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Capitulo 5

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12/03/2018 Bookshelf Online: Gestão dos postos de trabalho
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CAPÍTULO 5
Equívocos escondidos no bom senso
Esses equívocos facilmente se transformam em senso comum. Quando isso acontece, a discussão pode
tornar-se interminável. Ou cada parte tenta ser mais direta do que a outra e as coisas não seguem adiante. Por
isso, eu passei algum tempo dizendo às pessoas para que esquecessem o senso comum e pensassem a “ir
além do senso comum”. Dentro do senso comum, há coisas que pensamos estar corretas devido às nossas
ideias erradas. E também, talvez o grande motivo para fazer muitas das coisas sensatas que fazemos se baseia
nos longos anos de experiência; vemos que não há muita vantagem em fazer as coisas de certa maneira, nem
muitas desvantagens.
Penso que quando há uma grande vantagem em algo, também haverá alguma grande desvantagem da qual
não poderemos fugir. Se formos além do senso comum de que a vantagem pode ser pequena, contanto que a
desvantagem também seja, perceberemos que, onde houver uma grande vantagem, sempre haverá uma
grande desvantagem. A maneira certa de pensar sobre isto é que se você elimina as desvantagens, você ficará
com as grandes vantagens. Isso é o que chamo de “ir além do senso comum”, mas novamente nossas ideias
erradas ficam no caminho e é preciso um pouco de coragem para afastar-se do senso comum.
Seja a alta gerência, a média gerência ou os operários que efetivamente fazem o trabalho, somos todos
humanos; assim somos equívocos ambulantes, acreditando que a maneira que fazemos as coisas agora é a
melhor maneira. Ou talvez você não pense que é a melhor maneira, mas você está trabalhando dentro do
critério de que “não podemos fazer nada; as coisas são assim”.
Atualmente a maioria das grandes empresas tem sindicatos, e os sindicatos também são constituídos de
pessoas e, consequentemente, cometem equívocos. Essa é a razão pela qual as coisas nem sempre correm
bem quando tentamos fazer coisas novas. O que precisamos é um tipo de revolução na consciência.
A não ser que mudemos completamente nossa maneira de pensar, há um limite para o que podemos
alcançar se continuarmos com o mesmo pensamento. Não podemos encontrar um novo caminho a menos que
tomemos riscos e viremos nossa consciência e nosso pensamento de cabeça para baixo, desde a alta gerência
até os operários, incluindo até mesmo os sindicatos. Os sindicatos tendem a ser bons nas revoluções
ideológicas, mas uma revolução de consciência talvez seja um pouco mais difícil para eles.
Essa revolução de consciência vai tornar-se extremamente importante. Sem ela estamos correndo o risco
de satisfazer-nos com a realização de apenas 10 ou 20% de melhoria na produtividade como uma extensão
linear de nossas maneiras atuais.
Assim como na história sobre o gemba que contei anteriormente, as pessoas têm dificuldade em livrar-se
de suas ideias erradas de que é mais barato, ou mais eficiente, fazer muitas peças de uma só vez do que uma
peça por vez. Em especial, quando falamos sobre custo e quando as pessoas da área financeira se envolvem,
elas podem trazer suas ideias erradas sobre custo. Por exemplo, de que é mais barato montar um lote de
10.000 peças em vez de 1.000 peças em uma prensa. Eles acreditam que essa não é uma ideia errada e que
estão certas, desde que a matemática funcione.
Alguém me perguntou: “A Toyota foi capaz de fazer os setups* na prensa muito rapidamente. Ouvi dizer
que o que levava de uma hora e meia a duas horas, hoje leva menos de dez minutos. Não seria mais eficiente
fazer o setup em dez minutos e utilizar o tempo restante para produzir 20.000 em vez de 10.000 peças?”
Você poderia pensar assim baseado em cálculos matemáticos. Se o tempo de setup levou uma hora, você
precisaria executar as peças por no mínimo duas horas. Se o tempo de setup for reduzido a dez minutos, e
você utilizou o tempo restante para fazer mais peças, isso deveria reduzir o custo e melhorar a eficiência. A
questão é saber se a diminuição do tempo de setup e a redução do tamanho do lote reduzem o lucro, mas esta
é uma maneira de pensar completamente diferente, por isso não há razão para responder a pergunta. Tudo
que posso dizer é “Sim, de acordo com a matemática”.

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