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Conceituando língua 1. Língua é a linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação. 2. É um sistema de natureza gramatical, pertencente a um grupo de indivíduos, formado por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras para a combinação destes. 3. Língua é uma instituição abstrata que só se concretiza através da fala, que é individual. Cada falante tem o domínio da língua que fala e, em decorrência disso, pode usá-la como bem quiser dentro das regras preestabelecidas pelo contrato coletivo ajustado com os demais falantes. Quando pensamos em língua, devemos considerar o conhecimento que os falantes têm de sua língua,. Assim, vamos refletir com as palavras de Celso Pedro Luft sobre o que significa “conhecer” uma língua? Em seu livro, Língua e liberdade, Luft nos diz que quando conhecemos uma língua, sabemos falar e somos compreendidos. Isso acontece porque crescemos nos comunicando com as pessoas a nossa volta. Vocês já pensaram que uma pergunta bem simples exige conhecimento acerca da estrutura gramatical da língua? Quando dizemos „Quero água‟, conjugamos o verbo „querer‟ no presente e adicionamos um objeto direto que indica aquilo que queremos. O conhecimento que temos sobre os sons que fazem parte da nossa língua nos habilita a combinar palavras de modo a formar frases. Esse conhecimento da língua oral, da modalidade falada de uma língua independe da educação escolarizada. Veremos na próxima aula, que a língua possui duas modalidades, a modalidade falada e a modalidade escrita, que compartilham semelhanças e diferenças. Vocês sabiam que já houve um tempo em que se acreditava que havia línguas superiores? Vejamos o que nos diz Langacker sobre isso. “Já se afirmou algumas vezes que povos primitivos falam línguas primitivas. No entanto, não há relação entre grau de desenvolvimento cultural e complexidade de estrutura linguística. As línguas dos povos primitivos podem ser tão complexas e ricas em poder expressivo como qualquer língua europeia. Qualquer coisa que se pode dizer numa língua pode ser dita em qualquer outra língua, embota talvez mais desajeitadamente. É totalmente falso alegar que as línguas „primitivas‟ têm vocabulários muito pequenos, não têm gramática, que a maioria de suas palavras são onomatopaicas, que não podem expressar ideias abstratas etc. Os esquimós têm palavras para variedades específicas de neve, mas não uma palavra genérica, um termo mais abstrato (como o nosso neve) que compreenda todas as variedades. Isso não significa que eles não sejam capazes de pensamento abstrato ou que sua língua é pobre; significa simplesmente que a neve é mais importante para eles do que é para nós, de modo que sua categorização linguística nessa área de experiência é mais detalhada que a nossa. (p. 25)” (LANGACKER, R. A linguagem e sua estrutura. Petrópolis: Vozes, 1980) Quer saber mais sobre essa questão das línguas primitivas? Leia o texto A língua e a cultura, de Aldo Bizzocchi em: http://www.aldobizzocchi.com.br/artigo64.asp Conversando com Platão sobre a linguagem Platão Crátilo Em sua obra Crátilo, Platão (428-347 a.C.) nos apresenta um diálogo entre dois personagens Crátilo e Hermógenes, acerca do nome desse último. Crátilo considera que há um problema no nome de Hermógenes, pois essa palavras significa "filho de Hermes". Como Hermógenes estava com problemas financeiros, não justificava o nome que tinha. Hermógenes, nesse diálogo, advoga em favor do convencionalismo e afirma que não há relação entre os nomes e aquilo que eles representam: essa relação seria arbitrária. Crátilo, no entanto, acredita haver uma relação entre a coisa e seu nome, assumindo, portanto, uma posição conhecida como naturalista. Platão reconhecerá o convencionalismo - um mesmo objeto terá nomes diferentes nas diversas línguas, mas afirmará que não se pode trocar o nome das coisas, pois isso prejudicaria a comunicação. Fedro Em Fedro, Platão se referiu a linguagem como pharmakon, termo que originou a palavra pharmáco, daí a nossa palavra „pharmácia‟, que possui três sentidos principais. remédio, veneno e cosmético. Platão considerava que a linguagem poderia ser um remédio para fortalecer o conhecimento porque é pelo diálogo que trocamos ideias, ouvimos opiniões, descobrimos e aprendemos coisas novas, com os outros remediando a ignorância. Também considerava que poderia ser um veneno que seduz e nos faz aceitar fascinados, o que lemos ou escutamos, sem mesmo indagar se tais palavras são verdadeiras ou falsas. A linguagem venenosa coloca quem a ouve à disposição de quem a expressa. Podemos nos defender deste veneno quando indagamos, pedimos prova e questionamos o que ouvimos. Nesse caso, aquele que utiliza a palavra para seduzir, inicia então um novo discurso, utilizando a palavra como um cosmético (maquiagem), tentando manter uma ilusão mascarada da verdade de uma forma paliativa. (Adaptado de http://pharmakom.blogspot.com.br/2006/11/pharmakon.html)
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