Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Senhora dos Afogados Profa. Me. Juliana Lannes Objetivo: Comentar a obra; a construção das personagens; dialogar entre estilos literários, poesias, peças e temáticas de diferentes épocas e linguagens. Texto Motivador: MOEMA - Agora, vai... Já que não és minha mãe, que nossa carne não tem mais nada em comum vai!... (Moema está imóvel diante do espelho. Então acontece o que ela deseja. Estendendo os braços sem mãos, D. Eduarda vai recuando, recuando, até desaparecer. É a vitória de Moema. Frenética ela corre para o pai. Senta-se no chão. Coloca a cabeça de Misael no próprio regaço. A cabeça do último Drummond tomba na direção da plateia. Os olhos estão abertos e fixos. A filha nada percebe, na embriaguez do seu triunfo) MOEMA - Expulsei-a do espelho... Foi-se embora... Não voltará nunca mais... (No seu deslumbramento olha para o alto e não sente que o pai morreu, não vê que o que está no seu regaço é a cabeça de um pai morto. Curva-se para beijar o rosto de Misael e só então observa que ele morreu) MOEMA - Pai... Não... Não... Não me deixes só... Não quero ficar só... (traz a cabeça de Misael para perto do rosto. Interpela o rosto e os olhos fixos d Misael) Morto... Não quero que te feches em tua morte... (pousas a cabeça de Misael no chão, e, sempre com medo, vira-se rápida e corre para o espelho. Mas este não reflete a sua imagem, nem a de ninguém. Aproximam-se os vizinhos.) VIZINHO - Perdeste a tua imagem... MOEMA (Apertando o rosto com as duas mãos e num grito) - Perdi! VIZINHO -... Mas ficaste com tuas mãos... (Moema olha as próprias mãos com um medo selvagem) VIZINHO - Viverás com elas... E elas dormirão contigo... E não estarás sozinha nunca... Sempre com tuas mãos... Quando morreres, elas serão enterradas contigo... (Os vizinhos vão recuando e apontando para Moema. Abandonam a cena. Moema está sozinha no palco ou apenas na companhia do pai morto. Então olha as próprias mãos. E odeia-as como nunca. Depois vai estendendo os braços, como se quisesse criar entre si e as mãos uma distância qualquer, ou expulsá-las de si mesma) A Tragédia Grega: Para Aristóteles “a tragédia suscitando terror e piedade, opera a purgação própria a tais emoções, por meio de um equilíbrio que confere aos sentimentos um estado de pureza desvinculado do real vivido.” A Tragédia Grega: A tragédia necessita de: CORO => Principalmente em Ésquilo e Sófocles, o coro possui papel político e questionador. Trabalha direcionando as opiniões da plateia, retomando acontecidos e direcionando o que está por acontecer. HERÓI TRÁGICO => Ele não é necessariamente mau, mas pode ser alguém que passou por uma reviravolta em sua vida, levando-o da felicidade para a desgraça. CONTEÚDO TRÁGICO => A peça necessita de conteúdo trágico, não necessariamente de um conflito trágico fechado. A Tragédia Grega: TRAGICIDADE MÁXIMA VELADA => Os momentos mais críticos e cruéis da narrativa não são apresentados/encenados de forma direta, são descritos e/ou apresentados por personagens que presenciaram ou ouviram esse momento do drama. Não há exposição de sangue, cadáveres ou mortes absurdamente cruéis; há, apenas, a indicação do ocorrido para que forme na mente do leitor/espectador a imagem. Essa tática imagética da insinuação do trágico é, por sua vez, mais assustadora do que a apresentação, propriamente dita, da cena trágica. A Tragédia Grega Caminho do Herói Trágico: O caminho do Herói Trágico: Ántropos => O herói é um simples mortal. Métron => é a medida, o limite de cada indivíduo. Observação: A tragédia só se realiza quando o métron é ultrapassado. E, essa ultrapassagem é gerada por excesso de êxtase ou entusiasmo com alguma coisa. Hýbris => Soberba, exagero, violência feita a si e contra os deuses. A hýbris fatalmente gera a némesis Némesis => Ciúme divino, castigo pela injustiça praticada. Áte => Cegueira da razão Moîra => Destino cego, punição. Simbologia: O que é? É a arte de criar símbolos, estudo ou interpretação dos símbolos. E símbolos são aquilo que por um principio de analogia, formal ou de outra natureza, substitui ou sugere algo. Importância para a Literatura? A simbologia é fundamental para que se realize uma análise literária e histórica mais profunda das narrativas, das suas constituições e doa mistérios contidos ao se evocarem os mais diversos símbolos para se construir uma história. Mãos Atividade, poder e dominação. Manifestação daquilo que é seguro, logo é alcançado pelas mãos. Noção de poder: tenho você em minhas mãos ou estou com as mãos atadas. Mar Dinâmica da vida. Tudo que sai do mar retorna para ele. É o lugar do renascimento, das transformações. Contudo, por seu aspecto misteriosos e perigoso, também pode gerar ambivalência, incerteza e dúvida. Ilha Centro espiritual, refúgio. Outro mundo, além maravilhosos. Devido a sua participação em diversas narrativas e mitos é considerada um dos mitos universais. Espelho Reflete verdade e a sinceridade, o conteúdo do coração e da consciência de um ser. Perder sua imagem é perder a si, sua existência e suas particularidades. Família A noção de família faz referência direta a noção do guénos da Grécia Antiga. O guénos é um grupo unido pelo laço de sangue, todos e cada um individualmente são sempre co-responsáveis pelo agir do outro. A falta de um recai sobre todos. Por isso que alguns guénos são amaldiçoados como o guénos dos “Oréstias” e dos “Labdácias”. Intertextualidade: São texto que dialogam de forma direta ou indireta. Buscando uma paródia, paráfrase ou referência. Na obra Senhoras dos Afogados, as intertextualidades são constantes e fundamentais para a compreensão real da obra em questão. Moema O nome Moema remete a epopeia Caramuru, de Santa Rita Durão. Nessa narrativa, há a estória das irmãs Moema e Paraguaçu que se apaixonam pelo português Diogo, que ao chegar – naufrago – nas praias brasileiras, recebe a alcunha de Caramuru, o deus do Trovão. Ele passa a viver maritalmente com as duas, porém, ao receber o direito de retornar para Portugal escolhe Paraguaçu como companhia. Quando os dois partem em um grande navio, rumo a Portugal, Moema joga-se no mar e nada incessantemente atrás do barco, sendo envolvida pelo fúria do mar e do amor não correspondido, ela acaba afogada. Assim como a Moema de Santa Rita Durão, a Moema de Nelson Rodrigues sofre por um amor não correspondido, pela troca por outra mulher (irmã) de sua família e por não conseguir obter a atenção e a preferência do homem desejado/amado. Édipo-Sófocles Electra - Eurípedes
Compartilhar