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Aula 01 Comercio Internacional

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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Oi, pessoal. 
 
Como consta na programação apresentada pelo Missagia na aula demonstrativa, 
ora ele escreve, ora eu, Rodrigo Luz, escrevo. 
Hoje analisamos o sistema administrativo no comércio exterior brasileiro, que teve 
normas alteradas neste ano de 2010. Em 2009, quem estudou para o concurso de 
AFRFB (Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil) aprendeu o sistema de 
licenciamento com base na Portaria SECEX no 25/2008, recentemente revogada 
pela Portaria SECEX no 10/2010. Quem estudou para o concurso de ATRFB 
(Analista-Tributário) não precisou aprender esta matéria de hoje, pois não constou 
no conteúdo programático do edital. 
 
LICENCIAMENTO NAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS 
 
Na aula anterior, vimos que o controle administrativo consiste em se autorizarem 
(ou não) as operações de importação. Ele é um dos três controles governamentais 
no comércio exterior brasileiro: os outros são o controle aduaneiro (realizado pela 
Receita Federal) e o controle cambial (realizado pelo Banco Central). 
O controle administrativo é realizado pelo governo brasileiro antes que a 
mercadoria embarque lá fora com destino ao nosso país. Ué, por que antes do 
embarque? 
Claro que é para não deixar o animal doente chegar aqui e só depois nos darmos 
conta que ele veio de uma região cheia de focos de doença. Seria muito 
desagradável. Melhor cortar o mal pela raiz. 
Antes mesmo que o animal embarque lá fora já se poderá negar a sua entrada aqui 
(Em algumas situações excepcionais, o controle administrativo pode ser deixado 
para depois do embarque, como veremos à frente). 
Alguém então poderia perguntar: “Mas o sujeito que quer fraudar o controle não 
fica pedindo autorização para importar...” Bem, isto é verdade, mas o controle 
administrativo é só o primeiro controle governamental. Depois que a mercadoria 
chega ao Brasil, entrará o segundo controle governamental, que é a verificação da 
mercadoria por parte da Aduana. Desta forma, o fraudador e sua mercadoria 
podem ser descobertos no controle aduaneiro. “Ah! Ainda bem... Achei que o 
pedido dava total direito para o importador...” 
O que acontece se uma mercadoria for importada sem a prévia autorização ou, no 
linguajar técnico, sem a licença de importação? Ahá! Chegamos ao ponto que eu 
mais gosto no meu dia-a-dia de AFRFB aduaneiro: apreender e multar. É bom 
demais combater a ilicitude. É maravilhoso, ao final do dia, deitar a cabeça no 
travesseiro e pensar: hoje salvei mais alguns empregos, livrei de doença talvez 
alguns milhares, evitei uma concorrenciazinha desleal... 
(Quando a gente estuda a Legislação Aduaneira, vemos no Decreto 6.759/2009, 
artigo 17, que a Receita Federal tem precedência sobre todos os demais órgãos que 
atuem nas áreas alfandegadas. Significa que os demais servidores públicos – fiscal 
agropecuário, policial federal, fiscal sanitário, entre outros, devem prestar auxílio 
ao AFRFB sempre que solicitado. Portanto, a “abertura dos trabalhos” é sempre da 
RFB, depois vêm os demais, chamados pela RFB. Por isso, eu posso dizer “livrei da 
doença... ainda que indiretamente”) 
Bom, eu me empolguei. Vamos voltar ao assunto “apreender e multar”. 
No artigo 706 do Regulamento Aduaneiro (RA – Decreto 6.759/2009), consta que o 
embarque de mercadoria no exterior com destino ao Brasil sem licença de 
importação é passível de multa de 30% sobre o valor aduaneiro, isto é, sobre o 
valor somado da mercadoria com o frete, o seguro e a descarga. A multa é pelo 
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simples fato de ter embarcado sem licença, mesmo que ela venha a ser conseguida 
depois. 
Veja que não basta pedir a licença de importação. Ela tem que ser emitida antes do 
embarque. Se fosse só pedir, seria muito fácil, né? 
Claro que a mercadoria só pode embarcar com a licença concedida (esta regra 
admite exceções). É o que diz o artigo 706 do RA: 
“Art. 706. Aplicam-se, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por 
constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as 
seguintes multas: 
I - de trinta por cento sobre o valor aduaneiro: 
a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento 
de efeito equivalente, inclusive no caso de remessa postal internacional e de 
bens conduzidos por viajante, desembaraçados no regime comum de 
importação; e 
b) pelo embarque de mercadoria antes de emitida a licença de importação 
ou documento de efeito equivalente; 
... 
§ 1o Considera-se importada sem licença de importação ou documento de 
efeito equivalente, a mercadoria cujo embarque tenha se efetivado depois 
de decorridos mais de quarenta dias do respectivo prazo de validade. 
...” 
 
Olha que coisa interessante: No § 1o do artigo está escrito que, somente depois de 
quarenta dias de vencido o prazo de validade, é que se considerará que não existe 
licença. Engraçado, se o prazo de validade venceu, era para considerar o embarque 
no dia seguinte ao vencimento como sendo SEM licença. 
Alguém me diz: “Ô, Rodrigo, cê pode entrar lá no restaurante só até as 22:00, 
hein? Mas se você quiser entrar até as 23:00, então pode.” 
“Ô, cara, você é maluco? Eu posso entrar até as 22:00 ou até as 23:00? Deixa de 
ser enrolado, bicho.” 
Pois é, o decreto é muito enrolado, bicho. Ôpa, desculpe. 
Se o prazo de validade é 10/09/2010, considera-se que existe uma licença até 
20/10/2010 ?! Pela legislação, sim. Na prática, porém, quando o importador está 
preenchendo a Declaração de Importação, o SISCOMEX critica a validade da licença 
de importação e não permite o uso de licenças vencidas nem mesmo há um dia. 
Para ser exato, a legislação assim dispõe: 
a) até a data de validade, a licença de importação pode ser usada livremente; 
b) vencido o prazo de validade em até 20 dias, a licença é reconhecida, mas há 
uma multa de 10% sobre o valor aduaneiro; 
c) vencido o prazo de validade de 21 a 40 dias, a licença é reconhecida, mas há 
uma multa de 20% sobre o valor aduaneiro; e 
d) vencido o prazo de validade por mais de 40 dias, considera-se que não há mais 
licença e a multa é de 30% sobre o valor aduaneiro. 
Onde está essa salada? Nos incisos do artigo 706 do Regulamento Aduaneiro 
(Decreto 6.759/2009). 
 
Vamos voltar à questão da multa: digamos que a mercadoria tenha embarcado sem 
licença e o importador pague a multa. Está tudo resolvido? Agora ele pode entrar 
livremente com a mercadoria? Claro que não. Quando ele paga a multa, ele não se 
livra da exigência da licença, é óbvio. Se fosse assim, importaríamos (aliás, eu não) 
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drogas, armas e um monte de porcariada, e então pagaríamos uma multinha de 
30% e estaria tudo liberado... 
Ora, o pagamento da multa não é salvo-conduto para nada. O importador continua 
na obrigação de obter a licença. Na verdade, a situação pode ficar ainda pior para 
ele, pois, caso não consiga uma licença de importação, a mercadoria será declarada 
perdida. 
É o que dispõe o artigo 689 do Regulamento Aduaneiro: 
Art. 689. Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes 
hipóteses, por configurarem dano ao Erário: 
... 
XX - importada ao desamparo de licença de importação ou documento de 
efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na 
forma da legislação específica; 
 
Ah, mas alguém está pensando agora: “Se o sujeito perder a mercadoria, então ele 
não precisa pagar a multa por falta de licenciamento. Afinal, ele já perdeu mesmo a 
mercadoria...” 
Ledo engano, meu caro e minha cara. O artigo 707 do Regulamento Aduaneiro 
impõe a dupla penalização: 
Art. 707. As infrações de que trata oart. 706 (Lei no 6.562, de 1978, art. 
3o): 
I - não excluem aquelas definidas como dano ao Erário, sujeitas à pena de 
perdimento; e 
... 
 
Pois é... melhor do que “multar ou apreender” é “multar E apreender”. 
 
Em que casos pedir a licença? 
 
O licenciamento das importações não é concedido por apenas um órgão 
governamental. Se assim o fosse, esse órgão seria o super-órgão, aquele que 
conhece tudo de remédios, de animais, de produtos químicos, de armas e tudo o 
mais que precisasse de licenciamento. 
A regra é: para cada espécie de produto existe um órgão especializado. Assim, a 
importação de remédios tem que ser autorizada pela ANVISA – Agência de 
Vigilância Sanitária – do Ministério da Saúde. As armas são importadas apenas com 
anuência do Comando do Exército; os animais vivos, do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
No controle administrativo brasileiro, existem 18 órgãos anuentes: 
• Agência Nacional do Cinema (ANCINE) 
• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) 
• Agência Nacional de Petróleo (ANP) 
• Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 
• Comando do Exército, do Ministério da Defesa (COMEXE) 
• Comissão de Coordenação do Transporte Aéreo Civil (COTAC) 
• Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) 
• Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), da Secretaria 
de Comércio Exterior (SECEX) 
• Departamento de Polícia Federal (DPF) 
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• Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) 
• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) 
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA) 
• Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial 
(INMETRO) 
• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) 
• Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) 
• Ministério da Defesa 
• Secretaria de Produção e Agroenergia (SPAE) 
• Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) 
 
Cada anuente trabalha no licenciamento de alguns produtos específicos, mas 
também no licenciamento em situações específicas. 
“Hein?” 
Vamos ver primeiro os produtos. 
Ora, eu quero importar um peixe vivo para o aquário do meu filho. A quem eu 
tenho que pedir autorização? Ao MAPA. 
E se eu quiser importar o aquário também? A quem eu peço autorização? A 
ninguém. Não há sentido em pedir ao MAPA anuência para importar aquário. Muito 
menos aos Ministérios da Defesa, da Saúde ou da Justiça. 
Nem todo produto é objeto de licenciamento. Aliás, a regra, como veremos à 
frente, é a dispensa do licenciamento. A exigência de licenciamento acontece em 
número ínfimo relativamente ao total de produtos importados. 
Mas quem decide quando pedir a licença? Bem, cada órgão governamental tem 
suas próprias preocupações. O Ministério da Saúde tem a tarefa de proteger nossa 
saúde. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) se preocupa 
em proteger a saúde vegetal e dos animais. O Ministério da Justiça, por meio da 
Polícia Federal, tem a incumbência de evitar a entrada de bens que possam trazer 
danos futuros em matéria de segurança. Enfim, cada órgão, buscando seus fins, vai 
listar os bens para os quais se exigirá o licenciamento. 
E em relação às situações sujeitas a licenciamento? 
Como eu escrevi antes, existem os produtos que precisam de licenciamento, como 
os animais vivos, mas também existem as situações para as quais se exige o 
licenciamento. 
Por exemplo, estou importando uma mesa de plástico. Preciso de anuência para 
importar este bem? Não, mas... 
Se eu estiver pedindo isenção de imposto de importação para a mesa ou se ela 
estiver sendo importada para a ZFM ou se ela estiver sendo importada de Serra 
Leoa, eu terei que pedir a anuência não por causa do produto em si, mas por causa 
da situação. Quero dizer que o licenciamento será exigido para QUALQUER 
mercadoria para a qual se pede isenção de II ou que entre em outra das situações 
antes exemplificadas. 
Nestes casos, portanto, a anuência não é por causa do produto em si, mas pela 
situação. As situações que exigem o licenciamento, seja automático, seja não-
automático, serão vistas à frente, dentro do tópico “Modalidades de Licenciamento”. 
 
Regras Gerais de Licenciamento 
 
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Imagine que uma empresa seja especializada na importação de vacinas. Sua 
especialização decorre do tratamento que sabe dar a cargas frigorificadas. Imagine 
que ela importe vacinas para humanos e para animais. 
Para importar vacinas para os humanos, a anuência tem que ser pedida a quem? 
Se você pensou Ministério da Saúde, acertou. Para importar vacinas para os 
animais, a anuência tem que ser pedida a quem? Ao MAPA. 
Ora, num dia o importador traz vacinas humanas; noutro dia, vacinas animais. 
Seria tão chato se as regras gerais de licenciamento fossem diferentes... Imagine, 
por exemplo, se as licenças dadas pelo Ministério da Saúde tivessem prazo de 
validade diferente daquelas dadas pelo MAPA. E se elas tivessem regras diferentes 
em relação à prorrogação e ao cancelamento? Complicado, né? 
Ainda bem que não estamos nos anos 70, pois era assim que funcionava lá. Cada 
órgão definia regras próprias para o licenciamento que concedia. Era uma bagunça 
enorme. Trocentas regras distintas e o importador que se virasse nos 30... Ainda 
bem que alguém no Brasil pensou em facilitar isso... 
Em algum longínquo dia, alguém pensou em nomear um órgão para baixar as 
regras gerais de licenciamento. Aos órgãos anuentes não caberia mais ficar dizendo 
“Olha, o prazo da minha licença é x dias.” “Veja, a licença que eu dei tem que ser 
usada, sob pena de multa.” “Observe que a prorrogação que eu dou é só por 
metade do prazo original.” 
Nomearam a Secretaria de Comércio Exterior para definir as regras gerais do 
licenciamento e, a partir dali, os órgãos anuentes só teriam direito de dizer uma 
coisa: “sim” ou “não”, “pode entrar” ou “não pode entrar”. Ah! Que maravilha. Os 
órgãos não vão mais criar regras específicas! Ótimo! 
(Por que escolheram a SECEX para definir as regras gerais do licenciamento? 
Porque ela é um dos 18 órgãos anuentes e é um órgão que, além de licenciar 
importações e exportações, já tem uma nobre função gerencial: por estar no 
Ministério do DESENVOLVIMENTO, Indústria e Comércio Exterior, pensa o 
desenvolvimento do país por meio do comércio exterior.) 
A Portaria SECEX 10/2010 traz as regras gerais do licenciamento. E ela dispõe que 
existem dois tipos de licenciamento. Vejamos o artigo 7o: 
“Art. 7º O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as 
seguintes modalidades: 
I – importações dispensadas de Licenciamento; 
II – importações sujeitas a Licenciamento Automático; e 
III – importações sujeitas a Licenciamento Não Automático.” 
 
A regra, como eu havia escrito antes, é a dispensa de licenciamento como a própria 
Portaria indica no artigo 8o. 
Em relação às duas modalidades de licenciamento, cabe, desde já, indicar as 
diferenças: 
1a) No licenciamento automático, a efetivação demora, no máximo, 10 dias 
úteis, e, no licenciamento não-automático, o prazo de análise é de 60 dias 
corridos; e 
2a) O licenciamento automático sempre é concedido quando o pedido da 
licença está adequada e completamente preenchido. No não-automático, 
mesmo que o pedido esteja corretamente preenchido, ele pode ser 
indeferido. Por exemplo, o pedido de importação de um animal pode estar 
corretamente preenchido, mas se ele estiver vindo de um país com focos de 
doença, o licenciamento provavelmente será indeferido. 
 
Alguns produtos foram então colocados na lista do licenciamento automático e 
outros, na lista do não-automático.Ficou curioso em saber que produtos são esses? 
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Então dê uma olhada no site www.mdic.gov.br, que lá estão as duas tabelas, a de 
produtos sujeitos a um e ao outro tipo de licenciamento. Mas isso é coisa que o 
importador tem que saber, não você, pois afinal a ESAF não pede em prova “quais 
produtos estão sujeitos a licenciamento automático?” ou “o animal vivo está sujeito 
a licenciamento automático ou não-automático?” Isso não é coisa pedida em prova. 
Por falar em prova, vamos então ver uma questão de prova relacionada a esta 
parte inicial da matéria. 
 
(AFRF/2002-1) 16- Por licenciamento entende-se o regime administrativo 
que faz valer a necessidade de uma licença como condição para importar 
mercadorias. Pode ser automático e não-automático. 
Em face do enunciado, assinale a opção correta. 
a) O licenciamento não-automático implica a proibição da importação. 
b) O licenciamento não-automático prescinde de exame por parte da autoridade 
administrativa. 
c) O licenciamento automático dá-se através da emissão de uma Guia de 
Importação. 
d) O licenciamento não-automático condiciona a importação ao exame de certos 
requisitos e condições elencados na norma administrativa. 
e) O licenciamento automático precede o licenciamento não-automático. 
 
Gabarito: Letra D. 
A afirmativa A está incorreta, pois o licenciamento é o regime administrativo, como 
diz o enunciado, pelo qual o órgão anuente vai decidir se permite ou não a 
importação do bem. O regime do licenciamento é concluído com a permissão ou 
com a proibição da importação. 
A afirmativa B está claramente errada, pois o órgão anuente tem que proceder ao 
exame sim, sem o dispensar, para decidir se deixa a importação acontecer ou não. 
Você não pode esquecer que “prescindir” é sinônimo de “dispensar”... 
A alternativa C está incorreta, pois a Guia de Importação se extinguiu em 1997, e 
esta questão foi aplicada no ano de 2002. A partir de 1997, o licenciamento passou 
a ser realizado por meio da licença de importação, que surgiu junto com o 
SISCOMEX-Importação. Duas diferenças grandes da antiga Guia para a atual 
licença: 
1a) a Guia era, em regra, exigida para se poder importar. A licença é, em regra, 
dispensada. 
2a) a Guia era emitida em papel. A licença é emitida eletronicamente. 
Mais um detalhe do tempo anterior ao SISCOMEX que aumenta o erro da 
alternativa C: não havia essa nomenclatura “licenciamento automático/não-
automático”. Isto também só surgiu em 1997. 
A letra E também está errada, mas o melhor momento para explicar o erro é depois 
de estudarmos, em detalhes, as “Modalidades de Licenciamento”, que vêm a 
seguir. 
 
Modalidades de Licenciamento 
 
Já sabemos que o licenciamento comporta duas modalidades: o automático e o 
não-automático. Vimos também que existem produtos sujeitos ao licenciamento 
automático e outros, ao não-automático. 
É impossível que um mesmo produto esteja tanto na lista dos casos de 
licenciamento automático quanto dos casos de não-automático. Se isso fosse 
possível, estaria, por exemplo, sendo dito para o importador que aquele pedido de 
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licenciamento será efetivado em 10 dias úteis E analisado em 60 dias corridos. Ora, 
não dá para ser uma coisa E outra. Tem que ser uma OU outra. 
Art. 9º Estão sujeitas a Licenciamento Automático as importações: 
I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX, 
também disponíveis no endereço eletrônico do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, para simples 
consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; e 
II – as efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback. 
... 
Art. 10. Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as importações: 
I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX e 
também disponíveis no endereço eletrônico do MDIC para simples consulta, 
prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo, onde estão 
indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não 
automático, por produto; 
II – as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: 
a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária; 
b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre 
Comércio; 
c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico - CNPq; 
d) sujeitas ao exame de similaridade; 
e) de material usado, salvo as exceções estabelecidas no § 2º e no § 3º do 
art. 37 desta Portaria; 
f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU; 
g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF nº 150, de 26 de 
julho de 1982; 
h) sujeitas a medidas de defesa comercial; e 
i) operações que contenham indícios de fraude. 
... 
 
Perceba na lista de casos sujeitos ao licenciamento que existem dois incisos, seja 
para o automático, seja para o não-automático. O inciso I do artigo 9o e o do artigo 
10 indicam que existem produtos sujeitos ao licenciamento e a lista está 
disponível para consulta no SISCOMEX e na Internet. 
Já o inciso II do artigo 9o e o do artigo 10 indicam que existem situações sujeitas 
a licenciamento. Para frisar o que escrevi anteriormente: um produto constante na 
lista de licenciamento automático nunca poderá estar na lista do não-automático. 
Estou no ponto a que queria chegar (para responder àquela questão da página 
anterior que ficou pendente de solução na alternativa E): um produto não pode 
estar nas duas listas, mas uma importação pode ter que se sujeitar aos dois 
licenciamentos? 
A resposta é SIM. 
Vejamos os seguintes casos: 
1) Se eu quiser importar um animal vivo, preciso de licenciamento? Em caso 
positivo, de que modalidade? 
Os animais vivos estão sujeitos a licenciamento não-automático analisado 
pelo MAPA. 
2) Se eu quiser importar um produto sujeito a drawback, preciso de 
licenciamento? Em caso positivo, de que modalidade? 
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O drawback exige o licenciamento automático, como consta no artigo 9o, II. 
Observação: o drawback é um regime aduaneiro especial que você 
estudará em detalhes com o Missagia em aula futura, sendo pedido 
no tópico 10 do edital para AFRFB-2009. 
3) Então se eu quiser importar um animal vivo para o regime de drawback, 
serão necessários os dois licenciamentos? Claro que sim, mas a diferença é 
que o pedido em relação ao drawback tem que ser efetivado pelo DECEX 
(Departamento de Comércio Exterior) em, no máximo, 10 dias úteis, e o 
pedido ao MAPA deve ser analisado em 60 dias corridos. O que ocorre é que 
haverá dois órgãos anuentes, mas cada um com seu próprio prazo, pois com 
suas próprias verificações. 
 
Neste exemplo acima (animal vivo + drawback), eu juntei a aplicação do inciso I do 
artigo 10 com o inciso II do artigo 9o. Poderíamos criar outras combinações de 
licenciamento automático com o não-automático: 
1) ácido fosfórico importado com indício de fraude. O ácido está na lista de 
bens com licenciamento automático (artigo 9o, I). O indício de fraude está 
no artigo 10, inciso II, i. 
2) matéria-prima importada para o regime de drawback, mas com medida 
de defesa comercial (por exemplo, medida compensatória, pedida no tópico 
6 do edital de AFRFB, a ser estudado em aula futura) (artigo 9o, II, 
combinado com Artigo 10, II, h). É o caso do importador brasileiro que 
solicita a aplicação do regime de drawback, mas importa matéria-prima 
objeto de medidas compensatórias. 
(Por enquanto, saiba apenas que as medidas compensatórias são uma das 
medidas de defesacomercial. Em aula futura, vamos cuidar com carinho 
deste assunto.) 
 
Nas duas combinações acima, a importação estará sujeita ao licenciamento 
automático e ao não-automático. A única combinação impossível é artigo 9o, inciso 
I, com o artigo 10, inciso I, pois ou o produto está numa lista ou na outra. 
Vamos voltar para aquela questão que tinha ficado para trás. 
 
(AFRF/2002-1) 16- Por licenciamento entende-se o regime administrativo 
que faz valer a necessidade de uma licença como condição para importar 
mercadorias. Pode ser automático e não-automático. 
Em face do enunciado, assinale a opção correta. 
... 
e) O licenciamento automático precede o licenciamento não-automático. 
 
Comentários 
 
A letra E é falsa, pelas duas formas de analisá-la: 
1) se interpretarmos assim: “o licenciamento automático e o não-automático 
SEMPRE vêm juntos E o automático vem antes do licenciamento não-automático”, 
isto está errado. 
Na prática, é até difícil a ocorrência cumulativa do licenciamento automático com o 
não-automático, apesar de eu ter apresentado algumas combinações possíveis. 
2) se interpretarmos assim: “quando vierem juntos o licenciamento automático e o 
não-automático, então o automático virá antes do não-automático”, isto também 
está errado. 
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Ora, o licenciamento é o regime administrativo aplicado pelo órgão anuente. No 
caso em que uma importação esteja sujeita simultaneamente ao licenciamento 
automático e ao não-automático, os dois regimes se iniciam JUNTOS, pois se 
iniciam no registro do pedido de licenciamento, conforme dispõe a Portaria SECEX 
10/2010: 
Art. 17. O Licenciamento Automático será efetivado no prazo máximo de dez 
dias úteis, contados a partir da data de registro no SISCOMEX, caso os 
pedidos de licença sejam apresentados de forma adequada e completa. 
Art. 18. No Licenciamento não Automático, os pedidos terão tramitação de, 
no máximo, 60 (sessenta) dias corridos. 
 
Um pedido de licenciamento é preenchido de uma só vez no SISCOMEX, mas pode 
vir a ser analisado por vários anuentes. Por exemplo, o pedido de licenciamento na 
importação de animal vivo para aplicação do drawback. Tanto o Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) quanto o DECEX vão receber, em 
seus computadores, este pedido registrado para análise. E o licenciamento se inicia 
simultaneamente para os dois anuentes no ato do registro do pedido da licença 
no SISCOMEX. 
Portanto, como a questão dispõe que o licenciamento automático precede o não-
automático, está errada também sob esta ótica. Não se confunda com o seguinte: 
tomemos o animal vivo importado para o drawback. O MAPA terá 60 dias para 
responder se autoriza. O DECEX terá 10 dias para efetivar a licença. É claro então 
que a concessão da licença automática (pelo DECEX) precederá a concessão da 
licença não-automática (pelo MAPA). 
Portanto, nos casos em que o licenciamento estiver sujeito a mais de um órgão, os 
licenciamentos se iniciarão simultaneamente. Mas a concessão de um vai preceder 
a concessão do outro, já que um órgão tem um prazo menor para responder do que 
o outro. 
 
Situações sujeitas a Licenciamento 
 
No licenciamento automático, a única situação prevista é o drawback, regime que 
será estudado em aula futura com o Missagia. É fácil e obrigatório decorar isso. 
No licenciamento não-automático, são as situações listadas no inciso II do artigo 
10: 
Art. 10. Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as importações: 
... 
II – as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: 
a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária; 
b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre 
Comércio; 
c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico - CNPq; 
d) sujeitas ao exame de similaridade; 
e) de material usado, salvo as exceções estabelecidas no § 2º e no § 3º do 
art. 37 desta Portaria; 
f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU; 
g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.º 150, de 26 de 
julho de 1982; 
h) sujeitas a medidas de defesa comercial; e 
i) operações que contenham indícios de fraude. 
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Sinto muito dizer isso: pode não ser fácil, mas é obrigatório guardar as nove 
situações listadas. Claro que quando a gente vê o motivo pelo qual o licenciamento 
é exigido, fica mais fácil guardar. E é isso que vamos ver agora. 
 
“a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária;” 
 
Se uma mercadoria está sujeita à obtenção de quotas, então algum órgão 
governamental brasileiro tem que controlar quantas mercadorias já entraram para 
então decidir se autoriza a entrada de novos produtos ou se a proíbe. 
A quota tarifária traz aqueles casos em que existe um limite de importações. Até se 
atingir o limite, a tarifa é mais baixa do que aquela aplicada depois que o limite for 
ultrapassado. 
Por exemplo, as sardinhas importadas de fora do Mercosul são tributadas no Brasil 
com a alíquota de 10% definida na TEC (vigente em agosto de 2010): 
 
NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA DO II 
0303.71.00 --Sardinhas (Sardina pilchardus, Sardinops 
spp.), sardinelas (Sardinella spp.) e 
espadilhas (Sprattus sprattus) 
10 % 
 
No entanto, se considerarmos a Resolução CAMEX 32, de 9 de junho de 2009, 
vemos que, no período de 18/06/2009 a 17/06/2010, as primeiras 80.000 
toneladas importadas se sujeitaram à alíquota de apenas 2%: 
 
NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA 
DO II 
COTA 
GLOBAL 
VIGÊNCIA 
 
 
0303.71.00 
--Sardinhas (Sardina 
pilchardus, Sardinops 
spp.), sardinelas 
(Sardinella spp.) e 
espadilhas (Sprattus 
sprattus) 
 
 
2% 
 
80.000 
toneladas 
 
18/06/2009 a 
17/06/2010 
 
Depois que o limite de toneladas foi atingido, as importações seguintes foram 
tributadas a 10% de II. Este é um exemplo de quota tarifária. 
Já as quotas não-tarifárias são limites de importações que, uma vez atingidos, 
proíbem importações adicionais. Portanto, só haverá um nível de tarifa, aquela 
cobrada até o atingimento do limite. Acima do limite, é impossível importar. 
Qual é o órgão governamental que controla a entrada de bens sujeitos a quota? O 
DECEX. 
Portanto, quando alguém quer importar um bem sujeito a quota, ele deve pedir a 
licença ao DECEX, o qual irá analisar se o limite já foi atingido para então deferir 
(ou não) a licença solicitada. 
 
“b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de 
Livre Comércio;” 
 
A importação de bens para a Zona Franca de Manaus (ZFM) e para as Áreas de 
Livre Comércio (ALC) se faz, em regra, com isenção de tributos. 
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Mas, para usufruir o benefício, as importações para a ZFM (e para as ALC) estão 
sujeitas a licenciamento não-automático, previamente ao despacho aduaneiro, com 
a expressa anuência da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). 
É exatamente o que dispõe o artigo 507 do Regulamento Aduaneiro. 
 
“c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico - CNPq;” 
 
Conforme dispõe a Lei 8.010/1990, os bens importados para pesquisa científica e 
tecnológica possuem isenção dos tributos de importação. 
Segundo dispõe o artigo 2o da Lei, o Ministro da Fazenda estabelecerá limite global 
anual, em valor, para as importações realizadas com isenção pelas instituições 
científicas e tecnológicas. E o CNPq vai distribuir esta quota global de importações 
entre as várias instituições científicas e fazer o controle. Para procederao controle, 
o CNPq exige o licenciamento. 
 
“d) sujeitas ao exame de similaridade;” 
 
Ora, quais são as importações sujeitas a exame de similaridade? São 
principalmente aquelas objeto de isenção ou redução de imposto. 
Existem vários entes com direito de importar bens com isenção de impostos. Nesta 
regra encaixam-se, por exemplo, os partidos políticos (Lei 8.032/1990). Se um 
partido político quiser importar um carro, ele terá o direito de trazer o bem com 
isenção? 
Não. A isenção só pode ser usufruída para bens que não tenham similar nacional. 
Imagine se o governo brasileiro vai chutar contra o próprio gol. Não vai, né? 
O Decreto-Lei 37, de 1966, exige a investigação da existência da similaridade para 
só então, em não havendo um similar nacional, obter-se a isenção. Portanto, se 
alguém, com direito à isenção, estiver querendo importar um bem, ele deve, antes 
de registrar a Declaração de Importação, registrar um pedido de licenciamento. 
Será por meio do licenciamento que o DECEX investigará a existência do similar 
nacional. 
Veja o artigo 32 da Portaria SECEX 10/2010: 
Art. 32. Simultaneamente ao registro do licenciamento, a interessada deverá 
encaminhar ao DECEX, diretamente ou através de qualquer dependência do 
Banco do Brasil S.A. autorizada a conduzir operações de comércio exterior, 
catálogo(s) do produto a importar ou especificações técnicas informadas 
pelo fabricante. 
 
Ao mesmo tempo em que o sujeito solicita a licença de importação, ele deve 
entregar ao DECEX todas as informações necessárias para que este órgão verifique 
se existe ou não um similar nacional. Caso o DECEX não encontre nenhum similar 
nacional, ele defere a licença de importação, fazendo constar a informação de 
inexistência de similar. 
Quando a Receita Federal proceder ao despacho aduaneiro deste bem, ela somente 
reconhecerá o direito à isenção (ou à redução) depois da investigação promovida 
pelo DECEX. Em suma, o licenciamento para as mercadorias sujeitas ao exame de 
similaridade é para viabilizar a investigação por parte do DECEX. 
O artigo 33 da Portaria SECEX é uma das novidades criadas em 2010 sobre o 
licenciamento: 
Art. 33. Para fins de comprovação da existência de similar nacional, as 
entidades representativas que vierem a ser consultadas deverão protocolizar 
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documentação no MDIC no prazo de 30 dias do recebimento da consulta 
formulada pelo DECEX. 
 
São exemplos de entidades representativas a ABIMAQ (Associação Brasileira da 
Indústria de Máquinas e Equipamentos) e a ABIT (Associação Brasileira da Indústria 
Têxtil e de Confecção). Essas entidades podem ser consultadas pelo DECEX para 
que informem se alguma firma a elas associada produz algum bem similar ao 
descrito na consulta. Portanto, a consulta do DECEX pode ser pública, por meio de 
Diário Oficial, ou privada, por meio das entidades representativas. 
 
“e) de material usado, salvo as exceções estabelecidas no § 2º e no § 3º 
do art. 37 desta Portaria;” 
 
Somente alguns bens usados podem ser importados de forma definitiva para o 
Brasil. Isto ocorre por dois motivos: evita-se que o Brasil seja usado como lixeira 
do mundo e protege-se a indústria nacional produtora de bens similares. 
Em relação à entrada temporária de bens usados não há maiores restrições, pois, 
como você verá com o Missagia, no regime de admissão temporária, os tributos 
ficam suspensos condicionados à devolução para o exterior. E, na regra geral, caso 
as mercadorias não voltem, os tributos serão cobrados retroativamente. 
Tantos bens usados entram no Brasil e a gente nem se preocupa com eles. Por 
exemplo, as lonas e os aparelhos de circo, os carros de Fórmula-1, os 
equipamentos dos artistas internacionais, os notebooks dos técnicos estrangeiros, 
as bagagens dos turistas estrangeiros, ... 
Portanto, a preocupação da norma é com os bens usados que estiverem entrando 
no Brasil para ficar definitivamente. Como nós não somos lixeira e como temos 
indústria para proteger, somente alguns bens usados são permitidos para 
importação. 
Veja na Portaria DECEX 8/1991 que bens de capital usados só podem entrar no 
Brasil, em regra, se não houver similar nacional: 
Art. 22. Serão autorizadas importações de máquinas, equipamentos, 
aparelhos, instrumentos, ferramentas, moldes e contêineres para utilização 
como unidade de carga, na condição de usados, atendidos, 
cumulativamente, os seguintes requisitos: 
a) não sejam produzidos no País, ou não possam ser substituídos por outros, 
atualmente fabricados no território nacional, capazes de atender aos fins a 
que se destina o material a ser importado; 
... 
 
Os bens usados de importação permitida são listados nos artigos 37 a 51 da 
Portaria SECEX 10/2010, destacando-se: 
- os contêineres, seus equipamentos e acessórios; 
- as aeronaves, suas partes e peças; 
- unidades fabris ou linhas de produção; 
- bens para conserto; e 
- bens de consumo doados. 
 
Em relação aos bens de consumo usados, a Portaria MDIC 235/2006 impõe que, em 
regra, sua importação é proibida: 
Art. 27. Não será autorizada a importação de bens de consumo usados. 
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§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo as importações de quaisquer 
bens, sem cobertura cambial, sob a forma de doação, diretamente 
realizadas pela União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, 
autarquias, entidades da administração pública indireta, instituições 
educacionais, científicas e tecnológicas, e entidades beneficentes, 
reconhecidas como de utilidade pública e sem fins lucrativos, para uso 
próprio e para atender às suas finalidades institucionais, sem caráter 
comercial, observando, quando for o caso, o contido na Portaria MEFP nº 
294, de 6 de abril de 1992. 
 
Ainda em relação aos bens de consumo usados, há uma exigência adicional para o 
licenciamento da importação de artigos de vestuário usados: a entidade beneficente 
que irá receber essas doações não as pode comercializar, devendo inclusive ser 
indicada a atividade beneficente a que se dedica e o número de pessoas atendidas. 
Isso é para afastar aquelas firmas “pilantrópicas”, ou seja, pilantras que não têm 
nada de filantrópicas, que muito prosperaram e lucraram (?!) com revenda de bens 
de ótima qualidade que deveriam ser doados aos menos favorecidos. Ora, as 
pessoas dos países desenvolvidos não costumam doar lixo para os países em 
desenvolvimento. Muito pelo contrário. Mas, infelizmente, há pessoas que não têm 
o mínimo amor pelo próximo e que tentam se aproveitar da caridade dos 
estrangeiros. 
Sempre que leio a alínea e, que estamos analisando, lembro de um dia estar 
assistindo ao Jornal Nacional, quando começaram a mostrar vários contêineres 
lotados de roupas novíssimas importadas por uma dessas pilantrópicas, 
aproveitando um licenciamento de importação que havia sido concedido para a 
importação para os menos favorecidos. Eu acho que aqueles bandidos se 
consideravam a própria representação de “menos favorecidos”. 
Aqueles bens mostrados no JN foram apreendidos e acabaram, de fato, 
beneficiando quem precisava. Viva! 
 
“f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da 
ONU;” 
 
Para entender esta alínea, basta vermos um exemplo de aplicação, tendo em vista 
que as exigências são indicadas nas Resoluções da ONU, não na Portaria SECEX. A 
Portaria SECEX indica tão somente que o licenciamento deve ser pedido e fica 
subentendido que as exigências constantes das Resoluções da ONU têm que ser 
cumpridas. Caberá ao órgão anuente verificar se o importador cumpre as regras 
impostas pela organização. 
Por exemplo, no passado, no tempo do Saddam Hussein, sópodíamos importar 
petróleo do Iraque se pagássemos com alimentos, remédios e outros bens de valor 
humanitário, em vez de usar dinheiro. Era o programa chamado “Petróleo por 
alimentos”, criado pela ONU. 
Por isso, antes de importar o petróleo, tinha que ser registrado o pedido de 
licenciamento por meio do qual o importador provaria para o governo brasileiro que 
estava se adequando à exigência internacional. Neste caso, a importação seria 
autorizada. 
 
“g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.º 150, de 26 
de julho de 1982;” 
 
A Portaria do Ministro da Fazenda 150/1982 permitiu que mercadorias importadas 
pudessem ser substituídas, após o desembaraço, caso fossem detectados defeitos 
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cobertos por garantia do fabricante estrangeiro. Para isso, a importação de um 
novo bem deveria estar vinculada à exportação do bem defeituoso. 
O licenciamento é necessário para que se verifique se, de fato, a mercadoria está 
com defeito que exija sua substituição. O importador pede a licença e o DECEX, 
analisando os documentos, conclui se é o caso de permitir a importação de um 
novo bem em substituição ao primeiro. Se for este o caso, ao mesmo tempo que 
autoriza a importação de um novo bem, autoriza também a exportação do bem 
defeituoso. 
É o que dispõe a Portaria do MF: 
“1. Fica autorizada a reposição de mercadoria importada que se revele, após 
o seu despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se 
destina, por mercadoria idêntica, em igual quantidade e valor. 
2. A autorização condiciona-se à observância dos seguintes requisitos e 
condições: 
a) a operação deve realizar-se mediante a emissão, pela CACEX, de guia de 
exportação vinculada à guia de importação, sem cobertura cambial; 
...” 
Observação: Onde se lêem “CACEX”, “guia de exportação” e “guia de importação”, 
leiam-se “DECEX”, “registro de exportação” e “licença de importação”. 
 
“h) sujeitas a medidas de defesa comercial;” 
 
Esta alínea h somente passou a constar na lista em 2007. 
Bem, somente veremos as medidas de defesa comercial em aula futura. Lá 
encontraremos a explicação sobre as três medidas de defesa comercial, que são 
pedidas no tópico 6 do edital AFRFB-2009: medidas antidumping, compensatórias 
ou salvaguardas. 
Como exemplo, consideremos uma medida compensatória criada sobre sapatos 
chineses. Se o governo brasileiro criou tal medida, é porque ele se convenceu de 
que o governo chinês subsidia irregularmente a produção e/ou a exportação desses 
bens. A medida compensatória é prevista nas regras internacionais de comércio 
como um valor adicional a ser pago pelo importador, de forma a eliminar os efeitos 
negativos do subsídio concedido por governos estrangeiros. 
Quando um sapato é importado e, portanto, declarado no SISCOMEX, o sistema irá 
verificar qual o país de origem do bem. Caso tenha sido produzido na China, o 
SISCOMEX cobra a medida compensatória junto com os tributos, mediante débito 
automático na conta bancária do importador. Caso o sapato tenha sido produzido 
em outro país, o SISCOMEX não cobra a medida compensatória, mas somente os 
tributos. 
Vejamos a alínea h. Sua redação é muito ruim, pois dá a entender que somente as 
importações de sapatos somente da China são sujeitas a licenciamento. É fácil de 
concluir isso pela leitura da alínea: “estão sujeitas a licenciamento não-automático 
as importações sujeitas a medidas de defesa comercial.” Como as importações de 
sapato da China estão sujeitas a medidas compensatórias, e as importações de 
sapatos de outros países não estão sujeitas a tais medidas, isto induz a que estas 
últimas não precisem de licenciamento. Mas não é assim que se deve ler a alínea. 
Vejamos. 
Se uma mercadoria importada está sujeita a uma medida de defesa comercial, 
então não há nenhuma investigação mais a se fazer sobre a importação. Se a 
medida de defesa comercial foi criada, é porque a investigação já aconteceu e se 
concluiu que havia base legal para se criar a medida de defesa comercial. Quando 
então a mercadoria for importada, é só cobrar o valor e ponto final. Por que precisa 
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licenciar? Que investigação ainda será feita? Não há motivo para o licenciamento de 
mercadorias para as quais haverá a cobrança da medida de defesa comercial. 
Por outro lado, caso o sapato tenha origem declarada como, por exemplo, Malásia, 
é importantíssimo confirmar essa origem. Afinal, o importador, para fugir do 
pagamento de medida compensatória, poderia estar ilegalmente informando um 
país de origem diferente do verdadeiro. Talvez o sapato tenha sido produzido na 
China, mas o importador safado informou, no SISCOMEX, a Malásia como o país de 
origem. Para essas situações, exige-se o licenciamento para que o importador 
apresente o Certificado de Origem e comprove que o produto não foi produzido na 
China. 
Portanto, a alínea h estaria mais bem escrita da seguinte forma: 
“Estão sujeitas ao licenciamento não automático as importações: 
... 
h) de bens para os quais haja medida de defesa comercial criada, 
independentemente do país de origem indicado na referida medida; 
...” 
 
Em todos os casos de licenciamento não-automático que estamos analisando, 
existe um motivo para o licenciamento prévio ao embarque: 
i. Na alínea a, o licenciamento de mercadorias sujeitas a quota é para o 
DECEX ver se pode entrar mais uma mercadoria; 
ii. Na alínea b, é para a SUFRAMA ter o controle de tudo o que entra na 
ZFM ou nas ALC, pois receberá um tratamento favorecido; 
iii. Na alínea c, é para o CNPq ver se o limite de importações da instituição 
científica ainda não foi estourado; 
iv. Na alínea d, é para o DECEX ver, previamente à importação, se existe 
algum similar nacional e assim viabilizar a obtenção da isenção/redução 
solicitada pelo importador; 
v. Na alínea e, é para o DECEX somente deixar entrar no Brasil mercadorias 
usadas que não sejam os “restos” dos países desenvolvidos e que não 
quebrem a indústria nacional equivalente; 
vi. Na alínea f, é para o governo verificar se foram cumpridas as exigências 
impostas às mercadorias trazidas dos países com sanção da ONU; 
vii. Na alínea g, é para o DECEX analisar se a substituição dentro do prazo 
de garantia se justifica; 
viii. Na alínea i, que vemos à frente, é para que o governo já possa tomar 
medidas de combate à fraude; e 
ix. A alínea h é para fiscalizar não as importações que serão, com certeza, 
punidas com a medida de defesa comercial, mas sim as importações de 
bens que podem estar com o país de origem falsamente informado. 
 
“i) operações que contenham indícios de fraude.” 
 
Esta alínea i é novidade no licenciamento das importações. 
Só entrou em vigor em 2008. Como a ESAF ama pedir a lista de situações que 
exigem licenciamento não-automático e também ama pedir coisas recém-
modificadas na legislação, então aí está o casamento perfeito. Este licenciamento é 
para o governo já se preparar para o pior... 
Mas, pelo amor de Deus, eu até hoje não vi ninguém pedindo licenciamento assim: 
“Ei, eu quero o licenciamento para a minha importação porque ela tem indício de 
fraude. Eu sou um fraudador nato.” 
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Ora, todas as alíneas anteriores (de a a h) trazem situações bem objetivas. O 
importador sabe quando ele se encaixa em cada alínea. Mas esta alínea i ... ela é 
de uma subjetividade tamanha (Esta palavra sempre me lembra o Roberto Carlos 
em “Força Estranha”...) 
 
Vamos ver algumas questões em que a ESAF pede a lista de casos sujeitos a 
licenciamento? 
(ACE/2008) Julgue os itens seguintes,acerca dos regimes administrativo e 
tributário relativos às importações brasileiras. 
129 No Brasil, como regra geral, as importações são sujeitas a licenciamento 
(automático e não-automático), estando deste dispensadas somente as 
importações amparadas em acordos preferenciais ou sujeitas a regimes aduaneiros 
especiais. 
 
Comentários 
 
Como vimos, a regra no Brasil é a dispensa de licenciamento. Item falso. 
 
(AFRF/2000) 30- A importação de bens doados e usados consistindo de 
a) bens de consumo, deve ser previamente licenciada e autorizada, aplicando-se na 
valoração aduaneira o primeiro método (valor de transação) 
b) bens de capital, sem similar nacional, sujeita-se a licenciamento automático 
aplicando-se para base de cálculo do imposto de importação o valor computado no 
país de exportação 
c) bens de capital comprovadamente sem similar nacional mediante prévia análise 
das condições e autorização, pelo DECEX, sujeita-se a licenciamento não-
automático previamente ao embarque no exterior, aplicando-se na base de cálculo 
do imposto de importação os métodos de valoração previstos na legislação 
específica com exclusão do primeiro (valor de transação) 
d) bens de consumo, não será autorizada em quaisquer circunstâncias por ser 
contrária aos interesses sociais, comerciais, industriais e tributários do País 
e) bens de capital com similar nacional, sujeita-se a licenciamento não-automático 
previamente ao despacho aduaneiro, aplicando-se na valoração aduaneira o 
método do valor de revenda no mercado interno 
 
Comentários 
 
Esta questão é interessante, pois envolve valoração aduaneira e licenciamento das 
importações. 
Primeiramente, olhemos a questão pelo lado do licenciamento. 
Se o bem de capital é usado, então, como vimos anteriormente, é necessário um 
licenciamento não-automático. Se o bem de consumo é usado, então, em regra, 
sua importação é proibida. No entanto, poderá ser autorizada (também por 
licenciamento não-automático) para doação de vestuário usado, por exemplo. As 
exceções são listadas no § 1o do artigo 27 transcrito anteriormente. 
 
Podemos olhar a questão também pelo lado da valoração aduaneira. 
Relativamente à valoração, você verá com o Missagia, na aula 3, que mercadorias 
doadas são tributadas não pelo valor da transação (pois este é inexistente), mas 
pelos métodos substitutivos. Por enquanto, isso pode ficar nebuloso para você, mas 
vai clarear, eu prometo (já estou no clima pré-eleitoral rs). 
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Vou dar um breve resumo da valoração só para poder resolver esta questão que é 
muito bem montada. A valoração aduaneira é o processo de apuração do valor 
aduaneiro, que é a base de cálculo do imposto de importação. 
Como primeira tentativa para se chegar ao valor aduaneiro, pega-se, 
simplificadamente, o valor líquido da fatura, chamado valor da transação (Lembre-
se que este é um resumo muito, mas muito sucinto mesmo). Mas só se pode pegar 
este valor se for uma importação de mercadoria comprada. 
Caso não se possa usar o primeiro método, tente pegar o valor de mercadorias 
idênticas importadas anteriormente (2o método – idênticas). Se não houver, 
procure o valor de mercadorias similares (3o método – similares). Se ainda não deu 
para encontrar um valor como base de cálculo, então pegue o valor de revenda no 
mercado interno, fazendo-se algumas deduções necessárias (4o método – método 
dedutivo ou método do valor de revenda). Se não foi dessa vez, pegue o valor dos 
custos de produção e acrescente um percentual razoável de lucro (5o método – 
método computado). O 6o método indica o uso de critérios razoáveis. 
 
Partimos dessas informações preliminares e, de saída, olhamos a questão só em 
relação ao licenciamento. 
Letra A: a importação de bens de consumo deve ser previamente licenciada e 
autorizada? Mais ou menos, pois sabemos que, em regra, a importação de bens de 
consumo usados é proibida. Mas as exceções, de fato, sujeitam-se ao licenciamento 
não-automático. 
Letra B: a importação de bens de capital, sem similar nacional, sujeita-se a 
licenciamento automático? Não, o licenciamento é não-automático. A única situação 
sujeita a licenciamento automático é a importação sob o regime de drawback. 
Letra C: a importação de bens de capital comprovadamente sem similar nacional, 
mediante prévia análise das condições e autorização pelo DECEX, sujeita-se a 
licenciamento não-automático previamente ao embarque no exterior? Sim. 
Letra D: a importação de bens de consumo não será autorizada em quaisquer 
circunstâncias por ser contrária aos interesses sociais, comerciais, industriais e 
tributários do País? Falso. Por exemplo, instituições beneficentes podem receber 
doações de roupas importadas usadas. 
Letra E: a importação de bens de capital com similar nacional sujeita-se a 
licenciamento não-automático previamente ao despacho aduaneiro? Falso. O 
licenciamento tem que ser obtido previamente ao embarque, não ao despacho. Este 
se inicia no registro de uma Declaração de Importação, que será conferida pela 
Receita Federal. Além disso, a importação de bens de capital usados só beneficia, 
em regra, produtos sem similar nacional. 
Portanto, olhando a questão só pelo lado do licenciamento, ficamos entre as letras 
A e C. 
 
Olhando a questão pelo lado da valoração, temos que mercadorias doadas não 
podem usar o primeiro método. Nem se pode dizer que vai usar o 2o ou o 3o ou 
qualquer método, pois faltam dados para dizer qual seria o método utilizado. Desta 
forma, eliminam-se as letras A, B e E. Ficaríamos entre C e D. 
Por intersecção, a resposta é a letra C. 
 
(AFRF/2000) 27- Sujeitam-se ao licenciamento não-automático 
previamente ao embarque as importações 
a) de materiais de reposição e conserto para uso de embarcações ou aeronaves 
estrangeiras 
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b) sob regime de admissão temporária, exceto quando se tratar de obras 
audiovisuais condicionadas à manifestação de Secretaria do Desenvolvimento 
Audiovisual do Ministério da Cultura 
c) objeto de arrendamento operacional simples sob regime de admissão temporária 
a serem utilizados em atividade econômica 
d) sob regimes aduaneiros especiais de entreposto aduaneiro e entreposto 
industrial 
e) sob regimes aduaneiros atípicos de loja franca, depósito franco, depósito 
afiançado e depósito especial alfandegado 
 
Comentários 
 
A lista de casos de licenciamento é exaustiva (por favor, não estou dizendo que 
fiquei exausto rs). Portanto, existem apenas aqueles casos de licenciamento 
listados anteriormente e nenhum outro. 
Já a dispensa de licenciamento é a regra e é para as demais situações que não 
foram citadas nas alíneas dos artigos 9 e 10. 
Você está vendo alguma alternativa na questão que esteja naquelas alíneas 
explicadas anteriormente? Não? Nem eu. Ué... 
Antigamente, as importações sob arrendamento operacional estavam na lista de 
situações que exigiam licenciamento não-automático. Mas isso foi só até a Portaria 
SECEX 14/2004 ser revogada. A partir de sua revogação (pela Portaria SECEX 35, 
de 24 de novembro de 2006), o arrendamento operacional saiu da lista dos casos 
sujeitos a licenciamento. 
Hoje, esta questão não tem resposta, mas, no dia da prova, foi a letra C. 
 
(AFRF/2002-2) 14- O licenciamento não-automático previamente ao 
embarque das mercadorias no exterior é exigível para as importações 
a) sujeitas à obtenção de cota tarifária amparadas em acordos bilaterais no âmbito 
da União Européia, excluídas aquelas sujeitas à cota não-tarifária. 
b) objeto de arrendamento operacional simples e as sujeitas a exame de 
similaridade. 
c) a serem submetidas ao regime aduaneiroespecial de entreposto aduaneiro na 
modalidade de não-vinculado. 
d) objeto de medidas compensatórias em decorrência de subsídios concedidos por 
governos estrangeiros. 
e) objeto de obrigatoriedade de transporte em navio ou aeronave de bandeira 
brasileira. 
 
Comentários 
 
Letra A: Em relação à exigência de licenciamento para os bens sujeitos a quota 
tarifária, a alternativa está perfeita. Mas o licenciamento também é exigido para os 
casos de quotas não-tarifárias. A letra A desafinou no finzinho. 
Letra B: Na resolução da questão anterior, eu comentei que importações sob 
arrendamento operacional estiveram sujeitas a licenciamento até novembro de 
2006. Em relação às importações sujeitas a exame de similaridade, até hoje o 
licenciamento é exigido. Desta forma, este foi o gabarito no dia da prova. Hoje, ela 
está incorreta por causa do arrendamento operacional. 
Letra C: Não existe isso nas alíneas que analisamos. E o erro é mais gritante ainda 
se pegarmos o § 1o do artigo 8o da Portaria SECEX 10/2010. Lá está escrito, com 
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todas as letras, que o regime de entreposto aduaneiro não exige a obtenção de 
licença de importação. 
Letra D: No dia da prova, importações sujeitas a medidas de defesa comercial não 
estavam sujeitas a licenciamento. No entanto, desde 2007, com a Portaria SECEX 
36, passou a haver a exigência do licenciamento para esses casos também. Veja a 
alínea h comentada algumas páginas atrás. Engraçada a volta que a questão deu. 
No dia da prova, o gabarito era a letra B. Hoje, o gabarito é a letra D. 
Letra E: a situação do transporte em navio de bandeira brasileira não consta na 
lista de licenciamento exigido. 
 
Como se pede um licenciamento de importação? 
 
Bem, a Portaria SECEX 10/2010 dispõe que a inscrição no Registro de Exportadores 
e Importadores (REI) é condição obrigatória para se proceder a uma operação de 
comércio exterior, seja importação, seja exportação. Mas, ao mesmo tempo, diz 
que a inscrição no REI é automática, “sendo realizada no ato da primeira operação 
de importação (ou exportação) no SISCOMEX.” 
Como é que o importador registra sua primeira operação no SISCOMEX? 
Antes de qualquer coisa, o importador deve ter uma senha de acesso, a qual é 
entregue pela Receita Federal, depois de verificar se o sujeito possui capacidade 
para operar. Evita-se desta forma que empresas-fantasma ou empresas de sócios 
“laranjas” operem no comércio exterior. 
E tanto faz se o importador (ou o exportador) é pessoa física ou jurídica. O 
SISCOMEX não faz distinção nem no momento de se registrar automaticamente no 
REI nem no momento do registro de uma Declaração de Importação ou de um 
licenciamento de importação. 
A única diferença que existe na Portaria SECEX é que pessoas físicas não podem 
importar mercadorias que revelem prática de comércio ou que sejam habituais. 
Portanto, não pode importar muitos bens nem de uma só vez nem de forma 
parcelada. 
Ora, o SISCOMEX mesmo não faz crítica nenhuma em relação a essa questão de 
prática de comércio ou habitualidade. Como é que o sistema pode, no ato de 
registro de um pedido de licença por parte do importador, concluir se uma 
importação tem ou não intuito de comércio? Como é que o sistema pode concluir 
que existe habitualidade? Esses fatores são subjetivos e, portanto, não foram 
programados no SISCOMEX para verificação. 
Cabe, portanto, à Receita Federal, na etapa do despacho aduaneiro, analisar cada 
importação e exportação e afastar a prática de comércio ou a habitualidade ou, 
então, apreender o bem por descumprimento de norma administrativa. 
Portanto, o controle sobre o importador pessoa física não se dará na etapa do 
controle administrativo, mas do controle aduaneiro. 
Aqui cabe falar de duas pequenas exceções na Portaria SECEX 10/2010 (artigo 
176): 
1a) permite-se que uma pessoa física exporte com intuito de comércio ou 
habitualidade, desde que seja agricultor, pecuarista, artesão, artista ou 
assemelhado; e 
2a) caso o exportador exporte tão-somente pelos correios, então ele não será 
registrado no REI se os valores exportados não passarem de US$ 50.000,00. Há 
exceções que podemos ver na redação do § 6o: 
§ 6º Ficam dispensadas da obrigatoriedade de inscrição do exportador no 
REI as exportações via remessa postal, com ou sem cobertura cambial, 
exceto donativos, realizadas por pessoa física ou jurídica até o limite de US$ 
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50.000,00 (cinqüenta mil dólares dos Estados Unidos) ou o equivalente em 
outra moeda, exceto quando se tratar de: 
I – produto com exportação proibida ou suspensa; 
II – exportação com margem não sacada de câmbio; 
III – exportação vinculada a regimes aduaneiros especiais e atípicos; e 
IV – exportação sujeita a registro de operações de crédito - RC. 
 
Consta ainda, na Portaria SECEX, que também os bancos podem registrar 
operações para os importadores e exportadores, desde que autorizados por eles. 
 
Vejamos algumas questões das provas anteriores. 
(AFTN/1996) 25 - Nos termos da legislação brasileira, a concretização de 
uma operação de exportação requer alguns procedimentos obrigatórios, 
entre os quais: 
a) O registro do exportador junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), a 
formalização do contrato internacional de compra e venda, a contratação do 
câmbio e o recebimento do conhecimento de embarque. 
b) O registro do exportador junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o 
registro da exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) e 
a contratação do câmbio. 
c) A formalização do contrato de compra e venda, a contratação do câmbio, a 
contratação do frete e a obtenção do Certificado de Origem; 
d) O registro do exportador junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), a 
contratação do frete, a contratação do câmbio e a obtenção do Certificado de 
Origem; 
e) A formalização do contrato de compra e venda, a contratação do seguro, a 
contratação do câmbio e o recebimento do conhecimento de embarque. 
 
Comentários 
 
Bem, o registro no REI é, em regra, obrigatório, apesar de ser automático. 
Para exportar é necessário: 
- formalizar um contrato de compra e venda? Não, pois posso estar alugando. 
- contratar câmbio? Não, pois posso estar doando um bem. 
- receber o conhecimento de embarque? Sim, pois é o contrato de transporte. 
- obter o certificado de origem? Não, como veremos na aula sobre blocos 
comerciais. Em resumo, um certificado de origem serve para comprovar a 
origem do produto para se usufruir algum benefício. 
- contratar um seguro? Não, pois o seguro não é obrigatório numa operação 
de comércio exterior. 
A ESAF considerou o gabarito como sendo a letra B, com o que eu não concordo, 
pois: 
1) o registro no REI é exigido, mas admite exceções; 
2) o registro da exportação no SISCOMEX é a regra, mas, por exemplo, nas 
exportações pelos correios, ele não acontece; e 
3) o contrato de câmbio só é obrigatório se for uma exportação para receber 
dinheiro do exterior. Se eu estiver doando o bem exportado, não haverá contrato de 
câmbio. 
 
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(AFTN/1998) 53- O registro do exportador é condição básica para 
operações de exportação. Sobre o mesmo é correto afirmar-se que: 
a) requer o envio prévio de documentação e a comprovação posterior de realização 
da exportação junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério da 
Indústria, do Comércio e do Turismo 
b) obedece aos mesmos critérios e procedimentos para pessoas físicas e jurídicas 
c) se dá de forma automática e gratuita, quando da realizaçãode sua primeira 
operação, em se tratando de pessoas jurídicas 
d) é concedido apenas a pessoas jurídicas, mediante informação do número de 
inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC) 
e) é concedido pela Divisão de Informações Comerciais (DIC) do Ministério das 
Relações Exteriores a pessoas físicas e jurídicas, mediante requerimento 
 
Comentários 
 
Letra C: correta. Foi o gabarito apresentado pela ESAF. Só um detalhe: o registro 
do exportador se dá (e se dava) de forma automática e gratuita tanto para as 
pessoas físicas quanto para as pessoas jurídicas. 
Letra A: incorreta. A inscrição no REI é automática. 
Letra D: incorreta. 
Letra E: incorreta. Não há requerimento, pois é automático o registro. 
Letra B: incorreta, segundo a ESAF, pois o gabarito foi a letra C. Mas eu não vejo 
esta alternativa como incorreta não, pois, em se tratando do registro no REI, 
obedece aos mesmos critérios e procedimentos, já que o registro é automático. 
Na minha opinião, o examinador quis escrever “os procedimentos de exportação 
são os mesmos para pessoas físicas e jurídicas.” Neste caso, de fato, a alternativa 
estaria incorreta, pois a pessoa física não pode exportar com prática de comércio 
ou habitualidade. 
No entanto, a questão não perguntava sobre os procedimentos de exportação, mas 
sobre o registro no REI. E o registro no REI é indiferente se a pessoa é física ou 
jurídica. 
 
(AFRF/2003) 30- A Secex mantém um Cadastro de Exportadores e 
Importadores, do qual é parte o REI - Registro de Exportadores e 
Importadores. A regra geral é que todas as exportações e importações 
somente podem ser efetuadas por pessoas e empresas inscritas no REI. 
São exceções (adaptada a questão para atualizar os valores): 
a) As exportações efetuadas pela via postal, com ou sem cobertura cambial, 
realizadas por pessoas físicas ou jurídicas, até o limite de US$50,000.00 ou o 
equivalente em outra moeda, exceto donativos. 
b) As operações de exportação, com cobertura cambial e para embarque imediato 
para o exterior, até o limite de US$50,000.00, conceituadas como “Operação 
Normal – código 80.00” na Tabela de Enquadramento da Operação, não sujeitas ao 
Imposto de Exportação ou a contingenciamento, nem vinculadas ao Regime 
Automotivo. 
c) As exportações e importações de mercadorias e bens destinados a feiras, 
exposições e eventos semelhantes, promovidas por instituições governamentais. 
d) Os representantes de órgãos da administração pública direta, autarquia e 
fundação pública, organismo internacional ou outra instituição extraterritorial. 
e) As importações objeto de Despacho Simplificado de Importação (DSI) e Licença 
de Importação (LI) automática, sem cobertura cambial, e as exportações objeto de 
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Despacho Simplificado de Exportação (DSE) e Registro de Exportação Simplificado 
(RES), até o valor de US$3,000.00 ou o equivalente em outra moeda. 
 
Comentários 
 
Gabarito: Letra A, conforme art. 176, § 6o da Portaria SECEX 10/2010: 
§ 6º Ficam dispensadas da obrigatoriedade de inscrição do exportador no 
REI as exportações via remessa postal, com ou sem cobertura cambial, 
exceto donativos, realizadas por pessoa física ou jurídica até o limite de 
US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares dos Estados Unidos) ou o equivalente 
em outra moeda, exceto quando se tratar de: 
I – produto com exportação proibida ou suspensa; 
II – exportação com margem não sacada de câmbio; 
III – exportação vinculada a regimes aduaneiros especiais e atípicos; e 
IV – exportação sujeita a registro de operações de crédito - RC. 
 
Qual é o momento para se pedir a licença de importação? 
 
Logo no início desta aula, eu escrevi que a licença de importação deve ser obtida 
antes do embarque para “cortar o mal pela raiz”. Desta forma, o animal doente ou 
a mercadoria proibida nem embarcará com destino ao Brasil. Esta é a regra, mas 
como toda regra admite exceção... 
Segue o artigo 11 da Portaria SECEX, que trata da regra e das exceções: 
Art. 11. Nas importações sujeitas aos licenciamentos automático e não 
automático, o importador deverá prestar, no SISCOMEX, as informações ... 
previamente ao embarque da mercadoria no exterior. 
§ 1º Nas situações abaixo indicadas, o licenciamento poderá ser efetuado 
após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao 
despacho aduaneiro, exceto para os produtos sujeitos a controles 
previstos no Tratamento Administrativo no SISCOMEX: 
I – importações ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback; 
II – importações ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus (ZFM) 
e das Áreas de Livre Comércio (ALC), exceto para os produtos sujeitos a 
licenciamento; e 
III – sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico 
e Tecnológico - CNPq. 
... 
 
Em relação ao licenciamento antes do embarque nem precisa falar mais, né? 
Mas o § 1o dispõe sobre as exceções. Nos casos listados, o licenciamento pode ser 
dado após o embarque. A mercadoria já terá embarcado com destino ao Brasil e só 
depois o licenciamento é pedido? Sim. 
Vejamos o caso do inciso I: o drawback. 
Sobre o regime de drawback não custa repetir: você verá este regime com o 
Missagia em aula futura. Mas simplificadamente podemos enxergar o regime como 
um incentivo fiscal à exportação, tendo em vista que, por este regime, o governo 
não tributa a importação de matérias-primas. 
Com o drawback, o governo deseja tornar mais barato o produto brasileiro a ser 
exportado, por não cobrar tributos sobre as matérias-primas. Mas note que a 
suspensão está condicionada a uma posterior exportação, que será exigida pelo 
governo. 
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Por que no drawback o licenciamento pode ser efetuado após o embarque? Porque 
no momento em que o importador faz o pedido do licenciamento, o DECEX analisa 
a concessão do regime. E, caso conceda, o regime já começa a correr, apesar de a 
matéria-prima ainda nem estar no estabelecimento da indústria. 
Imagine se o licenciamento fosse exigido antes do embarque. O DECEX concederia 
o regime e só então a mercadoria seria embarcada com destino ao Brasil. E o prazo 
para cumprimento da exportação já correndo... Então, é para não “comer” muito 
tempo da indústria, que ela tem o direito de pedir o drawback depois que a 
mercadoria já até chegou ao Brasil, mas tem que pedir antes do despacho 
aduaneiro, que se inicia com o registro da DI. 
Tem que obter o regime de drawback antes do registro da DI para que, na hora em 
que a registrar, já peça o reconhecimento da suspensão dos tributos e nem os 
pague. 
Em relação aos incisos II e III, é política de governo facilitar as importações para 
a Zona Franca de Manaus, para as Áreas de Livre Comércio e para as instituições 
científicas. Não há muita explicação. 
Uma última observação: você pode ler, no final do § 1o, “exceto para os produtos 
sujeitos a controles previstos no Tratamento Administrativo no SISCOMEX”. O que 
significa isso? 
Imagine que esteja sendo importado um produto para o regime de drawback. Pelo 
início do § 1o, podemos concluir que o licenciamento pode ser efetuado após o 
embarque, certo? Certo. 
Mas se o produto importado para o regime de drawback for um animal vivo, vai 
poder ser pedido o licenciamento após o embarque? Aí não, pois o animal vivo 
consta na lista de bens sujeitos a licenciamento anteriormente ao embarque. 
 
Veja a seguinte questão: 
(AFRF/2003) 13- Assinale a opção correta. 
a) O licenciamento não-automático, quando exigível, deve ser providenciado, em 
regra, anteriormente ao embarque da mercadoria no exterior. Em determinadas 
hipóteses, pode ser providenciado após o embarque e anteriormenteao despacho 
aduaneiro. 
b) Todas as mercadorias importadas estão sujeitas a licenciamento, que ocorre, por 
meio do Siscomex, de forma automática ou não-automática, o que significa que a 
mercadoria está com a importação proibida ou suspensa, ou depende da 
manifestação de órgão anuente. 
c) As mercadorias importadas sem licença de importação ficam sujeitas à pena de 
perdimento, que poderá ser aplicada cumulativamente com a multa por infração ao 
controle administrativo das importações. 
d) O licenciamento das importações deve ser requerido antes do embarque da 
mercadoria, nas hipóteses de licenciamento automático, ou até o início do exame 
documental, nas hipóteses de licenciamento não-automático. 
e) Exige-se o licenciamento não-automático para as mercadorias sujeitas ao regime 
comum de importação e o licenciamento automático para as sujeitas aos regimes 
aduaneiros especiais, suspensivos ou isentivos. 
 
Comentários 
 
A letra A é literal do § 1o que analisamos imediatamente antes da questão. É, 
portanto, o gabarito. 
A letra B é falsa. Nem todas as mercadorias se sujeitam a licenciamento. 
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O segundo erro na letra B é dizer que uma mercadoria sujeita a licenciamento está 
com a importação proibida ou suspensa. 
A letra C é falsa, pois, como vimos no início desta aula, uma importação sem 
licença é punida com a multa de 30% sobre o valor aduaneiro. Talvez até se 
aplique o perdimento, mas essa não é a regra. 
Em relação à questão da cumulatividade, é correto dizer que o perdimento e a 
multa até podem ser aplicados conjuntamente como vimos no início. Lembra do 
“apreender e multar”? 
A letra D está incorreta, pois tanto no licenciamento automático quanto no não-
automático, o licenciamento é requerido antes do embarque, salvo nos casos 
citados na página anterior (drawback, ZFM, ALC e CNPq). 
A letra E é incorreta. A importação de um cavalo, por exemplo, exige o 
licenciamento não-automático deferido pela MAPA, seja comprado (regime comum 
de importação), seja trazido em admissão temporária para uma competição 
(regime aduaneiro especial suspensivo, a ser analisado em aula futura). 
 
Importação de Brinquedos 
 
Nas páginas anteriores, vimos que A REGRA é se exigir o licenciamento antes do 
embarque, PODENDO ser pedido o licenciamento após o embarque e antes do 
despacho nas importações sob drawback, ZFM, ALC ou CNPq. 
O § 4o do artigo 11 trata do caso específico dos brinquedos: 
§ 4º O licenciamento não automático amparando a trazida de brinquedos 
será efetuado posteriormente ao embarque da mercadoria no exterior, 
mas anteriormente ao despacho aduaneiro, ainda que o produto contenha 
tratamento administrativo no SISCOMEX. 
No caso de importações de brinquedos, o licenciamento deve ser obtido após o 
embarque e isso não admite nenhuma exceção. 
 
Sobre o pedido de licença 
 
Qualquer pessoa pode pedir uma licença de importação? Sim, desde que tenha a 
senha de acesso ao SISCOMEX. 
Quando a pessoa for pedir o licenciamento, é óbvio que ela tem que informar todos 
os dados da mercadoria que deseja importar. Só assim o órgão anuente vai ter 
condições de decidir se a mercadoria pode entrar no país. 
Mas a Portaria SECEX 10/2010 define uma exceçãozinha neste ponto. Veja os 
parágrafos do artigo 12: 
 Art. 12 - ... 
§ 1º A descrição da mercadoria deverá conter todas as características do 
produto e estar de acordo com a Nomenclatura Comum do MERCOSUL - 
NCM. 
§ 2º É dispensada a descrição detalhada das peças sobressalentes que 
acompanham as máquinas e/ou equipamentos importados, desde que 
observadas as seguintes condições: 
I – as peças sobressalentes devem figurar na mesma licença de importação 
que cobre a trazida das máquinas e/ou equipamentos, inclusive com o 
mesmo código da Nomenclatura Comum do MERCOSUL -NCM, não podendo 
seu valor ultrapassar 10% (dez por cento) do valor da máquina e/ou do 
equipamento;e 
II – o valor das peças sobressalentes deve estar previsto na documentação 
relativa à importação - contrato, projeto, fatura, e outros. 
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Somente as peças sobressalentes dispensam uma descrição detalhada e isso é 
plenamente justificável. Afinal, se a peça é apenas “reserva”, isto significa que a 
peça “titular” está vindo também e ela já foi detalhadamente descrita. É, portanto, 
desnecessário descrever a peça “reserva” se a “titular” já está todo descrita. 
Precisa ficar repetindo descrição? Claro que não, mas, para isso, a sobressalente 
deve estar descrita na fatura e não pode passar de 10% do valor da máquina. 
 
Isso já foi cobrado em prova. Veja. 
(AFRF/2002-2) 07- As peças sobressalentes que acompanham as 
máquinas e/ou equipamentos importados sujeitam-se ao tratamento fiscal 
e administrativo (dados da importação informados no SISCOMEX) a seguir 
descrito: 
a) são licenciadas separadamente da licença referente às máquinas e/ou 
equipamentos, sendo classificadas na NCM separadamente, quando com elas 
despachadas. 
b) são licenciadas conjuntamente com as máquinas e/ou equipamentos, 
independentemente do valor das mesmas porém classificam-se na posição das 
máquinas e/ou equipamentos quando o seu peso não ultrapassar 5% (cinco por 
cento) do peso total da mercadoria licenciada. 
c) desde que detalhadamente descritas e seu valor não ultrapasse 5% (cinco por 
cento) do valor da máquina e/ou equipamento, podem figurar na mesma licença de 
importação e no mesmo código da NCM. 
d) sendo detalhadamente descritas, podem figurar na mesma licença de importação 
das máquinas e/ou equipamentos e no mesmo código da NCM, desde que seu 
valor, seja qual for, esteja previsto na documentação relativa à importação (fatura, 
contrato etc.). 
e) é dispensada a descrição detalhada das peças sobressalentes, desde que elas 
figurem na mesma licença de importação e no mesmo despacho aduaneiro das 
máquinas e/ou equipamentos, com o mesmo código de Nomenclatura Comum do 
MERCOSUL- NCM, desde que seu valor não ultrapasse 10% (dez por cento) do 
valor da máquina e/ou equipamento e esteja previsto na documentação relativa à 
importação (contrato, fatura, projeto etc.). 
 
Comentários 
 
Gabarito direto: letra E. 
 
Processo de Licenciamento 
 
No momento em que o pedido de licenciamento é registrado, ele recebe um 
número para que o importador possa acompanhar, pelo SISCOMEX, o status de seu 
pedido. 
Se o importador, logo depois de registrar o pedido de licença no SISCOMEX, 
consultar o sistema, ele vai obter a seguinte informação: “EM ANÁLISE”. E vai ficar 
nesta situação até que o órgão anuente se digne responder. Vimos que há prazo 
para essa resposta ser dada. 
Depois de deferido o licenciamento, são 90 dias para a mercadoria embarcar no 
exterior com destino ao Brasil. Esta é uma mudança importante trazida no final de 
2008. Antigamente, o prazo para a mercadoria ser embarcada era de, no máximo, 
60 dias. Agora melhorou... 
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Pode a licença ser prorrogada, desde que apresentado o pedido antes do 
vencimento da licença. E, em regra, a prorrogação é somente por uma vez e com 
prazo máximo idêntico ao prazo original. Neste ponto, há um artigo bastante 
emblemático na Portaria SECEX. É o artigo 20: 
Art. 20. O SISCOMEX cancelará automaticamente as licenças deferidas após 
decorridos 90 (noventa) dias da data de validade, quando se tratar de LI 
deferida com restrição à data de embarque, ou após decorridos 90 
(noventa) dias da data de deferimento, no caso de LI deferida sem 
restrição à data de embarque, quando não vinculadas a Declaração de 
Importação - DI.

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