Buscar

Jurisdicao e competencia abr-mai -2014

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
*
*
Jurisdição e competência
Prof. Geraldo Lopes
*
*
*
*
Conceito de Jurisdição
Poder atribuído constitucionalmente, ao Estado para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos. 
Atividade, em regra, exclusiva do Poder Judiciário - exceção Senado Federal – arts. 52, I e II CF
Princípios: Juiz natural: Art. 5º LIII; indeclinabilidade( o juiz não pode abster-se de julgar os casos que lhe forem apresentados); improrrogabilidade (as partes não podem escoher ou excluir o juiz natural, salvo os casos de suspeição e impedimento) indelegabilidade(não pode o juiz delegar o poder jurisdicional a outrem que não o possui);(carta precatória e de ordem)
*
*
*
*
Unidade: a jurisdição é una atribuível ao Poder Judiciário o que varia é o grau de especialização (civil, penal, militar eleitoral ou trabalhista);
*
*
*
*
Organização do Poder Judiciário
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I- o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
*
*
*
*
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. 
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.
*
*
*
*
Da competência
Conceito: Delimitação da Jurisdição, permissão para exercício de uma fração da jurisdição; competência é medida de jurisdição (cada órgão exerce a jurisdição dentro da medida que lhe fixam as regras de competência)
Segundo Liebman, competência é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos do Judiciário. (Ada Grinover, p. 230)
*
*
STF: Jurisdição em todo Brasil, mas competência limitada pela CF
Competência absoluta – não admite prorrogação(ratione materiae e ratione personae ou por prerrogativa de função) Está prevista na Constituição Federal 
Competência relativa: admite prorrogação se não arguida “oportuno tempore”: ratione loci (lugar da infração) – Está prevista em normas infraconstitucionais -
*
*
*
*
Quadro geral de competência:
A competência é delimitada, conjuntamente, pela CF, CPP, Lei de Organização Judiciária do Estado e os Regimentos internos dos Tribunais
Regras de fixação da competência
1. Para fixação da competência primeiro se observa a natureza do crime investigado – ratione materiae ou competência de jurisdição (jurisdição especial (eleitoral ou militar) ou jurisdição comum (federal ou estadual)
*
*
*
*
*
*
1. Justiça Eleitoral – arts. 118 a 121 CF. – proc. e julgamento – crimes eleitorais Código Eleitoral e leis especiais. LC 64/90, LEI 9504/97, ETC.
2. Justiça Militar: Justiça Militar Estadual 125, §4º CF e Justiça Militar Federal 124 Caput, CF
Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.  Somente no caso do art. 9º, II, CPM
. 
*
*
*
*
Art. 124. À Justiça Militar (Federal)compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
3. A Justiça do trabalho não possui competência em matéria penal, ainda que o delito tenha sido praticado contra bens, serviços ou servidores da Justiça do Trabalho ou se trate de crimes contra a organização do trabalho. 
*
*
*
*
Competência da Justiça Federal – art. 108 e 109 CF
Competência da Justiça Estadual – competência residual, abarcando tudo aquilo que não for da competência das jurisdições especiais e da Justiça comum federal
Crimes dolosos contra a vida – Tribunal do Júri, art. 5º XXXVIII CF, exceto se houver competência especial por prerrogativa de função estabelecida na CF, prevalecendo esta sobre a do Júri.
*
*
*
*
B- Segunda etapa de verificação da competência
1. Verificação da aplicação das regras de competência em razão da pessoa ou por prerrogativa de função – rationae personae
Identificada a jurisdição – comum ou especial, segue-se para identificar o órgão jurisdicional a quem incumbira o processo e julgamento da infração.
A competência rationae personae impõe a tramitação do processo em tribunal de segundo grau ou tribunal superior. Ex. art. 96, III, e art. 29, X, CF
*
*
*
*
C. terceira etapa de verificação da competência.
1. Competência territorial – ratione loci
2. Teorias: lugar do crime: teoria da atividade; teoria do resultado; teoria da ubiquidade
O CPP adotou a teoria do resultado, considerando competente para o processo e julgamento , via de regra, o lugar onde se consumou a infração ou no caso de tentativa, o local onde o último ato de execução foi praticado.
Crimes dolosos contra a vida: teoria da atividade(jurisprudência)
Teoria da ubiquidade: crimes a distância: art. 70, §§1º e 2º CPP e art. 6º CP.
*
*
*
*
Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
        I - o lugar da infração:
        II - o domicílio ou residência do réu;
        III - a natureza da infração;
        IV - a distribuição;
        V - a conexão ou continência;
        VI - a prevenção;
        VII - a prerrogativa de função. 
*
*
3. Distribuição: juízes da mesma competência situados na mesma comarca – Art. 75 CPPAr”A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
        Parágrafo único.  A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.”
*
*
*
*
Prevenção Art. 83.  Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 
*
*
*
*
*
*
Conexão ou continência(modificação ou prorrogação de competência e não fixação inicial)
Conceito de conexão: trata-se de ligação, nexo ou união. No processo Penal, segundo Nucci, liame existente entre infrações, cometidas em situações de tempo e lugar que as tornem indissociáveis, bem como a união entre delitos, uns cometidos para, de alguma forma, propiciar, fundamentar ou assegurar outros, além de poder ser o cometimento de atos criminosos de vários agentes reciprocamente. Surge ainda o vínculo para facilitar a produção de provas. Separar os feitos será enfraquecer as provas e correr o risco de ter ao final sentenças dissonantes ou contraditórias por faltar a análise do conjunto.
*
*
*
*
Conexão(material e instrumental:
Segundo Hélio Tornagui, é substantiva ou material quando “os próprios crimes são conexos” e meramente processual ou instrumental quando não há nexo entre os delitos, mas a comprovação de uns termina refletindo na de outros. Segundo Nucci, a conexão será material quando efetivamente tiver substrato penal, ou seja, quando,no caso concreto, puder provocar alguma consequencia de ordem penal. No mais, será instrumental. EX. A mata B porque este viu o seu assalto, trata-se da hipótese do inciso III do art. 76, por exclusão. Os demais incisos exigem mais de uma infração e mais de um autor.
*
*
*
*
Há reflexo penal por força do art. 121, parágrafo 2º, inciso V, para quem comete o delito a fim de assegurar a ocultação ou impunidade de crime anterior. 
Vários furtos praticados
em uma mesma situação por várias pessoas distintas. O que um tem a ver com outro (Nucci) Nesse caso a conexão é instrumental.
*
*
*
*
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
        I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
        II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
        III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.       
*
*
*
*
Espécies: Intersubjetiva:Art. 76, I
1. por simultaneidade; 
2. Por concurso; 
3. Por reciprocidade- 
Conexão objetiva: (art. 76, II) 
I. lógica ou teleológica: vários autores cometendo crimes para facilitar ou ocultar outros. 
II. Conexão objetiva consequencial, bem como para garantir a impunidade ou vantagem de qualquer deles
Conexão probatória ou instrumental: art. 76, III
a prova de uma infração implica na prova de outra infração. Ex. roubo e receptação; homicídio e ocultação de cadáver.
*
*
*
*
Continência – art. 77Art. 77.  A competência será determinada pela continência quando:
        I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
        II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 70 e art. 73, segunda parte e 74 segunda parte CPB
Continência por cumulação subjetiva art. 77, I
Continência por concurso: formal: arts. 70 e art. 73, segunda parte (aberratio ictus) e 74 segunda parte (aberratio criminis) CPB
*
*
*
*
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: 
        I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;         Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:
        a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;     
    b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;       
  c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;       
*
*
*
*
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;     
    IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.                  
*
*
*
*
Art. 79.  A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
        I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
        II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
        § 1o  Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
        § 2o  A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
      
*
*
*
*
  Art. 80.  Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
*
*
*
*
Art. 81.  Perpetuatio jurisdictionis – Perpetuação da jurisdição: Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
        Parágrafo único.   Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.       
*
*
*
*
Art. 82.  Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. 
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
Ex. Processos de furto e receptação: absolvido os réus pelo crime de furto, continuará competente para analisar a receptação ocorrida em outra comarca.
*
*
*
*
Crimes dolosos contra a vida: 
Sumário de culpa: desclassificação do crime doloso contra a vida: remete ao juiz competente para conhecer dos demais crimes conexos.
*
*
*
*
E se a desclassificação que ocorrer for determinada pelo Conselho de Sentença?
Cabe ao juiz presidente proferir sentença tanto pelo crime para o qual houve a desclassificação quanto em relação aos conexos. Vide arts. 492, §§ 1º e 2º CPP
 § 1o  Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)      
*
*
*
*
  § 2o  Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
*
*
*
*
DA PREVENÇÃO
Segundo Norberto Avena, entende-se por prevenção o enfrentamento antecipado da matéria jurisdicional em determinado juízo, tornando-o, diante da ausência de outro critério prevalente, competente (prevento) para o processo e julgamento. Trata-se de critério residual, utilizável quando inexistir outra forma de determinação da competência do foro (comarca) juízo (vara) ou do próprio juiz. 
Exige prática anterior de ato de jurisdição, ato com carga decisória, como a homologação de prisão em flagrante e decretação de preventiva, busca e apreensão, etc. 
*
*
*
*
 Art. 83.  Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 
 § 3o  Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
*
*
*
*
 Art. 71.  Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
  Art. 72 ..............
      § 1o  Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
        § 2o  Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
    
*
*
*
*
  Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: 
        (...)         c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
.
 
    
*
*
*
*
 Prerrogativa de função ou ratione personae
Quando fixada pela Constituição Federal, prevalecerá sobre a do Tribunal do Júri.
Deputado Estadual que comete homicídio deve ser julgado pelo Tribunal do Júri, pois seu foro especial não foi estabelecido na CF.
Súmulas:721 STF: A competência constitucional do Tribunal
do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. 
704 STF:  Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. 
*
*
*
*
Cessado o exercício funciona, não se mantém o foro privilegiado.
Inexiste foro privilegiado para a ação de improbidade administrativa de que trata a Lei 8429/1992.
*
*
*
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando