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79 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 5 ANÁLISE VERTICAL, ANÁLISE HORIZONTAL E ÍNDICES DE ATIVIDADES 5.1 Análise Vertical e Análise Horizontal A análise vertical e a análise horizontal são formas de análise das demonstrações contábeis de um exercício com outro, ou uma análise das demonstrações contábeis entre vários exercícios e entre grupos de empresas similares. É uma ferramenta poderosa de análise comparativa, pois os dados e informações são comparáveis. A análise vertical e horizontal são utilizadas principalmente para verificar as tendências do setor, do segmento em que a empresa atua. Dois dos primeiros tipos de análises passíveis de serem realizadas nos balanços patrimoniais, e mesmo em muitas outras demonstrações, são as análises vertical e horizontal de suas contas. A análise vertical apresenta a participação de cada componente no todo, ou seja, a participação de cada conta, subconta ou grupo de contas no total do ativo (igual à soma total de passivos mais patrimônio líquido), ou no total de seu respectivo agrupamento. Essa análise consiste em fazer os cálculos de coeficientes de participação, que são obtidos ao comparar itens homogêneos das demonstrações, por exemplo: ativo com ativo, passivo com passivo, receita com receita etc. Também analisa a participação de cada conta em relação ao total do grupo. Uma vez que a participação é efetuado em relação ao total, pode‑se comparar vários exercícios cuja base é a mesma, facilitando a análise comparativa. Por sua vez, o objetivo da análise horizontal é verificar a evolução das contas e dos resultados ao longo de vários exercícios sociais. Observar a evolução dos números permite ao empreendedor avaliar o aumento ou a diminuição dos valores contábeis e os efeitos da inflação da economia sobre os elementos do patrimônio e dos resultados dos exercícios sociais da empresa. A análise horizontal apresenta a evolução do balanço e de seus vários componentes ao longo do tempo, permitindo uma avaliação dessa evolução. Vale destacar que essas variações são função tanto de fatores internos, quanto externos; por isso, é fundamental a comparação temporal (evolução dos componentes verticais ao longo do tempo) e também setorial (comparação com outras empresas similares, em termos de participações verticais e de evolução temporal). Por meio dessas análises e comparações, inicia‑se a verificação quanto ao “sucesso” da empresa em seus negócios, tanto individualmente Unidade II 80 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 (empresa está crescendo ao longo do tempo, mais do que proporcionalmente à alocação de recursos novos de terceiros e/ou dos sócios, por exemplo) quanto comparativamente a outras similares atuantes no mesmo nicho de mercado (empresa cresceu mais do que seus concorrentes nos últimos tantos anos, por exemplo). A análise vertical e a análise horizontal devem ser utilizadas conjuntamente. Servem para complementar as observações efetuadas por meio da análise por quocientes. A análise por quocientes apresenta dados resultantes da comparação entre itens ou grupos da demonstração do resultado do exercício e do balanço patrimonial. As análises vertical e horizontal são mais detalhadas, envolvendo todos os itens das demonstrações, e revelam as falhas responsáveis pelas situações de anomalia da entidade. Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre análise vertical e horizontal, visite: <http://www.investeducar.com.br/Educacao/(S(gx3wnn55pxk1v345zfnzrxyf))/ analiseVerticalHorizontal.ashx>. Acesso em: 1 fev. 2012. E: <http://ideiaspasseadiante.blogspot.com/2011/01/analise‑contabil‑ analise‑vertical‑e.html>. Acesso em: 1 fev. 2012. Análise vertical É aquela a partir da qual se compara cada uma das contas que compõem o conjunto de contas com o total do conjunto, ou seja, cada conta do ativo com o total do ativo, ou cada conta do passivo com o total do passivo. Dessa forma, existe a comparabilidade entre as contas de cada ano, pois a base, total do ativo ou passivo, é a mesma. É importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. Quanto à composição de itens e sua evolução no tempo: a evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências. No balanço patrimonial, calcula‑se o percentual de cada conta em relação ao total do ativo. 81 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Tabela 5 ‑ Balanço patrimonial consolidado Análise vertical em milhões Ativo 2010 % V 2009 % V Circulante Disponíveis 3.252 2,59% 7.208 7,06% Aplicação financeira 15.096 12,01% 13.855 13,57% Contas a receber 23.310 18,55% 12.567 12,31% Estoques 3.717 2,96% 3.242 3,18% Outras contas 3.220 2,56% 2.746 2,69% Total circulante 48.595 38,68% 39.618 38,81% Não circulante Realizável em longo prazo Aplicações financeiras 9.920 7,90% 9.620 9,42% Recebíveis 18.460 14,69% 13.788 13,51% Partes relacionadas 4 0,00% 252 0,25% Tributos a recuperar 5.889 4,69% 5.284 5,18% Outros valores 1.744 1,39% 645 0,63% Total realizável longo prazo 36.017 28,67% 29.589 28,98% Permanente Investimentos 3.973 3,16% 1.847 1,81% Imobilizado 25.997 20,69% 22.541 22,08% Ativo biológico 1.451 1,15% 1.446 1,42% Intangível 9.615 7,65% 7.050 6,91% Total permanente 41.036 32,66% 32.884 32,21% Total ativo 125.648 100,00% 102.091 100,00% Passivo 2010 % v 2009 % v Circulante Empréstimos e financiamentos 36.958 29,41% 27.851 27,28% Fornecedores 2.705 2,15% 2.588 2,53% Salários e encargos a pagar 606 0,48% 613 0,60% Imposto de Renda e CSLL 667 0,53% 288 0,28% Títulos a recolher 402 0,32% 684 0,67% Dividendos a pagar 564 0,45% 619 0,61% Adiantamento de clientes 124 0,10% 232 0,23% Provisões 5 0,00% 512 0,50% Outras contas a pagar 2.134 1,70% 243 0,24% Total circulante 44.165 35,15% 33.630 32,94% Não circulante Exigível em longo prazo Empréstimos e financiamentos 34.625 27,56% 30.329 29,71% Tributos diferidos 4.172 3,32% 2.384 2,34% 82 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Provisões 5.860 4,66% 4.357 4,27% Outras contas a pagar longo prazo 606 0,48% 1.333 1,31% Total não circulante 45.263 36,02% 38.403 37,62% Patrimônio líquido Capital social 20.000 15,92% 12.380 12,13% Reserva de lucros 17.709 14,09% 18.620 18,24% Ajustes avaliação patrimonial ‑ 1.489 ‑1,19% ‑ 942 ‑0,92% Total patrimônio líquido 36.220 28,83% 30.058 29,44% Total passivo 125.648 100,00% 102.091 100,00% Comentário: A empresa, em relação ao balanço patrimonial entre os dois anos 2009 e 2010, teve uma performance semelhante: a composição das contas, do ativo e do passivo, têm muita semelhança. Na DRE, calcula‑seo percentual de cada conta em relação às vendas (receita líquida ou vendas líquidas). Tabela 6 ‑ Demonstração do resultado do exercício Análise vertical 2010 % V 2009 % V Receitas de produtos e serviços 29.497 100,0% 29.231 100,0% (‑) CMV/CPSV 21.561 73,1% 22.309 76,3% Lucro bruto 7.936 26,9% 6.922 23,7% Despesas operacionais Vendas 1.251 4,2% 1.240 4,2% Administrativas 3.087 10,5% 3.285 11,2% Outras receitas/despesas ‑ 3.601 ‑12,2% ‑ 4.191 ‑14,3% Total despesas operacionais 737 2,5% 334 1,1% Lucro operacional 7.199 24,4% 6.588 22,5% Resultado da equivalência patrimonial ‑ 660 ‑2,2% 1.965 6,7% Lucro antes Imp. Renda/Cont. Social 6.539 22,2% 8.553 29,3% Imposto Renda / Cont. Social lucro 1.669 5,7% 2.394 8,2% Lucro líquido 4.870 16,5% 6.159 21,1% A performance do ano de 2010, 16,5% de lucro líquido, foi menor que no ano de 2009, cujo lucro líquido foi de 21,1%. Na DRE, calcula‑se o percentual de cada conta em relação às vendas (receita líquida ou vendas líquidas). 83 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Análise horizontal Na análise horizontal, um determinado ano, normalmente o ano anterior, serve como base (100%), e os demais anos são comparados em relação ao ano base. Portanto, podemos verificar se houve um crescimento ou decréscimo em relação ao ano anterior de forma nominal ou real. É aquela a partir da qual se verifica o desempenho (crescimento ou decréscimo) das contas de um ano para outro, nominal ou real. O desempenho nominal é o crescimento ou decréscimo em que não se desconta a inflação do período em análise. A análise horizontal, também denominada pôr alguns analistas como análise por índices, tem por finalidade evidenciar a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao longo dos anos. Por meio desse tipo de análise, é possível acompanhar o desempenho de todas as contas que compõem a demonstração analisada, verificando as tendências evidenciadas. A partir da análise horizontal, o analista poderá verificar a evolução normal dessa conta e compará‑la com a evolução das demais contas da demonstração, para concluir se o lucro líquido do exercício também alcançou a mesma evolução no período. Caso isso não tenha ocorrido, a análise das demais contas permitirá ao analista verificar os pontos que impediram o crescimento e ainda avaliar as tendências de aumento ou diminuição de custos, despesas e de outras receitas. O analista não poderá desprezar, evidentemente, em sua análise, a influência da inflação, que pode concorrer para um crescimento aparente ou para a redução dos valores em análise. Enquanto a análise vertical é feita pela comparação de cada elemento do conjunto em relação ao total, em um mesmo período, a análise horizontal compara a evolução dos valores de cada conta as demonstrações em análise, ao longo de vários períodos. Fórmula de cálculo Conta ativo 20X0 Conta ativo 20X9 ( –1) x 100 = AH% 84 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Tabela 7 ‑ Balanço patrimonial consolidado Análise horizontal em milhões Ativo AH% 2010 2009 Circulante Disponíveis ‑54,9% 3.252 7.208 Aplicação financeira 9,0% 15.096 13.855 Contas a receber 85,5% 23.310 12.567 Estoques 14,7% 3.717 3.242 Outras contas 17,3% 3.220 2.746 Total circulante 22,7% 48.595 39.618 Não circulante Realizável em longo prazo Aplicações financeiras 3,1% 9.920 9.620 Recebíveis 33,9% 18.460 13.788 Partes relacionadas ‑98,4% 4 252 Tributos a recuperar 11,4% 5.889 5.284 Outros valores 170,4% 1.744 645 Total realizável longo prazo 21,7% 36.017 29.589 Permanente Investimentos 115,1% 3.973 1.847 Imobilizado 15,3% 25.997 22.541 Ativo biológico 0,3% 1.451 1.446 Intangível 36,4% 9.615 7.050 Total permanente 24,8% 41.036 32.884 Total ativo 23,1% 125.648 102.091 Passivo AH% 2010 2009 Circulante Empréstimos e financiamentos 32,7% 36.958 27.851 Fornecedores 4,5% 2.705 2.588 Salários e encargos a pagar ‑1,1% 606 613 Imposto de Renda e CSLL 131,6% 667 288 Títulos a recolher ‑41,2% 402 684 Dividendos a pagar ‑8,9% 564 619 Adiantamento de clientes ‑46,6% 124 232 Provisões ‑99,0% 5 512 Outras contas a pagar 778,2% 2.134 243 Total circulante 31,3% 44.165 33.630 85 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Não circulante Exigível em longo prazo Empréstimos e financiamentos 14,2% 34.625 30.329 Tributos diferidos 75,0% 4.172 2.384 Provisões 34,5% 5.860 4.357 Outras contas a pagar longo prazo ‑54,5% 606 1.333 Total não circulante 17,9% 45.263 38.403 Patrimônio líquido Capital social 61,6% 20.000 12.380 Reserva de lucros ‑4,9% 17.709 18.620 Ajustes avaliação patrimonial 58,1% ‑ 1.489 ‑ 942 Total patrimônio líquido 20,5% 36.220 30.058 Total passivo 23,1% 125.648 102.091 Comentário: Tabela 8 ‑ Demonstração do resultado do exercício Análise horizontal AH% 2010 2009 Receitas de produtos e serviços 0,9% 29.497 29.231 (‑) CMV/CPSV ‑3,4% 21.561 22.309 Lucro bruto 14,6% 7.936 6.922 Despesas operacionais Vendas 0,9% 1.251 1.240 Administrativas ‑6,0% 3.087 3.285 Outras receitas/despesas ‑14,1% ‑ 3.601 ‑ 4.191 Total despesas operacionais 120,7% 737 334 Lucro operacional 9,3% 7.199 6.588 Resultado da equivalência patrimonial ‑133,6% ‑ 660 1.965 Lucro antes Imp. Renda/Cont. Social ‑23,5% 6.539 8.553 Imposto Renda / Cont. Social lucro ‑30,3% 1.669 2.394 Lucro líquido ‑20,9% 4.870 6.159 Saiba mais Aprofunde seus conhecimentos visitando o site: <http://www.cosif.com.br/ mostra.asp?arquivo=analisebalanco4>. Acesso em: 1 fev. 2012. 86 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Lembrete A análise vertical e horizontal serve para comparabilidade de períodos ou entre empresas por meio de uma base padrão – números percentuais. 5.2 Índices de Atividades Nesse grupo, estudaremos quantos dias a empresa demora, em média, para receber suas vendas, para pagar suas compras e para renovar seus estoques. Nas fórmulas dos índices de atividades, serão sempre usados valores médios (duplicatas a receber, estoques e fornecedores). Os índices de atividades indicam as rotações sofridas pelo capital e por valores empregados na produção, explicitando quantas vezes foram empregados e recuperados. Sabemos que o lucro é o principal objetivo de um empreendimento, assim sendo, é imprescindível que se saiba como estão fluindo os negócios, quanto tempo se leva para recuperar os investimentos, pagar os fornecedores e receber dos clientes, enfim, se o seu ciclo operacional condiz com a sua realidade. Os principais indicadores de atividades que possibilitamconhecer a evolução da atividade operacional da empresa são: • prazos de rotação dos estoques; • recebimento das vendas; • pagamentos das compras; • rotação de ativo. Que combinados resultam nos: • ciclo operacional; • ciclo financeiro. Esses indicadores demonstram quantos dias em média a empresa leva para pagar suas compras, receber suas vendas, renovar seus estoques e recuperar seu ativo. Uma das principais contribuições dos indicadores de atividade é levar ao conhecimento dos interessados a situação operacional da empresa, mostrando se está com estoques vultuosos demais, se as vendas condizem com a estrutura de produção e se os prazos de pagamento estão equivalentes 87 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 aos prazos de recebimento. Há uma série de informações fornecidas por essa análise capaz de otimizar a gestão do empreendimento. Outra função seria a comparação com empresa no mesmo ramo de atividade. E a mais importante seria o controle interno dos estoques, das vendas, dos pagamentos e dos recebimentos. A seguir, alguns indicadores: • prazo médio de recebimento – PMR; • prazo médio de estoque – PME; • prazo médio de pagamento – PMP; • ciclo financeiro = PMR + PME – PMP. Figura 25 Saiba mais Entenda melhor os indicadores de atividade em: <http://www.peritocontador. com.br/artigos/colaboradores/ARTIGO‑_INDICADORES_DE_ATIVIDADE.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2012. Prazo Médio de Recebimento – PMR O prazo médio de recebimento é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as vendas e o momento do pagamento dessas vendas. 88 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Indica quanto tempo em média a empresa leva para receber as suas vendas. Nesse caso, devemos estar atentos para a quantidade de vendas a prazo e os prazos concedidos. Quanto maior os prazos concedidos e maior a quantidade de vendas a prazo, pior para a empresa, pois os seu prazo de recebimento será bastante dilatado, comprometendo, dessa forma, o seu capital de giro. A fórmula utilizada para o cálculo do prazo médio de recebimento é a seguinte: Prazo médio de recebimento Duplicatas receber médias Vendas brutas x 360 = PMR Esse indicador mostra quantos dias em média a empresa espera para receber suas vendas. Interpretação: quanto menor, melhor. Figura 26 Prazo Médio de Pagamento – PMP O prazo médio de pagamento é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as compras e o momento de seu pagamento. Para esse cálculo, utilizaremos a seguinte fórmula: Prazo médio de pagamento Fornecedores médios Compras x 360 = PMP Esse indicador diz quantos dias em média a empresa espera para pagar suas compras. Interpretação: quanto maior, melhor. 89 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Figura 27 Saiba mais Para saber mais sobre prazo médio de pagamento, visite o site: <http:// www.thinkfn.com/wikibolsa/Prazo_m%C3%A9dio_de_pagamento>. Acesso em: 1 fev. 2012. Prazo Médio de Estoques – PME Os estoques nas empresas comerciais são formados por mercadorias adquiridas para venda. Já nas empresas industriais, são formados por matéria prima, produtos em processo de elaboração e produtos acabados. Há também outros materiais que compõem os estoques, como aqueles adquiridos para uso futuro. Os estoques permanecem na empresa até a sua venda. Seu volume indica o montante de recursos que a empresa compromete com eles, pois existem muitos gastos envolvendo a sua produção, estocagem e venda. O prazo médio de rotação dos estoques é o período compreendido entre o tempo em que permanece armazenado até o momento da venda. O seu volume depende da política de estocagem e do volume de vendas. Quanto maior o volume de vendas, mais rápida será a rotação dos estoques, e em menos tempo o ativo será recuperado. Pelas suas quantidades vendidas, podemos identificar, tendo como base dois períodos consecutivos no mínimo e utilizando os cálculos de análise, quantas vezes os estoques se renovaram. A fórmula utilizada para cálculo do prazo médio de rotação dos estoques é: Prazo médio de estoque Estoques médios Custos das vendas x 360 = PME 90 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Existem empresas que possuem uma rotação de estoques bastante dinâmica, como os supermercados. E outras são demasiadamente lentas, como revendedoras de caminhões de carga. Dessa forma, devemos levar em consideração em que tipo de atividade a empresa está inserida, a sua região geográfica e o nível das empresas com o mesmo ramo de atividade para compararmos e descobrir se àquele resultado é satisfatório. Sua análise deverá ser feita juntamente com os prazos médios de recebimento e de pagamento. Esse indicador mostra quantos dias em média a empresa espera para pagar suas compras. Interpretação: quanto maior, melhor. Ciclo operacional O ciclo operacional compreende desde a aquisição da matéria prima, sua transformação em produto acabado, sua estocagem até que seja vendido, o período em que são efetuados os pagamentos aos fornecedores e o período do recebimento das vendas. O ciclo operacional compara os prazos de pagamento e de recebimento e a rotação dos estoques. Essa comparação é de fundamental importância para o empreendimento, pois evidencia a atividade principal da empresa, sua evolução, seu retorno e sua eficiência. Compra de materiais Vendas Recebimento Produção Figura 28 Saiba mais Para saber mais, acesse: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/ BDS.nsf/A7A999A09E5D6E9703256F980050F858/$File/NT000A3636.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2012. Ciclo financeiro O ciclo financeiro é o período compreendido entre a efetivação dos pagamentos e o recebimento dos clientes. É o período em que a empresa financia o ciclo operacional. Esse intervalo de tempo não deve ser muito grande, pois tornaria o ciclo operacional muito oneroso. 91 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Compra de Matéria Prima Vendas de Produtos Acabados a prazo Cobrança de Duplicatas a Receber PME PMR Recebimento PMP Pagamento Duplicatas CICLO FINANCEIRO Figura 29 Saiba mais Conheça os princípios do ciclo financeiro em: <http://www.administradores. com.br/informe‑se/artigos/principios‑do‑ciclo‑financeiro/25319/>. Acesso em: 1 fev. 2012. Observação O grupo de índice de atividade demonstra qual é o prazo da empresa entre o início da produção e o recebimento das vendas. 6 ANÁLISE AVANÇADADAS DEMONSTRACÕES CONTÁBEIS E RELATÓRIO DE ANÁLISE 6.1 Análise Avançada das Demonstrações Contábeis EBITDA – Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization O EBITDA representa o potencial de geração genuinamente operacional de caixa que o ativo operacional de uma empresa é capaz de produzir, antes inclusive de considerar o custo de qualquer capital tomado emprestado. Não corresponde ao efetivo fluxo de caixa físico já ocorrido no período, porque parte das vendas pode não estar recebida e parte das despesas pode não estar paga. Assim que recebidas todas as receitas e pagas todas as despesas, esse é o valor de caixa produzido pelos ativos, antes de computadas as receitas e as despesas financeiras (juros), impostos (sobre o lucro), a depreciação, a amortização e a exaustão. É determinado pela soma do lucro operacional (antes do IR) e das despesas não desembolsáveis (depreciação/amortização). 92 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 É um indicador financeiro equivalente ao fluxo de caixa, evidenciando a capacidade da empresa em remunerar os credores e acionistas. O EBITDA concentra informações no operacional e na capacidade da empresa em gerar caixa. Essa é a principal razão para a exclusão das receitas e despesas financeiras (juros pagos a credores), posto que não apresentam vínculos com a atividade, embora sejam muitas vezes inevitáveis ao fomento da atividade. Além do mais, o EBITDA exclui do seu efeito – apesar de serem itens operacionais, que não impactam diretamente o fluxo de caixa – depreciação, exaustão e amortização. Modelo simplificado – EBITDA (+) receita bruta; (–) deduções e impostos; (=) receita líquida; (–) custos; (=) lucro bruto; (–) despesas operacionais; (=) lucro operacional; (+/‑) receitas / despesas financeiras; (=) Resultado EBITDA. EBITDA – como calcular? Reinaldo Luiz Lunelli Um indicador financeiro bastante utilizado pelas empresas de capital aberto e pelos analistas de mercado é o chamado EBITDA, cujo conceito ainda não é claro para muitas pessoas. A sigla corresponde a Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization, ou seja, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Conceito Em linhas gerais, o EBITDA representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Difere do EBIT, conhecido como 93 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 o lucro na atividade, no que se refere à depreciação e amortização, pois o EBIT considera esses efeitos contábeis. A utilização do EBITDA ganha importância, porque analisar apenas o resultado final da empresa (lucro ou prejuízo) muitas vezes tem sido insuficiente para avaliar seu real desempenho em um dado período, já que muitas vezes é influenciado por fatores difíceis de serem mensurados. Cálculo do EBITDA Um primeiro passo é calcular o lucro operacional que, de acordo com o critério utilizado no Brasil, é obtido como a subtração, a partir da receita líquida, do custo das mercadorias vendidas (CMV), das despesas operacionais e das despesas financeiras líquidas (despesas menos receitas com juros e outros itens financeiros). Vale lembrar que a definição de lucro operacional em boa parte do mundo exclui o resultado financeiro. Já para calcular o EBITDA, é preciso somar do lucro operacional a depreciação e amortização inclusas no CMV e nas despesas operacionais. Isso porque essas contas não representam saída de caixa efetiva no período. Em resumo, a depreciação de um equipamento quantifica a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou tempo, e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda, vale ressaltar, é apenas econômica e não financeira, ou seja, não há um desembolso efetivo do recursos no período. Outra conta que deve ser acrescentada no EBITDA é a despesa financeira líquida, que foge do escopo de análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Assim, para o cálculo do EBITDA, adicionam‑se os juros, depreciação e amortização ao lucro operacional líquido antes dos impostos. Vale lembrar que muitas empresas já publicam diretamente o indicador, que não é de divulgação obrigatória de acordo com as regras da CVM. Isso tende a facilitar a análise, embora muitos analistas critiquem as diferentes metodologias adotadas, principalmente em relação a itens extraordinários. Aplicação do EBITDA O indicador pode ser utilizado na análise da origem dos resultados das empresas e, por eliminar os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão a produtividade e a eficiência do negócio. Como percentual de vendas,pode ser utilizado para comparar as empresas quanto à eficiência dentro de um determinado segmento de mercado. Além disso, a variação do indicador de um ano em relação a outro mostra aos investidores se uma empresa conseguiu ser mais eficiente ou aumentar sua produtividade. 94 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Por outro lado, como ressalva, vale lembrar que o EBITDA pode dar uma falsa ideia sobre a efetiva liquidez da empresa. Além disso, o indicador não considera o montante de reinvestimento requerido (pela depreciação), fator especialmente crítico nas empresas que apresentam ativos operacionais de vida curta. Assim, o EBITDA é um indicador financeiro muito relevante, mas que deve ser utilizado combinado com outros indicadores de desempenho para fornecer uma visão mais apropriada da performance da empresa. Ainda assim, é certamente o mais acompanhado pelos analistas e acaba ganhando bastante importância também na análise de crédito e nos múltiplos de avaliação de empresas. Em determinado cenário, uma empresa pode apresentar um EBITDA verdadeiramente “astronômico” e nem sequer ter dinheiro para pagar os salários (basta que tenha vendido a clientes que não pagam, ou que tenha efetuado avultados investimentos). Isso deve‑se ao fato desse indicador analisar somente as contas de resultado, não se importando com a movimentação patrimonial. O caso da famosa Worldcom é um bom exemplo disso. Um investidor que se tenha deixado “guiar” pelo EBITDA, foi enganado pelas “manipulações contábeis” efetuadas nas contas patrimoniais. Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/calculodoebitda.htm>. Acesso em: 2 fev. 2012. EVA – Economic Value Added É uma medida de desempenho empresarial, considerada por muitos especialistas como a verdadeira chave para a criação da riqueza. Para os parâmetros do EVA, o capital é tanto o empréstimo de terceiros quanto o dinheiro investido pelos acionistas da empresa. O custo da dívida é o que está cobrando a instituição financeira para emprestar o dinheiro. Já o custo do capital investido pelo acionista envolve a avaliação dos ativos da companhia. É preciso saber, portanto, se o custo do capital justifica os ganhos que serão obtidos em um investimento. Uma empresa só cria valor se o retorno sobre seucapital for maior do que o custo envolvido ou do que a taxa de ganho que os investidores poderiam auferir no caso de investirem em outros valores com o mesmo risco. A principal mensagem do EVA é que não é suficiente ter lucro líquido positivo ou certo nível de lucro por ação. Ao contrário, a empresa precisa ganhar o suficiente para cobrir o custo do capital de terceiros e o custo de oportunidade do capital próprio antes que ela comece a criar valor. É constante a procura pelas organizações por uma representação de valor ideal, e por isso, atualmente, o EVA tem sido um indicador muito utilizado. Existe pouca dúvida de que a criação de valor é o objetivo final de qualquer organização. A dificuldade está em desenvolver uma estrutura para avaliar 95 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 corretamente a criação de valor em diferentes níveis operacionais e em utilizar a criação de valor para guiar a conduta de diferentes grupos dentro de uma organização. O EVA é utilizado quando há: • diminuição dos resultados; • aumento dos custos; • perda da margem na produção e/ou na comercialização dos produtos e serviços; • perda de mercado; • obsolescência dos produtos e serviços. Fórmula / exemplo • EVA = NOPAT – custo do capital • NOPAT (Net Operating Profir After Tax): lucro operacional pós‑impostos. Modelo do EVA (+) receita bruta; (–) deduções e impostos; (=) receita líquida; (–) custos; (=) lucro bruto; (–) despesas operacionais; (=) lucro operacional; (+/‑) receitas / despesas financeiras; (=) resultado antes dos resultados financeiros (EBITDA); (–) impostos; (=) NOPAT; 96 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 (+) lucro operacional depois dos impostos; (–) custo do capital; (=) EVA (Economic Value Added). MVA – Market Value Added O MVA (Valor de Mercado Agregado), que envolve o capital total da empresa (incluindo ações, empréstimos e ganhos retidos) e deduz isso do valor do capital acionário e dívidas, foi criado pela Stern Stewart & Co. para que os administradores pudessem tomar decisões estratégicas por meio de uma medida de análise que examinasse o valor futuro de suas empresas, pois o problema com o EVA é que são medidas de análise que examinam o passado. O MVA é a diferença entre quanto o empresário obteria para vender todas as ações (valor de mercado) e o capital investido pelos acionistas‑proprietários. Ou seja, se o resultado do MVA for positivo, pode‑se dizer que a empresa realmente criou valor para quem tiver suas ações. Existe uma íntima correlação entre as medidas do EVA e do MVA. O EVA calcula a riqueza criada em determinado tempo, um ano, por exemplo, enquanto o MVA mede o valor acumulado em toda a trajetória da empresa até determinada data. Se os administradores melhoram a medida do EVA, o MVA da empresa terá uma probabilidade maior de melhorar também. Essas medidas fornecem um quadro mais confiável do desenvolvimento das empresas, pois se concentram no fluxo de caixa, que é difícil de manipular, ao contrário dos métodos tradicionais de contabilidade, que podem ser facilmente manipulados e são tratados diferentemente por diferentes regimes da contabilidade. Formas de criar eficiência do EVA e do MVA: 1. cortar custos e reduzir impostos para aumentar o NOPAT (lucro operacional líquido, deduzido o Imposto de Renda) sem crescer capital; 2. empreender todos os investimentos nos quais o aumento do NOPAT será maior do que o aumento de encargos de capital; 3. retirar capital das operações quando as economias decorrentes da redução dos encargos de capital excedam qualquer redução do NOPAT; 4. estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital. 97 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Saiba mais Para saber mais sobre MVA e EVA, leia: <http://www.revistasusp.sibi.usp. br/pdf/rege/v12n1/v12n1a2.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2012. Observação A análise avançada somente é recomendável para os analistas com alto grau de experiência e entendimento das demonstrações contábeis, devido ao grau de complexidade na interpretação. 6.2 RELATÓRIO DE ANÁLISE Conceito e aplicação Relatório de análise: trata‑se do documento final da análise, contendo as conclusões obtidas por meio das análises vertical e horizontal, bem como os indicadores financeiros e econômicos. Esse relatório deverá ser elaborado pelo analista de balanço, porém, deverá ser dirigido a cada usuário das informações contábeis, uma vez que cada um deles terá uma necessidade diferente sobre os resultados obtidos. Lembrete Os relatórios de análise contribuem para simplificar os dados produzidos por meio de índices. Alguns pontos devem ser considerados ao se redigir um relatório de análise: • deve ser elaborado em linguagem inteligível para leigos, mesmo que alguns usuários possuam conhecimentos contábeis; • o analista deverá tomar o cuidado de não colocar suas opiniões pessoais sobre os resultados obtidos, porém, com muito critério, poderá sugerir algumas ações que auxiliarão na tomada de decisão; • não há um tamanho padrão para o relatório, mas deverá ser apresentada de forma clara e objetiva a situação econômico‑financeira da empresa e também o seu desempenho ao longo dos períodos analisados, bem como as tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas, ainda, as causas que proporcionaram o grau de endividamento, liquidez e rentabilidade encontrados, sejam eles positivos ou negativos; 98 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 • deverá constar também no relatório a comparação dos indicadores obtidos na análise em relação aos padrões pertencentes ao ramo da empresa em questão; • No relatório não deverá constar valor dos indicadores apurados em análise; esses deverão ser acompanhados em planilhas que auxiliarão o usuário das informações para uma consulta, se for o caso. Em seguida, a título de ilustração, apresentaremos como os dados apurados na análise de balanço deverão ser transformados em informações: Tabela 9 ‑ Exemplo de indicadores de liquidez apurados na análise de balanço Indicadores Índices Índices‑padrão Liquidez geral 1,42 1,20 Liquidez corrente 1,70 1,35 Liquidez seca 1,54 1,25 Dados que devem ser relatados Situação de liquidez: o índice de liquidez geral foi de 1,42; esse índice mostra que, a cada R$100,00 de dívida, a empresa tem R$142,00 para pagar, sobrando, portanto, R$42,00. Ainda está acima do índice‑padrão da categoria que, conforme está apontado, é de R$1,20. A liquidez corrente de R$1,70 também está acima do padrão de R$1,35 e também indica que, a cada R$100,00 de dívida em curto prazo, a empresa tem R$170,00 para pagar, sobrando R$ 70,00. Já a liquidez seca de R$1,54 está abaixo da corrente de R$1,70, e aindaficou inferior ao padrão de 1,25. Mas podemos dizer que há condições de pagar as dívidas em curto prazo assumidas, uma vez que, a cada R$154,00, temos, em contrapartida, uma dívida de R$100,00. Logo, sobrarão R$54,00. Transformando os dados em informações Situação de liquidez: a empresa encontra‑se bem estruturada sob o ponto de vista de solvência, possuindo solidez financeira suficiente para cobrir seus compromissos de curto e de longo prazo, uma vez que opera com todos os índices de liquidez acima do padrão de seus concorrentes. Indicadores de insolvência – conceito e aplicação Os indicadores de insolvência ou fórmulas de previsão de falências são discutidos por diversos autores, por apresentarem dados subjetivos em sua constituição. Também conhecida como “termômetro de insolvência” essa ferramenta analítica utiliza métodos estatísticos quantitativos para auxiliar o gestor de crédito, justamente, na concessão de créditos aos seus clientes. A técnica estatística da análise discriminante, utilizada com frequência nesses casos, incorpora os índices financeiros de lucratividade, estrutura, liquidez e atividade, para compor um modelo que, 99 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 estatisticamente, tenha a capacidade de prever a probabilidade de insolvência para um período futuro previamente determinado pelo próprio modelo (IUDÍCIBUS, MARION e LOPES, 2000). Lembrete Os indicadores de insolvência complementam a análise financeira, servindo de confrontação aos indicadores internos (financeiros) e externos (mercado) da empresa/entidade. Silva (2008) ressalta que diversos estudos foram realizados no Brasil, a partir de experiências positivas anteriores que foram desenvolvidas no exterior, também com o propósito de prever situações de insolvência. Entre os principais estudos feitos no Brasil, Silva (2008) e Iudícibus, Marion e Lopes (2000), destacam a análise discriminante de Stephen C. Kanitz que construiu o chamado “termômetro de insolvência”. Segundo Matarazzo (1998, p. 245), as fórmulas mais conhecidas e desenvolvidas por autores brasileiros são: Kanitz: • FI = 0,05x1 + 1,65x2 + 3,55x3 – 1,06x4 – 0,33x5; • FI = fator de insolvência = total dos pontos obtidos; • X1 = lucro líquido / patrimônio líquido; • X2 = ativo circulante + realizável em longo prazo / exigível total; • X3 = ativo circulante – estoques / passivo circulante; • X4 = ativo circulante / passivo circulante; • X5 = exigível total / patrimônio líquido. Classificação: • FI inferior a ‑3 → insolvente; • FI entre ‑3 e 0 → indefinida; • FI acima de 0 → solvente. 100 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Diversos outros modelos foram desenvolvidos nessa área. Porém, Silva (2008), ressalta que esse é um critério de análise baseado na objetividade e não na subjetividade do analista. Esse fator é de grande relevância, pois em grandes empresas é possível colher dados mais precisos e numerosos para a obtenção dos índices financeiros, enquanto que, em pequenas empresas, as informações quantitativas tendem a ser deficientes. Sendo assim, essa deficiência precisa ser compensada por informações qualitativas. Portanto, em empresas grandes ou pequenas, a decisão de crédito envolve os fatores quantitativos e qualitativos. Altman (dois modelos): • Z1 = 1,44 + 4,03x2 + 2,25x3 + 0,14x4 + 0,42x5; • Z2 = 1,84 ‑0,51x1 + 6,32x3 + 0,71x4 + 0,53x5; • Z1 ou Z2 = total dos pontos obtidos; • X1 = ativo circulante – passivo circulante / ativo total; • X2 = reservas e lucros suspensos / ativo total; • lucro líquido + despesas financeiras + Imposto de renda; • X3 = ativo total; • X4 = patrimônio líquido / exigível total; • X5 = vendas / ativo total. Classificação (para os dois modelos) Total de pontos = 0 → insolvente. Elizabetsky: • Z = 1,93x32 – 0,20x33 + 1,02x35 + 1,33x36 – 1,12x37; • Z = total dos pontos obtidos; • X32 = lucro líquido / vendas; • X33 = disponível / ativo permanente; 101 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 • X35 = contas a receber / ativo total; • X36 = estoque / ativo total; • X37 = passivo circulante / ativo total. Classificação: Total de pontos = 0,5 → insolvente. Matias: • Z = 23,792x1 – 8,26x2 – 9,868x3 0,764x4 – 0,535x5 + 9,912x6; • Z = total dos pontos obtidos; • X1 = patrimônio líquido / ativo total; • X2 = financiamento e empréstimos bancários / ativo circulante; • X3 = fornecedores / ativo total; • X4 = ativo circulante / passivo circulante; • X5 = lucro operacional / lucro bruto; • X6 = disponível / ativo total. Classificação: Total de pontos = 0 → insolvente. Pereira: • Z = 0,722 – 5,124E23 + 11,016L19 – 0,342L21 – 0,048L26 + 8,605R13 – 0004R29; • Z = total dos pontos obtidos; • E23 = duplicatas descontadas / duplicatas a receber; • L19 =estoques (final) / custo das mercadorias vendidas; • L21 = fornecedores / vendas; 102 Unidade II Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 • L26 = estoque médio / custo das mercadorias vendidas; • R13 = (lucro operacional + despesas financeiras) / (ativo total – investimento médio); • R29 = exigível total / (lucro líquido + 0,1 imobilizado médio). Classificação: Total de pontos = Abaixo de 0 → insolvente. Conforme demonstra Matarazzo (1998), cada autor apresenta uma fórmula diferenciada do outro; logo, os resultados também serão diferentes. Então, não será possível chegarmos aos indicadores de insolvência? Entendemos que: 1. os modelos apresentados não substituem a análise por meio dos índices tradicionais e devem ser usados apenas complementarmente às conclusões desses últimos; 2. o uso da análise discriminante, uma das técnicas utilizadas na estatística, contribui para identificar os índices e pesos a serem utilizados, conforme aponta Matarazzo (1998, p. 245), tomando‑se como base os índices apurados por meio da análise balanço; 3. em geral, as empresas não falem da noite para o dia; elas começam a dar sinais de insolvência, como, por exemplo, redução nas vendas, altos índices de inadimplência, constates atrasos nos pagamentos aos fornecedores e empregados, enfim, uma análise financeira anualmente contribuirá com a gestão empresarial, se as medidas apontadas no relatório de análise forem tomadas em tempo hábil. Resumo A complementação da análise das demonstrações contábeis depende do grau de profundidade da análise desejada. A análise vertical e horizontal são parâmetros para a comparabilidade entre períodos ou entre empresas de forma isolada – sem comparação, o sentido da análise é restrito, diferentemente da comparação de períodos ou entre empresas, pois há um denominador comum entre os dados das demonstrações contábeis. Os valores apresentados estãonuma mesma base, base percentual, facilitando as comparações entre períodos ou entre empresas, os valores percentuais demonstram uma base única. 103 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : V er ôn ic a - 14 -0 2- 20 12 // R ed im en si on am en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 2/ 20 18 Essa análise, tanto a vertical quanto a horizontal, para serem comparáveis, utilizam a mesma base de cálculo. O índice de atividades demonstra os períodos das atividades de uma empresa: compra, estoque, produção e recebimento. Por meio de fórmula podemos calcular os períodos médios dessas atividades. Na conjugação dos períodos médios, encontramos o ciclo financeiro e o ciclo operacional, que correspondem respectivamente ao período de fluxo financeiro e de fluxo operacional. A determinação desses ciclos determinam as necessidades e a operacionalização da empresa. Para os analistas mais experientes e usuários com grau de necessidade profunda, a análise avançada das demonstrações contábeis são concebidas por meio do cálculo do EBITDA Lucrosantes de juros, impostos, depreciaçãoe amortização (Lajida), EVA (Valor Econômico Agregado) e MVA (Valor Agregado de Mercado). Esses índices são frequentemente utilizados no mercado acionário, pois os usuários querem ter a “certeza” da situação atual e futura da empresa. Decorrente desse objetivo, o analista deve ter experiência ao analisar esses índices, pois fornecem informações profundas. O produto básico e palpável da análise das demonstrações contábeis é a elaboração de relatório. Esse relatório deve conter as informações e análises de forma concisa e objetiva, de acordo com o nível do usuário. Elaborar o relatório em linguagem coloquial para que todos tenham a devida compreensão de uso é fundamental. Fundamentalmente, o relatório deve conter as informações necessárias para a compreensão da análise efetuada, portanto, saber redigir o relatório é uma qualidade que os analistas devem ter. Por fim, sendo a contabilidade uma ciência, os pesquisadores encontram fórmulas devidamente testadas que aprofundam os horizontes da análise das demonstrações contábeis com a utilização de ferramentas úteis, como: tecnologia de informação, estatística, matemática e as demonstrações contábeis. Nesse tópico, são apresentados os vários modelos apresentados pelos pesquisadores contábeis, demonstrando a utilidade da análise das demonstrações contábeis.
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