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TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO Três mundos ou um só? O pós 1945 e a descoberta do subdesenvolvimento; O pós 2ª Guerra Mundial e a reordenação do poder europeu: perda de colônias na África e Ásia, materialização dos EUA e da ex-URSS como grandes guardiãs do sistema global, além do surgimento da ONU, substituiu a Liga das Nações; Os EUA e o apoio à descolonização (necessidade de mercados e expansão dos novos ares de liberdade); “Os nacionalismos europeus do século XIX assentaram-se sobre noções étnicas e linguísticas e, em muitos casos, evoluíram assumindo formas expansionistas e belicistas. Os nacionalismos asiáticos e africanos estruturaram-se em torno das lutas antiimperialistas, exigindo a igualdade de direitos e a soberania política”. TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO 1946: independência das Filipinas, controlada pelos EUA desde 1898; 1975: independência das colônias portuguesas( Angola, Cabo Verde e Guiné Bissau); 1947: Índia britânica; 1949: Indonésia; 1954: Indochina francesa; Décadas de 1960 e 1970: descolonização africana frente ao poderio inglês e francês; A descolonização percorreu dois caminhos: 1º - retirada voluntária do poder da metrópole (caso da Índia) e, 2º - guerras de libertação ocasionadas por movimentos nacionalistas coloniais ( casos da Indochina e Argélia). TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO - O SUBCONTINENTE INDIANO Londres, moderadamente e estrategicamente, procurou retirar seu domínio sobre a região (desde 1763) tentando preservar sua influência através da Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth); 1885: é criado o Congresso Nacional Indiano, o qual se transformaria no Partido do Congresso, movimento nacionalista representativo da população hindu, majoritária; 1906: é criada a Liga Muçulmana, atendendo aos interesses da minoria muçulmana; Após a 2ª GM, com receio de perder repentinamente seu poder na região, Londres criou o Rowlatt Act, o qual punia severamente as manifestações anticoloniais. TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO - O SUBCONTINENTE INDIANO A figura de Mahatma Gandhi, líder nacionalista hindu, e as campanhas populares de desobediência civil; A resistência pacífica e os boicotes aos manufaturados britânicos, liderados por Gandhi, o qual ficou preso entre 1922 e 1924; O pós 2ª GM: o Partido do Congresso se encontra firmemente implantado junto a população hindu, tendo Gandhi como inspirador e dirigido por Jawaharlal Nehru, os quais priorizavam uma unidade política independente, até mesmo secundarizando, neste momento, o contexto das divergências religiosas; A Liga Muçulmana, dirigida por Mohammed Ali Jinna, contrária ao Partido do Congresso, reivindicava a criação de um Estado muçulmano independente. TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO - O SUBCONTINENTE INDIANO Em 15/08/1947, aprovado pelo Parlamento Britânico e radicalmente rejeitado por Gandhi e a contragosto aceito por Nehru, é criado o Estado do Paquistão (“país dos puros”); “A fronteira entre os dois estados, traçadas arbitrariamente por Londres, lançaria as sementes das discórdias entre as duas nações; Em 1971, depois de vários conflitos, o Paquistão Oriental transformou-se em Bangladesh; A Caxemira, no Himalaia, tornou-se objeto de disputa entre Índia, Paquistão e China, funcionando como focos de guerras e conflitos fronteiriços entre as nações envolvidas. Divisão política do Continente Indiano em 1947 A GUERRA DA INDOCHINA Área de dominação européia e norte americana, durante os séculos XIX e XX; A presença francesa, a partir de 1858, e a criação da União Indochinesa, que abrangeria os atuais Laos, Vietnã e Camboja; Início do século XX: início das lutas de independência, especialmente com a criação dos Partidos Nacionalistas e, depois, do Partido Comunista, liderado por Ho Chi Minh. A GUERRA DA INDOCHINA Durante a 2ª GM, o Japão invade a Indochina e a França, não vendo sua administração ameaçada, passou a servir os interesses japoneses, gerando revolta junto ao povo local; Ho Chi Minh, fundador do Partido Comunista, cria o Vietminh, um movimento guerrilheiro que agrupava, nesse momento histórico, em torno dos comunistas, todas as forças nacionalistas; Após a 2ª GM, com o surgimento da bipolarização, a região passou a ser vista como área geoestratégica muito importante, recebendo atenção especial. A GUERRA DA INDOCHINA “O final da 2ª GM abriu um vazio de poder na região, proporcionando ao Vietminh a oportunidade de tomar Hanói e proclamar, no norte, a República Democrática do Vietnã. Enquanto isso, o imperardor Bao Daí, de Anã, colaborador da administração francesa, proclamava, no sul, o Estado do Vietnã. Pouco depois, Paris reconhecia o Vietnã do Sul como estado associado e propunha a Ho Chi Minh um arranjo semelhante para a República Democrática do Vietnã. O Vietminh recusou a proposta, exigindo a unificação e a independência. O impasse provocou um desembarque de tropas francesas e a recaptura de Hanói. Assim começava a Guerra da Indochina, estopim do que se tornaria a famosa Guerra do Vietnã”. A GUERRA DA INDOCHINA(1948/1953) Fase de equilíbrio militar, onde as forças francesas controlavam as áreas urbanas do Vietnã do Sul e áreas isoladas do meio rural; O Vietminh controlava a área de Hanói e vastas porções rurais e montanhosas (camponeses); Os movimentos na França de repúdio ao confronto; A épica batalha da aldeia de Dien Bien Phu (1953/54): tentativa francesa de cortar suprimentos do Vietminh, via esta aldeia – fracasso e derrota humilhante aos franceses. A GUERRA DA INDOCHINA “Os acordos de Genebra determinaram a partilha da Indochina em quatro Estados independentes. O Vietnã foi dividido na altura do paralelo 17. A República Popular e Democrática do Vietnã, ou Vietnã do Norte, com capital em Hanói, ganhou o reconhecimento francês e alinhou-se, em definitivo, com a União Soviética. O Vietnã do Sul, com capital em Saigon, ganhou a independência. Um ano depois, Bao Dai foi deposto e proclamou-se a República do Vietnã, que logo se colocou sob proteção americana. O Laos e o Camboja tornaram-se Estados neutros”. GUERRA DO VIETNÃ Entre 1959 e 1975, fazendo valer seu papel de xerife do capitalismo, os EUA interveio na região, especialmente no Vietnã, tentando evitar a unificação, a qual poderia ter ocorrido, caso as eleições estabelecidas em Genebra tivessem ocorrido; A grande vergonha norte americana do pós 2ª GM. Fotos da Guerra do Vietnã Fotos da Guerra do Vietnã Fotos da Guerra do Vietnã CRÍTICAS DOMÉSTICAS Filme: “Bom Dia, Vietnã” – 1987 – com Robin Williams. CRÍTICAS DOMÉSTICAS “A decadência do herói”- incapacidade de achar o seu mundo no pós Guerra do Vietnã; “Rambo - Programado para Matar, 1982”. A GUERRA DA ARGÉLIA O apogeu do Império Turco Otomano, entre os séculos XIII e começo do século XIX, e a islamização da África Setrentrional; O fim do Império Turco Otomano, no final do século XIX, e a hegemonia francesa sobre a região do Magreb (Argélia, Tunísia e Marrocos); O grande fluxo de colonos franceses sobre o Magreb (orla fértil do Mediterrâneo) – insatisfações populares; O fim da 2ª GM: A metrópole francesa encontrava-se enfraquecida; O Marrocos e a Tunísia encontraram caminhos mais fáceis para suas independências, não ocorrendo o mesmo com a Argélia. A GUERRA DA ARGÉLIA Durante a 2ª GM, com a ocupação alemã no Magreb (1940-44), os colonos franceses apoiaram a administração local, que por sua vez colaborou com a Alemanha nazista; Os nacionalistas argelinos, ao contrário, sustentavam os Aliados e a resistênciaaos franceses; Com o pós 2ª GM, a esperança de uma Argélia livre não ocorreu, fato que levou ao surgimento da Frente de Libertação Nacional (FLN), agregando todas as correntes políticas anticolonialistas; O panarabismo, impetrado por Gamal Abdel Nasser, além da derrota francesa em Dien Bien Phu, no Vietnã, acendeu o pavio da guerra de libertação, em 1954. A GUERRA DA ARGÉLIA “Dominando as zonas rurais e montanhosas, armando emboscadas e atacando propriedades dos colonos, a FLN (Frente de Libertação Nacional) ampliava as suas bases populares. As forças regulares da administração colonial respondiam com operações de limpeza. Os franceses da Argélia – chamados de pieds-noirs, numa referência às suas botas pretas, que contrastavam com os pés descalços dos guerrilheiros argelinos – organizavam- se em milícias e aterrorizavam as aldeias”. A GUERRA DA ARGÉLIA O conflito enfraquecia a França, economicamente, geoestrategicamente e diplomaticamente, especialmente num momento em que a Europa buscava o caminho da reconstrução; Em 1956, Paris concedeu as independências do Marrocos e da Tunísia, num momento em que Ahmed Bem Bella e outros líderes da FLN caíam numa emboscada e eram presos - A FLN parte para ações terroristas mais ousadas; As críticas domésticas aumentam, paralelas aos crescentes terrorismos; Em 1959, o general Charles de Gaulle é eleito presidente da França; De Gaulle começa a oferecer certa autonomia aos argelinos, além de conversações com a FLN, fato que desagrada a maioria dos colonos franceses, além dos pieds- noirs; Radicais argelinos, contrários à autonomia da Argélia, entram em choque com o governo de De Gaulle, além de criar a Organização do Exército Secreto (OAS), partindo para o terrorismo na França. A GUERRA DA ARGÉLIA 1961: plebiscito no qual a maioria dos franceses votaram favoravelmente à independência da Argélia; A OAS (Organização do Exército Secreto), em abril de 1961, promoveu um golpe na Argélia, além de criar um mega plano terrorista a ser posto em prática em território francês; O forte desgaste entre o governo francês e os radicais franceses da Argélia levou, em 1962, a um referendo, no qual 90% dos franceses decidiram pelo fim do colonialismo sobre a Argélia, desmontando assim, o último bastião do império colonial francês no planeta. TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO A descolonização e o surgimento de novas nações independentes conferiu caráter mundial ao sistema de Estado; O pós 2ª GM fez surgir um grupo de países que, além de não aceitarem a ingerência das superpotências (inclusive com projeto de construção de um pólo de poder autônomo em relação a Washington e Moscou), reclamavam também influência efetiva na ONU; “A primeira expressão do terceiro mundismo foi a Conferência Afro Asiática de Bandung(1955), articulada a partir de uma reunião em Colombo, no Ceilão (atual Sri Lanka), e patrocinada pela Índia, Indonésia, Paquistão, Birmânia e Ceilão. Jawaharlal Nehru, da Índia, e o anfitrião Ahmed Sukarno, da Indonésia, surgiram como líderes da conferência, que congregou 29 Estados independentes da Ásia e África”. NEHRU E SUKARNO TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO A Carta de Bandung e os seus princípios norteadores (base do terceiro mundismo): ÊNFASE AOS DIREITOS HUMANOS; COMBATE AO RACISMO; IGUALDADE ENTRE AS NAÇÕES; RESPEITO À SOBERANIA E AUTODETERMINAÇÃO DOS ESTADOS; NECESSIDADE DE SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS INTERNACIONAIS; RECUSA NA PARTICIPAÇÃO DOS MECANISMOS DE DEFESA COLETIVA CONTROLADOS PELAS SUPERPOTÊNCIAS. TERCEIRO MUNDO E TERCEIRO MUNDISMO Estados participantes com diferenças políticas e ideológicas, tais como China, Vietnã do Norte, Japão e Vietnã do Sul: divergências impediam a tomada de posições mais nítidas, especialmente sobre problemas da economia global e distribuição da riqueza; O terceiro mundismo adquiriu sua maturidade com o Movimento dos Países Não Alinhados: “Logo após a Conferência de Bandung, começou a ser articulado o Movimento dos Países Não Alinhados. Tal articulação baseou-se na colaboração entre Nasser, do Egito, Nehru, da Índia, e Tito, da Iugoslávia. O projeto consistia em criar uma organização estável, que funcionaria como terceira força, equidistante das superpotências, capaz de influenciar decisivamente a Assembléia Geral da ONU”. A CRISE DO TERCEIRO MUNDISMO Rejeição ao jogo bipolar: “O mundo não se dividia em Leste e Oeste, mas em Norte e Sul”; Nehru e Tito acabariam se afastando da URSS; Nasser, através de uma aproximação da URSS, com a intenção de cooperação econômica e militar, acabava gerando conflitos a partir do momento em que fomentava os princípios do terceiro mundismo; A China chegou a liderar o grupo, o que, estrategicamente, tentava diminuir o poder da URSS e da Índia dentro do bloco; Cuba tentava ganhar força, especialmente com o fomento soviético, especialmente com treinamento de guerrilheiros, como foram casos na América Central e África; A aproximação da China com os EUA, a partir da década de 1970 (abertura com Deng Xiao Ping), as crises do panarabismo e as crises latino americanas (década de 1980). A CRISE DO TERCEIRO MUNDISMO Durante a Guerra Fria, apesar de integrar o Movimento dos Países Não Alinhados, a Índia firmou tratados de cooperação econômica com a URSS, da qual, inclusive, recebeu apoio junto a questão da Caxemira; Situado ao norte da Índia, junto à fronteira com a China, a Índia e o Afeganistão, a Caxemira é um território estratégico que dá acesso à Ásia Central. Em 1948, quando da independência do Paquistão (que se separava da Índia), o governo indiano, aproveitando uma indecisão dos líderes locais da região, invadiu e anexou a região de Jammu-Caxemira, o que gera protesto até hoje; O Paquistão se inclinou em direção à China; Com o fim da URSS, a Índia vem se inclinado em direção aos EUA. REGIÃO DA CAXEMIRA Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29