Buscar

Literatura p.p segundo bimestre

Prévia do material em texto

L I T E R A T U R A
A prosa no período romântico se constitui principalmente dos seguintes gêneros:
Urbano (203): retrata a vida nas cidades, nas grandes capitais. Descreve o cotidiano da burguesia. É o precursor 
das telenovelas: eram publicados em capítulos nos jornais. 
Regional (182): é um painel social e geográfico das regiões do Brasil, em busca de conhecer a si mesmo. Por falta 
de referências europeias, precisou trilhar seu próprio caminho, dando mais autonomia à Literatura Nacional. 
Indianista (145): o índio é a identidade brasileira, o índio representa o Brasil, pois o branco é o explorador e o negro 
é o escravo, a mão de obra. O índio é a figura adaptada do idealizado herói medieval europeu. Influências do mito do 
“bom selvagem” (ele não se corrompe com a vicilização, permanecendo puro).
Após saber isso, vamos analisar os principais romancistas da época: 
Manuel Antônio de Almeida
Obra: Memórias de um sargento de milícias
Resumo\Enredo: Leonardo-Pataca viu uma mulher encostada a bordo do navio (que estava atravessando o 
atlântico rumo ao Brasil) e, interessando-se por ela, fingiu-se de distraído e pisou no pé dela. Ela (Maria-da-Hortaliça), 
também se engraçando por ele, deu um beliscão na mão dele. Nessa saudável brincadeira de pisar e beliscar nasceu 
Leonardo. Assim que Maria-da-Hortaliça chegou ao Rio de Janeiro, sentiu enjoos e, alguns meses depois, Leonardo 
nasceu. 
O filho do casal de imigrantes era gordo, vermelho, cabeludo, esperneador e chorão, um verdadeiro “Leviatã da 
turma 21”. Desde sempre, Leonardo revelou-se uma criança levada, quebrando e rasgando tudo o que via pela frente, 
um verdadeiro “capeta”. Para complicar a situação, o pai (Leonardo-Pataca) suspeitou de infidelidade por parte de 
Maria-da-Hortaliça e não demorou muito para confirmar que estava sendo, de fato, “chifrado”. Os dois brigaram “feio”: 
ele partiu pra cima dela e, assim que se acalmou, percebeu que Leonardo estava rasgando as folhas de seus autos, 
dando-lhe um pontapé e lançando o garoto a quatro braças de distância. 
Depois dessa briga, Maria-da-Hortaliça fugiu de navio com seu amante e Leonardo (o filho do casal) começou a ser 
criado pela comadre (a parteira, que era madrinha também) e pelo barbeiro (o padrinho). Leonardo, de início, 
comportava-se bem, porém ao se familiarizar com a nova família, revelou o “capeta” que habitava em seu interior, 
pondo as mangas de fora e começando suas travessuras. Em casa, nada ficava por inteiro. Na barbearia, fazia caretas 
para os clientes. Apesar disso, o barbeiro tinha enorme afeição pelo garoto e desejava o melhor para ele, sonhando em 
ver Leonardo clérigo, a melhor profissão segundo o barbeiro. 
Leonardo, com grande esforço e paciência do barbeiro, vira sacristão e começa a ajudar nas missas da igreja da Sé. 
Porém, vê a oportunidade para suas travessuras e dedura o padre, que estava tendo relações com uma cigana, 
levando o fato ao conhecimento dos fiéis. A cigana acaba se engraçando pelo próprio Leonardo-Pataca (o pai). 
Leonardo conhece Luisinha, filha de uma mulher da vizinhança (Dna. Maria), mas de início não se interessa muito 
por ela. Luisinha era feia e Leonardo achava graça nisso (ler texto paradidático). Entretanto, passado um momento, ele 
muda de ideia e se apaixona por ela a ponto de se declarar, mas José Manuel (seu rival) já tinha se declarado a 
Luisinha. O barbeiro morre e Leonardo vira um verdadeiro vadio e vagabundo, apaixonando-se por Vidinha, uma 
mulata sensual. Porém, ela tinha outros pretendentes e larga Leonardo, que resolve mudar de vida e chega ao posto 
de sargento de milícias com o apoio da comadre. 
José Manuel se revela um péssimo marido para Luisinha (agora casados) e, além disso, morre mais tarde, deixando 
a viúva livre para Leonardo, que espera os dias de luto se passarem e recebe Luisinha como sua mulher, na mesma 
igreja onde fora sacristão (igreja da Sé) e vivem felizes para sempre. 
Análise das principais personagens : Leonardo-Pataca (sentimental, sempre enroscado em suas paixões), 
Leonardo (herói picaresco, vagabundo, vadio e mulherengo), Comadre (protetora de Leonardo que vive tentando tirá-lo 
das enroladas em que ele se metia), Compadre ou Barbeiro (outro protetor, que cria Leonardo com afeição, como se 
fosse seu filho, sonhando um próspero futuro a ele, fato que não é realizado), Luisinha (primeiro amor de Leonardo; 
suas características fogem ao padrão romântico, já que era feia, pálida e desajeitada). 
Características importantes da obra : Leonardo é o primeiro herói malandro da Literatura Brasileira (por assim dizer, 
pois para muitos críticos é considerado como um “anti-herói”). É um romance urbano, ambientado no Rio de Janeiro do 
século XIX (“era o tempo do rei”),porém incorpora a linguagem coloquial das ruas, fugindo aos padrões românticos. 
Tem uma linguagem mais jornalística e objetiva. É considerada, por esses aspectos, uma obra de transição, com 
características realistas e românticas. O final feliz de Leonardo e Luisinha é um típico aspecto romântico. A falta de 
idealização amorosa (descrita em Luisinha, que é feia e desengonçada) e a vagabundagem de Leonardo são 
características realistas. O enredo envolve as classes mais baixas da sociedade (o barbeiro, a comadre...) e os 
personagens são descritos conforme suas características (Leonardo-Pataca, Maria-Regalada). Observe que, durante o 
livro todo, o autor não revela o nome da comadre e do barbeiro. O livro, dotado de um aspecto cômico, não deixa de 
fazer também uma certa crítica à sociedade (ao falar, por exemplo, da família desestruturada de Leonardo, de 
infidelidade, etc...). 
Análise do texto paradidático : Podemos observar, desde o início, a linguagem peculiar que chama o leitor a 
participar da história (“agora vamos saltar por cima de alguns anos e vamos ver...”). Leonardo é considerado um 
“vadio-mestre”: observe o tanto de “vadiagem” que é atribuído a ele. Por “mestre”, pode-se inferir que acusar Leonardo 
de vagabundo ainda não é o bastante para caracterizá-lo (observe a carga semântica atribuída à descrição). Mais 
adiante, fala a respeito de D. Maria e a questão da tutoria de sua sobrinha Luisinha e faz uma espécie de “acordo” com 
o leitor para distinguir o Leonardo-Pai e o Leonarodo-Filho. Depois, há o primeiro contato de Leonardo e Luisinha: ao 
vê-la, ele tentou conter o riso por ela ser feia e desengonçada. Esse é um indício claro da fuga dos padrões românticos 
ao se observar a idealização amorosa. É importante observar a série de características atribuídas a Luisinha e a 
reação de Leonardo quanto a ela, principalmente nos últimos períodos da parte XVIII, quando ele encara a chata 
CONTEÚDO:
PROVA PERIÓDICA
2ª BIMESTRE 
Al. 2043 F i g u e r e d o
LITERATURA 2ª ANO
visitação em outra perspectiva, vestindo-se e aprontando-se rapidamente a partir de então. Na parte XIX, a metade do 
texto descreve as Folias. Na outra metade, retoma os personagens. Observe que Leonardo tem uma mudança de 
comportamento perante Luisinha, apesar de ela continuar esquisita e mais feia do que nunca. Na parte XX, continua a 
descrição da festa (episódio do fogo no Campo), sem perder o foco no comportamento dos personagens. Luisinha fica 
extasiada com tudo o que vê, pois é a primeira vez que presencia a festa, pois no tempo em que morava com o pai 
pouco saía de casa. Observe, então, o que ocorre com Leonardo ao virar o rosto para ela: como seu modo de pensar 
havia mudado desde a primeira vez que ele a tinha visto. Observe também o modo que o autor, nos últimos períodos, 
trabalha a questão da ingenuidade entre ambos e como eles se passaram a se comportar um com o outro a partir 
desse episódio. Na parte XXVI, é descrita a fase de mudanças de Luisinha, que começou a se tornar,de fato, uma 
mulher. Atente às características físicas e psicológicas. Após isso, no final, é elucidada a causa do fracasso de sua 
declaração de amor: havia um impasse, e esse impasse era José Manuel. 
No geral, podemos observar uma linguagem em terceira pessoa, que envolve e convida o leitor a apreciar a história. 
O narrador sabe tudo, principalmente sobre o que se passa na cabeça de Leonardo e suas reações, focando a 
narrativa sobre as reações dele. O tempo descrito é o tempo das comemorações religiosas da Festa do Divino, que 
não começava no domingo, mas sim uns dias antes (cerca de nove). O espaço, referente à cidade do Rio de Janeiro, 
oscila entre a casa de Dona Maria, onde Leonardo encontrou Luisinha pela primeira vez, e pelo Campo, local onde foi 
realizado o “Fogo do Campo”, evento que faz parte das comemorações religiosas do Domingo do Espírito Santo. O 
ambiente, que oscila juntamente com o espaço, é destacado nos eventos festivos, onde as pessoas riam, se 
alegravam, se divertiam e é marcado pela êxtase de Luisinha e pela admiração e curiosidade de Leonardo. 
José de Alencar 
José de Alencar foi um romancista completo, sendo sua obra dotada de grande diversidade literária, ao referimos, 
sobretudo, aos gêneros explorados. Toda essa diversidade era a favor da autonomia literária nacional. Na prova, será 
cobrado principalmente o romance Senhora, podendo cair também qualquer trecho de um dos outros tipos de 
romances para serem interpretados. 
Romance Indianista(146): Três livros se destacam nesse tipo de romance: O Guarani (um índio que convive entre 
os brancos), Iracema (um branco que vive entre os índios) e Ubirajara (enredo referente à vida dos índios antes da 
chegada do branco). 
Resumo de O Guarani : (1) D. Antônio de Mariz, fidalgo português, se muda para o Brasil com sua família. (2) Peri (um 
índio) se apaixona por Cecília (filha de D. Antônio) e jura fidelidade. (3) Diogo (irmão de Cecília) mata uma índia aimoré 
inadvertidamente, gerando um sentimento de vingança e revolta dos índios aimorés, que seqüestram a família do 
fidalgo português. (4) Peri foi resgatar Cecília, enfrentando e matando duzentos índios aimorés de uma vez 
(comentário informal: tipo herói de filme americano que nunca morre).(5) Peri quebra a espada (significando que não 
iria mais matar) e se ajoelha para pedir para libertarem Cecília. 
Características: podem perceber que o índio é o herói que nada teme. É o senhor das florestas, é o corajoso, o 
destemido. Porém, ele quebra a espada e se ajoelha diante do inimigo, abrindo mão desse título a favor do amor (que 
é maior do que tudo). 
Romance Regionalista(182): Análise de O Gaúcho. 
Preocupação em compor o painel sociocultural do Rio Grande do Sul, ressaltando as peculiaridades lingüísticas, as 
características naturais e geográficas. Alencar procura ressaltar a integração entre o homem e a natureza. 
Romance Urbano(207): Crítica social, tipos femininos complicados, histórias de problemas no amor. Crítica ao 
casamento por interesses, à ambição por ascensão social a qualquer custo... Os livros Senhor, Lucíola e Diva 
compõem o chamado Perfis Femininos. Para a prova, será cobrado o romance Senhora. 
Resumo de Senhora: Aurélia Camargo é filha de uma pobre costureira e é órfã de pai. Ficou noiva de Fernando 
Seixas, mas ele tem o desejo de ascender socialmente e, para isso, troca Aurélia por Adelaide Amaral, moça rica. 
Porém, o avô de Aurélia morre, deixando-a com uma grande fortuna. Agora, milionária e cheia de prestígio, sendo 
figura destaque nos eventos sociais, ela resolve se vingar de Seixas. Para tanto, dividida entre o amor e o orgulho 
ferido, resolve oferecer uma grande quantia em dinheiro para Seixas a fim de se casarem, sob identidade ocultada. 
Seixas aceita, porém na noite de núpcias Aurélia se revela a ele e mostra seu grande desprezo por ele, tratando-o 
como algo comprado só para ser um marido de “fachada” aos olhos da sociedade, algo que toda mulher de prestígio 
deve ter A partir de então, ambos vivem como estranhos dentro de casa: dormem em quartos separados e convivem 
com o sarcasmo e a ironia de Aurélia. Ele se dá conta de sua ganância e trabalha arduamente para conseguir o 
dinheiro de volta para pagar a ela e deixá-la. Vivem como estranhos durante onze meses, até ele conseguir o dinheiro. 
Porém, ao fim desse período, eles se apaixonam de novo e vivem “felizes para sempre”. 
Análise das personagens: Aurélia Camargo: uma mulher diferente de todas as outras da época, pois se destacava 
por sua beleza, por sua forma de agir e de pensar. Podia dominar a todos e ter tudo o que quisesse, até um marido 
comprou. Era educada, inteligente, elegante e informada, como também tinha frieza e auto-controle a ponto de poder 
dominar as pessoas). Fernando Seixas: enorme contraste entre a vida social e a vida familiar. Era fino, nobre, de 
classe e educado. 
Análise texto paradidático: “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela...”. O autor inicia sua narrativa com 
uma metáfora, descrevendo a então Aurélia, já de posse da herança do avô. Logo de início, a descreve como “a rainha 
dos salões”. Observe todos os adjetivos e como ela é descrita pelo autor. A seguir, introduzindo o parágrafo com 
“quem não se recorda de Aurélio Camargo...”, Alencar aproveita a oportunidade para contar brevemente o momento 
em que Aurélia ascendeu na sociedade (quando tinha 18 anos), apresentando brevemente D. Firmina e a reação da 
sociedade perante a “nova estrela”. Da metade da primeira folha em diante, é dado início à descrição da personalidade 
e da beleza de Aurélia: “sagacidade admirável”, “expressão cheia de desdém e um certo ar provocador”, “linhas tão 
puras e límpidas daquele perfil”, “olhos grandes e rasgados”. Para se ter uma noção de quanto ela era admirada, 
atente ao início do nono parágrafo: “na sala, cercada de adoradores(...), da adoração produzida por sua formosura, e 
do culto que lhe rendiam”. E torna a descrever sua personalidade fria: “(...) orgulhosa de esmagá-lo (o mundo) sob a 
planta, como um réptil venenoso, (...)”. A sua inteligência e frieza é ressaltada no verso da folha do texto paradidático, 
onde ela, sabendo que seus inúmeros apaixonados eram apaixonados pelo seu dinheiro também, reagiu a essa 
afronta indicando o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, ou seja: indicava o preço que cada um poderia 
valer no “mercado matrimonial”, já que ela era poderosa e poderia ter o que quisesse, comprar o que desejasse. 
O texto é narrado em primeira pessoa, onde o narrador sabe de tudo e investe a maior parte do tempo descrevendo 
incansavelmente a Aurélia, a Senhora, de modo a desenhar sua beleza e sua personalidade. O tempo sofre uma 
pequena interferência, pois logo no início é feito uma espécie de recordação para esclarecer ao leitor a chegada de 
Aurélia à sociedade (“tinha ela 18 anos quando apareceu a primeira vez na sociedade...”. O espaço é explicito logo no 
primeiro parágrafo (“no céu fluminense”), se tratando então do Rio de Janeiro. Predominantemente, o espaço é restrito 
aos salões da corte e, por um momento, pelo Cassino, onde foi narrado um episódio referente ao Alfredo Moreira. 
Portanto, o espaço é aristocrático, das altas sociedades. O ambiente é marcado pelos adoradores da Senhora, 
dedicados a completa admiração da estrela Aurélia, figura de destaque da sociedade. Portanto, o texto está 
preocupado em traçar o perfil da Senhora e seu efeito de destaque nos salões das cortes. 
Visconde de Taunay (183)
Obra-prima: Incência
Características da obra: (1) Equilíbrio na contraposição (ex: concílio da linguagem culta com a regional). (2) Aproveita 
a história de amor para fazer um panorama da região, descrevendo a cultura, sobretudo o comportamento da típica 
família. O pai conservador,que exerce forte vigilância sobre a filha, que conserva o nome e a honra da família até se 
casar (pois após o casamento, a responsabilidade será do marido). É a filha que pode envergonhar ou honrar o nome 
da família. 
Resumo: história de amor impossível, visto que Inocência fora prometida em casamento ao Manecão Doca e está 
apaixonada por Cirino. 
Observações: Pereira (pai de Inocência) era desconfiado e muito preconceituoso não só com a filha, mas com as 
mulheres em geral. Já Cirino era o homem da cidade; tinha uma mente mais aberta e agia com franqueza.

Continue navegando