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DIREITO CIVIL 
CONTRATOS
CURSO A DISTÂNCIA 
MÓDULO X 
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CURSO A DISTÂNCIA – MÓDULO X 
DIREITO CIVIL - CONTRATOS – PROFº FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 
INTRODUÇÃO
A extinção compreende todos os casos em que o contrato 
deixa de existir. Pode ser normal e anormal. 
A extinção normal se dá com o pagamento, quando, então, o 
contrato é fielmente cumprido, alcançando o seu fim. 
A extinção anormal é a que ocorre sem que as obrigações 
tenham sido cumpridas, de modo que o contrato não atinge o seu fim. 
CAUSAS DE EXTINÇÃO ANORMAL 
A extinção anormal pode derivar de causas anteriores e 
posteriores à formação do contrato. 
A extinção por causas anteriores ou contemporâneas ocorre 
quando as partes infringem os requisitos legais do contrato. É o caso das 
nulidades e anulabilidades. 
A extinção por causas supervenientes é a que destrói os 
efeitos do contrato, após este ter se formado validamente. Essas causas são 
as seguintes: 
a. resolução; 
b. resilição; 
c. morte, nos contratos personalíssimos; 
d. caso fortuito ou força maior. 
Antunes Varella chama a atenção para o fato de que não há 
na lei nem na doutrina uniformidade terminológica nas causas anormais de 
extinção do contrato. Por isso, ao invés de observar a terminologia da lei 
deve-se analisar a linguagem jurídica mais apropriada.
NULIDADE E ANULABILIDADE DOS CONTRATOS 
A nulidade absoluta ocorre quando: 
a. celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
b. for ilícito, impossível ou indeterminável o objeto; 
c. o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
d. não revestir a forma prescrita em lei; 
e. for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua 
validade;
f. tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
g. a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar 
sanção;
h. simulado o negócio jurídico. 
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DIREITO CIVIL - CONTRATOS – PROFº FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS
A nulidade relativa ou anulabilidade verifica-se quando:
a. um dos contratantes for relativamente incapaz, sem assistência;
b. quando houver erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra 
credores.
Observe-se que tanto a nulidade absoluta quanto a nulidade 
relativa afetam os elementos intrínsecos do contrato, viciando-o, portanto, 
desde a sua formação. 
Na nulidade absoluta, o contrato, além de inválido, ainda é 
ineficaz, não produzindo qualquer efeito, pois essa nulidade o juiz deve 
decretar de ofício. 
Em contrapartida, na nulidade relativa, o contrato é inválido, 
mas eficaz, subsistindo os seus efeitos enquanto não for decretada por 
sentença. Esta é, pois, essencial para que o contrato deixe de existir. 
Acrescente-se ainda que o contrato pode ser válido e 
ineficaz, em razão de uma causa impeditiva de seus efeitos. Tal ocorre, por 
exemplo, com os contratos sujeitos a termo inicial ou a condição suspensiva. 
A nulidade e a anulação tem efeito “ex tunc”, reconduzindo-
se as partes à situação anterior ao contrato. Assim, decretada a nulidade ou 
anulação da compra e venda, o vendedor deve restituir o preço e o comprador 
devolver a coisa. Não comungamos da opinião de Maria Helena Diniz, de que 
a decretação da nulidade relativa produz efeitos “ex nunc”. Esse 
posicionamento, a nosso ver, só é valido em matéria matrimonial; quanto aos 
negócios patrimoniais, o efeito é sempre “ex tunc”, isto é, retroativo, seja a 
nulidade absoluta ou relativa, tanto é que a devolução das prestações devem 
ser efetuadas desde a celebração do contrato. 
CONVERSÃO DO CONTRATO NULO 
A conversão, que é a transformação de um contrato nulo em 
outro válido, pode ser própria e imprópria. 
Dá-se a conversão própria quando o contrato é 
transformado em outro de efeitos diversos. Urge, para isso ocorra, a presença 
de dois requisitos: 
a. elemento subjetivo: a intenção das partes em celebrar esse outro contrato; 
b. elemento objetivo: que o contrato nulo preencha os requisitos legais desse 
outro contrato válido.
À guisa de exemplos, podemos citar: a compra e venda em 
que o preço é irrisório ou aquela em que uma das partes pagará o preço que 
quiser (condição potestativa). Não obstante a nulidade, oriunda do preço 
irrisório ou da condição potestativa, o contrato poderá ser recepcionado como 
doação, se esta foi a verdadeira intenção das partes. 
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Por outro lado, na conversão imprópria ou formal, o contrato 
é transformado em outro, que produz o mesmo efeito. Tal ocorre, por 
exemplo, na venda de imóvel por instrumento particular. Essa compra e 
venda, conquanto nula, será válida como compromisso de compra e venda, já 
que este último pode celebrar-se por instrumento particular.
RESOLUÇÃO 
Resolução do contrato, segundo Antunes Varella, é a 
destruição retroativa de seus efeitos, por ato unilateral de um dos 
contratantes, fundado num fato posterior à sua celebração. 
Na resolução, uma das partes tem o direito potestativo de 
extinguir o contrato. Este, será ou não extinto, conforme a vontade desse 
contratante.
Cumpre ainda não confundir a condição resolutiva com 
cláusula resolutiva. Com efeito, na condição resolutiva, ocorrendo o fato o 
contrato é automaticamente extinto. Tal ocorre, por exemplo, quando se doa 
uma casa para alguém, prevendo a automática extinção no caso de morte do 
donatário, mediante o retorno do bem ao doador (art. 547 do CC). Note-se 
que a extinção do contrato emana da lei. Em contrapartida, na cláusula 
resolutiva, ocorrendo o fato, o contratante poderá, se quiser, extinguir o 
contrato. Exemplos: pacto comissório, pacto de retrovenda etc. Observe-se 
que a extinção do contrato depende da vontade de um dos contratantes. 
Anote-se que o Código de 2002, ao referir-se à resolução por inadimplemento 
culposo utiliza-se da expressão cláusula resolutiva, ao invés de condição 
resolutiva, no seu art. 474, de modo que seria de bom alvitre a doutrina 
seguir-lhe o exemplo, evitando esses pequenos deslizes terminológicos.
Dentre os diversos casos de resolução contratual, 
destacam-se os seguintes: 
a. pacto de retrovenda, pois confere ao vendedor o direito de rescindir ou não 
a compra e venda, durante certo tempo; 
b. deterioração da coisa antes da entrega, com ou sem culpa do devedor. 
Nesse caso, o credor pode resolver o contrato ou aceitar a coisa no estado 
em que se encontra, com o preço abatido (art. 235 do CC).
c. vício redibitório. O adquirente do bem pode mover a ação redibitória, 
pleiteando a resolução do contrato, ou, então, a ação “quanti minoris”, 
requerendo o abatimento proporcional do preço.
d. rescisão; 
e. onerosidade excessiva. 
RESCISÃO 
A rescisão consiste na extinção do contrato, por vontade de 
uma das partes, em face do inadimplemento culposo da outra. Trata-se de um 
direito potestativo do credor, que poderá optar entre a rescisão ou o 
cumprimento do contrato, além de perdas e danos. 
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É sabido que em todo contrato bilateral encontra-se implícita 
a cláusula resolutiva tácita, que permite a rescisão contratual por 
inadimplemento culposo. Entretanto, as partes também podem estipular 
expressamente essa cláusula resolutiva. Surge, então, o problema da 
distinção entre a cláusula resolutiva tácita e a expressa, sendo que esta 
última também é denominada pacto comissório. Distinguem-se em dois 
aspectos. O primeiro diz respeito ao desfazimento do negócio mesmo após a 
entrega da coisa. Com efeito, na compra e venda com pacto comissório, isto 
é, cláusula resolutiva expressa, o vendedor poderá reaver a coisa já 
entregue, se o comprador não lhe efetuar o pagamento, ao passo que na 
cláusularesolutiva tácita, conforme salienta Antunes Varella, entregando 
desde logo a coisa, antes de ter recebido o preço respectivo, o vendedor dá 
implicitamente a entender que se satisfaz com o direito de crédito ao preço e 
com a correspondente ação creditória. Assim, na compra e venda, operando-
se, por parte do comprador, o inadimplemento, antes de a coisa lhe ser 
entregue pelo vendedor, este poderá optar entre a rescisão contratual e a 
ação de cobrança, seja a cláusula resolutiva expressa ou tácita. Se, ao revés, 
o inadimplemento ocorrer após a entrega da coisa, o vendedor, na hipótese 
da cláusula resolutiva tácita, não poderá requerer a resolução do contrato, 
mas tão somente a cobrança do crédito, todavia, em havendo a cláusula 
resolutiva expressa, continua com o direito potestativo de rescindir o contrato 
ou mover a ação de cobrança.
O segundo aspecto da distinção diz respeito à 
necessidade de interpelação judicial. A cláusula resolutiva expressa opera 
de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial (art. 474 do CC). 
Assim, na cláusula resolutiva tácita, a notificação judicial do devedor é 
essencial para conferir-lhe uma última oportunidade de cumprir o contrato, 
ao passo que, na expressa, essa interpelação judicial é dispensável, pois 
basta o contratante inocente comunicar ao inadimplente sua vontade de 
extinguir o contrato. Em suma, para efeito de resolução do contrato, a 
mora é “ex re”, automática, quando houver cláusula resolutiva expressa, e 
“ex persona”, dependente da interpelação judicial, quando se tratar de 
cláusula resolutiva tácita.
Tanto na cláusula resolutiva expressa quanto na tácita, se 
a parte culpada opor-se à resolução do contrato desejada pela parte 
inocente, esta deverá mover ação judicial, obtendo-se uma sentença, cujo 
efeito será “ex tunc”, retroativo à data do inadimplemento. Washington de 
Barros Monteiro salienta que se houver cláusula resolutiva expressa, a 
sentença judiciária é meramente declaratória, pois são as próprias partes 
que previamente estabeleceram a resolução. Se não houver cláusula 
resolutiva expressa, a sentença é constitutiva, pois é o magistrado quem 
pronuncia a resolução do contrato. Quer nos parecer que, em ambas as 
hipóteses, a sentença é meramente declaratória, pois apenas reconhece o 
inadimplemento preexistente. 
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Por outro lado, a resolução, em regra, produz efeito “ex 
tunc”, de modo que o negócio é extinto desde a sua celebração, 
reconduzindo-se as partes ao “status quo ante”, isto é, à situação econômica 
e jurídica que se encontrariam se o contrato não tivesse sido realizado. 
Não se pode olvidar que a resolução é o desfazimento do 
contrato. Na compra e venda, por exemplo, o vendedor, além de restituir o 
preço já recebido, ainda perde o direito de receber as prestações que não 
tenham sido efetuadas pelo comprador. Portanto, o contratante só pode 
pleitear a resolução do contrato se tiver condições de devolver o que houver 
recebido, a não ser que essa impossibilidade de devolução emane do fato 
imputado ao outro contratante. 
Convém ainda destacar que, em certos casos, o efeito da 
resolução é “ex nunc”, mantendo-se intacto o período até então transcorrido. 
Tal ocorre, por exemplo, com o de locação, outrossim, com o de fornecimento 
de água. Note-se que, nesses contratos de execução periódica ou 
continuada, torna-se irrecuperável a prestação efetuada pelo locador, 
consistente na transferência da posse, ou pelo fornecedor, referente ao 
fornecimento da água, razão pela qual o efeito é “ex nunc”, recaindo a 
extinção apenas sobre as prestações ainda não efetuadas.
Cumpre também estabelecer a distinção entre resolução e a 
nulidade relativa do contrato. Em ambas, o efeito da extinção é “ex tunc”, 
retroagindo à data da celebração do contrato, salvo no tocante à resolução 
dos contratos de execução continuada, cujos efeitos são “ex nunc”. 
Tanto a resolução quanto a anulação assentam-se num 
direito potestativo, porque o contrato pode ser mantido ou destruído, a critério 
do credor, devendo a outra parte sujeitar-se à sua vontade. 
Não obstante essas semelhanças, distinguem-se 
nitidamente. Com efeito, as causas de anulação são anteriores ou 
contemporâneas à formação do contrato; as de resolução, são posteriores. 
Na anulação, o contrato apresenta um vício intrínseco; a resolução pressupõe 
contrato válido. Acrescente-se também que a resolução do contrato só pode 
ser requerida se a parte estiver em condições de restituir o que houver 
recebido, ao passo que a anulação pode ser pleiteada ainda que a parte já 
tenha alienado o objeto da prestação, antes de saber da causa de 
anulabilidade, desde que esteja em condições de fornecer uma prestação 
equivalente (art. 182 do CC). Se, porém, a alienação ocorrer após a 
descoberta da nulidade relativa, haverá a ratificação do negócio em relação 
ao alienante, que, por isso, não poderá mais requerer a anulação do contrato.
Esclareça-se ainda que o efeito “ex tunc” da resolução e 
anulação opera-se somente entre as partes. Em relação a terceiros, o efeito é 
“ex nunc”. Com efeito, o terceiro de boa-fé, que tenha eventualmente 
adquirido a propriedade ou outro direito real sobre o bem, não poderá ser 
atingido pela resolução ou anulação, de modo que o credor poderá tão-
somente reclamar a indenização do dano sofrido. Maria Helena Diniz salienta, 
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porém, a existência de autores que não admitem essa solução, por 
entenderem que, ante o princípio de que ninguém pode transferir mais direitos 
do que os que tem, os efeitos da resolução deverão ser idênticos em relação 
às partes e a terceiros.
Finalmente, modernamente, tem sido sustentada a tese da 
rescisão por inadimplemento antecipado. Tal ocorre quando um dos 
contratantes manifesta, de antemão, por atos ou palavras, o seu propósito de 
não cumprir a prestação avençada, ou, então, não reúne condições 
financeiras e técnicas de adimplir a obrigação. 
Anote-se que a comprovação de inadimplemento 
antecipado não é causa de vencimento antecipado da obrigação, de modo 
que o contratante não poderá exigir o imediato cumprimento da prestação, 
mas tão-somente tomar as medidas cautelares assecuratórias do 
adimplemento, ou então, requerer a resolução do contrato, invocando-se 
os preceitos de equidade.
Em tal situação, salienta o monografista Fortunato Azulay, 
seria facultado ao credor, não só o direito de desobrigar-se do cumprimento 
da prestação que lhe caberia, como demandar perdas e danos. Saliente-se, 
porém, que se o inadimplemento antecipado emanar de caso fortuito ou força 
maior, não há cogitar-se em indenização. 
RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA 
Em todo contrato bilateral de execução continuada ou 
diferida no futuro encontra-se implícita a cláusula “rebus sic stantibus”. De 
acordo com essa cláusula, o negócio deve ser cumprido, nos termos 
estipulados, se a situação à época do contrato for a mesma da execução. A 
alteração dessa situação, por fato extraordinário e imprevisível, autoriza a 
resolução do contrato ou então a revisão de suas cláusulas, implicando, pois, 
em exceção ao princípio da obrigatoriedade dos contratos. A cláusula “rebus 
sic stantibus”, para muitos civilistas, teria surgido na Idade Média, idealizada 
por Neratius, onde era conhecida como “condictio causa data non secuta”, 
isto é, o contrato deve ser feito para ser cumprido enquanto a situação 
permanecer inalterável, se surgir fato novo, ele deve ser revisto. 
Aludida teoria permaneceu esquecida durante muito tempo, 
ressurgindo, porém, após a Primeira Grande Guerra Mundial. Essa 
conflagração de 1914-1918, como explica Sílvio Venosa, trouxe um 
desequilíbrio para os contratosa longo prazo. 
Conhecida é a famosa Lei Failliot da França, de 21.01.1918, 
que autorizou a resolução dos contratos concluídos antes da guerra porque 
sua execução se tornara muito onerosa.
No Brasil, o jurista Arnaldo Medeiros de Fonseca, inspirado 
nos estudos de Neratius, desenvolveu a famosa teoria da imprevisão, adotada 
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pelo Supremo Tribunal Federal, desde a década de 30, através de histórico 
acórdão relatado pelo Ministro Nélson Hungria.
O Código Civil de 2002, em seu art. 478, suprindo a omissão 
do Código de 1916, consagra a teoria da imprevisão, nos arts. 478 a 480. 
Essa teoria é a que permite a resolução ou revisão judicial 
dos contratos de execução continuada ou diferida, em razão da 
superveniência de um acontecimento extraordinário e imprevisível que faz a 
prestação tornar-se excessivamente onerosa para uma das partes e 
extremamente vantajosa para a outra parte.
Fundamenta-se no princípio da eqüidade e na proibição do 
enriquecimento ilícito. 
Essa teoria pressupõe os seguintes requisitos: 
a. vigência de um contrato comutativo de execução continuada ou diferida no 
futuro. Os contratos de execução continuada são os de prestações 
periódicas; os de execução diferida no futuro, são aqueles em que as 
prestações se protraem no tempo, como, por exemplo, a compra e venda, 
cujo pagamento deve ser efetuado daqui a três meses. Aludida teoria é 
inaplicável: a) aos contratos aleatórios, porque nestes o risco é inerente ao 
negócio; b) aos contratos de cumprimento instantâneo. A sua incidência é 
restrita aos contratos a prazo, ou de duração, sejam eles bilaterais ou 
unilaterais onerosos. 
b. alteração radical das condições econômicas no momento da execução do 
contrato, quando comparadas com as do momento de sua celebração. 
c. onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício exagerado 
para o outro. Tal ocorre, por exemplo, quando, num contrato de locação, o 
locador faculta ao locatário o direito de comprar o imóvel, por cem mil 
reais, podendo exercer essa opção de compra durante três anos. Todavia, 
durante esse período, o bairro é reformado pelo Poder Público, de modo 
tal que o imóvel passa o valer quinhentos mil reais. Diante desse fato 
imprevisível, o locador pode requerer a resolução contratual em relação à 
venda do bem.
d. imprevisibilidade e extraordinariedade desse acontecimento. Urge, 
portanto, que o acontecimento seja extraordinário, isto é, anormal, e, 
também, impossível, por maior que fosse a diligência das partes. Esse 
requisito da imprevisibilidade não é exigido no Código de Defesa do 
Consumidor, cuja revisão judicial é admitida pelo juiz ainda quando os 
fatos supervenientes forem previsíveis, pois, para tanto, basta a 
onerosidade excessiva do consumidor (art. 6º, V). 
O art. 438 do Código Civil português preceitua ainda que “a 
parte lesada não goza do direito de resolução ou modificação do contrato, se 
estava em mora no momento em que a alteração das circunstâncias se 
verificou”. O Código Civil brasileiro é omisso. Todavia, como salienta Sílvio 
Venosa, “o devedor somente pode beneficiar-se da revisão, se não estiver em 
mora no que diga respeito ao cumprimento das cláusulas contratuais não 
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atingidas pela imprevisão”. A nosso ver, a ausência de mora é também 
requisito para a invocação da teoria da imprevisão, pois se o devedor em 
mora, consoante dispõe o art. 399 do CC, responde pela impossibilidade da 
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou força 
maior, se estes ocorreram durante o atraso, por razões lógicas, deve também 
responder pela onerosidade da prestação, se esta ocorreu durante a mora, 
salvo se provar isenção de culpa, ou se que a onerosidade sobreviria ainda 
quando a obrigação fosse oportunamente cumprida. Portanto, a solução 
dever ser regida pelo art. 399 do CC, aplicado analogicamente. 
Presentes esses requisitos, o contratante lesado pode 
requerer a resolução do contrato. Trata-se de um direito potestativo, à medida 
em que ele pode também cumprir a avença, a despeito da alteração da 
situação econômica geradora do desequilíbrio contratual.
Assim, se no contrato ainda couberem obrigações para 
ambas as partes, a parte lesada tem duas opções: 
a. pleitear a resolução do contrato. Nesse caso, o contrato é extinto, 
isentando-se as partes das perdas e danos.
b. cumprir o contrato. 
Se optar pela resolução, esta poderá ser evitada, 
oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato, 
conforme preceitua o art. 479 do CC. Sílvio Rodrigues observa que “a idéia de 
eqüitatividade é imprecisa. Quem vai estabelecer se a proposta do réu é 
eqüitativa ou não é o juiz em sentença final, pois a mera circunstância de 
haver uma decisão prova que a tentativa de composição, feita na audiência 
de conciliação, se frustrou”. Cremos que o réu deve formular essa pretensão 
de revisão contratual pela via da reconvenção, a não ser se a ação tramitar 
no rito sumário, quando, então, esse pedido poderá ser suscitado na própria 
contestação, por força do § 1º do art. 278 do CPC. 
Por outro lado, na hipótese de no contrato couberem 
obrigações a apenas uma das partes, pelo fato de a outra já haver cumprido 
totalmente a sua prestação, poderá o contratante lesado, cuja prestação 
ainda lhe resta cumprir, tomar três atitudes: 
a. pleitear a resolução do contrato; 
b. pleitear a revisão do contrato mediante a redução ou alteração de sua 
prestação, a fim de evitar a onerosidade excessiva (art. 480 do CC); 
c. cumprir o contrato, nos termos pactuados. 
Denota-se, assim, que a onerosidade excessiva não está 
adstrita apenas à resolução do contrato, mas também à sua revisão judicial. 
Nesse último caso, deverá o juiz alterar e restaurar o equilíbrio contratual. Esse 
poder conferido ao juiz, de um lado, fere o princípio da liberdade de contratar, 
mas, de outro, obedece ao princípio da preservação dos contratos. Acrescente, 
ainda, que o efeito da sentença é “ex tunc”, retroagindo à data da citação. 
Por outro lado, discute-se a validade da cláusula de 
exclusão da resolução ou revisão em virtude da onerosidade excessiva. A 
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nosso ver, se os riscos específicos dessa onerosidade forem elencados no 
contrato, a exclusão da teoria da imprevisão torna-se válida, porque o fato 
deixa de ser imprevisível. Se, ao revés, esses riscos não foram especificados, 
a exclusão da garantia torna-se nula e abusiva, por cerceamento do direito de 
ação e violação do princípio da função social do contrato. 
Finalmente, cumpre não confundir a onerosidade excessiva 
com caso fortuito ou força maior. De fato, a onerosidade excessiva não 
implica em absoluta impossibilidade de cumprir a obrigação, apenas dificulta 
extremamente o adimplemento, ao passo que o caso fortuito ou força maior 
provocam a impossibilidade absoluta do adimplemento da obrigação. 
RESILIÇÃO
Resilição, de acordo com Orlando Gomes, é o modo de 
dissolução do contrato que se realiza mediante manifestação de vontade das 
duas partes contratantes, ou de uma delas.
Assim, a resilição pode ser bilateral e unilateral. 
A resilição bilateral ou convencional verifica-se quando há o 
distrato.
A resilição unilateral, por sua vez, pode ocorrer nas 
seguintes hipóteses: 
a. contratos por tempo indeterminado; 
b. contratos em que há um elemento fiduciário; 
c. renúncia do mandatário; 
d. direito de resgate; 
e. direito de arrependimento. 
No tocante aos efeitos, são irretroativos, isto é, “ex nunc”, 
seja a resilição unilateral ou bilateral. Assim, nos contratos por termo 
indeterminado,por exemplo, as prestações cumpridas não são restituídas, de 
modo que os efeitos, até então produzidos, permanecem válidos.
DISTRATO OU RESILIÇÃO BILATERAL 
Distrato, segundo Clóvis, é o acordo entre as partes 
contratantes, a fim de extinguir o vínculo obrigacional estabelecido entre as partes. 
Nos negócios com termo determinado, só é necessário o 
distrato para extinguí-lo antes do prazo. Se, porém, já expirou o prazo do 
contrato, o distrato torna-se supérfluo, tendo em vista a extinção automática 
pelo advento do termo final. Assim, o distrato só é necessário no contrato sem 
prazo ou para desfazer o contrato antes do prazo. Acrescente-se ainda que 
todo e qualquer contrato pode ser dissolvido pelo distrato. 
No tocante à forma, dispõe o art. 472 do CC que “o distrato 
faz-se pela mesma forma exigida para o contrato”. 
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Assim, a forma do distrato é aquela que a lei prevê para o 
contrato, e não a forma que as partes adotaram ao elaborar o contrato. A 
locação, por exemplo, a lei admite a forma verbal, de modo que o distrato 
também poderá ser verbal, ainda que as partes tenham celebrado o 
contrato por escrito.
A propósito, salienta Orlando Gomes que se o negócio 
não depende de forma solene, mas as partes a ela, espontaneamente, 
recorreram pode ser distratado por qualquer outro meio. Somente quando 
a lei prescrever forma determinada para o contrato é que o distrato deve 
revestir-se da mesma solenidade. O compromisso de compra e venda, por 
exemplo, a lei exige o instrumento particular, razão pela qual o distrato 
não poderá ser verbal.
Em contrapartida, quando a lei não prescrever uma forma 
especial para o contrato, o distrato poderá ser de forma tácita, como, por 
exemplo, a entrega das chaves no contrato de locação. O distrato tácito é 
extraído da interpretação de certos fatos, que revelam inequivocamente o 
propósito de as partes desfazerem o negócio.
Acrescente-se, ainda, que , em regra, o distrato produz 
efeitos “ex nunc”, não retroagindo, respeitando-se, destarte, as 
conseqüências até então produzidas.
Finalmente, às vezes, na prática, rotula-se de distrato o 
defazimento da compra e venda de imóvel já registrado em nome do 
comprador, em que este transmite o mesmo imóvel ao anterior vendedor, 
mediante a devolução do dinheiro recebido. A rigor, não se trata de distrato, 
porque o contrato já estava perfeito e acabado. 
Com efeito, na compra e venda, o vendedor obriga-se a 
transferir o domínio do bem ao comprador, que, por sua vez, obriga-se a 
pagar-lhe o preço em dinheiro. Cumpridas essas obrigações, mediante a 
consolidação do registro da escritura pública e o recebimento do preço, o 
contrato de compra e venda extingue-se pela sua execução, que é a via 
normal de sua extinção. E, como vimos, após a extinção do contrato, não há 
falar-se em distrato. 
Na verdade, a hipótese mencionada acima, não passa de 
uma autêntica compra e venda, e como tal deverá ser recebida e registrada 
pelo Cartório de Registro de Imóveis, mesmo porque nas declarações de 
vontade se atenderá mais à intenção das partes do que ao sentido literal da 
linguagem (art. 112 do CC).
Saliente-se, porém, que, por tratar-se de uma nova compra 
e venda, deverá ser efetuado o pagamento do imposto de transmissão “inter 
vivos”.
Assim, esse negócio rotulado de escritura de retrato ou 
distrato de compra e venda, não passa de uma nova compra e venda, com a 
inversão das partes, de modo que o Cartório não deve cancelar o registro 
anterior, mediante simples ato averbatório, devendo essa nova escritura 
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pública, como observa Ademar Fioranelli, “ingressar no Registro Imobiliário 
como ato de registro, como sendo uma retransmissão da propriedade pelo 
adquirente ao anterior proprietário, ainda que o ato, com caráter de rescisão, 
não esteja elencado no art. 167 da Lei 6.015/73, com o devido recolhimento 
do imposto de transmissão inter vivos”. 
RESILIÇÃO UNILATERAL 
Na resilição unilateral, o contrato é dissolvido por vontade 
exclusiva de uma das partes. 
Trata-se, portanto, de um direito potestativo, porque a 
extinção do contrato fica a critério de uma das partes. 
São cinco as hipóteses de resilição unilateral. 
A primeira ocorre nos contratos por prazo indeterminado. 
Nesse caso, qualquer das partes pode resilir o contrato, a todo tempo. 
Fundamenta-se esse direito na vontade presumida dos contratantes de não 
se obrigarem perpetuamente. O meio utilizado para a resilição é a denúncia. 
Com efeito, denúncia é a declaração receptícia feita por um dos contratantes, 
com o fito de impedir a continuação do contrato por tempo indeterminado. 
Trata-se de uma declaração receptícia porque só produz efeitos depois que a 
outra parte toma conhecimento do fato. A partir dessa comunicação, o 
contrato estará extinto, de modo que a eficácia da denúncia prescinde de 
sentença judicial. A denúncia pode ser vazia e vinculada. A denúncia vazia 
ou discrionária é a que é livremente exercida, dispensando-se a 
fundamentação; a denúncia vinculada ou fundamentada é a que deve expor 
as razões da resilição contratual. Em regra, a denúncia é vazia, a não ser 
quando a lei ou contrato exigem a motivação. Feita denúncia, como vimos, 
cessa a relação contratual, de modo que a relutância da outra parte será tida 
como ato ilícito. Em certos casos, porém, a lei fixa um prazo, a partir do qual a 
denúncia surtirá os seus efeitos. No contrato de trabalho, por exemplo, a 
denúncia do empregado, que recebe o nome de dispensa ou despedida, 
deve ser acompanhada de aviso prévio, sob pena de indenização. Atente-se 
ainda para o parágrafo único do art. 473 do CC, preceituando que, “se dada a 
natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos 
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeitos 
depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto do 
investimento”. Acrescente-se, ainda, que , conquanto a resilição do contrato 
configure um exercício do direto, a parte que o resilir injustamente, após ter 
induzido a outra a realizar investimentos para sua execução, deverá indenizar 
as perdas e danos. Cumpre, por fim, aduzir que, nos contratos por tempo 
determinado, em princípio, não é cabível a resilição unilateral, salvo no caso 
do art. 8º da Lei do Inquilinato. 
A segunda hipótese de resilição unilateral verifica-se nos 
contratos em que a confiança é da essência do negócio, subentendendo-se,
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portanto, que a manutenção do vínculo está condicionada à persistência 
desse elemento fiduciário. 
O meio de resilição desses contratos é a revogação, que, na 
essência, é a mesma coisa que a denúncia. No mandato, a revogação é livre, 
prescindindo-se de motivação, podendo o mandante desligar-se a qualquer 
tempo, a não ser se o contrato limitou as causas de revogação. Saliente-se, 
ainda, que o mandato em causa própria é irrevogável, outrossim, o que 
contiver cláusula de irrevogabilidade. No tocante à doação, urge que a 
revogação seja vinculada ou subordinada, isto é, devidamente motivada. 
A terceira hipótese de resilição unilateral ocorre também no 
contrato de mandato e consiste na renúncia do mandatário. Sobre o assunto, 
ensina-nos Maria Helena Diniz que “renúncia é o ato pelo qual um contratante 
notifica o outro de que não mais pretende exercer o seu direito. Assim, o 
mandatário, por exemplo, poderá notificar o mandante de que não continuará 
exercendo o mandato (art. 682, I do CC), e este, então, cessará com a 
exoneração do mandatário. A renúncia do mandato, pelo Código Civil, art. 
688, deverá ser comunicadaao mandante, que, se sofrer prejuízo pela sua 
inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do 
procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não 
podia continuar no mandato sem prejuízo considerável e que não lhe era 
dado substabelecer”. 
A quarta hipótese de resilição unilateral verifica-se no 
chamado direito de resgate, aplicável exclusivamente à enfiteuse, constituição 
de rendas e hipoteca. 
A última hipótese de resilição unilateral ocorre no direito de 
arrependimento (“jus poenitendi”). O art. 1.088 do Código de 1916 estipulava 
que quando o instrumento público fosse exigido como prova do contrato, 
qualquer das partes podia arrepender-se, antes de o assinar. Esse preceito 
legal não foi repetido pelo Código de 2002, de modo que o direito de 
arrependimento, ainda que o contrato seja solene, só será possível mediante 
previsão contratual expressa. Aliás, uma forte corrente doutrinária, liderada 
por Sílvio Rodrigues, já sustentava a revogação do aludido art. 1.088, 
invocando-se, para tanto, o disposto no art. 641 do CPC. Estipulado 
expressamente o direito de arrependimento, qualquer das partes poderá resilir 
o contrato, indenizando a parte contrária, sendo que, no caso de arras 
penitenciais, a indenização se resolverá nos moldes do art. 420 do CC, 
vedando-se a sua cumulação com perdas e danos. O direito de 
arrependimento deve ser exercido dentro do prazo que lhe foi estipulado, 
mas, se não houver prazo, entende-se que o início da execução da obrigação 
implica em renúncia a esse direito, que, por isso, deve ser exercido antes de 
começar a execução do contrato.
Acrescente-se ainda que o art. 49 da Lei 8.078/90 permite 
ao consumidor o direito de arrependimento, em sete dias, a contar da 
assinatura ou do recebimento do produto ou serviço, sempre que a 
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contratação se der fora do estabelecimento comercial, sendo os valores 
pagos devolvidos com correção monetária. Aqui, trata-se de um direito de 
arrependimento, que independe de cláusula expressa. Em contrapartida, nos 
compromissos de compra e venda de imóveis loteados é vedado o direito de 
arrependimento. 
MORTE DE UM DOS CONTRATANTES 
A morte, em regra, não extingue o contrato, porque as 
obrigações transmitem-se aos herdeiros, que devem cumpri-las até as forças 
da herança. 
Tratando-se, porém, de contrato personalíssimo, isto é, 
"intuitu personae", que envolve uma obrigação de fazer infunfível, como, por 
exemplo, o show com determinado cantor de renome, impõe-se o princípio 
"mors omnia solvit", de modo que, nessa hipótese, a morte atua como causa 
de extinção do contrato.
CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR 
Caso fortuito ou força maior são acontecimentos 
supervenientes à formação do contrato, que tornam impossível o 
cumprimento da prestação. Essa impossibilidade, além de superveniente, 
deve ainda ser objetiva, total e definitiva, emanada ainda de fato não 
imputável ao contratante. Tal ocorre, por exemplo, quando um raio destrói o 
automóvel vendido, frustrando assim a sua entrega. 
O caso fortuito ou força maior produz a extinção do contrato, 
isentando as partes das eventuais perdas e danos, a não ser que o 
contratante já estava em mora ou se houver cláusula expressa de indenizar 
as perdas e danos em tal situação. 
O efeito da extinção é "ex tunc", retroagindo à data da 
celebração do contrato, de tal sorte que as partes retornam ao "status quo 
ante", devolvendo as eventuais prestações recebidas. Trata-se de uma 
sentença meramente declaratória, pois a extinção do contrato opera-se de 
pleno direito.
Assim, nos contratos bilaterais, devido ao fato de as partes 
voltarem ao "status quo ante", o vendedor do carro, no exemplo mencionado 
acima, deverá restituir o preço ao comprador, mas se este ainda não havia 
efetuado o pagamento, não precisará mais fazê-lo. Quanto aos contratos 
unilaterais, como a doação, aplica-se a regra "res perit creditori", porque o 
credor, no caso o donatário, sofre o prejuízo, deixando de receber a 
prestação, quando esta perecer antes da entrega em razão de caso fortuito 
ou força maior.
Por outro lado, convém salientar que se o caso fortuito ou 
força maior causar a impossibilidade de cumprir apenas uma parte da 
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prestação, a hipótese passa a ser regida pelo art. 235, abrindo-se para o 
outro contratante o direito potestativo de extinguir o contrato ou aceitar o 
remanescente da prestação com o preço abatido. Em razão desse direito 
potestativo, abordamos essa hipótese como sendo de resolução do contrato. 
Finalmente, como observa Silvio Venosa, no contrato de 
trato sucessivo, permanecem incólume e válidas as prestações já cumpridas, 
e devem ser indenizadas aquelas que não o foram, até o momento da 
impossibilidade, por culpa do devedor. Pode haver cláusula, contudo, que 
responsabilize expressamente o devedor, ainda que a impossibilidade 
advenha de caso fortuito ou força maior".
SUSPENSÃO DO CONTRATO 
Suspensão do contrato é a paralisão temporária de sua 
execução. Pode verificar-se antes ou durante a execução. 
A suspensão pode ser total e parcial. Na primeira, todas as 
prestações deixam de ser cumpridas; na segunda, o contrato continua sendo 
executado de forma incompleta, como, por exemplo, ao invés de cem sacas 
de café mensais, o fornecedor passa a enviar quarenta. 
As causas mais freqüentes de suspensão são as seguintes: 
a. impossibilidade temporária de cumprimento da prestação, em razão do 
caso fortuito e força maior, como por exemplo, a doença de um dos 
contratantes. Se essa impossibilidade for definitiva, como já vimos, haverá 
a extinção da relação contratual. 
b. "exceptio no adimpleti contratus"; 
c. convenção das partes. 
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QUESTÕES 
1. Qual a distinção entre extinção normal e extinção anormal dos contratos? 
2. Quais as causas de extinção anormal? 
3. Quais as causas de nulidade absoluta do contrato? 
4. Quais as causas de nulidade relativa do contrato? 
5. Qual o efeito da decretação da nulidade ou anulabilidade do contrato? 
6. Quais os requisitos para a conversão de um contrato nulo em outro 
válido?
7. Qual a distinção entre conversão própria e conversão imprópria? 
8. O que é resolução? 
9. Qual a distinção entre condição resolutiva e cláusula resolutiva? 
10. Elenque cinco hipóteses de resolução contratual. 
11. O que é rescisão? 
12. Qual a distinção entre cláusula resolutiva expressa (pacto comissório)? 
13. O efeito da resolução é “ex tunc” ou “ex nunc”? 
14. Qual a distinção entre resolução e nulidade relativa? 
15. A parte que alienou o bem pode requerer a resolução contratual e a 
anulação?
16. O que é rescisão por inadimplemento antecipado e quais seus efeitos? 
17. O que é a cláusula “rebus sic stantibus” e qual a sua origem? Como era 
conhecida na Idade Média? 
18. Quando ressurgiu o interesse pelo estudo desta cláusula? 
19. No Brasil, qual o jurista brasileiro que idealizou a teoria da imprevisão? 
20. O que é a teoria da imprevisão e qual o seu fundamento? 
21. Quais os requisitos da teoria da imprevisão? 
22. O Código de Defesa do Consumidor exige os mesmos requisitos exigidos 
pelo Código Civil em relação à revisão do contrato? 
23. O contratante em mora pode invocar a teoria da imprevisão? 
24. Se no contrato ainda couberem obrigações para ambas as partes, quais 
as opções da parte lesada pela alteração da situação contratual? 
25. O outro contratante pode evitar a resolução do contrato? Em caso 
positivo, qual o meio processual? 
26. Na hipótese de no contrato couberem obrigações a apenas uma daspartes, pelo fato de a outra já haver cumprido totalmente a sua prestação, 
quais as atitudes que pode tomar o contratante lesado em razão da 
alteração radical da situação contratual? 
27. A revisão judicial fere algum princípio contratual? 
28. É válida a cláusula que proíbe a invocação da teoria da imprevisão? 
29. Qual a distinção entre a teoria da imprevisão e o caso fortuito ou força 
maior?
30. O que é resilição? 
31. Como se classifica a resilição e qual o seu efeito? 
32. O que é distrato ou resilição bilateral?