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FACULDADE PADRÃO 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
WILSON AUGUSTO DE ALMEIDA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
A LEI N. 13.010 – LEI DA PALMADA EM FACE DO 
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO NO 
PODER FAMILIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2015 
WILSON AUGUSTO DE ALMEIDA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LEI N. 13.010 – LEI DA PALMADA EM FACE DO 
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO NO 
PODER FAMILIAR 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de 
Direito apresentado ao departamento de 
Direito da Faculdade Padrão e tem como 
requisito indispensável para obtenção do 
grau de Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Prof.ª Me. Marina Zava de Faria Nunes 
(Orientadora) 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2015 
WILSON AUGUSTO DE ALMEIDA DOS SANTOS 
 
 
 
A LEI N. 13.010 – LEI DA PALMADA EM FACE DO 
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO NO 
PODER FAMILIAR 
 
 
Monografia apresentada como um dos 
requisitos para obtenção do titulo de 
bacharel em direito pela Faculdade 
Padrão. 
 
 
Goiânia, ___ de ________________de 2015. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
____________________________________________________________ 
Prof.ª Me. Marina Zava de Faria Nunes 
Faculdade Padrão 
 
 
 
____________________________________________________________ 
Professor (a) 
Faculdade Padrão 
 
GOIÂNIA 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu pai e a minha mãe, a minha 
esposa, a minha filha, aos meus irmãos, familiares e aos 
demais cidadãos que representam o vínculo entre pais e 
filhos desta nação. 
A todos os acadêmicos de Direito desta instituição e de 
outras instituições no mesmo seguimento, com quem tive 
a oportunidade de me relacionar, debatendo assuntos do 
meio jurídico, além de poder sanar dúvidas sobre as 
matérias ministradas no curso de Direito e aqueles que 
sanaram minhas dúvidas também. 
A todos os pais e mães que lutam diariamente, com todas 
as limitações que lhes são impostas, para educar seus 
filhos de maneira que a sociedade possa recepcioná-los 
como cidadãos de bem, mesmo diante deste cenário em 
que se encontra nossa nação em aspectos políticos, 
sociais, econômicos e estruturais. 
A Igreja Assembléia de Deus Ministério Fama – AD. 
Colorado. 
A um grande amigo que perdi no decorrer da vida, amigo 
que era irmão mais velho ou mais novo a depender da 
situação. Um parceiro que nos denominava de “BAD 
BOYS” (GATOROS MAUS) e dizíamos “Andamos juntos, 
morremos juntos Bad Boys para sempre” (We walk 
together, we die together Bad Boys forever) - a você, 
WILLIAN LOPES MATEUS - (16/01/1991 à 30/09/2013) 
eu dedico este trabalho também! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A priori agradeço a Jesus Cristo, por mais esta conquista 
na minha vida profissional, em que o mérito é tão somente 
para honra e glória do altíssimo. Agradeço ainda por cada 
momento que me propiciou cada vitória e cada derrota, 
pois em ambas as situações eu aprendi e refleti, 
chegando a seguinte conclusão: “Tudo que provem de 
Deus é bom”. 
A meu pai, a minha mãe, a minha esposa, a minha filha, 
aos meus irmãos, e demais familiares e amigos que 
compreenderam minha ausência no decorrer deste curso, 
e me ajudaram de alguma forma com intuito de me apoiar 
e me estimular a não desistir e continuar a luta, pois a 
vitória estava próxima. 
Ao principal financiador do meu curso, que me apoiou 
financeiramente e emocionalmente, um motorista 
profissional com mais de 35 (trinta e cinco) anos de 
carreira, o Sr. José Wilson Lopes dos Santos, meu 
querido pai! 
A todos os professores desta instituição que aqui ainda se 
encontram ou não, os que eu tive o prazer de conhecer, o 
prazer de assistir suas aulas. Ressalto que tenho grande 
apreço por cada um, por suas qualidades distintas e 
similares, por seus métodos diferenciados de ensino, dos 
quais aprendi com clareza cada conteúdo ministrado no 
decorrer do curso de Direito. 
A todos os Advogados que me possibilitaram um 
aprendizado prático da profissão, que tiveram paciência 
em me ensinar e a compreensão em me dispensar para 
maiores aprendizados. 
 
RESUMO 
 
O conteúdo de trabalho tem por objetivo demonstrar a contradição do objeto de uma 
Lei n. 13.010 que alterou a Lei n.. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de 
serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou 
degradante, e altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 em face de 
princípios constitucionais, dos quais foram atropelados pelo clamor público em 
decorrências de alguns casos isolados de maus tratos de pais para com seus filhos 
cujo objetivo destes é causar a morte de sua prole. Sendo o clamor público 
agravado pela presença de determinada socialite na bancada do Congresso 
Nacional com fito de pressionar aqueles votantes a aprovar o projeto de lei. 
 
PALAVRA-CHAVE: Família; Intervenção do Estado; Lei da Palmada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08 
 
CAPÍTULO I – PRINCÍPIO DO PODER FAMILIAR...................................................13 
1.1 ORIGEM...............................................................................................................13 
1.2 CONCEITO E FINALIDADE.................................................................................13 
1.3 ABRANGENCIA DO PODER FAMILIAR..............................................................13 
1.4 EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR....................................................................17 
1.5 SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR..................................................................20 
1.6 PERDA DO PODER FAMILIAR............................................................................21 
1.7 PROCEDIMENTO PARA PERDA E SUSPENSÇAO DO PODER FAMILIAR......22 
 
CAPÍTULO II – PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO NO DIREITO 
DE FAMÍLIA...............................................................................................................24 
2.1 ORIGEM...............................................................................................................24 
2.2 CONCEITO, FINALIDADE...................................................................................24 
2.3 OBJETIVOS, ASPECTOS....................................................................................26 
 
CAPÍTULO III – A LEI N. 13.010/14 DENOMINADA LEI DA PALMADA E/OU LEI 
MENINO BERNADO..................................................................................................28 
3.1 ORIGEM...............................................................................................................28 
3.2 ALTERAÇÃO DO ESTATUDO DA CRIANÇA E ADOLECENTE Lei n.º 
8.069/90......................................................................................................................29 
3.3 FATOR MOTIVACIONAL PARA APROVAÇÃO DA LEI........................................31 
3.4 OBJETIVOS, ASPECTOS....................................................................................33 
3.5 A EFICÁCIA DA LEI..............................................................................................35 
 
CONCLUSÃO.............................................................................................................43 
 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................468 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho tem como objeto de discussão a Lei n. 13.010, de 26 junho de 
2014 que foi denominada de Lei da palmada ou Lei menino Bernardo, que altera a 
Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para 
estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados 
sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei n. 
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Aqui foi feita uma abordagem crítica a cerca 
dos aspectos da lei em epígrafe estendendo o campo de atuação a todos os demais 
pais que zelam pela moral e bons costumes, além da moderação dos castigos 
físicos atribuídos de forma equiparados a seus filhos. 
No primeiro capítulo o estudo estará direcionado ao Poder Familiar, posto 
diante de outro princípio. Neste ponto iremos destacar de onde surgiu o princípio, o 
conceito analisando a evolução da sociedade, a finalidade de acordo com os 
preceitos modernos, a luz das normas vigentes no País, a abrangência e aqui 
tratando de quem são as responsabilidades pelo o exercício do Poder Familiar e 
quem são os subordinados ao exercício de acordo com os modelos de famílias 
advindos da evolução nas normas vigentes. 
Iremos tratar também do Exercício do Poder Familiar na relação entre pais 
biológicos e filhos, bem como pais adotivos e filhos adotivos, explicando se há ou 
não diferenças nos dois tipos de família, e mais, será elencado que não só os pais 
biológicos ou adotivos exercem o Poder Familiar, mas também toda pessoa que 
tenha responsabilidade para com um menor sendo este tutor ou curador daquele 
menor de idade, tal como avós, tios ou até mesmo irmãos que são maiores de 18 
anos e tenham responsabilidade sobre os menores de 18 anos. 
Também será alvo de esclarecimento o poder-dever dos pais para com os 
filhos, o múnus público, demonstrando que aos pais pode recair toda obrigação pela 
existência de seus filhos até a maior idade, e que aos filhos são de plena obrigação 
obedecer a seus pais e lhes serem respeitosos, o que além de ser diretriz de uma lei, 
são adventos de um costumerismo que já ultrapassam por séculos desde a 
existência da humanidade, e nunca fica velho e é algo que deve ser prevalecido 
para sempre. 
E quando os pais ou qualquer outro detentor do Poder Familiar ultrapassar 
9 
os limites da condução da criação, de um menor? Como fica? Aqui iremos explicar 
de acordo com a legislação antes da vigência da Lei n. 13.010/14, e após, o que 
modificou, demonstrando mais uma vez que o objetivo da nova lei tornou-se inócuo, 
pois a legislação de outrora já era coercitiva contra os abusos, o que também ficará 
patente é que a redação da nova Lei é um retrocesso haja vista que retira dos 
detentores do exercício do Poder Familiar uma ferramenta que viabiliza a condução 
e criação da criança ou adolescente, desde que feito de maneira moderada. Logo 
ficará clara que somente a admoestação verbal não é eficaz para o crescimento e/ou 
amadurecimento da capacidade de entender de uma criança do que tange poder 
coercitivo de determinado poder (pais) em “lato sensu” ou “strito sensu”. 
Tal como o Estado atua em detrimento de uma norma para com o cidadão 
infrator, onde se o delito cometido for de menor proporção e pena é mais leve e se o 
delito cometido for mais grave a pena é maior, assim atua os principais detentores 
do Poder Familiar, uma vez que atribui castigos de acordo com a gravidade do ato 
infracional que aquele menor cometeu, sendo a mera admoestação verbal ou 
castigos físicos de forma moderada. 
De acordo com a legislação anterior e o advento da redação em 
consonância a nova lei, iremos abordar as sanções a serem aplicadas aos 
indivíduos que excedem as diretrizes da lei, e aqui mais uma vez reforça a tese que 
a nova Lei tem o objetivo inócuo, pois as penalidades que outrora eram impostas tal 
como a suspensão do Poder Familiar ou até mesmo a extinção do Poder Familiar, 
são as mesmas à serem aplicadas com a nova redação. Ainda será abordado 
acerca dos procedimentos legais para a suspensão ou extinção do Poder Familiar, 
explicando quando caberá cada sanção, bem como fazer uma análise crítica das 
agravantes e atenuantes para cada caso 
Agora no segundo capítulo será objeto de esclarecimento o Princípio da 
Intervenção Mínima do Estado, sendo este um princípio constitucional que visa 
garantir que o Estado Democrático de Direito, não seja arbitrário e tome decisões 
em todos os campos a finco de prevalecer somente o seu poder decisório. Será 
elencada a origem do princípio, bem com o seu conceito e finalidade de acordo com 
as diretrizes da Constituição da República Federativa do Brasil de 05/10/1988. 
Será objeto de esclarecimento e explicação, em quais campos pode-se 
aplicar o Princípio da Intervenção Mínima do Estado, bem como, em especial de 
acordo com tema do presente trabalho, será ventilado em face do Princípio do Poder 
10 
Familiar, o que justamente os legisladores não se pautaram para a aprovação da Lei 
n. 13.010 de 24/06/2014. Assim pretende-se demonstrar que a prevalência da Lei 
faz com que o Estado intervenha de forma desarrazoada no Poder Familiar e 
tamanha atrocidade acarreta grandes prejuízos a sociedade de modo geral em longo 
prazo, visto que limita os detentores do Poder Familiar nas atribuições do múnus 
público, e exige deste uma boa criação e educação de sua prole. 
Discutiremos também o conflito entre dois princípios constitucionais dos 
quais são de plena relevância de acordo com o tema sugerido neste trabalho. Será 
explicado se há conflito entre o Princípio da Intervenção Mínima do Estado e o 
Princípio do Poder Familiar, de tal sorte que se esclarecerá acerca da hierarquia dos 
princípios constitucionais, a prevalência de um para com o outro, onde será mais 
benéfico aplicar um ou outro, diante de quais situações. 
Nesta fase aprofundaremos os estudos a cerca das origens dos princípios 
da Intervenção Mínima do Estado, em paralelo com Princípio do Poder Familiar, 
especificando os exercícios, atribuições, detentores das prerrogativas, limitações e 
penalidades pela utilização desarrazoada e arbitrária no exercício dos dois princípios. 
Aqui colocaremos um Princípio em face do outro e utilizaremos a balança do Direito 
para que o objetivo final seja a equiparidade e justiça, prevalecendo-se bom senso, 
com fito de assegurar a quem é de direito, o exercício pleno do múnus público 
outorgado compulsoriamente, e limitar o mesmo dos abusos tudo posto de acordo 
com diretrizes constitucionais e legislação vigente que contrátio ao texto da Lei n. 
13.010/14. 
Já no terceiro capítulo ficará clara a explicitação da origem da Lei, em que 
foi fundado o embasamento jurídico para criação do texto, bem como, a aprovação 
do texto e sua publicação de forma excepcional, a fim de tornar vigente o seu 
conteúdo. Também se analisa o procedimento para criação e o lançamento do 
projeto de Lei para ser aprovado no Congresso Nacional, declarando o seu mentor e 
seus apoiadores. Neste sentido será analisado os aspectos positivos e negativos da 
presente Lei, perfilando os objetivos buscado por ela e os impactos sociais que 
acarretará a sociedade no todo por sua prevalência. 
Será objeto de discussão a eficácia da Lei, e as medidas inócuas que a 
mesma causará nos lares, aqui a abordagem será baseada não só no direito, 
propriamente puro, mas também em um estudo da psicologia infantil na concepção 
acerca da dosimetria na correção dos pais, tendo por balizas, a mera admoestação 
11 
verbal e os castigos físicos moderados de acordo com o antigo texto do ECA, que 
será comparado com a metodologia do Estado do reprimir as condutas típicas de 
acordo com a suas gravidade, analisando a conduta do agente e seu histórico, onde 
a conduta menos gravosa é punida com uma pena mais branda e a conduta mais 
gravosa epunida com a pena mais severa, sendo isto, com fito de manter a 
segurança jurídica no exercício do Estado no poder/dever de punir o agente infrator. 
Ainda no terceiro capítulo será abordado acerca da legislação que era 
vigente antes da aprovação da Lei da Palmada que reprimia todo tipo de castigos 
físicos de maneira desarrazoada e/ou desproporcional que colocasse em risco a 
integridade física do menor ou a sua vida, o que dará a idéia que o objeto de 
proteção da presente Lei já era matéria em atividade na legislação anterior. E assim 
se concluirá que a criação e aprovação da lei menino Bernardo decorreu do clamor 
público na ocorrência de fatos isolados de maus tratos do qual o objetivo era ceifar a 
vida daqueles menores e não conduzindo a criação e educação, assim patente que 
a aprovação não decorreu de uma real necessidade jurídica a fim de manter a 
ordem social. 
Por fim, mais ainda no terceiro capítulo o objetivo é analisar a aplicabilidade 
da Lei n. 13.010/2014, em seus efeitos positivos e negativos acerca da formação de 
uma inocente criança de hoje em um devastador adulto de amanhã. Igualmente, 
desenvolver uma linha de raciocínio lógico no que tange o menor custo e benefício 
para o Estado em atribuir penas tão somente aos raros casos de pais que abusam 
de seu exercício no Poder Familiar, sendo estes pais entendedor do poder 
repressivos do Estado soberano, ou aplicar as leis a uma manada de 
inconsequentes, intolerantes, menores ou até mesmo adultos que nunca irão 
compreender o caráter repressivo do Estado, uma vez que os pais não lhe puderam 
mostrar para não cometem crime. Isto nada mais é que, postergar a chegada de 
uma avalanche que com rolar da montanha só aumenta sua dimensão. Além de 
comparar injustamente verdadeiros “pais heróis” que representam a grande maioria 
na sociedade, com projetos fracassados de pais que cometem atrocidades com seus 
filhos em detrimento de uma vontade maligna de matarem seus filhos, e não de 
conduzirem uma boa educação, em casos isolados no anseio da sociedade. Assim, 
tem como objetivo analisar a aparente Intervenção desarrazoada do Estado nas 
relações particulares, em especial no que tange ao Poder Familiar. 
E ainda, aqui sendo o final, será feito um paralelo entre a aplicabilidade da 
12 
legislação antiga em face da nova redação apontando os resultados prós e contras 
em longo prazo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
CAPÍTULO I - PRINCÍPIO DO PODER FAMILIAR 
 
1.1 ORIGEM 
 
Na Roma Antiga tínhamos a figura do “pater familias”, que era exercido 
sobre todas as coisas e componentes do grupo familiar, incluindo os filhos, a esposa, 
os escravos e as pessoas assemelhadas, e a tudo que fosse considerado pela 
grande família romana um poder de propriedade, que era exercido pelo chefe 
familiar que era o patriarca. 
Já no Brasil está idéia veio retratada pela figura do Pátrio Poder, trazido pela 
Lei n. 3.071 de 01 de janeiro de 1916, que instituiu o Código Civil de 1916, seguindo 
as diretrizes da constituição da República de 1891, abstraindo a mesma linha de 
raciocínio da Roma Antiga, onde o patriarca era o soberano ante sua esposa, filhos 
e os respectivos bens destes e era o responsável por tudo. 
Com o advento da Constituição de República de 1988, a figura do Pátrio 
Poder passa a ter o seu significado a aplicabilidade ultrapassada, haja vista que no 
art. 5º, I nos revela que homens e mulheres são iguais perante a lei, nos direitos e 
obrigações, daí originou-se a necessidade na alteração do conceito de Pátrio Poder. 
Em 10 de janeiro de 2002, por meio de Lei n. 10.406 foi instituído o novo Código 
Civil, que dentre suas alterações evoluiu no que tange a figura do Poder Familiar, 
sendo que aqui, o homem e a mulher são titulares do poder de igual forma quanto à 
pessoa e os bens da sua prole, extinguindo a figura do Pátrio Poder onde o titular 
era somente o patriarca. 
Assim, após passar por uma estupenda evolução histórica decorrente de 
uma real necessidade em detrimentos de preceitos fundamentais de acordo com o 
atual Estado Democrático de Direito, chegamos a figura do Poder Familiar, onde há 
equiparidade no exercício entre os pais, sendo que aqui a mulher passar a integrar 
este poder quanto a órbita familiar com iguais direitos e deveres do homem. 
 
1.2 CONCEITO E FINALIDADE 
 
O Poder Familiar é compreendido como um micro ordenamento jurídico no 
âmbito familiar de acordo com os costumes de cada grupo, exercidos pelos pais 
cumulativamente, quanto à pessoa e os bens de seus filhos, apregoado pelo múnus 
14 
público, cuja finalidade e a proteção do menor visando todos os interesses benéficos 
a este, a finco de garantir a subsistência digna a até alcançar a maior idade. 
Segundo Diniz (2012, p. 601) 
O Poder Familiar pode ser definido como um conjunto de direitos e 
obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, 
exercido, em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam 
desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista 
o interesse e a proteção do filho. 
 
Idéia que é reforçada pelo entendimento de Rodrigues (2004, p. 356). 
O Poder Familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em 
relação à pessoa e os bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a 
proteção destes. 
O fato de a Lei impor deveres aos pais, com o fim de proteger os filhos, 
realça o caráter de múnus público do Poder Familiar. E torna irrenunciável. 
 
Ao passo em que temos direitos e deveres dos pais para com sua prole, 
temos a recíproca, onde a prole também possui prerrogativas e deveres enquanto 
menores ou não emancipados em relação aos seus pais, tudo isto para garantir o 
que preceitua o art. 227 do Constituição Federal de 1988. 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
Assim podemos concluir que o conceito do Poder Familiar está diretamente 
ligado a uma norma legal que segue paralelamente aos costumes de cada grupo 
familiar a fim de estabelecer a ordem no âmbito familiar, para compor o convívio em 
sociedades destes grupos familiares. 
 
 
1.3 ABRANGÊNCIAS DO PODER FAMILIAR 
 
Após conceituarmos o que é o poder de familiar, insta salientar onde esta o 
campo de abrangência, para tanto, cabe ressaltar os modelos de famílias 
tradicionais que são aquelas formadas pelo homem e a mulher em plena 
convivência na atividade do matrimônio ou de uma união estável, juntamente com 
seus filhos biológicos ou adotivos. E aqui não podemos confundir o conceito de 
família e exercício do Poder Familiar, haja vista que o primeiro contextualiza a 
15 
convivência de um conjunto de pessoas formada pelos pais e filho o ultima é o 
exercício de um poder que pode ser exercido por pais quanto à pessoa dos filhos 
mesmo que estejam separados. 
Conforme preceitua o Código Civil em seu art. 1.630. “Os filhos estão 
sujeitos ao Poder Familiar, enquanto menores”. 
Também é válido salientar os novos modelos de famílias aceitos em nosso 
ordenamento jurídico de acordo com a evolução da sociedade, que deixou de lado o 
conservadorismo e passou a aceitar uma maior desenvoltura dos personagens 
componente dos grupos familiar, podendo ser compreendidos somente por um dos 
genitores e sua prole, por um irmão maior de idade responsável pelos irmãos 
menores de idade, dois pais ou duas mães em consonânciaa união homoafetiva, 
Avós e netos, dentre outros inumeros casos onde há uma espécie de associação 
entre familiares que convivem no mesmo ambiente. 
Segundo Rodrigues (2004, p. 359) 
156. Pessoas sujeitas ao Poder Familiar – Os filhos, qualquer que seja a 
natureza da filiação, estão sujeitos ao Poder Familiar, enquanto menores 
(CC, art. 1.630), ou seja, até 18 anos. Quando nascidos fora do casamento, 
só estarão os que forem legalmente reconhecidos, pois como para aqueles 
filhos só o reconhecimento estabelece, juridicamente, o parentesco, é óbvio 
que sem aquele não se pode falar em pátrio poder. 
 
Entendimento doutrinário seguido também por Diniz (2012, p. 606). 
Pelo art. 1.630 do Código Civil sujeitam-se, portanto, à proteção do Poder 
Familiar todos os filhos menores advindos, ou não, de relações matrimoniais; 
reconhecidos e adotivos. Os não reconhecidos pelo pai, ante o fato de ser a 
maternidade em regra sempre certa, submeter-se-ão, como vimos, 
enquanto menores, ao Poder Familiar da mãe, que os reconheceu (RT, 
505:68). Se esta for desconhecida, ou incapaz de exercer o Poder Familiar, 
por estar sob interdição ou por ter sido dele suspensa ou destituída, ou 
ainda, se não for reconhecida por nenhum dos pais, nomear-se-á um tutor 
ao menor (CC, art.1.633). 
 
Insta salientar, que no a figura do tutor quanto à pessoa do menor não 
emancipado representa uma substituição aos pais biológicos, decorrente de 
ausência dos pais, destituição ou suspensão do Poder Familiar, aos tutores são 
transferidos os mesmos poderes que eram dos pais, estendendo os direito e 
obrigações quanto ao menor, todavia não constituindo aqui o múnus público, mais 
recaindo a mesmas responsabilidades, com o fim no alcance da maior idade do 
tutelado. 
Já a figura do curador é diferente, pois o curatelado é maior idade e a 
situação decorreu de um estado de necessidade, decorrente de uma enfermidade 
16 
grave ou embriagues habitual que impede o exercício da capacidade civil que pode 
ser temporária ou permanente, aqui não existe mais a figura do Poder Familiar que 
foi extinta com alcance da maioridade civil. 
Igualmente, cumpri salientar o conteúdo do Poder Familiar reflete a um 
complexo de normas entre prerrogativas e deveres recíprocos entre pais e filhos. 
Vejamos. 
Segundo Diniz (2012, p. 606/609) 
O Poder Familiar engloba um complexo de normas concernentes aos 
direitos e deveres dos pais relativamente à pessoa e aos bens dos filhos 
menores não emancipados. 
Compete aos pais quanto à pessoa dos filhos menores (CC, art. 1.634): 
1) Dirigir- lhes a criação e educação (CF, art. 229; Lei n.. 8.069/90, arts. 
4º, 19,21,53 e 55; Lei n.. 9.394/96, art. 6º, com redação da Lei n.. 
11.114/2005), provendo-os de meios materiais para sua subsistência e 
instrução de acordo com seus recursos e sua posição social, preparando-os 
para a vida, tornando-os úteis à sociedade, assegurando-lhes todos os 
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Cabe-lhes ainda dirigir 
espiritual e moralmente os filhos, formando seu espírito e caráter, 
aconselhando-os e dando-lhes uma formação religiosa. Cumpre-lhes 
capacitar a prole física, moral, espiritual, intelectual e socialmente em 
condições de liberdade e de dignidade (ECA, arts. 1º, 3º, 4º e 15). A norma 
jurídica prescreve que compete aos pais dirigir a criação e educação dos 
filhos, respeitando seus direitos da personalidade, garantindo sua dignidade 
como seres humanos em desenvolvimento físico-psíquico, mas nada dispõe 
sobre o modo como devem criá-los e muito menos como devem executar os 
encargos parentais. Isto é assim porque a vida íntima da família se 
desenvolve por si mesma e sua disciplina interna. 
Se os pais não cumprirem o dever legal e moral de educar e criar seus 
filhos, perderão o Poder Familiar (CC, art. 1.638, II), sofrerão as sanções 
previstas no Código Penal (art. 244 e 246) para o crime de abandono 
material e intelectual dos menores, e, ainda, arcarão com a 
responsabilidade civil pelo dano moral causado aos filhos, relativamente 
aos seus direitos da personalidade. 
Como os pais são civilmente responsáveis pelos atos dos filhos menores 
que estão em sua companhia e guarda, o direito de guarda abrange, 
necessariamente, o de vigilância, que torna efetivo o poder de dirigir a 
formação moral do menor. Ante o poder-dever de educação, correção e 
vigilância, poderiam os pais proibir a frequência a certos locais, a leitura de 
livros impróprios ou a amizades com determinadas pessoas, abrir 
correspondência de filhos menor, ouvir ligação telefônica, revistar seus 
objetos pessoais, usar aparelho rastreador antissequestro etc.? Como, nos 
ensina José de Oliveira Ascensão, o conceito de privacidade é inerente a 
um circunstanciona lismo do caso concreto, não se pode olvidar que o 
menor, estando em formação, desenvolvendo-se física e mentalmente, deve 
acatar as deliberações dos pais, detentores do Poder Familiar, desde que 
não atentatórias à sua dignidade e voltadas à proteção integral de seus 
interesses, ao respeito de seus direitos e ao aprimoramento de sua 
formação e educação (ECA, art. 22 e 98, II, CF, art. 229, CC, arts. 
1.634,1.689 e 1.693). Além do mais, como os pais têm o direito de ter a 
prole em sua companhia, vivendo com eles. Se os pais estiverem 
separados de fato, os direitos de ter os filhos em sua companhia e guarda 
cabe tanto ao pai como a mãe. Se os filhos menores forem confiados à 
guarda da mãe, não há ofensa ao Poder Familiar, por que o direito de 
guarda é da natureza, e não da essência, do Poder Familiar, podendo até 
ser confiado a outrem (RT, 178:162). 
17 
Exigir que lhes prestassem obediência, respeito e os serviços próprios de 
sua idade e condição, sem juízo de sua formação. Os menores deverão não 
só respeitar e obedecer aos pais, mas também prestar-lhe serviços 
compatíveis com sua situação, participando da mantença da família, 
preparando-se para os embates da vida. A fim de proteger o menor, a lei 
proíbe que trabalhe fora do lar até os 16 anos, salvo na condição de 
aprendiz, a partir dos 14 anos (CLT, art. 403 e 428; CF art. 7º, XXXIII; 
Decreto n. 5.598/2005, art. 2º 6.481/2008, art.3º; Lei n.. 8.069/90, art.60), e 
à noite ate os 18 anos ( art.404). O adolescente, maior de 14 anos, para 
que possa trabalhar, precisara cursar escola, sendo assegurada a bolsa de 
aprendizagem (Lei n.8.069/90, art.64). E será proibido ao menor aprendiz 
não só o trabalho noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e 
às cinco horas do dia seguinte, mas também o perigoso, insalubre ou 
penoso e ao realizado em local que lhe seja prejudicial ou que não lhe 
permita a frequência à escola (Lei n.. 8.069/90, art. 67). Pode-se exigir do 
menor execução de pequenas tarefas domesticas ou remuneradas, desde 
que acatem as restrições da legislação trabalhista e não haja risco ao seu 
desenvolvimento físico, psíquico, moral e educacional. 
 
Assim pode-se compreender que todos os caso em que há a figura do Poder 
Familiar, está deve ser apregoada a finco de suprir a necessidade legal, ao passo 
que contribui para o convívio em sociedade por compor direitos e deveres 
recíprocos entre pais e filhos de acordo com o modelo de família conceituado pela 
sociedade conservadora ou pelos modelos de famílias atuais recepcionados pela 
outra parte da sociedade que nos revela uma sociedade com visões modernas 
 
 
1.4 EXERCÍCIOS DO PODER FAMILIAR 
 
O exercício do Poder Familiar corresponde a atividade que é exercida pelos 
pais cumulativamente ou separadamente, ou tutores em detrimento dos filhos ou 
tutelados com fito de forjar o caráter idôneo do menor dirigindo-lhe a criação e 
educação, e exigindo-o que lhe preste obediência quanto as normas pré 
estabelecidas no âmbito familiar. 
Vejamos o que versa o Código Civil, no art. 1634. 
“Art. 1.634. Competeaos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: 
I - dirigir-lhes a criação e educação; 
II - tê-los em sua companhia e guarda; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro 
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o Poder 
Familiar; 
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento; 
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
18 
“VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de 
sua idade e condição”. 
 
Segundo Coelho (2012, p.207) 
Ao Exercício do Poder Familiar correspondem os seguintes direitos (CC, art. 
1.634): dirigir a criação e educação. O mais importante direito associado ao 
Poder Familiar é o de dirigir a criação e educação do filho. É o direito ao 
qual tenho me referido pela idéia de preparação para a vida. Na Lei incluem 
os de definir as regras a serem observadas em casa e a de impor seu 
cumprimento: horário de acordar e dormir, de fazer as refeições, 
responsabilidade pela arrumação do quarto, uso dos equipamentos 
domésticos (computador, por exemplo) por todos os membros da família etc. 
Também é direito dos pais escolherem a escola dos filhos, até o grau médio, 
devendo levar em consideração a opinião deles quando se revelar madura. 
 
Constitui um poder-dever dos pais a devida criação de sua prole, atribuído 
pelo múnus público (Função Pública) decorrente de em encargo compulsório do 
Estado aos pais com escopo destes zelarem pelo futuro digno e/ou idôneo de sua 
prole, que serão postos em sociedade com o alcance da maioridade civil. Assim 
sendo o também fica caracterizado que o Poder Familiar é um direito-função que 
estabelece um ponto mediano entre o poder e o direito subjetivo. 
Por sua vez comenta Diniz (2012, p.602). 
Constitui um múnus público, isto é, uma espécie de função correspondente 
a um cargo privado, sendo o Poder Familiar um direito-função e um poder-
dever, que estaria numa posição intermediaria entre o poder e o direito 
subjetivo. 
Por ser uma atribuição compulsória do Estado é irrenunciável, todavia a 
atividade desarrazoada em detrimento ao Poder Familiar pode causar a suspensão 
ou até mesmo a perda deste exercício. 
Segundo Venosa (2012, p.312) 
 
Cabe aos pais dirigir a educação dos filhos, tendo-os sob sua guarda e 
companhia, sustentando-o e criando-os. O Poder Familiar é indisponível. 
Decorrente da paternidade natural ou legal, não pode ser transferida por 
iniciativa dos titulares para terceiros. 
Idéia reafirmada pelo Estatuto da Criança e Adolescente – ECA em seu art. 
22. “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, 
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais”. 
Tendo por bem, que compete aos pais dirigir a criação e educação do menor 
para que este seja posto em sociedade, vejamos os métodos e ferramentas que 
viabilizam o exercício do Poder Familiar de acordo com a antiga redação do Estatuto 
19 
da Criança e Adolescente – ECA. Com a redação da antiga do ECA, os pais 
poderiam utilizar-se dos castigos físicos, meio degradante ou cruel de forma 
moderada, além da mera admoestação verbal para auxiliar o poder coercitivos dos 
pais face aos filhos. É claro que quando se diz de forma moderada torna-se difícil de 
traçar ou aferir o que seria moderado por ser algo subjetivo de cada agente, todavia 
tínhamos a figura do excesso, se o excesso causar lesões graves ao menor ou 
oferece risco a vida deste estaria fora do conceito moderado na atribuição dos 
castigos físicos moderados, tão logo enquadraria em algumas das causas de 
suspensão ou até mesmo a perda do Poder Familiar. 
No que tange os castigos físicos moderados temos: 
a) Deixar o menor de joelhos posto ao solo com ou sem as mãos 
levantadas por determinado tempo; 
b) Bater com a palma da mão no bumbum ou na mão do menor; 
c) Bater com cinto ou chinelo no bumbum ou nas pernas ou na mão; 
d) Bater com um pequeno galho de árvore no bumbum ou nas pernas ou na 
mão; 
 
Agora ao que se refere à Admoestação Verbal consiste em um discurso oral 
ofensivo ou não com fito de fazer com que o menor reconheça o erro, que é trazido 
pelo jargão popular que traduz a “advertência verbal” ou “pagar um sapo”. 
Caso o agente na atribuição de alguns destes castigos físicos incorresse em excesso, 
este seria penalizado. Vejamos no que nos revelo o art. 1.638, CC “Perderá por ato judicial o 
Poder Familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho”. Portanto a 
redação antiga da legislação já havia punição severa, por sinal. 
No que tange as penalidades decorrentes do Poder Familiar em relação aos 
pais, temos duas, sendo-as a suspensão e a perda do Poder Familiar, que será 
explicada no próximo tópico. 
É válido ressaltar que não existe diferença entre pais biológicos adotivos 
face aos respectivos filhos ao que se refere as prerrogativas, deveres e punições 
atribuídas pela lei. 
Sendo assim, podemos concluir que o exercício do Poder Familiar é exercido 
tanto pela família natural quanto a substituta em relação aos filhos, ao passo que os 
pais são investidos de uma função pública com escopo de criar e educar a criança 
ou adolescente forjando-o um caráter idôneo a fim de entregá-lo a sociedade, 
devendo estes pais utilizarem das ferramentas que viabilizem esta condução e 
correção dos filhos, sendo vendado qualquer excesso sob penalidade atribuída em 
legislação penal e cível como a suspensão ou a perda definitiva do Poder Familiar. 
20 
 
 
1.5 SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR 
 
A suspensão do Poder Familiar ocorre por uma espécie de falta grave 
cometida pelo pai, ou a mãe, ao abusar de sua autoridade desarrazoadamente, 
faltando aos deveres atribuídos pelo múnus público apregoado pelo Estado ou 
dilapidando os bens dos filhos pela má administração, cabe à autoridade judiciária, 
requerendo algum parente, ou o nobre representando do “Parquet”, adotar à medida 
que lhe pareça viável acerca segurança e garantia das prerrogativas do menor e 
seus haveres, até suspendendo o Poder Familiar, quando convenha, sendo a 
suspensão decretada por um juiz de direito e nomeando um curador especial no 
decorrer da ação. 
Segundo Diniz (2012, p. 613/614) 
Suspensão do Poder Familiar 
Sendo o Poder Familiar um múnus público que deve ser exercido no 
interesse dos filhos menores não emancipados, o Estado controla-o, 
prescrevendo normas que arrolam casos que autorizam o magistrado a 
privar o genitor de seu exercício temporariamente, por prejudicar o filho com 
seu comportamento, hipótese em que se tem a suspensão do Poder 
Familiar, sendo nomeado curador especial a menor no cursor da ação. Na 
suspensão, o exercício do Poder Familiar é privado, por tempo determinado, 
de todos os seus atributos ou de partes deles, referindo-se a um dos filhos 
ou a alguns. P. ex., poderá o juiz privar o pai da administração do patrimônio 
do filho, se lhe esta arruinando os bens, restaurando-se os com a expiração 
do prazo. Deveras, desaparecendo a causa que deu origem à suspensão, o 
pai poderá retornar ao exercício do Poder Familiar. 
 É, pois, uma sanção que visa a preservar os interesses do filho, afastando-
o da má influência do pai que viola o dever de exercer o Poder Familiar 
conforme a lei. 
As causas determinantes da suspensão do Poder Familiar estão arroladas, 
genericamente, no Código Civil, art. 1.637 (abuso do pai ou da mãe; falta de 
deveres paternos – se deixa o filho em estado habitual de vadiagem, 
libertinagem, criminalidade; se o privam de alimentos, pondo em perigo sua 
saúde ou se o maltratam; e dilapidação de bens do filho), para que o juiz, a 
requerimento de algumparente ou do Ministério Público, possa adotar 
medida que lhe pareça mais conveniente à segurança do menor e seus 
haveres, suspendendo, até quando convenha o Poder Familiar. Também a 
Lei n.. 8. 069/90, arts. 24 e 129, X, estatui que a autoridade judiciária 
poderá decretar a suspensão do Poder Familiar do pai ou da mãe que der 
causa a situação irregular do menor. Suspende-se, igualmente, o exercício 
do Poder Familiar, se o pai ou a mãe sofrer condenação por sentença 
irrecorrível, por ter cometido crime cuja pena exceda a 2 anos de prisão (CC, 
art. 1.637, parágrafo único). E pela Lei n.. 12.318/2010 (art. 6º, VII), a 
caracterização de ato típico de alienação parental (art. 2º, paragrafo único, I 
a VII), ou de qualquer conduta que dificulte a convivência da prole com o 
genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou 
não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da 
ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus 
21 
efeitos, segundo a gravidade do caso, declarar a suspensão da autoridade 
parental. 
 
Assim podemos concluir que a suspensão do Poder Familiar é uma medida 
menos gravosa que visa garantir as prerrogativas do menor, decorrente de um abuso 
de autoridade dos pais, ou outra falta grave, e quando cessando o motivo causador 
da suspensão o Poder Familiar poder ser restabelecido, também por decisão judicial 
no tramite processual respeitando a ampla defesa e o contraditório. 
 
 
1.6 PERDA DO PODER FAMILIAR 
 
A perda do Poder Familiar é a medida mais severa a ser tomada em face 
dos pais, haja vista que nesta os pais perdem totalmente os direitos sobre sua prole, 
ao passo que são penalizados também criminalmente pelo excesso. 
A perda é uma espécie de extinção do Poder Familiar por intermédio de 
sentença judicial aos pais que castigarem os filhos imoderadamente, os abandonar, 
praticar atos contra a moral e os bons costumes ou ser reincidente em faltas 
reiteradas quanto ao exercício do poder-dever. 
Segundo Diniz (2012, p. 615/617) 
Casos de destituição 
A destituição do Poder Familiar é uma sanção mais grave do que a 
suspensão, operando-se por sentença judicial (Lei n.. 8.069/90, art. 148, 
paragrafo único, b), se o juiz (RF, 155:224) pelo outro cônjuge; por um 
parente do menor; por ele mesmo, se púbere; pela pessoa a quem se 
confiou sua guarda ou pelo Ministério Público (RT, 1.635, V). A perda do 
Poder Familiar, em regra, é permanente (CC, art. 1.635, V), embora o seu 
exercício possa ser, excepcionalmente, restabelecido, se provada à 
regeneração do genitor ou se desaparecida a causa que determinou, 
mediante processo judicial de caráter contencioso. 
 Segundo o art. 1.638 do Código Civil, serão destituídos do Poder Familiar, 
por ato judicial, o pai ou a mãe que: 
 1) Castigar imoderadamente o filho, pois, a esse respeito, permite-se que o 
juiz decrete a perda do Poder Familiar ao pai ou a mãe que der causa a 
situação irregular do menor, por torna lá vítima de maus-tratos (TJMG, 
Ap.000.151.088-2/00, 2º Câm. Cível, rel. Des. Abreu Leite, j. 15-2-2000), de 
tentativa de homicídio, de opressão ou castigos imoderados impostos por 
eles ou por responsável. A violência familiar gera também responsabilidade 
civil por dano moral. (Pág. 615) 
2) Deixar o filho em abandono material e/ou moral (RT, 271:320, 507:104, 
528:110, 783:258, 826:335, 827:421; JTJRS, 234:251; Ciência Jurídica, 
73:106), privando-o da convivência familiar (CF, art. 227) e de condições 
imprescindíveis a sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que, 
eventualmente, em virtude de falta, ação ou omissão (Lei n.. 8.069/90, arts. 
4º, 7º, 22,23,53,55,87, III e IV, 98, II e 130; RT, 653:103, 761:371,791:333). 
3) Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes, podendo, então, 
22 
considerar menor em situação irregular o que se acha em perigo moral, por 
encontrar-se, de modo habitual, em ambiente promiscuo, inadequado ou 
contrário aos bons costumes. P. Ex: se vive em companhia de mãe 
prostituta. 
4) Incidir, reiteradamente, no abuso de sua autoridade, na falta dos deveres 
paterno materno, na dilapidação dos bens da prole e na pratica dos crimes 
punidos com mais de 2 anos de prisão. Tal medida, ante a sua gravidade, 
requer cautela e ponderação do magistrado ao analisar a incidência 
reiterada dos atos omissivos ou comissivos previsto no art. 1.537, só 
aplicando quando for conveniente e em situações excepcionais, levando-se 
em conta o superior interesses dos filhos. 
Essa remuneração legal não é taxativa, pois, pelo art. 1.638, IV, que contém 
clausula geral, se pode cogitar de outras, com base em faltas (CC, art.1.637) 
passadas dos pais, pois a pratica reiterada daqueles atos puníveis 
geradores da suspensão do Poder Familiar, por serem vergonhosos ou 
reprováveis deve ser considerada no pedido de sua destituição por revelar 
não só a influência do Poder Familiar ou da imposição da pena criminal para 
corrigir o mau comportamento da mãe ou do pai em relação a prole, como 
também a impossibilidade de uma perspectiva de vida melhor e da melhora 
da conduta. O art. 1.638, IV, possibilita ao juiz um elastério maior para poder 
aplicar pena mais severa do que no art. 1.637. 
 
No que tange a perda do Poder Familiar, sendo esta uma modalidade de 
extinção, pode-se considerar como uma medida extrema face aos pais, que além de 
perderem a responsabilidade civil sobre o menor, também podem responder 
criminalmente de acordo com cada caso. 
Insta salientar que aqui, a perda é definitiva não havendo possibilidade de 
reiteração do Poder Familiar quanto aos pais em relação aqueles filhos. Tal como é 
procedido na suspensão do Poder Familiar aqui se deve provocado à autoridade 
judiciária que por meio de decisão respeitando a ampla defesa e o contraditório 
decretará a perda do Poder Familiar. 
 
1.7 PROCEDIMENTO PARA PERDA E SUSPENÇAO DO PODER FAMILIAR 
 
Em ambos os casos, tanto a suspensão quanto da perda do Poder Familiar, 
darão inicio por provocação do Estado para prestar a tutela jurisdicional, sendo o 
Ministério Público legitimado para propor a presente ação de acordo com suas 
prerrogativas constitucionais, o processo tramitará em segredo de justiça, perante a 
justiça da infância e juventude, o processo de conhecimento deverá preencher os 
requisitos legais, ao passo que deverá contemplar a ampla defesa e o contraditório, 
para que no final da ação seja proferida a sentença. 
Entendimento consolidado por Diniz (2012, p. 618). 
 O procedimento para a perda ou a suspensão do Poder Familiar iniciar-se 
por provocação do Ministério Público ou de quem tenho legítimo interesse 
23 
(Lei n.. 8.069/90, art. 24, 155 e 201, III), sendo que a apreciação dessas 
ações será da competência da Justiça da Infância e da Juventude (art. 148, 
parágrafo único, b). 
A petição inicial deverá indicara) a autoridade judiciária a quem se dirige; b) 
a qualificação do requerente e do requerido, que será dispensada se o 
pedido for feito por representante do Ministério Público; c) a exposição 
sumária do fato e do pedido; e d) as provas ( art. 156, I a IV). 
O requerido será citado pessoalmente, por todos os meios, para oferecer 
respostas escrita, dentro de 10 dias, indicando as provas que irá produzir, 
arrolando testemunhas e documentos (art.158 e parágrafo único). E se, por 
ventura, não puder constituir advogado, sem prejuízo de seu sustento e de 
sua família, o requerido deverá requerer, em cartório, a nomeação de dativo, 
que, então, apresentará sua resposta, a partir da data da intimação do 
despacho de nomeação (art. 159). 
 
Assim sendo, podemos compreender que o procedimento para a perda ou 
suspensão do Poder Familiar deverá ser submetido à tutela jurisdicional do Estado 
por meio do poder judiciário, devendo atender todos os princípios constitucionaisantes de decretar qualquer das medidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
CAPÍTULO II – PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO NO DIREITO 
DE FAMÍLIA 
 
Para intendermos a aplicabilidade do Princípio da Intervenção Mínima do 
Estado tornar-se-á primeiro criar um entendimento acerca da palavra “Princípio”: 
Segundo Lopes (2000, p. 33) retrata um conceito básico acerca do tema 
Princípio, elencando o seguinte ensinamento: 
 
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro 
alicerce dele; disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas 
compondo lhes o espirito e servindo de critério para sua exata compreensão 
e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do 
sistema normativo, no que lhe confere à tônica e lhe dá sentido 
harmônico. 
 
Partindo de esta vertente poder-se concluir que apesar de não este 
expressamente escrito os princípios desde recepcionados por um ordenamento 
jurídico que são considerados normas. 
 
2.1 ORIGEM 
 
Em uma breve análise história acerca do Direito de Família, temos uma 
evolução da significativa no Código Civil de 1916 para o Código Civil de 2002, onde 
houve a superação do poder pátrio sendo que neste momento histórico somente o 
patriarca era detentor do poder decisório no âmbito familiar, o que na nova redação 
do Código Civil de 2002 o legislador trouxe a figura do Poder Familiar exercido de 
igual forma pelo pai e mãe, baseado no dispositivo constitucional que nos revela que 
homem e mulher são iguais perante a lei. 
O Princípio da Intervenção Mínima do Estado no direito de família originou-
se do Estado democrático de direito ao passo que deixa de enxergar a família como 
grupo econômico de produção e passa a admitir a ilustração de vínculo de afeto do 
grupo familiar à luz dos princípios constitucionais. 
 
2.2 CONCEITO, FINALIDADE 
 
Perfilando um conceito genérico acerca do tema, insta arguir, que é a 
25 
limitação da ação coercitiva do Estado na entidade familiar para que não traga 
prejuízos à harmonia, felicidades e planejamento dos membros daquele grupo 
familiar com fito de garantir o poder decisório exclusivamente do Poder Familiar. 
Cuja principal finalidade é formar uma sociedade sólida, sob a proteção do 
Estado, e não, sob a Intervenção deste de acordo com art. 226 da CF/88. 
Destarte, a lei da palmada é uma espécie de Intervenção do Estado no 
exercício do Poder Familiar, o que pode acarretar um risco de afetar o plano de vida 
e felicidade dos membros de determinado grupo familiar. 
Segundo Gagliano (2012 p. 105/106) 
Princípio da Intervenção Mínima do Estado no Direito de Família. 
Embora se reconheça o caráter muitas vezes publicístico das normas de 
direito de família, não se deve concluir, no entanto que o Estado deva 
interferir na ambiência familiar, como acentuou RODRIGO DA CUNHA 
PEREIRA: “O Estado abandonou a sua figura de protetor-repressor, para 
assumir postura de Estado protetor-provedor-assistencialista, cuja tônica 
não é de uma total ingerência, mas, em algumas vezes, ate mesmo de 
substituição á eventual lacuna deixada pela própria família como, por 
exemplo, no que concerne à educação e saúde dos filhos (cf. Art. 227 da 
Constituição Federal). A Intervenção do Estado deve apenas e tão somente 
teor o condão de tutelar a família e dar-lhe garantias, inclusive de ampla 
manifestação de vontade e de que seu membros vivam em condições 
próprias a manutenção do núcleo afetivo. Essa tendência vem-se 
acentuando cada vez mais e tem como marco histórico da Declaração 
universal do Direito Homem, votada pela ONU em 10 de dezembro de 1948, 
quando estabeleceu em seu art. 16.3: A família é o núcleo natural e 
fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do 
Estado.” 
Não cabe, portando ao Estado, intervir na infraestrutura familiar da mesma 
maneira como (justificativa e compreensivelmente) interfere nas relações 
contratuais: o âmbito dirigismo estatal, aqui, encontra contenção no próprio 
Princípio da afetividade, negador desse tipo de agressão estatual. 
Neste diapasão, ao encontro do que dissemos acima, não se poderia 
admitir, por exemplo, que somente o Estado Legislador pudesse moldar e 
reconhecer – em standards apriorísticos – os núcleos familiares. 
De maneira nenhuma. 
Ao Estado não Cabe intervir no âmbito do Direito de Família ao ponto de 
aniquilar a sua base socioafetiva. 
O seu papel, sim, como bem anotou RODRIGO DA CUNHA PEREIRA, 
traduz um modelo de apoio e assistência, e não de interferência agressiva, 
tal como se da na precisão do planejamento familiar, que é de livre decisão 
do casal (art. 1.565,§2º do Código Civil), ou na adoção de politicas de 
incentivo à colocação de crianças e adolescentes no seio de famílias 
substitutas, como previsto no Estatuto da Criança e Adolescente. 
Andou bem, pois, o codificador de 2002, quando, consciente desse Princípio 
da Intervenção Mínima, prescreveu, em norma sem equivalente no Código 
Civil brasileiro de 1916: “art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito 
público ou privado interferir na comunhão de vida instituída pela família”. 
Não se conclua, no entanto, partindo-se desse Princípio, que os órgãos 
públicos, especialmente os vinculados direta ou indiretamente à estrutura do 
Poder Judiciário, não possa ser chamados a intervir quando houver ameaça 
ou leão a interesse jurídico de qualquer dos integrantes da estrutura familiar, 
ou, até mesmo, da família considerada com um todo, Em exemplo do que 
diz é atuação do juiz da infância e da juventude ou próprio juiz da vara de 
26 
família, quando regula aspectos de guarda e direito de visitas, ou, ainda, 
quando adota uma urgente providencia acautelatória de saída de um dos 
cônjuges do lar conjugal. 
 
 
 
Desta forma, podemos entender que o Estado não poder intervir nas 
relações familiares a fim de estabelecer regra no âmbito familiar, o Estado deve atuar 
como um protetor e repressor, à luz do que classificada os direitos inerente ao art. 
226 CF/88, protegendo a entidade familiar, ao passo que asseguram direitos e 
garantias, bem como, ao norte do direcionamento no planejamento familiar conter 
apenas o poder decisório do casal, sendo vendada a intervenção de qualquer 
terceiro, seja público ou privado. 
O Estado no exercício de suas funções deve se limitar nas interferências das 
relações horizontalizadas entre particulares, insto posto para não gera certa 
insegurança jurídica e um dessabor no que tange a ordem social. 
 
2.3 OBJETIVOS, ASPECTOS 
 
O principal objetivo é garantir o pluralismo das entidades familiares e o 
exercício decisório do Poder Familiar acerca de todas as questões internas da 
entidade familiar, em decorrência dos preceitos constitucionais elencado na CF/88. 
Sendo que a bandeira do pluralismo traduz os aspectos do Estado 
Democrático de Direito, onde este deve abster-se dos seus paradigmas clássicos 
institucionais de conceito concentrado de entidade familiar ao passo que caminha 
junto à evolução da sociedade aceitando outros gêneros de entidade familiar. 
O Princípio da Intervenção Mínima do Estado esta presente Direito Penal 
como “utima ratio”, ou seja, quando os outros ramos do Direito não forem eficazes ou 
não surtirem efeito procura-se a seara do Direito Penal, que nos retrata uma 
autolimitação, e também está presente no Direito Civil, nas suas diversas áreas de 
autuação, tal como a área específica ventilada na desenvoltura do presente trabalho, 
onde temo o Estado como um agente protetor e repressor, que dever se limitar a 
atuar nas ações verticalizadas, o que, todavia, não que dizer que o Estado não 
possa intervir na eminencia de uma lesão ou perigo de lesão de um bem jurídico 
tutelado. 
No que diz respeito à Intervençãodo Estado ao Poder Familiar por meio da 
27 
Lei da palmada ou Lei Menino Bernardo, Lei n. 13.010/14, podemos classificar como 
um ato praticado em desacordo com os preceitos fundamentais do Direito de Família, 
a luz da diretriz legal no que tange o tema objeto da presente lei, ao passo que no 
ordenamento jurídico brasileiro veda qualquer tipo de interferência na convivência 
familiar, seja por pessoa de direito público ou privado. Vejamos. “CC/02 - Art. 1513. É 
defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de 
vida instituída pela família”. 
Portando podemos compreender que o Estado é um ente de direito público 
que no exercício da suas atribuições extrapolou os limites tipificados para um Estado 
Democrático de Direito, quase atuando em um regime de monarquia, intervindo nas 
relações familiares de forma equivocada. 
Desta forma, patente se torna a Intervenção do Estado no Direito de Família 
com a elaboração e aprovação de lei que vise limitar o exercício do Poder Familiar 
dos pais, em detrimento aos métodos utilizados para conduzir a criação e educação 
do menor a fim de forjar um caráter idôneo, a ser posto em sociedade. Sendo assim 
dever coibida qualquer forma de Intervenção nas relações familiares que possam 
causar insegurança jurídica ou desordem no seio familiar, tal como, são os objetivos 
principais em que a lei almeja. 
Considerando que os princípios são um conjunto de padrões de conduta 
individualizado e coletivo, patente à forma explícita ou implícita no ordenamento 
jurídico brasileiro pode considerar que os princípios, assim como as regras escritas 
em diplomas legais, são normas. Todavia no que tange a princípios não se pode 
afirmar que existe hierarquia entre estes. 
Pautando-se pela equiparidade e justiça, com escopo de manter a 
segurança jurídica, e assegurar a ordem social o Estado deve ser limitar sua 
interferências nas relações particulares horizontalizadas, tal como o Direito de 
Família. 
 
 
 
 
 
28 
 
CAPÍTULO III – A LEI N. 13.010/14 DENOMINADA LEI DA PALMADA E/OU LEI 
MENINO BERNADO 
 
Alterou a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem 
educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou 
degradante, e altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
 
1.1 ORIGEM 
 
Antes mesmo de adentrarmos no mérito da Lei, ou no seu texto passamos a 
entender como funciona ou procedimento para criação de um Projeto de Lei, a 
apresentação do mesmo em votação e posterior aprovação, a luz que está 
estabelecida em nosso ordenamento jurídico. Vejamos. 
Segundo o art. 61 da CF/88 são legitimados para elaboração de projetos de 
lei os Deputados Federais, os Senadores, o Presidente da República, o Supremo 
Tribunal Federal, os Tribunais Superiores, Procurador Geral da República e os 
cidadãos, ressalvadas as causas de exclusividade do Presidente da República 
inserto ao § 1º e a quantidade de assinaturas mínimas para cidadãos insertos aos § 
2º do mesmo artigo. Vejamos. 
 
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer 
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal 
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos 
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. 
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta 
e autárquica ou aumento de sua remuneração; 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, 
serviços público e pessoal da administração dos Territórios; 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento 
de cargos, estabilidade e aposentadoria; 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem 
como normas gerais para a organização do Ministério Público e da 
Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, 
29 
observado o disposto no art. 84, VI; 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, 
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a 
reserva. 
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara 
dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do 
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não 
menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
 
Após a criação do Projeto de Lei, o mesmo deve ser encaminhado ao 
plenário para votação, do qual se exige maioria qualificada dos membros para 
votação e aprovação, e em seguida publicação para dar eficácia à lei. 
A priori diz-se que a origem da Lei n.º 13.010/14 adveio do Projeto de Lei 
sob o nº 7.672 apresentada pelo Paulo de Tarso Vannuchi, Luiz Paulo Teles Ferreira 
Barreto, Márcia Helena Carvalho Lopes que foi levado para apreciação e aprovação 
do Presidente em exercício no ano de 2014. 
O projeto de lei que teria sido criado e apresentado no ano de 2010, 
precisamente no dia 16/07/2010 onde foi sugerida tramitação prioritária de acordo a 
mensagem MSC n. 409/2010, pelo Poder Executivo, que: "Submete à elevada 
deliberação da Câmara dos Deputados o texto do projeto de lei que 'Altera a Lei n. 2 
8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem 
educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou 
degradante". 
 
 
3.2 ALTERAÇÃO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE Lei n.º 8.069/90: 
 
Com o advento da Lei n. 13.010/14, ocorreu à alteração no Estatuto da 
Criança e Adolescente – ECA Lei n. 8.069/90 que inseriu os artigos 18-A, 18-B e o 
70-A e seus respectivos incisos dos quais regem: 
 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, 
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, 
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer 
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: 
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso 
30 
da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: 
a) sofrimento físico; ou 
b) lesão; 
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento 
em relação à criança ou ao adolescente que: 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize. 
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer 
pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, 
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou 
degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer 
outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às 
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V - advertência. 
Parágrafo único. “As medidas previstasneste artigo serão aplicadas pelo 
Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.” 
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão 
atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução 
de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel 
ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de 
adolescentes, tendo como principais ações: 
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do 
direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o 
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos 
instrumentos de proteção aos direitos humanos; 
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e 
da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de 
Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não 
governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da 
criança e do adolescente; 
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, 
educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na 
promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para 
o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à 
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as 
formas de violência contra a criança e o adolescente; 
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que 
envolvam violência contra a criança e o adolescente; 
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os 
direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de 
atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a 
informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de 
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; 
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações 
e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias em 
situação de violência, com participação de profissionais de saúde, de 
assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e 
defesa dos direitos da criança e do adolescente. 
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência 
terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção 
e proteção. 
 
Com a inserção destes artigos e seus incisos, em específico o Art. 18-A, I 
31 
pretende-se coibir as entidades familiares por meio dos executores, a aplicação de 
qualquer meio de castigos físicos (ex. palmada) a criança e ao adolescente, com a 
medíocre opinião que a violência gera violência, e o que salta aos olhos, é que 
Estado interferiu diretamente nas entidades familiares retirou dos pais uma 
ferramenta que viabiliza a educação, a criação da criança e adolescente, podendo 
gerar um impacto futuro em crescente índice de criminalidade visto que o Estado por 
si só não é capaz de inibir a criminalidade, visto que, somente a admoestação verbal 
não é eficaz para criação e educação. 
A aplicação de penalidade aqui acrescentou à condução voluntária dos 
representantes das entidades familiares que recaírem em infração a programas 
educacionais beneficentes a família, o que por ora pode ser visto por algo bom, mais 
com a aplicabilidade remota, o que não afasta as sanções a seara penal e cível. 
Destaca-se o a Lei de tudo não está errada, todavia, também de tudo não 
está certa. 
 
3.3 FATOR MOTIVACIONAL PARA APROVAÇÃO DA LEI 
 
Percebe-se que o advento da Lei n. 13.010/14 denominada de Lei da 
palmada ou Lei menino Bernardo, originou-se pelo clamor público em decorrência 
específica do caso do menino Bernardo Boldrini, onde sua madrasta foi acusada de 
tê-lo matado a mando e/ou consentimento do pai da criança, o médico Leonardo 
Boldrini que também é suspeito de matar a mãe do garoto. Juntamente a este caso 
levou em consideração o caso que também chocou todo o Brasil, que foi o caso da 
Isabela Nardoni onde ficou comprovado que seu pai, Alexandre Nardoni e sua 
madrasta Carolina Jatobá haviam lançado a criança pela janela do sexto andar do 
apartamento onde moravam. Doravante, cumpri salientar que os objetivos desta 
escória era unicamente matar a prole e não educar, por tanto é injusto comparar 
estes assassinos com verdadeiros “pais heróis” que representam mais de 99,5 % da 
sociedade. 
Como se não bastasse em utilizar dois casos isolados como parâmetro do 
resto da sociedade, determinada socialite (Xuxa Meneghel), sai em defesa da 
bandeira contra a palmada, dirige-se ao Senado durante a sessão senta-se na 
bancada, põe o neto do Renan Calheiros no colo para demonstrar sua afinidade por 
criança em que é contra a qualquer exposição de meio degradante contra as 
32 
mesmas. O que por ora parece contraditório se voltarmos ao dia 25/11/2012, onde o 
diretor Mário Meireles responsável pela atração comandada pele Xuxa escreveu em 
sua rede social (twitter) a seguinte frase: “atenção, retardados que estão assistindo 
Pica-pau, começou TV Xuxa sua única esperança de sair dessa lavagem cerebral”. 
“em seguida” “Ahh agora vcs entendem meu mau humor, apostei tudo neste 
programa podem bater à vontade, mas não mudo de opinião quem assiste pica pau 
é...” e após “Não vou perdoar a massa burra, que gosta de ser manipulado” - Diante 
da grande repercussão dos comentários o diretor pediu desculpas, mas a Xuxa 
preferiu não se manifestar, o que traduz certo consentimento acerca dos 
comentários, haja vista que o programa ficou em segundo lugar em virtude da 
audiência da outra emissora. 
Portando esta socialite defende uma bandeira de maneira hipócrita visto que 
ela não condenou a atitude daquele diretor. 
Apesar da ocorrência de alguns fatos isolados de maus-tratos de pais para 
com seus filhos, não se pode comparar uma “meia dúzia” de pessoas para com 
restante da sociedade, ou seja, os justos não podem pagar pelos erros dos injustos, 
pois a incidência de pais que não prezam pela moral e bons costumes na criação e 
educação de seus filhos são ínfime em face da maioria de pais e tutores que 
estoicamente tem lutado contra uma sociedade corrupta e malévola, contra novelas 
com conteúdo inapropriadas dentre outros fatores prejudiciais para criarem seus 
filhos com dignidade, utilizando-se das ferramentas que lhes são permitidas e 
viáveis para educarem e criar um caráter, aplicando quando necessário somente à 
admoestação verbal e de acordo com a gravidade os castigos físicos moderados. 
Desta forma patente se torna que a motivação para aprovação da Lei n. 
13.010/14 decorreu por casos isolados de maus-tratos que ganharam repercussão 
nacional e até internacional, bem com por força do clamor público influênciado por 
figuras publicas que pouco entendo da realidade jurídica, econômica e social em 
detrimento do assunto, o que pode ser compreendido como um atentado ao 
ordenamento jurídico nacional. 
Então não se pode tolerar que a aprovação de leis no Brasil submeta-se ao 
clamor público forçado por figuras públicas que têm um padrão de vida totalmente 
discrepante dos restantes da sociedade, bem como ser motivado por caso isolados 
com grandes repercussões acerca de determinados assuntos, haja vista que isto 
gera uma insegurança jurídica. 
33 
Desta forma pode-se chegar à conclusão que o fator motivacional da 
presente Lei não decorreu de uma real necessidade fundamentada pelo interesse 
público em prol da sociedade, mas sim, por força do clamor público em detrimento 
há alguns casos isolados de má condução na criança e objetivo próprio de matar de 
determinadas crianças e adolescente que ganharam repercussão na mídia nacional 
e até mundial. 
 
3.4 OBJETIVOS E ASPECTOS 
 
Em decorrência da denominação “Lei da Palmada”, percebe-se que a 
presente Leitem por objetivo principal o banimento dos castigos físicos moderados, 
mas que o seu inteiro teor também traz outros objetivos, tais como a não submissão 
a meios degradantes, humilhantes e traz também a criação de programas em prol da 
família. Ocorre que a relevância decorrente do nome e do conteúdo gera um 
desconforto, ao passo que, caracteriza um afronta as entidades familiares, haja vista 
que, demonstra uma interferência gritante do Estado na forma de criação e 
educação dos filhos, visto que cabe somente aos detentores do Poder Familiar 
escolher a maneira e/ou forma de educar e criar seus filhos, não podendo o Estado 
interferir levando-se em consideração o Princípio da interferência Mínima do Estado 
no exercício do Poder Familiar. 
Patente equívoco dos nobres legisladores aos aprovar tal projeto de Lei que 
vise interferir nos métodos de criação e educação dos filhos nas entidades familiares, 
por influência da mídia decorrente do clamor público em casos de homicídios com o 
agravante na qualidade contra descendente que repercutiram nacionalmente e 
internacionalmente. 
Deste a criação do projeto de lei até a publicação da presente Lei gerou 
aspecto de que o ordenamento jurídico é influenciado pela boa aparência ante a 
mídia e não pela real necessidade da elaboração de uma lei que vise o bem comum 
da sociedade num todo, haja vista que para aprovação desta lei o principal 
impulsionamento foi o trágico acontecimento com menino Bernardo Boldrini 
acrescido pela influencia de figura pública, todavia o caso do menino Bernardo não 
se trata unicamente de maus tratos, mas sim de um homicídio qualificado. 
Além disto, criou-se um aspecto que todas as entidades familiares praticam 
atos similares com os repercutidos em mídia, perfazendo aí a real necessidade da 
34 
criação da presente lei. Aspectos estes negativos das demais famílias. 
Então se percebe que o objetivo principal da Lei não foi só garantir uma 
melhor criação para as crianças e adolescentes, mas sim uma criança com rédeas 
frouxas, onde somente o Estado possa punir a delinquência juvenil, com seu sistema 
de execução penal semi falido decorrente do fracasso na tentativa de 
ressocialização do menor infrator, se formará na faculdade do crime e progredirá 
para adulto criminoso onde mais uma vez o Estado irá falhar na tentativa de 
ressocialização do criminoso. E com insto gerando um aspecto de insegurança 
jurídica e social. 
Aspecto positivo almejado com a elaboração da presente lei vislumbra 
somente a não atribuição de castigos aos menores, ou qualquer meio de condução a 
criação deste que possa ser degradante ou cruel, classificando a criança ou 
adolescente em um todo como um vítima dos seus pais ou respectivos responsáveis. 
Para elaboração e aprovação desta Lei não foram avaliados os aspectos 
negativos que poderiam ser alcançados, onde, entenderam que a presente Lei só 
traduz benésses ao instituto da entidade familiar, o que por ora revela o patente 
equívoco. 
Sendo assim, pode-se concluir que os objetivos da presente Lei nos revela 
uma idéia equivocada de que a não utilização dos castigos físicos moderados são 
prejudiciais à criança e o adolescente, ao passo que se considera possível à criação 
apenas com o método da admoestação verbal. 
 
3.5 A EFICÁCIA DA LEI 
 
A eficácia da presente Lei pode acarretar prejuízos futuros em grandes 
proporções, visto que o Estado tem um sistema de execuções penais falho tanto 
para o delinquente juvenil, tendo para o adulto criminoso. 
É válido ressaltar que é mais fácil os pais educarem e criarem seus filhos do 
que o Estado assumir essa tarefa e não cumprir. Analisando os aspectos da 
legislação anterior, caberiam aos pais à educação e a criação utilizando-se da 
admoestação verbal e castigos físicos moderados, e em caso de excesso por parte 
dos pais o Estado somente puniria estes, agora com advento da nova redação o 
Estado limita o exercício do Poder Familiar da educação, o que irá facilitar desta 
criança ou adolescente no mundo do crime visto que só a admoestação verbal não 
35 
será capaz de inibir, pois as más companhias e a televisão lhes ensinará que tudo 
que os pais fizerem para corrigir será considerado meio degradante, humilhante, 
cruel e com isso a criminalidade tende só a aumentar. 
Estudos acerca da psicologia infantil demonstram que na maior parte dos 
casos somente a admoestação verbal não é eficaz demonstrar a criança o que é o 
poder coercitivo dos pais, atuando em detrimento da conduta errada que praticou, 
perfazendo eficaz o castigo físico moderado para discipliná-lo a não cometa o 
mesmo ato errado novamente. 
É evidente que se uma criança cresce sem entender o que é poder 
coercitivo dos pais em detrimento de conduta inapropriada, ela também não ira 
compreende a aplicação de sanção do Estado em decorrência de um delito que 
possa vir a cometer no decorrer de sua vida. 
Assim chega-se a conclusão que a eficácia da Lei pode não ser benéfica 
aos olhos da sociedade conservadora, por entender que a correção deve começar 
no berço e não no decorrer da vida juvenil ou adulta, perfazendo lógico o ditado 
popular “Ao plantar uma árvore e ela pender para lados errados, o melhor que 
endireitá-la enquanto não tem raízes firmes ao solo, pois é mais fácil, por que se 
esperar para endireitá-la após fincar raízes firmes o tronco racha no meio mais ela 
não endireita ai o esforço com plantio foi em vão”, ou seja, é melhor que os pais 
corrijam seus filhos enquanto pequenos, pois é mais fácil, porque se o Estado tentar 
corrigir após a maturidade isto será em vão. 
Ao fazer um breve perfilamento da Lei da Palmada, perceber-se que a idéia 
central, está focada tão somente limitação aos métodos tradicionais utilizados para a 
criação, educação e formação de caráter do menor, ao passo que atribuem uma 
liberdade e um falso direito de não ser corrigido pelos pais com castigos moderados 
bem como dificultam o exercício dos pais em detrimento ao Poder Familiar. 
A Lei da Palmada considera que os menores são vítimas dos próprios pais, 
ou quaisquer outras pessoas que tenha a responsabilidade de cuidar dos mesmos, 
quando na punição atribui ao menor qualquer castigo físico ou de tratamento cruel 
ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro 
pretexto, o que por ora traduz uma injustiça, haja vista que são os pais responsáveis 
por todos os atos praticados pelo menor, são os pais que irão forjar um caráter neste 
menor para que na maior idade não seja um indivíduo criminoso. 
Nos dias atuais antes mesmo da aprovação da presente Lei, já era de 
36 
extrema dificuldade zelar pela guarda, educação, criação, formação de caráter 
dentre outros, em virtude dos aliciamentos que os Estado não consegue conter, dos 
conteúdos programáticos das emissoras de televisão que incentivam a cada dia mais 
o favorecimento a prostituição, ao crime, as condutas inadequadas aos olhos da 
sociedade conservadora e como se não bastasse temos também a internet que 
ultimamente tem ser tornado um fato prejudicial na criança daquele menor e mesmo 
diante de todas estas dificuldades tem verdadeiros pais-heróis que lutam diariamente 
para criar e educar a criança de hoje para ser um adulto mediano de amanhã, 
todavia, o Estado os vê como torturadores, como pessoas de má índole e para tanto 
criam um lei que visa intervir nas relações familiares, mais especificamente no 
exercício do Poder Familiar e limitam só detentores deste direito aos exercício do 
múnus púbico. 
Quando o Estado retira dos pais ou outro responsável pelo menor a 
ferramenta que viabiliza a correção, qual seja a atribuição de castigos físicos 
moderados, ele dar uma “carta branca” a todos os menores e os dizem: “façam o 
que quiserem, pois nada os vão ocorrer, senão, uma mera admoestação verbal, e 
está não poderá ser-lhes humilhante,

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