Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Membrana Plasmática Eduardo Gonçalves Pereira – Biomedicina UMESP 2018 Toda a célula, seja procarionte ou eucarionte, apresenta uma membrana que isola do meio exterior, a membrana plasmática. Seus componentes mais abundantes são fosfolipídios, colesterol e proteínas, por isso que se costuma dizer que as membranas plasmáticas têm constituição lipoprotéica. Os lipídios estabilizam a integridade física da membrana e criam uma barreira efetiva que impede a rápida passagem de materiais hidrofílicos, como água e íons. Além disso, a bicamada fosfolipídica funciona como “lago” lipídico, no qual uma variedade de proteínas “flutua”. Esse modelo geral é conhecido como modelo do mosaico-fluido. A membrana é constituída basicamente por lipídeos e possui duas regiões distintas: • Região hidrofílica: A região da “cabeça” que contém fosforo de um fosfolipídio e é eletricamente carregada e, desta forma, se associa a moléculas polares de água. • Região hidrofóbica: As longas “caudas” de ácidos graxos não polares de um fosfolipídio se associam a outros materiais não polares, mas não são solúveis em agua ou capazes de se associarem a substancias hidrofílicas. De acordo com o modelo do mosaico-fluido, as proteínas e lipídeos de uma membrana são independentes uns dos outros e interagem apenas de forma não covalente. As extremidades polares das proteínas podem interagir com as extremidades polares dos lipídios, e as regiões não polares de ambos os tipos de moléculas podem interagir hidrofobicamente. Existem dois tipos básicos de proteínas de membrana: • Proteínas integrais de membrana: Possuem domínios hidrofóbicos e penetram na bicamada. • Proteínas periféricas de membrana: Não possuem domínios hidrofóbicos e não se inserem na bicamada. Ao invés disso elas apresentam regiões carregadas ou polares que interagem com regiões semelhantes. Algumas proteínas denominadas transmembrana atravessam completamente a bicamada. Funções das proteínas nas membranas: • Atuam nos mecanismos de transporte, permitindo a passagem de substâncias para dentro e para fora da célula; • Encarregadas de receber sinais de substâncias que levam alguma mensagem para a célula; • Favorecem a adesão de células adjacentes em um tecido; • Servem como ponto de ancoragem para o citoesqueleto. Carboidratos de membrana são sítios de reconhecimento Carboidratos ligados a proteínas, formando glicoproteínas, que possibilitam que a célula seja reconhecida por outras células e proteínas. Quando é ligada a fosfolipídios, forma os glicolipídios, projetam-se da superfície externa da membrana plasmática e atuam como sinais de reconhecimento. Por exemplo, o carboidrato de alguns glicolipídios sofre alterações se a célula se torna cancerosa. Essas alterações podem permitir que células brancas sanguíneas reconheçam as células cancerosas levando à sua destruição. Diferença entre Reconhecimento celular e Adesão celular Reconhecimento celular: Uma célula especificamente se liga a outra de um tipo determinado. Adesão celular: A conexão entre duas células é forçada. Tais processos de reconhecimento e adesão celulares em tecido específico e em espécie específica são essenciais para a formação e manutenção dos tecidos e organismos pluricelulares. Imagine o seu próprio organismo. O que mantém as células musculares associadas aos seus pares e a pele sob a forma de pele? A adesão celular especifica é uma característica tão óbvia em um organismo complexo, que facilmente passa despercebida. Três tipos de junções celulares conectam células adjacentes Essas estruturas especializadas, denominadas junções celulares, são mais evidentes se visualizadas em micrografias eletrônicas de tecidos epiteliais, camadas de células que revestem as cavidades do organismo ou que cobrem as superfícies corpóreas. Junções aderentes: Formam uma superfície que lembra a costura em uma colcha de retalhos, impedindo o movimento de materiais solubilizados através do espaço existente entre as células epiteliais. Desmossomos: Unem firmemente células adjacentes, mas permitem que substâncias se movam em torno deles, no espaço intercelular. Junções gap: Permitem a comunicação entre células adjacente. Cada junção gap é formada por um canal de proteínas especializadas, denominado conexon, que atravessa as membranas plasmáticas e o espaço intercelular de duas células adjacentes. Processos de transporte da membrana As membranas biológicas permitem a passagem de algumas substâncias, mas impedem o trânsito de outras. Essa característica das membranas é referida como permeabilidade seletiva. A permeabilidade seletiva permite que a membrana determine quais substâncias poderão penetrar ou sair de uma célula ou organela. As membranas são classificadas de acordo com a permeabilidade, em 4 tipos: • Permeável: permite a passagem do solvente e do soluto; • Impermeável: não permite a passagem do solvente nem do soluto; • Semipermeável: permite a passagem do solvente, mas não do soluto; • Seletivamente permeável: permite a passagem do solvente e de alguns tipos de soluto. Existem dois processos, fundamentalmente diferentes, através dos quais substâncias podem atravessar membranas biológicas: • Os processos de transporte passivo não necessitam de qualquer energia externa para ocorrer. • Os processos de transporte ativo necessitam de aporte de energia química a partir de uma fonte externa. Difusão e Osmose A velocidade de difusão de uma substância depende de quatro fatores: • O diâmetro de uma molécula ou íon: moléculas menores difundem mais rapidamente. • A temperatura da solução: temperaturas mais elevadas levam a uma difusão mais rápida, pois os íons ou moléculas terão maior energia e, portanto, se moverão mais rápido. • A carga elétrica, se existente, do material de difusão. • O gradiente de concentração no sistema – ou seja, a diferença na concentração de soluto, ao longo da distância, em uma deter- minada direção: quanto maior for o gradiente de concentração, mais rapidamente a substância difundirá. Difusão Simples Na difusão simples, pequenas moléculas passam através da bicamada fosfolipídica da membrana. Uma molécula hidrofóbica, e, portanto, solúvel em lipídeos, penetra facilmente na membrana sendo assim capaz de passar através dela. Quanto mais solúvel em lipídeos for, mais rapidamente ela difundirá através da bicamada da membrana. Por outro lado, moléculas polares ou carregadas eletricamente, tais como aminoácidos, açúcares e íons não são capazes de atravessar facilmente a membrana por dois motivos: • O interior da membrana é hidrofóbico, e substâncias hidrofílicas tendem a ser excluídas desse meio. • As células são compostas por agua e se encontram nela; substâncias polares formam muitas pontes de hidrogênio com água, e íons são envoltos por moléculas de água, o que evita que eles “escapem” para a membrana. Difusão Facilitada Substâncias polares, como aminoácidos e açúcares, e substâncias carregadas, como íons, não difundem facilmente através de membranas. No entanto, podem atravessar a bicamada fosfolipídica hidrofóbica passivamente (ou seja, sem o aporte de energia) via dois caminhos: • Proteínas integrais de membrana podem formar canais através dos quais essas substâncias passam. • A ligação a uma proteína de membrana denominada de proteína carreadora pode acelerar a difusão dessas substâncias. A passagem é facilitada pela existência de uma moléculatransportadora chamada permease na membrana. Ambos os processos são formas de difusão facilitada. Outra forma de difusão facilitada envolve não apenas a abertura de um canal, mas uma ligação da substância a ser transportada a proteínas da membrana. Essas denominam-se proteínas carreadoras e, da mesma forma que os canais proteicos, permitem difusão tanto dentro quanto para fora da célula. Proteínas carreadoras transportam moléculas polares, tais como açúcares e aminoácidos. Osmose A água se movimenta livremente através da membrana, sempre do local de menor concentração de soluto para o de maior concentração. A pressão com a qual a água é forçada a atravessar a membrana é conhecida por pressão osmótica. A osmose não é influenciada pela natureza do soluto, mas pelo número de partículas. A osmose pode provocar alterações de volume celular. Uma hemácia humana é isotônica em relação a uma solução de cloreto de sódio a 0,9% (“solução fisiológica”). Caso seja colocada em um meio com maior concentração, perde água e murcha. Se estiver em um meio mais diluído (hipotônico), absorve água por osmose e aumenta seu volume, podendo romper (hemólise). Três termos são usados para comparar a concentração de solutos entre duas soluções separadas por uma membrana: • Soluções isotônicas: apresentam iguais concentrações de solutos. • Soluções hipertônicas: possuem maior concentração de solutos do que a solução com a qual está ́sendo comparada. • Soluções hipotônicas: possuem menor concentração de solutos do que a solução com a qual está ́sendo comparada. Transporte Ativo Em diferentes situações biológicas, uma pequena molécula ou um íon deve se mover através de uma membrana de uma região de menor concentração para uma de maior concentração. Nesses casos, a substância não pode deslocar-se via difusão. O movimento de qualquer substância através de uma membrana biológica contra um gradiente de concentração – denominado transporte ativo – requer gasto de energia química. Três tipos de proteínas de membrana estão envolvidas no transporte ativo: • Uniportes: Transportam uma única substância, ou soluto, em uma direção. Por exemplo, uma proteína de ligação a cálcio encontrada na membrana plasmática e no retículo endoplasmático de diversos tipos de células, transporta ativamente o Ca2+ para regiões onde esse íon já se encontra em altas concentrações, ou seja, até fora da célula e para dentro do retículo endoplasmático. • Simportes: Transportam dois solutos na mesma direção. Por exemplo, a absorção de aminoácidos, a partir do intestino pelas células que o revestem, requer ligação simultânea de Na+ e de um aminoácido à mesma proteína transportadora. • Antiportes: transportam dois solutos em direções opostas, um para o interior e outro para o exterior da célula. Por exemplo, diversas células possuem uma bomba de sódio- potássio que transporta Na+ para fora da célula • O transporte ativo primário e o secundário contam com fontes de energia diferentes Existem dois tipos básicos de transporte ativo: • O transporte ativo primário requer a participação direta da molécula de ATP, rica em energia. • O transporte ativo secundário não usa ATP diretamente; ao invés disso, a energia é fornecida por um gradiente de concentração iônico estabelecido pelo transporte ativo primário. Transporte ativo primário: a bomba de sódio-potássio A bomba de sódio e potássio é um exemplo de transporte ativo. A concentração do sódio é maior no meio extracelular enquanto a de potássio é maior no meio intracelular. A manutenção dessas concentrações é realizada pelas proteínas transportadoras descritas anteriormente que capturam íons sódio (Na+) no citoplasma e bombeia-os para fora da célula. No meio extracelular, capturam os íons potássio (K+) e os bombeiam para o meio interno. Se não houvesse um transporte ativo eficiente, a concentração destes íons iria se igualar. Desse modo, a bomba de sódio e potássio é importante uma vez que estabelece a diferença de carga elétrica entre os dois lados da membrana que é fundamental para as células musculares e nervosas e promove a facilitação da penetração de aminoácidos e açúcares. Além disso, a manutenção de alta concentração de potássio dentro da célula é importante para síntese de proteína e respiração e o bombeamento de sódio para o meio extracelular permite a manutenção do equilíbrio osmótico. Como moléculas grandes entram em uma célula e saem da membrana? Macromoléculas como proteínas, polissacarídeos e ácidos nucleicos são definitivamente muito grandes e carregadas (ou polares) para atravessarem as membranas biológicas. As células devem eventualmente captar ou secretar grandes moléculas intactas, esse processo pode ser realizado por meio de vesículas que formam invaginações a partir da membrana plasmática que penetram na célula (endocitose) ou que se fusionam à membrana plasmática e liberam seu conteúdo (exocitose). Endocitose: É um termo geral para designar um grupo de processos capazes de introduzir pequenas moléculas, macromoléculas, grandes partículas ou até ́mesmo pequenas células em uma célula eucariótica. Existem três tipos de endocitose: • Fagocitose (“alimentação celular”): Uma parte da membrana plasmática engloba partículas grandes ou mesmo células inteiras. A fagocitose é usada por protistas unicelulares como processo de alimentação celular e por determinadas células brancas sanguíneas para a defesa do organismo através de englobamento de substâncias e células estranhas. O vacúolo de alimento ou fagossomo formado, geralmente se fusionará a um lisossomo, onde seu conteúdo sofrerá digestão. • Pinocitose (“ingestão celular de líquidos”): Também são formadas vesículas. No entanto, essas vesículas são menores e o processo opera de forma a incorporar na célula pequenas quantidades de substâncias dissolvidas ou fluidos. Da mesma forma que a fagocitose, a pinocitose é relativamente inespecífica em relação ao material que se incorpora à célula. Por exemplo, a pinocitose ocorre constantemente no endotélio, a camada única de células que separa um fino capilar sanguíneo do tecido que o circunda, permitindo que as células rapidamente obtenham fluidos do sangue. • Na endocitose mediada por receptores: reações específicas na superfície celular acionam a incorporação de materiais específicos. Para entrar na célula deste modo é necessário que a membrana possua receptores específicos para a substância em questão. Esse processo é importante para a Medicina, pois foram introduzidos em medicamentos usados para destruir células tumorais fragmentos que se ligam aos receptores de membrana específicos das células que se pretende destruir. Exocitose: É o processo por meio do qual materiais empacotados em vesículas são secretados da célula, quando a membrana da vesícula se fusiona com a membrana plasmática. . A exocitose é também importante para a secreção de muitas substâncias diferentes, tais como enzimas digestivas do pâncreas, neurotransmissores a partir de neurônios e materiais para a construção da parede celular vegetal. REFERÊNCIAS: CARNEIRO, Junqueira. Biologia Celular e Molecular 9ºe
Compartilhar