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EAD Tributario 4ºS 4

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Fontes do Direito Financeiro
Conceito de Fontes do Direito Financeiro
É o conjunto de normas, preceitos e princípios que formam o ordenamento das finanças públicas. As Fontes do Direito Financeiro e as Fontes do Direito em Geral têm os mesmos problemas, com as particularidades a seguir: dar destaque à lei como fonte formal, em virtude do regime de legalidade estrita desse ramo do Direito; os costumes têm pouquíssima importância. A Constituição Financeira é a fonte superior do Direito Financeiro. As fontes principais são as procedentes do Poder Legislativo: a lei complementar, a lei ordinária, os tratados, a medida provisória, os convênios ICMS. As fontes secundárias complementam as principais, as quais são constituídas pelos atos dos órgãos do Poder Executivo: decreto, regulamento, resolução, portaria. Há discussões se a jurisprudência é uma fonte do Direito Financeiro. Os costumes secundum legem complementam o quadro das fontes. Já a doutrina não é considerada uma fonte, pois é confundida com o próprio Direito Financeiro, em seu momento externo, como sistema subjetivo.
Constituição Financeira
O Direito Financeiro brasileiro encontra suas particularidades na Constituição Financeira, pois é sua fonte superior, tão rigorosa e casuística. A Constituição Financeira é concomitantemente formal e material. Os dois aspectos estão indissoluvelmente ligados. Do ponto de vista formal a Constituição Financeira abrange as normas e os princípios gerais expressamente inscritos no texto fundamental. Compreende todas as normas e princípios que tenham relação com o fenômeno financeiro, independente do lugar que ocupam no documento fundamental. A Constituição Financeira não se esgota nas normas e dispositivos formalmente inscritos no texto supremo. Alguns princípios não são explícitos, têm natureza constitucional. Toda a matéria das limitações ao poder tributário, por exemplo é materialmente constitucional. O poder de tributar é limitado desde quando nasce, de maneira que à Constituição compete somente, em forma declarativa, expressar essa realidade. O legislador originário está vinculado pelos princípios gerais. A Constituição Financeira é rígida, devido a sua reforma, é determinada pelos pressupostos e formalidades previamente estabelecidas no texto básico, designado a emenda constitucional. Também é aberta porque não expressa um conjunto completo em si, sem lacunas, mas um sistema incompleto por definição, problemático e lacunoso. A Constituição Financeira faz parte de um ambiente pluralismo, pois se relaciona com todas as outras Subconstituições, política, econômica, social, etc.
Lei Complementar
A lei complementar é de competência da União, é de extrema importância para a produção do direito financeiro, que na Constituição se expressa em normas sucintas e abertas. A CF 67/69 trouxe a referência à lei complementar, porém a CF 46 cuidava de lei federal para organizar sobre normas gerais de direito financeiro. As leis complementares, as quais são aprovadas pela maioria absoluta do Congresso Nacional, têm extrema importância para o direito tributário e orçamentário.
Lei Ordinária
Esta é a fonte de muita importância para a criação dos tributos. Somente a lei formal estabelece a instituição de tributos; a definição do fato gerador da obrigação principal; a fixação da alíquota do tributo e da base de cálculo; a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos; as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. O art. 153, § 1º da CF/88, permite ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos sobre a importação, a exportação, os produtos industrializados (IPI) e as operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativa a títulos ou valores mobiliários (IOF). Referente ao orçamento, somente a lei formal pode aprová-lo ou modificá-lo.
Tratados e Convenções Internacionais
Após assinatura pelo Poder Executivo, os tratados e convenções internacionais passam a se transformar em fontes do Direito Financeiro, desde que sejam aprovados pelo Congresso Nacional. O Direito Tributário brasileiro tem a particularidade de reconhecer a prevalência do tratado internacional sobre a legislação nacional. O art. 98 do CTN, dispõe: “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”. Vale ressaltar que não trata-se, a rigor, de revogação da legislação interna, mas de suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que retomará a sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado. Quando os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos do contribuinte forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais e como tais revogarão ou modificarão a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevier.
Medida Provisória
A medida provisória substituiu o decreto-lei na nova ordem constitucional. Apesar de um pouco menos incisiva que o decreto-lei, ainda é instrumento autoritário, quando utilizado no regime presidencialista. O Presidente da República poderá adotar a medida provisória em caso de relevância e urgência, com força de lei, sendo submetida de imediato no Congresso Nacional. É proibida a edição de medidas provisórias sobre os seguintes temas financeiro: planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, §3º , CF, ou seja, os créditos extraordinários para atender as despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes da guerra, comoção interna ou calamidade pública, hipótese em que a medida será adotada de acordo com o art. 62 da CF; detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; reservada a lei complementar, o que encerra a polêmica sobre a possibilidade de a medida provisória alterar a lei complementar se fosse aprovada com o quorum próprio daquela; já disciplinada em projeto aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§11 e 12 do art. 62 da CF, perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta dias, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
Convênios Interestaduais do ICMS
O Convênio ICMS foi criado pela reforma tributária, a qual determinou o imposto não-cumulativo e que perdura até hoje para a concessão e a revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais. A Lei Complementar nº 24/75 regulamentou o Convênio ICMS, o qual exige sua aprovação por unanimidade. A sua eficácia somente inicia após a notícia de sua ratificação nacional, publicada no Diário Oficial da União. A Lei Complementar nº 24/75, a qual foi editada em pleno período de autoritarismo político, dispensou a aprovação pelas Assembleias dos convênios assinados pelos Secretários de Fazenda, atribuindo-a à própria competência dos Governadores. A doutrina, vem denunciando a inconstitucionalidade da medida, por afrontar o princípio da legalidade.
A CF afirma que cabe a lei complementar regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
Decreto
É o ato normativo baixado pelo Chefe do Poder Executivo: o Presidente da República, Governador do Estado e Prefeito Municipal. Os regulamentos dos principais impostos são aprovados por decreto. É muito grande o campo de aplicação dos decretos em matéria financeira, abrangendo da interpretação de dispositivos da legislação tributária até a abertura de créditos suplementares ou especiais, desde que precedida de prévia autorização legislativa.
Regulamento
É oconjunto de normas baixadas pelo Poder Executivo para a complementação da lei. São relevantes fontes secundárias do Direito Financeiro. São classificados em regulamentos de execução e regulamentos autônomos. Regulamento de execução tem o objetivo de estabelecer as normas complementares à lei formal, permitindo a sua aplicação e detalhando as determinações. Regulamento autônomo é baixado pela Administração na matéria não sujeita ao princípio da legalidade. As normas regulamentares podem ser veiculadas pelos decretos, portarias ou resoluções das autoridades administrativas. O Executivo é subordinado à lei financeira formal e não pode invadir a competência do legislador.
Resoluções e outros atos normativos
Existem muitos outros atos normativos das autoridades administrativas que estabelecem fonte secundária ou complementar do Direito Financeiro. As resoluções do Ministro da Economia ou dos Secretários de Fazenda nos Estados são instrumentos para o exercício do poder regulamentar, cabendo estabelecer normas no âmbito da autorização ou do espaço aberto pela lei ou pelo decreto. As portarias são encontradas na escala hierárquica bem abaixo, como as instruções normativas, as ordens de serviço e diversos outros atos emanados de autoridades menos graduadas, todos subordinados à lei, ao decreto e à resolução.
Orçamentos
São fontes importantíssimas do Direito Financeiro, pois determinam o planejamento da vida financeira, a previsão das receitas e a autorização das despesas.
São fontes do Direito Financeiro:
a)      A lei que instituir o plano plurianual (art.165, § 1º);
b)      A lei de diretrizes orçamentárias ( art. 165, § 2º);
c)       A lei orçamentária anual, compreendendo o orçamento fiscal referente aos poderes da União, o orçamento de investimento das empresas estatais e o orçamento da seguridade social (art. 165, § 5º).
Decisões Normativas
É fonte secundária do Direito Financeiro.
Art. 100, II, do CTN.
As decisões dos órgãos singulares ou coletivos, de jurisdição administrativa, a que lei atribua eficácia normativa.
Declaração de Inconstitucionalidade na Ação Direta
O Supremo Tribunal Federal pode declarar a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo federal ou estadual na ação direta proposta pelas pessoas indicadas no art. 103 da Constituição. A decisão, nesse caso, publicada no Diário Oficial, torna-se fonte do Direito Financeiro, por adquirir eficácia erga omnes e efeito vinculante.
Ação Declaratória de Constitucionalidade de Lei ou Ato Normativo Federal
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, são fontes do Direito Financeiro, pois possuem atributo típico da lei formal.
Costumes
São fontes do Direito Financeiro, porém são secundum legem, ou seja, não podem contrariar dispositivo expresso de lei. Todavia, sua importância é muito pequena no Direito Financeiro atual, pois ele foi construído sobre o princípio da legalidade. Os costumes podem surgir sob a forma de práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, estas também serão fontes do Direito Financeiro.
Última atualização: domingo, 12 Mar 2017, 14:25

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