Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MATEMA´TICA DISCRETA NOTAS DE AULA LIVRO TEXTO: Introduc¸a˜o a` Ana´lise Combinato´ria, Jose´ Pl´ınio de Oliveira Santos, Margarida P. Mello, Idani T. C. Murari, Editora Cieˆncia Moderna, Quarta edic¸a˜o. Jair Cunha Filho Suma´rio 1 Conjuntos e o Princ´ıpio da Induc¸a˜o 1 1.1 Conceitos e notac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.1 Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.2 Unia˜o, intersec¸a˜o e produto cartesiano . . . . . . . . . 2 1.2 Notac¸a˜o de somato´rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3 Notac¸a˜o de produto´rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.5 O princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.5.1 Primeira forma do Princ´ıpio da Induc¸a˜o Matema´tica . 8 1.5.2 Segunda forma do Princ´ıpio da Induc¸a˜o Matema´tica . . 12 2 Princ´ıpios Aditivo e Multiplicativo 14 2.1 Princ´ıpios aditivo e multiplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.2 Aplicac¸o˜es dos princ´ıpios aditivo e multiplicativo . . . . . . . . 14 2.3 Permutac¸o˜es simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.4 Arranjos simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.5 Combinac¸o˜es Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3 Aplicac¸o˜es 32 3.1 Equac¸o˜es lineares com coeficientes unita´rios . . . . . . . . . . 32 3.2 Combinac¸o˜es com repetic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.3 Permutac¸o˜es com repetic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.4 Arranjos com repetic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.5 Permutac¸o˜es circulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.6 Coeficientes binomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4 O Princ´ıpio da Inclusa˜o e Exclusa˜o 44 4.1 Cardinalidade da unia˜o de n conjuntos . . . . . . . . . . . . . 44 4.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.3 Permutac¸o˜es cao´ticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.4 Contando o nu´mero de func¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 i 5 Func¸o˜es Geradoras 57 5.1 Func¸a˜o geradora ordina´ria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 5.1.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 5.1.2 Ca´lculo de coeficientes de func¸o˜es geradoras . . . . . . 61 5.2 Func¸a˜o geradora exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 5.2.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 5.2.2 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 5.3 Partic¸o˜es de um inteiro positivo . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 5.3.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 5.3.2 Gra´fico de uma partic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 5.3.3 Func¸o˜es geradoras para partic¸o˜es . . . . . . . . . . . . 80 6 Resoluc¸a˜o de Relac¸o˜es de Recorreˆncia usando Func¸o˜es Ge- radoras 88 7 Princ´ıpio da Casa dos Pombos 95 ii Cap´ıtulo 1 Conjuntos e o Princ´ıpio da Induc¸a˜o 1.1 Conceitos e notac¸o˜es 1.1.1 Conjuntos Um conjunto e´ uma colec¸a˜o qualquer de objetos, chamados seus elementos. Representamos um conjunto por letras maiu´sculas A, B, C, ... e os elementos por letras minu´sculas a, b, c, ... . Exemplo: Seja A o conjunto dos nu´meros pares positivos menores do que 10. Temos 1. A = {2, 4, 6, 8} (notac¸a˜o expl´ıcita). 2. A = {x | 0 < x < 10 e x e´ par} (notac¸a˜o impl´ıcita). Observac¸o˜es: 1. A cardinalidade de um conjunto A e´ denotada por |A| e e´ o seu nu´mero de elementos, podendo ser finito ou na˜o. 2. O conjunto vazio ({ } ou φ) e´ aquele que na˜o possui nenhum elemento. 3. O conjunto com apenas um elemento e´ chamado unita´rio. 4. Usamos a notac¸a˜o a ∈ A para indicar que a e´ um elemento do conjunto A e a notac¸a˜o a 6∈ A para indicar que a na˜o e´ elemento de A. 1 5. Dizemos que A e´ subconjunto de B ou que A esta´ contido em B se todo elemento de A e´ tambe´m elemento de B. Neste caso, escrevemos A ⊂ B (A esta´ contido em B), ou, ainda B ⊃ A (B conte´m A). Caso contra´rio, escrevemos A 6⊂ B (ou B 6⊃ A). 6. φ ⊂ A, ∀A. 7. O conjunto de todos os subconjuntos de um conjunto A e´ chamado de conjunto das partes de A e e´ indicado por P(A). 8. A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A. 9. O conjunto universo, representado por U , e´ aquele que, em cada exem- plo, conte´m todos os elementos que esta˜o sendo considerados. Se A e B sa˜o dois subconjuntos de U , definimos o conjunto diferenc¸a A − B por A−B = {x ∈ U | x ∈ A e x 6∈ B}. Exemplo: Se A = {1, 3, 4, 5} e B = {1, 2, 4}, enta˜o A−B = {3, 5} e B − A = {2}· 10. Seja A um subconjunto de U . O complementar de A em relac¸a˜o a U e´ indicado por A e e´ definido por A = U − A = {x ∈ U | x 6∈ A}. 1.1.2 Unia˜o, intersec¸a˜o e produto cartesiano Sejam A e B dois conjuntos. Temos 1. A unia˜o de A e B e´ denotada por A ∪ B e e´ o conjunto dos elementos que pertencem a A ou a B, ou seja, que pertencem a pelo menos um dos dois conjuntos. Assim A ∪B = {x ∈ U | x ∈ A ou x ∈ B}. De um modo geral, dados n conjuntos A1, A2, ..., An, temos A1∪A2∪ ...∪An = {x ∈ U | x ∈ A1 ou x ∈ A2 ou ... ou x ∈ An}. Exemplo: A = {1, 3, 5} e B = {2, 4, 6} ⇒ A ∪B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. 2 2. A intersec¸a˜o de A e B e´ denotada por A∩B e e´ o conjunto dos elementos que pertencem a A e a B, ou seja, que pertencem simultaneamente aos dois conjuntos. Assim A ∩B = {x ∈ U | x ∈ A e x ∈ B}. De um modo geral, dados n conjuntos A1, A2, ..., An, temos A1 ∩ A2 ∩ ... ∩ An = {x ∈ U | x ∈ A1 e x ∈ A2 e ... e x ∈ An}. Se A ∩B = φ, dizemos que A e B sa˜o disjuntos. Exemplo: A = {1, 2, 3, 5} e B = {2, 6} ⇒ A ∩B = {2}. 3. O produto cartesiano A × B e´ o conjunto dos pares ordenados (a, b) tais que a ∈ A e b ∈ B. Assim A × B = {(a, b) | a ∈ A e b ∈ B}. Dados n conjuntos A1, A2, ..., An, temos A1 × A2 × · · · × An = {(a1, a2, ..., an) | a1 ∈ A1, a2 ∈ A2, ..., an ∈ An}. 4. As seguintes propriedades sa˜o va´lidas (a) Para todo A ⊂ U , A ∪ φ = A e A ∩ φ = φ. (b) A ⊂ B ⇔ A ∪B = B. (c) A ⊂ B ⇔ A ∩B = A. (d) A∪(B∪C) = (A∪B)∪C e A∩(B∩C) = (A∩B)∩C (associativa). (e) A ∪B = B ∪ A e A ∩B = B ∩ A (comutativa). (f) A∪ (B∩C) = (A∪B)∩ (A∪C) e A∩ (B∪C) = (A∩B)∪ (A∩C) (distributiva). (g) A ∪ A = U , A ∩ A = φ, φ = U e U = φ. (h) A ∪B = A ∩B e A ∩B = A ∪B (leis de De Morgan). 1.2 Notac¸a˜o de somato´rio Dados dois inteiros r e s, com r ≤ s, definimos a soma s∑ i=r ai = ar + ar+1 + · · ·+ as, 3 onde r e s sa˜o chamados limites inferior e superior, respectivamente, e i e´ chamado ı´ndice do somato´rio. Exemplo: 7∑ i=1 (2i+ 3) = (2 · 1 + 3) + (2 · 2 + 3) + (2 · 3 + 3) + · · ·+ (2 · 7 + 3) = 5 + 7 + 9 + · · ·+ 17 = (5 + 17) · 7 2 = 77. Observac¸a˜o: As seguintes propriedades sa˜o va´lidas 1. n∑ i=1 k = nk, com k uma constante. 2. n∑ i=1 kai = k n∑ i=1 ai, com k uma constante. 3. n∑ i=1 (ai ± bi) = n∑ i=1 ai ± n∑ i=1 bi. 4. p∑ i=1 ai + n∑ i=p+1 ai = n∑ i=1 ai. 5. n∑ i=1 m∑ j=1 aibj = ( n∑ i=1 ai )( m∑ j=1 bj ) . 6. n∑ i=0 ap−i = p∑ i=p−n ai. 1.3 Notac¸a˜o de produto´rio Dados dois inteiros r e s, com r ≤ s, definimos o produto s∏ i=r ai = ar · ar+1 · · · · · as, 4 onde r e s sa˜o chamados limites inferior e superior, respectivamente, e i e´ chamado ı´ndice do produto´rio. Exemplo: 3∏ i=1 (2i) = (2 · 1)× (2 · 2)× (2 · 3) = 2× 4× 6 = 48. Observac¸a˜o: As seguintes propriedades sa˜o va´lidas 1. n∏ i=1 k = kn, com k uma constante. 2. n∏ i=1 kai = k n n∏ i=1 ai, com k uma constante. 3. n∏ i=1 (aibi) = ( n∏ i=1 ai )( n∏ i=1 bi ) . 4. n∏ i=1 aki = ( n∏ i=n ai )k , com k inteiro positivo.1.4 Exerc´ıcios 1. Avalie a soma n∑ i=1 (ai − ai−1), considerando a0 = 0. Soluc¸a˜o: 5 2. Usando o exerc´ıcio anterior, mostre que (a) n∑ i=1 i = n(n+ 1) 2 · Soluc¸a˜o: (b) n∑ i=1 i(i+ 1) = n(n+ 1)(n+ 2) 3 · Soluc¸a˜o: 6 3. Obter n∑ i=1 i2, usando os resultados do exerc´ıcio anterior. Soluc¸a˜o: 4. Obter o valor de n∏ i=1 [ 1− 1 (i+ 1)2 ] · Soluc¸a˜o: 7 1.5 O princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica 1.5.1 Primeira forma do Princ´ıpio da Induc¸a˜o Matema´tica Seja p(n) uma propriedade relativa aos inteiros. Se 1. p(n) e´ verdadeira para n = 1 e 2. p(k) verdadeira implica que p(k + 1) e´ verdadeira, enta˜o p(n) e´ verdadeira para todo inteiro n ≥ 1. Exemplos: 1. Fac¸a uma conjectura para a soma n∑ i=1 (2i − 1) e confirme-a, usando o princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica. Soluc¸a˜o: 8 2. Mostrar que a soma dos cubos de treˆs inteiros positivos consecutivos e´ mu´ltiplo de 9. Soluc¸a˜o: 9 3. Usando o princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica, mostre que n∑ i=1 i3 = ( n∑ i=1 i )2 · Soluc¸a˜o: 10 4. A sequ¨eˆncia de Fibonacci e´ definida recursivamente por F1 = 1 F2 = 1 Fn = Fn−1 + Fn−2, n ≥ 3 Ou seja, e´ a sequ¨eˆncia (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, ...). Fac¸a uma conjectura para a soma n∑ i=1 Fi e confirme-a, usando o princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica. Soluc¸a˜o: 11 Observac¸a˜o: Nos exemplos anteriores, as sequ¨eˆncias envolvidas eram tais que o n-e´simo termo pode ser obtido a partir de n e do predecessor imediato na sequ¨eˆncia, tornando-se natural a aplicac¸a˜o da primeira forma do princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica. Quando, por exemplo, a sequ¨eˆncia e´ definida re- cursivamente de modo que o n-e´simo termo depende de dois ou mais termos anteriores, e´ conveniente o uso da segunda forma do princ´ıpio da induc¸a˜o matema´tica. 1.5.2 Segunda forma do Princ´ıpio da Induc¸a˜o Matema´- tica Seja p(n) uma propriedade relativa aos inteiros. Se 1. p(n) e´ verdadeira para n = 1 e 2. p(n) verdadeira para 1 < n ≤ k implica que p(k + 1) e´ verdadeira, enta˜o p(n) e´ verdadeira para todo inteiro n ≥ 1. Exemplos: 1. Sendo Fn o n-e´simo termo da sequ¨eˆncia de Fibonacci, mostrar que para todo inteiro positivo n, tem-se Fn < ( 7 4 )n · Soluc¸a˜o: 12 2. Sendo Fn o n-e´simo nu´mero de Fibonacci, mostrar que, para todo in- teiro positivo n Fn = 1√ 5 [( 1 + √ 5 2 )n − ( 1−√5 2 )n] · Soluc¸a˜o: 13 Cap´ıtulo 2 Princ´ıpios Aditivo e Multiplicativo 2.1 Princ´ıpios aditivo e multiplicativo 1. Princ´ıpio aditivo: Sejam A e B dois conjuntos disjuntos, isto e´, A ∩ B = φ. Se A tem p elementos e B tem q elementos, enta˜o A ∪ B tem p+ q elementos. De um modo geral, se A1, A2, ..., An sa˜o conjuntos disjuntos 2 a 2 e se Ai tem ai elementos, enta˜o a unia˜o possui a1+ a2+ · · ·+ an elementos. 2. Princ´ıpio multiplicativo: Se um evento A pode ocorrer de m manei- ras diferentes e, se para cada uma das m maneiras poss´ıveis de A ocor- rer, um outro evento B pode ocorrer de n maneiras diferentes, enta˜o o nu´mero de maneiras de ocorrer o evento A seguido do evento B e´ m ·n. Em termos de conjuntos, se um conjunto A tem m elementos e um conjunto B tem n elementos, enta˜o o produto cartesiano A × B tem m · n elementos. De um modo geral, se A1, A2, ..., An sa˜o conjuntos e Ai tem mi elementos, enta˜o A1 × A2 × · · · × An tem m1 ·m2 · · ·mn elementos. 2.2 Aplicac¸o˜es dos princ´ıpios aditivo e multi- plicativo 1. Dados 5 livros diferentes de matema´tica e 7 livros diferentes de f´ısica, quantas escolhas podemos fazer para pegar um livro de cada disciplina? 14 Soluc¸a˜o: 2. De quantos modos pode-se dar 2 preˆmios a uma classe de 10 alunos, de modo que na˜o sejam dados a um mesmo aluno? Soluc¸a˜o: 15 3. Repita o exemplo anterior, se e´ permitido que ambos os preˆmios sejam dados a um mesmo aluno. Soluc¸a˜o: 4. Sejam dados 5 livros diferentes de matema´tica, 7 livros diferentes de f´ısica e 10 livros diferentes de qu´ımica. De quantos modos podemos escolher 2 livros, com a condic¸a˜o de que na˜o sejam da mesma mate´ria? Soluc¸a˜o: 16 5. De quantos modos 2 pessoas podem estacionar seus carros numa gara- gem com 6 vagas? Soluc¸a˜o: 6. Quantos anagramas de 2 letras diferentes podemos formar com um al- fabeto de 23 letras? Soluc¸a˜o: 17 7. Quantos sa˜o os anagramas de 2 letras formadas por uma vogal e uma consoante escolhidas dentre 18 consoantes e 5 vogais? Soluc¸a˜o: 8. Ha´ 12 moc¸as e 10 rapazes, onde 5 deles (3 moc¸as e 2 rapazes) sa˜o filhos da mesma ma˜e e os restantes na˜o possuem parentesco. Quantos sa˜o os casamentos poss´ıveis? Soluc¸a˜o: 18 9. Quantos sa˜o os nu´meros que podemos formar com todos os d´ıgitos 1,1,1,1,1,1,1,2 e 3? Soluc¸a˜o: 10. Obter o nu´mero de divisores de 126.000. Soluc¸a˜o: 19 Observac¸a˜o: De um modo geral, dado N = pα11 · pα22 · · · pαnn , onde os p ′ is sa˜o primos distintos, o nu´mero de divisores de N e´ (α1 + 1)(α2 + 1) · · · (αn + 1). 11. Quantos subconjuntos possui um conjunto A com n elementos? Soluc¸a˜o: 12. Quantos nu´meros de 3 algarismos distintos podemos formar com os d´ıgitos 1, 2, 3, 4, e 5? Soluc¸a˜o: 20 2.3 Permutac¸o˜es simples Uma permutac¸a˜o de n objetos distintos e´ qualquer agrupamento ordenado desses objetos. Denotando por Pn o nu´mero das permutac¸o˜es simples dos n objetos, enta˜o, pelo princ´ıpio multiplicativo, temos Pn = n(n− 1)(n− 2) · · · 3 · 2 · 1 = n! · Exemplos: 1. Quantos subconjuntos de 3 elementos possui o conjuntoA = {1, 2, 3, 4, 5}? Soluc¸a˜o: 21 2. De quantos modos 6 carros podem ser estacionados numa garagem com 6 vagas? Soluc¸a˜o: 3. De quantas maneiras 12 moc¸as e 12 rapazes podem formar pares para uma danc¸a? Soluc¸a˜o: 22 4. De quantos modos podemos distribuir 6 objetos diferentes entre 2 pes- soas, de modo que cada uma receba pelo menos um objeto? Soluc¸a˜o: 5. Quantos sa˜o os anagramas da palavra UNIFORMES que comec¸am com consoante e terminam com vogal? Soluc¸a˜o: 23 2.4 Arranjos simples Arranjos simples de n elementos tomados p a p, onde n ≥ 1 e p ≤ n, sa˜o todos os agrupamentos com p elementos distintos que diferem entre si pela ordem e pela natureza dos elementos. Denotando porApn o nu´mero de tais arranjos simples, temos, pelo princ´ıpio multiplicativo, que Apn = n(n− 1)(n− 2) · · · (n− (p− 1)) = n(n− 1)(n− 2) · · · (n− (p− 1))(n− p)(n− p− 1) · · · 3 · 2 · 1 (n− p)(n− p− 1) · · · 3 · 2 · 1 Logo Apn = n! (n− p)! · Exemplos 1. Quantos anagramas de 2 letras diferentes podemos formar com um alfabeto de 23 letras? Soluc¸a˜o: 2. Quantos nu´meros pares e quantos nu´meros ı´mpares entre 100 e 1.000 podemos formar com os algarismos 1, 2, 3, 4 e 5? Soluc¸a˜o: 24 3. Quantos nu´meros pares com algarismos distintos existem entre 1.000 e 9.999? Soluc¸a˜o: 4. Quantos nu´meros com 4 ou 5 algarismos, distintos e maiores do que 2000, podemos formar com 0, 1, 3, 5 e 7? Soluc¸a˜o: 25 2.5 Combinac¸o˜es Simples Combinac¸o˜es simples de n elementos tomados p a p, onde n ≥ 1 e p ≤ n, sa˜o todas as escolhas na˜o ordenadas de p destes elementos. Observac¸o˜es: 1. Usamos a notac¸a˜o Cpn = ( n p ) · 2. Se p > n, define-se Cpn = 0. 3. Como, dada uma escolha na˜o ordenada de p dos n elementos, obtemos, ao permutar os p elementos, p! arranjos simples, vem Apn = p!C p n. Logo Cpn = Apn p! = n! p!(n− p)! · Exemplos 1. Obter o nu´mero de anagramas formados por 2 vogais e 3 consoantes dentre 18 consoantes e 5 vogais. Soluc¸a˜o: 26 2. Quantos triaˆngulos diferentes podem ser trac¸ados, utilizando-se14 pon- tos de um plano, na˜o havendo 3 pontos na˜o alinhados? Soluc¸a˜o: 3. Obter o nu´mero de diagonais de um pol´ıgono convexo de n lados. Soluc¸a˜o: 27 4. Mostrar que Cpn = C n−p n , onde C n−p n e´ chamada de combinac¸a˜o comple- mentar de Cpn. Soluc¸a˜o: 5. De quantas maneiras podemos arrumar em fila 5 sinais (−) e 7 sinais (/)? Soluc¸a˜o: 28 6. De quantas maneiras pode-se escoher 3 nu´meros distintos do conjunto A = {1, 2, 3, ..., 50}, de modo que sua soma seja um mu´ltiplo de 3? Soluc¸a˜o: 7. De quantos modos pode-se escolher 3 nu´meros do conjuntoA = {1, 2, 3, ..., 30}, de modo que sua soma seja par? Soluc¸a˜o: 29 8. Dado A = {1, 2, 3, ..., n}, de quantos modos e´ poss´ıvel formar subcon- juntos de p elementos, nos quais na˜o haja nu´meros consecutivos? Soluc¸a˜o: 9. De quantos modos pode-se dispor 8 meninas e 12 meninos em fila, de modo que na˜o haja 2 meninas lado a lado? Soluc¸a˜o: 30 10. De quantos modos pode-se distribuir 8 bolas distintas entre 3 pessoas, sendo que as 2 mais velhas recebam 3 bolas cada e a mais nova receba 2 bolas? Soluc¸a˜o: 11. De quantos modos podemos separar 20 objetos distintos em 6 grupos, sendo 2 grupos com 3 objetos, 3 grupos com 4 objetos e um grupo com 2 objetos? Soluc¸a˜o: 31 Cap´ıtulo 3 Aplicac¸o˜es 3.1 Equac¸o˜es lineares com coeficientes unita´- rios Teorema: O nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros positivos da equac¸a˜o x1 + x2 + · · ·+ xp = n, n > 0, e´ dado por Cp−1n−1. Prova: Escrevendo n como soma de p 1 ′ s, vem 1 + 1 + · · ·+ 1 = n. Como queremos expressar n como soma de p inteiros positivos, basta colo- carmos p− 1 barras divisoras entre os m 1′s, conforme segue 1 + 1 + |1 + · · ·+ |1 + · · ·+ |1 + 1 + · · ·+ 1 = n, onde x1 e´ o nu´mero de 1 ′ s que antecedem a primeira barra, x2 e´ o nu´mero de 1 ′ s entre a primeira barra e a segunda barra, e assim por diante, ate´ obtermos xp, que e´ o nu´mero de 1 ′ s apo´s a barra p − 1. Logo, o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros positivos da equac¸a˜o dada e´ igual ao nu´mero de maneiras de escolher p − 1 posic¸oes (os sinais + que separam os 1′s), para colocar as barras divisoras, o que pode ser feito de Cp−1n−1 maneiras diferentes. 32 Exemplos 1. Obter o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros positivos da equac¸a˜o x1 + x2 + x3 + x4 + x5 = 9. Soluc¸a˜o: 2. Obter o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros na˜o negativos da equac¸a˜o x1 + x2 + x3 + x4 = 11. Soluc¸a˜o: 3. Obter o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros positivos maiores do que 3 da equac¸a˜o x1 + x2 + x3 = 17. Soluc¸a˜o: 33 4. Obter o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros positivos da equac¸a˜o x1 + x2 + x3 = 20, onde x2 > 5. Soluc¸a˜o: 3.2 Combinac¸o˜es com repetic¸a˜o O nu´mero de combinac¸o˜es com repetic¸a˜o de n elementos tomados p a p e´ indicado por CRpn e e´ o nu´mero de maneiras de selecionarmos p dos n elementos, onde cada elemento pode ser tomado ate´ p vezes. Denotando por a1, a2, ..., an os n elementos, seja xi o nu´mero de vezes em que o elemento ai e´ tomado. Enta˜o x1 + x2 + · · ·+ xn = p e CRpn e´ o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros na˜o negativos da equac¸a˜o acima, isto e´ CRpn = C n−1 n+p−1 = C p n+p−1 . Exemplos 1. De quantos modos podemos comprar 4 refrigerantes num local que vende 2 tipos de refrigerantes? Soluc¸a˜o: 34 2. De quantos modos podemos distribuir 10 objetos iguais em 4 caixas diferentes? Soluc¸a˜o: 3. Dispondo de 4 cores diferentes, de quantos modos podemos pintar 5 objetos ideˆnticos? Soluc¸a˜o: 3.3 Permutac¸o˜es com repetic¸a˜o O nu´mero de permutac¸o˜es com repetic¸a˜o de n elementos, onde n1 elementos sa˜o iguais a a1, n2 elementos sa˜o iguais a a2, ..., nr elementos sa˜o iguais a ar, com n1 + n2 + · · ·+ nr = n, e´ indicado por PR(n;n1, n2, ..., nr) e e´ igual ao nu´mero de maneiras de colocarmos em fila estes n elementos. 35 Para obtermos este nu´mero, precisamos escolher n1 lugares para a co- locac¸a˜o dos a ′ 1s. Dos n − n1 lugares restantes, devemos escolher n2 lugares para a colocac¸a˜o dos a ′ 2s, e assim por diante. Desse modo PR(n;n1, n2, ..., nr) = C n1 n C n2 n−n1C n3 n−n1−n2 · · ·Cnrn−n1−···−nr−1 = n! n1!(n− n1)! × (n− n1)! n2!(n− n1 − n2)! × × (n− n1 − n2)! n3!(n− n1 − n2 − n3)! × · · · × × (n− n1 − · · · − nr−1)! nr!(n− n1 − · · · − nr)! = n! n1!n2!n3! · · ·nr! · Exemplos 1. Quantos sa˜o os anagramas da palavra ARARAS? Soluc¸a˜o: 2. Se um time de futebol jogou 13 partidas em um campeonato, tendo perdido 5 jogos, empatado 2 e vencido 6 jogos, de quantos modos isto pode ter ocorrido? Soluc¸a˜o: 36 3.4 Arranjos com repetic¸a˜o O nu´mero de arranjos com repetic¸a˜o de n elementos distintos, tomados p a p e´ indicado por ARpn e e´ o nu´mero de agrupamentos ordenados de p destes elementos, sendo permitidas repetic¸o˜es. Pelo princ´ıpio multiplicativo, temos ARpn = n× n× n× · · · × n (p vezes) = np . Exemplo: Obter o nu´mero de placas de carros que podem ser constru´ıdas, com 3 letras seguidas por 4 algarismos. Soluc¸a˜o: 3.5 Permutac¸o˜es circulares O nu´mero de permutac¸o˜es circulares de n objetos distintos e´ indicado por PCn e e´ o nu´mero de maneiras de dispor os n objetos em torno de um c´ırculo. Observac¸a˜o: Duas distribuic¸o˜es onde uma pode ser obtida a partir da outra por uma simples rotac¸a˜o sa˜o consideradas ideˆnticas. Exemplo: Consideremos todas as permutac¸o˜es simples de a, b e c e colo- quemos cada uma delas em um c´ırculo, conforme ilustrac¸a˜o 37 onde observamos que tanto na primeira linha quanto na segunda, cada uma das 3 figuras pode ser obtida por uma simples rotac¸a˜o das outras. Pore´m, nenhuma das 3 figuras da primeira linha pode ser obtida, por rotac¸a˜o de nenhuma das 3 figuras da segunda linha. Logo, ha´ apenas 2 permutac¸o˜es circulares dos objetos a, b e c, que esta˜o ilustradas abaixo Como 3 permutac¸o˜es simples distintas geram a mesma permutac¸a˜o circular, vem PC3 = 3! 3 = 2. Para o caso de permutac¸o˜es circulares de n objetos, teremos PCn = n! n = (n− 1)! . Exemplos 1. O nu´mero de permutac¸o˜es circulares de 7 objetos e´ PC7 = (7− 1)! = 6! = 120. 2. De quantos modos 8 pessoas podem se reunir em torno de uma mesa circular, se duas determinadas delas ficam sempre lado a lado? Soluc¸a˜o: 38 3.6 Coeficientes binomiais Seja (a+ b)n = (a+ b)(a+ b) · · · (a+ b) (n vezes). Na expansa˜o acima, cada termo sera´ da forma aibn−i, que ira´ aparecer para cada escolha da letra a em i dos n fatores, i = 0, 1, 2, ..., n. Como isto pode ser feito de C in maneiras diferentes, obtemos a conhecida expansaa˜o binomial (a+ b)n = C0na 0bn + C1na 1bn−1 + · · ·+ Cnnanb0 = n∑ i=0 Cina ibn−i · Observac¸o˜es: 1. O nu´mero Cin = ( n i ) e´ chamado coeficiente binomial. 2. O i-e´simo termo da expansa˜o e´ dado por Ti+1 = C i na ibn−i . 3. Trocando b por a, obtemos (b+ a)n = n∑ i=0 Cinb ian−i · Como o coeficiente de an−ibi e´ Cn−in , temos C in = C n−i n , isto e´, os coeficientes dos termos equidistantes dos extremos sa˜o iguais. 4. Listamos abaixo algumas expanso˜es de (a+ b)n (a+ b)0 = 1 (a+ b)1 = a+ b (a+ b)2 = a2 + 2ab+ b2 (a+ b)3 = a3 + 3a2b+ 3ab2 + b3 (a+ b)4 = a4 + 4a3b+ 6a2b2 + 4ab3 + b4 (a+ b)5 = a5 + 5a4b+ 10a3b2 + 10a2b3 + 5ab4 + b5 (a+ b)6 = a6 + 6a5b+ 15a4b2 + 20a3b3 + 15a2b4 + 6ab5 + b6 O triaˆngulo formado pelos coeficientes das expanso˜es acima e´ chamado de triaˆngulo de Pascal, ou seja 39 linha 0 → 1 linha 1 → 1 1 linha 2 → 1 2 1 linha 3 → 1 3 3 1 linha 4 → 1 4 6 4 1 linha 5 → 1 5 10 10 5 1 linha 6 → 1 6 15 20 15 6 1 ... ... ... ... ... ... ... col. 0 col. 1 col. 2 col. 3 col. 4 col. 5 col.6 ou ainda linha 0 → C00 linha 1 → C01 C11 linha 2 → C02 C12 C22 linha 3 → C03 C13 C23 C33 linha 4 → C04 C14 C24 C34 C44 linha 5 → C05 C15 C25 C35 C45 C55 linha 6 → C06 C16 C26 C36 C46 C56 C66 ... ... ... ... ... ... ... col. 0 col. 1 col. 2 col. 3 col. 4 col. 5 col. 6 5. Fazendo a = b = 1 em (a+ b)n = n∑ i=0 Cina ibn−i, obtemos n∑ i=0 Cin = 2 n, isto e´, a soma dos elementos da n-e´sima linha e´ 2n. 6. A seguinte identidade vale Cpn + C p+1 n = C p+1 n+1 . De fato: Seja um conjunto A com n + 1 elementos e a um desses n elementos. Quando tomamos um subconjunto arbitra´rio dos Cp+1n+1 subconjuntos de A que conteˆm exatamente p+1 elementos, temos 2 possibilidades com 40 relac¸a˜o a` presenc¸a de a: ou esta´ presente ou na˜o esta´ presente. Logo, a soma do nu´mero de subconjuntos que conteˆm a, que e´ cpn com o nu´mero de subconjuntos que na˜o conteˆm a, que e´ Cp+1n e´ i gual ao nu´mero de subconjuntos com p+ 1 elementos. Exemplos 1. Obter o quarto termo na expansa˜o de (1+x)8, segundo poteˆncias cres- centes de x. Soluc¸a˜o: 2. Obter o sexto termo na expansa˜o de (x − 5y)10, segundo poteˆncias crescentes de x. Soluc¸a˜o: 41 3. Obter o termo independente de x na expansa˜o de( x2 + 1 x )6 · Soluc¸a˜o: 4. Mostrar que Cpp + C p p+1 + C p p+2 + · · ·+ Cpp+n = Cp+1p+n+1 . Soluc¸a˜o: 42 5. Mostrar que 1 + 2 + 3 + · · ·+ n = n(n+ 1) 2 · Soluc¸a˜o: 6. Expressar em func¸a˜o de n a soma n∑ i=1 i(i+ 1) . Soluc¸a˜o: 43 Cap´ıtulo 4 O Princ´ıpio da Inclusa˜o e Exclusa˜o 4.1 Cardinalidade da unia˜o de n conjuntos Teorema 1.1 (Princ´ıpio da Inclusa˜o e Exclusa˜o.) O nu´mero de ele- mentos na unia˜o de n conjuntos finitos A1, A2, ..., An sera´ denotado por n(A1 ∪ A2 ∪ ... ∪ An), que e´ dado por n(A1 ∪ A2 ∪ ... ∪ An) = n∑ i=1 n(Ai)− ∑ 1≤i<j≤n n(Ai ∩ Aj) + ∑ 1≤i<j<k≤n n(Ai ∩ Aj ∩ Ak) − ∑ 1≤i<j<k<p≤n n(Ai ∩ Aj ∩ Ak ∩ Ap) + · · · + (−1)n−1 · n(A1 ∩ A2 ∩ ... ∩ An) Exemplos: 1. n(A1 ∪ A2) = n(A1) + n(A2)− n(A1 ∩ A2). Ilustrac¸a˜o: 44 2. n(A1 ∪A2 ∪A3) = n(A1)+n(A2)+n(A3)−n(A1 ∩A2)−n(A1 ∩A3)− n(A2 ∩ A3) + n(A1 ∩ A2 ∩ A3). Ilustrac¸a˜o: 4.2 Exerc´ıcios 1. Quantos nu´meros de 1 a 3.600 na˜o sa˜o divis´ıveis por 3, 5 ou 7? Soluc¸a˜o: 45 . 2. Obter o nu´mero de permutac¸o˜es das letras da palavra BRASIL em que o B ocupa o primeiro lugar, ou o R o segundo lugar, ou L o sexto lugar. Soluc¸a˜o: 46 3. Dentre os nu´meros de 1 a 1.000.000, quantos na˜o sa˜o quadrados per- feitos, cubos perfeitos nem quartas poteˆncias perfeitas? Soluc¸a˜o: 47 4. De quantos modos 6 casais podem sentar-se ao redor de uma mesa circular, de modo que marido e mulher na˜o fiquem juntos? Soluc¸a˜o: 48 5. Func¸a˜o φ de Euler: A func¸a˜o φ de Euler e´ a func¸a˜o que a cada inteiro positivo m associa o nu´mero de inteiros positivos menores do que ou iguais a m e relativamente primos com m. Exemplos: (a) m = 1 ⇒ φ(1) = 1: 1 (b) m = 2 ⇒ φ(2) = 1: 1 (c) m = 3 ⇒ φ(3) = 2: 1, 2 (d) m = 4 ⇒ φ(4) = 2: 1, 3 (e) m = 5 ⇒ φ(5) = 4: 1, 2, 3, 4 Note que se m e´ primo, enta˜o φ(m) = m− 1. Mostre que φ(m) e´ dado por φ(m) = ( 1− 1 p1 )( 1− 1 p2 ) · · · ( 1− 1 pr ) , onde p1, p2, ..., pr sa˜o os divisores primos de m, isto e´, os primos na decomposic¸a˜o de m em fatores primos: m = pα11 p α2 2 · · · pαrr · Soluc¸a˜o: 49 . 50 4.3 Permutac¸o˜es cao´ticas Uma permutac¸a˜o de a1, a2, ..., an e´ dita ser cao´tica (ou desarranjo) se nenhum dos a ′ is se encontra na posic¸a˜o original, isto e´ na i-e´sima posic¸a˜o. Exemplo: Dentre as 6 permutac¸o˜es de a, b, c abc bca acb cab bac cba apenas bca e cab sa˜o cao´ticas. O nu´mero de permutac¸o˜es cao´ticas de n elementos a1, a2, ..., an e´ denotado por Dn e e´ dado por Dn = n! ( 1− 1 1! + 1 2! − 1 3! + · · ·+ (−1)n · 1 n! ) · De fato: 51 . Exemplos: 1. Se n = 5, temos D5 = 5! ( 1− 1 1! + 1 2! − 1 3! + 1 4! − 1 5! ) = 5 2! − 5 3! + 5 4! − 1 = 60− 20 + 5− 1 = 44 2. Obter o nu´mero de permutac¸o˜es de 1, 2, 3, ..., 10 que teˆm exatamente 4 nu´meros em suas posic¸o˜es originais. Soluc¸a˜o: 52 3. Obter o nu´mero de permutac¸o˜es cao´ticas de a1, a2, a3, ..., a8, com a condic¸a˜o de que os 4 primeiros elementos sa˜o transformados (a) no conjunto {a5, a6, a7, a8} em alguma ordem; (b) no conjunto {a1, a2, a3, a4} em alguma ordem. Soluc¸a˜o: Observac¸a˜o: Para todo inteiro positivo n, temos Dn = { n! e } , onde {x} denodta o inteiro mais pro´ximo de x. De fato: 53 4.4 Contando o nu´mero de func¸o˜es Sejam os conjuntos A e B, com n(A) = n e n(B) = k. Temos 1. Se n = k, o nu´mero de func¸o˜es bijetoras f : A→ B e´ n!. De fato: 2. Se n ≤ k, o nu´mero de func¸o˜es injetoras f : A→ B e´ k(k − 1)(k − 2) · · · ((k − (n− 1)) = k! (k − n)! = A n k . 3. Se n ≥ k, o nu´mero de func¸o˜es sobrejetoras f : A→ B e´ T (n, k) = k∑ i=0 (−1)i ( k i ) (k − i)n . De fato: 54 . 55 Exemplo: Obter o nu´mero de maneiras em que 9 motoristas podem se agrupar para levar 4 carros de uma cidade A para uma cidade B, na˜o consi- derando quem dirige no caso de 2 ou mais pessoas estiverem no mesmo carro. Soluc¸a˜o: 56 Cap´ıtulo 5 Func¸o˜es Geradoras 5.1 Func¸a˜o geradora ordina´ria 5.1.1 Definic¸a˜o Se ar, r = 0, 1, 2, ..., e´ o nu´mero de soluc¸o˜es de um problema de combinato´ria, a func¸a˜o geradora ordina´ria para este problema e´ a se´rie de poteˆncias a0 + a1x+ a2x 2 + · · · = ∞∑ n=0 anx n . (1) Observac¸a˜o: Mais geralmente, dada a sequeˆncia (ar), a func¸a˜o geradora para ela e´ a se´rie de poteˆncias estabelecida em (1). Exemplos 1. Obter a func¸a˜o geradora ordina´ria para a sequeˆncia (ar), com ar = 1, r = 0, 1, 2, ... . Soluc¸a˜o: Nota: Sabemos que para |x| < 1, tem-se f(x) = 1 1− x · No contexto de func¸o˜es geradoras, estaremos interessados apenas nos coeficientes da se´rie de poteˆncias e nunca precisaremos atribuir valores a` varia´vel x. Por este motivo, manipularemos tais se´ries sem preocu- parmos com questo˜es de convergeˆncia. 57 2. Obter a func¸a˜o geradora ordina´ria para a sequeˆncia (ar) = (0, 0, 1, 1, 1, ...). Soluc¸a˜o: 3. Obter a sequeˆncia cuja func¸a˜o geradora ordina´ria e´ f(x) = 1 1− x2 · Soluc¸a˜o: 4. Obter a sequeˆncia cuja func¸a˜o geradora ordina´ria e´ f(x) = x2 + x3 + ex . Soluc¸a˜o: 58 5. Obter a func¸a˜o geradora ordina´ria na qual o coeficiente ar de x r e´ o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros positivos de x1 + x2 + x3 = r, onde 2 ≤ x1 ≤ 4, 2 ≤ x2 ≤ 4, 5 ≤ x3 ≤ 7 e r ∈ {9, 10, 11, 12, 13, 14, 15} . Soluc¸a˜o: Observac¸a˜o: O nu´mero de soluc¸o˜es do tipo acima de x1+x2+x3 = 13 e´ o coeficiente de x13, isto e´, 6. 6. Encontrar a func¸a˜o geradora ordina´ria para o problema de obter o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros na˜o negativos da equac¸a˜o 2x+ 3y + 7z = r. Soluc¸a˜o: 59 Observac¸a˜o: O coeficiente de x6 e´ 2, que e´ obtido tomando (a) x6 no primeiro fator e 1 nos segundo e terceiro fatores: x1 = 6, x2 = x3 = 0⇒ x = 3, y = 0, z = 0. (b) x6 no segundo fator e 1 nos primeiro e terceiro fatores: x1 = 0, x2 = 6, x3 = 0⇒ x = 0, y = 2, z = 0. 7. Obter o coeficiente de x23 na expansa˜o de (1 + x5 + x9)6. Soluc¸a˜o: 60 Observac¸a˜o: (1 + x5 + x9)6 e´ a func¸a˜o geradora ordina´ria para o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros na˜o negativos da equac¸a˜o x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 = 23, xi ∈ {0, 5, 9}. 5.1.2 Ca´lculo de coeficientes de func¸o˜es geradoras Teorema 1: Se f(x) e g(x) sa˜o as func¸o˜es geradoras para as sequeˆncias (ar) e (br),respectivamente, e A e B sa˜o duas constantes, enta˜o 1. Af(x) + Bg(x) e´ a func¸a˜o geradora para a sequeˆncia (Aar +Bbr). 2. f(x)g(x) = ∞∑ n=0 ( n∑ k=0 akbn−k ) xn . 3. A func¸a˜o geradora para a sequeˆncia (cr), com cr = a0 + a1 + · · · + ar, isto e´ (a0, a0 + a1, a0 + a1 + a2, ...) e´ (1 + x+ x2 + · · · )f(x) = 1 1− xf(x) . 4. A func¸a˜o geradora para a sequeˆncia dr, com dr = rar, isto e´ (dr) = (0a0, 1a1, 2a2, ...) e´ xf ′ (x). 5. ∫ f(x)dx = ∞∑ n=0 an n+ 1 xn+1 . Prova de (1), (2) e (3): 61 . 62 Exemplos 1. Obter a func¸a˜o geradora para a sequeˆncia ar, com ar = r, r = 0, 1, 2, ... . Soluc¸a˜o: 2. Obter a func¸a˜o geradora para a sequeˆncia ar, com ar = r 2, r = 0, 1, 2, ... . Soluc¸a˜o: 63 3. Obter a func¸a˜o geradora para a sequeˆncia ar, com ar = 2r + 3r 2, r = 0, 1, 2, ... . Soluc¸a˜o: Teorema 2: (Teorema binomial) Se |x| < 1 e u ∈ R, enta˜o (1 + x)u = 1 + ux+ u(u− 1) 2! x2 + · · ·+ u(u− 1) · · · (u− r + 1) r! xr + · · · · Observac¸o˜es: 1. Denotando por ( u r ) = u(u−1)···(u−r+1) r! , r > 0 1 , r = 0 podemos escrever (1 + x)u = ∞∑ r=0 ( u r ) xr . 2. O nu´mero ( u r ) e´ chamado coeficiente binomial generalizado. 64 3. Se u for um inteiro positivo n, enta˜o ( u r ) sera´ o conhecido coeficiente binomial ( n r ) . De fato: 4. Considerando a observac¸a˜o anterior, como ( n r ) = 0 para r > n, a expansa˜o acima se reduzira´ a` expansa˜o binomial usual (1 + x)u = n∑ r=0 ( n r ) xr . 5. Se u = −n, com n inteiro positivo, enta˜o( −n r ) = (−1)r · ( n+ r − 1 r ) · 65 De fato: Por exemplo ( −5 4 ) = (−1)4 · ( 5 + 4− 1 4 ) = ( 8 4 ) = 70 66 Exemplos 1. Mostrar que o nu´mero de soluc¸o˜es em inteiros na˜o negativos de x1 + x2 + · · ·+ xn = p e´ Cpn+p−1 . Soluc¸a˜o: 2. Obter uma fo´rmula para a soma 12 + 22 + · · ·+ n2 . Soluc¸a˜o: 67 . 3. Obter o nu´mero de maneiras de obter 17 pontos no lanc¸amento de 4 dados distintos. Soluc¸a˜o: 68 5.2 Func¸a˜o geradora exponencial 5.2.1 Introduc¸a˜o Seja o problema de obter o nu´mero de maneiras de retirar 4 livros e coloca´-los em ordem numa prateleira, dispondo de 3 tipos de livros a, b, c, sendo que o livro a pode ser retirado no ma´ximo 1 vez, o livro b no ma´ximo 3 vezes e o livro c no ma´ximo 2 vezes. Temos 1. As retiradas poss´ıveis sa˜o a, b, b, b b, b, b, c a, b, b, c b, b, c, c a, b, c, c Ordenando, temos que o nu´mero de maneiras e´ N = 4! 1!3! + 4! 3!1! + 4! 1!2!1! + 4! 2!2! + 4! 1!1!2! = 4 + 4 + 12 + 6 + 12 = 38 2. A func¸a˜o geradora ordina´ria que fornece as poss´ıveis escolhas, sem con- siderar a ordem, e´ g1(x) = (1 + ax)(1 + bx+ b 2x2 + b3x3)(1 + cx+ c2x2) = 1 + (a+ b+ c)x+ (b2 + ab+ bc+ ac+ c2)x2 + + (b3 + ab2 + ac2 + b2c+ abc+ bc2)x3 + + (ab3 + b3c+ ab2c+ b2c2 + abc2)x4 + + (ab3c+ b3c2 + ab2c2)x5 + + ab3c2x6 69 3. Introduzindo no coeficiente de xn o fator 1 n! , obtemos g2(x) = ( 1 + a 1! x )( 1 + b 1! x+ b2 2! x2 + b3 3! x3 )( 1 + c 1! x+ c2 2! x2 ) = 1 + ( a 1! + b 1! + c 1! ) x+ ( b2 2! + ab 1!1! + bc 1!1! + ac 1!1! + c2 2! ) x2 + + ( b3 3! + ab2 1!2! + ac2 1!2! + b2c 2!1! + abc 1!1!1! + bc2 1!2! ) x3 + + ( ab3 1!3! + b3c 3!1! + ab2c 1!2!1! + b2c2 2!2! + abc2 1!1!2! ) x4 + + ( ab3c 1!3!1! + b3c2 3!2! + ab2c2 1!2!2! ) x5 + + ab3c2 1!3!2! x6 4. Multiplicando e dividindo cada termo em xn por n! e fazendo a = b = c = 1, obtemos a func¸a˜o geradora para o problema g2(x) = ( 1 + x 1! )( 1 + x 1! + x2 2! + x3 3! )( 1 + x 1! + x2 2! ) = 1 + 3 · x 1! + ( 2! 2! + 2! 1!1! + 2! 1!1! + 2! 1!1! + 2! 2! ) x2 2! + + ( 3! 3! + 3! 1!2! + 3! 1!2! + 3! 2!1! + 3! 1!1!1! + 3! 1!2! ) x3 3! + + ( 4! 1!3! + 4! 3!1! + 4! 1!2!1! + 4! 2!2! + 4! 1!1!2! ) x4 4! + + ( 5! 1!3!1! + 5! 3!2! + 5! 1!2!2! ) x5 5! + + 6! 1!3!2! · x 6 6! e a resposta ao problema e´ o coeficiente de x 4 4! · 70 5.2.2 Definic¸a˜o A func¸a˜o geradora exponencial para a sequeˆncia (ar), r = 0, 1, 2, ..., e´ a se´rie de poteˆncias a0 + a1 x 1! + a2 x2 2! + · · · = ∞∑ n=0 an xn n! · Observac¸a˜o: Usamos a func¸a˜o geradora exponencial quando a ordem dos elementos deve ser considerada. Caso contra´rio, usamos a func¸a˜o geradora ordina´ria. Exemplos 1. Obter a func¸a˜o geradora exponencial para as sequeˆncias (a) (1, 1, 1, ...). Soluc¸a˜o: (b) (ak), com ak = 2 k, k = 0, 1, 2, .... Soluc¸a˜o: 71 2. Obter a func¸a˜o geradora exponencial para encontrar o nu´mero de sequeˆn- cias de k letras (k ≤ 6) formadas pelas letras a, b, c, onde a letra a ocorre no ma´ximo 1 vez, a letra b no ma´ximo 2 vezes e a letra c no ma´ximo 3 vezes. Soluc¸a˜o: 72 3. Obter o nu´mero de r-sequeˆncias quaterna´rias que conteˆm um nu´mero par de zeros. Obs.: uma sequeˆncia quaterna´ria e´ uma r-upla formada somente pelos d´ıgitos 0,1,2 e 3. Soluc¸a˜o: 73 5.3 Partic¸o˜es de um inteiro positivo 5.3.1 Definic¸a˜o Uma partic¸a˜o de um inteiro positivo n e´ uma representac¸a˜o de n na forma n = λ1 + λ2 + · · ·+ λr, onde λ1, λ2, ..., λr sa˜o inteiros positivos chamados partes da partic¸a˜o. Por exemplo: 1. Temos 1 partic¸a˜o de 1: 1 2. Temos 2 partic¸o˜es de 2: 2 2 + 1 3. Temos 3 partic¸o˜es de 3: 3 2 + 1 1 + 1 + 1 4. Temos 5 partic¸o˜es de 4: 4 3 + 1 2 + 2 2 + 1 + 1 1 + 1 + 1 + 1 5. Temos 7 partic¸o˜es de 5: 5 4 + 1 3 + 2 3 + 1 + 1 2 + 2 + 1 2 + 1 + 1 + 1 1 + 1 + 1 + 1 + 1 74 Observac¸o˜es: 1. Embora a ordem das partes seja irrelevante, e´ comum escreveˆ-las em ordem na˜o crescente. 2. Denotamos o nu´mero de partic¸o˜es de n por p(n). Assim p(1) = 1, p(2) = 2, p(3) = 3, p(4) = 5 e p(5) = 7. 3. Definimos p(0) = 1, com a observac¸a˜o de que a u´nica partic¸a˜o de n = 0 e´ a partic¸a˜o vazia φ. 4. O nu´mero de partic¸o˜es de n cresce rapidamente com o aumento de n. Por exemplo p(20) = 627 p(100) = 190.569.292 p(200) = 3.972.999.029.388 Exemplos 1. O nu´mero de partic¸o˜es de n = 10 tendo k = 3 como maior parte e´ 8, as quais sa˜o 3 + 3 + 3 + 1 3 + 3 + 2 + 2 3 + 3 + 2 + 1 + 1 3 + 3 + 1 + 1 + 1 + 1 3 + 2 + 2 + 2 + 1 3 + 2 + 2 + 1 + 1 + 1 3 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 3 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 2. O nu´mero de partic¸o˜es de n = 10 em exatamente k = 3 partes e´ 8, as quais sa˜o 8 + 1 + 1 7 + 2 + 1 6 + 3 + 1 6 + 2 + 2 5 + 4 + 1 5 + 3 + 2 4 + 4 + 2 4 + 3 + 3 75 Observac¸a˜o: Notemos que o nu´mero de partic¸o˜es do primeiro tipo e´ igual ao nu´mero de partic¸o˜es do segundo tipo. Isto e´ verdade para toto k e todo n. Este resultado e va´rios outros podem ser demonstrados atrave´s da ma- nipulac¸a˜o do diagrama de Ferrers, que e´ uma representac¸a˜o gra´fica de uma partic¸a˜o. 5.3.2 Gra´fico de uma partic¸a˜o O diagrama de Ferrers de uma partic¸a˜o de um inteiro positivo n e´ a sua representac¸a˜o gra´fica por meio de n pontos no plano, colocando-se em cada linha e em ordem na˜o crescente um nu´mero de pontos igual a cada uma de suas partes. Abaixo, apresentamos o diagrama de Ferrers da partic¸a˜o 3+3+2+2+1 de n = 11: ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ Observac¸o˜es: 1. A conjugada de uma partic¸a˜o de n e´ a partic¸a˜o obtida quando trocamosas linhas pelas colunas. Por exemplo Partic¸a˜o Partic¸a˜o conjugada 5+2+1 3+2+1+1+1 ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ e a conjugada da partic¸a˜o 5+ 3+ 2+1+1, cujo diagrama de Ferrers e´ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ e´ igual a ela pro´pria. 76 2. Dizemos que uma partic¸a˜o e´ autoconjugada se ela for igual a` sua con- jungada. Assim, a partic¸a˜o 5 + 3 + 2 + 1 + 1 e´ autoconjugada. Exemplos 1. Mostrar que o nu´mero de partic¸o˜es de n cuja maior parte e´ k e´ igual ao nu´mero de partic¸o˜es de n em exatamente k partes. Por exemplo, para n = 7 e k = 3, temos Soluc¸a˜o: 77 2. Mostrar que o nu´mero de partic¸o˜es de n em que cada parte aparece pelo menos 2 vezes e´ igual ao nu´mero de partic¸o˜es de n em partes maiores do que ou iguais a 2, sem inteiros consecutivos aparecendo como partes. Por exemplo, para n = 8, as partic¸o˜es do primeiro tipo sa˜o 4 + 4 3 + 3 + 1 + 1 2 + 2 + 2 + 2 2 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 e as do segundo tipo sa˜o 2 + 2 + 2 + 2 4 + 2 + 2 4 + 4 6 + 2 8 Soluc¸a˜o: 78 3. Mostrar que o nu´mero de partic¸o˜es autoconjugadas de n e´ igual ao nu´mero de partic¸o˜es de n em partes ı´mpares distintas. Por exemplo, para n = 16, temos 4 partic¸o˜es autoconjugadas 8 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 7 + 3 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 6 + 4 + 2 + 2 + 1 + 1 5 + 5 + 2 + 2 + 2 e as correspondentes partic¸o˜es em partes ı´mpares distintas 15 + 1 13 + 3 11 + 5 9 + 7 Soluc¸a˜o: 79 5.3.3 Func¸o˜es geradoras para partic¸o˜es A func¸a˜o geradora para a sequeˆncia (p(0), p(1), p(2), ..., p(n), ...), onde p(n) e´ o nu´mero de partic¸o˜es de n, e´ a se´rie de poteˆncias p(0) + p(1)q + p(2)q2 + · · · = ∞∑ n=0 p(n)qn . Olhando para o produto ∞∏ n=1 1 1− qn como ∞∏ n=1 1 1− qn = 1 1− q1 × 1 1− q2 × 1 1− q3 · · · = (1 + q1 + q1+1 + q1+1+1 + · · · )× × (1 + q2 + q2+2 + q2+2+2 + · · · )× × (1 + q3 + q3+3 + q3+3+3 + · · · )× · · · , temos que a func¸a˜o geradora para as partic¸o˜es de n e´ ∞∑ n=0 p(n)qn = ∞∏ n=1 1 1− qn · Exemplo: O coeficiente do termo em q3 e´ 3, que e´ o nu´mero de partic¸o˜es de 3. Os termos em q3 sa˜o 1. q3, obtido tomando q3 no terceiro fator e 1 nos restantes, que nos fornece a partic¸a˜o 3 2. q1 · q2 = q2+1, obtido tomando q1 no primeiro fator, q2 no segundo e 1 no terceiro, que nos fornece a partic¸a˜o 2+1 3. q1+1+1, obtido tomando q1+1+1 no primeiro fator e 1 nos restantes, que nos fornece a partic¸a˜o 1+1+1 80 Observac¸a˜o: Dependendo do problema a ser analisado via partic¸o˜es, res- tric¸o˜es com relac¸a˜o a`s partes devem ser consideradas. Apresentamos abaixo algumas func¸o˜es geradoras, descrevendo partic¸o˜es com restric¸o˜es. 1. ∞∏ n=1 1 1− q2n e´ a func¸a˜o geradora para partic¸o˜es em partes pares, uma vez que ∞∏ n=1 1 1− qn = 1 1− q2 × 1 1− q4 × 1 1− q6 × · · · = (1 + q2 + q2+2 + q2+2+2 + · · · )× × (1 + q4 + q4+4 + q4+4+4 + · · · )× × (1 + q6 + q6+6 + q6+6+6 + · · · )× · · · 2. ∞∏ n=1 1 1− q2n−1 e´ a func¸a˜o geradora para partic¸o˜es em partes ı´mpares. 3. ∞∏ n=1 (1+qn) = (1+q1)(1+q2)(1+q3)... e´ a func¸a˜o geradora para partic¸o˜es em partes distintas. 4. ∞∏ n=1 (1+q2n) e´ a func¸a˜o geradora para partic¸o˜es em partes pares distintas. 5. ∞∏ n=1 1 + q2n−1 1− q2n e´ a func¸a˜o geradorta para partic¸o˜es onde as partes ı´mpares sa˜o distintas, na˜o havendo restric¸o˜es quanto a`s partes pares. 6. Seja ∞∏ n=1 1 + qn 1− q2n . Temos ∞∏ n=1 1 + qn 1− q2n = (1 + q 1)(1 + q2)(1 + q3)(1 + q4) · · · × × (1 + q2 + q2+2 + · · · )(1 + q4 + q4+4 + · · · ) · · · Assim, se trata da func¸a˜o geradora para partic¸o˜es onde as partes ı´mpares sa˜o distintas e a primeira ocorreˆncia de cada parte par pode ser mar- cada. Por exemplo, as partic¸o˜es deste tipo para n = 4 sa˜o 81 4 4 3 + 1 2 + 2 2 + 2 Exerc´ıcios 1. Mostrar que todo inteiro positivo pode ser expresso de maneira u´nica como soma de poteˆncias distintas de 2. Soluc¸a˜o: 82 2. Mostrar que o nu´mero de partic¸o˜es de n em partes distintas e´ igual ao nu´mero de partic¸o˜es de n em partes ı´mpares. Por exemplo, as partic¸o˜es do primeiro tipo para n = 6 sa˜o 6 5 + 1 4 + 2 3 + 2 + 1 e a partic¸o˜es do segundo tipo sa˜o 5 + 1 3 + 3 3 + 1 + 1 + 1 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 Soluc¸a˜o 83 Observac¸a˜o: Abaixo apresentamos uma demonstrac¸a˜o feita por Euler, que apresentou uma bijec¸a˜o entre estas duas classes de partic¸o˜es. 84 3. Mostrar que o nu´mero de partic¸o˜es de n em exatamente 2 partes e´⌊n 2 ⌋ . Soluc¸a˜o: 85 4. Mostrar que o nu´mero de partic¸o˜es de n em partes distintas, nenhuma mu´ltiplo de 3, e´ igual ao nu´mero de partic¸o˜es de n em partes da forma 6j − 1 ou 6j − 5. Soluc¸a˜o: 86 5. Obter a func¸a˜o geradora para o nu´mero de triaˆngulos na˜o semelhantes de per´ımetro n e lados inteiros. Soluc¸a˜o: Observac¸a˜o: Existe uma fo´rmula fechada para este nu´mero de triaˆngulos:{ n2 12 } − ⌊n 4 ⌋ · ⌊ n+ 2 4 ⌋ 87 Cap´ıtulo 6 Resoluc¸a˜o de Relac¸o˜es de Recorreˆncia usando Func¸o˜es Geradoras Nosso problema e´, dada uma sequeˆncia (a0, a1, a2, ...), definida por uma relac¸a˜o de recorreˆncia, obter uma fo´rmula fechada para o n-e´simo termo an. Para isto, lembrando que f(x) = ∞∑ n=0 anx n e´ a func¸a˜o geradora para a sequeˆncia, seguimos os passos 1. multiplicamos, membro a membro, a relac¸a˜o de recorreˆncia por xn e somamos membro a membro em n, onde n esta´ definido na tal relac¸a˜o; 2. nas somas, fazemos aparecer ∞∑ n=0 anx n, que substituimos por f(x); 3. isolamos f(x) e desenvolvemos f(x) em se´rie de poteˆncias; 4. an sera´ o coeficiente de x n na se´rie de poteˆncias obtida. Exemplos 1. Seja {Fn}n≥0 a sequeˆncia de Fibonacci dada por F0 = 0, F1 = 1 e Fn = Fn−2 + Fn−1, n ≥ 2. Obter uma fo´rmula para Fn. 88 Soluc¸a˜o: Multiplicando, membro a membro, a relac¸a˜o de recorreˆncia por xn e somando em n para n ≥ 2, vem ∞∑ n=2 Fnx n = ∞∑ n=2 Fn−2xn + ∞∑ n=2 Fn−1xn . Da´ı ∞∑ n=0 Fnx n − F0 − F1x = x2 ∞∑ n=2 Fn−2xn−2 + x ∞∑ n=2 Fn−1xn−1 = x2 ∞∑ n=0 Fnx n + x ∞∑ n=1 Fnx n = x2 ∞∑ n=0 Fnx n + x ( ∞∑ n=0 Fnx n − F0 ) Desse modo, sendo F0 = 0 e F1 = 1 f(x)− x = x2f(x) + xf(x). Isolando f(x) f(x) = −x x2 + x− 1 = −x( x− −1− √ 5 2 )( x− −1+ √ 5 2 ) = −x[ −−1− √ 5 2 ( 1− x−1−√5 2 )][ −−1+ √ 5 2 ( 1− x−1+√5 2 )] = −x 1−5 4 ( 1− 2x−√5−1 )( 1− 2x√ 5−1 ) = x( 1− 1− √ 5 2 x )( 1− 1+ √ 5 2 x ) = A 1− 1− √ 5 2 x + B 1− 1+ √ 5 2 x 89 Tirando o mmc e identificando os numeradores, obtemos x ≡ A ( 1− 1 + √ 5 2 x ) +B ( 1− 1− √ 5 2 x ) ≡ A+B + ( −1 + √ 5 2 A− 1− √ 5 2 B ) De onde obtemos { A+B = 1 −1+ √ 5 2 A− 1− √ 5 2 B = 1 Resolvendo o sistema, obtemos A = − 1√ 5 e B = 1√ 5 · Logo f(x) = 1√ 5 ( 1 1− 1+ √ 5 2 x − 1 1− 1− √ 5 2 x ) = 1√ 5 [ ∞∑ n=0 ( 1 + √ 5 2 x )n − ∞∑ n=0 ( 1−√5 2 x )n] = 1√ 5 ∞∑ n=0 [( 1 + √ 5 2 )n − ( 1−√5 2 )n] xn Portanto Fn = 1√ 5 [( 1 + √ 5 2 )n − ( 1−√5 2 )n] · 2. A sequeˆncia {pn}n≥0 de Pell e´ definida por p0 = 1 p1 = 2 pn = 2pn−1 + pn−2, n ≥ 2 Obter uma fo´rmula para pn, para todo n. 90 Soluc¸a˜o: Seja f(x) = ∞∑ n=0 pnx n a func¸a˜o geradora para a sequeˆncia {pn}n≥0 de Pell. Sabemos que pn = 2pn−1 + pn−2, n ≥ 2. Multiplicando membro a membro por xn e somando em n, para n≥ 2, vem ∞∑ n=2 pnx n = 2 ∞∑ n=2 pn−1xn + ∞∑ n=2 pn−2xn · Isto e´ ∞∑ n=0 (pnx n − p0 − p1x) = 2x ( ∞∑ n=0 pnx n − p0 ) + x2 ∞∑ n=0 pnx n · Da´ı f(x)− 1− 2x = 2x(f(x)− 1) + x2f(x) · Isolando f(x), obtemos f(x) = −1 x2 + 2x− 1 · Decompondo f(x) em frac¸o˜es parciais, obtemos f(x) = − 1 2 √ 2 x− (−1 +√2) + 1 2 √ 2 x− (−1−√2) = − 1 2 √ 2 × −1−1 +√2 × 1 1− 1−1+√2x + 1 2 √ 2 × 1 1 + √ 2 × 1 1− 1−1−√2x = 1 4− 2√2 ∞∑ n=0 ( 1 −1 +√2 )n xn + 1 4 + 2 √ 2 ∞∑ n=0 ( 1 −1−√2 )n xn = 2 + √ 2 4 × ∞∑ n=0 (1 + √ 2)nxn + 2−√2 4 × ∞∑ n=0 (1− √ 2)nxn = ∞∑ n=0 [ 2 + √ 2 4 (1 + √ 2)n + 2−√2 4 (1− √ 2)n ] xn· 91 Desse modo pn = 2 + √ 2 4 (1 + √ 2)n + 2−√2 4 (1− √ 2)n · 3. Os nu´meros pentagonais sa˜o dados por 1, 5, 12, 22, ..., conforme ilus- trac¸a˜o Obter uma fo´rmula para pn, o n-e´simo nu´mero pentagonal. Soluc¸a˜o: Temos p1 = 1 p2 = 1 + 2 + 2× 1 p3 = 5 + 3 + 2× 2 p4 = 12 + 4 + 2× 3 ... Da´ı pn = pn−1 + n+ 2(n− 1) = pn−1 + 3n− 2 . Assim, definindo p0 = 0, os nu´meros pentagonais sa˜o dados por p0 = 0, p1 = 1 e pn = pn−1 + 3n− 2, n ≥ 2 . Multiplicando, membro a membro, a relac¸a˜o de recorreˆncia por xn e somando em n para n ≥ 2, vem ∞∑ n=2 pnx n = ∞∑ n=2 pn−1xn + 3 ∞∑ n=2 nxn − 2 ∞∑ n=2 xn . 92 Da´ı ∞∑ n=0 pnx n − p0 − p1x = x ∞∑ n=2 pn−1xn−1 + 3 ∞∑ n=2 nxn − 2 ∞∑ n=2 xn = x ∞∑ n=1 pnx n + 3 ( ∞∑ n=0 nxn − p0 − p1x ) + − 2 · x 2 1− x = x ∞∑ n=0 (pnx n − p0) + 3 [ x · ( 1 1− x )′ − p0 − p1x ] + − 2x 2 1− x Desse modo, sendo p0 = 0 e p1 = 1 f(x)− x = xf(x) + 3x (1− x)2 − 3x− 2x2 1− x · Da´ı f(x) = 3x (1− x)3 − 2x 1− x − 2x2 (1− x)2 = 3x(1− x)−3 − 2x(1− x)−1 − 2x2(1− x)−2 = 3x ∞∑ r=0 ( −3 r ) (−1)rxr − 2x ∞∑ r=0 ( −1 r ) (−1)rxr − 2x2 ∞∑ r=0 ( −2 r ) (−1)rxr 93 Logo, sendo pn o coeficiente de x n, temos pn = 3 ( −3 n− 1 ) (−1)n−1 − 2 ( −1 n− 1 ) (−1)n−1 − 2 ( −2 n− 2 ) (−1)n−2 = 3 ( n+ 1 n− 1 ) − 2 ( n− 1 n− 1 ) − 2 ( n− 1 n− 2 ) = 3 · (n+ 1)n 2 − 2− 2(n− 1) = 3n(n+ 1) 2 − 2n = n(3n+ 3− 4) 2 = n(3n− 1) 2 · Observac¸a˜o: Dizemos que (a1, a2, ...an) e´ uma progressa˜o aritme´tica de segunda ordem se (a2 − a1, a3 − a2, ..., an − an−1) e´ uma progressa˜o aritme´tica. Pode-se mostrar que, neste caso an = an 2 + bn+ c. Como as diferenc¸as entre dois termos consecutivos da sequeˆncia pn formam uma progressa˜o aritme´tica de primeiro termo 4 e raza˜o 3, vem pn = an 2 + bn+ c. Da´ı p1 = a · 12 + b · 1 + c p2 = a · 22 + b · 2 + c p3 = a · 32 + b · 3 + c ⇒ a+ b+ c = 1 (1) 4a+ 2b+ c = 5 (2) 9a+ 3b+ c = 12 (3) De (2)− (1) e (3)− (2), obtemos{ 3a+ b = 4 5a+ b = 7 Assim a = 3 2 , b = −1 2 e c = 0 e, enta˜o pn = 3 2 n2 − 1 2 n = n(3n− 1) 2 · 94 Cap´ıtulo 7 Princ´ıpio da Casa dos Pombos O princ´ıpio da casa dos pombos estabelece que Se n + 1 pombos sa˜o colocados em n gaiolas, enta˜o pelo menos uma gaiola devera´ conter pelo menos 2 pombos. Observac¸o˜es: 1. Este princ´ıpio tambe´m e´ conhecido como princ´ıpio das gavetas de Di- richlet, sendo usualmente enunciado como: ”se colocarmos n objetos em r gavetas (r < n), enta˜o pelo menos uma gaveta devera´ conter pelo menos 2 objetos”. 2. Este princ´ıpio e´ u´til na resoluc¸a˜o de problemas de existeˆncia. Exemplos 1. Em um local com mais de 12 pessoas, pelo menos 2 nasceram no mesmo meˆs. Ale´m disso, existira˜o pelo menos 2 nascidas no mesmo dia da semana. 2. Mostrar que todo subconjunto de A = {1, 2, 3, ..., 2n}, contendo n + 1 elementos, possui um par de elementos primos entre si. Soluc¸a˜o: 95 3. Mostrar que, dentre 9 pontos quaisquer de um cubo de aresta 2, exis- tem pelo menos 2 pontos que se encontram a uma distaˆncia menor do que ou igual a √ 3 um do outro. Soluc¸a˜o: Observac¸o˜es: (a) Sejam os conjuntos C0 = {...,−9,−6,−3, 0 , 3, 6, 9, ...} = {3k : k ∈ Z} C1 = {...,−8,−5,−2, 1, 4, 7, ...} = {3k + 1 : k ∈ Z} C2 = {...,−7,−4,−1, 2, 5, 8, ...} = {3k + 2 : k ∈ Z} Temos i. C0, C1 e C2 sa˜o disjuntos 2 a 2 e C0 ∪ C1 ∪ C3 = Z. Isto e´ consequeˆncia do fato de que quando um inteiro qualquer e´ dividido por 3, so´ existem 3 poss´ıveis restos que sa˜o 0, 1 e 2. ii. Estes conjuntos sa˜o chamados de classes de congrueˆncia mo´dulo 3. Os elementos de Ci sa˜o ditos congruentes a i mo´dulo 3 e a diferenc¸a entre 2 nu´meros quaisquer de uma mesma classe e´ mu´ltiplo de 3. iii. Segue do princ´ıpio da casa dos pombos que, dados 4 ou mais nu´meros inteiros, pelo menos 2 deles esta˜o na mesma classe. (b) De um modo geral, dado um inteiro positivo n, temos n−1 classes de congrueˆncia mo´dulo n. 96 4. Mostrar que todo inteiro positivo n possui um mu´ltiplo que se escreve na base 10, somente com os d´ıgitos 0 e 1. Soluc¸a˜o: 97 5. Provar que 7 divide infinitos nu´meros da forma 252525...25. Soluc¸a˜o: 98 6. Mostrar que dados α ∈ R e n > 1 um inteiro, existe um racional p q , com 1 ≤ q ≤ n, tal que ∣∣∣∣α− pq ∣∣∣∣ ≤ 1nq · Soluc¸a˜o: Observac¸a˜o: Isto significa que dado qualquer real x, existe um raci- onal ta˜o pro´ximo de x quanto quizermos, isto e´, que o conjunto dos nu´meros racionais e´ denso no conjunto dos nu´meros reais. 99
Compartilhar