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O objetivo de estudarmos a gestão da tecnologia e da inovação é entender a fundo a natureza da dimensão criativa humana, da sua manifestação no desenvolvimento de inventos, soluções e projetos de alto impacto, na expansão e criação de novos mercados criando impactos na sociedade e no progresso humano. É não só uma dimensão a ser cultivada nos mercados. A criatividade é uma resposta bastante humana para os dilemas e para os problemas que vivenciamos ao longo de toda nossa vida. É também uma forma de imprimir nossa presença no mundo segundo nossos valores, inclinações e sonhos. Em suma, a inovação, nada mais é do que criar novas possibilidades de realização humana, que tragam consigo progresso e crescimento econômico, ao sermos protagonistas que influenciam decididamente mudanças de caráter social e no modo de vida das pessoas, fazendo nascer o melhor nos indivíduos, ao se convencerem que novas soluções trazem valor genuíno para suas vidas. Junto a um primeiro movimento inovador, temos também a possibilidade, em um segundo momento, de criar um conjunto de mudanças que se configuram e se integram como novo panorama no mundo. Quando utilizamos a palavra gestão precedendo as mais conhecidas áreas da administração, como gestão de custos, gestão de recursos humanos ou gestão de processos, queremos dizer que iremos utilizar processos, métodos ou ferramentas para manter sob controle diferentes tipos de parâmetros, que, se estivessem governados ao seu próprio sabor, jamais gerariam os resultados que almejamos. Assim, quando falamos gestão financeira ou gestão operacional, por exemplo, queremos dizer que devemos ter sob rígido controle as principais variáveis que impactam nossos problemas. Fazer uma boa uma gestão financeira quer dizer que devemos monitorar sistematicamente indicadores com o retorno sobre o investimento, sobre os custos ou os diferentes aspectos que possam vir a impactar o balanço financeiro de uma empresa. De forma similar, o mesmo vale para a estratégia, processos e projetos. Ausência de controle, nesse sentido, é ausência de gestão. Assim, quando um comportamento esperado sai de nosso controle, deveríamos tomar medidas corretivas imediatamente após algo constatado fora dos parâmetros praticados, para que retornemos em direção aos rumos pretendidos e traçados anteriormente. Toda uma escola foi formada em torno desse pensamento. Mais controle, quanto mais efetivo seus resultados, tanto maior será nossa curva de aprendizado diante dos problemas. Mais sistematização, mais efetividade na gestão! É justamente isso que os gestores do mundo todo têm difundido quando falam sobre gestão da inovação. Na inovação, necessitamos de experiências genuínas de abertura, criatividade e originalidade para chegarmos em soluções realmente à frente daquilo que é tido como certo por todo um setor de atuação. Assim, buscamos efetivamente a quebra de paradigma1 ao recriarmos nossa realidade segundo padrões mais próximos daquilo que nosso cliente secretamente ou inconscientemente deseja. Nem sempre a transição entre o velho e o novo é segura, e as barreiras para tudo aquilo de novo que imaginamos e aquilo que efetivamos conseguimos realizar não são nitidamente estabelecidas para quem está à frente de qualquer iniciativa de inovação. Essa transição entre uma realidade e outra, foi alvo de estudos de muitos estudiosos. O que se sabe até o presente momento é que não existe forma para sistematizarmos processos de descoberta. A descoberta surge justamente quando temos um novo insight, ou seja, quando temos uma nova ideia produzida na nossa mente que nos faz caminhar para colocarmos em prática aquilo que nós apenas vislumbramos ou intuímos como sendo um terreno fértil de novas possibilidades. Cabe salientar, entretanto, que a atividade criativa confronta diretamente nossa capacidade de trabalharmos inventivamente diante dos problemas, ou seja, conseguirmos irmos para além de uma ideia e chegarmos em novos inventos. A criatividade é o ponto de origem da inovação e, na medida em que aprendemos, vamos gradualmente tornando concreto nossas ideias ao darmos formas a elas em soluções práticas e criativas. O trajeto entre a ideia (ou as várias ideias) criada em um primeiro momento e a transformação da mesma em negócios rentáveis é o que chamamos de caminho para a inovação. Esse caminho é cheio de descobertas a serem feitas. Não temos como nos colocarmos à frente de , como se estivéssemos diante de um processo com movimentos claros, pois esse caminho é repleto de novidades e aspectos totalmente desconhecidos por nós mesmos. Por ainda não serem conhecidos, não podemos prever seu comportamento antecipadamente, por isso, medidas de controle e de antecipação são absolutamente inócuas ou irrelevantes, porque tentam antecipar algo que não sabemos como se comportará nos termos dos movimentos criativos. Não sabemos, porque justamente ainda não temos nada em mãos. é justamente matar o processo já na sua origem, pois colocaríamos métodos, métricas e aspectos de sistematização à frente do que realmente importa, que são as pessoas e sua capacidade imaginativa. Isso porque, ao longo de uma jornada para a inovação, são os indivíduos que farão a diferença, ao trazerem propostas aparentemente infundadas e passíveis de crítica para uma evolução que se dará gradualmente até se tornarem projetos promissores e de alta relevância estratégica. A inovação assemelha mais a uma plantinha que, se não for devidamente cuidada com as condições necessárias para sua nutrição e crescimento, pode facilmente morrer diante de um ambiente cheio de intempéries. Assim, inovar é dar condições para que as ideias floresçam e ganhem estrutura própria. Para isso, elas não podem ser guiadas, mas devem ser deixadas para que nos guiem em um processo de crescimento, por assim dizer, direcionando nossos pensamentos e ações consequentes. Se pudéssemos falar em gestão da inovação, deveríamos pensar em como criar um ambiente propício para o surgimento de novas ideias, ainda que, a princípio, elas pareçam um pouco deslocadas de nossa realidade. Mas elas devem ser deslocadas da realidade, justamente por ter o potencial de nos jogar para uma nova realidade em surgimento. Um novo paradigma. Cada ideia é um potencial de renovação da realidade e importa mais para nossos horizontes. Inovar é criar formas para dinamizarmos nossa capacidade criativa e inventiva. É ter ideias que são potencialmente capazes de nos colocar num contexto de descobrir o novo, ou seja, a própria ideia nos leva a imaginar uma realidade totalmente diferente da que estamos vivendo e, com isso, temos condições de romper formas padronizadas de resolver problemas. Conforme salientamos, segundo o senso comum, gerir é inserir parâmetros para controlar o desempenho das ações segundo uma direção estabelecida, mas isso só é possível quando está muito claro para onde iremos e por que iremos de determinada maneira. A questão é que, na inovação, o caminho que seguiremos tentará justamente romper com uma percepção dominante sobre como resolvemos um problema ou uma situação. Ao tentarmos trabalhar com indicadores atrelados à forma como costumeiramente resolvemos algo, iremos criar amarrar mentais que irão inibir a evolução em sentido contrário ao de uma ideia dominante. Queremos dizer com isso que a inovação é avessa à mensuração, pelo menos, quando considerada a maneira habitual como produzimos as coisas. Assim, é necessária grande liberdade e autonomia por parte dos envolvidos, que, pouco a pouco, vão criar um caminho próprio, testando a viabilidade desse caminho. Necessitamos então trabalhar com dois princípios fundamentais que atravessam qualquer processo inovativo: auto-orientação e autodesenvolvimento. Auto-orientação:as pessoas envolvidas em experimentos inovadores devem ter autonomia para decidirem quais caminhos tomar de acordo com os fatos que são descobertos, com as convicções que vão se estabelecendo e até mesmo com a intuição. O próprio caminhar em direção a algo novo gera um novo aprendizado sobre as coisas. Quem está de fora não tem condições de avaliar tão bem o progresso que ainda não chegou no seu fim e, por isso, quem avalia, somente avaliará as situações à luz de convicções existentes. É comum, nos processos de inovação, as pessoas se surpreenderem com as conclusões a que chegam, por elas saírem do senso-comum e das conclusões típicas sobre maneira de atuar diante de um problema. Autodesenvolvimento: Toda inovação leva a um novo caminho de aprendizado. Evoluiremos nossas convicções segundo um novo aprendizado que é bastante influenciado por experimentos. Essa evolução se dá, sobretudo, acreditamos funcionar como ideia, sofre muitas alterações quando testado em condições práticas. O exercício de inovação é sobretudo um exercício de abertura junto ao universo dos clientes e, principalmente, das possibilidades aplicadas a este universo. Assim é quase impossível querer antecipar tudo que irá suceder concretamente durante a utilização prática de nossos inventos, quando forem colocados nas mãos dos clientes. Necessitamos, para isso, testes e mais testes. Longas horas de discussão e ponderamento sobre os riscos das possibilidades que se revelam diante de nós. A forma como reagimos diante desses experimentos, com maior ou menor abertura para o aprendizado, dará o tom de todo o processo, permitindo com que a equipe responsável pelo projeto possa ou não promover seu autodesenvolvimento. Aprendizado e capacidade de execução caminham juntos e, ao final, um grande desenvolvimento é gerado junto às equipes. Ao dizermos que não existe processo sistematizador para a inovação não queremos dizer que não podemos induzir ou mesmo promover a processos de descoberta dentro das organizações. As organizações têm estado em apuros ao ter que dar autonomia compatível aos desafios que as suas equipes de inovação têm pela frente. É bastante comum a empresa querer controlar os pormenores da atividade humana. Assim, há bem pouco tempo, ainda tínhamos ferramentas de desempenho atrelado ao desempenho do indivíduo como as melhores formas de melhorar a performance global da instituição. Havia pouco espaço para a experimentação dos indivíduos e cada passo em falso era reprimido com um conjunto de medidas de controle e punição exemplar. A inovação traz consigo uma quantidade considerável de ferramentas inovadoras para a descoberta e para a criação. Quando bem utilizadas, elas nos levam a criar uma maior abertura junto aos grupos, ajudando-os a pensar e sentir diferentemente as situações, ajudando-os a criar mais livremente e sem amarras. A criação vem, sobretudo, por uma crença em nossa imaginação criadora. Ainda assim, podemos usar um tanto livremente ferramentas para a criatividade, pois no fundo o que queremos fazer é criar impressões únicas na mente do grupo que cria. Essas impressões podem vier de muitas e diferentes formas. Não existe um passo-a-passo para sabermos ao certo o que fazer no final das contas. ocupando em entender e reinventar. Podemos criar metáforas e mundos imaginativos que nos colocam além da percepção atual, tal como fez Steve Jobs quando comunicou sua equipe que o primeiro computador pessoal deveria ser tão simples e fácil de operar como usar uma torradeira elétrica. Criar é movimentar-se diante do real para produzir uma visão renovada sobre as coisas. Experiências novas podem criar uma percepção de movimento junto ao grupo, induzindo-o a sair de sua zona de conforto. A base que fundamenta essas técnicas, normalmente, está amparada em novas vivências ou no contato com novas realidades. Houve oportunidades em que tivemos, em projetos de inovação reais, de fazer com que as pessoas adentrassem mais na realidade do cliente para ter um ponto de partida diferenciado e verdadeiro em suas propostas. Assumir a perspectiva de nossos clientes é um bom ponto de partida, assim, técnicas de design thinking vêm sendo cada vez mais utilizadas por parte daqueles que querem colher uma impressão diferenciada junto ao universo deles como elemento iniciador para a criação. Isso é válido desde que as pessoas consigam empenhar-se em, momentaneamente, abrir mão de suas crenças desenvolvidas ao longo do tempo para, através de novos insights, virem a desenvolver outras convicções. Essas convicções surgem na medida que as pessoas permitem-se deixar levar por novos pontos de vistas, substituindo e renovando sua visão sobre as coisas. Segundo nossa experiência, uma postura libertadora diante dos fatos é que promove o surgimento de novas ideias. Além disso, o ato criativo não deixa de ser um exercício de humildade por parte dos indivíduos diante de um novo mundo sem respostas prontas. Para conhecer mais sobre a aplicação do design thinking aos problemas de negócios, acesse: https://endeavor.org.br/design-thinking-inovacao/ Em determinado sentido, inovar é colocar-se à parte num novo mundo. Considerando isso, podemos dizer que a inovação é uma fonte de tensão relativamente grande entre a caminho pleno de descobertas e encantamento e aqueles que estão vivendo um mundo de certezas e repetições. No fundo, o futuro das organizações é tentar romper ao máximo com a realidade enquanto produto de padronização permanente. Não queremos dizer que a gestão das operações, da qualidade e dos produtos e serviços tenham que ser deixadas de lado. Queremos dizer que as organizações colocam erroneamente em primeiro plano a repetitibilidade dos processos como uma meta final a ser perseguida e que tudo o mais deve relacionar-se a isso como uma segunda ou terceira prioridade. Continuidade ainda é o mantra organizacional repetido aos quatro cantos do mundo, mas deveríamos considerar a capacidade de oxigenação e a renovação das organizações como um modelo mais adequado e atualizado pelo qual os executivos deveriam empenhar seus esforços. A inovação é recriação de realidade, renovação de aspectos ligados à maneira como interagimos e entregamos valor aos nossos clientes. Pode-se dar de muitas maneiras e, no fundo, objetiva mais parcela de mercado e mais reconhecimento por parte do cliente a ponto que esse decida pagar pelas nossas novas ofertas. Produtos, serviços, processos e modelos devem se integrar de forma a fazer com que o custo de viabilização de uma ideia compense o desembolso dispendido pelo cliente, como contrapartida a uma oferta de valor sem precedentes no mercado. Tendo isso como base, podemos dizer que a inovação assume determinados contornos que servem para a caracterização concreta de nossos esforços. O Caráter Efêmero de uma Ideia Fonte: Produto: A inovação como produto normalmente envolve investimentos em pesquisa e desenvolvimento continuado. Novos produtos normalmente estão associados à nova tecnologia e à aplicação dessa tecnologia de maneira inédita no mercado. A tecnologia pela tecnologia não nos diz muita coisa e precisamos, de fato, transformar as possibilidades de aplicação tecnológica em conceitos inovadores. Produtos revolucionários como o iphone, o ipad e o iwatch trouxeram consigo todo um novo conjunto de possibilidades, funcionando como uma plataforma em que indivíduos têm condições de realizar possibilidades apenas imaginadas em filmes de ficção. Serviços: Boa parte da economia atual é baseada em serviços. Isso porque os serviços transcendem o concreto e podem dar um contorno sutil a tudo aquilo que o ser humano deseja para si. Inovação em serviço é sobretudo criar conveniências, experiências e valorpercebido em tempo real. Um serviço é tanto mais inovador quanto mais consegue gerir um conjunto grande de processos que interagem e se integram à vida dos clientes, produzindo informações pertinentes e de fácil acesso. A Google é uma empresa que vem se notabilizando pela prestação de serviço na medida em que consegue criar interações de valor junto aos seus clientes a custo muito baixo, alcançado qualquer pessoa que tenha acesso a internet em qualquer parte do globo. Além de permitir a interação em tempo real, permite mais conectividade entre as pessoas, que juntas conseguem resolver seus próprios problemas a uma velocidade jamais conseguida por empresas de grande porte, presas próprio paradigma de funcionamento. Hoje, temos pessoas que livremente se dispõem a ajudar pessoas com roteiros de viagens, dicas sobre o cotidiano e o compartilhamento livre de informações simplesmente pelo fato de que a colaboração é um valor que não precisa ser justificado. Processo: Inovação em processo é inovar na maneira pelo qual fazemos as coisas. Assim, podemos repensar a forma como construímos prédios, transportamos mercadorias ou nos comunicamos com o cliente, integrando novos métodos às metodologias de ponta. A internet traz a tendência de integrar as coisas ao nosso redor em um fluxo ininterrupto de troca de informações e de interação em tempo real. Haverá o dia em que os próprios produtos se comunicarão entre si a partir da inteligência artificial. Assim, teremos comunicação inteligente e a distância entre automóveis, residências e relógios. Modelo de Negócio: Inovação no modelo de negócio é inovar na forma como o negócio funciona econômica e financeiramente. Por exemplo, podemos mudar a forma como geramos receita em um determinado mercado, a exemplo da Netflix, que cobra por usuário o acesso aos seus filmes e séries, criando uma forte concorrência com as locadoras de filmes e a própria televisão. Normalmente, a inovação no modelo de negócio busca baixar consideravelmente os valores cobrados junto ao cliente final de forma a promover e abocanhar fatias de mercados já existentes. A Blockbuster, empresa de locação de vídeos, não conseguiu concorrer com a Netflix, empresa entrante, por não gerar economia de escala no funcionamento do próprio negócio, com instalações físicas caras e dispendiosas. Criou-se uma ruptura na forma de funcionamento do próprio mercado: as receitas existentes foram reorientadas para a empresa inovadora (paramos de locar filme e passamos a assinar pacotes pela internet), que soube aproveitar todo um universo de clientes pagantes e ativos. A Netflix percebeu, antes de todos, a oportunidade nascente de um mercado baseado em novas opções e comodidade. A gestão da inovação vem se destacando no cenário de negócios como uma força central para renovação. Vincula-se diretamente à estratégia e à forma de atuação das empresas nos seus respectivos mercados e também em novos. Sem inovação, não temos novidade e não temos como nos diferenciar junto aos nossos clientes num contexto de hipercompetição, como o que vivemos nos dias atuais. Restringir a estratégia organizacional ao mais do mesmo é criar pontos de vulnerabilidade organizacional. Os mercados são inclementes, pois, a cada novidade apresentada pela concorrência, os consumidores ávidos por novas experiências movem-se em uma velocidade surpreendente para a satisfação de suas necessidades e desejos. O permanente movimento tem sido a regra e não mais retrocederemos a um patamar onde a estabilidade e a certeza eram passíveis de serem atingidas por meio de técnicas de previsão e controle central. Era uma época de pouca inovação! Quem tem duvidado dessas novas premissas tem pago caro, pois coloca- se, enquanto empresa, enquanto profissional, numa posição coadjuvante que espera que as coisas permaneçam mais ou menos as mesmas, acreditando que conseguirá se antecipar às armadilhas criadas pelos inovadores. Assim, as empresas devem mover-se de forma a buscar oportunidades para além de suas capacidades e negócios. Devem criar, a cada dia, alternativas que venham a entregar mais valor, não só resolvendo aquilo que é percebido por todos os competidores dentro de um determinado mercado, mas também criando patamares inéditos que venham a encantar as pessoas de maneiras surpreendentes. Nesse sentido, relacionar-se com os clientes é aprender aquilo tudo que possa vir a deslumbrá-los diante de propostas inequivocadamente singulares, pois aquilo que se faz novo hoje não será mais assim reconhecido com o passar de poucos meses. Natureza da Inovação Falamos acima dos tipos de inovação e a característica específica de cada uma e acordo com seus ganhos de conformação na realidade. Devemos caminhar um pouco mais e ir diretamente ao cerne da inovação, considerando seu impacto direto de transformação do mercado. Assim, temos, considerando os diferentes graus de mudança objetiva nos mercados: Inovação Incremental São modificações mínimas, mas existentes na forma como criamos valor junto aos nossos clientes. Inovar incrementalmente significa que adicionamos algum tipo de mudança nos produtos, com alguma funcionalidade ou aspecto estético, tal como vemos no desenvolvimento de novos carros que trazem cada vez mais plataformas de tecnologia de informação a bordo, mas não é, necessariamente, uma grande novidade a ponto de gerar grande quantidade de vendas. Uma inovação incremental é uma inovação facilmente copiável, pois, assim que reduz o risco para a própria empresa, permite que os concorrentes façam o mesmo em curto espaço de tempo. Portanto uma inovação incremental não garante vantagens competitivas consideráveis, pois não ataca de frente a necessidade de renovação de produtos e serviços conhecidos. Inovação Substancial São inovações que modificam consideravelmente a plataforma pelas quais entregamos valor aos nossos clientes. Assim, uma mudança significativa no modus operandi dos sistemas, canais de distribuição e nas formas como interagimos com nossos clientes leva a um novo patamar de valor, a exemplo da utilização de novas plataformas de interação continuada, como o ensino a distância. Essas plataformas são consideradas inovações substanciais, pois deslocam a barreira de tempo e espaço necessárias para adquirirmos um bem ou um serviço. Como mudamos consideravelmente nosso modo de atuação frente aos concorrentes tradicionais, criamos barreiras tecnológicas de difícil imitação e que operam deslocados das formas habituais como normalmente trabalhamos. Inovação Transformacional Também consideradas por alguns autores como inovações disruptivas, são aquelas que modificam plenamente o paradigma de atuação das empresas, ou seja, a forma como interagimos diretamente com a realidade. Isso quer dizer que, na maioria das vezes, os empreendedores criam uma inovação do tipo transformacional, trazem à luz vibrantes e improváveis cenários de realidade em que os padrões de atuação das empresas tradicionais são recriados de uma hora para outra. Empresas como a Airbnb (que loca espaço nas residências comuns, substituindo hotéis) trabalham para muito além do costumeiro e do viável. São empreendimentos que desafiam a lógica tradicional ao virarem os mercados de ponta-cabeça, pois em nada se parecem com as iniciativas mercadológicas consideradas como sendo de alto impacto. Na verdade, esses novos empreendedores, a frente de inovações transformacionais, operam dentro de uma lógica nascente que lhes são próprias, descontinuando mercados inteiros, não por lhes confrontar diretamente, mas por ir além dos limites conhecidos. TEMA 4: A DESTRUIÇÃO CRIATIVA SCHUMPTERIANA Em 1908, o economista Joseph Alois Schumpeter antecipou as condições pelas quais as empresas trabalham hoje, criandoa teoria do empreendedor como agente da criação de riquezas. Segundo sua teoria, os empreendedores de mentalidade inovadora operariam segundo uma lógica própria, criando modificações irreversíveis no mercado as chamadas destruições criativas. Destruições criativas são maneiras pelas quais um mercado cria valor real para seus consumidores, substituindo velhas estruturas por novas, mais capazes de gerar valor. Trata-se da continua substituição de processos e tecnologias por novas, cada vez mais atuais e afinadas aos novos tempos, como a substituição da máquina de escrever pelo computador, das câmeras de filmes fotossensíveis por câmeras digitais. Destruir criativamente um mercado é, portanto, solapar velhas estruturas por novas e mais eficientes, criando um ganho de produtividade de tal monta que a sociedade não volta mais ao ponto inicial. Isso faz com que esse tipo de movimento crie mudanças também de ordem cultural, uma vez que impossibilidades tidas como intransponíveis seriam agora a onda do momento, renovando todo um conjunto de crenças, criando mais liberdade e autonomia para os indivíduos. Segundo a teoria Schumpeteriana, o empreendedor e sua ação criativa ocupam papel fundamental na criação de riquezas. Países e regiões com mais liberdade econômica, tais como EUA, norte da Europa, Coréia do Sul, Hong Kong, Austrália e Nova Zelândia, tendem a ter mais liberdade para a ação dos indivíduos, oferecendo condições para que novos negócios possam ser testados e viabilizados, segundo inclinações individuas e visões particulares de mundo. ser regiões menos empreendedoras e, por conta disso, mais pobres, caso do Brasil e da América Latina. A necessidade de criar condições para a concretizações de novos empreendimentos requer o livre fluxo de capitais e conhecimentos. Nações avessas ao capitalismo tendem a operar à margem de novas realizações, porque justamente não possuem o ambiente para que empreendedores e investidores possam vir a se encontrar. Veja o vídeo que fala sobre a destruição criativa atualmente: https://www.youtube.com/watch?v=7czXtg6pNIs Leia o artigo sobre as teorias de Schumpeter e o impacto no entendimento da economia atual: http://sinop.unemat.br/site_antigo/prof/foto_p_downloads/fot_7471schumpeteb_ pob_costa_pdf O físico norte-americano Thomas Kuhn imprimiu um novo significado na ciência para as revoluções científicas. Sem desenvolvimento científico, não temos como criar apoio concreto às inovações. Paradigma é sua expressão preferida e nos diz que para, irmos à frente em qualquer setor da vida humana, necessitamos quebrar os pressupostos pelos quais assentávamos a compreensão de nossa realidade. Um paradigma nos restringe à descoberta, pois nos coloca em uma realidade que pouco se altera nas suas condições primordiais. A quebra de paradigma é, portanto, quebra de padrões de apreensão de nossa realidade primeira e conduz ao desenvolvimento de novas áreas de atuação científica. Assim, amparados em novas áreas de conhecimento, podemos evoluir com as descobertas científicas, pois, no fundo, precisamos entender cada vez mais os fenômenos da natureza e suas consequências. A interação entre ciência e inovação, tem sido chamada de inteligência tecnológica: esforço sistemático em encontrar respostas de cunho científico para aquilo nossa imaginação nos aponta. Curiosidade: Veja como a tecnologia robótica pode ser utilizada criativamente na indústria automobilística. Sempre existe a possibilidade de recriarmos nossa realidade inventivamente. Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=MfjkVGJxYu4 Responda a questão, trazendo sua opinião no nosso fórum: As empresas estão preparadas para a inovação atualmente? Comente as principais barreiras e o que deveria ser mudado na sua opinião. Veja o estudo de caso do hospital Moinhos de Vento e reflita sobre os princípios por trás do design thinking e da inovação: http://www.crars.org.br/arquivos/artigo_thomas-troian.pdf Inovar é criar. É desenvolver a capacidade nos indivíduos para que a manifestação criativa venha à luz e também para que possamos progredir na criação de novos inventos e novas soluções para o mundo. Com a criatividade, temos, em maior ou menor grau, a originalidade que se manifesta pela atuação individual, que pode transformar o mundo, pelo seu potencial criativo e imaginativo. A inovação é um processo continuado de aprendizado, em novas situações que confere ao agente significativo e intransferível saber. Toda jornada de inovação confere significativa transformação na identidade dos indivíduos e na forma como percebem e interagem com seus mundos. Regendo essas condições, está a notável capacidade dos empreendedores junto aos novos empreendimentos. Os empreendimentos inovadores trazem consigo renovação e capacidade de geração de riquezas sem precedentes. Operam, segundo Schumpeter, destruições criativas no mercado, onde uma velha tecnologia é substituída sempre por novas. Cada empreendedor se vale de uma nova noção paradigmática e atua como porta-voz de novas realidades. KUHN, Thomas Samuel. A estrutura das revoluções científicas. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 3ª ed. CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação: quando novas tecnologias levam empresas ao fracasso. São Paulo: Makron Books, 2001. SCHUMPETER, J. Capitalismo, socialismo, democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. FOSTER, Richard; KAPLAN, Sarah; Destruição Criativa. Campos, 2001. BROWN, Tim. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. ADLER, Mortimer. Como pensar sobre as grandes ideias. São Paulo: É Realizações, 2013.
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