Prévia do material em texto
Gases e Vapores – parte 1 Hemerson Iury hemersonufpb@yahoo.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB DEPTO. DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS – DCF CURSO: FARMÁCIA Gases e Vapores Gases substâncias usualmente presentes na fase gasosa, sob condições normais. Vapores existem na fase líquida ou sólida a 20º C e pressão atmosférica normal. Vias de introdução: respiratória (+ importante) e cutânea. 1 - Fase de Exposição Pressão de Vapor = Pressão de um gás ou vapor em sistema fechado (volatilidade do gás ou vapor em mmHg); Ponto de Ebulição = temperatura que a pressão de vapor atinge a temp. externa; Densidade = Peso de um dado volume = vol.H20 a 4°C; Densidade do Vapor = Peso do vapor por unidade de volume. Gases e Vapores Absorção Pulmonar – gases, vapores entram em contato com a dupla barreira representada pelo epitélio alveolar e endotélio capilar; Fases: ar alveolar e sangue A barreira pulmonar possui expessura e área superficial Gases e Vapores Pressão parcial = [gases, vapores] no ar alveolar e sangue – indica a direção de difusão; Coeficiente de partição = Solubilidade do soluto no veículo extrator/ Solubilidade do soluto no veículo de origem. Gases e Vapores Solubilidade do composto no sangue – A passagem do gás do ar alveolar para o sangue é igual a quantidade de liberação do gás sangue para o espaço alveolar (estado de equilíbrio). - Substâncias com alto coeficiente de partição sangue/ar passam facilmente do ar para o sangue. Ex.: CHCl3 Gases e Vapores Solubilidade do composto no sangue – Substâncias com baixo coeficiente de partição sangue/ar somente pequena quantidade é difundida para o sangue (rápida saturação). Ex.: C2H2 Gases e Vapores Gases e Vapores Classificação: Irritantes Asfixiantes Anestésicos: halotano, etc. Outros: H3As (arsina) e Hgº Gases e Vapores IRRITANTES: Diversos compostos efeito local inflamação (mucosa do TR, pele e conjuntiva ocular). Subdivisão dos irritantes: Primários e Secundários. Gases e Vapores Irritantes Primários: Compostos que produzem somente ação local. Ex.: HCl e H2SO4. Gases e Vapores Irritantes Secundários: Composto com ação sistêmica predominando sobre a irritação local. Ex.: exposição aguda H2S edema pulmonar e depressão do SNC Gases e Vapores Local de ação dos gases e vapores irritantes: hidrossolubilidade capacidade de penetração TR superior, pele e olhos: locais principais hidrossolubilidade capacidade de penetração TR inferior e maior permeação cutânea Gases e Vapores Local de ação dos gases e vapores irritantes: Nariz, boca, pele e olhos: HCl, H2SO4, NH3, HCHO, etc. ( hidrossolubilidade); Brônquios: SO2, Cl2, Br2, F2 (hidrossolubilidade moderada); Alvéolos: O3, NO2, COCl3 (fosgênio) ( hidrossolubilidade); Gases e Vapores ASFIXIANTES: Hipóxia ( O2 no sangue e tecidos) anoxia (ausência de O2) asfixia (bloqueio dos processos tissulares vitais por falta de O2). Subdivisão dos Asfixiantes: Simples e Químicos Gases e Vapores Asfixiantes Simples: Deslocam o oxigênio do ar ( pressão parcial do O2 por simples diluição). Teor normal de O2 no ar: 21%. Teor mínimo de O2 no ar: 18%. Exemplos: H2, N2, He (fisiologicamente inertes). Gases e Vapores Asfixiantes Químicos: Não alteram a concentração do oxigênio do ar. Comprometem a oxigenação de tecidos após a absorção. Mecanismo de ação: Impedem o aproveitamento de O2 pelas células. Ex.: compostos liberadores do íon cianeto (CN-). Interferem no transporte de O2. Ex.: CO e metemo- globinizantes. Gases e Vapores Dióxido de enxofre (SO2): Gás incolor, de sabor ácido e odor irritante. Em presença de catalisadores, água, poeiras atmosféricas: sofre oxidação a anidrido sulfúrico (S03) H2SO4 (corrosão de objetos metálicos em áreas de grande concentração de indústrias). Gases e Vapores Fontes de dióxido de enxofre (SO2): Combustão de carvão com teor de enxofre. Uma tonelada de carvão com 1% de enxofre 20 Kg de SO2 quantidades de SO2 oriundos de chaminés urbanas e industrias. Ação potencializada pela presença de gotículas de H2SO4 (formadas pela umidade atmosférica). Gases e Vapores Fontes de dióxido de enxofre (SO2): Indústria de celulose SO2 usado como branqueador. Na indústria petrolífera. Na aplicação do gás como fumigante e preservativo. Indústria alimentícia como conservante microbiano. Gases e Vapores Fontes de dióxido de enxofre (SO2): Indústria alimentícia: Previne o crescimento microbiano. Previne descoloração. Restaura coloração brilhante em carnes. LMP em vinhos: 350 mg/L. DL50 via oral de SO2 = 1g/kg p.c. Inferiores a DL50 vômitos. Tolerância: 50mg/kg p.c. Sintomas da intoxicação: dor de cabeça, náuseas, vômitos e diarréias. Gases e Vapores Toxicidade do dióxido de enxofre (SO2): Comporta-se como um gás irritante e sufocante. Classificado como irritante do TR superior e inferior (brônquios). A irritação, sua principal ação, resulta na constrição reflexa dos brônquios e da resistência do fluxo pulmonar. O anidrido sulfúrico (SO3) + umidade intensidade de ação: bronquites associadas ao SO2 em cidades úmidas. Gases e Vapores Toxicidade do dióxido de enxofre (SO2): Indivíduos com problemas cardiorrespiratórios ou indivíduos asmáticos expostos ao SO2: desconforto, ataques asmáticos ou até a morte. Limite de tolerância ao SO2: 4 ppm (10mg/m 3). Conc. de 33mg/L de ar morte por disfunção pulmonar. Sinais e sintomas anteriores a à morte: tosse, lacrimejamento e coriza Gases e Vapores Sulfeto de hidrogênio (H2S): Gás sulfídrico: odor penetrante, semelhante ao odor de ovos em putrefação. Produzido pela ação bacteriana em efluentes de esgotos contendo compostos sulfurosos (quando O2 por consumo pela excessiva carga orgânica das águas superficiais). Gases e Vapores Sulfeto de hidrogênio (H2S): Intoxicações por H2S puro: em laboratório químico e nas destilarias de petróleo. Intoxicação mais frequente: por emanações nas fossas sépticas e nos esgotos. Limite de tolerância: 8 ppm ou 12 mg/m3. Gases e Vapores Sulfeto de hidrogênio (H2S): Exposição à concentração elevada (sintomas progridem gradualmente): conjuntivite dolorosa, cefaléia, náuseas, tosse, tontura, sonolência e edema pulmonar, inconsciência, convulsões e morte por paralisia respiratória. Gases e Vapores Sulfeto de hidrogênio (H2S): Exposição crônica: persistente da PA, náuseas, perda de apetite, perda de peso, distúrbios da marcha e do equilíbrio, conjuntivite, tosse crônica. Praticamente atóxico por ingestão fácil eliminação pelos pulmões. Tratamento: oxigenoterapia. Gases e Vapores Cloro (Cl2): Ação essencialmente cáustica ou irritante. Ataca a mucosa broncopulmonar. Cl2 + matéria orgânica decompõe a mesma. Cl2 + umidade HCl + O2 (ação oxidante enérgica) HCl ação corrosiva sob o alvéolo: destruição do endotélio como transudação de soro sanguíneo edema pulmonar agudo morte por axfixia. Limite de tolerância: 0,8 ppm. Gases e Vapores Bromo (Br2): Ação intensa cáustica ou irritante: mecanismo de ação semelhante ( no HBr formado). Tratamento: lavagem com solução de carbonato de sódio até a não existência da cor do bromo. Manter área atingida comsolução alcalina e gelo picado. Inalação acidental: promover a inalação cuidadosa com vapores de hidróxido de amonia. Limite de tolerância: 0,08 ppm ou 0,6 mg/m3 (Larini, 1999). Gases e Vapores Ácido cianídrico (HCN) e cianetos (CN -): 1º uso do HCN: 1ª Grande Guerra. 2ª Grande Guerra: campos de concentração de Duchau e de Auschwitz. Uso na execução de criminosos nas câmaras de gás (EUA). Gases e Vapores Ácido cianídrico (HCN) e cianetos (CN -): Tipo Origem Ácido cianídrico (HCN) Pseudos-hidrolatos Heterosídeos cianogênicos Cianetos (NaCN, KCN, HgCN2) Acetonitrila (cianeto de metila), cianeto de vinila, cianogênio (NC-CN), cloreto de cianogênio (NCBr) N’,N’- dimetilaminopropionila Uso na produção de espuma de poliuretano Gases e Vapores Ácido cianídrico (HCN) e cianetos (CN -): Tipo Características HCN Ácido prússico ou nitrilo fórmico. Odor de amêndoas amargas. Líquido incolor que imite vapor a qualquer temperatura. PE = 26°C. 100-150 mg do HCN inalados de uma só vez ou em prazo curto leva a morte de um adulto. Formado pela hidrólise dos heterosídeos cianogênicos: -glicosidases e meio ácido. Gases e Vapores Ácido cianídrico a partir dos heterosídeos cianogênicos Gases e Vapores Ácido cianídrico a partir dos heterosídeos cianogênicos Planta Nome científico Heterosídeo cianogênico amêndoas Prunus amygdalus amigdalina cerejas Prunus padus prunasina sabugueiro Sambucus nigra sambunigrina mandioca Manihot esculenta linamarina sorgo Sorghum sp durrina Gases e Vapores Heterosídeos cianogênicos e seus aminoácidos de origem: Gases e Vapores Heterosídeos cianogênicos e seus aminoácidos de origem: sabugueiro Prunus sp Gases e Vapores Heterosídeos cianogênicos e seus aminoácidos de origem: Gases e Vapores Heterosídeos cianogênicos e seus aminoácidos de origem: Gases e Vapores Cianeto e o HCN originado: NaCN + HCl HCN + NaCl 1,0g de NaCN 0,550g de HCN KCN + HCl HCN + KCl 1,0g de KCN 0,410g de HCN HgCN2 + 2HCl 2HCN + HgCl2 1,0g de HgCN 0,110g de HCN Gases e Vapores Toxicocinética do cianeto e do HCN: Rápida absorção por VO e inalatória (no caso do HCN). Absorção dérmica em pele íntegra (CN ou HCN). Por VO: CN + HCl gástrico HCN Distribuição rápida: 60% ligado às proteínas plasmáticas. ½ vida = 20-60 min. Concentra-se nos eritrócitos (4 x mais que plasma). Tempo de eliminação = 20 horas (CL=160mL/min): caso agudo tratado. Parte é excretada inalterada pelos pulmões. Parte sobre biotransformações (principalmente pela enzima rodanase). Gases e Vapores Toxicocinética do cianeto e do HCN: Toxicocinética: biotransformaçãos do cianeto Via rodanase: converte cianeto, na presença de tiossulfato de sódio, em tiocianato (sulfocianeto). rodanase CN + Na2S2O3 SCN tiossulfato tiocianato A enzima rodanase (tiossulfato sulfotransferase): em especial no fígado, rins, na tireóide, na adrenal e no pâncreas. O tiocianato é muito menos tóxico e excretado pela urina. Gases e Vapores Toxicocinética do cianeto e do HCN: Ação da sulfocianeto-oxidase: sulfocianeto-oxidase CN + Na2S2O3 SCN tiossulfato tiocianato Reversão lenta: sintomas reaparecem após o tratamento inicial. Gases e Vapores Toxicocinética do cianeto e do HCN: Outras vias de biotransformação: (a) Combinação com cisteína e formação do ácido 2- iminotiazolidina-4-carboxílico. (b) Metabolismo dos compostos com 1 átomo de C: formação do ácido fórmico eliminação renal. (c) Oxidação com formação de CO2 ar expirado. (d) Uma outra via envolve a reação entre CN- e hidroxicobalamina para formar a cianocobalamina (vitamina B12) (e) Eliminação na forma inalterada pelo ar expirado. Gases e Vapores Eliminação do cianeto e do HCN: Gases e Vapores Toxicodinâmica do cianeto e do HCN: HCN age sobre o Fe+++ da citocromo oxidase da cadeia respiratória hipóxia citotóxica. Hiperpnéia (CN¯ na carótida). Gases e Vapores Toxicodinâmica do cianeto e do HCN: Conseqüências da inibição da citocromoxidase mitocondrial: 1. Paralisação da cadeia respiratória de elétrons não uso do O2 e da fosforilação oxidativa. 2. O ciclo de Krebs não produz o piruvato metabolismo anaeróbico ATP, produção de ácido lático, acidose metabólica e do hiato aniônico ([Na + K] – [Cl + HCO3] > 8- 16 mEq/L) Gases e Vapores Gases e Vapores Efeitos tóxicos do cianeto e do HCN: A respiração (no início) estimulada devido à resposta das células quimiorreceptoras à diminuição de oxigênio. Provoca aumento da profundidade e freqüência respiratória por estimulação direta da carótida e dos corpos aórticos (pelo cianeto). Um estado transitório de estimulação do SNC cefaléia. Convulsões hipóxicas e morte devido ao bloqueio respiratório de origem central. Gases e Vapores Efeitos tóxicos do cianeto e do HCN: Primeiro período: ação cáustica ardor na boca, estômago e vômitos (raro), vertigens e zumbidos, palpitações e dispnéia. Segundo período: perda da consciência com convulsões ou coma. Convulsões precoces indica morte rápida. Coma indica morte lenta. Bradipnéia e apnéia (1 ou 2 respirações por minuto), pulso taquicárdico e hipotensão. Terceiro período: relaxamento muscular, pulso e tônus cardíaco imperceptíveis. Gases e Vapores Tratamento da intoxicação por cianeto e por HCN: Rápido para ser eficaz. Reversão da ligação do ácido cianídrico com a citocromo oxidase: injeção intra-venosa do nitrito de sódio que converte hemoglobina em metemoglobina (competição com o citocromo a3 pelo ácido cianídrico). Metemoglobina maior afinidade pelo cianeto cianometemoglobina e restauração da citocromo oxidase. Gases e Vapores Tratamento da intoxicação por cianeto e por HCN: Remoção do cianeto do organismo: tiossulfato de sódio intravenosamente ( a conversão do cianeto, através da enzima rodanase, em tiocianato). .Administração de aminofenóis: em substituição ao nitrito que metemoglobina e produz hipotensão arterial colapso cardiovascular. Compostos de cobalto (EDTA-Co, histidina-Co, hidroxicobalamina): combinam diretamente com o cianeto no plasma. Gases e Vapores Mecanismo de ação tóxica de alguns agentes bociogênicos. TRH = hormônio liberador de tirotropina, TSH = hormônio estimulante da tireóide. Gases e Vapores Tiocianatos (SCN) Via biotransformação pela rodanase. Exposição a agentes como heterosídeos cianogénicos ou agentes formadores de cianeto por tempo prolongado nos níveis plasmático do SCN- nos animais expostos inibe a captura de iodo pela tireóide (+ dieta pobre em iodo) bócio. OBRIGADO!