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Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO 
ESCRIBA
3.1 Egito: berço de todas as civilizações
Refletir sobre a educação no Antigo Egito é necessário, uma vez que parece ser consenso entre os 
estudiosos o fato de o Egito ser o “berço” de todas as civilizações. Embora a civilização ocidental, da 
qual fazemos parte, seja herdeira do mundo Greco-Romano, tanto a Grécia quanto o Império Romano 
“beberam” das fecundas fontes do Egito. Vários livros de história nos trazem a informação de que Platão 
era um admirador da antiga sabedoria egípcia, reconhecendo no deus egípcio Thoth o inventor dos 
números, do cálculo, da geometria, da astronomia e das letras.
O que sabemos é que realmente o Egito foi fecundo na produção de conhecimentos. Quem já não 
ouviu falar dos processos de mumificação dos mortos e das monumentais pirâmides? Com certeza muito 
conhecimento teve que ser desenvolvido para que elas fossem erguidas e, mais, para que durassem 
tanto tempo, chegando até os dias de hoje.
Mas como é que os caçadores e coletores do Período Paleolítico e os agricultores do Período Neolítico 
se transformaram nos poderosos faraós do Egito? Os primeiros registros que temos acerca do Egito datam 
do ano 4.000 A.C., quando caçadores nômades fixaram-se no Vale do Nilo, nordeste da África. Aos 
poucos a tecnologia foi se desenvolvendo, o trabalho se especializando, a agricultura tornando-se mais 
eficaz e a sociedade mais complexa. O Egito, provavelmente a civilização mais antiga da humanidade, 
desenvolveu a agricultura de forma extraordinária, graças, principalmente, ao regime de cheias do rio 
Nilo. Este povo, especializando-se na agricultura, teve que desenvolver vastos conhecimentos para 
torná-la cada vez mais eficaz. Com isto, o Egito desenvolveu notadamente a geometria, a astronomia, a 
matemática e as ciências úteis e necessárias para a realização das atividades práticas diárias referentes 
ao desenvolvimento da agricultura, como atesta, por exemplo, a elaboração de um eficiente calendário 
solar para prever as cheias do rio Nilo. Os trabalhos de irrigação, os conhecimentos de geometria, 
particularmente úteis para a medição de terras destinadas ao plantio e à construção das pirâmides, 
mostram-nos o grau de desenvolvimento da engenharia praticada. 
Os egípcios desenvolveram conhecimentos na área médica, identificando algumas doenças, e existe 
a evidencia de que já praticavam alguns tipos de cirurgias. Possuíam, também, conhecimentos nas 
áreas de zoologia, botânica, mineralogia e geografia. Desenvolveram a escrita, mais conhecida como os 
hieróglifos, por volta de 3.500 A.C. 
Os antigos caçadores que se fixaram no vale do rio Nilo foram se transformando em exímios 
agricultores e desenvolveram extensos conhecimentos em torno das necessidades agrícolas. Passaram, 
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então, a dominar as técnicas de plantio e colheita de trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas 
e papiro, bem como desenvolveram as práticas para a criação de bois, asnos, gansos, patos, cabras e 
carneiros e, na mineração, se destacaram na extração de ouro, cobre e pedras preciosas. 
O desenvolvimento dos conhecimentos permitiu aos egípcios alcançarem uma alta produtividade 
agrícola e exercerem um eficiente controle populacional, disponibilizando recursos e mão de obra, 
o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da 
ourivesaria e as guerras de expansão. Como podemos perceber, esta sociedade se tornou extremamente 
poderosa e rica, portanto, a estrutura social e cultural deste povo, marcada pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas ligadas especialmente á agricultura, foi se tornando cada vez mais complexa. 
Desenvolveu-se, portanto, uma sociedade de classes, dividida em diferentes camadas sociais: as que 
tinham privilégios, tais como: sacerdotes, nobres, funcionários; e as que compunham o restante da 
população: artesãos, camponeses e escravos. O governo se concretizou como um governo centralizador 
e teocrático. O faraó exercia uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de 
origem divina.
Politeístas, os egípcios acreditavam na vida após a morte e 
a prática religiosa, composta por muitas cerimônias e rituais, 
tinha grande destaque, valor e influência na sociedade. 
Como o poder político era fundamentado no poder religioso 
podemos perceber que a religião era indissociável da 
vida política e cotidiana dos egípcios. O dia a dia era uma 
expressão da vontade divina e os faraós eram considerados 
e adorados como deuses encarnados. Ao faraó pertenciam 
todas as terras do país, portanto, todos deveriam lhe pagar 
tributos e lhe prestar serviços. Sendo ele um “deus encarnado” 
ninguém contestava. O faraó era ao mesmo tempo um “deus 
encarnado” e um chefe político de um Estado poderoso, 
portanto, tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos. 
Podemos pensar a sociedade egípcia como uma pirâmide cuja base é composta pelos camponeses 
livres, que eram a maioria da população, viviam nas aldeias e pagavam diversos tributos ao Estado e 
aos templos. Nesta base da sociedade ainda estavam os escravos, que se encontravam nesta condição 
por dívidas ou por dominação de outros povos por meio das conquistas militares. Quase todos eram de 
origem estrangeira e faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas. Acima 
destes havia uma camada intermediária formada pelos artesãos, trabalhadores que exerciam diferentes 
ofícios, tais como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Havia, 
ainda, os soldados que não atingiam os postos de comando, pois estes eram reservados à nobreza.
A classe dominante era formada pelo faraó e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos 
funcionários do Estado, dentre eles os escribas. O faraó, soberano teocrático e centralizador, 
concentrava em suas mãos o poder político e espiritual; era cultuado como um deus vivo, filho de 
deuses e intermediário entre estes e os homens; era a pessoa sagrada cuja autoridade absoluta não 
era e nem podia ser questionada. 
Governo teocrático ou teocracia 
é um sistema de governo em que 
o poder político está fundamentado 
no poder religioso. Para os egípcios, 
a ordem social representava um 
aspecto da ordem cósmica. Assim, a 
realeza existiria desde o começo do 
mundo, pois o “Criador foi o primeiro 
Rei, transmitindo esta função ao filho 
e sucessor, o primeiro Faraó. Essa 
delegação consagrou a realeza como 
instituição divina”.
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Portanto, podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, por sua 
vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de classes, a transmissão 
do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada para todos, ao contrário, era 
restrita a poucos. Com a diversificação da economia podemos perceber que começa a existir certa 
hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia pede um trabalhador mais especializado 
e qualificado e uma educação condizente comesse propósito. 
Manacorda nos mostra que provavelmente houve o desenvolvimento de três tipos de escolas: as 
escolas “intelectuais”, em que eram cultivados os estudos de matemática, de geometria e de astronomia; 
as escolas “práticas”, destinadas à qualificação de artesãos e 
treinamento de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas 
e sagradas, voltadas para a formação de sacerdotes. 
O autor enfatiza a existência da educação destinada 
às classes dominantes, especialmente no que se refere à 
educação para a vida política, ou seja, para o exercício do 
poder. Esta educação era baseada em literatura sapiencial e 
tinha como objetivo o ensinamento dos comportamentos e 
da moral referentes ao exercício do poder.
Portanto, estes conselhos de sabedoria prática contêm 
condutas e preceitos morais intimamente relacionados ao modo de vida da classe dominante:
Eles contêm preceitos morais e comportamentais rigorosamente harmonizados com 
as estruturas e conveniências sociais ou, mais diretamente, com o modo de viver 
próprio das castas dominantes. Estes sempre foram em forma de conselhos dirigidos 
do pai para o filho e do mestre escriba para o discípulo (neste caso o termo “filho” 
será usado de qualquer forma, para indicar o “discípulo” seja este filho carnal ou não), 
e insistem na ininterrupta continuidade da transmissão educativa de geração em 
geração. (Manacorda, 2004)
O exame da literatura sapiencial, em sua relação com a 
estrutura social e o momento em que a mesma foi produzida, 
pode nos fornecer um entendimento adequado acerca dos 
conteúdos e objetivos da educação, bem como da relação 
pedagógica entre mestre e discípulo. Manacorda conclui que 
a educação era mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e 
transmitida autoritariamente do pai para o filho. 
O conteúdo específico gira em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática. A característica principal destes ensinamentos é que estes estão voltados para a formação do 
homem político. Sendo assim, a “arte de falar” ou o “falar bem” é um dos objetivos máximos deste ensino. 
Portanto, os temas pedagógicos fundamentais no Antigo Egito são: “educação para falar” e “obediência”. 
Devemos entender que “educação para falar” refere-se ao exercício da oratória, fundamental na arte 
O que é literatura sapiencial? 
É um tipo de literatura proverbial 
de sabedoria que tem uma finalidade 
basicamente didática. A Bíblia, por 
exemplo, é um livro de literatura 
sapiencial. Segundo os historiadores 
este tipo de literatura foi introduzida 
em Israel pelo rei Salomão, mas antes 
disso, se tem registros dessa literatura 
em todo o Oriente e, especialemte, no 
Antigo Egito. 
O que é mnemônica? 
Segundo o dicionário Houaiss, é uma 
técnica para desenvolver a memória 
por meio de processos de combinação 
e associação de ideias. Relativo à 
memória; que ajuda a reter na memória. 
Memorizar.
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política do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que comandar pressupõe a arte da 
obediência e, para que isso funcione, é necessário haver disciplina, castigo e rigor.
Saiba mais
Podemos afirmar que o processo educativo no Antigo Egito tinha as seguintes características:
• Mnemônica.
• Baseada na escrita (hieróglifos).
• Transmitida autoritariamente.
• Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de 
aprendizagem.
• Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de 
sabedoria prática).
• Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos).
• Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão, 
mas a ideia de escola já bem consolidada.
• Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote).
• Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais” 
ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados à classe dominante (formação do homem político, 
de escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e 
formação de guerreiros).
Resumidamente, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito primava pelo desenvolvimento 
da fala, no sentido da arte da oratória, da obediência e da moral. Isso acontecia dentro de um rígido 
regime disciplinar em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados para quem não aprendia 
corretamente.
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba
O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos 
detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das 
castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos 
jovens, e à sociedade em geral, como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente 
uma forma de ascensão social. Assim, lemos em Manacorda:
“Quanto ao escriba, ele nunca sairá do bem-estar, e em qualquer lugar onde ele morar 
não haverá mais necessidade”. (Manacorda, 2004)
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A literatura disponível nos informa que a ideia de trabalho manual como sendo um trabalho menor, 
inferior e desgastante em contraposição com o trabalho intelectual, especialmente do escriba, parece 
ser bastante comum, como nos informa a passagem abaixo, recolhida do trabalho de Manacorda:
“Nunca vi um cortador de pedras enviado como mensageiro, nem um ourives. Mas 
vi o ferreiro em seu trabalho, à boca da fornalha, fedendo mais do que ovas de 
peixe”. 
Nessa passagem há, claramente, um repúdio às profissões artesanais, ao trabalho manual, enquanto 
que na passagem seguinte observamos um enaltecimento à profissão de escriba:
“Mostrar-te-ei sua verdadeira beleza: ela (a profissão de escriba) é a maior de todas 
as profissões e não existe outra semelhante a ela neste país. (...) Eis que não existe 
nenhuma profissão sem que alguém te dê ordens, exceto a de escriba, porque é ele 
que dá as ordens. Se souberes escrever, estarás melhor do que nos ofícios que te 
mostrei. (...) Sê escriba: este ofício salva da fadiga e te protege contra qualquer tipo 
de trabalho. Por ele evitas carregar a enxada e a marra e dirigir um carro. Ele te 
preserva do manejo do remo e da dor das torturas, pois te livra de números, patrões 
e superiores. (...) O homem sai do seio de sua mãe e corre para o seu patrão. Mas o 
escriba chefia todos os tipos de trabalho neste mundo. (...) Sê escriba para que teu 
corpo se conserve liso e tuas mãos logo não se cansem e, assim, tu não queimes como 
uma lâmpada”. (apud Manacorda, 2004)
Em uma sociedade como a egípcia, fortemente marcada pelas desigualdades sociais e com pouca 
mobilidade social, estes relatos podem nos indicar que dominar a escrita e o conhecimento eram formas 
de ascender socialmente. Já encontramos, portanto, na antiguidade egípcia elementos que nos mostram 
que o sábio, o intelectual ou aquele que detém o conhecimento é sempre diferenciado em relação 
aos demais. Percebemos, também, que deter conhecimentos é uma forma de exercer o poder sobre os 
outros.
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA
Inicialmente, devemos esclarecer que o termo Antiguidade Clássica refere-se a um período 
da história humana, que aconteceu especificamente na Europa, portanto, quando falamos em 
Antiguidade Clássica, estamos nos referindo aos acontecimentosque se desenrolaram na Europa, na 
Grécia e em Roma. Este período compreende o século VIII a.C. e se estende até, aproximadamente, o 
século V d.C. Esta periodização, que é feita muito mais no sentido didático, coloca como marco do 
início deste período o surgimento, na Grécia, da poesia de Homero e, como marco do final do período, 
a queda do Império Romano no ano 476 da era cristã. 
Como já indicamos anteriormente, o Egito foi o berço cultural de nossa civilização, que por sua vez 
é herdeira dos ideais greco-romanos no que se refere ao conhecimento, à ciência e à cultura. Dos povos 
da Antiguidade, foram os gregos e os romanos que tiveram maior influência na formação da civilização 
ocidental. Portanto, é fundamental entendermos estas civilizações.
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4.1 A Grécia
Nosso mundo atual tem muito em comum com o universo dos gregos antigos. Vários conceitos 
que usamos diariamente são herdados dos gregos, como, por exemplo, os conceitos de cidadania e 
democracia. Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos, criaram a filosofia e estabeleceram 
os fundamentos da ciência e do teatro. A Grécia ainda é considerada o berço da Pedagogia. Produziu 
filósofos conhecidos e populares até os dias de hoje, como Sócrates, Platão e Aristóteles, além dos 
sofistas que tiveram influência decisiva na profissionalização da educação.
Para entendermos o pensamento educacional na Grécia clássica, é fundamental que possamos 
vislumbrar os traços característicos de sua cultura e sociedade. Luzuriaga, buscando compreender 
estes traços, nos informa que a cultura grega pode, resumidamente, ser pensada a partir dos seguintes 
princípios:
• Descobrimento do valor humano independentemente de autoridade religiosa ou política.
• Reconhecimento da razão e da inteligencia crítica ausente de dogmas.
• Criação da ordem, da lei, do cosmos, tanto na natureza como na humanidade.
• Criação da vida cidadã, do Estado e da organização política.
• Criação da liberdade individual e política dentro da lei e do Estado.
• Invenção da poesia épica, da história, da literatura dramática, da filosofia e das ciências físicas.
• Reconhecimento do valor decisivo da educação na vida social e individual.
• Consideração da educação humana em sua integridade: física, intelectual, ética e estética.
• O princípio da competição e seleção dos melhores, na vida e na educação.
Do ponto de vista social, sabemos que em todo tempo e lugar a expansão das atividades comerciais 
e de conquista gera profundas desigualdades sociais. Na Grécia isto não foi diferente e as desigualdades 
se tornaram mais acentuadas com a consolidação da propriedade privada e com a introdução da 
escravidão. Desta forma, os processos educativos vão se estabelecendo em conformidade com as classes 
sociais, mas devido aos valores culturais desenvolvidos entre os gregos, já há uma tendência para a 
existência de uma educação mais democrática. 
Os valores culturais desenvolvidos pelos gregos permite formar uma visão de mundo muito 
diferente dos outros povos da antiguidade. Enquanto estes povos baseavam suas vidas debaixo da 
obdiência cega à religião, aos deuses ou às autoridades teocráticas, os gregos, ao contrário, colocavam 
a razão humana como um instrumento que pudesse servir ao próprio homem. Os gregos não se 
submetiam aos sacerdotes nem se humilhavam diante dos deuses, pois tinham o homem como o ser 
mais importante do universo. A religião era politeísta e Zeus ocupava o primeiro lugar na hierarquia, 
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conhecido como deus do trovão. Apolo era o deus do sol, Athenas era a deusa da guerra e das 
atividades domésticas e Hades era o deus do mundo do além. Mas nada neste “modelo” religioso 
apontava para um possível rebaixamento do homem. Os deuses eram expressões das forças e formas 
do próprio homem ou da natureza.
Para fins didáticos, podemos dividir a história da educação grega da seguinte maneira:
• Período Homérico (1.100-800 a.C.)
Corresponde à Educação Heroica, Cavalheiresca, fase retratada pelos poemas de Homero: Ilíada e 
Odisseia. 
• Período Arcaico (800-500 a.C.): 
Fase da formação das cidades-estado (polis). Introdução da escrita, da moeda e da lei. Corresponde 
à Educação Cívica (Atenas e Esparta).
• Período Clássico (500-400 a.C) 
Apogeu da civilização grega. Corresponde à Educação Clássica, humanista e é representada 
especialmente por Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Período Helenístico (336-146 a.C.) 
Fase da decadência da Grécia. Corresponde à Educação Helenística, enciclopédica.
Como podemos perceber, o período intitulado de Antiguidade Clássica grega é muito longo, portanto 
a educação, bem como a sociedade, assumiu formas diferentes no decorrer do tempo. Em Esparta, 
por exemplo, a educação assume um papel de preparação para a guerra, enquanto que em Atenas 
assume um papel mais intelectual. Vejamos mais detalhadamente como se processou a educação nestes 
diferentes períodos:
• O Período Homérico e a Educação Heroica ou Cavalheiresca 
A Educação Heroica ou Cavalheiresca do Período Homérico tem sua origem e base em dois poemas 
épicos atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia.
Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto o processo educativo se realizava 
a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a guerra de Troia) 
e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses à Grécia). Estes dois grandes poemas épicos serão redigidos 
sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, de forma marcante, toda a 
educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo eram obrigatórios na educação básica 
da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas influenciaram os autores clássicos do mundo 
todo e podem ser considerados como fundadores da literatura ocidental.
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Estes poemas dominaram o processo educativo na Grécia, divulgando ideais que perpassaram a 
cultura grega, atingindo o patrimônio romano. Mas o que estes poemas tinham de tão especial? Quais 
ideais foram espalhadas pela cultura grega e romana?
Na verdade, estes poemas tratam das venturas e desventuras de heróis que servem de modelos 
permanentes para a juventude. Seus heróis mais importantes, como Aquiles e Ulisses, atravessaram os 
séculos. Estes heróis são modelos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, apesar dos 
mais temidos obstáculos, coragem, perseverança e cumprimento do dever. Os feitos heroicos destes 
personagens são aprendidos de memória pelas crianças e detalhadamente anlisados pelos jovens. 
Como esta é uma sociedade dos tempos heroicos e 
guerreiros, o ideal da educação desta época se estabelece em 
estreita relação com os ideais e as aspirações da sociedade. 
Portanto, neste período, a educação, chamada de Heroica 
ou Cavalheiresca, é fortemente alicerçada nos conceitos de 
honra e valor, no espírito de luta e sacrifício, bem como nas 
capacidades e nos feitos individuais. Percebe-se, porém, mais 
claramente, o ideal educativo grego “Arete”.
Homero enaltece qualidades capazes de dotar o homem desuperioridade. A Ilíada é recheada de 
episódios cujo conteúdo prima pela capacidade que tem o herói de se sobressair, de estar entre os 
primeiros. Portanto, uma característica fundamental da educação é o espírito de superioridade. “Ser o 
melhor” , “superar os outros”, é um ideal que norteia todo o precesso educativo grego deste período. Na 
Ilíada é possivel perceber a importância atribuída às duas outras capacidades: a capacidade de pronunciar 
discursos, ou seja, de possuir uma boa retórica, e a capacidade de ser valente, suficientemente, para 
realizar intervenções e ações militares. Isto é, a capacidade para “falar” e para “agir”, ou seja, a capacidade 
de intervir na política e de fazer a guerra. 
Podemos perceber que durante este período a educação visava ao preparo para a Guerra e para 
a capacidade de falar com facilidade. Este “treinamento” obviamente não era destinado a todos. A 
educação formal e institucionalizada ainda não existia. Não sendo pública nem gratuita a educação 
tinha um caráter elitista. Era ministrada nos palácios ou castelos dos nobres, onde se recebia uma 
formação integral que incluía atividades físicas, manejo de armas, arco e flecha, exercícios militares, a 
arte da caça, da música, da dança e do canto, história e poesia.
Em Luzuriaga encontramos a seguinte referência de Dilthey em relação à educação do jovem no 
período homérico:
Largos espaços para exercícios físicos, o que devia cultivar não só a força, mas a 
beleza; os jogos festivos nos quais elas se demonstravam; o ensino de poesia e canto, 
acompanhado de instrumentos musicais; os relatos e as memórias de Homero; as leis, 
a sabedoria vital depositada em poesias morais; bem como os elementos com os quais 
se cultivava o jovem grego para estar preparado para a guerra e para a eloquência das 
assembleias. (Luzuriaga, 2001)
Arete: o conceito que originalmente 
exprime o ideal educativo grego é o 
de arete. Originalmente formulado e 
explicitado nos poemas homéricos, a arete 
é entendida como um atributo próprio 
da nobreza, um conjunto de qualidades 
físicas, espirituais e morais, tais como a 
bravura, a coragem, a força, a destreza, 
a eloquência, a capacidade de persuasão, 
ou, em uma palavra, a heroicidade.
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A educação tinha, sobretudo, a função e o objetivo de fazer com que o jovem assimilasse os valores 
da sociedade, ou seja, o espírito de superioridade, a habilidade de falar e de se expressar e a valentia 
para agir. 
• O Período Arcaico e a Educação Cívica
No final do período homérico, por volta de 800 a.C., ocorreram grandes mudanças na vida política, 
social, cultural e econômica dos gregos. Dentre estas mudanças podemos citar: o desenvolvimento das 
chamadas cidades-estado, as polis; o desenvolvimento da racionalidade e da reflexão em detrimento 
do mito; a utilização da escrita; o uso da moeda; a elaboração de leis escritas por legisladores; e o 
aparecimento dos primeiros filósofos.
Neste período ocorre o que muitos autores denominam de Educação Cívica, ou seja, uma educação 
para a cidadania, capaz de formar bons cidadãos comprometidos com os interesses de suas sociedades. 
As cidades-estado mais conhecidas foram Esparta e Atenas e normalmente são muito citadas para 
exemplificar modelos educacionais que são antagônicos entre si, mas que estão de acordo com o ideal 
de homem e de sociedade pensados por elas. Neste momento, ocorre um alargamento do ideal educativo 
arete, que passa a ser denominado kaloskagathia.
O ideal educativo, denominado kaloskagathia, buscou atingir mais do que a honra 
e a glória contidos no arete, pois pretendia-se, além disto, alcançar a excelência física 
e moral. Os atributos que o homem devia procurar realizar eram: a beleza (kalos) e a 
bondade (kagatos). Para alcançar este ideal, foi proposto um programa educativo que 
implicou dois elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento do corpo, e 
a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. Ao final da época 
arcaica, este programa educativo completava-se com a gramática e, posteriormente, 
trensformou-se na paideia.
O modelo de educação em Esparta
A sociedade espartana é muito comumente identificada como sendo composta por um povo 
guerreiro, de modos rudes e de pouca cultura. A verdade é que, em virtude das conquistas políticas, 
os espartanos tinham que manter os povos conquistados com punhos de aço e, para tal, todos os 
cidadãos foram convertidos em soldados. Desta forma, Esparta vive um clima de constante estado 
de guerra, o que impõe a necessidade de um Estado forte que controle e discipline totalmente os 
indivíduos. A forma de governo que se estabelece é próxima ao que conhecemos como sendo um 
governo totalitário. 
Neste tipo de sociedade era necessário que a educação fosse calcada na severidade e na disciplina. 
Neste sentido, a educação espartana era essencialmente militar, embora os esportes e a música 
também fossem incentivados. Nos esportes, por exemplo, Esparta alcançou grandes feitos e vitórias, 
especialmente aqueles relacionados às necessidades militares, enquanto que as atividades artísticas 
ficaram visivelmente comprometidas.
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O modelo de heroísmo homérico, que visava aos feitos 
individuais, foi aos poucos sendo substituído pelo heroísmo 
do amor à pátria. A figura do guerreiro individual dos tempos 
homéricos foi cedendo espaço para a formação do soldado 
pronto para o combate e pronto para seguir o ideal coletivo do 
Estado que a todos subordina. Portanto, a educação espartana 
estava sob o controle absoluto do Estado. A intervenção do 
Estado era tanta que foi decretado o sacrifício do recém-
nascido que não fosse suficientemente sadio e robusto, ou 
seja, que pudesse se transformar no guerreiro pretendido por 
Esparta.
A educação da criança, especialmente do menino após os sete e até os vinte anos de idade, é 
realizada diretamente pelo Estado. 
Saiba mais
Giles (2006) nos faz o seguinte relato: “Poucos dias após o nascimento, o filho é inspecionado 
por um conselho de anciões. Estes decidem se o menino deve viver ou morrer. A decisão depende 
de o menino ser sadio e forte ou doente e frágil. No segundo caso, será exposto até morrer. No 
caso de a decisão se pela vida será entregue à mãe até os sete anos de idade. A ela compete 
enrijá-lo por meio de práticas, tais como o jejum compulsório, criando-o de maneira que seja 
totalmente destemido. Aos sete anos de idade, em nome dos conselhos de governadores, o menino 
será entregue aos cuidados da escola oficial do Estado, pois a frequência à escola é compulsória e, 
até mesmo, condição imprescindível para o reconhecimento da cidadania e a outorga de qualquer 
assistência por parte do Estado. Entretanto, todo ensino destina-se a formar o soldado indômito. 
Ao ingressar na escola, o menino recebe uma cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. 
Deve andar descalço. Para acostumar-se a passar fome em tempo de guerra só recebe o mínimo 
de comida. O resto ele deve conseguir como pode. Deve, pois, aprender a roubar. É o meio de 
desenvolver a astúcia. Só que, se for apanhado em flagrante, será severamente castigado por falta 
de habilidade. O castigo para qualquer falta contra a disciplina será a flagelação com o chicote. 
Ademais, haverá periodicamente a chamada “prova do chicote”. Esta se realiza diante do altar, em 
que o meninoapanha até verter sangue. A prova se realiza na presença dos pais e dos parentes dos 
alunos. Estes o animam para que se mantenha corajoso e demonstre a devida resolução. O medo de 
decepcionar os pais e parentes leva muitos alunos a suportar a prova até a morte. Uma vez por ano 
dava-se a licença de empreender o combate mortal. Podia-se matar qualquer escravo ou servo com 
a finalidade de aprender a matar antes de enfrentar o campo de batalha. Na escola, os exercícios 
comuns são a corrida, o salto, a natação, o arremesso de disco, a caça e a luta livre. O objetivo de 
tal formação é embrutecer ao máximo o jovem aspirante”.
Segundo Luzuriaga (2001), a educação da mulher também era preocupação do Estado. A formação 
destinada a elas era parecida com a dos homens, mas se fazia com a intenção de prepará-las o mais 
adequadamente possível para gerarem os filhos de Esparta:
Curiosidade: 
Ao contrário dos atenienses, 
os espartanos não eram dados 
a refinamentos intelectuais nem 
apreciavam os debates e os discursos 
longos. A palavra lacônico, que significa 
“maneira breve e concisa de falar ou 
escrever”, deriva da Lacônia, região em 
que viviam os espartanos. 
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Exercita-se os corpos das donzelas no correr, lutar, arremessar o disco e atirar com o 
arco para que a concepção dos filhos, em corpos robustos, brotasse com mais força... 
proscrevendo, por outro lado, a comodidade, o resguardo e toda delicadeza feminina, 
acostumou as moças a apresentar-se nas reuniões desnudas como os mancebos. 
(Luzuriaga, 2001)
O modelo de educação em Atenas
Muito diferente do que se estabeleceu em Esparta foi o modelo de educação estabelecido em Atenas. 
Enquanto Esparta se preocupou com a formação do patriota guerreiro, Atenas se preocupou com a 
formação do homem livre.
Estes modelos de educação tão antagônicos estão profundamente relacionados com o tipo de 
sociedade vigente em cada um deles. Como vimos, Esparta precisava de uma educação militarista, rígida 
e disciplinada, para manter os povos conquistados. Entretanto, a sociedade ateniense se tornou uma 
sociedade democrática. De fato, Atenas é considerada o berço da democracia. Este tipo de governo e 
sociedade, por não prescindir de uma formação militarista, têm outros anseios e outras necessidades, 
muito diferentes dos anseios e necessidades de uma sociedade fortemente militarista.
A democracia se estabeleceu em Atenas, com a queda da 
tirania, quando ocorreu uma verdadeira guerra entre os que 
defendiam a oligarquia, liderados por Isagoras, e os que 
defendiam a democracia, liderados por Clistenes. Venceu 
Clistenes e a democracia. Esta vitória provocou mudanças que 
provavelmente são muito responsáveis pelo desenvolvimento 
experimentado por Atenas. Entre estas mudanças, houve um 
vasto programa de reformas políticas, no qual foi possível 
estender os direitos de participação política a todos os 
homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo, 
consolidava-se a democracia ateniense.
Por volta do século V a.C. a democracia foi consolidada em Atenas e a cidade viveu um clima 
de efervescência artística e literária. Pisístrato e seus filhos foram patronos ardorosos das artes 
e atraíram artistas e poetas estrangeiros para obras de embelezamento e concursos musicais e 
poéticos. 
As preocupações da sociedade ateniense eram muito voltadas para o desenvolvimento artístico e 
cultural de seu povo, o que levou à formação de uma civilização de forte tendência intelectual, artística 
e cultural. Atenas foi uma sociedade que desenvolveu o teatro, a filosofia e a arquitetura. Sendo, até os 
dias de hoje, referência na arquitetura, na qual podemos destacar obras como os templos erguidos em 
homenagem aos deuses, principalmente à deusa Atena, protetora da cidade.
Em Atenas floresceu uma vida urbana muito mais plena, que contrastava com Esparta, onde os 
homens viviam muito mais em aldeias e acampamentos se preparando para as guerras.
Apenas 10% dos habitantes da 
cidade eram considerados cidadãos, 
portanto, só estes possuíam os direitos 
políticos conquistados. Desta forma, 
Atenas, que possuía 400 mil habitantes, 
pemitiu a participação de apenas 40 mil 
cidadãos, excluindo a maior parte da 
população de participar da vida política e 
pública. Eram excluídos os estrangeiros 
residentes em Atenas, os escravos e as 
mulheres. 
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A educação em Atenas, em conformidade com este modo de vida, possuía um enfoque muito mais 
social do que estatal. Obviamente esta educação segue alguns parâmetros que são comuns por toda 
a Grécia como o ensino de educação física e música. Os ideais educacionais do arete e kaloskagathia 
foram ultrapassados e se transformaram em paideia.
Saiba mais 
Paideia: enquanto os ideais educacionais do arete e kaloskagathia tianham como foco a formação 
do homem individual, a partir do século V a. C., a educação precisou dar conta de uma outra 
realidade, que era a formação do cidadão. A educação baseada apenas na ginástica, na música e 
na gramática não é suficiente. Neste momento, o ideal educativo grego aparece como Paideia, cujo 
foco essencial era a formação geral capaz de construir o cidadão pretendido. Platão definiu paideia 
da seguinte forma “(...) a essência de toda a verdadeira educação ou paideia é a que dá ao homem o 
desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça 
como fundamento”. Jaeger nos informa, ainda, que os gregos deram o nome de paideia a todas as 
formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por 
Bildung ou pela palavra latina, “cultura.” Daí que, para traduzir o termo paideia, “não se pode evitar 
o emprego de expressões modernas como: civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma 
delas coincidindo, porém, com o que os Gregos entendiam por Paideia. Cada um daqueles termos 
se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total dos conceitos 
gregos, teríamos de empregá-los todos de uma só vez.” (Jaeger, 1995) 
Podemos perceber que o conceito de paideia é muito amplo e abrangente, reunindo em si os termos 
arete e kaloskagathia, e indo além deles. Não é exclusivamente uma técnica para ensinar a criança a ser 
adulto. Na verdade é muito maios do que isto. Este conceito serve também para especificar o resultado 
do processo educativo, ou seja, aquilo que o processo educativo consegue fazer pelo homem. Se 
pudéssemos imaginar um ser humano que nunca tivesse tido contato com nenhum processo educativo, 
provavelmente nos depararíamos com um ser no nível do animal, pois, o homem não nasce homem, ele 
precisa aprender o que é ser um “ser humano”. O resultado do processo educativo, portanto, se prolonga 
por toda vida, muito para além dos anos escolares. 
Também em Atenas existia o costume de sacrificar os filhos que não eram fortes e sadios, entretanto 
esta era uma decisão exclusiva do pai e não do Estado.
Saiba mais
Giles (2006) nos faz o seguinte relato da educação ateniense.
“Aos sete anos de idade, sob os cuidados do pedagogo, todo cidadão ateniense livre enviava o 
filho a três tipos de escola elementar: Palestra ou Escola de Ginástica, Escola de Música e Escola de 
Escrita. O local de funcionamento variava, algumas vezes funcionando ao ar livre, em algum canto 
de rua ou de templo, outras em algumaloja alugada, ou mesmo à sombra de algum monumento 
público. A instrução começava logo cedo e durava até o pôr-do-sol. (...) Além de visar ao 
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desenvolvimento do senso estético do menino, a música ensinava o sentido de participação, 
seja por meio de concursos, de festivais religiosos, como também por meio de declamações 
públicas de poesia. Por meio do ritmo e da harmonia, a música ensina o menino a ser mais 
gentil, a ser gracioso e harmonioso e, portanto, a ser útil para a coletividade e para si. A 
música lhe ensina a evitar tudo o que é indecente na fala e no agir, a praticar a temperança 
e a moderação. Na escola de Escrita o menino aprendia a escrever tanto a letra formal 
como a letra cursiva. A evolução do alfabeto que se processou no século V a.C, em Atenas, 
é de importância incalculável para o processo educativo. (...) O aluno iniciava por copiar as 
letras individuais para depois combiná-las em sílabas e, enfim, decorava palavras inteiras. 
(...) A leitura era baseada nas obras de Homero, Hesíodo, Esopo, Tucídides, Focilíades, Sólon 
e em outras poesias em que se encontravam admoestações e ilustrações relativas à conduta, 
como também elogios e louvor aos homens distintos que o menino devia admirar e imitar. 
(...) Quanto à disciplina esta é severa. Dizia-se que o jovem que não tinha sido açoitado não 
tinha sido educado”.
• O Período Clássico e a Educação Clássica Ou Humanista
Durante o período clássico, Atenas se fortalece como centro da vida social econômica política e 
cultural da Grécia, em virtude do crescimento do comércio, da economia, do artesanato e das artes 
militares. Atenas viveu, ainda, durante este período, um processo de fortalecimento da ideia e do 
conceito de democracia.
Esta democracia, que se fortalece na Grécia, é uma democracia direta, ou seja, não é estabelecida por 
eleição de representantes no governo, mas, sim, por meio da participação de todos no governo. Todos, 
desde que fossem cidadãos, tinham o direito de expor e defender em público suas ideias e opiniões 
sobre as resoluções políticas mais adequadas para a cidade. No entanto, para se exercer este direito, era 
necessário ter competência. Era necessário ter ideias e opiniões, além de ser versado na arte de falar 
em público de modo a convencer aos que escutavam. Com esta necessidade estabelecida, a educação 
foi buscar supri-la. A formação do cidadão pleno, capaz de unir virtude, beleza, força, intelectualidade, 
capacidade de persuasão e comprometimento social, se faz muito necessário em virtude do modelo de 
sociedade democrática. 
Para suprir esta necessidade surgem os sofistas. 
Mas quem são os sofistas?
Os sofistas foram os primeiros “educadores pagos” da Grécia e cobravam altas taxas pelos 
ensinamentos que ministravam. Mas o que ensinavam os sofistas? Como neste período a 
maior necessidade pedagógica da Grécia era a habilidade na política, os sofistas se esmeravam 
no ensino da retórica, da arte de falar em público, da arte da persuasão, das técnicas que 
ajudavam os homens a defenderem suas opiniões. Mas não só. Os sofistas não eram filósofos, 
mas ensinavam tudo aquilo que fosse necessário: retórica, política, gramática, história, física 
e matemática. 
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No entanto, se esmeravam mesmo no ensino da Retórica, da arte da persuasão pela palavra. De 
fato, os sofistas perceberam que este era um grande filão para ser explorado, pois, o objetivo dos 
jovens políticos que eles treinavam era o de convencer o povo de que suas ideias e opiniões eram as 
melhores e mais eficazes, mesmo que não fossem. Como é possível perceber, os sofistas não estavam 
muito interessados na verdade. O que realmente interessava era convencer. Portanto, era necessário ter 
argumentos potentes e suficientes sobre qualquer assunto. Estes argumentos serviam, via de regra, para 
fazer parecer, por exemplo, que o pior fosse melhor, ou para provar que água era pedra.
Os sofistas foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, basicamente por dois motivos: 
por cobrarem por seus ensinamentos e por se considerarem sábios, pois, para Sócrates, os ensinamentos 
não deveriam ser cobrados e o verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância. Existe 
uma célebre frase atribuída a ele: “Só sei que nada sei”. Esta frase exemplifica sua posição em relação à 
sabedoria.
Podemos destacar os seguintes sofistas: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias, 
Antifonte e Trasímaco e destes, os mais importantes são: Protágoras, Górgias e Isócrates. Eles tinham 
grande apreço pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão. 
Duas frases famosas de dois destes sofistas devem ser registradas - a de Protágoras: “o homem é a 
medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são”, e 
a de Górgias: “o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”.
Apesar de os sofistas serem alvos de preconceitos é preciso que se afirme a grande importância 
deles. Se existiram sofistas enganadores, fúteis e gananciosos, existiram, também, os sérios, responsáveis, 
comprometidos com o ensino, como os citados acima. Eles foram os primeiros professores da história 
que se tem notícia; foram os primeiros a fazer do magistério uma profissão. 
Não foram cientistas nem filósofos, mas tiveram muita influência na cultura e na educação de seu 
tempo. Por meio de suas atuações, contribuíram para a sistematização da educação e para a difusão da 
filosofia de um grande número de pessoas das polis. Os sofistas não consideravam que a virtude, a arete, 
fosse patrimônio exclusivo da aristocracia, mas que deveria ser de todos, uma vez que era passível de 
ser transmitida e ensinada.
Pedagogia e pedagogo: termos de origem grega
A palavra pedagogo tem origem na Grécia. Etimologicamente o termo “pedagogo” é originário da 
palavra paidagogo sendo que paidós significa criança e agodé significa condução. Tomada ao pé da 
letra a palavra significa “aquele que conduz crianças”. Na Grécia Antiga, os paidagogos eram escravos 
encarregados de acompanhar as crianças em diversos locais, especialmente até o local de estudos. O 
paidagogo sempre carregava uma lamparina, para qualquer eventualidade e, especialmente, para iluminar 
o caminho. Além de conduzirem as crianças, os paidagogos também tinham a função de transmitir 
ensinamentos e cultura. Com o tempo, o termo passou a ser utilizado para significar as reflexões feitas 
em torno da educação. Portanto, a Grécia Clássica pode ser considerada o berço da pedagogia, pois é 
justamente aí que vão ocorrer as primeiras reflexões em torno dos processos educativos.
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O dia de uma criança grega
Mal o dia surgia, o rapaz acordava e o pedagogo, com a sua lanterna, o ajudava a lavar-se e a 
vestir-se. 
Após a refeição da manhã, o pedagogo acompanhava o rapaz à palestra na qual ia aprender 
música e ginástica. 
Depois de um banho, o rapaz regressava à casa para almoçar. 
À tarde regressava novamente à palestra para ter lições de leitura e escrita. 
De regresso à casa, e sempre acompanhadopelo pedagogo, o rapaz estudava as suas lições, fazia 
os trabalhos de casa, jantava e ia deitar-se. 
Não existiam fins de semana nem férias, exceto os frequentes dias de festivais religiosos ou 
cívicos, que constituíam bons dias de descanso para os jovens gregos (Castle, 1962).
 
Foi durante o Período Clássico que surgiram os filósofos, tanto que este período também é identificado 
com Período Socrático (séculos V a IV a.C.), marcado pela influência de três grandes filósofos: Sócrates, 
Platão e Aristóteles.
Período Socrático
O Período Socrático tem início com os sofistas e os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, bem como 
com as disputas políticas e conflitos de ideias provocadas pelas ações destes homens. Sócrates rivalizava 
visivelmente com os sofistas.
Neste período há o desabrochar da filosofia, bem como das ideias pedagógicas, sendo que Platão 
e Aristóteles são considerados dois grandes clássicos da pedagogia grega, tendo exprimido suas ideias 
educacionais em suas monumentais obras filosóficas.
Sócrates
Dissemos já que os primeiros educadores profissionais da Grécia foram os sofistas, mas Sócrates é 
considerado o grande educador espiritual. Seja como filósofo ou como pensador, Sócrates foi, antes de 
tudo, um educador.
Nascido em Atenas no ano de 469 a.C. Sócrates não era de família nobre, seu pai era escultor e sua 
mãe era parteira. Nasceu pobre e pobre morreu, apesar de frequentar a melhor sociedade da época. 
Embora tenha tido uma vida exemplar, participando de atividades políticas e militares da Grécia, seus 
grandes feitos e realizações se encontram na área intelectual. Foi um dos maiores pensadores e filósofos 
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de toda a Grécia, influenciando gerações e gerações de pensadores no mundo todo até os dias atuais. 
Apesar de sua enorme influência sobre todos os homens da época e de sua enorme cultura, não ficou 
rico nem ocupou cargos importantes.
Xenofonte, grande historiador grego, citado por Luzuriaga (2001) faz a seguinte afirmação:
Todos os discípulos sentimos-lhe a falta, porque era o melhor no cuidado da virtude, 
piedoso, pois em todo obrava segundo o pensamento dos deuses; justo, pois foi o 
mais proveitoso para quantos com ele trataram; continente, pois nunca preferiu o 
excelente; prudente, pois não se enganou ao julgar o bom e o mal; capaz de juízo, de 
conselho e de repreensão para os que se equivocavam. Por tudo o que era considerado 
o melhor e mais feliz dos homens.
Assim como os sofistas, Sócrates utilizava as palavras faladas, o discurso e o diálogo em suas 
atividades educacionais e, assim como eles, acreditava que a virtude deveria se ensinada a todos. Mas, 
se Sócrates concordava com algumas ideias pedagógicas dos sofistas, discordava de outras.
Discordâncias entre Sócrates e os sofistas:
• Ao contrário dos sofistas, Sócrates não concordava que a educação fosse uma profissão remunerada, 
utilitária.
• A educação não deveria ser de caráter prático nem de proveito pessoal, mas deveria, antes, ser de 
tipo espiritual e moral.
• Os sofistas usavam o diálogo em seus ensinamentos para impor ideias ou para fins egoístas. 
Sócrates, ao contrário, usava o diálogo para conduzir à descoberta da verdade.
• Os sofistas não se preocupavam com as ideias morais, enquanto que, para Sócrates, a moral, a 
virtude e a ética deveriam ser o cerne da educação e da vida. 
As ideias socráticas foram extremamente inovadoras na educação. Com Sócrates o domínio da 
razão e a racionalidade adquire nova importância. Sócrates percebe que, para o ensino ser eficiente, é 
necessário ensinar a pensar. O método de Sócrates é basicamente o diálogo em dois momentos: a ironia 
e a maiêutica.
A respeito de Sócrates, lemos em Luzuriaga (2001) a seguinte afirmação extraída de Dilthey:
Sócrates foi um gênio pedagógico sem igual na antiguidade. (...) com ele se introduz um 
elemento inteiramente novo na história da educação: a penetração no mais profundo da 
juventude. Nele estavam indissoluvelmente unidos o Eros platônico, o amor pedagógico, a 
intenção de liberar pela conversação os conceitos que se achavam no espírito e a tendência de 
fazer do saber e das verdades a diretriz da ação. Que grande foi a sedução que exerceu!
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Platão
Platão foi um dos mais importantes discípulos de Sócrates. Também nasceu em Atenas, mas, 
diferentemente do mestre, era de uma família ilustre. Enquanto Sócrates foi o primeiro educador da 
Grécia, alguns autores admitem que Platão tenha sido o fundador da teoria da educação, ou seja, 
da pedagogia, pois Platão se destacou muito mais pela reflexão pedagógica do que pela atividade 
educativa.
A educação para Platão
Platão considerava que a educação deveria ser obrigação do Estado, bem como admitia que a mesma 
deveria ser universal e igual para homens e mulheres. 
Para Platão, o processo educacional deveria ser algo longamente elaborado para que o indivíduo 
fosse suficientemente preparado e a educação teria que ser capaz de revelar os talentos do 
indivíduo. 
Os conteúdos ministrados na educação básica, por exemplo, deveriam ter o objetivo de 
desenvolver o equilíbrio do corpo e do espírito e, para tal, as crianças deveriam ser privadas do 
convívio com os pais e enviadas ao campo, em função da influência negativa que a família podia 
exercer.
A ginástica, que deveria se iniciar na infância e se estender por toda a vida adulta, fazia 
parte do programa de educação pensado por Platão e deveria ser composta de exercícios de 
caráter militar, além de jogos, lutas, corridas, esgrima, arremesso e arco e flecha. Mas deveria 
ser uma maneira de complementar a formação do caráter e da personalidade. Portanto, Platão 
não entendia a ginástica como forma de incentivar a competição nem de alcançar a melhoria da 
forma física, pois esta podia até ser uma consequência, porém nunca deveria ser seu objetivo. 
A música também deveria ser ensinada na medida em que favorecesse o desenvolvimento do 
espírito, o desejo pelo belo e a repulsa pelo feio.
Luzuriaga (2001) nos informa que:
Como em toda educação helênica, Platão considera a ginástica e a música instrumentos 
essenciais; assina-lhes, contudo, papel mais amplo que na educação tradicional. Na 
ginástica inclui não só os exercícios físicos e a higiene, mas ainda a formação do 
caráter, o cultivo do valor; enquanto a música compreende ainda a dança e o canto, as 
letras e, pela primeira vez, a matemática. Umas e outras, todavia, a serviço do espírito. 
“Os deuses”, diz Platão, “fizeram aos homens o presente da música e da ginástica, não 
com o fito de cultivar a alma e o corpo (pois, se este colhe alguma vantagem, é apenas 
indiretamente), mas, para cultivar só a alma e nela aperfeiçoar a sabedoria e o valor”.
Assim como para Sócrates, a finalidade da educação, para Platão, era a formação do homem moral, 
e o meio era a educação do Estado. Para tanto, o Estado deveria encarnar a ideia de justiça.
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Aristóteles
Aluno e discípulo de Platão, Aristóteles considerava, tal como o mestre, que a educação deveria ser 
pública e ter como objetivo a virtude. Foi um grande filósofo, educador epedagogo. Esteve aos seus 
encargos a educação de Alexandre Magno, filho de Filipe, Rei da Macedônia, iniciando aquilo que ficou 
conhecido como “educação do príncipe”.
Para Aristóteles, era necessário ensinar o que é virtude, 
mas somente pela prática da mesma era possível realmente 
aprender o que esta é de fato. Apenas praticando a virtude 
nos tornamos virtuosos. Ninguém se torna virtuoso apenas 
por saber o que é virtude, ou seja, ninguém se torna bom 
apenas por saber a definição de bondade. Seremos mais 
bondosos quanto mais bondade praticarmos.
Aristóteles, juntamente com seus discípulos do Liceu, 
procedeu a organização e sistematização de vários saberes 
(Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc.) 
Saiba mais
Podemos destacar os seguintes aspectos na educação aristotélica:
• A educação deveria ser responsabilidade do Estado.
• A educação deveria ser a mesma para todos em todo solo grego.
• A lei deveria regular a educação e esta deve ser pública.
• A família deveria se responsabilizar pela educação na primeira infância (até os sete anos).
• A partir dos sete anos a educação deveria ser dividida em dois períodos: dos sete anos à 
puberdade e da puberdade aos vinte e um anos.
• A educação deveria ser composta de ginástica, música, letras e desenho.
• As duas partes essenciais eram a ginástica e a música: a ginástica para desenvolver a coragem 
e a música para desenvolver a moral.
• Período Helenístico: Educação Helenística / Enciclopédica
No período helenístico ocorre a decadência das cidades-estado. Foi neste período que Alexandre 
Magno, Rei da Macedônia, conquistou a Grécia, colocando-a sob o seu domínio. Contudo, este também 
é um momento em que a cultura grega se amplia de tal maneira que se universaliza e se espalha 
para todo o mundo. Isto ocorre porque Alexandre admirava muito a cultura grega, inclusive havia sido 
Liceu foi uma escola de Ciência 
Política fundada por Aristóteles em 
335 a.C. A escola localizava-se no 
bosque consagrado à Apolo Lício e, 
provavelmente, esta é a origim do nome 
“Liceu”. Atualmente várias escolas 
secundárias e estabelecimentos 
educacionais e culturais recebem esta 
designação. 
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educado por Aristóteles e, em sua empreitada de conquistar o mundo, acabou difundindo-a de forma 
magistral.
Na verdade o contato da cultura grega com as diferentes culturas do mundo, especialmente com 
o mundo oriental (Pérsia e Egito) gerou uma fusão cultural que passou a caracterizar o helenismo. 
Portanto, podemos pensar o helenismo como um período em que se processou uma mistura de diferentes 
culturas, principalmente a grega, a persa e a egípcia, mistura esta que foi difundida por todo o mundo.
A educação particular, mantida com os pagamentos dos alunos, continua a existir, porém a educação 
pública se expande, passa a ser uma obrigação dos municípios e das cidades. Apenas a educação militar 
é que continua a cargo do Estado.
Os conteúdos da educação continuam parecidos com os das épocas anteriores, contudo há uma 
diminuição da importância da educação física e dos aspectos estéticos, em geral, e uma valorização 
dos aspectos intelectuais. Nesta época, a paideia se transformou em enkyklios paideia (enciclopédia). A 
partir do método da memorização, a leitura, a escrita e o cálculo ganharam maior destaque em relação 
às outras épocas e a disciplina era muito rígida, inclusive adotando o uso de castigos corporais.
No período helenístico, a divisão entre matérias humanistas e realistas foi estabelecida por meio do 
trivium (gramática, retórica e filosofia) e quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia).
Resumindo
Diferentemente do que acontecia na Pré-História, no Antigo Egito, a educação assumiu 
contornos mais condizentes com as necessidades sociais apresentadas pela sociedade, que era bem 
mais complexa. A educação foi se tornando cada vez mais formal, concentrou-se na arte da oratória, 
no treino da obediência e da moral (uso de literatura sapiencial), a partir de um rígido regime 
disciplinar em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados. Neste período surgiu 
a figura de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote), e o domínio do conhecimento 
passou a ser uma forma de ascensão social.
Na Antiguidade Clássica Grega destacaram-se quatro diferentes períodos em que se impuseram 
quatro diferentes ideais de educação, a saber: o Período Homérico, correspondente à Educação 
Heroica ou Cavalheiresca; o Período Arcaico, correspondente à Educação Cívica, ou seja, uma 
educação para a cidadania; o Período Clássico, correspondente à Educação Humanista; e o Período 
Helenístico, que corresponde à Educação Helenística e/ou Enciclopédica.
Na Grécia houve o desabrochar das ideias pedagógicas e educacionais mais fundamentais e 
que influenciaram a educação em todo o mundo ocidental. Estas ideias se iniciaram especialmente 
durante o Período Clássico, também conhecido como Período Socrático, com o surgimento dos 
sofistas e dos filósofos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Guardada as devidas diferenças entre eles, 
estes filósofos consideravam que a educação deveria ter como objetivo a virtude e ser composta 
essencialmente pela ginástica e pela música. Além de ser pública e de responsabilidade do Estado.
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EXERCÍCIOS:
1) Descreva as características do processo educativo do Antigo Egito.
2) Identifique, pelo menos, cinco valores presentes na cultura grega que influenciaram, diretamente, 
os rumos da educação da Grécia.
3) Explique o significado de Educação Heroica ou Cavalheiresca presente no Período Homérico.
4) Aponte as discordâncias entre as ideias pedagógicas de Sócrates e dos sofistas.
5) Explique o sentido de educação para Platão e para Aristóteles.
Resolução dos exercícios:
1) Podemos fazer algumas generalizações em relação à educação no Antigo Egito: era uma 
educação mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e transmitida autoritariamente do pai para 
o filho. O conteúdo específico girava em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de 
sabedoria prática. A característica principal destes ensinamentos estava voltada para a formação 
do homem político. Portanto, os temas pedagógicos fundamentais são: “educação para falar” 
e “obediência”. Devemos entender que “educação para falar” refere-se ao exercício da oratória, 
fundamental na arte política do comando. Vale ressaltar que o processo educativo acontecia 
dentro de um rígido regime disciplinar em que a punição e o castigo para quem não aprendesse 
corretamente eram frequentemente utilizados.
2) De uma forma geral todos os valores culturais gregos influenciaram nos rumos e 
estabelecimento da educação na Grécia, no entanto podemos destacar como especialmente 
importantes:
• O reconhecimento da razão e da inteligência crítica ausente de dogmas religiosos.
• A criação da liberdade individual e política dentro da lei e do Estado.
• O reconhecimento do valor decisivo da educação na vida social e individual.
• A consideração da educação humana em sua integridade física, intelectual, ética e estética.
• O princípio da competição e seleção dos melhores, na vida e na educação.
3) A sociedade grega do Período Homérico é uma sociedade de tempos heroicos e guerreiros, 
portanto o ideal da educação desta época se estabelece em estreita relação com os ideais e as aspirações 
dasociedade. Assim, neste período, a educação, chamada de Heroica ou Cavalheiresca, é fortemente 
alicerçada nos conceitos de honra e valor, no espírito de luta e sacrifício, bem como nas capacidades e 
feitos individuais.
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4) As divergências pedagógicas entre Sócrates e os sofistas podem ser resumidamente 
explicadas a partir das seguintes colocações: ao contrário dos sofistas, Sócrates não concordava 
que a educação fosse uma profissão remunerada. Para o filósofo, a educação não deveria ser 
de caráter prático nem de proveito pessoal, mas deveria, primeiramente, ser de tipo espiritual e 
moral. Assim como Sócrates, os sofistas usavam o diálogo em seus ensinamentos, mas o faziam 
para impor ideias. Sócrates, ao contrário, usava o diálogo para conduzir à descoberta da verdade. 
Além disso, os sofistas não se preocupavam muito com as ideias morais, enquanto que, para 
Sócrates, a moral, a virtude e a ética deveriam ser o cerne da educação e da vida. 
5) Platão considerava que a educação deveria ser obrigação do Estado e direito universal e 
igual para homens e mulheres. Para ele, a educação teria que ser capaz de revelar os talentos do 
indivíduo. Os conteúdos ministrados na educação básica, por exemplo, deveriam ter o objetivo de 
desenvolver o equilíbrio do corpo e do espírito. A ginástica deveria ser iniciada na infância e se 
estender por toda a vida adulta, mas deveria ser uma maneira de complementar a formação do 
caráter e da personalidade. Portanto, Platão não entendia a ginástica como forma de incentivar 
a competição nem de alcançar a melhoria da forma física, esta podia até ser uma consequência, 
mas nunca deveria ser seu objetivo. A música também deveria ser ensinada, pois favorece o 
desenvolvimento do espírito, o desejo pelo belo e a repulsa pelo feio. A finalidade da educação, 
para Platão, é a formação do homem moral, e o meio para se conquistar isso é a educação do 
Estado. Para tanto, o Estado deve encarnar a ideia de justiça.
Discípulo de Platão, Aristóteles também considerava que a educação deveria ser responsabilidade 
do Estado, bem como igual para todos em solo grego. Portanto, a lei deveria regular a educação e 
esta deveria ser pública. Cabia à família a responsabilidade pela educação na primeira infância. A 
partir dos sete anos, a educação deveria ser dividida em dois períodos: dos sete anos à puberdade 
e da puberdade aos vinte e um anos. Deveria-se ensinar letras e desenho, mas os conteúdos 
essenciais eram a ginástica e a música. A ginástica para desenvolver a coragem e a música para 
desenvolver a moral.

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