Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profª Drª Simone F. Souza Aula 9 Campo Magnético Introdução As aplicações das forças magnéticas e dos campos magnéticos são incontáveis: transporte de material em fundições, motores elétricos, fornos de microondas, alto falantes, impressoras de computadores, discos magnéticos usados nos computadores, telefones celulares. Um dos aspectos mais familiares do magnetismo é aquele associado ao ímã permanente, que atraí objetos de ferro não imantados e também atraí ou repele outro imã. Contudo a natureza fundamental do magnetismo é a interação produzida por cargas elétricas que se movem. O termo magnetismo provém da região da Magnésia, uma província da Grécia onde certas rochas, chamadas magnetitas, possuem a propriedade surpreendente de atrair pedaços de ferro. Esses fragmentos são hoje conhecidos como ímãs permanentes. No século dezesseis, William Gilbert, físico e médico da rainha Elizabeth I, confeccionou ímãs artificiais esfregando pedaços de ferro comum em pedaços de magnetita. Os ímãs foram primeiro empregados em bússolas e usados para navegação pelos chineses no século doze. Ele também sugeriu que um bússola sempre se alinha com a direção norte-sul porque a Terra possui propriedades de um ímã. Os campos da eletricidade e do magnetismo desenvolveram-se quase que independentemente um do outro até 1820. Logo depois, o físico francês Andre-Marie Ampère propôs que as correntes elétricas fossem as fontes de todos os fenômenos magnéticos. Quando um professor de ciências dinamarquês, chamado Hans Christian Oersted, descobriu durante uma demonstração em sala de aula (em 1819) que uma corrente elétrica afeta uma bússola magnética. Ele viu a evidência que confirmava a existência de uma relação entre o magnetismo e a eletricidade. O que produz um campo Magnético? Uma vez que o campo elétrico é produzido por cargas elétricas, seria natural que o campo magnético fosse produzido por cargas magnéticas. Entretanto, até o momento, não há comprovação experimental da existência de tais cargas magnéticas (monopolos magnéticos). Os polos magnéticos sempre existem formando pares. Os campos magnéticos podem ser produzidos de duas formas: 1) Usando partículas eletricamente carregadas em movimento (como uma corrente elétrica em um fio). 2) Usando partículas elementares, como os elétrons, que possuem um campo magnético intrínseco. O campo magnético é uma propriedade básica de muitas partículas elementares, do mesmo modo como a massa e a carga elétrica. Para definir o campo magnético vamos usar o fato experimental de que quanto uma partícula com carga elétrica se move na presença de um campo magnético, uma força magnética age sobre a partícula. Determinamos o campo elétrico em um ponto colocando uma carga de prova neste ponto e medindo a força que age sobre a partícula. Logo, usamos dois passos para descrever a interação elétrica: 1) Uma distribuição de cargas elétricas cria um campo elétrico 𝐸 no espaço em torno da distribuição. 2) O campo elétrico exerce uma força 𝐹 = 𝑞𝐸 sobre qualquer carga de prova q que esteja presente no campo. Se dispuséssemos de um monopolo magnético, poderíamos definir o campo magnético exatamente da mesma forma, entretanto isso não é possível. Todavia, vamos descrever as interações magnéticas de forma análoga. 1) Uma carga móvel ou uma corrente elétrica cria um campo magnético em suas vizinhanças (além do campo elétrico). 2) O campo magnético exerce uma força sobre qualquer outra corrente ou carga que se mova no interior do campo. Neste momento vamos nos concentrar no segundo aspecto da interação: considerando um certo campo magnético, qual é a força que ele exerce sobre uma corrente ou uma carga que se move? Experimentalmente, mede-se a força 𝐹 𝐵 que age sobre uma partícula quando ela passa (com várias velocidades e direções) pelo ponto no qual 𝐵 está sendo medido. Depois de executar vários experimentos desse tipo, constatamos quatro características da força magnética: 1) O seu módulo é proporcional ao módulo da carga. Se uma carga de 1µC se move com a mesma velocidade e direção de uma carga de 2µC no interior de um campo magnético, a força magnética sobre a carga de 2µC é duas vezes maior. 2) O módulo da força é proporcional ao módulo do campo magnético. Se dobrarmos o valor do módulo do campo (por exemplo, usando dois ímãs idênticos em vez de um) sem alterar o valor da carga ou de sua velocidade, a força dobra. 3) A força magnética depende da velocidade da partícula. Esse comportamento é bastante diferente da força elétrica, que é sempre a mesma independentemente de a carga estar em repouso ou em movimento. 4) A força magnética não possui a mesma direção do campo magnético. Esta atua sempre em uma direção simultaneamente perpendicular à direção do campo magnético e à direção da velocidade. Com os experimentos verificou-se que quando a velocidade 𝑣 da partícula tem uma certa direção, a força 𝐹 𝐵 é zero. Para todas as outras direções de 𝑣 o módulo de 𝐹 𝐵 é proporcional a vsinՓ, onde Փ é o ângulo entre a direção em que a força é zero e a direção de 𝑣 . Dessa forma, definiu-se um campo magnético 𝑩 como uma grandeza vetorial cuja direção coincide com aquela para a qual a força é zero. Depois de medir 𝐹 𝐵 para 𝑣 perpendicular a 𝐵 , foi definido o módulo do campo magnético em termos do módulo da força: Podemos expressar todos esses resultados experimentais através da seguinte equação vetorial: Podemos escrever o módulo da força magnética na forma: Essa equação é válida tanto para cargas positivas quanto para cargas negativas. Se q é negativa, o sentido de 𝐹 𝐵 é contrário ao sentido do produto vetorial. As figuras abaixo mostram diversos exemplos de relações entre as direções e os sentidos de 𝐹 , 𝑣 e 𝐵: Cientista sérvio Nikola Tesla (1856-1943). Determinação da força magnética Para determinar a direção e o sentido de 𝐹 𝐵 faremos uso da regra da mão direita: A força 𝐹 𝐵 que age sobre uma partícula carregada que se move com velocidade 𝑣 na presença de um campo magnético 𝐵 é sempre perpendicular a 𝑣 e a 𝐵. Assim, a componente de 𝐹 𝐵 na direção de 𝑣 é sempre nula. Isso significa que 𝑭𝑩 não pode mudar a velocidade escalar v da partícula (e, portanto, não pode mudar a energia cinética da partícula). A força 𝐹 𝐵 pode mudar apenas a direção 𝑣 (ou seja, a trajetória da partícula; esse é o único tipo de aceleração que 𝐹 𝐵 pode imprimir à partícula. Linhas de campo magnético Como no caso do campo elétrico, podemos representar o campo magnético através de linhas de campo. As regras são as mesmas: (1) A direção da tangente a uma linha de campo magnético em qualquer ponto fornece a direção de 𝐵 neste ponto. (2) O espaçamento das linhas representa o módulo de 𝑩; quanto mais intenso o campo, mais próximas estão as linhas, e vice-versa. Ímã em forma de barra. Todas as linhas passam pelo interior do ímã e formam curvas fechadas. O campo magnético externo é mais intenso perto das extremidades do ímã. As linhas de campo entram pelo ímã por uma das extremidades e sem pela outra. Como um ímã possui dois polos, dizemos que possui um dipolo magnético. As linhas de campo apontam para fora dos polos norte (N) e para dentro dos polos sul (S). Podemos ter outros tipos geométricos de ímãs ( forma de ferradura, forma de C, etc). Independente da forma do ímã, quandocolocamos dois ímãs próximos um do outro sempre observamos o seguinte: A Terra possui um campo magnético que é produzido no interior do planeta por um mecanismo até hoje pouco conhecido. Na superfície terrestre podemos observar esse campo com o auxílio de uma bússola, constituída por um ímã fino em forma de barra montado em um eixo de baixo atrito. Exemplo 1: força magnética sobre uma partícula em movimento. Aplicações de movimento e partículas carregadas Vamos agora descrever algumas aplicações dos princípios introduzidos até o momento. Seletor de velocidades Em um feixe de partículas carregadas gerado por um cátodo quente ou por um material radioativo, nem todas as partículas se movem com a mesma velocidade. Muitas aplicações, porém requerem um feixe em que a velocidade de todas as partículas seja igual. Podemos selecionar partículas com velocidade específicas mediante um seletor de velocidades, que usa campos elétricos e magnéticos . A figura mostra uma partícula carregada com carga q, massa m e velocidade v entrando em uma região do espaço onde existe um campo magnético e um campo elétrico, ambos perpendiculares à velocidade da partícula. O campo elétrico 𝐸 está orientado da direita para a esquerda e o campo 𝐵 está entrando no plano da figura. Quando q é positivo, a força elétrica com módulo qE é orientada da direita para a esquerda e a força magnética com módulo qvB é orientada da esquerda para a direita (regra da mão direita). Logo, as duas forças estão em oposição. Podemos ajustar os valores de E e B, para um valor particular de v, para o qual a força elétrica possuirá módulo igual ao da força magnética. A força resultante é igual a zero e a partícula se desloca em linha reta com velocidade constante. Somente partículas com velocidades iguais a E/B podem passar através do campo sem sofrer nenhum desvio. Ajustando os valores de E e B de modo apropriado, podemos selecionar partículas com determinadas velocidades para serem usadas em outras experiências. Experiência de Thomson para determinar a razão e/m O Físico britânico Joseph John Thomson (1856 – 1940), realizando uma das experiências que marcaram o final do século XIX, aplicou a ideia descrita anteriormente para medir a razão entre a carga e a massa do elétron. Essa experiência foi realizada em 1897. Em um recipiente de vidro sob vácuo, os elétrons provenientes de um catodo quente são acelerados e agrupados em um feixe por uma diferença de potencial V. A velocidade v dos elétrons é determinada pelo potencial V que os acelera. A energia cinética é igual à diferença de potencial: Os elétrons passam entre as placas P e P’ e colidem com a tela no final do tubo, que é recoberto com um material que se torna fluorescente no ponto onde ocorre a colisão. Como vimos anteriormente, os elétrons passam pelo tubo ao longo de uma trajetória retilínea quanto v = E/B. Combinando esse resultado com aquele do último slide: Todas as grandezas do membro direito podem ser medidas, portanto, a razão e/m entre a carga e a massa do elétron pode ser determinada. O aspecto mais relevante das medidas de Thomson de e/m é que ele encontrou um único valor para essa grandeza. Ela não dependia do material do catodo, do gás residual do tudo, nem de nenhum outro parâmetro da experiência. Essa independência mostrou que as partículas do feixe – agora chamadas de elétrons - constituem um componente comum de toda matéria. O valor encontrado por Thomson foi O valor aceito atualmente é O efeito Hall Como vimos, um feixe de elétrons no vácuo pode ser desviado por um campo magnético. Será que os elétrons que se movem no interior de um fio de cobre também podem ser desviados por um campo magnético? Em 1879, Edwin H. Halll, na época aluno de doutorado de 24 anos, mostrou que sim. Esse efeito, que ficou conhecido com efeito Hall, permite verificar duas questões: (1) se os portadores de carga em um condutor são positivos ou negativos. (2) medir o número de portadores por unidade de volume do condutor. A figura mostra uma fita de cobre de largura d percorrida por uma corrente i cujo sentido convencional é de cima para baixo. Os portadores de corrente são elétrons que, como sabemos, se movem (com velocidade de deriva 𝑣𝑑) no sentido oposto, de baixo para cima. No instante mostrado na figura, um campo magnético externo 𝑩, que aponta para dentro do papel, acaba de ser ligado. Como mostrado na figura, o campo exerce uma força magnética 𝐹 𝐵 sobre os elétrons de condução, desviando-os para o lado direito da fita. Com o passar do tempo os elétrons se movem para a direita acumulando-se na borda direita da fita e deixando cargas positivas não compensadas em posições fixas na borda esquerda. A separação das cargas positivas e negativas produz um campo elétrico 𝐸 no interior da fita que aponta da esquerda para a direita. O campo exerce uma força 𝐹 𝐸 sobre os elétrons, desviando-os para a esquerda. Os elétrons continuam a se acumular na borda direita da fita, até que a força exercida pelo campo elétrico sobre os elétrons equilibre exatamente a força exercida pelo campo magnético. Quando isso acontece, as forças 𝐹 𝐸 e 𝐹 𝐵 têm módulos iguais e sentidos opostos. Os elétrons passam a se mover em linha reta em direção ao alto da página com velocidade 𝑣𝑑 e o campo elétrico pára de aumentar. O campo elétrico entre as bordas da fita está associado a uma diferença de potencial (que recebeu o nome de diferença de potencial de Hall) dada por: Ligando um voltímetro às bordas da fita podemos medir a diferença de potencial e descobrir em qual das bordas o potencial é maior. Para a situação da figura, observaríamos que o potencial é maior na borda da esquerda. Vamos supor que os portadores de carga responsáveis pela corrente i tivessem carga positiva. O que aconteceria nesse caso? Neste caso, os portadores positivos estariam se movendo de cima para baixo, seriam desviados para a borda da direita (visualize com a regra da mão direita) pela força 𝐹 𝐵 e o potencial seria maior na borda da direita, o que não estaria de acordo com a leitura do voltímetro. A leitura obtida indica, portanto, que os portadores de carga têm carga negativa. Vamos passar para a parte quantitativa. Quando as forças elétrica e magnética estão em equilíbrio, teremos: (1) Podemos relacionar a velocidade de deriva com o número de portadores de carga, através da densidade de corrente (J): Onde A é a área de seção reta da fita e n é o número de portadores por unidade de volume. Lembrando que e combinando as equações (1) e (2), teremos: A equação acima permite calcular o valor de n a partir de grandezas conhecidas. (2) Uma partícula carregada em movimento circular Exemplo 2 (1) Como o campo o campo magnético uniforme faz com que o íon descreva uma trajetória circular, podemos relacionar a massa do íon ao raio r da trajetória através da equação: De acordo com a figura, r = x/2 e conhecemos o módulo de B. Entretanto, não conhecemos a velocidade depois que são acelerados pela diferença de potencial. (2) Para determinar a relação entre v e V usamos o fato de que a energia mecânica é conservada durante a aceleração. Força magnética em um fio flexível percorrido por corrente Já vimos que um campo magnético exerce uma força lateral sobre os elétrons que se movem emum fio. Essa força, naturalmente, é transmitida para o fio, já que os elétrons não podem deixá-lo. A figura (a) mostra um fio vertical flexível, que não conduz corrente e está preso nas duas extremidades. Este fio é colocado em um campo magnético dirigido pra fora da tela (ou do papel). Na figura (b) uma corrente dirigida para cima passa a circular no fio, que se encurva para a direita. Na figura (c) o sentido da corrente é invertido e o fio se encurva para a esquerda. O que acontece no interior do fio? A figura ao lado mostra uma vista amplificada do fio. Um dos elétrons se move para baixo com velocidade de deriva 𝑣𝑑 . Neste caso, a velocidade é perpendicular ao campo magnético e uma força 𝐹𝐵 de módulo 𝑒𝑣𝑑𝐵 age sobre o elétron. A força aponta para a direita (regra da mão direita): Esperamos, portanto, que o fio como um todo experimente uma força para a direita, como mostra a figura ao lado. Se invertermos o sentido da corrente ou o sentido do campo magnético, a força exercida sobre o fio mudará de sentido e passará a apontar para a esquerda. Observe também que não importa se considerarmos cargas negativas se movendo para baixo ou cargas positivas se movendo para cima; nos dois casos o sentido da força é o mesmo. Podemos imaginar, portanto, para efeito de cálculo, que a corrente é constituída por cargas positivas. Considere um trecho do fio de comprimento L na figura ao lado. Após um intervalo de tempo t = L/𝑣𝑑, todos os elétrons de condução desse trecho passam pelo plano xx. Assim, nesse intervalo de tempo uma carga dada por passa pelo plano xx. Essa equação permite calcular a força magnética que age sobre um trecho do fio retilíneo de comprimento L percorrido por uma corrente i submetido a um campo magnético perpendicular ao fio. Substituindo na equação que fornece o módulo da força magnética, teremos: Se o campo magnético não é perpendicular ao fio, a força magnética é dada por uma generalização da última equação: onde 𝐿 é um “vetor comprimento” de módulo L, com direção do trecho de fio e o sentido (convencional) da corrente. O módulo da força é dado por: sendo Փ o ângulo entre as direções de 𝐿 e 𝐵. A equação (1) é equivalente à no sentido de que qualquer da duas pode ser usada como equação de definição de 𝐵. Na prática definimos 𝐵 através da equação com a corrente, porque é muito mais fácil medir a força magnética que age sobre um fio percorrido por uma corrente do que a força que age sobre uma partícula em movimento. (1) Se o fio não é retilíneo ou o campo não é uniforme podemos dividir mentalmente o fio em pequenos segmentos retilíneos e aplicar a equação (1) do slide anterior em cada segmento. No caso de segmentos infinitesimais: A força que age sobre o fio como um todo é a soma vetorial das forças que agem sobre os segmentos em que foi dividido. Exemplo 3: força magnética em um fio percorrido por corrente Torque em uma espira percorrida por corrente Boa parte do trabalho do mundo é realizada por motores elétricos. As forças responsáveis por esse trabalho são as forças magnéticas que estudamos na seção anterior, ou seja, as forças que um campo magnético exerce sobre fios percorridos por correntes. A figura ao lado mostra um motor simples, constituído por uma espira percorrida por uma corrente e submetida a um campo magnético. As forças magnéticas 𝐹 e - 𝐹 produzem um torque na espira que tende a fazê-la girar em torno do eixo central. Vamos analisar esse efeito de rotação. A figura ao lado mostra uma espira retangular de lados a e b percorrida por uma corrente i e submetida a um campo magnético uniforme 𝐵. Para definir a orientação da espira em relação ao campo magnético usamos um vetor normal 𝑛 que é perpendicular ao plano da espira. Quando os dedos da mão direita apontam na direção da corrente em um lado qualquer da espira, o polegar estendido aponta na direção do vetor normal 𝑛. Colocamos a espira no campo de tal forma que os lados mais compridos, 1 e 3, estão sempre perpendiculares à direção do campo. Na figura ao lado, o vetor normal da espira é mostrado fazendo um ângulo qualquer θ com a orientação do campo magnético 𝐵 . Estamos interessados em calcular a força total e o torque total que agem sobre a espira nessa orientação. A força total que age sobre a espira é a soma vetorial das forças que agem sobre os quatro lados. No caso do lado 2 o vetor 𝐿 na equação abaixo aponta na direção da corrente e tem módulo b^: O ângulo entre 𝐿 e 𝐵 para o lado 2 é 90º+θ. Assim, o módulo da força que age sobre esse lado é dado por: É fácil mostrar que a força 𝐹 4 que age sobre o lado 4 tem o mesmo módulo que 𝐹 2 e o sentido oposto. Assim, essas forças se cancelam. A força total associada aos lados 2 e 4 é zero. Perceba que 𝐹 2 é perpendicular ao lado b da espira, saindo do plano da página. Além disso, como as duas forças estão aplicadas ao longo de uma reta que coincide como eixo de rotação da espira, o torque total produzido por essas forças também é zero. Como mostra a figura acima, as duas forças não estão aplicadas ao longo da mesma reta e, portanto, o torque associado a essas forças não é zero. A situação é diferente para os lados 1 e 3. O torque tende a fazer a espira girar em um sentido tal que o vetor normal 𝑛 se alinhe com a direção do campo magnético 𝐵. Esse torque tem o seguinte braço de alavanca (em relação ao eixo da espira): Neste caso 𝐿 é sempre perpendicular a 𝐵, o módulo das forças é 𝐹1 = 𝐹3 = 𝑖𝑎𝐵 , independentemente do valor de θ. Como as forças têm sentidos opostos não tendem a mover a espira para cima ou para baixo. Suponha que a espira única seja substituída por uma bobina de N espiras. Suponha ainda que as espiras sejam enroladas tão juntas que se possa supor que todas têm aproximadamente as mesmas dimensões e estão no mesmo plano. O módulo do torque produzido pelas forças 𝐹1 𝑒 𝐹3 é portanto Neste caso, as espiras formam uma bobina plana e um torque com módulo dado como na equação acima age sobre cada uma delas. O módulo do torque total que age sobre a bobina é, portanto, onde A = ab é a área limitada pela bobina. O produto entre parênteses envolve somente as propriedades da bobina.
Compartilhar