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Trabalho de Direito Civil Biografias Não Autorizadas.

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SUMÁRIO: 
 
1. O QUE É BIOGRAFIA? ........................................................................................ 2 
1.1 O QUE É BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA? .................................................... 2 
2. HISTÓRIA DA BIOGRAFIA: ................................................................................. 2 
3. PARÂMETROS BÁSICOS PARA PUBLICAR UMA BIOGRAFIA: ........................ 4 
4. BIOGRAFIAS CHAPAS BRANCAS: ..................................................................... 4 
5. A DITADURA MILITAR E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CENSURA: ............... 5 
6. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ART 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: ...... 7 
6.1 INTRODUÇÃO: ................................................................................................. 7 
6.2 LIBERDADE DE PENSAMENTO: ..................................................................... 8 
6.3 LIBERDADE DE EXPRESSÃO: ........................................................................ 9 
6.4 LIBERDADE DE INFORMAÇÃO: .................................................................... 10 
6.5 DISTINÇÃO ENTRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO E LIBERDADE DE 
INFORMAÇÃO: ......................................................................................................... 13 
6.6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 14 
7. INDENIZAÇÃO COM BASE NO ART. 5º/ CF: .................................................... 15 
8. DIREITO A INTIMIDADE: ................................................................................... 16 
9. DIREITO A IMAGEM: ......................................................................................... 17 
10. DIREITO A PRIVACIDADE, ATÉ QUE PONTO ISSO DEVE SER 
RESPEITADO: .......................................................................................................... 18 
11. ATÉ QUE PONTO A INTIMIDADE PODE SE TORNAR PÚBLICA? ............... 19 
12. OFENSA E HONRA: ....................................................................................... 20 
13. INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL: .................. 21 
14. BIBLIOGRAFIAS: ............................................................................................ 23 
 
 
 
 
 
 
 
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 O QUE É BIOGRAFIA? 
Biografia, é a história escrita da vida de uma determinada pessoa. A palavra 
tem origem etimológica nos termo Grego: “bios”, que significa "vida" e “gráphein”, que 
significa "escrever". Ou seja, biografia é a descrição dos fatos particulares da vida de 
uma pessoa, podendo conter fotos que testemunham os acontecimentos. 
 
1.1 O que é Biografia não autorizada? 
 
Uma biografia não autorizada, é publicada sem a autorização prévia do vi-
sado. É normalmente escrita por jornalistas ou acadêmicos, ou por antigos confiden-
tes ou empregados do sujeito. A publicação de biografias não autorizadas envolve 
questões legais, éticas e morais como o direito à privacidade, liberdade de informa-
ção, difamação, direitos de personalidade, direitos do autor ou quebra de sigilo. 
 
 
 HISTÓRIA DA BIOGRAFIA: 
A biografia nunca esteve ausente das reflexões historiográficas ou das práticas 
profissionais dos historiadores, mas muitas vezes se fez acompanhar de um mal-estar 
explícito ou implícito. Trata-se de gênero antigo que conservou fronteiras fluídas com o 
campo do conhecimento histórico. 
Não há comprovação exata de onde surgiu a biografia, mas o que se torna no-
tório, é que a mesma, teve forte influência pela França, por historiadores do século XIX. 
Durante o século do Nacionalismo, Taine e Renan (Historiadores positivistas 
Franceses, do séc. XIX), percorreram o século, preocupados com a concepção do 
grande homem como produto da raça, o átomo social, que tributou ao romantismo, a 
mudança de sentido da biografia: a tensão entre indivíduo e sociedade, entretanto, a 
biografia visava encontrar no destino individual a força do contexto geográfico, cultural, 
histórico e social. 
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Ainda que os historiadores metódicos, criticassem os historiadores românticos, 
o século XIX continuou campo fértil para os estudos biográficos. A biografia constituía 
um passatempo de homens cultivados, literatura prestigiosa de acadêmicos, praticada 
por políticos, advogados e letrados, sem alcançar estatuto de cientificidade, como, por 
exemplo, a biografia de Albert de Broglie (Político Francês). Além disso, autores inseri-
ram estudos biográficos ao longo de seus escritos mais generalizantes, como Jaurès 
(Político Socialista Francês) que, ao escrever a História da Revolução Francesa, deu 
primazia às formas sociais, mas não desmereceu as personalidades individuais e suas 
relações com os movimentos de fundo, provocados pelas condições de produção e 
troca. 
Em suma, não houve entre os Analistas da primeira geração, ruptura com o gê-
nero biográfico, mas sim, um ajuste da abordagem ao novo campo teórico e metodoló-
gico que se abria para a temporalidade ampla, o econômico e o social. A biografia que 
daí resultou, caracterizou-se pela recusa dos exageros laudatórios do século XIX e pela 
busca de adequação a paradigmas historiográficos voltados para uma história objetiva, 
as mentalidades, os atores coletivos que, no entanto, reservavam um espaço e um 
protagonismo aos sujeitos individuais. 
A construção do indivíduo na Idade Moderna se fez acompanhar pelos trabalhos 
modelares de tipo biográfico, como O século de Luís XIV ou Carlos XII da Suécia, de 
que se ocupou Voltaire (1694-1778). 
Com os avanços da historiografia de base marxista e do estruturalismo na uni-
versidade, o gênero biográfico teve seu espaço após Segunda Guerra Mundial. A ên-
fase na História serial de Chaunu (Historiador Francês) só fez aprofundar, nas déca-
das de 1960 e 1970, a minimização da presença dos sujeitos coletivos em favor dos 
dados quantitativos. Foi o apogeu da desclassificação da biografia, que no entanto, 
teimosamente, continuava sendo produzida pelos que afrontavam as críticas, ao 
mesmo tempo em que uma reação veio dos questionamentos decorrentes da crise do 
marxismo, do estruturalismo e de inovações em direção à revalorização do indivíduo 
na História. 
Hoje, oitenta anos decorridos, ainda nos debatemos com as mesmas questões 
metodológicas: a necessidade de escolhas na trajetória de vida para a composição do 
relato biográfico, como e quando iniciá-lo e o período a ser trabalhado como relevante. 
 
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 PARÂMETROS BÁSICOS PARA PUBLICAR UMA BIOGRAFIA: 
 
 Tem-se os direitos dos titulares, daquele que forma e do que é informado. 
 Biografias que envolvem a vida de pessoas públicas (famosas) e o inte-
resse social dos que querem saber sobre a vida da pessoa; 
 E a pessoa bibliografada tem seu direito de uma fonte licita de informação, 
ou seja, que não fira seus direitos da personalidade. 
Caso tender para o campo da distorção dos fatos (violação da personalidade do 
biografado), será conveniente mecanismos do direito civil. 
 
 BIOGRAFIAS CHAPAS BRANCAS: 
 CONTROLADA PELO BIOGRAFADO, FAMILIARES OU HERDEIROS; 
Assim como não há meia democracia, não há meia liberdade de expressão. Não 
é possível conceber que escritores brasileiros tenham plena liberdade para tratar sobre 
quase todos os temas, mas estivessem sujeitos à censura prévia no caso das biografias 
não autorizadas. 
O embate sobre biografias não autorizadas acabou somente em 2014 com a 
ministra do supremo Carmen Lucia dando o ultimo mais unânimes votos favoráveis as 
biografias não autorizadas. 
Segundo o jurista Luis Flavio Gomes, no Brasil até pouco tempo atrás era o único 
país que democrático,
ainda seciava certas liberdades históricas e artísticas, uma bio-
grafia chapa branca, não obtém créditos sobre os leitores é um mero empregado do 
biografado e não um pesquisador e historiador como deve ser. 
Este tipo de biografia é imoral, omite fatos, não deixa o leitor ter sua opinião 
própria, num país em que, leitura é algo raro entre a população isso acarreta um perca 
enorme, tanto no fato histórico quanto no campo do intelecto. 
No Brasil isso se arrastou décadas, basicamente por uma única razão, dinheiro, 
o que também para alguns juristas é algo imoral. 
“Imagine se a família ou mesmo Hitler controlasse sua biografia? Ou se a família 
de Satalin proibisse falar sobre suas atrocidades? Jurista Clóvis de Barros.” 
Indagado o escritor Paulo Cesar Araújo que escreveu a biografia não autorizada 
Detalhes, de Roberto Carlos, sobre a porcentagem do artista em sua obra, ele apenas 
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se defendeu dizendo: “Roberto doou a igreja o dinheiro com as músicas Jesus Cristo e 
Maria? Caetano vai dividir com São Paulo o tema da música Sampa? Então não, o 
biografado não recebe, pois, o trabalho é o biografo. ” (Em nenhum lugar do mundo 
biografado recebe, pois, além de ser um ato imoral é inconstitucional). 
 
 A DITADURA MILITAR E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CENSURA: 
Em 31 de março de 1964, o Brasil sofreu um golpe de estado, que o levou ao Regime 
Militar. Tal momento da história do país, denominado de Ditadura Militar, pode ser de-
finido como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o 
Brasil entre 1964 e 1985 e seus agentes cometeram graves violações de direitos hu-
manos sendo acobertados pelo regime que se manteve no poder por 21 anos. Como 
principais características deste período opressor, pode-se citar: 
 Falta de democracia; 
 Supressão de direitos constitucionais; 
 Censura; 
 Perseguição política; 
 Repressão. 
Diante de tais características, o movimento militar instalado nestes 21 anos fez desa-
parecer os conceitos de “Estado de Direito” e “Estado Democrático” que passaram a 
ser gradativamente e violentamente massacrados sob uma forte liderança do Poder 
Executivo. O país passou a ser governado por Atos Institucionais e Complementares e 
a ausência de uma Lei Maior refletiu drasticamente nos direitos e na liberdade dos ci-
dadãos. 
 
 Estado de Direito: é uma situação jurídica, ou um sistema institucional, no 
qual cada um é submetido ao respeito do direito, do simples indivíduo até a 
potência pública. O estado de direito é assim ligado ao respeito da hierarquia 
das normas e dos direitos fundamentais. 
 
 Estado Democrático de direito: é um conceito que designa qualquer Estado 
que se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pe-
los direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabeleci-
mento de uma proteção jurídica. 
 
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 Atos Inconstitucionais: foram normas e decretos elaborados no período de 
1964 a 1969, durante o regime militar no Brasil. Foram editadas pelos Coman-
dantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo Presidente 
da República, com o respaldo do Conselho de Segurança Nacional. 
Seguem as principais descrições dos Atos Institucionais implantados entre 1964 e 
1985: 
AI-1 O Ato Institucional n° 1 permitia o a cassação de mandatos e a suspensão dos 
direitos políticos. 
AI-2 O Ato Institucional n° 2 dissolveu todos os partidos políticos e instituiu a eleição 
indireta para presidente da República. 
AI-3 O Ato Institucional n° 3 estabeleceu as eleições indiretas para governador e 
vice-governador. 
AI-4 O Ato Institucional n° 4 estabeleceu a Constituição de 1967. 
AI-5 O Ato Institucional nº 5 proibiu manifestações, suspendeu direitos políticos e 
deu ao presidente o poder de intervir em estados e municípios. Também vetou o ha-
beas corpus para crimes políticos e instalou a censura militar. 
Porém dos 5 atos inconstitucionais listados acima, o ato que damos ênfase é o AI – 5 
que fala sobre a instauração da censura militar. 
Entre 1964 e 1974 devido a falta de democracia quem escolhia os presidentes não era 
a população e sim o governo militar, devido a isso ocorreram vários golpes nesse perí-
odo contra a constituição, são os chamados atos inconstitucionais que citamos acima. 
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente o general Emílio Garrastazu Médici, 
seu governo foi considerado o mais duro e repressivo do período, período esse conhe-
cido como “Anos de Chumbo”. A repressão à luta armada cresceu e uma severa política 
de censura foi colocada em execução. Podemos citar alguns acontecimentos da época: 
 
 Imprensa: Os veículos de comunicação eram obrigados a enviar os seus ma-
teriais previamente e estavam sujeitos a vitória da Divisão de Censura do De-
partamento de Polícia Federal. 
 
 Exilados: Alguns artistas foram exilados durante o período de ditadura, como 
Geraldo Vandré, Caetano veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. 
 
 Censura didática: Os professores de colégios e universidades eram vigiados 
pelos oficiais dos órgãos de repressão e os livros adotados em sala de aula 
também eram vítimas da repressão militar. 
 
 Formas de tortura: Entre os métodos de tortura utilizados pelos oficiais esta-
vam choques, afogamentos, espancamentos e a “geladeira”, um local onde os 
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presos eram mantidos sem comida ou água enquanto a temperatura subia e 
descia. 
 
Podemos checar inciso III do artigo 5º da Constituição que: 
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
Quando se refere a tortura tal prática é reconhecida como uma das práticas humanas 
mais cruéis de submissão de outro indivíduo pelo uso da força física através de dife-
rentes instrumentos de coação e meios de violência. Em vários lugares do mundo essa 
prática ainda é aceita como forma de fazer com que se confessem crimes e se liberem 
informações. 
Dessa forma a tortura corresponde a todos os títulos de violações dos Direitos Huma-
nos, pois fere a integridade do ser humano que é um direito intangível. Por ser um 
direito intangível não pode ser violado de forma alguma não podendo qualquer força do 
estado violentar física e psicologicamente o indivíduo. 
 Ao citar a proibição de tratamento desumano ou degradante refere-se à imposi-
ção de penas, onde a própria constituição no artigo 5º inciso XLVII, veda as penas de 
trabalhos forçados e pena cruéis. Todo ser humano deve ser tratado com o devido 
respeito, como tratamento desumano ou degradante temos como exemplo trabalhos 
forçados em pedreiras como cumprimento de penas. 
 
A constituição de 1988 
 A constituição de 1988 foi uma resposta ao que se tinha vivido após o golpe de 
1964. Depois de um período de privação de direitos, a lei Maior veio repleta de direitos 
fundamentais, e o fato de ser oposta a fase anterior de ditadura acaba por ser uma de 
suas marcas. Entre as reações, estão a previsão de igualdade, liberdade de expressão 
e o total repúdio à tortura, como previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988. 
A constituição cidadã foi criada para garantir todos os direitos que haviam sido retirados 
pelo regime militar e acrescentar outros nunca previstos antes. 
 Portanto a Constituição é manifestação do Direito pois é o modelo jurídico de 
sociedade e de estado que a Nação almeja. O Direito é inerente ao ser humano como 
cidadão, portanto, instrumento do exercício da humanidade. 
 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ART 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
 
6.1 Introdução: 
 
Um dos aspectos mais relevantes de uma nação que se diz democrática é a 
amplitude outorgada à liberdade de expressão e de informação. Trata-se do reverso da
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moeda, posto que não se concebe uma democracia onde não haja plena liberdade para 
se expressar ou mecanismos para difusão e o acesso à informação de modo geral. 
Ocorre que muitas vezes parece haver certa confusão entre os dois institutos, 
fazendo parecer que se tratam de mesmo direito, entretanto uma análise mais profunda 
das ditas liberdades, nos faz ver que existe uma relação intrínseca entre ambas, mas 
não há como as confundir. 
De fato, a liberdade de expressão pode ser entendida como o berço onde re-
pousa a liberdade de informação, no entanto, a liberdade de expressão abrange um 
conteúdo muito maior do que a de informação, ao passo que esta acaba por conter um 
vértice não necessariamente verificado na primeira. 
O presente artigo visa trazer o conteúdo de cada direito, e, principalmente sua 
distinção no mundo jurídico. Não se tem a pretensão de analisar todos os aspectos do 
tema, visto que o mesmo é profundo, e permite vários apontamentos, pretende-se aqui 
fazer uma análise sobre os pontos principais da relação dos direitos. 
 
6.2 Liberdade de pensamento: 
O ato de pensar é característica intrínseca a todo ser humano. O pensamento 
abarca todos os sentimentos do homem; é aí que ele vai buscar refúgio, e encontrar 
guarida para sua consciência, com seus valores, concepções e crenças. 
Enquanto o pensamento não é externado, dizendo respeito apenas ao indivíduo, 
encontra-se em seu momento interior, e a ninguém interessa, pois não é fato relevante 
para a comunidade, apesar de ser direito plenamente reconhecido. 
Na liberdade de pensar, repousa a liberdade de consciência, de crença e de livre 
convicção religiosa, podendo ser exercida livremente. 
Por ser o homem dotado da característica de sociabilidade, é natural o interesse 
em propagar seu pensamento, nesse instante estar-se-á diante do momento exterior 
do pensamento, que se revela através da liberdade de manifestação de pensamento, 
que nada mais séria do que um direito de propagar suas opiniões, que se encontravam 
no pensamento, sob a forma de valores, concepções e crenças. 
Na realidade, a liberdade de pensamento se torna concreta a partir desse ins-
tante, quando é permitido ao indivíduo a possibilidade de externar seu pensamento, a 
liberdade de opinião. 
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Segundo Pedro Frederico Caldas, a opinião: “(...) constitui um movimento do 
pensamento de dentro para fora; é a forma de manifestação de pensamento, resume a 
própria liberdade de pensamento, encarada, aqui, como manifestação do fenômeno 
social”. 
Enquanto o pensamento não é externado, nenhuma relevância tem para a soci-
edade; é a manifestação, sim, que traz reflexos na comunidade. 
A Constituição Federal engloba tanto a liberdade de manifestação de pensa-
mento, vedando o anonimato, em seus artigos 5º, inciso IV, e 220; como assevera se-
rem invioláveis a liberdade de consciência, e a de crença, garantido a liberdade de 
cultos religiosos, no inciso VI, e a liberdade de expressão da atividade intelectual, ar-
tística, científica, e de comunicação, no inciso IX e artigo 220. 
A Lei de Imprensa no caput de seu artigo 1º, também assegurava a liberdade de 
pensamento, mas já em seu momento externo, como liberdade de manifestação de 
pensamento. 
 
6.3 Liberdade de expressão: 
Ao consagrar a liberdade de manifestação de pensamento no texto constitucio-
nal, o legislador constituinte garantiu também a liberdade de expressão, como corolário 
da liberdade de pensamento e opinião. 
Ora, se detém o ser humano o direito a pensar e opinar, não se pode olvidar que 
também detém o direito de expressar esse pensamento e opinião. Assim, o indivíduo 
“pode manifestar-se por meio de juízos de valor (opinião) ou da sublimação das formas 
em si, sem se preocupar com o eventual conteúdo valorativo destas”. 
Essa é a exata noção da liberdade de expressão, conforme atesta Nuno e Sousa: 
“A liberdade de expressão consiste no direito à livre comunicação espiritual, no 
direito de fazer conhecer aos outros o próprio pensamento (na fórmula do art. 11° da 
Declaração francesa dos direitos do homem de 1989: a livre comunicação de pensa-
mentos e opiniões). Não se trata de proteger o homem isolado, mas as relações inte-
rindividuais (‘divulgar’). Abrange-se todas as expressões que influenciam a formação 
de opiniões: não só a própria opinião, de caráter mais ou menos crítico, referida ou não 
a aspectos de verdade, mas também a comunicação de factos (informações).” 
Dessa feita, sob o manto da liberdade de expressão encontra-se agasalhada 
“toda opinião, convicção, comentário, avaliação ou julgamento sobre qualquer assunto 
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ou sobre qualquer pessoa, envolvendo tema de interesse público, ou não, de importân-
cia e de valor, ou não. ” 
Ressalte-se, ainda, que encontra guarida no conteúdo da liberdade de expres-
são a propagação por todos os meios possíveis, não apenas pela palavra escrita ou 
falada, mas também por gestos, desenhos, gravuras, pinturas, e porque não dizer o 
silêncio, inserido dentro de uma determinada perspectiva. 
Assim, pode-se claramente observar que a liberdade de expressão contém uma 
dupla dimensão, conforme nos ensina Jonatas Machado: 
“Nesse sentido, deve-se sublinhar a dupla dimensão deste direito. A dimensão 
substantiva compreende a atividade de pensar, formar a própria opinião e exteriorizá-
la. A dimensão instrumental, traduz a possibilidade de utilizar os mais diversos meios 
adequados à divulgação do pensamento. ” 
Sobre a dimensão instrumental da liberdade de expressão, cabe aqui fazer refe-
rência a decisão do Supremo Tribunal Federal ao analisar o caso de diretor de teatro, 
que após ser criticado pelos espectadores, ao final da peça teatral expôs membro ín-
timo de seu corpo para o público. Na situação em tela, entendeu a Corte Constitucional 
brasileira que não haveria o indivíduo cometido o ilícito penal de ato obsceno, mas sim 
exercido seu direito de liberdade de expressão, ainda que tivesse sido ‘inadequado ou 
deseducado”. 
Por fim, deve-se se reconhecer também que dentro da liberdade de expressão, 
encontra-se albergado um aspecto negativo, a liberdade de não se expressar, como 
aduz Nuno e Sousa: 
“(...) garantida não aparece apenas a liberdade de expressão e informação, mas 
também a liberdade de não exprimir qualquer pensamento, de não se informar, de não 
fundar uma empresa de imprensa, de não dar informações; garante-se o exercício e o 
não exercício”. 
 
6.4 Liberdade de informação: 
No Estado Democrático de Direito é imprescindível a participação popular, e 
essa só é possível a partir do momento em que o homem tem conhecimento dos fatos 
e notícias que ocorrem no mundo social em que vive, podendo livremente informar a 
outros indivíduos, formando-se a opinião pública. Daí a importância que a liberdade de 
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informação adquiriu na Carta Constitucional brasileira, sendo assegurada como direito 
fundamental. 
A informação, aqui, deve ser entendida em seu sentido amplo, comportando to-
dos aqueles fatos e notícias veiculadas que podem formar a opinião pública, bem como 
a utilização de todos os meios possíveis, e realizada por todos os organismos que com-
põem a sociedade, sendo acima de tudo livre, para não se criar uma opinião pública 
manipulada e fraudulenta. 
Pode-se falar em informação individual, aquela que se dá entre as pessoas no 
cotidiano; estatal, aquela fornecida pelo estado; e massiva, que comporta os meios de 
comunicação de massa. 
A liberdade de informação nasceu sob o prisma dos direitos individuais, corrobo-
rado pelo conceito de liberdade, introduzido pelos movimentos revolucionários do sé-
culo XVIII, como liberdade relacionada ao direito de todo indivíduo manifestar
o seu 
pensamento, carregado da noção de individualismo. 
Modernamente, em decorrência de todos os avanços tecnológicos, econômicos 
e sociais, a liberdade de informação adquiriu um papel coletivo, no sentido de que toda 
a sociedade requer o acesso à informação, base de um real Estado Democrático de 
Direito, compreendendo tanto a aquisição como a comunicação de conhecimentos, 
conforme atesta José Afonso da Silva: 
“Nesse sentido, a liberdade de informação compreende a procura, o acesso, o 
recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem depen-
dência da censura, respondendo cada pelos abusos que cometer. ” 
Assim, verifica-se que a liberdade de informação comporta duas vertentes, que 
se relacionam intimamente: a liberdade de informar e o direito de ser informado. 
Essa é noção introduzida por Freitas Nobre: “A própria liberdade de informação 
encontra um direito à informação que não é pessoal, mas coletiva, porque inclui o direito 
de o povo ser bem-informado. ” 
O primeiro aspecto da liberdade de informação se caracteriza pelo direito de di-
fundir a informação através dos meios postos à disposição (liberdade de informar). 
Discorrendo sobre tal direito, Jónatas Machado faz uma interessante observa-
ção: 
“Relativamente ao direito de informar, o mesmo encontra-se intimamente relaci-
onado com a liberdade de imprensa e de comunicação social e com os direitos dos 
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jornalistas. No entanto, importante salientar que, particularmente no domínio da auto-
determinação político-democrática da comunidade, as ideias de verdade e objetividade, 
a despeito de suas limitações, assumem centralidade como instrumentos de salva-
guarda de bens jurídicos de natureza individual e coletiva. Isso se traduz na existência 
de uma obrigação de rigor e objetividade por parte das empresas jornalísticas e notici-
osas para além de uma obrigação de separação, sob reserva do epistemologicamente 
possível, entre afirmações de facto e juízos de valor, informações e comentários”. 
O segundo aspecto é o direito à informação, que compreende o direito coletivo 
de acesso à informação, de receber a informação anteriormente difundida. 
O direito à informação adquiriu papel preponderante dentro do conceito de direito 
de informação. Esse direito 
“(...) antes concebido como um direito individual, decorrente da liberdade de ma-
nifestação e expressão do pensamento, modernamente vem sendo entendido como 
dotado de força componente e interesse coletivos, a que corresponde, na realidade um 
direito coletivo à informação. ” 
Tratando sobre o direito à informação, já compreendido sob a ótica do interesse 
coletivo que o alberga, Jonatas Machado faz a seguinte consideração acerca do seu 
valor social: 
“Através dele [direito de ser informado] tem-se procurado ampliar a autonomia 
individual nos processos de formação de preferências e opiniões e reforçar a posição 
dos cidadãos em face dos meios de comunicação social, servindo o mesmo de justifi-
cação para a existência de um serviço público de rádio e de televisão, ou , pelo menos, 
de uma criteriosa regulamentação das atividades jornalística, de rádio fusão e de radi-
otelevisão, no sentido de garantir um serviço informativo e formativo de qualidade”. 
A informação, na realidade, é um poder. Ela tem o poder de influenciar, mudar a 
sociedade, por isso não pode ser tomada pela simples liberdade individual de informa-
ção, constitui-se um verdadeiro direito coletivo à informação: 
“Se a liberdade de expressão e de informação, nos seus primórdios, estava li-
gada à dimensão individualista da manifestação livre do pensamento e da opinião, via-
bilizando a crítica política contra o ancien regime, a evolução daquela liberdade operada 
pelo direito/dever à informação, especialmente com o reconhecimento do direito ao pú-
blico de estar suficientemente e corretamente informado; àquela dimensão individua-
lista-liberal foi acrescida uma outra dimensão de natureza coletiva: a de que a liberdade 
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de expressão e informação contribui para a formação da opinião pública pluralista – 
está cada vez mais essencial para o funcionamento dos regimes democráticos, a des-
peito dos anátemas eventualmente dirigidos contra a manipulação da opinião pública”. 
Ao lado da liberdade de informação compreendida como o direito de informar e 
o direito de ser informado, existe ainda um terceiro aspecto que se relaciona com os 
demais, trata-se do direito de se informar, que compreende o direito do indivíduo de ir 
em busca da informação, conforme atestam Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano 
Nunes Júnior: 
“O direito de se informar traduz igualmente uma limitação estatal diante da esfera 
individual. O indivíduo tem a permissão constitucional de pesquisar, de buscar informa-
ções, sem sofrer interferências do Poder Público, salvo as matérias sigilosas, nos ter-
mos do art. 5°, XXXIII, parte final”. 
A Constituição Federal abarcou esse sentido da liberdade de informação, como 
decorrência direta do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, já que a difusão da 
informação, e o acesso a esta são essenciais na formação do indivíduo. Além do que, 
consubstanciou em seu artigo 5º, inciso IV, a liberdade de manifestação de pensa-
mento, e em seus incisos XIV e XXXIII, o direito coletivo à informação. 
 
6.5 Distinção entre liberdade de expressão e liberdade de informação: 
Se é certo que existe uma liberdade de expressão plenamente assegurada pela 
Constituição de 1988, conforme já dito, não menos certa é a existência de uma liber-
dade de informação, que com aquela não se confunde, apesar de se relacionarem inti-
mamente uma com a outra, conforme atesta L.G. Grandinetti Castanho de Carvalho: 
“Por isso é importante sistematizar, de um lado, o direito de informação e, de 
outro, a liberdade de expressão. No primeiro está apenas a divulgação de fatos, dados, 
qualidades, objetivamente apuradas. No segundo está a livre expressão do pensa-
mento por qualquer meio, seja a criação artística ou literária, que inclui o cinema, o 
teatro, a novela, a ficção literária, as artes plásticas, a música, até mesmo a opinião 
publicada em jornal ou em qualquer outro veículo. ” 
Assim, pode-se claramente perceber que a liberdade de informação se encontra 
abarcada no conceito de liberdade de expressão tomada em seu aspecto lato, mas, 
como já dito, não se pode confundir os institutos. 
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A liberdade de informação não pode prescindir da análise da verdade da infor-
mação a ser veiculada, este é sem dúvida um dos requisitos essenciais na divulgação 
dos fatos, não sendo, por certo, característica intrínseca da liberdade de expressão, 
conforme suas nuances e contornos já apresentados. 
Sob esse aspecto, ressalta Castanho de Carvalho: 
“Todos os doutrinadores citados, mesmo os que, em maioria, adotam uma disci-
plina comum entre a expressão e informação, deparam-se com, pelo menos, uma dis-
tinção importante entre os dois institutos: a veracidade e a imparcialidade da informa-
ção. E é, justamente, em razão dessa distinção fundamental que se deve pensar em 
um direito de informação que seja distinto em sua natureza da liberdade de expressão.” 
Portanto diante da análise dos quadrantes em que se verifica a distinção entre a 
liberdade de expressão e a liberdade de informação, pode-se concluir sem nenhuma 
dúvida que: 
“(...) a distinção deve pautar-se por um critério de prevalência: haverá exercício 
do direito à informação quando a finalidade da manifestação for a comunicação de fatos 
noticiáveis, cuja caracterização vai repousar sobretudo no critério de sua veracidade. ” 
Assim, verifica-se de pronto a distinção entre os institutos. Enquanto na liberdade 
de expressão
encontra-se abarcado todos os fatos, pensamentos, opiniões, e crenças 
que desejam ser levados a conhecimento por aquele que se utiliza desse direito, não 
importando se são verdadeiras ou não, a liberdade de informação repousa na manifes-
tação, através de todo e qualquer instrumento (dimensão instrumental da liberdade), de 
fatos noticiáveis revestidos do caráter da veracidade. 
 
6.6 Conclusão 
Todo ser humano é dotado da característica de pensar, correlacionado direta-
mente a esse aspecto encontra-se o direito de manifestação do pensamento, que se 
qualifica pela exteriorização de s pensamentos até então guardados para o próprio in-
divíduo. 
A manifestação de pensamento encontra-se relacionada diretamente a liberdade 
de opinião, que se caracteriza pela liberdade de propagar sua opinião, até então interi-
orizada sob a forma de crenças e valores. 
15 
 
A liberdade de manifestação de pensamento e de opinião se manifesta através 
da liberdade de expressão, que compreende uma dimensão substantiva: a exterioriza-
ção de seus valores e crenças intrínsecos, e uma dimensão instrumental: a forma e os 
instrumentos para a sua exteriorização. 
A liberdade de informação é abarcada pela liberdade de expressão, e configura-
se pela liberdade de informar, de ser informado e de se informar. 
Apesar de sua correlação direta, a liberdade de expressão distingue-se da liber-
dade de informação na medida em que esta tem como fito a expressão de fatos notici-
áveis, onde resta imprescindível a análise da veracidade dos fatos a ser levada a co-
nhecimento. 
 
 INDENIZAÇÃO COM BASE NO ART. 5º/ CF: 
Art. 5º: 
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. ” 
A um inciso no artigo, que diz que – “São invioláveis a intimidade, a vida privada, 
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano mate-
rial ou moral decorrente de sua violação. ” 
Sobre a indenização: A solução indenizatória, num sentido ou noutro, desnivela 
a balança. Uma solução verdadeiramente equilibrada à luz do texto constitucional seria 
a definição de limites recíprocos entre a liberdade de expressão e o direito à privaci-
dade. 
O Projeto de Lei 393/2011, que tramita no Congresso Nacional, poderia ser alte-
rado para instituir esses limites recíprocos, por exemplo, limitando a possibilidade de 
concessão de liminares aos casos em que houvesse fundado risco de divulgação de 
dados sigilosos 
O Supremo Tribunal Federal também terá a chance de estabelecer parâmetros 
e balizas para a colisão entre o direito à privacidade e a liberdade de expressão, no 
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.815. 
 
 
16 
 
 DIREITO A INTIMIDADE: 
 
O direito intimidade por muita das vezes é considerado sinônimo de direito à 
privacidade. Entretanto, algo os difere, podemos dizer que o direito à privacidade tem 
sentido amplo, abrange todas as manifestações da esfera íntima, privada e da perso-
nalidade das pessoas. Já o direito a intimidade é abordado de forma mais especifica e 
referem-se às relações íntimas do indivíduo, suas relações familiares e de amizade da 
vida privada. 
Para facilitar ainda mais o nosso entendimento citaremos o conceito de intimi-
dade, segundo Rodrigo Rebello Pinho: 
“A qualidade do que é íntimo. Advém do latim, “intimus”, significando o que é 
interior a cada ser humano. É o direito de estar só, de não ser perturbado em sua vida 
particular.” 
Agora observando de outro ponto, e levando em consideração a intimidade re-
velada nas biografias nos surge o seguinte questionamento: Até que ponto pode expor 
a intimidade ao público? 
O Biografo deve respeitar determinados parâmetros, evitando o prejuízo de ex-
ceder-se nas informações e causar danos irreversíveis ao biografado, por exemplo, a 
exposição de um caso extraconjugal que fugia do conhecimento dos seguidores. 
Contudo, a certas informações que podem ser tornadas públicas e não ofende à 
honra, a dignidade e a privacidade do biografado. Para melhor esclarecimento podemos 
citar outro exemplo, o biografado em algum período da sua vida foi surpreendido com 
problemas de saúde e isso prejudicou o seu trabalho. Este é um assunto a primórdio é 
intimo, mas após envolver sua carreira torna-se de interesse público, sendo assim po-
derá seguramente ser abordado em sua biografia. 
Após conhecermos um pouco sobre o assunto, concluímos que ao revelar a vida 
intima de alguém o biografo deve agir com cautela, mantendo o equilíbrio entre o direito 
à intimidade e à liberdade de expressão. 
 
 
 
 
 
17 
 
 DIREITO A IMAGEM: 
 
A publicação da biografia não autorizada sofreu expressas restrições com a pro-
mulgação do Código Civil, em 2002. No capítulo que trata dos direitos da personali-
dade, o Código Civil, no artigo 20, prevê que a divulgação de escritos, a transmissão 
da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa 
poderão ser proibidas, a seu requerimento e prejuízo da indenização que couber, se 
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comer-
ciais, salvo se autorizadas ou se necessárias à administração da justiça ou à manuten-
ção da ordem pública, a publicação, exposição ou utilização da imagem de uma pessoa 
podem ser por ela proibidas, dispondo o artigo subsequente, cabendo ao juiz tomar as 
medidas necessárias, a requerimento do interessado, para impedi-las ou fazê-las ces-
sar, uma vez que “a vida privada da pessoa natural é inviolável” (art. 21 do CC). 
Além disso, a proteção específica da vida privada da pessoa humana não está 
apenas no Código Civil, como quer fazer crer o mencionado parecer. Essa tutela, hoje 
também presente nos artigos: 20 e 21, decorre direta e imediatamente do inciso X do 
art. 5º da Constituição, que dispõe: “X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material 
ou moral decorrente de sua violação”. A inviolabilidade da imagem da pessoa, consiste 
na tutela do aspecto físico de sua honra, configurando assim um bem jurídico pessoal, 
que deve permanecer sob domínio do indivíduo. 
De toda sorte, é conquista do direito moderno, tendo em vista as conquistas da 
vida em sociedade, os avanços tecnológicos na forma de captação, gravação e divul-
gação de imagens. 
Segundo a Jurista e Professora Maria Helena Diniz : “- O direito a imagem é o 
de ninguém ver o seu retrato exposto em público ou mercantilizado sem o seu consenso 
e o de não ter sua personalidade alterada material ou intelectualmente, causando danos 
à sua reputação.” 
Desta forma, toda pessoa tem a faculdade de preservar a sua imagem e impedir 
a sua divulgação, quando importe lesão à honra, à reputação, ao decoro, à intimidade 
e aos valores não patrimoniais da pessoa. De fato, a captação da imagem humana 
pode se dar tanto por meios fotográficos, de pinturas ou esculturas, como também por 
18 
 
meio de livro, filme ou novela da vida de pessoa notória. O lesado pode pleitear a repa-
ração pelo dano moral e patrimonial provocado pela violação de sua imagem (ou ima-
gem-atributo) e pela divulgação não autorizada de seus escritos. 
Em síntese, trata-se de um direito autônomo do indivíduo que tem o livre arbítrio 
de determinar quem pode gravar, utilizar, ou divulgar sua imagem. Sendo assim, a di-
vulgação arbitrária configura como manifestações danosas que atentam contra a digni-
dade e autonomia da pessoa. 
 
 DIREITO A PRIVACIDADE, ATÉ QUE
PONTO ISSO DEVE SER RES-
PEITADO: 
 
Assim como a liberdade de expressão, o direito à privacidade é considerado, 
pela constituição federal, um direito fundamental. Encontra-se explicitado em seu artigo 
5º- X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua vio-
lação. 
O direito à privacidade constitui um importante limite à atividade jornalística e de 
comunicação em geral. No que se refere às pessoas famosas, há que se destacar que 
elas, em comparação com as comuns, possuem menor proteção em relação a aspectos 
da sua privacidade. Todavia isso não significa que essa dimensão pública lhe retira o 
direito à privacidade, ocorre apenas uma limitação, continuando a valer-se dos instru-
mentos legais próprios para fazer cessar qualquer agressão. Neste trilhar, o que mais 
importa observar em relação às pessoas públicas e às comuns é a relevância da infor-
mação, visto que o direito à informação é impulsionado pelo interesse público. 
O direito à privacidade em relação as biografias não autorizadas, para um bio-
grafo escrever uma biografia ele dever atender 3 parâmetros. são eles o primeiro: deve 
ser uma pessoa pública, segundo: de interesse público, terceiro: dever ser uma fonte 
licita. 
Caso o biografo se exceda em sua biografia, cabe ao biografado tomar ás medi-
das judiciais, mas não a censura prévia. 
Direito à privacidade, até onde vai o limite do escritor? A vida privada e por si só, 
a pessoa e privada por natureza, mas a partir do momento que o tecido da vida dela se 
19 
 
mistura com o tecido público, ela se torna uma pessoa pública, por isso ela está sujeita 
a ser retratada. 
O biografo deve sempre respeitar a vida privada. No caso de ofensa, difamação, 
calunia ou injuria. Haverá medidas para coibir o biografo que se exceder. 
A intimidade que é revelada nas biografias, até que ponto podemos expor essa 
intimidade ao público? Ao ponto de essa intimidade for de interesse público. Podemos 
dar como exemplo a relação extraconjugal. Divulgar na biografia que o biografado tem 
um relacionamento extra conjugar até onde isso é de interesse público, até que ponto 
não ofende a dignidade, à honra, a privacidade, o âmbito privado. 
O biografo deve respeitar determinados parâmetros, para não poder se exceder 
e os danos ser irreversíveis. 
Mas certas intimidades podem ser divulgadas, e se tornar públicas. Pode se dar 
como exemplo alguma doença que o biografado possui, a princípio isso não importaria 
para o biografo, mas se a doença prejudica seu trabalho, por exemplo um cantor se ele 
começa a faltar a show, não fazer sua turnê ou escrever uma música a respeito. Então 
essa doença se torna de interesse público. 
Por isso deve haver sempre uma ponderação entre o direito à privacidade e o 
direito à liberdade de expressão. 
 
 ATÉ QUE PONTO A INTIMIDADE PODE SE TORNAR PÚBLICA? 
 
Somente o interesse legítimo e verdadeiro por parte da sociedade, protegido de 
mero sensacionalismo, justifica o intrometimento na esfera privada das personalidades 
notórias. 
Os direitos das personalidades públicas são restritos, contudo existem e devem 
ser sacrificados o mínimo possível, pois o seu núcleo essencial tem de ser preservado. 
As pessoas públicas têm, naturalmente, pela sua condição, os direitos à intimi-
dade e à vida privada restringidos, mas, de forma alguma, suprimidos. Sempre que o 
interesse público for legítimo e justificável, não haverá que se questionar o exercício da 
liberdade de expressão e informação, entretanto, se o que se verificar for tão somente 
uma forma de alimentar a mídia sensacionalista, então haverá que ser totalmente pre-
servada a intimidade e a vida privada das personalidades públicas. 
20 
 
Nesse sentido, a dignidade da pessoa humana deverá ser respeitada, pois os 
anseios de uma sociedade por informações não podem, de maneira alguma, desfigurar-
se e transformar-se em mera satisfação de curiosidade infundada e desprovida de re-
levância social. Portanto, a proteção da intimidade e da vida privada de uma personali-
dade pública é questão de grande relevância que merece especial atenção, inclusive, 
de forma maior do que a apresentada neste presente trabalho. Chega-se ao fim deste 
estudo, mas, de maneira alguma, encerra-se a discussão. 
Que fique, pois, a dúvida e a angústia, para que mais estudos e trabalhos sejam 
realizados com o intuito de aprofundar este tema complexo e de grande repercussão. 
 
 OFENSA E HONRA: 
Durante discussões, o Ministro do STF, deixou claro que, eventuais abusos por 
parte dos Biógrafos, como: Relatos de fatos inverídicos, ofensas a honra e imagem do 
indivíduo, podem levar a modelo de reparação, como por exemplo: indenizações, na 
qual, serão definidas pelo judiciário. Calúnia, difamação e injúria estão em ordem de-
crescente de gravidade. 
 Qual o significado de honra? Ainda que imaterial, é valor inerente à dignidade 
humana. Conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais da pessoa, que lhe confe-
rem autoestima e reputação. Quando tratamos de autoestima, falamos de honra sub-
jetiva. A reputação está relacionada com a honra objetiva. 
 Honra objetiva pode ser compreendida como o juízo que terceiros fazem 
acerca dos atributos de alguém. Honra subjetiva, o juízo que determinada pessoa faz 
acerca de seus próprios atributos. A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva. 
A injúria atinge à honra subjetiva. São todos crimes formais, pois ainda que a lesão ao 
bem esteja prevista, não é necessária, bastando que o meio seja relativamente idô-
neo, ou seja, capaz eventualmente de atingir o resultado. 
 Em nosso sistema penal, não há livre censura de atributos alheios, ou de seus 
comportamentos, bem como não podemos expor nossos pensamentos a seu respeito. 
Essa é a essência dos raciocínios ligados com os crimes contra a honra. Ainda que 
seja “verdade” não deve ser dito. É que a ofensa sempre gera tumulto, violência na 
sociedade, e o Estado tenta a todo custo diminuir a violência. Se o fato já é de conhe-
21 
 
cimento público, prevalece que não há difamação, pela ausência de risco ao bem jurí-
dico. No entanto, é óbvio que as pessoas marginalizadas também têm honra, e direito 
a defendê-la. 
 
 INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL: 
Art. 20: 
 “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manu-
tenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão de palavra, ou a pu-
blicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, 
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, 
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.” 
 
O Art. 20, faculta ao interessado pleitear a proibição da divulgação de escritos, 
a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de 
uma pessoa, sem prejuízo da indenização que couber, se for atingida a honra, a boa 
fama ou a respeitabilidade ou se destinarem a fins comerciais. Entretanto, não pode 
deixar de ser levado em conta o aspecto do agente que se recusa a divulgar sua ima-
gem sob qualquer fundamento, respeitando sempre o interesse público nessa divulga-
ção. Antes mesmo da divulgação, há que se levar em conta o ato da captação da ima-
gem, que também pode não ser de interesse do agente. A simples captação da imagem 
pode, nesse prisma, configurar ato ilícito. O princípio geral é no sentido de que qualquer 
pessoa pode impedir tais formas de divulgação. 
Art. 21: 
“A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento
do inte-
ressado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário 
a esta norma.” 
O Art. 21, trata de que a vida privada da pessoa natural é inviolável e que a 
pedido da pessoa, do biografado, o juiz poderá tomar providencias necessárias para 
impedir as práticas contrarias a esta norma. 
Entretanto o STF julgou procedente a Adin n.4815, que diz em seu texto :” O 
Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, julgou procedente o pe-
dido formulado na ação direta para dar interpretação conforme à Constituição aos arti-
22 
 
gos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os di-
reitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artís-
tica, produção científica , declarar inexigível o consentimento de pessoa biografada re-
lativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessá-
ria autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em 
caso de pessoas falecidas).” 
Que diz que não será mais necessária a autorização prévia do biografado para 
que a biografia seja publicada. Sendo desnecessária também a autorização dos coad-
juvantes ali citados, ou até mesmo de seus familiares se a biografia se tratar de pessoas 
já falecidas. 
O que podemos entender também, é que ao consultar o biografado sobre o que 
se pode escrever sobre ele, o escritor estará perdendo seu direito de expressão que é 
constitucional.

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