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ARTE BRASILEIRA III– ANOS 1930 40

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ARTE BRASILEIRA – ANOS 1930-40
SPAM
CAM
GRUPO SANTA HELENA
ARTISTAS
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CONTEXTO HISTÓRICO e ARTE
Modernismo anos 1920: preocupação estética. Anos 1930 e 40: os artistas se preocupam com a questão social.
1929: “crack/quebra” da bolsa de Nova Iorque, atinge nossa economia cafeeira gerando a depressão econômica e a Revolução de 1930. 
Há um atrito entre economia agrária e a industria em ascensão. Nos centros urbanos, devido ao surto industrial, surge a classe média e o operariado urbano e conseqüentemente, surgem as diferenças entre as classes sociais. 
No BR: agitações políticas, sociais e econômicas. Os artistas desses anos não poderiam ignorar os novos tempos. A preocupação social é de âmbito internacional. As revoluções no México, na Espanha, na Rússia, vão influenciar diretamente os artistas brasileiros.
A arte dos anos 30: menos culta e mais proletária, menos erudita e mais popular, menos experimental e mais realista. Apresenta uma linguagem mais objetiva, postura de moderação e preocupação com a técnica. 
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O tema central na arte: trabalho, questões sociais. Nos salões de arte, o prêmio era uma viagem pelo interior do país para divulgar as idéias modernas. 
Origem dos artistas/modernistas: classe média e no proletariado, não tinham uma cultura livresca, eram carentes culturalmente e quase autodidatas. 
Questão da Profissionalização: artista/artesão. A obra tem consistência artesanal e é mais importante que o artista. A pintura é vista como ofício e o artista é o trabalhador, aquele que tem que aprender os segredos da sua profissão, de sua técnica.
 
O coletivo era mais importante que o individual. Organização de grupos de artistas: SPAM e o CAM, Núcleo Bernardelli, Família artística Paulista e o grupo Santa Helena.
Os grupos SPAM e CAM são importantes dentro do contexto geral da arte dos anos 30/40 porque são precursores do Museu de Arte Moderna (1948) e da Bienal de Arte (1951) e foram criados simultaneamente em 1932, em São Paulo.
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SPAM: Sociedade Pró-Arte Moderna 
(1932-33 - SP)
Fundação da SPAM: 23 de novembro de 1932, na casa do arquiteto Gregori Warchavchik.Presença de Lasar Segall, Dona Olívia Guedes Penteado, Anita Malfati, Tarsila do Amaral. 
Comissão executiva provisória da Sociedade: Tarsila, Segall, Paulo Rossi e Paulo Mendes de Almeida.
22/12/1932: declarou-se preenchido o quadro dos sócios fundadores da SPAM. O quadro de fundadores era composto de 39 membros, não poderia ser 40 pois este era o número dos membros da Academia Brasileira de Letras, um símbolo do conservadorismo. 
Diretoria: D. Olívia Guedes Penteado, d. Mina Klabin Warchavchik, Tarsila, Chinita Ullman, Lasar Segall, Paulo Rossi Osir, Carlos Pinto Alves, Jayme da Silva Telles e Paulo Mendes de Almeida. Tarsila não chegou a tomar posse.
Segall, foi a alma da SPAM. Ele colocou seu bom gosto, sua segurança, sua energia a serviço da Sociedade Pró-Arte Moderna. 
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1º BAILE: “São Silvestre em Farrapos”, comemorando a fundação da SPAM: realizado na passagem do ano, a fantasia, quase obrigatória, era roupa estraçalhada. Em 20/01/1933 a nova sociedade dava início às suas próprias atividades, com concerto de música antiga e moderna. 
PROGRAMA DA SPAM:
1º) estreitar as relações entre os artistas e as pessoas que se interessam pela arte em todas as suas manifestações,
2º) promover exposições, concertos, conferencias, reuniões literárias, organizar anualmente o mês da arte,
3º) instalar uma sede social com salão de festas e exposições, sala de leitura, ateliê para artistas. A SPAM conseguiria isto com a colaboração dos “amigos da arte” e com a realização de outros eventos.
2º BAILE: “Carnaval na Cidade de SPAM”: baile carnavalesco – 16/02/ 1933. Para a obtenção de fundos. Sob projeto e direção geral de Lasar Segall, o salão foi transformado numa autentica cidade. Camargo de Guarnieri criou o “Hino Spamtriótico”, cuja letra era: Viva a alegria!, Viva a SPAM!, Gato sapato, sapo e rã!. Constituiu-se em verdadeira obra de arte. 
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Baile de Carnaval no salão do Palacete Trocadero, atrás do Teatro Municipal. A decoração ficou por conta dos pintores Lasar Segall e Anita Malfatti, que transformaram o local na cidade imaginária de Spamolândia. Na foto abaixo, publicada no livro São Paulo – A Juventude do Centro, da editora Grifo, está um grupo de foliões que participaram da festa, 
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RESULTADOS: divulgar o nome da SPAM, ampliando-lhe o quadro social e sua renda e obter fundos o suficiente para a instalação de uma sede própria. 
Sede: alugaram toda a metade do 5º andar do palacete Campinas, à praça da República e iniciou-se a reforma, no decorrer desta, realizaram a 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM.
EXPOSIÇÃO DE ARTE MODERNA DA SPAM: 28/04/1933, foi a mais importante mostra de arte moderna realizada em toda a América do Sul: pinturas e esculturas modernas. 
Pela primeira vez, o grande público via: obras de Picasso, Lhote, Léger, De Chirico, Delaunay, Gleizes, Juan Gris, Brancusi (entre outros) e dentre os nacionais: Anita Malfati, Antonio Gomide, Brecheret, Éster Bessel, Lasar Segall, Tarsila. Ao todo, eram 100 obras e o salão pôde contar com grande afluência do público.
16/08/1933: inauguração da sede da Sociedade Pró-Arte Moderna, na qual se realizaria , em fins de 1933, a 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, apresentando artistas radicados no Rio: Portinari, Di Cavalcanti, Cardoso Junior, Guignard, etc. Foi um acontecimento cultural de extraordinária repercussão, pela qualidade de alguns artistas que ali figuravam, e porque a SPAM atuava além das fronteiras do Estado.
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3º BAILE: “Expedição às matas virgens da Spamolandia”. O terceiro baile foi realizado com o objetivo de arrecadar fundos para que a SPAM continuasse atuando (dificuldades financeiras). Realizado num “rink” de patinação, sob projeto e direção de Lasar Segall -preparou-se uma decoração que transformava a pista numa selva enorme, com animais enormes e absurdos - “tapou os rombos”!
 FECHAMENTO DA SPAM: Após a realização do baile: desentendimentos e as dissidências internas. Em 25/11/1933, Segall, desgostoso, se demitia da Comissão Executiva, alguns meses mais tarde D. Olívia Guedes Penteado faleceu - abalaram a estabilidade da SPAM. 
Nova diretoria: para convocação da assembléia em que se declarou extinta a Sociedade.
A SPAM, sem dúvida desempenhou relevante papel para a arte, sendo ela, a precursora do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foi obra de uma reduzida equipe de crentes e sonhadores, mas sem a presença de Segall, a SPAM não teria existido. 
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CAM: CLUBE DOS ARTISTAS MODERNOS - SP
1931: desponta no cenário cultural, Flávio de Carvalho, arquiteto, desenhista, pintor e filósofo. Flávio foi a figura central do Clube dos Artistas Modernos.
Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Carlos Prado e Antonio Gomide, ocupavam um prédio na Rua Pedro Lessa nº 2, nos baixos do Viaduto da Santa Ifigênia, (onde mantinham seus ateliês) que apresentava as condições necessárias para sediar um clube daquele gênero, e após muitos encontros e discussões sobre Arte Moderna fundou-se o CAM.
24/11/1932 (um dia depois da SPAM), inaugurou-se então o Clube dos Artistas Modernos, já com sede social. No 1º andar do prédio, havia um grande salão para exposições, conferencias, concertos, festas e um bar. 
Festa de inauguração: Flávio, Di, Carlos Prado e Gomide pintaram grandes painéis que recobriam as paredes. A cantora Nair Duarte Nunes surgiu com um imenso bolo, devorado entre gritos de euforia e estranhos cânticos, serviu-se vinho e vodca com pimenta para tornar mais ‘ardorosa” a reunião! E sem muito protocolo, meio “a loca”, Flávio foi designado o presidente do Clube.
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O CAM: não tinha um programa preciso, suas atividades foram bem variadas: de exposições á conferencias, de desenhos de crianças , ao trabalho dos loucos, conferencias sobre índios Xavantes, Arte Proletária, teoria Marxista ... Sem formalismos, na forma
de debates, conversas.
Em pouco tempo o CAM tornou-se um ponto obrigatório de encontro artistas e intelectuais. 
AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DE FLÁVIO DE CARVALHO: 
Flávio de Carvalho (1899-1973): polêmico, não-conformista, não convencional, irônico e debochado. Iniciou suas atividades artísticas na década de 20. Na década de 30, adota como linguagem o expressionismo e além de atuar como pintor, desenhista, arquiteto, atua também como performático. 
Experiências Artísticas tinham como objetivo chocar o público: 
A Experiência nº1: ninguém sabe ao certo o que teria sido. 
A Experiência nº 2: provocar os fiéis numa procissão.
Experiência nº 3: foi uma performance realizada pelas ruas de São Paulo. 
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A Experiência nº 2: durante uma procissão de Corpus Christi, o artista postou-se à passagem do cortejo, em pleno centro da cidade, de chapéu na cabeça: “Tira o chapéu ! Tira o chapéu!” – gritava a multidão de fiéis. Flávio manteve-se imperturbável e os fiéis ficaram perturbados. Teimando em persistir de cabeça coberta, o artista percebeu, em dado momento, que lhe iam arrancar à força o chapéu e possivelmente agredi-lo. Foi quando disparou em uma fuga espetacular, refugiando-se no “toilette” de uma leiteria.
Experiência nº 3: Flávio fez um projeto para um traje de verão; o traje era composto por uma saia de pregas, até os joelhos e por uma blusa com tecido transparente. O próprio artista vestiu a roupa e saiu a desfilar pelas ruas, sendo que uma multidão seguiu-o durante o desfile. Sua atitude foi uma ousadia para a época.
TEATRO DA EXPERIÊNCIA: em 11/1933, Flávio de Carvalho decidiu instalar, no andar térreo do prédio em que se localizava o CAM, o seu Teatro da Experiência. Encenou o “Bailado do deus morto” – uma estranha peça falada, cantada e dançada, os atores usavam máscaras de alumínio e camisolas brancas, o enfeite cênico era um movimento de luzes sobre o pano branco e o alumínio. Espetáculo de tendência expressionista. A Polícia fechou o local.
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GRUPO SANTA HELENA
GRUPO SANTA HELENA: foi o nome atribuído pelo crítico Sérgio Milliet aos pintores que, a partir de 1934, se reuniam nos ateliês de Francisco Rebolo e Mario Zanini. 
Os ateliês estavam situados em um edifício da Praça da Sé, em São Paulo, denominado "Palacete Santa Helena". Este prédio foi demolido em 1971, devido a construção da estação do Metrô da Sé.
 
O Grupo: formou-se espontaneamente, não tinha um programa definido, e nenhum compromisso conceitual. 
Artistas: a maioria era imigrantes: Alfredo Volpi e Fúlvio Penacchi (italianos); ou filhos de imigrantes italianos como Aldo Bonadei, Alfredo Rizzotti, Mario Zanini e Humberto Rosa; ou espanhóis, como Francisco Rebolo; ou portugueses, como Manuel Martins.
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Palacete Santa Helena – SP.
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Origem: todos de origem humilde e, para sobreviver, exerciam atividades artesanais e proletárias: pintor de parede, bordador, mecânico, ferroviário, ourives.
Formação básica: escolas profissionalizantes, como o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola Profissional Masculina do Brás – SP.
Nos encontros: dividiam conhecimentos técnicos de pintura e realizavam sessões de modelo vivo. Decidiam sobre a remessa de obras aos salões e organizavam excursões de fim de semana aos subúrbios da cidade, para execução da pintura ao ar livre. 
Foi através de outra associação artística, dirigida por Rossi Osir – Família Artística Paulista - que em 1937, todo o Grupo Santa Helena participou de uma exposição, desse modo, apresentaram seus trabalhos ao público pela primeira vez. A partir daí, o Grupo tornou-se conhecido e despertou o interesse de Mário de Andrade, que neles identificou uma "escola paulista.
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Caracterização das obras:
apego à representação da realidade, preocupação com a técnica.
Temas: paisagens, vistas dos subúrbios e arredores da cidade, as praias visitadas nos fins de semana, a paisagem urbana, natureza-morta, o retrato e auto-retrato.
Preferência por locais anônimos no limite entre o campo e a cidade. 
Preferência por tons rebaixados, tinta fosca, dando uma tonalidade acinzentada aos quadros. 
O mérito maior do Grupo Santa Helena foi ter revelado alguns dos mais importantes artistas plásticos brasileiros do século XX.
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ARTISTAS
Aldo Bonadei
Alfredo Volpi
Alberto da Veiga Guinhard
Emiliano Di Cavalcanti
Candido Portinari
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BONADEI, A. Natureza-Morta e paisagem, 1966.óleo s/ tela, 110 x 77 cm.
BONADEI, A. Natureza-Morta, 1966.óleo s/ tela, 110 x 77 cm.
BONADEI, A. Corredor, 1958. óleo s/ tela, 100 x 77 cm.
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BONADEI, A. Corredor, 1965. óleo s/ tela, 85 x 65 cm.
BONADEI, A. Corredor, 1961. óleo s/ tela, 65 x 54cm.
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BONADEI, A. Bela Vista, 1968. óleo s/ tela, 65 x 55 cm.
BONADEI, A. Paisagem, 1956. óleo s/ tela, 54,5 x 73 cm.
BONADEI, A. Telhados, 1963. óleo s/ tela, 55 x 78 cm.
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BONADEI, A. Telhados, 1969. óleo s/ tela, 62 x 82 cm.
BONADEI, A. Paisagem Urbana, 1970. óleo s/ tela, 50 x 70 cm.
BONADEI, A. Paisagem Urbana, 1969. óleo s/ tela, 65 x 55 cm.
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GUIGNARD, A.V. Vaso de Fores, s.d. óleo s/ madeira, 32,8 x 28,9 cm.
GUIGNARD, A.V. Os noivos, 1937.óleo s/ madeira, 58 x 48 cm.
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GUIGNARD, A.V. Paisagem de Minas, 1950. óleo s/ madeira, 110 x 180 cm.
GUIGNARD, A.V.Fantasia, década de 1950. óleo s/ madeira, 160 x 70,5 cm..
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GUIGNARD, A.V. Noite de São João.1961.
Óleo s/ madeira, 50 x 46 cm.
GUIGNARD, A.V. Noite de São João,1961.
óleo s/ madeira, 19x29 cm.
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DI CAVALCANTI, E. Samba, 1925, óleo s/ tela, 177 x 154 cm.
DI CAVALCANTI, E. Cinco moças de Guaratinguetá, 1930, óleo s/ tela, 100 x 64 cm.
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CANDIDO PORTINARI – 1ª FASE: Brodosquiana ou Marron
PORTINARI, Futebol, 1935.
PORTINARI, Roda Infantil, 1935.
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PORTINARI, 2 ª FASE: Construção Plástica-Figura Humana. Mestiço, 1934.
PORTINARI, 3ª FASE: Pintura Mural. Café, 1935.
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PORTINARI – 4ª FASE: Retirantes
PORTINARI, Criança morta, 1944.
PORTINARI, Retirantes, 1944.
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ALFREDO VOLPI
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