras, vêm aumentando o interesse em pastagens consorciadas de gramíneas com leguminosas, como uma alternativa viável aos sistemas tradicionais de produção de forragem (ADEJUMO & ADEMOSUN, 1985; BARNETT & POSLER, 1983; VALENTIM, 1985). Em função da premência de alternativas para a pecuária nacional, do nível de conhecimento e amadurecimento das instituições de pesquisa e da oferta de novos cultivares de leguminosas forrageiras, pode-se ter a perspectiva de concretizar a afirmação de que é “somente através das leguminosas que a produtividade da pastagem e de animais será aumentada, economicamente, no Brasil” (HUTTON, 1984). Além da oferta de tecnologia, será necessário, ainda, um grande esforço na difusão e quebra de resistência para adoção dessa tecnologia. Para refletir: O Brasil, com toda sua potencialidade natural, principalmente a exuberância de produção de suas pastagens, não deu o valor devido à exploração intensiva e racional desses recursos forrageiros. Pelo contrário, optou pelo modelo do uso de concentrados e alimentos armazenados. Use os seus conhecimentos e experiência profissional e articule soluções para melhorar o modelo de produção bovídea nacional. 8 CAPÍTULO 2 - IMPORTÂNCIA DAS LEGUMINOSAS NAS PASTAGENS Este capítulo abordará não só a classificação botânica das principais leguminosas forrageiras, como também os aspectos da interação entre elas e as gramíneas, sendo elas as responsáveis pela melhoria nutricional das gramíneas, além de outras contribuições expressivas no ecossistema das pastagens. Outro ponto discutido, neste capítulo, é o porquê do não uso rotineiro das leguminosas nos sistemas de produção pecuária e suas limitações e dificuldades. Nas regiões tropicais, a utilização de leguminosas forrageiras tem sido limitada, principalmente devido à falta de conhecimento. No entanto, vêm sendo feitos progressos na seleção e melhoramento de espécies e variedades adaptadas às condições de cultivo e no desenvolvimento de práticas culturais e de manejo, que podem redundar em grande impulso à sua utilização. Como os solos férteis, ricos em nutrientes e capazes de sustentar níveis elevados de produção de forrageiras, estão cada vez mais disputados pela agricultura, a pecuária irá depender crescentemente de solos menos férteis e pouco adequados à agricultura. Por esta razão, as leguminosas, por não dependerem de suprimento de nitrogênio disponível no solo a serem capazes de acumular grandes quantidades deste elemento pela fixação atmosférica, terão um lugar especial no desenvolvimento da pecuária tropical de nosso país. A família das leguminosas é constituída por três subfamílias. A subfamília Caesalpinoideae compreende principalmente espécies arbóreas escassamente empregadas como forrageiras. Da subfamília Mimosoideae, somente o gênero Leucaena tem sido estudado em maior detalhe, do ponto de vista forrageiro, e as espécies da subfamília Papilionoideae, que são as mais empregadas como forrageiras. São poucos os grandes obstáculos à adoção generalizada do uso de pastagens consorciadas na América Latina; no entanto, são importantes e bastante complexos. Neles estão incluídas barreiras biológicas, de manejo, psicológicas e econômicas, das quais são consideradas como mais importantes as seguintes: � Inexistência de germoplasma adaptado para algumas regiões; � Conhecimento inadequado do manejo de pastagens exclusivas de gramíneas e, principalmente, consorciadas; � Fracassos no passado (plantio em áreas degradadas, sem prévia correção) e falta de credibilidade; 9 � Condições atuais de mercado e da economia. Segundo KICHEL (2004), “há 50 anos que se pesquisa a leguminosa como componente forrageiro na dieta dos animais e nenhuma restrição foi observada”. A inclusão de leguminosas nas pastagens tropicais traz benefícios diretos e indiretos: - melhoria na qualidade nutricional da pastagem, principalmente na época seca. As leguminosas bem adaptadas têm raiz bastante profunda, são tolerantes à seca e capazes de manter a folhagem verde durante a estação seca. A leguminosa tem maior teor de proteína que a gramínea e esta, por sua vez, tem sua qualidade melhorada pelo NFB; - o aumento da produção de forragem pela contribuição direta da leguminosa e pelo aumento da produção da gramínea e da atividade biológica no solo e na cobertura morta. Além disso, maiores taxas de mineralização da matéria orgânica e, portanto, maior disponibilidade de N, P e S. O nitrogênio normalmente é o nutriente mais importante para a flora e fauna do solo, bem como para a própria pastagem (JONES, 1982); - redução dos problemas com ervas daninhas e com custos de manutenção. Uma pastagem bem suprida com nitrogênio e manejada para manter o equilíbrio entre leguminosas e gramíneas, normalmente não tem problemas de invasoras; - melhoria na fertilidade de solo devido à fixação biológica de nitrogênio e ao aumento da disponibilidade de nutrientes, especialmente P e S, acumulados em matéria orgânica fresca com baixa relação C/N. Comparada às pastagens de gramíneas puras, a pastagem consorciada permite a utilização mais eficiente de nutrientes, luz e água devido a: � épocas de crescimento diferenciadas; � hábitos de crescimento diferentes, com as pastagens ocupando diferentes espaços; � intercepção de luz diferenciada; � diferentes profundidades do sistema radicular pivotante. Pastagens consorciadas são mais estáveis, persistentes e produtivas, num mesmo nível de investimento baixo, que pastagens de gramíneas puras devido ao seu maior potencial e eficiência na reciclagem de nutrientes. Existe um aumento amplamente aceito de que estratégias de baixo custo não têm muita relevância na agricultura moderna, mesmo em áreas recentemente colonizadas. Este argumento foi desenvolvido num clima de investimentos subsidiados ou com outros tipos de incentivo à produção,em áreas bastante favorecidas em termos de infra-estrutura e com pronta disponibilidade de calcário e fertilizantes. Precisa ser lembrado, no entanto, que em muitas áreas de cerrados dos trópicos isto não acontece e que a grande quantidade de subsídios oferecida para alguns fazendeiros no passado recente foi altamente específica em termos de 10 países e regiões, e que provavelmente, não deverá ocorrer novamente nos trópicos (MARSHALL, 1969). Na realidade, existem poucas desvantagens no uso de pastagens consorciadas. Algumas delas estão claramente relacionadas com a falta de experiência com sistemas mais complexos que o de pastagens puras de gramíneas. Este problema, com o tempo e com mais experiência com pastagens consorciadas, tenderá a desaparecer. As desvantagens são: � Estabelecimento mais difícil que o de pastagens puras; � A pastagem consorciada é mais dinâmica e menos predizível e, portanto, de maior dificuldade de manejo que pastagens de gramíneas; � Menor potencial de produção de forragem por unidade de área que pastagens de gramíneas adubadas com altas taxas de nitrogênio; � A fixação de maiores quantidades de nitrogênio pela pastagem consorciada poderá contribuir para acidificação do solo. Se isso acontecer, será um problema sério ao longo do tempo, principalmente em solos altamente intemperizados do trópico úmido. A produção animal em grande parte das regiões tropicais é limitada, principalmente, pela variação de qualidade de forragem em oferta ao longo do ano. Essa qualidade é reflexo da concentração de produção no período chuvoso, associada com a capacidade da produção dos solos e manejo das pastagens, levando à pequena oferta ou grande oferta de forragem, porém de baixa qualidade nos períodos críticos do ano. Esse desenvolvimento está intrinsicamente relacionado à maturação das gramíneas que reduzem a produção de carboidratos solúveis, proteínas, minerais e outros conteúdos celulares e incrementam as frações indigestíveis. A aplicação de fontes nitrogenadas (N) na pastagem supera, em parte, os problemas quantitativos, mas pouco altera os parâmetros qualitativos da forragem nos períodos de estiagem, conduzindo a um aumento da capacidade de suporte das pastagens, afetando muito pouco o ganho animal (EMBRAPA, 1978). A adoção de fontes de N mineral em pastagens apresenta restrições em função do custo do insumo e o valor do produto comercializado. Para as atividades de terminação de bovinos de corte ou produção intensiva de leite a pasto, a literatura comprova sistematicamente as vantagens da sua aplicação (CORSI, 1986). Entretanto, em regiões de clima seco ou em áreas de baixo potencial de produção de forragem o uso de leguminosas como fonte de produção de forragem de qualidade é reconhecido como mais adequado que a aplicação de N (HUMPHREYS, 1978). Em síntese, a questão da aplicação de fontes N ou uso de leguminosas reside, basicamente, no tipo de exploração pecuária (carne ou leite), na fase e intensidade da exploração (cria, recria ou 11 engorda), nos problemas de ordem econômica e na manutenção da consorciação por período razoável (NASCIMENTO. 1986). Sempre existirão situações em que as vantagens penderão para uma das alternativas, a ponto de serem complementares, por questões estratégicas e de manejo. Em sistemas menos intensivos, a utilização da leguminosa forrageira tem se refletido de forma definitiva no incremento da produtividade, tanto em pastagens nativas como cultivadas. O aumento da produtividade alcançado pela leguminosa passa pela capacidade de fixação simbiótica de nitrogênio e sua reciclagem, bem como, na melhoria da dieta animal. A capacidade de fornecimento de nitrogênio promovido pelas leguminosas, segundo dados compilados por Carvalho (1986), varia de 40 a 290 kg/ha/ano, sendo que, na sua grande maioria, situa-se entre 70 e 140 kg/ha/ano, dos quais somente cerca de 15 a 20% são, de fato, transferidos para as gramíneas associadas. A maioria do N reciclado em pastagens é fruto do retorno ao solo de partes de plantas e dejetos animais. WHITNEY; KANEHIRO (1987) constataram que a queda de folhas de leguminosas foi a fonte mais importante de transferência de nitrogênio em pastagens. A capacidade de produção de massa vegetal da leguminosa é, portanto, de grande importância para que, de fato, haja um incremento de nitrogênio no sistema. Para tanto, as leguminosas precisam estar em condições ambientais favoráveis e sistemas de utilização que possibilitem o acúmulo de forragem. Com base nos trabalhos de JONES (1982) e MILLER; VANDERLIST (1977), a seguinte relação pode ser estabelecida: para cada 28-30 kg de matéria seca (MS) produzida pela leguminosa, 1,0 kg de nitrogênio é adicionado na pastagem (CARVALHO, 1986). No período de chuvas, pode-se observar um consumo de leguminosa, não muito alto. Entretanto, no período da seca, ocorre um incremento significativo da leguminosa na dieta. Os dados obtidos são muitos coerentes com a composição botânica da pastagem e com o desempenho animal obtido por Leite et al. (1992), (Tabela 1). 12 Tabela 1 - Capacidade comparativa da produtividade animal de diferentes pastagens puras e consorciadas com leguminosas. ESPÉCIES PRODUTIVIDADE kg/ha/ano REFERÊNCIA E LOCAL Pasto nativo Pasto nativo + Stylosanthes humilis 24-62 93-148 Shaw & t’Mannetje, 1973 Quinsland-Autrália Pasto nativo Pasto nativo + guianensis + Leucaena 14 36 Zoby et al.,1991 Brasília Pangola Pangola + Ceestrosema pubescens 439 410 Aronovich et al., 1970 Rio de Janeiro Brachiaria decumbens Brachiaria decumbens + Cajanus cajan* 50 144 Seifert & Tiago, 1983 Mato Grosso do Sul Colonião Colonião+Soja perene+Sirato+C.pubescens 117 561 Andrade & Campos, 1979 Minas Gerais Colonião Colonião+Soja perene+ Sirato+C.pubescens 289 370 Favoreto et al.,1983 São Paulo Andropogon gayanus Andropogon gayanus+ P.phaseoloides 248 301 CIAT,1981 Carimagua – Colômbia B.decumbens B.decumbens+P.phaseoloides 216 308 CIAT,1985 Carimagua – Colômbia B.decumbens B.decumbens+Calopogonium 343 418 Zimmer et al.,** Mato Grosso do Sul Andropogon gayanus Andropogon gayanus+Stylosanthes spp. 195 231 Leite et al., 1992 Brasília Dados obtidos em banco de proteína. ** Dados não publicados e citados por Euclides et al.(1989). Fonte: Dados adaptados por Leite et al. (1992). Essas constatações permitem inferir sobre a importância da aceitabilidade da leguminosa por animais. A seleção de leguminosas forrageiras de alto consumo, durante o período de condições ótimas para crescimento, fatalmente prejudicará o fornecimento de nitrogênio ao sistema solo-planta e a dieta animal no período crítico. Portanto, espécies menos consumidas no período das chuvas ganhariam capacidade de competição com a gramínea e beneficiaríam, de forma mais intensa, o sistema. Sem dúvida, essa afirmação não é totalmente verdadeira, pois devemos considerar a capacidade de fixação simbiótica diferenciada entre as espécies. Entretanto, a combinação desses dois parâmetros poderá conduzir a significativos incrementos na produtividade das pastagens. Uma evidência nesse sentido são as pastagens consorciadas com Calopogônio. Esta leguminosa apresenta pequena aceitação pelos animais durante o período de máximo crescimento da gramínea, permitindo, com isso, o acúmulo de biomassa, reprodução e persistência da leguminosa na pastagem. A interferência da leguminosa, na qualidade da dieta animal e, em especial, da proteína ofertada aos animais, condicionou, em parte, os resultados do desempenho e da produtividade animal nos inúmeros trabalhos citados na bibliografia (Tabela 1). Afortunadamente, as 13 leguminosasapresentam, via de regra, um valor nutritivo mais elevado e a perda da qualidade no tempo é menos acentuada que em gramíneas. �Atividade suplementar do módulo: 1. Complete as seguintes afirmativas : a) A adoção prática e rotineira do uso das leguminosas como fonte exclusiva e consorciada na dieta animal teve como principal entrave ......................; b) O insucesso da persistência das leguminosas em pastos consorciados deveu-se a fatores como: .........................; 2. A contribuição das leguminosas nas pastagens se deve a quais atributos? E quando esses são realmente marcantes na qualidade das pastagens? Contribuição científica (exemplo): Em trabalhos desenvolvidos no cerrado (CADISCH et al., 1993) através da utilização de 15N, a produção de forragem e liteira (material morto sobre o solo) determinaram os benefícios promovidos pela mistura das leguminosas Stylosanthes guianensis cv. Bandeirante, S. macrocephata cv. Pioneiro e S. capitata consorciada com Andropogon gayanus após quatro anos sob pastejo, quanto à fixação de N2. O aumento de nitrogênio na pastagem consorciada, comparada com a pastagem pura, foi de 67 a 117 kg/ha. Esse elemento foi responsável pelo incremento de 26% de nitrogênio na forragem da gramínea, quando em consórcio. Nesse mesmo ensaio, foi avaliada relação 13C : C12 que possibilita a diferenciação das cadeias de carbono provenientes de gramíneas e leguminosas (LUDLOW, et al., 1976). A análise dos padrões obtidos por amostras de A. gayanus e Stylosanthes guianensis, colhidas na pastagem, possibilita identificar com clareza os dois componentes. À medida que um dos componentes, gramínea ou leguminosa, passa a participar em maior proporção da dieta animal, constata-se a aproximação do valor de 13C em relação ao padrão. 14 CAPÍTULO 3 - IMPLANTAÇÃO E CONDUÇÃO DE SISTEMAS CONSORCIADOS Este capítulo discutirá a importância das leguminosas na transferência de nutrientes para as gramíneas, quando em consórcio, além de esclarecer como esse processo é feito e quais as suas dimensões no atendimento nutricional às gramíneas. Abordará também, as vantagens da inoculação dentro das especificidades de cada grupo de leguminosas, antes de se realizar o plantio. 3.1 - Transferência do nitrogênio (N) para as gramíneas em consórcio: A baixa fertilidade natural dos solos, entre outros, é o principal fator limitante da produtividade e sustentabilidade das pastagens tropicais. Estima-se que, somente na região do cerrado brasileiro, 24 dos 50 milhões de ha de pastagens cultivadas encontram-se em diferentes estágios de degradação (MACEDO, 1995), em decorrência, principalmente, da baixa disponibilidade de fósforo e de nitrogênio (OLIVEIRA et al., 1996). Enquanto o fósforo é fundamental para o estabelecimento das pastagens nos solos tropicais, o nitrogênio é indispensável para a manutenção da produção da forrageira. No entanto, as condições ambientais e o próprio manejo das pastagens comprometem a reserva e a disponibilidade natural do N nestes solos. As condições climáticas intensificam a mineralização da matéria orgânica expondo o N à imobilização e à perda por lixiviação, volatilização e denitrificação. Práticas como calagem e fertilização fosfatada, adotadas com mais freqüência, aumentam a demanda de N pela forrageira e intensificam a mineralização da matéria orgânica (MO) por criarem condições mais favoráveis à atividade microbiana. Considerando que estas práticas raramente são associadas à fertilização nitrogenada, elas contribuem, portanto, para o esgotamento da reserva natural de N. Adicionalmente, o próprio manejo também pode contribuir para acentuar a deficiência de N. O subpastejo, por um lado, proporciona aumento de MS sobre a forragem e acúmulo de resíduos orgânicos com alta relação C:N, o que favorece a imobilização de grande quantidade de N, mantendo-o indisponível (ROBBINS et al., 1989). Em contraposição, o superpastejo, além de comprometer fisiologicamente a forrageira, potencializa a exportação e as perdas do nitrogênio, inclusive por erosão, devido a uma maior exposição do solo. A fertilização nitrogenada nas pastagens tropicais é pouco difundida, por ser, via de regra, economicamente inviável em razão do elevado custo dos fertilizantes nitrogenados, da baixa 15 eficiência da adubação nitrogenada e, ainda, do caráter extensivo da exploração das pastagens. Diante dessa situação, as leguminosas forrageiras, por causa da capacidade de fixação biológica do N atmosférico, constituem uma fonte alternativa de N (DÖBEREINER, 1998; BODDEY et al., 1997; GILLER; CADISCH, 1995; THOMAS, 1992). A fixação biológica de nitrogênio pelas leguminosas, por meio da simbiose com as bactérias do gênero Rhizobium, usada apropriadamente, tem o potencial de contribuir significativamente para a sustentabilidade na produção de alimentos pela agricultura familiar nos países de terceiro mundo. Isso permitiria minimizar as limitações que eles enfrentam em solos tropicais deficientes desse elemento. Existe também a oportunidade de reduzir a dependência dos países em desenvolvimento de fertilizantes nitrogenados (VALENTIM, 1987). Pode-se inferir que as leguminosas abrigam as bactérias em suas raízes e as alimenta com fontes de carboidratos, em contrapartida elas separam as moléculas de nitrogênio (N2 � N livre) disponibilizando o elemento para a planta. Esta, por sua vez, transformam-no em proteína, depositando-a em suas folhas e grãos. A importância das leguminosas na agricultura, como cultura forrageira e como componente em ecossistemas de pastagens nativas, depende da sua capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico (BOGDAN, 1977). O uso de leguminosas é o meio mais econômico de introduzir nitrogênio nas pastagens. Isso é essencial naqueles sistemas de produção animal em que os retornos econômicos não são suficientes para justificar o uso de fertilizantes (VALENTIM, 1985). O nitrogênio fixado biologicamente pode contribuir direta ou indiretamente para a produção final da pastagem. Diretamente, melhora a qualidade da dieta animal, o que se verifica com leguminosas de alta palatabilidade, característica comum entre as leguminosas temperadas e entre algumas tropicais (CIAT, 1990). Indiretamente, a contribuição se dá através da transferência do N para a gramínea associada, refletindo em melhoria de atributos forrageiros, como teor de proteínas (Tabela 2 e 3), e maior capacidade produtiva, o que se traduz por maior capacidade de suporte, componente fundamental da produtividade em pastagens manejadas extensivamente. Desse modo, o conhecimento dos mecanismos de transferência do N é fundamental para maximizar a reciclagem do N fixado pela leguminosa e, em condições específicas, para minimizar as perdas do N, reduzindo o potencial de contaminação dos lençóis freáticos. Tabela 2 - Potencial de fixação biológica de nitrogênio de algumas leguminosas forrageiras de climas tropical e temperado. 16 Espécies kg/ha de N fixado Tropicais 1 Calopogonium mucunoides 64 – 182 (110) Centrosema pubescens 67 –280 (130) Desmodium intortun 103 – 380 (240) Desmodium ovalifolium 25 – 110 (60) Macroptilium atropurpureum 97 – 167 (85) Pueraria phaseoloides (115) Stylosanthes guianensis 7 – 47 (40) Temperadas 2 Trifolium repens 13 – 342 (128) Trifolium pratensis 15 –0 373 (128) Medicago sativa 104 – 319 (180) Números entre parênteses representam valores médios. Adaptado de 1Giller e Cadish (1995) e 2Ledgard e Steele (1992). Tabela 3 - Efeito da fertilização nitrogenada e da consorciação com leguminosa sobre os teores de proteína bruta total e folhagem verde de gramíneas forrageiras tropicais. Pastagem Folhagem total Folhagem verde Brachiaria.Decumbens + 90 Kg/ha/ano de N (1) 56,2 73,1 B. decumbens + Pueraria phaseoloides (1) 71,3 97,5 Brachiaria humidicola (2) 61.2 76,9 B. humidicola + Desmodium ovalifolium (2) 68,8 90,0 B. humidicola + Pueraria phaseoloides (2) 76,9 96,3 (1) Pereira et al.(1991); Pereira (1991). A transferência de nitrogênio em pastagens consorciadas é um processo importante, porque representa o movimento de N das leguminosas para as gramíneas associadas (WAHUA; MILLER, 1978). A inclusão de uma leguminosa em consorciação, geralmente, mas não invariavelmente, aumenta a absorção de N pela gramínea. Existem vários processos pelos quais as leguminosas e gramíneas em consorciação podem obter o nitrogênio de que necessitam para o seu crescimento. As leguminosas obtêm o N do solo e da atmosfera, neste caso, por meio da fixação simbiótica. As gramíneas obtêm o N do solo e das leguminosas associadas (VALLIS et al., 1967, 1977). A importância das leguminosas tropicais nos sistemas de produção pecuários está no seu uso em pastagens consorciadas, onde as gramíneas geralmente são responsáveis pela maior parte da produção de forragem, enquanto as leguminosas aumentam a quantidade e melhoram a 17 qualidade da forragem produzida. O aumento da produtividade deve-se parcialmente, aos diferentes graus de utilização dos nutrientes do solo pelas duas espécies de plantas e, também, à fixação de nitrogênio pelas leguminosas. A qualidade da forragem aumenta devido ao nível elevado de proteína das leguminosas, enquanto a sua concentração nas gramíneas é mais baixa, especialmente nos intervalos de crescimento mais longos entre períodos de pastejo (BOGDAN, 1977). A transferência de N da leguminosa para a gramínea em associação pode ocorrer por meio de diversos processos: 1) exudação direta de nitrogênio solúvel das raízes das leguminosas; 2) senescência e decomposição de raízes e nódulos; 3) lixiviação de N das folhas; 4) decomposição de folhas e ramos; 5) excrementos dos animais em pastejo (BURTON et al., 1983; T’ MANNETJE, 1997; VALLIS et al., 1967, 1977). Em termos relativos, observa-se na Tabela 4 que de 1 a 50% do N acumulado na gramínea origina-se da fixação biológica pela leguminosa, o que representa de 3 a 49% do N fixado. O maior percentual de transferência obtido por Ledgard (1991) com a consorciação trevo-branco – azevém sob pastejo ressalta a importância da presença do animal para a transferência do N, o que será discutido no decorrer deste trabalho. Com base nos valores mais freqüentes na Tabela 4, estima-se que, em média, 30% do N contido na biomassa da gramínea são derivados da leguminosa associada. Considerando-se o acúmulo de 169 kg/ha/ano de N em Brachiaria decumbens (CADISCH et al., 1995) E 196 kg/ha/ano em Brachiaria humidicola, essa transferência pode significar 50 e 60 kg/ha/ano de N, respectivamente, que têm importante significado biológico e econômico para a produtividade das pastagens. Biologicamente, pode representar melhor sincronismo entre o fornecimento e a demanda de N pela gramínea, e, economicamente, corresponde a uma significativa fertilização nitrogenada, a custo zero. Os estudos conduzidos com leguminosas e gramíneas intimamente consorciadas, em vaso ou em parcelas e em curtos períodos de crescimento (TA & FARIS, 1987; VIERA-VARGAS, et al., 1995; RAO & GILLER, 1993), sugerem que ocorre transferência direta do N da leguminosa para a gramínea por mecanismos que operam em curto tempo e a pequenas distâncias. Há evidências de que esta transferência ocorra por meio de produtos nitrogenados excretados pelas raízes, por fluxo de N através de hifas de micorrizas, que interconectam as raízes das duas espécies e por reabsorção do N volatilizado ou lixiviado da folhagem da leguminosa. Tabela 4 - Estimativas do N fixado por leguminosas, transferido para gramíneas associadas, estimadas pela técnica da diluição isotópica ou da diferença do N total. 18 N transferido Leguminosa N Fixado massa %n %n fixado gramínea Referências Kg/ha/ano Medicago sativa 93 – 258 3 - 27 7 37 Burity et al., (1989)1 51 – 172 7 – 13 10 22 Ta & Faris (1987)1 114 – 282 3 – 5 2 8 Hardarson et al.(1998)1 Trifolium repens 83 – 283 11 – 52 21 38 Boller & Nosberger (1987)1 224 – 291 133 49 50 Ledgard (1991)2 Trifolium pratense 49 – 373 14 – 22 23 39 Boller & Nosberger (1987)1 g/m Centrosema híbrida 11 5 44 44 Viera-Vargas et al., (1995)3 Galactia striada 8,6 2,6 30 30 Desmodium ovalifolium 4,3 1,8 42 41 g/planta Clitoria ternatea 7 – 11 1,5 – 3,6 20 – 33 20 - 37 Oliveira et al., (1996)4 Pueraria phaseoloides 11 – 18 1,2 7 – 11 16 – 21 Calopogonium mucunoides 15 – 16 1,2 – 2,8 8 – 17 13 – 34 Stylosanthes humilis 9 – 12 1,0 – 1,5 11 – 12 16 – 23 Kg/ha/ano Centrosema pubescens 95 43 13 45 Gonçalves & Costa (1994)5 Desmodium ovalifolium 154 8,6 6 3 Stylosanthes guianensis 109 2,8 3 1,1 Stylosanthes capitata 74 –143 35 - 46 25 – 62 11 – 14 Pueraria phaseoloides 117 22 18 8 Zornia Latifolia 63 11 18 4 1/ Avaliações em parcelas, sob corte por um ano, empregando a técnica de diluição isotópica; 2/ Avaliações por um ano em pastagem pastejada com vacas leiteiras, empregando a técncia da diluição isotópica; 3/ Avaliações em parcela, sob corte por 97 dias, empregando a técnica de diluição isotópica; 4/ Avaliações em vaso sob casa de vegetação por 224 dias, empregando diluição isotópica; 5/ Avaliações em parcelas, sob corte por dois anos, empregando a técnica da diferença do N total acumulado na parte aérea. Apesar das evidências, o significado quantitativo da excreção do N é questionável, considerando que menos de 1,5% do N no solo que circunda as raízes (rizosfera) e os nódulos (nodosfera) é proveniente da fixação biológica (LORY et al., 1992; RUSSELLE et al., 1994). Utilizando um modelo experimental totalmente controlado, em que a alfafa foi submetida à atmosfera com 15N2 (RUSSELLE et al., 1994) estimaram uma excreção eqüivalente a apenas 1,2 kg/ha de N, para rizosfera e nodosfera. Tal estimativa concorda com outras verificadas em meio estéril, sendo suficiente para concluir que a quantidade de N perdida das raízes e dos nódulos vivos não seria suficiente para explicar a elevação do teor de N no solo durante o crescimento das leguminosas, que pode atingir de 50 a 150 kg/ha/ano de N (LEDGARD, 1991; RUSSELLE et al., 1994) e mesmo os efeitos sobre a gramínea associada (Tabela 3). Além disso, é pouco provável que o volume de solo da rizosfera e nodosfera da leguminosa, explorado pelas raízes da gramínea, seja suficiente para assegurar as taxas de transferências verificadas. A transferência do N pelas micorrizas, que interconectam o sistema radicular das espécies consorciadas fundamenta-se no aumento no fluxo de 15N de trevo-branco para azevém 19 (HAYSTEAAD et al., 1998) e de soja para milho (HAMEL et al., 1992), em função da micorrização. No entanto, há constatações mais recentes de que a micorrização não afetou a transferência de N de alfafa (M. sativa) para “bromegrass” (Bromus inermis) e capim Timóteo (Pheum pratense) (Hamel et al., 1992). Apesar das evidências, a contribuição quantitativa desse mecanismo de transferência direta, a exemplo da excreção radicular, deve ser inexpressiva. Uma proporção significativa do N transferida da leguminosa para a gramínea processa-se indiretamente por mecanismos de reciclagem, que ocorrem subterraneamente, pela senescência de raízes e nódulos, e superficialmente, pelas fezes e urina dos animais e resíduos vegetais (liteira). Os fluxos e as quantidades de N transferido do trevo-brancopara azevém, em uma pastagem manejada intensivamente com vacas leiteiras, são apresentados na Figura 1 (LEDGARD, 1991). Estimou-se a transferência de 133 kg/ha/ano de N do trevo para o azevém, o que representa metade do N fixado pela leguminosa. Desse total, a transferência de 70 kg/ha/ano (mais de 50%) foi atribuída à reciclagem subterrânea do N contido em nódulos e raízes senescentes, o que correspondeu a 26% do N acumulado pelo azevém. A contribuição efetiva desta transferência depende da intensidade de renovação de raízes e nódulos, da remobilização interna do N contido nas massas radicular e nodular e da velocidade de decomposição desses tecidos quando senescem. A quantidade e a distribuição das excreções são função direta da intensidade de utilização da pastagem. Em pastagem de B. decumbens, sob pastejo rotacional com sete dias de ocupação e 21 de descanso, com um e dois animais por hectare, no final de um ano observam-se 5 a 13% da área coberta por alguma excreção animal (CIAT, 1990). Tais considerações justificam as estimativas obtidas por Ledgard (1991) com a consorciação trevo-branco – azevém, intensamente pastejada com vacas leiteiras (Figura 1). Sob essas condições, estimou-se que quase 50% do N transferido, ou seja, 63 kg/ha/ano, processaram-se através de reciclagem superficial atribuída a fezes e urina, o que correspondeu a 25% do N acumulado pela gramínea (Figura 1). 20 Figura 1. Fluxos de transparência do nitrogênio em uma pastagem consorciada de Lolium perene – trifolium repens, expressos em kg/ha/ano. Adaptado de LEDGARD (1991). Em pastagens tropicais, onde predominam sistemas extensivos e utilizam-se leguminosas com pobre nodulação e sistema radicular de decomposição mais lenta após a senescência, é possível que a reciclagem subterrânea seja de menor importância para a transferência do N. Em face à velocidade de decomposição e da possibilidade de imobilização líquida de N, espera-se que o efeito dessa via de transferência do N ocorra à longo prazo. O fato de o N presente nas fezes e, principalmente, na urina (transferência superficial) estar em formas mais prontamente disponíveis contribui para atribuir-lhes grande importância na reciclagem e na transferência de N. No entanto, a contribuição relativa das excreções animais para a transferência do N depende do consumo da leguminosa pelo animal, da quantidade de excreções, da área efetivamente coberta e da uniformidade de distribuição. Assim, a proporção entre o N que recicla através das excreções e da liteira depende da intensidade de utilização da pastagem (THOMAS, 1992). Em pastagens sob intensa utilização e que empregam leguminosas mais palatáveis, o fluxo através do animal é maior. Nas pastagens tropicais, em que a utilização da forragem disponível é inferior a 40% e cultivam-se leguminosas de menor palatabilidade, uma maior proporção do N recicla através dos resíduos vegetais. Nestas condições a reciclagem da liteira terá, seguramente, maior significado para a transferência do N. 21 O consumo depende da participação da leguminosa na forragem disponível e, principalmente, da palatabilidade. Com respeito a este atributo, as leguminosas temperadas são, via de regra, mais palatáveis do que as tropicais. As leguminosas que apresentam nódulos de crescimento determinado estão sujeitas a maior taxa de renovação da massa nodular e, portanto, maior potencial de transferência de N do que aquelas cujos nódulos são de crescimento indeterminado (DUBACH; RUSSELLE, 1994; LORY et al., 1992). Com base nessas características, Dubach & Russelle (1994) estimaram que a senescência dos nódulos de Lolitus corniculatus (pé-de-pássaro) e de alfafa, que são de crescimento determinado e indeterminado, respectivamente, liberou 6,2 e 1,6 kg/ha de N fixado biologicamente, considerando-se a camada de 30 cm de solo. Para essas leguminosas o estresse causado pela defoliação pode intensificar a senescência e contribuir para maior reciclagem de N. Em nódulos de crescimento indeterminado, no entanto, a condição de estresse provoca queda na população de bacteróides nos nódulos, que se recompõe tão logo ela seja superada (LORY et al., 1992). Nestes nódulos há maior remobilização do N, constatada pela queda nos teores de N nos nódulos senescentes, como verificado em alfafa (DUBACH & RUSSELLE, 1994). A renovação radicular é uma característica inerente à espécie, mas também relacionada com o estresse ao qual a planta for submetida. Lory et al. (1992), por exemplo, verificaram que alfafa renova a massa radicular em poucas semanas, justificando a maior transferência de N pela senescência radicular (13 kg/ha do N fixado) do que pelos nódulos (2,0 kg/ha) verificada por Dubach & Russelle (1994). A defoliação causada pelo pastejo é um fator que, seguramente, intensifica a renovação, embora seja um aspecto ainda pouco estudado. Entretanto, além da capacidade de renovação, a dinâmica de decomposição do tecido radicular é fundamental, para a transferência de N e depende de características qualitativas do material, como a relação C : N e os teores de lignina e polifenóis. Estudos utilizando material radicular enriquecido em 15N demonstram que a decomposição é lenta, estimando-se que apenas 30% do N é recuperado no período de um ano. Urquiaga et al. (1997), comparando a cinética de decomposição de raízes das leguminosas Stylosanthes guianensis e Centosema brasilianum com a das gramíneas Andropogon gayanus e Brachiaria decumbens verificaram que, apesar de as leguminosas apresentarem relação C : N mais estreita, elas ocasionaram imobilização líquida de N inorgânico durante um período de 120 dias de avaliação. Nos primeiros 40 dias, a imobilização pelas raízes de leguminosas foi mais intensa do que pelas de gramíneas, com relação C : N mais ampla, o que foi atribuído a maior quantidade de carbono facilmente decomponível. O efeito da leguminosa sobre a dinâmica de N é demonstrado comparando-se as variações nos componentes do N no solo, medidos nas pastagens de B. humidicola, em monocultivo e 22 consorciado com D. ovalifolium, sob a lotação de 2 animais/ha, que favoreceu maior proporção de leguminosa. Em princípio, os teores totais de N, ou seja, a reserva orgânica, não foi afetada pelo efeito acumulado pela leguminosa durante oito anos. No entanto, componentes mais dinâmicos, como a taxa de mineralização e os teores de formas inorgânicas de N, refletem melhor o efeito da leguminosa. Na camada superficial que recebe influência direta da liteira, a mineralização foi três vezes mais intensa na pastagem consorciada. Nas camadas interiores, tal diferença foi menor, ressaltando, para essas condições, a importância da liteira depositada superficialmente para a ciclagem do N e, conseqüentemente, para a transferência do N fixado para a gramínea. Por conseguinte, os teores de N inorgânico tenderam ser mais elevados na pastagem consorciada, além de apresentarem maior proporção de N na forma nítrica, refletindo em maior disponibilidade de N. Em síntese, observou-se que o Desmodium contribuiu para uma maior dinâmica do N, o que foi caracterizado por uma redução do tempo de reciclagem (turnover time) do N de 127 dias na pastagem de Brachiaria em monocultivo, para 28 dias na consorciação. Tais resultados, reforçam a importância dos resíduos vegetais para a transferência do N fixado pela leguminosa para a gramínea, em pastagens consorciadas manejadas extensivamente. Os mecanismos de transferência de N da leguminosa para a gramínea não são totalmente compreendidos, sobretudo para as consorciações tropicais, requerendo, portanto, mais estudos. No entanto, é evidente que, sob o aspecto da sustentabilidade das pastagens, a reciclagem de resíduos terá uma contribuição mais efetiva para a transferência indireta no N. A importânciarelativa a via de reciclagem dependerá das características inerentes às espécies consorciadas, principalmente da leguminosa e do sistema de utilização das pastagens. A reciclagem e a transferência do N por meio dos resíduos vegetais, serão mais significativas nos sistemas de exploração extensiva das pastagens tropicais. Neste sentido, a baixa palatabilidade das leguminosas tropicais é uma característica que pode favorecer à persistência da consorciação, proporcionando um aporte de N contínuo e sincronizado com a demanda da gramínea. 3.2 - Implantação e/ou plantio das leguminosas por meio de sementes: Alguns procedimentos devem ser feitos para alcançar sucesso no plantio de leguminosas. A escarificação é um dos principais e consiste numa técnica para melhorar a germinação das sementes. É mais usada para sementes de leguminosas que apresentam dificuldade para absorver umidade e, portanto, germinarem mais rapidamente. 23 A inoculação consiste em adicionar às sementes de leguminosas bactérias que, em contato com as raízes, desenvolvem nódulos, os quais promovem a fixação no solo de nitrogênio do ar. Este mecanismo evita que a leguminosa retire todo o N do que necessita diretamente do solo, o que resulta em menor perda desse elemento. Para um grande número de leguminosas, só a escarificação garante boa percentagem de germinação. As sementes dessas leguminosas apresentam o fenômeno de dormência. Dormência pode ser definida como qualquer condição que impeça a germinação, uma vez satisfeitas as exigências de umidade, temperatura e oxigênio. Existem duas categorias de dormência: a induzida por envoltórios duros ou impermeáveis e a do embrião ou dormência fisiológica. Para Chesson (1983), no entanto, há dormência apenas do embrião, as demais formas de resistência à germinação são causas de inibições. As sementes que apresentam dormência fisiológica só germinam depois da maturação do embrião (transformações bioquímicas, que as tornam aptas para germinarem). Nos climas temperados, as sementes ficam em dormência no período que precede o inverno. Essa dormência é necessária para a sobrevivência da espécie. Nas gramíneas, a dormência está ligada, principalmente, a envoltórios que impedem a absorção de oxigênio e, possivelmente, a eliminação de CO2, enquanto que, nas leguminosas, a dificuldade em germinar é causada por envoltório pouco permeável à penetração de água para o interior da semente. Escarificação é a técnica que visa a quebrar ou a enfraquecer o tegumento das sementes, tornado-o mais permeável à umidade. Essa quebra de resistência se obtém mediante ranhuras ou soluções de continuidade do envoltório ou tegumento, sem quebrar a semente. Sementes quebradas não prestam para o plantio. O processo de escarificação pode ser biológico, físico ou mecânico e químico: - o biológico consiste na utilização dos próprios animais para tornarem as sementes mais permeáveis. É o que ocorre com as sementes ao passarem através do trato digestivo dos animais. Admite-se que aí elas sofram o ataque das substâncias da digestão e, ao serem eliminadas nas fezes, germinam melhor que as sementes sem nenhum tratamento. Esta prática pode ser utilizada quando se dispõe de sementes baratas e se deseja aumentar a população de leguminosas em alguma pastagem, sem despesas com semeadura. É mais um método empírico do que um processo de escarificação, propriamente dito; - o físico ou mecânico consiste em arranhar a semente por atritamento, utilizando-se para tal fim lixas, areia grossa e máquinas ou, ainda, quebrar a dureza do tegumento com imersão em água quente. A escarificação com lixa consiste em esfregar contra uma superfície áspera. A lixa (lixa fina para madeira) deve ser presa numa desempenadeira de pedreiro, para facilitar o 24 manuseio. Um leve arranhão no tegumento é suficiente para torná-lo mais permeável. Portanto, deve-se evitar a quebra das sementes esfregando-as com cuidado. É um método eficiente para pequenas quantidades de sementes. A escarificação com areia se consegue, quer colocando-se areia e sementes num saco e fazendo uma bateção ou, ainda, pela utilização de um tambor giratório, no interior do qual se coloca a mistura de sementes e areia. Não é necessário separar a areia da semente para plantio. A escarificação com água quente é feita respeitando as diferenças entre espécies. Assim, nas sementes de Centrosema deve-se derramar água fervente e deixar por uns minutos, ou até a água esfriar; nas sementes de Lotononis a temperatura da água deve estar entre 50-600C, por 5 minutos; sementes de Leucaena, usar água a 800C, por 4 minutos; nas sementes de Estilosantes colocar água a 600C e deixar por cinco minutos. Normalmente a água fria não dá bons resultados. Existem máquinas, por meio das quais as sementes são atritadas por cilindros giratórios, são as chamadas “máquinas de escarificar”. O rendimento dessas máquinas é muito bom e sempre devem ser usadas quando a quantidade de sementes a escarificar for grande. Talvez seja mais viável comprar as sementes já escarificadas. Muitas firmas, que comercializam sementes de forrageiras já as vendem escarificadas; - No processo químico são usadas substâncias químicas como, por exemplo, ácido sulfúrico (H2SO4), álcool etílico, éter, acetona e soda cáustica, que são bons agentes de escarificação. Assim, sementes de Leucaena tratadas com H2SO4, tiveram sua percentagem de germinação aumentada de 15 para 90%. Apesar da eficiência e da rapidez da escarificação – um a três minutos – com H2SO4 concentrado, por exemplo, a utilização de substâncias químicas, em geral, é de pouca validade prática. A manipulação destas substâncias exige cuidados especiais e os outros métodos são de mais fácil adoção. Leguminosas de “casca dura” são as que precisam ser escarificadas: soja-perene, siratro, jetirana, cudzu-tropical, Stylosanthes guyanensis, Lotononis, Desmodium, Leucaena, Galactia, Calopogônio. Aquelas que não precisam ser escarificadas são: soja anual, labe-labe, mucuna preta, Stylosanthes humilis, guandú, cunhã, feijão-de-porco. As vantagens da escarificação são: uniformização da germinação (sementes escarificadas germinam mais ou menos na mesma época); menor gasto de sementes; germinação mais rápida; garantia de obtenção da população de leguminosa desejada. As desvantagens da escarificação resumem-se no custo da operação; na quebra de sementes (nos processos mecânicos); na perda parcial e até total da população de plantas, caso ocorra seca prolongada após a germinação ou ataque de pragas e doenças; as sementes escarificadas não devem ser guardadas por período muito longo, caso não sejam plantadas. 25 Ainda que fixando menos que as leguminosas de clima temperado, a possibilidade de fixação no N atmosférico pelas leguminosas tropicais é um aspecto que não pode ser negligenciado pelo criador, considerando os altos custos de adubos nitrogenados. Por exemplo, uma cultura de soja-perene, incorporando de 70 a 150 kg de N atmosférico/ha/ano, equivaleria a uma adubação de 350 a 750 kg de nitrocálcio (20% de N). Em média, recomenda-se, para as pastagens puras de gramíneas, uma adubação à base de 100 kg de N/ha (500 kg de nitrocálcio), que deve ser repetida anualmente. Acredita-se que a inoculação, por ser uma prática simples e de baixo custo, deveria ser uma rotina nas fazendas, todas as vezes que se planejasse a formação de pastagens com leguminosas puras ou consorciadas. A inoculação se faz misturando o inoculante às sementes da leguminosa que se deseja inocular. O inoculante é um produto comercial e nada mais é que uma mistura de bactérias do gênero Rhizobium com algum material inerte, geralmente turfa (terra escura rica em matéria orgânica). Um inoculante, às vezes, não se presta para inocular indistintamente qualquer espécie deleguminosa para determinadas raças ou estirpes de Rhizobium. É o que se denomina especificidade da leguminosa, ou seja, certas leguminosas só nodulam quando entram em contato com um grupo determinado de Rhizobium. Daí ter-se diversos “grupos de especificidade”, a saber: Grupo de “cow-pea” (Vigna sinensis – feijão-miúdo), no qual estão incluídas as leguminosas chamadas “promíscuas”, tal a facilidade com que se inoculam com diversas raças de Rhizobium, as quais podem ocorrer, espontaneamente, numa região qualquer. Pertencem a esse grupo: soja-perene, siratro, cudzu-tropical, calopogônio, Vigna, Stylkosanthes humilis¸ mucuna-preta, labe-labe, guandu, alguns desmódios e outras; Grupo do Stylosanthes guyanensis; Grupo da Centrosena; Grupo do Desmondium; Grupo do Lotononis; Grupo da alfafa; Grupo da soja anual. Com exceção do grupo I, as leguminosas pertencentes aos demais grupos são específicas quanto ao tipo de Rhizobium e só nodulam se inoculadas com rizóbios do grupo a que pertencem. A soja-perene, apesar de estar incluída no grupo das leguminosas promíscuas, é de difícil inoculação. Algumas variedades de soja-perene só se inoculam em presença de determinadas estirpes de Rhizobium, sendo, portanto, bastante específicas. Como regra, recomenda-se a inoculação para todas as leguminosas do primeiro grupo, embora se saiba que elas podem se inocular espontâneamente, desde que haja Rhizobium no solo. Técnica de inoculação: umedecer o inoculante com água limpa, formando espécie de mingau grosso. Colocar as sementes e misturar, até que fiquem todas molhadas e envolvidas 26 nessa mistura água-inoculante. Secar à sombra, pois sementes inoculadas não podem ficar expostas aos raios solares, sob pena de se perder todo o trabalho por morte do Rhizobium. Para pequenas quantidades, a inoculação poderá ser feita utilizando-se de balde, sacos plásticos ou mesmo amontoando-se as sementes no chão limpo, borrifando-as com água e depois espalhando o pó inoculante de modo a atingir todas elas. Para maiores quantidades, utilizar um tambor montado num eixo excêntrico, com manivela, para que a mistura se faça com o movimento giratório do tambor. Relação de peso de sementes para peso de inoculantes: � sementes pequenas (desmódio, soja-perene, estilosantes): 7 kg de sementes/100 g de inoculante. � sementes médias (centrosema, kudzu tropical, sirato): 14 kg de sementes/100g de inoculante. � sementes grandes (soja anual, labe-labe, mucuna preta): 28 kg de sementes/100g de inoculante. Após a inoculação e a secagem das sementes, estas devem ser plantadas imediatamente. Portanto, não faz sentido comprar sementes já inoculadas, porque, neste caso, não ocorreria nodulação devido à morte do Rhizobium, que não resiste ao armazenamento. O pélete é uma forma de se proteger as sementes inoculadas. Consiste em envolver a semente num fino envoltório, que pode ser de calcário ou de adubos fosfatados. A peletização protege o Rhizobium e ao mesmo tempo fornece nutrientes às futuras plantinhas. Ela é feita misturando-se um adesivo à sementes (na ausência de um adesivo comercial, a goma arábica pode ser utilizada). As sementes assim umedecidas pelo adesivo são misturadas com calcário até ficarem completamente envolvidas. Quanto mais calcário ficar aderente à semente, mais bem feito ficará o pélete. A inoculação e a peletização podem ser feitas numa única operação. O açúcar também pode ser usado como adesivo. Na inoculação deve-se tomar alguns cuidados, tais como: � Não usar inoculante com prazo vencido (o inoculante deve permanecer ativo por uns 5 meses, mais ou menos); � Conservar o inoculante em lugar fresco, de preferência em geladeira, até sua utilização; � Usar as quantidades recomendadas de inoculante. O excesso não é prejudicial, mas quantidades insuficientes, sim; � Plantar logo após a inoculação, no máximo 24 horas depois; 27 � Cobrir as sementes após o plantio; � Não tratar sementes inoculadas com produtos mercuriais, visando a sua proteção aos ataques de doenças e pragas, pois causariam a morte das bactérias inoculadas. A nodulação se verifica mais ou menos no momento de brotar a primeira folha verdadeira, entre a terceira e quarta semanas após a semeadura. As bactérias penetram nos pêlos absorventes, porém, só formam nódulos em alguns, embora infectem grande número deles. Os rizóbios proliferam nas proximidades dos pêlos absorventes, em conseqüência dos produtos excretados pelas raízes (carboidratos). A forma, o número e a distribuição de nódulos variam muito de planta para planta. As leguminosas anuais (soja anual, labe-labe etc.) têm, em geral, nódulos grandes, carnosos, de formato esférico, piriformes, isolados ou em grupos; as perenes e as bianuais tendem a produzir nódulos menores, alongados e bem distribuídos. A presença pura e simples dos nódulos nem sempre significa que esteja ocorrendo fixação de nitrogênio. Para que isto ocorra, o nódulo tem de ser eficiente. Na prática, pode-se reconhecer o nódulo eficiente pela sua coloração. Assim, na maioria das leguminosas, ele se apresenta com uma coloração róseo-avermelhada, o que pode ser verificado, às vezes, cortando-se o nódulo com uma lâmina. Com exceção, os nódulos eficientes têm coloração escura na espécie Stylosanthes guyanensis, podendo também ocorrer na Centrosema. Numa nodulação eficiente, a leguminosa obtém do ar atmosférico todo N de que necessita para o seu desenvolvimento. Com a morte da planta ou por efeito de escamações e morte dos nódulos e raízes, ocorre a incorporação do N ao solo. Podem ocorrer insucessos no momento da inoculação, destacando-se os seguintes: � quando o solo já contém suficiente N mineral; � excesso de Al+++ ou Mn++ no solo (a tolerância a estes elementos não é a mesma para todas as leguminosas, por exemplo, o Stylosnthes humilis e Lotononis são muito tolerantes, enquanto a soja-perene é bastante sensível). � deficiência de Ca e P no solo; � acidez elevada; � temperatura do solo excessiva (>370C); � inoculantes com prazo de validade vencido; � exposição de sementes inoculadas ao sol. Assim sendo, deve-se atentar, sempre que possível, para os seguintes pontos: � inocular sempre que possível – o inoculante é barato e nunca prejudica; 28 � deve-se inocular toda leguminosa, mesmo as do Grupo I, pois, além de não se ter certeza da presença de Rhizobium no solo, certas estirpes não sobrevivem no solo, de um ano para outro, na ausência da leguminosa; � fixação simbiótica de N atmosférico só incorpora à planta ou ao solo o nitrogênio, os demais elementos deverão ser levados ao solo pela adubação. �Atividade suplementar do módulo: 1. Existem diferenças entre as leguminosas tropicais e as temperadas quanto à fixação de nitrogênio. Como pode ser explicado este comportamento? 2. O uso de fertilizantes, principalmente os nitrogenados podem contribuir com a melhoria na produção de forragem? Explique, discutindo os parâmetros fisiológicos. 3. A inoculação das sementes de leguminosas, quando se utiliza a rotação agricultura-pasto, é dispensável? Explique por quê? 4. Negligenciar as especificidades dos inoculantes a cada grupo de leguminosas pode acarretar prejuízos? Discuta o assunto sucintamente. Caso verídico Um produtor do Triângulo Mineiro consorciou uma área da pastagem com Estilosantes e Calopogônio. Após um ano, comparando com outras áreas não consorciadas não visualizou diferença na cor das gramíneas, ambas eram verdes claras normais. Apenas o verde das leguminosas é que destacava no ecossistema. Com base na sua leitura, como você resumiria o ocorrido? Para refletir: As leguminosas, por apresentarem as vantagens diretas e indiretas na produção de boas pastagens,também contribuem para com a permanência de gramíneas mais verdes e com boa capacidade fotossintética por mais tempo. Caso você encontre alguma desvantagem no uso da leguminosa como fonte de alimento e melhoradora de ecossistema de pastagem, relate-o e discuta o assunto. 29 Experiência científica (exemplo): Durante quatro anos (1992 – 1995) acompanhou-se a deposição e decomposição de liteira e sua contribuição para a reciclagem de N em pastagens Brachiaria humidicola em monocultivo e consorciado com Desmodium ovalifolium (CANTARUTTI, 1996). Tais pastagens foram estabelecidas em 1987 e, desde então, foram submetidas a pastejo contínuo com 2, 3 e 4 animais/ha. Durante esse período, a presença da leguminosa não afetou significativamente a deposição de resíduos. No entanto, esta diminuiu com o aumento da taxa de lotação, ou seja, com o consumo de forragem, indicando que a produtividade dessas pastagens pode ser comprometida pela intensificação da utilização, por reduzir a reciclagem de nutrientes por meio dos resíduos. Apesar da alta relação C : N, típica das gramíneas tropicais e do elevado teor de polifenóis (tanino) na leguminosa, uma característica intrínseca do Desmnodium, a dinâmica de reciclagem da liteira foi intensa. Estimou-se uma meia-vida para a liteira de 11 a 14 dias, sendo o menor tempo observado na pastagem consorciada, onde a leguminosa respondia por 25 a 35% da forragem disponível. A quantidade de N depositado pela liteira foi 23 a 80% maior na pastagem consorciada, guardando uma relação direta com a proporção de leguminosa na composição botânica, refletindo o efeito da fixação biológica. Assumindo-se que o efeito da leguminosa sobre o teor de N na liteira da gramínea tenha sido mínimo, estima-se, por diferença, que a leguminosa tenha contribuído para acréscimo de 124, 39 e 25 kg/ha/ano de N nas taxas de lotações de 2, 3 e 4 animais/ha, respectivamente. Pelo fato de 50% do N acumulado na biomassa do Desmodium ter origem na fixação, estima-se que na menor taxa de lotação, em que houve maior proporção de Desmodium, a fixação tenha contribuído com 62 kg/ha/ano de N. Apesar de ser uma leguminosa cujos resíduos decompõem-se lentamente (PALM; SANCHEZ, 1991; THOMAS, 1995), houve contribuição para a dinâmica da reciclagem, verificando-se uma meia- vida de 12 dias para o N depositado pela liteira. Isso indica que, a cada 12 dias, metade do N depositado recicla, potencializando sua transferência para a gramínea. 30 CAPÍTULO 4 - UTILIZAÇÃO E MANEJO DAS PASTAGENS CONSORCIADAS Este capítulo tratará dos entraves no estabelecimento da leguminosa e sua condução nos sistemas pastoris. Discutirá as formas de manejo de pastos consorciados, alternativas de consórcios, tipos de estabelecimento de diferentes espécies e analisará, por meio de trabalhos científicos, as várias opções existentes para a adoção da prática de uso das leguminosas. Apresentará dados comparativos de ganho e de produção nos diferentes ecossistemas consorciados ou em pastejos exclusivos. 4.1 - Aspectos da fertilidade do solo e a implantação da leguminosa: A baixa fertilidade natural dos solos tropicais exigiu a seleção de espécies forrageiras com capacidade de adequação ao ambiente. Entretanto, em determinadas situações, a adição de fertilizantes e corretivos faz-se necessária. Nos Cerrados, a deficiência natural de fósforo (P), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) no solo geraram a recomendação da aplicação desses elementos como forma de fornecimento de nutrientes em detrimento da correção da fertilidade propriamente dita. Essas recomendações destinavam-se a gramíneas como Andropogon gayanus e as leguminosas Calopogonium e Stylosanthes spp, que, reconhecidamente, apresentavam capacidade de extração de nutrientes, pelo volume de solo explorado, ou adaptação a solos pobres em Ca, Mg, P e pH baixo. A aplicação de P sempre foi considerada como imprescindível devido sua alta demanda na fase de estabelecimento da pastagem (SPAIN; SALINAS, 1985) e calcário como fonte de Ca e Mg. O uso de corretivos e fertilizantes para o estabelecimento de pastagens requer, todavia, estudos mais aprofundados para um melhor entendimento de suas interações. A aplicação de P, no estabelecimento da pastagem, promove alterações na preferência de bovinos, levando maior consumo da leguminosa, favorecendo as gramíneas e invasoras, competindo com a leguminosa plantada (GARDNER, 1984), especialmente na fase de plântula (TORSSELL, 1976). Outros elementos que condicionam insucesso no estabelecimento são as deficiências na semeadura, distribuição de sementes, ação de doenças, formigas e outros insetos. Por outro lado, trabalhos desenvolvidos no Cerrado (CIAT, 1982) demonstram que a interação entre P e calagem pode propiciar um estabelecimento mais efetivo da leguminosa. Em pastagens consorciadas de A. gayanus e S. guianensis, a produção total de forragem não diferenciava quando se adotava ou não, no estabelecimento, a aplicação de calcário e 26 kg de P/ha. Entretanto, a composição 31 botânica era altamente afetada, refletindo no incremento da leguminosa de 15 – 20% para 60 – 65% na presença e ausência de calcário, respectivamente. Em níveis mais altos de P (52 e 105 kg P/ha) o efeito do calcário foi menos notório, permanecendo a composição botânica entre 20 e 25%. Essa constatação possibilita inferir que muitos dos insucessos obtidos no estabelecimento de áreas experimentais e campos de produtores podem ter tido sua origem no estabelecimento da área, gerando a constatação de falta de persistência da leguminosa, quando, em verdade, podemos ter a expressão do procedimento adotado para implantação da pastagem. Ademais, abre-se um campo de trabalho pouco explorado que seria o uso estratégico de corretivos e fertilizantes associado às formas de aplicação, no sentido de obter pastagens consorciadas mais produtivas e persistentes. O componente econômico, nas diferentes estratégias para correção da fertilidade dos solos, necessita ser também analisado. Associado a esta indagação, tem-se os aspectos relacionados à aptidão das gramíneas em mesclarem-se com as leguminosas. Dentre os fatores que determinam a compatibilidade entre espécies destacam-se o hábito de crescimento, padrão do sistema radicular, requerimento nutricional, palatabilidade relativa, mecanismos para manutenção da população, tolerância a fatores adversos de solo, a seca ou excesso de água e outras características inerentes à planta (SPAIN; VILELA, 1990). A falta de persistência das leguminosas sempre foi atribuída à agressividade da gramínea; falta de adaptação à pressões bióticas e abióticas; ao manejo imposto na pastagem consorciada; a pouca resistência ao pastejo e pisoteio; e a não reposição, no solo, dos nutrientes exportados na forma de produto animal. A capacidade de competição da gramínea advém na sua maior eficiência em promover o crescimento e extrair nutrientes, fruto da fixação fotossintética que a diferencia das plantas de ciclo C3, como as leguminosas. Entretanto, nos trabalhos de avaliação de pastagens consorciadas e na implantação de novas pastagens, essa questão, via de regra, é negligenciada (NASCIMENTO, 1986). Vilela et al., (dados não publicados) desenvolveram trabalho no qual buscavam determinar o efeito de gramíneas e nível de fertilidade na estabilidade de pastagens consorciadas. Uma das leguminosas utilizadas, S. capitata, apresentou decréscimo na população de plantas, quando implantada no nível mais alto de fertilidade. Os autores atribuem esse resultado a agressividade das gramíneas em consórcio. As demais leguminosas, Calopogonio, Soja-perene, Centrosema brasilianum e Centrosema hídrica (C. pubescens x C. macroparpum) mantiveram sua população com o tempo, independentementedo nível de fertilidade. Os autores concluem, ainda, que as gramíneas Panicum masimum cv. Vencedor e cv. Centenário foram as que mais favoreceram a estabilidade da consorciação. 32 Os programas de avaliação e seleção de gramíneas e leguminosas forrageiras, usam, como principal fator de seleção, a capacidade produtiva, agressividade da gramínea e qualidade, em detrimento de sua habilidade de associar-se com leguminosas ou vice-versa. A arquitetura da planta e seu hábito de crescimento devem ser inseridos no processo de seleção a fim de favorecer a estabilidade da leguminosa. As espécies de crescimento mais ereto têm permitido maior persistência da leguminosa. Associados a este procedimento, novos conhecimentos para o estabelecimento de pastagens consorciadas deverão interpretar melhor a relação entre espécies e fertilização quanto a doses e estratégias de aplicação e sua economicidade. Somente dessa forma, maior número de elementos poderá ser manipulado, contribuindo para obtenção de consorciações mais estáveis e produtivas. O comportamento de muitas espécies em associação somente se expressa quando submetida a pastejo, onde poderão ser observados, em condições reais, a competitividade, a preferência, a resistência ao pastejo e o pisoteio, dentre outros fatores que possibilitam maior acerto no processo de seleção de espécies. Entretanto, existem grandes dificuldades metodológicas e financeiras para testar um grande número de acessos em condições de pastejo. Para tanto, metodologias necessitam ser desenvolvidas com urgência. Algumas propostas metodológicas sugerem a inclusão de parcelas, em cerca de 10% da área total de um tratamento sob pastejo, de uma subcoleção de leguminosas do mesmo gênero da parcela principal, possibilitando, nos estágios iniciais de avaliação, informações sobre o comportamento dos materiais (SPAIN; PEREIRA, 1985; SPAIN, et al., 1985). A perda da capacidade produtiva das pastagens nos trópicos, de um modo geral, é apontada como um dos maiores problemas a serem enfrentados pela pecuária. Nos cerrados, onde se encontram as áreas mais extensas em pastagens cultivadas, seus efeitos geraram demandas por tecnologias que possibilitem o restabelecimento da capacidade produtiva. Segundo Macedo (1993), entende-se por degradação de pastagens “o processo evolutivo de perda de vigor, de produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados”. As prováveis causas da degradação das pastagens são a incompatibilidade do germoplasma com o meio, manejo inadequado de pastagens, falta de fertilização de reposição (manutenção), uso indiscriminado do fogo, compactação superficial do solo, não consorciação com leguminosas e ataques de pragas ( BARCELLOS, 1986). Considerando que a degradação das pastagens é verificada por meio do acúmulo de efeitos, normalmente não controlados, dos fatores 33 responsáveis (ANDRADE, 1946), é aconselhável realizar tentativas de recuperação, antes de substituir pastagens degradadas. Entre os vários fatores responsáveis pela degradação, a carência nutricional parece ser uma das mais importantes. Os nutrientes que têm mais limitado a produtividade de pastagens são o nitrogênio e o fósforo. Um exemplo clássico da deficiência nutricional como condicionadora da degradação das pastagens foi oferecido por Vilela (1982). Em pastagens de Panicum, consorciado com leguminosas, impôs tratamentos que contemplavam a reposição anual de doses de 0, 20 e 40 kg/ha de P2O5 e K2O. Observou-se, ao longo de sete anos de avaliação, o decréscimo de cerca de 44% da produção animal, no tratamento sem reposição; manutenção da produção, quando se aplicava 20 kg/ha de P2O5 e K2O e incremento de 38%, quando a dose era de 40 kg/ha. A composição botânica foi afetada pela reposição dos nutrientes, resultando em decréscimo da participação das leguminosas a 2%, no sétimo ano, no nível zero, e incrementos até 25% de participação da leguminosa na dose mais alta. A adubação nitrogenada não tem sido recomendada, uma vez que não foi provada a economicidade de sua aplicação em sistemas de produção extensivos ou semi-intensivos. A introdução de leguminosas forrageiras é preconizada como alternativa de baixo custo para aumento da qualidade e quantidade de forragem em oferta, além de permitir expressivas contribuições de nitrogênio. Segundo Couto et al. (1985), a introdução de leguminosas em pastagem degradada de Bracharia spp, possibilitou significativos incrementos na produção animal e aumentou a disponibilidade de nitrogênio no sistema. Essa argumentação vem ao encontro das afirmações de Henzell (1977), que constatou uma pequena quantidade de nitrogênio assimilável em pastagens tropicais. Ademais, a principal fonte de nitrogênio para as plantas está na mineralização da matéria orgânica (PEREZ; SHUET, 1985), que é estimulada pelo preparo do solo e reduzido em solos em cultivos sucessivos, como na situação das pastagens. A movimentação do solo permite a exposição de novas superfícies ao ataque de microorganismos que estimulam a mineralização do nitrogênio orgânico (RUSSEL, 1966) e se constituem em oportunidade de introdução de corretivos, fertilizantes e semeadura de leguminosas. A resposta da pastagem, após movimentação do solo, é significativa, mas o tratamento físico-mecânico, por si só, é ineficiente para recuperação da pastagem a longo prazo. Em trabalhos desenvolvidos por Vilela et al.(1989), em pastagem degradada de B. ruziziensis, a introdução da leguminosa Calopogonium mucunoides, associada à movimentação do solo e aplicação de calcário, fósforo e potássio, permitiu ganhos de peso em bovinos, superiores aos obtidos com o uso de nitrogênio mais corretivos e fertilizantes. Em Campo Grande – MS, SAIFFERT et al.(1985) desenvolveram trabalhos com C. mucunoides, associado com B. 34 decumbens, em regime de pastejo contínuo com 2,5 UA/ha e observaram que a leguminosa foi capaz de reciclar 63,8 kg/ha/ano de nitrogênio, elevando, significativamente, o nitrogênio total da camada superficial e a disponibilidade de nitrogênio assimilável no perfil do solo. Outra possibilidade é a renovação das pastagens por meio de cultivos anuais associados. Entende-se por renovação das pastagens aqueles processos nas quais, pelas práticas agronômicas de preparo do solo, promove-se a substituição da espécie forrageira anteriormente instalada, diferenciando- se, dessa forma, do processo de recuperação da pastagem que preconiza o restabelecimento da capacidade produtiva da espécie previamente estabelecida. Alternativas foram apresentadas e comprovaram, de forma técnica e econômica, a possibilidade de empregar as culturas do arroz, milho e soja, associadas a pastagens, como forma de recuperação de pastagens degradadas com amortização total ou parcial dos custos (CARVALHO et al., 1993). O procedimento direto de recuperação, por meio da aplicação de corretivos e fertilizantes e movimentação do solo ou por meio de cultivos anuais, cria condições altamente favoráveis para introdução de leguminosas forrageiras. A persistência da mesma será fator determinante para manutenção da capacidade produtiva da pastagem e para tanto, práticas de manejo da pastagem, associadas a germoplasma, deverão ser priorizadas. As leguminosas, de maneira geral, preferem solos bem drenados e profundos, mas podem vegetar em solos argilosos pesados. É nos solos bem drenados, no entanto, que se forma o maior número de nódulos, os quais, nessas condições, são mais efetivos, contribuindo para maximizar a fixação simbiótica de nitrogênio. O guandu cresce em solos de pH entre
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