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APOSTILA FISIOPATOLOGIA II

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS E SAÚDE 
CURSO DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
DISCIPLINA: FISIOPATOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE FISIOPATOLOGIA DO SISTEMA 
LOCOMOTOR II 
 
Prof. VAGNER SÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2006.1
 1 
Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 
ANOMALIAS CONGÊNITAS DA COLUNA CERVICAL 
 
 
• Odontóide aplásico ou hipoplásico � causa instabilidade de C1-C2, por vezes com 
comprometimento neurológico progressivo e necessidade de estabilização. 
• Occipitalização ou assimilação do atlas � fusão entre o occiptal e o atlas, 
geralmente parcial, ocorrendo entre o arco anterior do atlas e a borda anterior do 
forame magno, pode aprecer associada a outras malformações. Traumatismos de 
pequena importância, causam instabilidade de C1-C2 com subluxação progressiva. 
• Na síndrome de Down, a instabilidade atlantoaxial é comum, havendo uma 
freqüência de 20 a 40%. 
• A síndrome de Klippel-Feil clássica caracteriza-se por fusão congênita da coluna 
vertebral cervical (anquilose), que leva a pescoço curto, implantação baixa dos 
cabelos na nuca e limitação de movimentos da cabeça e do pescoço. No caso de 
fusão isolada, o bloco mais comum é entre C2-C3 e C5-C6. vertebras adjacentes 
podem adquirir uma hipermobilidade compensatória, com consequente 
afrouxamento do ligamento transverso e instabilidade. Outras malformações 
frequentemente se associam à síndrome de Klippel-Feil, tais como hemivértebras 
com escoliose, costelas cervicais, deformidade de Sprengel e cardiopatias 
congênitas. 
 
Tratamento disponível: 
 
a) conservador 
• fisioterapia e terapia ocupacional 
b) cirúrgico 
 
 
ANOMALIAS CONGÊNITAS DA COLUNA TORACOLOMBAR 
 
• Escoliose congênita � por falhas de formação ou de segmentação. São 
consideradas estruturadas, sem flexibilidade. Um dos testes a serem aplicados é o de 
Adams, onde o paciente de pé, realiza flexão anterior do tronco. O examinador 
numa visão posterior, detecta gibosidade, provodada por rotação vertebral. 
• Doença de Scheuerman � Provoca dor, também conhecida como dorso curvo do 
adolescente, é mais comum no sexo masculino. Para se observar melhor faz-se o 
teste da parede, onde o paciente de costas para a parede faz a extensão do tronco. O 
pavilhão auricular não fica em linha com o ombro e existe retração dos isquiotibiais. 
 
 
Tratamento disponível: 
 
c) conservador 
• fisioterapia e terapia ocupacional 
d) cirúrgico 
 
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ANOMALIAS DO TÓRAX E CINTURA ESCAPULAR 
 
 
• Deformidades Pectus � São as deformidades da parede torácica anterior, por 
distúrbios do crescimento do esterno e costelas, cuja frequencia é bastante alta, 
chegando a incidência de 1 caso para cada 300 habitantes, sendo mais comuns no 
sexo masculino. Podem ser denominados pectus excavatum e pectus carinatum. 
Todos os pacientes com deformidade pectus, devem ser avaliados quanto a outras 
deformidades que podem estar associadas, como: escoliose, deformidades das 
costelas, clavícula e escápulas. 
Causas � congênitas, idiopática, pós-cirurgia torácica (iatrogênica), bronquite 
asmatica como consequência da mecânica respiratória alterada, síndrome de 
Marfan, displasias ósseas, raquitismo, osteogênese imperfeita, entre outras. 
 
Pectus carinatum � sempre que a deformidade predominante for uma protusão na 
região esternal, na junção condroesternal ou na cartilagem costal adjacente ao 
esterno. 
Pectus excavatum � presença exclusiva de uma depressão esternal, geralmente 
associada a saliencias, em maior ou menor grau, das rebordas costais situadas na 
parte inferior da parede torácica anterior. 
 
Tratamento: 
 
a) Conservador: primeira escolha 
• uso de órteses. Quanto mais flexível estiver a parede anterior, melhor 
será o resultado. 
• Exercícios em aparelhos como peitoral voador – crucifixo. 
• Natação com ênfase nos estilos crawl e costas 
b) Cirúrgico: secundário 
 
• Deformidade de Sprengel � caracteriza-se por uma escápula hipoplásica e elevada 
em relação ao seu posicionamento habitual, com rotação medial de seu pólo 
inferior. Geralmente é unilateral que pode ser notado logo após o parto, tornando-se 
mais evidente com o crescimento e maturação esquelética. 
 
Tratamento: 
 
a) conservador: 
• fisioterapia e terapia ocupacional para evitar perda excessiva de mobilidade, 
hipotrofia muscular, uso de instrumentos de vida diária. 
b) cirúrgico: 
• é o tratamento de escolha para melhorar a função global do ombro. 
 
 
 
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ANOMALIAS DE ANTEBRAÇO, PUNHO E MÃO 
 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
 
• falha de formação de partes (parada do desenvolvimento) 
• falha de diferenciação de partes 
• duplicação (polidactilia) 
• hipercrescimento (gigantismo) 
• hipocrescimento (hipoplasia) 
• bandas ou anéis de constricção congênitas 
• anomalias generalizadas do esqueleto 
 
 
ANOMALIAS COMUNS: 
 
a) amputações congênitas: amelias 
b) ausência congênita do rádio: pode ser chamada também de hemimelia, aplasia 
ou hipoplasia do rádio, agenesia do rádio. 
c) ausência congênita do polegar. 
d) ausência congênita da ulna. 
e) mão fendida 
f) sinostose radioulnar 
g) sinostose carpal 
h) sindactilia 
i) artrogripose: caracterizada por contraturas e deformidades articulares múltiplas, 
presentes ao nascimento. Existe ausência de alguns músculos e rigidez articular. 
j) Bandas de constricção 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANOMALIAS DO QUADRIL 
 
DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL 
LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL 
 
ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA 
 
• Má posição uterina do feto 
• Frouxidão ligamentar ou capsular 
• Na relação mulher/homem a incidência é de 8:1 
• O quadril esquerdo é o mais acometido 
 
DEFINIÇÃO DE TERMOS 
 
• Luxação Congênita do Quadril � ocorre uma perda total do contato entre as 
superfícies articulares. A cabeça femoral está totalmente deslocada do acetábulo. 
• Subluxação Congênita do Quadril � Existe uma perda parcial do contato articular. A 
cabeça femoral está parcialmente deslocada do acetábulo. 
• Instabilidade Congênita do quadril � Pode ocorrer devido a lassidão ligamentar, pôr 
vezes exagerada, e a má posição do feto, no final da gestação, favorecendo a saída e 
entrada da cabeça femoral no acetábulo. 60 % dos casos se estabilizam na primeira 
semana, e 90 % até o segundo ou terceiro mês de vida. 10 % evoluem para luxação, 
subluxação ou displasia. 
• Displasia Congênita do Quadril ���� Pode não haver luxação, subluxação e a cabeça 
femoral estar contida dentro do acetábulo. Entretanto, existem alterações morfológicas 
no acetábulo que favorecem a subluxação ou a luxação. 
 
DIAGNÓSTICO 
 
• Teste de Barlow: Este teste luxa o quadril, evidenciando uma instabilidade e possível 
luxação da cabeça femoral. O teste é positivo quando a cabeça femoral, que não está 
luxada ou subluxada, é deslocada para fora do acetábulo realizando-se um movimento 
de compressão, adução e rotação interna do quadril do recém nascido. 
 
• Teste de Ortolani: Este teste reduz a luxação do quadril. É considerado positivo quando, 
ao se fazer a manobra, a cabeça femoral que está deslocada, é colocada novamente no 
acetábulo. Com o quadril em flexão, o movimento deverá ser de tração, abdução e 
rotação externa do quadril do recém nascido. Pode ou não ser seguido de um “click” no 
final da manobra. 
 
• Teste de telescopagem: Serve para diagnosticar instabilidade do quadril. Realiza-se 
movimentos alternados de tração e compressão do fêmur no sentidovertical. 
 
• Teste de Galeazzi: Coloca-se a criança em decúbito dorsal com os membros inferiores 
fletidos e pés apoiados na maca, e procura-se o sinal de desnivelamentos nos joelhos. 
Caso haja, o joelho que apresentar-se mais baixo, será o lado do quadril luxado. 
 
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• Diminuição do grau de abdução do quadril 
 
• Sinal de trendelenburg: fraqueza dos músculos abdutores do quadril. 
 
• Exame radiológico, ultra-sonográfico e de ressonância ( quando houverem dúvidas ou 
riscos). 
 
TRATAMENTO MÉDICO 
 
“Os ótimos resultados obtidos hoje em dia pelo tratamento conservador, são decorrentes do 
diagnóstico precoce e preciso.” (Sizínio Hebert) 
 
É dividido pôr faixa etária: 
 
• De 0 a 6 meses: Utiliza-se órteses como o aparelho de Frejka ou Pavlik pôr um período 
de 3 a 6 meses. Após este período o paciente é acompanhado até o completo 
desenvolvimento dos quadris, com exame clínico a cada 6 meses. 
 
• Dos 6 aos 12 meses: O diagnóstico já é considerado tardio. Tenta-se uma redução sob 
narcose, e colocação de um aparelho gessado que mantém os quadris em posição de 
redução e estabilização pôr não menos que 6 semanas. Quando não se consegue a 
redução, realiza-se uma artrografia, e geralmente realiza-se um tratamento cirúrgico que 
é em último caso. 
 
• Dos 12 aos 18 meses: Alguns autores partem para o tratamento cirúrgico de imediato, 
após tração prévia ou não. Outros preferem investir no tratamento conservador sempre 
que conseguem uma redução e estabilização satisfatória. Submete-se a criança a uma 
tração prévia de uma a duas semanas, logo após este período realiza-se uma artrografia 
dinâmica do quadril e quando a redução é fácil, coloca-se o aparelho gessado. Pode ser 
realizada a tenotomia dos adutores, afim de liberar a tração exercida pôr estes músculos 
no quadril. 
 
• Dos 18 meses em diante: A redução é quase sempre cirúrgica, associada com 
osteotomia do fêmur ou do ilíaco, dependendo da causa da instabilidade. 
 
 
ENFERMIDADE DE LEGG-PERTHES-CALVÉ 
 
É uma necrose avascular da cabeça femoral que acomete crianças de 3 a 9 anos de 
idade, em média. 
 
• Sua incidência é de 5 meninos para 1 menina. 
• Predominância na raça branca 
• Em 20 % dos casos existe relação familiar 
• Pode afetar ambos os quadris em até 20 % dos pacientes. 
 
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• Parece haver uma predisposição em crianças nascidas com peso abaixo de 2,5 kg. 
• Tanto os meninos quanto as meninas têm tendência para baixa estatura. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 
• Claudicação, às vezes dolorosa. 
• Dor e limitação de movimentos do quadril (rotação e abdução). 
• Hipotrofia da coxa e panturrilha no lado afetado. 
• Nas fases subseqüentes pode haver diminuição do comprimento do membro inferior, 
pelo achatamento da cabeça femoral e da fusão da cartilagem de crescimento. 
 
ESTÁGIOS DA PATOLOGIA 
a) Inicial ou necrose óssea e medular; 
b) Fragmentação ou revascularização; 
c) Reossificação; 
d) Deformidade residual. 
 
DIAGNÓSTICO 
 
• História clínica 
• Radiografia 
• Cintilografia óssea 
 
TRATAMENTO MÉDICO 
 
A base do tratamento consiste em se conseguir ao final da evolução do processo, uma 
cabeça femoral a mais esférica e congruente possível. 
 
Existem várias metodologias de tratamento: 
 
• Alguns autores consideram que nenhum tipo de tratamento pode influenciar o resultado 
final; 
• Outros autores indicam e usam variados tipos de aparelhos ortopédicos, ditos de 
descarga, que se propõem a diminuir a pressão a pressão da cabeça femoral sobre o 
acetábulo, ou aparelhos de abdução para mantê-la concentricamente dentro dele. 
• Outros ainda tratam do paciente apenas no período de dor e limitação de movimento, 
com repouso no leito e tração cutânea, para diminuir a contratura muscular e a dor. 
• E mais, temos: cirurgia precoce afim de diminuir o tempo de evolução do processo, e 
até mesmo o uso de aparelho gessado, que tem sido cada vez menos utilizado. 
 
COMPLICAÇÕES 
 
• Artrose de quadril precoce 
• Dores constantes na idade adulta 
• Limitações de movimentos do quadril 
 
 
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FÊMUR CURTO CONGÊNITO 
 
• Chamada também de displasias femorais, decorrem de um desenvolvimento 
insatisfatório, antes da nona semana uterina ou no período fetal. 
• As anomalias podem ter a forma a forma de uma ausência completa ou parcial do 
fêmur, incluirmodificações como coxa vara, pseudoartrose e deslocamento do 
quadril, ou um simples retardo no crescimento femoral, sem comprometer a sua 
arquitetura. 
 
TRATAMENTO: 
 
a) Conservador: 
• Uso de órteses para igualar o comprimento dos membros inferiores 
• Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Atividade Física orientada 
 
b) Cirúrgico 
• Alongamento ósseo e encurtamento do membro contralateral. 
 
 
COXA VARA CONGÊNITA 
 
• É uma anormalidade da extremidade proximal do fêmur que se caracteriza por 
uma diminuição do ângulo cervicodiafisário e pela presença de defieto primário 
no colo femoral. Trata-se de uma deformidade progressiva. 
• Não existe predileção racial ou pelo sexo. O acometimento unilateral é 2 a 3 
vezes mais comum que o bilateral. 
• O diagnóstico da coxa vara do desenvolvimento costuma ser tardio, sendo que 
cerca de 57% dos casos são diagnosticados após os cinco anos de idade. 
Dificilmente a patologia é notada antes do desenvolvimento da marcha 
independente. 
• A claudicação indolor é a queixa inicial dos pais. Pode haver história de fadiga 
fácil e de baixa estatura em casos bilaterais. 
• Nas unilaterais ocorrem diminuição do comprimento do membro, marcha de 
trendelenburg por insuficiência do glúteo médio ou marcha tipo pato, quando o 
comprometimento é bilateral, além de diminição da amplitude de abdução e 
rotação medial do quadril. 
 
TRATAMENTO: 
 
a) conservador: 
• Fisioterapia e Terapia Ocupacional principalmente no pós-operatório 
 
b) Cirúrgico: 
• Tratamento preferencial para correção da deformidade e restauração da 
biomecânica do quadril. 
 
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LUXAÇÃO CONGÊNITA DO JOELHO 
 
• A principal característica da luxação congênita do joelho é uma perda da relação 
anatômica normal de suas superfícies articulares de forma estruturada e n 
amaioria dos casos, detectada ao nascimento. Ocorre um deslocamento anterior 
da tíbia em relação aos côndilos femorais em graus variáveis de desvios, desde 
uma pequena subluxação, que pode até passar despercebida, até uma luxação 
evidente anterior e lateralizada. 
• Não é uma deformidade muito frequente, podendo estar associada a outras 
enfermidades como artrogri pose múltipla congênita ou síndrome de Down. 
 
 
JOELHO VARO (GENU VARUM) 
 
• O varismo do joelho significa um desvio do eixo longitudinal em direção 
lateral, com afastamento entre as duas articulaçãoes do joelho. 
• O ângulo considerado normal para varo está em torno de 5 e 10 graus. Essa 
medida representa uma média e apresenta variações que dependem da idade 
e da altura do indivíduo. 
 
TRATAMENTO: 
 
• Idade do paciente: até os dois anos de idade, em média, existe um varismo 
fisiológico. Portanto, é de se esperar que ocorra uma retificação espontânea. Deve-
se acompanhar a criança periodicamente. 
• Nos casos em que não houver correção espontânea o tratamento de escolha é o 
cirúrgico. 
 
 
JOELHO VALGO (GENU VALGUM) 
 
• Caracteriza-se por uma angulação com desvio medial, no qual os côndilos femorais 
se tocam entre si e os maléolos se encontram afastados. É um dos otivos de consulta 
ais frequentes em ortopedia pediátrica e em pediatria, pela apreensãodos pais ao 
observarem as crianças com as “pernas tortas”. 
• Deve-se ter cuidado na avaliação para não tratar de um joelho valgo fisiológico que 
está presente nas crianças entre 18 e 24 meses podendo se estender até 4 anos de 
idade. 
• Os casos de joelho vago estruturado devem ser corrigidos com cirurgia e uso de 
órteses. 
 
 
JOELHO RECURVADO (GENU RECURVATUM) 
 
• É o joelho em hiperextensão. Na maioria dos casos existe um recurvado fisiológico, 
característico da criança com hipermobilidade articular. Tal situação é observada 
 
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desde o nascimento até por volta de 8 anos de idade. Aconselha-se apenas o 
acompanhamento rotineiro. 
• Caso o desenvolvimento não corrija a deformidade, o tratamento deverá ser 
cirúrgico. 
 
 
 
OUTRAS ANOMALIAS CONGÊNITAS DO MEMBRO INFERIOR 
 
• Displasia da fíbula ou agenesia da fíbula 
• Displasia da tíbia 
• Tíbia curva congênita 
• Pseudoartrose congênita da tíbia 
• Pseudoartrose congênita da fíbula 
• Pé torto congênito 
• Pé metatarso varo 
• Pé plano valgo 
• Pé talo-vertical congênital 
• Hálus valgo (joanete) 
 
 
PATOLOGIA LOCOMOTORA METABÓLICA 
 
 
 São as doenças metabólicas que alteram o metabolismo ósseo, resultando em 
aumento ou redução generalizada da massa óssea, produção anormal de tecido osteóide, 
distúrbio de mineralização e anomalias resultantes do armazenamento de substâncias 
anormais na estrutura esquelética. 
 
ESCORBUTO 
 
• Deficiência de ácido levoexurônico (ácido ascórbico – vitamina C). 
• Altera a formação de colágeno e a resistência dos capilares que orientam a 
mineralização óssea. 
• Atualmente são raros os casos de escorbuto, estando restrita a regiões climáticas 
desérticas e populações carentes. 
• O quadro clínico inclui: irritabilidade, parestesias, hipotonia muscular 
principalmente dos membros inferiores, obrigando o paciente a permanecer com as 
articulações fletidas. Também encontra-se febre e hemorragias das gengivas e do 
tecido subcutâneo além de dor óssea e articular. 
• O tratamento é relativamente simples com ingesta de vitamina C, principalmente 
porque doses maciças não levam a intoxicação. Se o tratamento for instituído no 
início, provavelmente não acarretará em seqüelas. 
 
 
 
 
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RAQUITISMO E OSTEOMALÁCIA 
 
• Os termos raquitismo e osteomalácia englobam uma vasta gama de doenças, de 
etiologias variadas, cujo denominador comum é a presença de uma mineralização 
deficiente do tecido ósseo. 
• No raquitismo, ocorre uma interrupção do processo de mineralização da placa de 
crescimento (crianças), enquanto a osteomalácia se refere a uma mineralização 
deficiente do osso cortical ou esponjoso maduro (adulto). 
• Classificação: 
 
a) Raquitismo carencial: deficiência de vitamina D, cálcio e fosfato. 
b) Raquitismo secundário a tubulopatias renais. 
c) Raquitismo associado a má absorção gastrintestinal. 
d) Raquitismo secundário a distúrbios do metabolismo da vitamina D. 
 
• No raquitismo, a atividade e a produção de matriz óssea ocorrem normalmente, 
entretanto, há uma deficiência de mineralização do tecido osteóide e também da 
matriz cartilaginosa pré-óssea, ao nível da zona de calcificação provisória. 
 
Aspectos Clínicos do Raquitismo 
 
• Irritabilidade / apatia 
• Achatamento do crânio 
• Alargamento da porção cartilaginosa das suturas do crânio 
• Dentinogênese retardada ou defeituosa 
• Articulações costocondrais proeminentes (rosário raquítico) 
• pectus carinatum 
• Distensão abdominal 
• Fraqueza muscular 
• Frouxidão ligamentar 
• Encurvamento dos ossos longos 
• Cifoscoliose 
• Baixa estatura, secundária as deformidades ósseas 
 
 
OSTEOGÊNESE IMPERFEITA 
 
• Caracteriza-se por um grupo de doenças hereditárias, bem definidas, que 
apresentam uma fragilidade óssea excessiva responsável poe um quadro de fraturas 
repetitivas que evoluem para deformidades progressivas do esqueleto. 
• Esta patologia também acomete os dentes e outros órgãos, devido ao 
comprometimento do tecido conjuntivo. O indivíduo pode apresentar a esclerótica 
dos olhos azul, e frouxidão ligamentar. 
• A fisiopatologia da osteogênese imperfeita está no defeito da produção do colágeno, 
que em muitos casos, basta apenas a troca de um aminoácido na cadeia. 
 
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• Na América Latina, levantamentos epidemiológicos mostram uma prevalência de 
4,3 casos / 100.000 nascimentos. 
• Nas formas leves e moderadas da osteogênese imperfeita, quando a criança atinge a 
puberdade e a adolescência ocorre uma diminuição acentuada da freqüência de 
fraturas. 
 
TRATAMENTO: 
 
• Tratamento medicamentoso: na tentativa de se obter um aumento na resistência 
óssea, porém sem ser específica para resultados absolutos. 
• Prevenção das fraturas 
• Fisioterapia e terapia ocupacional 
 
 
OSTEOPENIAS ENDÓCRINAS 
 
• É a perda de massa óssea provocada pelo decréscimo rápido do estrogênio e 
progesterona, influenciando diretamente na atividade osteoblástica normal. 
• Sabemos que com a chegada da menopausa nas mulheres, os níveis hormonais 
decrescem rapidamente, em torno de 5 a 10 anos após sua instalação. Nos homens 
os níveis de hormônios sexuais diminuem em faixa etária mais elevada, em torno 
dos 65 anos, e esse fato é responsável pela manutenção da massa óssea do sexo 
masculino. 
• Na osteoporose, a massa óssea diminui, apesar de a estrutura permanecer 
aparentemente normal. Na senilidade, todos os seres humanos são acometidos pela 
perda de tecido ósseo (osteoporose primária). O termo osteoporose secundária é 
utilizado para designar esse processo quando ele inicia em faixa etária menor e 
apresenta um fator predisponente. 
 
OSTEOPOROSE 
 
• A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo, caracterizada por perda 
gradual de massa óssea, que enfraquece os ossos por deteriorização da 
microarquitetura tecidual óssea, tornando-os mais frágeis e suscetíveis a fraturas. 
 
FATORES DE RISCO PARA A OSTEOPOROSE 
 
a) história familiar 
b) raça branca 
c) escoliose 
d) osteogênese imperfeita 
e) menopausa precoce 
f) alcoolismo 
g) tabagismo 
h) inatividade e sedentarismo 
i) má nutrição 
 
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j) amenorréia induzida por excesso de exercício 
k) dieta com alta ingestão de fibras 
l) dieta com alta ingestão de fosfatos 
m) dieta com alta ingestão de proteínas 
 
QUADRO CLÍNICO 
 
• A doença é assintomática, a não ser que ocorra uma fratura 
• É muito importante avaliar a história para correlacionar com o uso de medicamentos 
como: corticóides, anticonvulsivos, medicação para tireóide, antiácidos e heparina. 
 
LOCAIS COMUNS DE FRATURA 
 
• Fratura por compressão vertebral 
• Fratura do punho 
• Fratura do quadril/fêmur proximal 
• Fratura dos arcos costais, pelve e úmero 
 
 
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OSTEOMIELITE E ARTRITE SÉPTICA 
 
• A infecção no osso é denominada osteomielite, significando envolvimento do canal 
medular e dos ossos esponjosos e corticais. 
• A infecção da articulação é denominada artrite séptica. Geralmente é causada por 
bactéria patogênica com disseminação via hematogênica ou em decorrência de uma 
osteomielite metafisária. 
• No momento em que a bactéria se instala em determinado local do osso ou no 
interior de uma cavidade articular, inicia-se um processo de defesa e proteção, com 
respostas celulares e tissulares conhecidas (processo inflamatório). Tem-se uma 
zona circunscrita de abscesso com pus e tecidos necrosados, chamados de 
“sequestro”. 
• A região metafisáriae a membrana sinovial são muito ricas em vascularização nas 
crianças. Isto explica o fato da maior incidência nesta população quando comparada 
com adultos. 
• Outro fator importante é o estado nutricional. Nos desnutridos, os mecanismos de 
defesa estão baixos, favorecendo a infecção, sem muita resistência. 
• A região da coluna cervical é o segmento da coluna menos afetado em infecções da 
coluna em geral, podendo ser causadas por tuberculose (Mal de Pott), micoses 
(fungos) ou osteomielite (Staphylococcus aureus). O diagnóstico costuma ser 
confirmado por meio de exames anatomopatológicos, bacterioscópicos e de cultura 
para aeróbicos, anaeróbicos e fungos. O material para biópsia é colhido por punção 
ou à céu aberto. 
• Os pacientes com infecção da coluna cervical costumam apresentar queixas de dor 
no pescoço mais aguda nas osteomielite e de forma crônica (desconforto) nos 
quadros de tuberculose ou infecção por fungos. Já os sintomas gerais incluem: 
anorexia, mal-estar, calafrios e sudorese noturna. 
• O processo infeccioso enfraquece a vértebra pela destruição do tecido ósseo que 
pode se estender para o disco intervertebral e/ou para a vértebra adjacente. Nestes 
casos há um colapso da vértebra resultando em deformidades. 
• O tratamento das infecções da coluna cervical consiste em medidas gerais como: 
dieta adequada, repouso, antibioticoterapia e tratamento de problemas clínicos 
associados além de órteses de suporte para a região cervical. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
 
a) Osteomielite hematogênica aguda: forma em que a via de contaminação é o sangue, 
devido a existência prévia de um foco séptico a distância. É a forma mais comum 
em crianças e adolescentes. 
b) Osteomielite pós-traumática: é decorrente de um ferimento contaminado e infectado 
que, por proximidade com o tecido ósseo, favorece a instalação do processo. Pode 
também ser secundário a uma fratura exposta, cirurgia ou contaminação hospitalar. 
c) Osteomielite crônica: quando existe uma manutenção de um foco infeccioso 
decorrente de uma das formas anteriores agudas, no qual existe um fragmento de 
osso necrosado, desvitalizado, denominado “sequestro ósseo”. 
 
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d) Abscesso ósseo: conhecido como abscesso de Brodie, é uma infecção óssea 
circunscrita, localizada, geralmente lenta, que muitas vezes tem evolução atípica na 
fase aguda, dificultando o diagnóstico. Pode permanecer inativo ou “frio” por um 
longo período. 
 
DIAGNÓSTICO: 
 
• Dor 
• Edema 
• Hiperemia 
• Febre 
• Impotência funcional 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 
• Hemograma 
• Velocidade de sedimentação globular 
• Hemocultura 
• Cultura e antibiograma 
• Radiologia 
• Cintilografia 
• Tomografia computadorizada 
• Ressonância Nuclear Magnética 
• Ultra-sonografia 
 
TRATAMENTO 
 
• Internação de urgência para realização de todos os exames complementares 
necessários. 
• Hidratação com soro fisiológico. 
• Realização da drenagem do pus na osteomielite e lavagem óssea exaustiva. 
• Antibioticoterapia. 
 
COMPLICAÇÕES: 
 
• Septicemia e morte 
• Cronificação 
• Artrite séptica 
 
 
 
Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 
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AFECÇÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA CERVICAL 
 
• Hérnia de disco cervical, principalmente a partir da terceira década de vida, onde 
ocorre o início das mudanças bioquímicas e que podem ser precipitadas por vários 
fatores, como as sobrecargas em geral. 
• As alterações do disco (discopatias) e osteoarticulares da coluna cervical levam ao 
comprometimento de estruturas nervosas e vasculares determinando diferentes 
quadros clínicos, como cervicobraquialgias e mielopatias. 
 
AFECÇÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA TORÁCICA 
 
• A incidência de hérnia de disco na região torácica é muito baixa, correspondendo a 
0,2 a 1% de todas as cirurgias discais. 
• O quadro clínico varia dependendo da localização da hérnia, compreendendo desde 
os casos de hérnia lateral com compressão do nervo intercostal, até os quadros de 
hérnia central, que apresentam mielopatia e dor radicular. 
• Normalmente indivíduos de 40 a 60 anos de idade, sem distinção de raça ou cor. 
 
AFECÇÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA LOMBAR 
 
• É a forma mais freqüente de hérnia discal, que pode provocar quadros de lombalgia, 
lombociatalgia, ou mais raramente, síndrome da cauda eqüina. 
• Tratamentos incluem o conservador: fisioterapia, terapia ocupacional, acupuntura, 
uso de órteses, entre outros; caso não tenha resultados satisfatórios, o tratamento de 
escolha é o cirúrgico para resolução do problema.

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