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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 1 Oi, pessoal. Como consta na programação apresentada pelo Missagia na aula demonstrativa, ora ele escreve, ora eu, Rodrigo Luz, escrevo. Hoje analisamos o sistema administrativo no comércio exterior brasileiro, que teve normas alteradas neste ano de 2010. Em 2009, quem estudou para o concurso de AFRFB (Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil) aprendeu o sistema de licenciamento com base na Portaria SECEX no 25/2008, recentemente revogada pela Portaria SECEX no 10/2010. Quem estudou para o concurso de ATRFB (Analista-Tributário) não precisou aprender esta matéria de hoje, pois não constou no conteúdo programático do edital. LICENCIAMENTO NAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS Na aula anterior, vimos que o controle administrativo consiste em se autorizarem (ou não) as operações de importação. Ele é um dos três controles governamentais no comércio exterior brasileiro: os outros são o controle aduaneiro (realizado pela Receita Federal) e o controle cambial (realizado pelo Banco Central). O controle administrativo é realizado pelo governo brasileiro antes que a mercadoria embarque lá fora com destino ao nosso país. Ué, por que antes do embarque? Claro que é para não deixar o animal doente chegar aqui e só depois nos darmos conta que ele veio de uma região cheia de focos de doença. Seria muito desagradável. Melhor cortar o mal pela raiz. Antes mesmo que o animal embarque lá fora já se poderá negar a sua entrada aqui (Em algumas situações excepcionais, o controle administrativo pode ser deixado para depois do embarque, como veremos à frente). Alguém então poderia perguntar: “Mas o sujeito que quer fraudar o controle não fica pedindo autorização para importar...” Bem, isto é verdade, mas o controle administrativo é só o primeiro controle governamental. Depois que a mercadoria chega ao Brasil, entrará o segundo controle governamental, que é a verificação da mercadoria por parte da Aduana. Desta forma, o fraudador e sua mercadoria podem ser descobertos no controle aduaneiro. “Ah! Ainda bem... Achei que o pedido dava total direito para o importador...” O que acontece se uma mercadoria for importada sem a prévia autorização ou, no linguajar técnico, sem a licença de importação? Ahá! Chegamos ao ponto que eu mais gosto no meu dia-a-dia de AFRFB aduaneiro: apreender e multar. É bom demais combater a ilicitude. É maravilhoso, ao final do dia, deitar a cabeça no travesseiro e pensar: hoje salvei mais alguns empregos, livrei de doença talvez alguns milhares, evitei uma concorrenciazinha desleal... (Quando a gente estuda a Legislação Aduaneira, vemos no Decreto 6.759/2009, artigo 17, que a Receita Federal tem precedência sobre todos os demais órgãos que atuem nas áreas alfandegadas. Significa que os demais servidores públicos – fiscal agropecuário, policial federal, fiscal sanitário, entre outros, devem prestar auxílio ao AFRFB sempre que solicitado. Portanto, a “abertura dos trabalhos” é sempre da RFB, depois vêm os demais, chamados pela RFB. Por isso, eu posso dizer “livrei da doença... ainda que indiretamente”) Bom, eu me empolguei. Vamos voltar ao assunto “apreender e multar”. No artigo 706 do Regulamento Aduaneiro (RA – Decreto 6.759/2009), consta que o embarque de mercadoria no exterior com destino ao Brasil sem licença de importação é passível de multa de 30% sobre o valor aduaneiro, isto é, sobre o valor somado da mercadoria com o frete, o seguro e a descarga. A multa é pelo CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 2 simples fato de ter embarcado sem licença, mesmo que ela venha a ser conseguida depois. Veja que não basta pedir a licença de importação. Ela tem que ser emitida antes do embarque. Se fosse só pedir, seria muito fácil, né? Claro que a mercadoria só pode embarcar com a licença concedida (esta regra admite exceções). É o que diz o artigo 706 do RA: “Art. 706. Aplicam-se, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas: I - de trinta por cento sobre o valor aduaneiro: a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito equivalente, inclusive no caso de remessa postal internacional e de bens conduzidos por viajante, desembaraçados no regime comum de importação; e b) pelo embarque de mercadoria antes de emitida a licença de importação ou documento de efeito equivalente; ... § 1o Considera-se importada sem licença de importação ou documento de efeito equivalente, a mercadoria cujo embarque tenha se efetivado depois de decorridos mais de quarenta dias do respectivo prazo de validade. ...” Olha que coisa interessante: No § 1o do artigo está escrito que, somente depois de quarenta dias de vencido o prazo de validade, é que se considerará que não existe licença. Engraçado, se o prazo de validade venceu, era para considerar o embarque no dia seguinte ao vencimento como sendo SEM licença. Alguém me diz: “Ô, Rodrigo, cê pode entrar lá no restaurante só até as 22:00, hein? Mas se você quiser entrar até as 23:00, então pode.” “Ô, cara, você é maluco? Eu posso entrar até as 22:00 ou até as 23:00? Deixa de ser enrolado, bicho.” Pois é, o decreto é muito enrolado, bicho. Ôpa, desculpe. Se o prazo de validade é 10/09/2010, considera-se que existe uma licença até 20/10/2010 ?! Pela legislação, sim. Na prática, porém, quando o importador está preenchendo a Declaração de Importação, o SISCOMEX critica a validade da licença de importação e não permite o uso de licenças vencidas nem mesmo há um dia. Para ser exato, a legislação assim dispõe: a) até a data de validade, a licença de importação pode ser usada livremente; b) vencido o prazo de validade em até 20 dias, a licença é reconhecida, mas há uma multa de 10% sobre o valor aduaneiro; c) vencido o prazo de validade de 21 a 40 dias, a licença é reconhecida, mas há uma multa de 20% sobre o valor aduaneiro; e d) vencido o prazo de validade por mais de 40 dias, considera-se que não há mais licença e a multa é de 30% sobre o valor aduaneiro. Onde está essa salada? Nos incisos do artigo 706 do Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009). Vamos voltar à questão da multa: digamos que a mercadoria tenha embarcado sem licença e o importador pague a multa. Está tudo resolvido? Agora ele pode entrar livremente com a mercadoria? Claro que não. Quando ele paga a multa, ele não se livra da exigência da licença, é óbvio. Se fosse assim, importaríamos (aliás, eu não) CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 3 drogas, armas e um monte de porcariada, e então pagaríamos uma multinha de 30% e estaria tudo liberado... Ora, o pagamento da multa não é salvo-conduto para nada. O importador continua na obrigação de obter a licença. Na verdade, a situação pode ficar ainda pior para ele, pois, caso não consiga uma licença de importação, a mercadoria será declarada perdida. É o que dispõe o artigo 689 do Regulamento Aduaneiro: Art. 689. Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário: ... XX - importada ao desamparo de licença de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na forma da legislação específica; Ah, mas alguém está pensando agora: “Se o sujeito perder a mercadoria, então ele não precisa pagar a multa por falta de licenciamento. Afinal, ele já perdeu mesmo a mercadoria...” Ledo engano, meu caro e minha cara. O artigo 707 do Regulamento Aduaneiro impõe a dupla penalização: Art. 707. As infrações de que trata oart. 706 (Lei no 6.562, de 1978, art. 3o): I - não excluem aquelas definidas como dano ao Erário, sujeitas à pena de perdimento; e ... Pois é... melhor do que “multar ou apreender” é “multar E apreender”. Em que casos pedir a licença? O licenciamento das importações não é concedido por apenas um órgão governamental. Se assim o fosse, esse órgão seria o super-órgão, aquele que conhece tudo de remédios, de animais, de produtos químicos, de armas e tudo o mais que precisasse de licenciamento. A regra é: para cada espécie de produto existe um órgão especializado. Assim, a importação de remédios tem que ser autorizada pela ANVISA – Agência de Vigilância Sanitária – do Ministério da Saúde. As armas são importadas apenas com anuência do Comando do Exército; os animais vivos, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No controle administrativo brasileiro, existem 18 órgãos anuentes: • Agência Nacional do Cinema (ANCINE) • Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) • Agência Nacional de Petróleo (ANP) • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) • Comando do Exército, do Ministério da Defesa (COMEXE) • Comissão de Coordenação do Transporte Aéreo Civil (COTAC) • Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) • Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) • Departamento de Polícia Federal (DPF) CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 4 • Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) • Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) • Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) • Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) • Ministério da Defesa • Secretaria de Produção e Agroenergia (SPAE) • Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) Cada anuente trabalha no licenciamento de alguns produtos específicos, mas também no licenciamento em situações específicas. “Hein?” Vamos ver primeiro os produtos. Ora, eu quero importar um peixe vivo para o aquário do meu filho. A quem eu tenho que pedir autorização? Ao MAPA. E se eu quiser importar o aquário também? A quem eu peço autorização? A ninguém. Não há sentido em pedir ao MAPA anuência para importar aquário. Muito menos aos Ministérios da Defesa, da Saúde ou da Justiça. Nem todo produto é objeto de licenciamento. Aliás, a regra, como veremos à frente, é a dispensa do licenciamento. A exigência de licenciamento acontece em número ínfimo relativamente ao total de produtos importados. Mas quem decide quando pedir a licença? Bem, cada órgão governamental tem suas próprias preocupações. O Ministério da Saúde tem a tarefa de proteger nossa saúde. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) se preocupa em proteger a saúde vegetal e dos animais. O Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, tem a incumbência de evitar a entrada de bens que possam trazer danos futuros em matéria de segurança. Enfim, cada órgão, buscando seus fins, vai listar os bens para os quais se exigirá o licenciamento. E em relação às situações sujeitas a licenciamento? Como eu escrevi antes, existem os produtos que precisam de licenciamento, como os animais vivos, mas também existem as situações para as quais se exige o licenciamento. Por exemplo, estou importando uma mesa de plástico. Preciso de anuência para importar este bem? Não, mas... Se eu estiver pedindo isenção de imposto de importação para a mesa ou se ela estiver sendo importada para a ZFM ou se ela estiver sendo importada de Serra Leoa, eu terei que pedir a anuência não por causa do produto em si, mas por causa da situação. Quero dizer que o licenciamento será exigido para QUALQUER mercadoria para a qual se pede isenção de II ou que entre em outra das situações antes exemplificadas. Nestes casos, portanto, a anuência não é por causa do produto em si, mas pela situação. As situações que exigem o licenciamento, seja automático, seja não- automático, serão vistas à frente, dentro do tópico “Modalidades de Licenciamento”. Regras Gerais de Licenciamento CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 5 Imagine que uma empresa seja especializada na importação de vacinas. Sua especialização decorre do tratamento que sabe dar a cargas frigorificadas. Imagine que ela importe vacinas para humanos e para animais. Para importar vacinas para os humanos, a anuência tem que ser pedida a quem? Se você pensou Ministério da Saúde, acertou. Para importar vacinas para os animais, a anuência tem que ser pedida a quem? Ao MAPA. Ora, num dia o importador traz vacinas humanas; noutro dia, vacinas animais. Seria tão chato se as regras gerais de licenciamento fossem diferentes... Imagine, por exemplo, se as licenças dadas pelo Ministério da Saúde tivessem prazo de validade diferente daquelas dadas pelo MAPA. E se elas tivessem regras diferentes em relação à prorrogação e ao cancelamento? Complicado, né? Ainda bem que não estamos nos anos 70, pois era assim que funcionava lá. Cada órgão definia regras próprias para o licenciamento que concedia. Era uma bagunça enorme. Trocentas regras distintas e o importador que se virasse nos 30... Ainda bem que alguém no Brasil pensou em facilitar isso... Em algum longínquo dia, alguém pensou em nomear um órgão para baixar as regras gerais de licenciamento. Aos órgãos anuentes não caberia mais ficar dizendo “Olha, o prazo da minha licença é x dias.” “Veja, a licença que eu dei tem que ser usada, sob pena de multa.” “Observe que a prorrogação que eu dou é só por metade do prazo original.” Nomearam a Secretaria de Comércio Exterior para definir as regras gerais do licenciamento e, a partir dali, os órgãos anuentes só teriam direito de dizer uma coisa: “sim” ou “não”, “pode entrar” ou “não pode entrar”. Ah! Que maravilha. Os órgãos não vão mais criar regras específicas! Ótimo! (Por que escolheram a SECEX para definir as regras gerais do licenciamento? Porque ela é um dos 18 órgãos anuentes e é um órgão que, além de licenciar importações e exportações, já tem uma nobre função gerencial: por estar no Ministério do DESENVOLVIMENTO, Indústria e Comércio Exterior, pensa o desenvolvimento do país por meio do comércio exterior.) A Portaria SECEX 10/2010 traz as regras gerais do licenciamento. E ela dispõe que existem dois tipos de licenciamento. Vejamos o artigo 7o: “Art. 7º O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as seguintes modalidades: I – importações dispensadas de Licenciamento; II – importações sujeitas a Licenciamento Automático; e III – importações sujeitas a Licenciamento Não Automático.” A regra, como eu havia escrito antes, é a dispensa de licenciamento como a própria Portaria indica no artigo 8o. Em relação às duas modalidades de licenciamento, cabe, desde já, indicar as diferenças: 1a) No licenciamento automático, a efetivação demora, no máximo, 10 dias úteis, e, no licenciamento não-automático, o prazo de análise é de 60 dias corridos; e 2a) O licenciamento automático sempre é concedido quando o pedido da licença está adequada e completamente preenchido. No não-automático, mesmo que o pedido esteja corretamente preenchido, ele pode ser indeferido. Por exemplo, o pedido de importação de um animal pode estar corretamente preenchido, mas se ele estiver vindo de um país com focos de doença, o licenciamento provavelmente será indeferido. Alguns produtos foram então colocados na lista do licenciamento automático e outros, na lista do não-automático.Ficou curioso em saber que produtos são esses? CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 6 Então dê uma olhada no site www.mdic.gov.br, que lá estão as duas tabelas, a de produtos sujeitos a um e ao outro tipo de licenciamento. Mas isso é coisa que o importador tem que saber, não você, pois afinal a ESAF não pede em prova “quais produtos estão sujeitos a licenciamento automático?” ou “o animal vivo está sujeito a licenciamento automático ou não-automático?” Isso não é coisa pedida em prova. Por falar em prova, vamos então ver uma questão de prova relacionada a esta parte inicial da matéria. (AFRF/2002-1) 16- Por licenciamento entende-se o regime administrativo que faz valer a necessidade de uma licença como condição para importar mercadorias. Pode ser automático e não-automático. Em face do enunciado, assinale a opção correta. a) O licenciamento não-automático implica a proibição da importação. b) O licenciamento não-automático prescinde de exame por parte da autoridade administrativa. c) O licenciamento automático dá-se através da emissão de uma Guia de Importação. d) O licenciamento não-automático condiciona a importação ao exame de certos requisitos e condições elencados na norma administrativa. e) O licenciamento automático precede o licenciamento não-automático. Gabarito: Letra D. A afirmativa A está incorreta, pois o licenciamento é o regime administrativo, como diz o enunciado, pelo qual o órgão anuente vai decidir se permite ou não a importação do bem. O regime do licenciamento é concluído com a permissão ou com a proibição da importação. A afirmativa B está claramente errada, pois o órgão anuente tem que proceder ao exame sim, sem o dispensar, para decidir se deixa a importação acontecer ou não. Você não pode esquecer que “prescindir” é sinônimo de “dispensar”... A alternativa C está incorreta, pois a Guia de Importação se extinguiu em 1997, e esta questão foi aplicada no ano de 2002. A partir de 1997, o licenciamento passou a ser realizado por meio da licença de importação, que surgiu junto com o SISCOMEX-Importação. Duas diferenças grandes da antiga Guia para a atual licença: 1a) a Guia era, em regra, exigida para se poder importar. A licença é, em regra, dispensada. 2a) a Guia era emitida em papel. A licença é emitida eletronicamente. Mais um detalhe do tempo anterior ao SISCOMEX que aumenta o erro da alternativa C: não havia essa nomenclatura “licenciamento automático/não- automático”. Isto também só surgiu em 1997. A letra E também está errada, mas o melhor momento para explicar o erro é depois de estudarmos, em detalhes, as “Modalidades de Licenciamento”, que vêm a seguir. Modalidades de Licenciamento Já sabemos que o licenciamento comporta duas modalidades: o automático e o não-automático. Vimos também que existem produtos sujeitos ao licenciamento automático e outros, ao não-automático. É impossível que um mesmo produto esteja tanto na lista dos casos de licenciamento automático quanto dos casos de não-automático. Se isso fosse possível, estaria, por exemplo, sendo dito para o importador que aquele pedido de CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 7 licenciamento será efetivado em 10 dias úteis E analisado em 60 dias corridos. Ora, não dá para ser uma coisa E outra. Tem que ser uma OU outra. Art. 9º Estão sujeitas a Licenciamento Automático as importações: I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX, também disponíveis no endereço eletrônico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; e II – as efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback. ... Art. 10. Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as importações: I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX e também disponíveis no endereço eletrônico do MDIC para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo, onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por produto; II – as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária; b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio; c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; d) sujeitas ao exame de similaridade; e) de material usado, salvo as exceções estabelecidas no § 2º e no § 3º do art. 37 desta Portaria; f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU; g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF nº 150, de 26 de julho de 1982; h) sujeitas a medidas de defesa comercial; e i) operações que contenham indícios de fraude. ... Perceba na lista de casos sujeitos ao licenciamento que existem dois incisos, seja para o automático, seja para o não-automático. O inciso I do artigo 9o e o do artigo 10 indicam que existem produtos sujeitos ao licenciamento e a lista está disponível para consulta no SISCOMEX e na Internet. Já o inciso II do artigo 9o e o do artigo 10 indicam que existem situações sujeitas a licenciamento. Para frisar o que escrevi anteriormente: um produto constante na lista de licenciamento automático nunca poderá estar na lista do não-automático. Estou no ponto a que queria chegar (para responder àquela questão da página anterior que ficou pendente de solução na alternativa E): um produto não pode estar nas duas listas, mas uma importação pode ter que se sujeitar aos dois licenciamentos? A resposta é SIM. Vejamos os seguintes casos: 1) Se eu quiser importar um animal vivo, preciso de licenciamento? Em caso positivo, de que modalidade? Os animais vivos estão sujeitos a licenciamento não-automático analisado pelo MAPA. 2) Se eu quiser importar um produto sujeito a drawback, preciso de licenciamento? Em caso positivo, de que modalidade? CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 8 O drawback exige o licenciamento automático, como consta no artigo 9o, II. Observação: o drawback é um regime aduaneiro especial que você estudará em detalhes com o Missagia em aula futura, sendo pedido no tópico 10 do edital para AFRFB-2009. 3) Então se eu quiser importar um animal vivo para o regime de drawback, serão necessários os dois licenciamentos? Claro que sim, mas a diferença é que o pedido em relação ao drawback tem que ser efetivado pelo DECEX (Departamento de Comércio Exterior) em, no máximo, 10 dias úteis, e o pedido ao MAPA deve ser analisado em 60 dias corridos. O que ocorre é que haverá dois órgãos anuentes, mas cada um com seu próprio prazo, pois com suas próprias verificações. Neste exemplo acima (animal vivo + drawback), eu juntei a aplicação do inciso I do artigo 10 com o inciso II do artigo 9o. Poderíamos criar outras combinações de licenciamento automático com o não-automático: 1) ácido fosfórico importado com indício de fraude. O ácido está na lista de bens com licenciamento automático (artigo 9o, I). O indício de fraude está no artigo 10, inciso II, i. 2) matéria-prima importada para o regime de drawback, mas com medida de defesa comercial (por exemplo, medida compensatória, pedida no tópico 6 do edital de AFRFB, a ser estudado em aula futura) (artigo 9o, II, combinado com Artigo 10, II, h). É o caso do importador brasileiro que solicita a aplicação do regime de drawback, mas importa matéria-prima objeto de medidas compensatórias. (Por enquanto, saiba apenas que as medidas compensatórias são uma das medidas de defesacomercial. Em aula futura, vamos cuidar com carinho deste assunto.) Nas duas combinações acima, a importação estará sujeita ao licenciamento automático e ao não-automático. A única combinação impossível é artigo 9o, inciso I, com o artigo 10, inciso I, pois ou o produto está numa lista ou na outra. Vamos voltar para aquela questão que tinha ficado para trás. (AFRF/2002-1) 16- Por licenciamento entende-se o regime administrativo que faz valer a necessidade de uma licença como condição para importar mercadorias. Pode ser automático e não-automático. Em face do enunciado, assinale a opção correta. ... e) O licenciamento automático precede o licenciamento não-automático. Comentários A letra E é falsa, pelas duas formas de analisá-la: 1) se interpretarmos assim: “o licenciamento automático e o não-automático SEMPRE vêm juntos E o automático vem antes do licenciamento não-automático”, isto está errado. Na prática, é até difícil a ocorrência cumulativa do licenciamento automático com o não-automático, apesar de eu ter apresentado algumas combinações possíveis. 2) se interpretarmos assim: “quando vierem juntos o licenciamento automático e o não-automático, então o automático virá antes do não-automático”, isto também está errado. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 9 Ora, o licenciamento é o regime administrativo aplicado pelo órgão anuente. No caso em que uma importação esteja sujeita simultaneamente ao licenciamento automático e ao não-automático, os dois regimes se iniciam JUNTOS, pois se iniciam no registro do pedido de licenciamento, conforme dispõe a Portaria SECEX 10/2010: Art. 17. O Licenciamento Automático será efetivado no prazo máximo de dez dias úteis, contados a partir da data de registro no SISCOMEX, caso os pedidos de licença sejam apresentados de forma adequada e completa. Art. 18. No Licenciamento não Automático, os pedidos terão tramitação de, no máximo, 60 (sessenta) dias corridos. Um pedido de licenciamento é preenchido de uma só vez no SISCOMEX, mas pode vir a ser analisado por vários anuentes. Por exemplo, o pedido de licenciamento na importação de animal vivo para aplicação do drawback. Tanto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) quanto o DECEX vão receber, em seus computadores, este pedido registrado para análise. E o licenciamento se inicia simultaneamente para os dois anuentes no ato do registro do pedido da licença no SISCOMEX. Portanto, como a questão dispõe que o licenciamento automático precede o não- automático, está errada também sob esta ótica. Não se confunda com o seguinte: tomemos o animal vivo importado para o drawback. O MAPA terá 60 dias para responder se autoriza. O DECEX terá 10 dias para efetivar a licença. É claro então que a concessão da licença automática (pelo DECEX) precederá a concessão da licença não-automática (pelo MAPA). Portanto, nos casos em que o licenciamento estiver sujeito a mais de um órgão, os licenciamentos se iniciarão simultaneamente. Mas a concessão de um vai preceder a concessão do outro, já que um órgão tem um prazo menor para responder do que o outro. Situações sujeitas a Licenciamento No licenciamento automático, a única situação prevista é o drawback, regime que será estudado em aula futura com o Missagia. É fácil e obrigatório decorar isso. No licenciamento não-automático, são as situações listadas no inciso II do artigo 10: Art. 10. Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as importações: ... II – as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária; b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio; c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; d) sujeitas ao exame de similaridade; e) de material usado, salvo as exceções estabelecidas no § 2º e no § 3º do art. 37 desta Portaria; f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU; g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.º 150, de 26 de julho de 1982; h) sujeitas a medidas de defesa comercial; e i) operações que contenham indícios de fraude. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 10 Sinto muito dizer isso: pode não ser fácil, mas é obrigatório guardar as nove situações listadas. Claro que quando a gente vê o motivo pelo qual o licenciamento é exigido, fica mais fácil guardar. E é isso que vamos ver agora. “a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária;” Se uma mercadoria está sujeita à obtenção de quotas, então algum órgão governamental brasileiro tem que controlar quantas mercadorias já entraram para então decidir se autoriza a entrada de novos produtos ou se a proíbe. A quota tarifária traz aqueles casos em que existe um limite de importações. Até se atingir o limite, a tarifa é mais baixa do que aquela aplicada depois que o limite for ultrapassado. Por exemplo, as sardinhas importadas de fora do Mercosul são tributadas no Brasil com a alíquota de 10% definida na TEC (vigente em agosto de 2010): NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA DO II 0303.71.00 --Sardinhas (Sardina pilchardus, Sardinops spp.), sardinelas (Sardinella spp.) e espadilhas (Sprattus sprattus) 10 % No entanto, se considerarmos a Resolução CAMEX 32, de 9 de junho de 2009, vemos que, no período de 18/06/2009 a 17/06/2010, as primeiras 80.000 toneladas importadas se sujeitaram à alíquota de apenas 2%: NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA DO II COTA GLOBAL VIGÊNCIA 0303.71.00 --Sardinhas (Sardina pilchardus, Sardinops spp.), sardinelas (Sardinella spp.) e espadilhas (Sprattus sprattus) 2% 80.000 toneladas 18/06/2009 a 17/06/2010 Depois que o limite de toneladas foi atingido, as importações seguintes foram tributadas a 10% de II. Este é um exemplo de quota tarifária. Já as quotas não-tarifárias são limites de importações que, uma vez atingidos, proíbem importações adicionais. Portanto, só haverá um nível de tarifa, aquela cobrada até o atingimento do limite. Acima do limite, é impossível importar. Qual é o órgão governamental que controla a entrada de bens sujeitos a quota? O DECEX. Portanto, quando alguém quer importar um bem sujeito a quota, ele deve pedir a licença ao DECEX, o qual irá analisar se o limite já foi atingido para então deferir (ou não) a licença solicitada. “b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio;” A importação de bens para a Zona Franca de Manaus (ZFM) e para as Áreas de Livre Comércio (ALC) se faz, em regra, com isenção de tributos. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 11 Mas, para usufruir o benefício, as importações para a ZFM (e para as ALC) estão sujeitas a licenciamento não-automático, previamente ao despacho aduaneiro, com a expressa anuência da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). É exatamente o que dispõe o artigo 507 do Regulamento Aduaneiro. “c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq;” Conforme dispõe a Lei 8.010/1990, os bens importados para pesquisa científica e tecnológica possuem isenção dos tributos de importação. Segundo dispõe o artigo 2o da Lei, o Ministro da Fazenda estabelecerá limite global anual, em valor, para as importações realizadas com isenção pelas instituições científicas e tecnológicas. E o CNPq vai distribuir esta quota global de importações entre as várias instituições científicas e fazer o controle. Para procederao controle, o CNPq exige o licenciamento. “d) sujeitas ao exame de similaridade;” Ora, quais são as importações sujeitas a exame de similaridade? São principalmente aquelas objeto de isenção ou redução de imposto. Existem vários entes com direito de importar bens com isenção de impostos. Nesta regra encaixam-se, por exemplo, os partidos políticos (Lei 8.032/1990). Se um partido político quiser importar um carro, ele terá o direito de trazer o bem com isenção? Não. A isenção só pode ser usufruída para bens que não tenham similar nacional. Imagine se o governo brasileiro vai chutar contra o próprio gol. Não vai, né? O Decreto-Lei 37, de 1966, exige a investigação da existência da similaridade para só então, em não havendo um similar nacional, obter-se a isenção. Portanto, se alguém, com direito à isenção, estiver querendo importar um bem, ele deve, antes de registrar a Declaração de Importação, registrar um pedido de licenciamento. Será por meio do licenciamento que o DECEX investigará a existência do similar nacional. Veja o artigo 32 da Portaria SECEX 10/2010: Art. 32. Simultaneamente ao registro do licenciamento, a interessada deverá encaminhar ao DECEX, diretamente ou através de qualquer dependência do Banco do Brasil S.A. autorizada a conduzir operações de comércio exterior, catálogo(s) do produto a importar ou especificações técnicas informadas pelo fabricante. Ao mesmo tempo em que o sujeito solicita a licença de importação, ele deve entregar ao DECEX todas as informações necessárias para que este órgão verifique se existe ou não um similar nacional. Caso o DECEX não encontre nenhum similar nacional, ele defere a licença de importação, fazendo constar a informação de inexistência de similar. Quando a Receita Federal proceder ao despacho aduaneiro deste bem, ela somente reconhecerá o direito à isenção (ou à redução) depois da investigação promovida pelo DECEX. Em suma, o licenciamento para as mercadorias sujeitas ao exame de similaridade é para viabilizar a investigação por parte do DECEX. O artigo 33 da Portaria SECEX é uma das novidades criadas em 2010 sobre o licenciamento: Art. 33. Para fins de comprovação da existência de similar nacional, as entidades representativas que vierem a ser consultadas deverão protocolizar CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 12 documentação no MDIC no prazo de 30 dias do recebimento da consulta formulada pelo DECEX. São exemplos de entidades representativas a ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e a ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). Essas entidades podem ser consultadas pelo DECEX para que informem se alguma firma a elas associada produz algum bem similar ao descrito na consulta. Portanto, a consulta do DECEX pode ser pública, por meio de Diário Oficial, ou privada, por meio das entidades representativas. “e) de material usado, salvo as exceções estabelecidas no § 2º e no § 3º do art. 37 desta Portaria;” Somente alguns bens usados podem ser importados de forma definitiva para o Brasil. Isto ocorre por dois motivos: evita-se que o Brasil seja usado como lixeira do mundo e protege-se a indústria nacional produtora de bens similares. Em relação à entrada temporária de bens usados não há maiores restrições, pois, como você verá com o Missagia, no regime de admissão temporária, os tributos ficam suspensos condicionados à devolução para o exterior. E, na regra geral, caso as mercadorias não voltem, os tributos serão cobrados retroativamente. Tantos bens usados entram no Brasil e a gente nem se preocupa com eles. Por exemplo, as lonas e os aparelhos de circo, os carros de Fórmula-1, os equipamentos dos artistas internacionais, os notebooks dos técnicos estrangeiros, as bagagens dos turistas estrangeiros, ... Portanto, a preocupação da norma é com os bens usados que estiverem entrando no Brasil para ficar definitivamente. Como nós não somos lixeira e como temos indústria para proteger, somente alguns bens usados são permitidos para importação. Veja na Portaria DECEX 8/1991 que bens de capital usados só podem entrar no Brasil, em regra, se não houver similar nacional: Art. 22. Serão autorizadas importações de máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos, ferramentas, moldes e contêineres para utilização como unidade de carga, na condição de usados, atendidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) não sejam produzidos no País, ou não possam ser substituídos por outros, atualmente fabricados no território nacional, capazes de atender aos fins a que se destina o material a ser importado; ... Os bens usados de importação permitida são listados nos artigos 37 a 51 da Portaria SECEX 10/2010, destacando-se: - os contêineres, seus equipamentos e acessórios; - as aeronaves, suas partes e peças; - unidades fabris ou linhas de produção; - bens para conserto; e - bens de consumo doados. Em relação aos bens de consumo usados, a Portaria MDIC 235/2006 impõe que, em regra, sua importação é proibida: Art. 27. Não será autorizada a importação de bens de consumo usados. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 13 § 1º Excetuam-se do disposto neste artigo as importações de quaisquer bens, sem cobertura cambial, sob a forma de doação, diretamente realizadas pela União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias, entidades da administração pública indireta, instituições educacionais, científicas e tecnológicas, e entidades beneficentes, reconhecidas como de utilidade pública e sem fins lucrativos, para uso próprio e para atender às suas finalidades institucionais, sem caráter comercial, observando, quando for o caso, o contido na Portaria MEFP nº 294, de 6 de abril de 1992. Ainda em relação aos bens de consumo usados, há uma exigência adicional para o licenciamento da importação de artigos de vestuário usados: a entidade beneficente que irá receber essas doações não as pode comercializar, devendo inclusive ser indicada a atividade beneficente a que se dedica e o número de pessoas atendidas. Isso é para afastar aquelas firmas “pilantrópicas”, ou seja, pilantras que não têm nada de filantrópicas, que muito prosperaram e lucraram (?!) com revenda de bens de ótima qualidade que deveriam ser doados aos menos favorecidos. Ora, as pessoas dos países desenvolvidos não costumam doar lixo para os países em desenvolvimento. Muito pelo contrário. Mas, infelizmente, há pessoas que não têm o mínimo amor pelo próximo e que tentam se aproveitar da caridade dos estrangeiros. Sempre que leio a alínea e, que estamos analisando, lembro de um dia estar assistindo ao Jornal Nacional, quando começaram a mostrar vários contêineres lotados de roupas novíssimas importadas por uma dessas pilantrópicas, aproveitando um licenciamento de importação que havia sido concedido para a importação para os menos favorecidos. Eu acho que aqueles bandidos se consideravam a própria representação de “menos favorecidos”. Aqueles bens mostrados no JN foram apreendidos e acabaram, de fato, beneficiando quem precisava. Viva! “f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU;” Para entender esta alínea, basta vermos um exemplo de aplicação, tendo em vista que as exigências são indicadas nas Resoluções da ONU, não na Portaria SECEX. A Portaria SECEX indica tão somente que o licenciamento deve ser pedido e fica subentendido que as exigências constantes das Resoluções da ONU têm que ser cumpridas. Caberá ao órgão anuente verificar se o importador cumpre as regras impostas pela organização. Por exemplo, no passado, no tempo do Saddam Hussein, sópodíamos importar petróleo do Iraque se pagássemos com alimentos, remédios e outros bens de valor humanitário, em vez de usar dinheiro. Era o programa chamado “Petróleo por alimentos”, criado pela ONU. Por isso, antes de importar o petróleo, tinha que ser registrado o pedido de licenciamento por meio do qual o importador provaria para o governo brasileiro que estava se adequando à exigência internacional. Neste caso, a importação seria autorizada. “g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.º 150, de 26 de julho de 1982;” A Portaria do Ministro da Fazenda 150/1982 permitiu que mercadorias importadas pudessem ser substituídas, após o desembaraço, caso fossem detectados defeitos CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 14 cobertos por garantia do fabricante estrangeiro. Para isso, a importação de um novo bem deveria estar vinculada à exportação do bem defeituoso. O licenciamento é necessário para que se verifique se, de fato, a mercadoria está com defeito que exija sua substituição. O importador pede a licença e o DECEX, analisando os documentos, conclui se é o caso de permitir a importação de um novo bem em substituição ao primeiro. Se for este o caso, ao mesmo tempo que autoriza a importação de um novo bem, autoriza também a exportação do bem defeituoso. É o que dispõe a Portaria do MF: “1. Fica autorizada a reposição de mercadoria importada que se revele, após o seu despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destina, por mercadoria idêntica, em igual quantidade e valor. 2. A autorização condiciona-se à observância dos seguintes requisitos e condições: a) a operação deve realizar-se mediante a emissão, pela CACEX, de guia de exportação vinculada à guia de importação, sem cobertura cambial; ...” Observação: Onde se lêem “CACEX”, “guia de exportação” e “guia de importação”, leiam-se “DECEX”, “registro de exportação” e “licença de importação”. “h) sujeitas a medidas de defesa comercial;” Esta alínea h somente passou a constar na lista em 2007. Bem, somente veremos as medidas de defesa comercial em aula futura. Lá encontraremos a explicação sobre as três medidas de defesa comercial, que são pedidas no tópico 6 do edital AFRFB-2009: medidas antidumping, compensatórias ou salvaguardas. Como exemplo, consideremos uma medida compensatória criada sobre sapatos chineses. Se o governo brasileiro criou tal medida, é porque ele se convenceu de que o governo chinês subsidia irregularmente a produção e/ou a exportação desses bens. A medida compensatória é prevista nas regras internacionais de comércio como um valor adicional a ser pago pelo importador, de forma a eliminar os efeitos negativos do subsídio concedido por governos estrangeiros. Quando um sapato é importado e, portanto, declarado no SISCOMEX, o sistema irá verificar qual o país de origem do bem. Caso tenha sido produzido na China, o SISCOMEX cobra a medida compensatória junto com os tributos, mediante débito automático na conta bancária do importador. Caso o sapato tenha sido produzido em outro país, o SISCOMEX não cobra a medida compensatória, mas somente os tributos. Vejamos a alínea h. Sua redação é muito ruim, pois dá a entender que somente as importações de sapatos somente da China são sujeitas a licenciamento. É fácil de concluir isso pela leitura da alínea: “estão sujeitas a licenciamento não-automático as importações sujeitas a medidas de defesa comercial.” Como as importações de sapato da China estão sujeitas a medidas compensatórias, e as importações de sapatos de outros países não estão sujeitas a tais medidas, isto induz a que estas últimas não precisem de licenciamento. Mas não é assim que se deve ler a alínea. Vejamos. Se uma mercadoria importada está sujeita a uma medida de defesa comercial, então não há nenhuma investigação mais a se fazer sobre a importação. Se a medida de defesa comercial foi criada, é porque a investigação já aconteceu e se concluiu que havia base legal para se criar a medida de defesa comercial. Quando então a mercadoria for importada, é só cobrar o valor e ponto final. Por que precisa CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 15 licenciar? Que investigação ainda será feita? Não há motivo para o licenciamento de mercadorias para as quais haverá a cobrança da medida de defesa comercial. Por outro lado, caso o sapato tenha origem declarada como, por exemplo, Malásia, é importantíssimo confirmar essa origem. Afinal, o importador, para fugir do pagamento de medida compensatória, poderia estar ilegalmente informando um país de origem diferente do verdadeiro. Talvez o sapato tenha sido produzido na China, mas o importador safado informou, no SISCOMEX, a Malásia como o país de origem. Para essas situações, exige-se o licenciamento para que o importador apresente o Certificado de Origem e comprove que o produto não foi produzido na China. Portanto, a alínea h estaria mais bem escrita da seguinte forma: “Estão sujeitas ao licenciamento não automático as importações: ... h) de bens para os quais haja medida de defesa comercial criada, independentemente do país de origem indicado na referida medida; ...” Em todos os casos de licenciamento não-automático que estamos analisando, existe um motivo para o licenciamento prévio ao embarque: i. Na alínea a, o licenciamento de mercadorias sujeitas a quota é para o DECEX ver se pode entrar mais uma mercadoria; ii. Na alínea b, é para a SUFRAMA ter o controle de tudo o que entra na ZFM ou nas ALC, pois receberá um tratamento favorecido; iii. Na alínea c, é para o CNPq ver se o limite de importações da instituição científica ainda não foi estourado; iv. Na alínea d, é para o DECEX ver, previamente à importação, se existe algum similar nacional e assim viabilizar a obtenção da isenção/redução solicitada pelo importador; v. Na alínea e, é para o DECEX somente deixar entrar no Brasil mercadorias usadas que não sejam os “restos” dos países desenvolvidos e que não quebrem a indústria nacional equivalente; vi. Na alínea f, é para o governo verificar se foram cumpridas as exigências impostas às mercadorias trazidas dos países com sanção da ONU; vii. Na alínea g, é para o DECEX analisar se a substituição dentro do prazo de garantia se justifica; viii. Na alínea i, que vemos à frente, é para que o governo já possa tomar medidas de combate à fraude; e ix. A alínea h é para fiscalizar não as importações que serão, com certeza, punidas com a medida de defesa comercial, mas sim as importações de bens que podem estar com o país de origem falsamente informado. “i) operações que contenham indícios de fraude.” Esta alínea i é novidade no licenciamento das importações. Só entrou em vigor em 2008. Como a ESAF ama pedir a lista de situações que exigem licenciamento não-automático e também ama pedir coisas recém- modificadas na legislação, então aí está o casamento perfeito. Este licenciamento é para o governo já se preparar para o pior... Mas, pelo amor de Deus, eu até hoje não vi ninguém pedindo licenciamento assim: “Ei, eu quero o licenciamento para a minha importação porque ela tem indício de fraude. Eu sou um fraudador nato.” CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 16 Ora, todas as alíneas anteriores (de a a h) trazem situações bem objetivas. O importador sabe quando ele se encaixa em cada alínea. Mas esta alínea i ... ela é de uma subjetividade tamanha (Esta palavra sempre me lembra o Roberto Carlos em “Força Estranha”...) Vamos ver algumas questões em que a ESAF pede a lista de casos sujeitos a licenciamento? (ACE/2008) Julgue os itens seguintes,acerca dos regimes administrativo e tributário relativos às importações brasileiras. 129 No Brasil, como regra geral, as importações são sujeitas a licenciamento (automático e não-automático), estando deste dispensadas somente as importações amparadas em acordos preferenciais ou sujeitas a regimes aduaneiros especiais. Comentários Como vimos, a regra no Brasil é a dispensa de licenciamento. Item falso. (AFRF/2000) 30- A importação de bens doados e usados consistindo de a) bens de consumo, deve ser previamente licenciada e autorizada, aplicando-se na valoração aduaneira o primeiro método (valor de transação) b) bens de capital, sem similar nacional, sujeita-se a licenciamento automático aplicando-se para base de cálculo do imposto de importação o valor computado no país de exportação c) bens de capital comprovadamente sem similar nacional mediante prévia análise das condições e autorização, pelo DECEX, sujeita-se a licenciamento não- automático previamente ao embarque no exterior, aplicando-se na base de cálculo do imposto de importação os métodos de valoração previstos na legislação específica com exclusão do primeiro (valor de transação) d) bens de consumo, não será autorizada em quaisquer circunstâncias por ser contrária aos interesses sociais, comerciais, industriais e tributários do País e) bens de capital com similar nacional, sujeita-se a licenciamento não-automático previamente ao despacho aduaneiro, aplicando-se na valoração aduaneira o método do valor de revenda no mercado interno Comentários Esta questão é interessante, pois envolve valoração aduaneira e licenciamento das importações. Primeiramente, olhemos a questão pelo lado do licenciamento. Se o bem de capital é usado, então, como vimos anteriormente, é necessário um licenciamento não-automático. Se o bem de consumo é usado, então, em regra, sua importação é proibida. No entanto, poderá ser autorizada (também por licenciamento não-automático) para doação de vestuário usado, por exemplo. As exceções são listadas no § 1o do artigo 27 transcrito anteriormente. Podemos olhar a questão também pelo lado da valoração aduaneira. Relativamente à valoração, você verá com o Missagia, na aula 3, que mercadorias doadas são tributadas não pelo valor da transação (pois este é inexistente), mas pelos métodos substitutivos. Por enquanto, isso pode ficar nebuloso para você, mas vai clarear, eu prometo (já estou no clima pré-eleitoral rs). CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 17 Vou dar um breve resumo da valoração só para poder resolver esta questão que é muito bem montada. A valoração aduaneira é o processo de apuração do valor aduaneiro, que é a base de cálculo do imposto de importação. Como primeira tentativa para se chegar ao valor aduaneiro, pega-se, simplificadamente, o valor líquido da fatura, chamado valor da transação (Lembre- se que este é um resumo muito, mas muito sucinto mesmo). Mas só se pode pegar este valor se for uma importação de mercadoria comprada. Caso não se possa usar o primeiro método, tente pegar o valor de mercadorias idênticas importadas anteriormente (2o método – idênticas). Se não houver, procure o valor de mercadorias similares (3o método – similares). Se ainda não deu para encontrar um valor como base de cálculo, então pegue o valor de revenda no mercado interno, fazendo-se algumas deduções necessárias (4o método – método dedutivo ou método do valor de revenda). Se não foi dessa vez, pegue o valor dos custos de produção e acrescente um percentual razoável de lucro (5o método – método computado). O 6o método indica o uso de critérios razoáveis. Partimos dessas informações preliminares e, de saída, olhamos a questão só em relação ao licenciamento. Letra A: a importação de bens de consumo deve ser previamente licenciada e autorizada? Mais ou menos, pois sabemos que, em regra, a importação de bens de consumo usados é proibida. Mas as exceções, de fato, sujeitam-se ao licenciamento não-automático. Letra B: a importação de bens de capital, sem similar nacional, sujeita-se a licenciamento automático? Não, o licenciamento é não-automático. A única situação sujeita a licenciamento automático é a importação sob o regime de drawback. Letra C: a importação de bens de capital comprovadamente sem similar nacional, mediante prévia análise das condições e autorização pelo DECEX, sujeita-se a licenciamento não-automático previamente ao embarque no exterior? Sim. Letra D: a importação de bens de consumo não será autorizada em quaisquer circunstâncias por ser contrária aos interesses sociais, comerciais, industriais e tributários do País? Falso. Por exemplo, instituições beneficentes podem receber doações de roupas importadas usadas. Letra E: a importação de bens de capital com similar nacional sujeita-se a licenciamento não-automático previamente ao despacho aduaneiro? Falso. O licenciamento tem que ser obtido previamente ao embarque, não ao despacho. Este se inicia no registro de uma Declaração de Importação, que será conferida pela Receita Federal. Além disso, a importação de bens de capital usados só beneficia, em regra, produtos sem similar nacional. Portanto, olhando a questão só pelo lado do licenciamento, ficamos entre as letras A e C. Olhando a questão pelo lado da valoração, temos que mercadorias doadas não podem usar o primeiro método. Nem se pode dizer que vai usar o 2o ou o 3o ou qualquer método, pois faltam dados para dizer qual seria o método utilizado. Desta forma, eliminam-se as letras A, B e E. Ficaríamos entre C e D. Por intersecção, a resposta é a letra C. (AFRF/2000) 27- Sujeitam-se ao licenciamento não-automático previamente ao embarque as importações a) de materiais de reposição e conserto para uso de embarcações ou aeronaves estrangeiras CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 18 b) sob regime de admissão temporária, exceto quando se tratar de obras audiovisuais condicionadas à manifestação de Secretaria do Desenvolvimento Audiovisual do Ministério da Cultura c) objeto de arrendamento operacional simples sob regime de admissão temporária a serem utilizados em atividade econômica d) sob regimes aduaneiros especiais de entreposto aduaneiro e entreposto industrial e) sob regimes aduaneiros atípicos de loja franca, depósito franco, depósito afiançado e depósito especial alfandegado Comentários A lista de casos de licenciamento é exaustiva (por favor, não estou dizendo que fiquei exausto rs). Portanto, existem apenas aqueles casos de licenciamento listados anteriormente e nenhum outro. Já a dispensa de licenciamento é a regra e é para as demais situações que não foram citadas nas alíneas dos artigos 9 e 10. Você está vendo alguma alternativa na questão que esteja naquelas alíneas explicadas anteriormente? Não? Nem eu. Ué... Antigamente, as importações sob arrendamento operacional estavam na lista de situações que exigiam licenciamento não-automático. Mas isso foi só até a Portaria SECEX 14/2004 ser revogada. A partir de sua revogação (pela Portaria SECEX 35, de 24 de novembro de 2006), o arrendamento operacional saiu da lista dos casos sujeitos a licenciamento. Hoje, esta questão não tem resposta, mas, no dia da prova, foi a letra C. (AFRF/2002-2) 14- O licenciamento não-automático previamente ao embarque das mercadorias no exterior é exigível para as importações a) sujeitas à obtenção de cota tarifária amparadas em acordos bilaterais no âmbito da União Européia, excluídas aquelas sujeitas à cota não-tarifária. b) objeto de arrendamento operacional simples e as sujeitas a exame de similaridade. c) a serem submetidas ao regime aduaneiroespecial de entreposto aduaneiro na modalidade de não-vinculado. d) objeto de medidas compensatórias em decorrência de subsídios concedidos por governos estrangeiros. e) objeto de obrigatoriedade de transporte em navio ou aeronave de bandeira brasileira. Comentários Letra A: Em relação à exigência de licenciamento para os bens sujeitos a quota tarifária, a alternativa está perfeita. Mas o licenciamento também é exigido para os casos de quotas não-tarifárias. A letra A desafinou no finzinho. Letra B: Na resolução da questão anterior, eu comentei que importações sob arrendamento operacional estiveram sujeitas a licenciamento até novembro de 2006. Em relação às importações sujeitas a exame de similaridade, até hoje o licenciamento é exigido. Desta forma, este foi o gabarito no dia da prova. Hoje, ela está incorreta por causa do arrendamento operacional. Letra C: Não existe isso nas alíneas que analisamos. E o erro é mais gritante ainda se pegarmos o § 1o do artigo 8o da Portaria SECEX 10/2010. Lá está escrito, com CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 19 todas as letras, que o regime de entreposto aduaneiro não exige a obtenção de licença de importação. Letra D: No dia da prova, importações sujeitas a medidas de defesa comercial não estavam sujeitas a licenciamento. No entanto, desde 2007, com a Portaria SECEX 36, passou a haver a exigência do licenciamento para esses casos também. Veja a alínea h comentada algumas páginas atrás. Engraçada a volta que a questão deu. No dia da prova, o gabarito era a letra B. Hoje, o gabarito é a letra D. Letra E: a situação do transporte em navio de bandeira brasileira não consta na lista de licenciamento exigido. Como se pede um licenciamento de importação? Bem, a Portaria SECEX 10/2010 dispõe que a inscrição no Registro de Exportadores e Importadores (REI) é condição obrigatória para se proceder a uma operação de comércio exterior, seja importação, seja exportação. Mas, ao mesmo tempo, diz que a inscrição no REI é automática, “sendo realizada no ato da primeira operação de importação (ou exportação) no SISCOMEX.” Como é que o importador registra sua primeira operação no SISCOMEX? Antes de qualquer coisa, o importador deve ter uma senha de acesso, a qual é entregue pela Receita Federal, depois de verificar se o sujeito possui capacidade para operar. Evita-se desta forma que empresas-fantasma ou empresas de sócios “laranjas” operem no comércio exterior. E tanto faz se o importador (ou o exportador) é pessoa física ou jurídica. O SISCOMEX não faz distinção nem no momento de se registrar automaticamente no REI nem no momento do registro de uma Declaração de Importação ou de um licenciamento de importação. A única diferença que existe na Portaria SECEX é que pessoas físicas não podem importar mercadorias que revelem prática de comércio ou que sejam habituais. Portanto, não pode importar muitos bens nem de uma só vez nem de forma parcelada. Ora, o SISCOMEX mesmo não faz crítica nenhuma em relação a essa questão de prática de comércio ou habitualidade. Como é que o sistema pode, no ato de registro de um pedido de licença por parte do importador, concluir se uma importação tem ou não intuito de comércio? Como é que o sistema pode concluir que existe habitualidade? Esses fatores são subjetivos e, portanto, não foram programados no SISCOMEX para verificação. Cabe, portanto, à Receita Federal, na etapa do despacho aduaneiro, analisar cada importação e exportação e afastar a prática de comércio ou a habitualidade ou, então, apreender o bem por descumprimento de norma administrativa. Portanto, o controle sobre o importador pessoa física não se dará na etapa do controle administrativo, mas do controle aduaneiro. Aqui cabe falar de duas pequenas exceções na Portaria SECEX 10/2010 (artigo 176): 1a) permite-se que uma pessoa física exporte com intuito de comércio ou habitualidade, desde que seja agricultor, pecuarista, artesão, artista ou assemelhado; e 2a) caso o exportador exporte tão-somente pelos correios, então ele não será registrado no REI se os valores exportados não passarem de US$ 50.000,00. Há exceções que podemos ver na redação do § 6o: § 6º Ficam dispensadas da obrigatoriedade de inscrição do exportador no REI as exportações via remessa postal, com ou sem cobertura cambial, exceto donativos, realizadas por pessoa física ou jurídica até o limite de US$ CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 20 50.000,00 (cinqüenta mil dólares dos Estados Unidos) ou o equivalente em outra moeda, exceto quando se tratar de: I – produto com exportação proibida ou suspensa; II – exportação com margem não sacada de câmbio; III – exportação vinculada a regimes aduaneiros especiais e atípicos; e IV – exportação sujeita a registro de operações de crédito - RC. Consta ainda, na Portaria SECEX, que também os bancos podem registrar operações para os importadores e exportadores, desde que autorizados por eles. Vejamos algumas questões das provas anteriores. (AFTN/1996) 25 - Nos termos da legislação brasileira, a concretização de uma operação de exportação requer alguns procedimentos obrigatórios, entre os quais: a) O registro do exportador junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), a formalização do contrato internacional de compra e venda, a contratação do câmbio e o recebimento do conhecimento de embarque. b) O registro do exportador junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o registro da exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) e a contratação do câmbio. c) A formalização do contrato de compra e venda, a contratação do câmbio, a contratação do frete e a obtenção do Certificado de Origem; d) O registro do exportador junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), a contratação do frete, a contratação do câmbio e a obtenção do Certificado de Origem; e) A formalização do contrato de compra e venda, a contratação do seguro, a contratação do câmbio e o recebimento do conhecimento de embarque. Comentários Bem, o registro no REI é, em regra, obrigatório, apesar de ser automático. Para exportar é necessário: - formalizar um contrato de compra e venda? Não, pois posso estar alugando. - contratar câmbio? Não, pois posso estar doando um bem. - receber o conhecimento de embarque? Sim, pois é o contrato de transporte. - obter o certificado de origem? Não, como veremos na aula sobre blocos comerciais. Em resumo, um certificado de origem serve para comprovar a origem do produto para se usufruir algum benefício. - contratar um seguro? Não, pois o seguro não é obrigatório numa operação de comércio exterior. A ESAF considerou o gabarito como sendo a letra B, com o que eu não concordo, pois: 1) o registro no REI é exigido, mas admite exceções; 2) o registro da exportação no SISCOMEX é a regra, mas, por exemplo, nas exportações pelos correios, ele não acontece; e 3) o contrato de câmbio só é obrigatório se for uma exportação para receber dinheiro do exterior. Se eu estiver doando o bem exportado, não haverá contrato de câmbio. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 21 (AFTN/1998) 53- O registro do exportador é condição básica para operações de exportação. Sobre o mesmo é correto afirmar-se que: a) requer o envio prévio de documentação e a comprovação posterior de realização da exportação junto à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo b) obedece aos mesmos critérios e procedimentos para pessoas físicas e jurídicas c) se dá de forma automática e gratuita, quando da realizaçãode sua primeira operação, em se tratando de pessoas jurídicas d) é concedido apenas a pessoas jurídicas, mediante informação do número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC) e) é concedido pela Divisão de Informações Comerciais (DIC) do Ministério das Relações Exteriores a pessoas físicas e jurídicas, mediante requerimento Comentários Letra C: correta. Foi o gabarito apresentado pela ESAF. Só um detalhe: o registro do exportador se dá (e se dava) de forma automática e gratuita tanto para as pessoas físicas quanto para as pessoas jurídicas. Letra A: incorreta. A inscrição no REI é automática. Letra D: incorreta. Letra E: incorreta. Não há requerimento, pois é automático o registro. Letra B: incorreta, segundo a ESAF, pois o gabarito foi a letra C. Mas eu não vejo esta alternativa como incorreta não, pois, em se tratando do registro no REI, obedece aos mesmos critérios e procedimentos, já que o registro é automático. Na minha opinião, o examinador quis escrever “os procedimentos de exportação são os mesmos para pessoas físicas e jurídicas.” Neste caso, de fato, a alternativa estaria incorreta, pois a pessoa física não pode exportar com prática de comércio ou habitualidade. No entanto, a questão não perguntava sobre os procedimentos de exportação, mas sobre o registro no REI. E o registro no REI é indiferente se a pessoa é física ou jurídica. (AFRF/2003) 30- A Secex mantém um Cadastro de Exportadores e Importadores, do qual é parte o REI - Registro de Exportadores e Importadores. A regra geral é que todas as exportações e importações somente podem ser efetuadas por pessoas e empresas inscritas no REI. São exceções (adaptada a questão para atualizar os valores): a) As exportações efetuadas pela via postal, com ou sem cobertura cambial, realizadas por pessoas físicas ou jurídicas, até o limite de US$50,000.00 ou o equivalente em outra moeda, exceto donativos. b) As operações de exportação, com cobertura cambial e para embarque imediato para o exterior, até o limite de US$50,000.00, conceituadas como “Operação Normal – código 80.00” na Tabela de Enquadramento da Operação, não sujeitas ao Imposto de Exportação ou a contingenciamento, nem vinculadas ao Regime Automotivo. c) As exportações e importações de mercadorias e bens destinados a feiras, exposições e eventos semelhantes, promovidas por instituições governamentais. d) Os representantes de órgãos da administração pública direta, autarquia e fundação pública, organismo internacional ou outra instituição extraterritorial. e) As importações objeto de Despacho Simplificado de Importação (DSI) e Licença de Importação (LI) automática, sem cobertura cambial, e as exportações objeto de CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 22 Despacho Simplificado de Exportação (DSE) e Registro de Exportação Simplificado (RES), até o valor de US$3,000.00 ou o equivalente em outra moeda. Comentários Gabarito: Letra A, conforme art. 176, § 6o da Portaria SECEX 10/2010: § 6º Ficam dispensadas da obrigatoriedade de inscrição do exportador no REI as exportações via remessa postal, com ou sem cobertura cambial, exceto donativos, realizadas por pessoa física ou jurídica até o limite de US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares dos Estados Unidos) ou o equivalente em outra moeda, exceto quando se tratar de: I – produto com exportação proibida ou suspensa; II – exportação com margem não sacada de câmbio; III – exportação vinculada a regimes aduaneiros especiais e atípicos; e IV – exportação sujeita a registro de operações de crédito - RC. Qual é o momento para se pedir a licença de importação? Logo no início desta aula, eu escrevi que a licença de importação deve ser obtida antes do embarque para “cortar o mal pela raiz”. Desta forma, o animal doente ou a mercadoria proibida nem embarcará com destino ao Brasil. Esta é a regra, mas como toda regra admite exceção... Segue o artigo 11 da Portaria SECEX, que trata da regra e das exceções: Art. 11. Nas importações sujeitas aos licenciamentos automático e não automático, o importador deverá prestar, no SISCOMEX, as informações ... previamente ao embarque da mercadoria no exterior. § 1º Nas situações abaixo indicadas, o licenciamento poderá ser efetuado após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao despacho aduaneiro, exceto para os produtos sujeitos a controles previstos no Tratamento Administrativo no SISCOMEX: I – importações ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback; II – importações ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus (ZFM) e das Áreas de Livre Comércio (ALC), exceto para os produtos sujeitos a licenciamento; e III – sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. ... Em relação ao licenciamento antes do embarque nem precisa falar mais, né? Mas o § 1o dispõe sobre as exceções. Nos casos listados, o licenciamento pode ser dado após o embarque. A mercadoria já terá embarcado com destino ao Brasil e só depois o licenciamento é pedido? Sim. Vejamos o caso do inciso I: o drawback. Sobre o regime de drawback não custa repetir: você verá este regime com o Missagia em aula futura. Mas simplificadamente podemos enxergar o regime como um incentivo fiscal à exportação, tendo em vista que, por este regime, o governo não tributa a importação de matérias-primas. Com o drawback, o governo deseja tornar mais barato o produto brasileiro a ser exportado, por não cobrar tributos sobre as matérias-primas. Mas note que a suspensão está condicionada a uma posterior exportação, que será exigida pelo governo. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 23 Por que no drawback o licenciamento pode ser efetuado após o embarque? Porque no momento em que o importador faz o pedido do licenciamento, o DECEX analisa a concessão do regime. E, caso conceda, o regime já começa a correr, apesar de a matéria-prima ainda nem estar no estabelecimento da indústria. Imagine se o licenciamento fosse exigido antes do embarque. O DECEX concederia o regime e só então a mercadoria seria embarcada com destino ao Brasil. E o prazo para cumprimento da exportação já correndo... Então, é para não “comer” muito tempo da indústria, que ela tem o direito de pedir o drawback depois que a mercadoria já até chegou ao Brasil, mas tem que pedir antes do despacho aduaneiro, que se inicia com o registro da DI. Tem que obter o regime de drawback antes do registro da DI para que, na hora em que a registrar, já peça o reconhecimento da suspensão dos tributos e nem os pague. Em relação aos incisos II e III, é política de governo facilitar as importações para a Zona Franca de Manaus, para as Áreas de Livre Comércio e para as instituições científicas. Não há muita explicação. Uma última observação: você pode ler, no final do § 1o, “exceto para os produtos sujeitos a controles previstos no Tratamento Administrativo no SISCOMEX”. O que significa isso? Imagine que esteja sendo importado um produto para o regime de drawback. Pelo início do § 1o, podemos concluir que o licenciamento pode ser efetuado após o embarque, certo? Certo. Mas se o produto importado para o regime de drawback for um animal vivo, vai poder ser pedido o licenciamento após o embarque? Aí não, pois o animal vivo consta na lista de bens sujeitos a licenciamento anteriormente ao embarque. Veja a seguinte questão: (AFRF/2003) 13- Assinale a opção correta. a) O licenciamento não-automático, quando exigível, deve ser providenciado, em regra, anteriormente ao embarque da mercadoria no exterior. Em determinadas hipóteses, pode ser providenciado após o embarque e anteriormenteao despacho aduaneiro. b) Todas as mercadorias importadas estão sujeitas a licenciamento, que ocorre, por meio do Siscomex, de forma automática ou não-automática, o que significa que a mercadoria está com a importação proibida ou suspensa, ou depende da manifestação de órgão anuente. c) As mercadorias importadas sem licença de importação ficam sujeitas à pena de perdimento, que poderá ser aplicada cumulativamente com a multa por infração ao controle administrativo das importações. d) O licenciamento das importações deve ser requerido antes do embarque da mercadoria, nas hipóteses de licenciamento automático, ou até o início do exame documental, nas hipóteses de licenciamento não-automático. e) Exige-se o licenciamento não-automático para as mercadorias sujeitas ao regime comum de importação e o licenciamento automático para as sujeitas aos regimes aduaneiros especiais, suspensivos ou isentivos. Comentários A letra A é literal do § 1o que analisamos imediatamente antes da questão. É, portanto, o gabarito. A letra B é falsa. Nem todas as mercadorias se sujeitam a licenciamento. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 24 O segundo erro na letra B é dizer que uma mercadoria sujeita a licenciamento está com a importação proibida ou suspensa. A letra C é falsa, pois, como vimos no início desta aula, uma importação sem licença é punida com a multa de 30% sobre o valor aduaneiro. Talvez até se aplique o perdimento, mas essa não é a regra. Em relação à questão da cumulatividade, é correto dizer que o perdimento e a multa até podem ser aplicados conjuntamente como vimos no início. Lembra do “apreender e multar”? A letra D está incorreta, pois tanto no licenciamento automático quanto no não- automático, o licenciamento é requerido antes do embarque, salvo nos casos citados na página anterior (drawback, ZFM, ALC e CNPq). A letra E é incorreta. A importação de um cavalo, por exemplo, exige o licenciamento não-automático deferido pela MAPA, seja comprado (regime comum de importação), seja trazido em admissão temporária para uma competição (regime aduaneiro especial suspensivo, a ser analisado em aula futura). Importação de Brinquedos Nas páginas anteriores, vimos que A REGRA é se exigir o licenciamento antes do embarque, PODENDO ser pedido o licenciamento após o embarque e antes do despacho nas importações sob drawback, ZFM, ALC ou CNPq. O § 4o do artigo 11 trata do caso específico dos brinquedos: § 4º O licenciamento não automático amparando a trazida de brinquedos será efetuado posteriormente ao embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao despacho aduaneiro, ainda que o produto contenha tratamento administrativo no SISCOMEX. No caso de importações de brinquedos, o licenciamento deve ser obtido após o embarque e isso não admite nenhuma exceção. Sobre o pedido de licença Qualquer pessoa pode pedir uma licença de importação? Sim, desde que tenha a senha de acesso ao SISCOMEX. Quando a pessoa for pedir o licenciamento, é óbvio que ela tem que informar todos os dados da mercadoria que deseja importar. Só assim o órgão anuente vai ter condições de decidir se a mercadoria pode entrar no país. Mas a Portaria SECEX 10/2010 define uma exceçãozinha neste ponto. Veja os parágrafos do artigo 12: Art. 12 - ... § 1º A descrição da mercadoria deverá conter todas as características do produto e estar de acordo com a Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM. § 2º É dispensada a descrição detalhada das peças sobressalentes que acompanham as máquinas e/ou equipamentos importados, desde que observadas as seguintes condições: I – as peças sobressalentes devem figurar na mesma licença de importação que cobre a trazida das máquinas e/ou equipamentos, inclusive com o mesmo código da Nomenclatura Comum do MERCOSUL -NCM, não podendo seu valor ultrapassar 10% (dez por cento) do valor da máquina e/ou do equipamento;e II – o valor das peças sobressalentes deve estar previsto na documentação relativa à importação - contrato, projeto, fatura, e outros. CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 25 Somente as peças sobressalentes dispensam uma descrição detalhada e isso é plenamente justificável. Afinal, se a peça é apenas “reserva”, isto significa que a peça “titular” está vindo também e ela já foi detalhadamente descrita. É, portanto, desnecessário descrever a peça “reserva” se a “titular” já está todo descrita. Precisa ficar repetindo descrição? Claro que não, mas, para isso, a sobressalente deve estar descrita na fatura e não pode passar de 10% do valor da máquina. Isso já foi cobrado em prova. Veja. (AFRF/2002-2) 07- As peças sobressalentes que acompanham as máquinas e/ou equipamentos importados sujeitam-se ao tratamento fiscal e administrativo (dados da importação informados no SISCOMEX) a seguir descrito: a) são licenciadas separadamente da licença referente às máquinas e/ou equipamentos, sendo classificadas na NCM separadamente, quando com elas despachadas. b) são licenciadas conjuntamente com as máquinas e/ou equipamentos, independentemente do valor das mesmas porém classificam-se na posição das máquinas e/ou equipamentos quando o seu peso não ultrapassar 5% (cinco por cento) do peso total da mercadoria licenciada. c) desde que detalhadamente descritas e seu valor não ultrapasse 5% (cinco por cento) do valor da máquina e/ou equipamento, podem figurar na mesma licença de importação e no mesmo código da NCM. d) sendo detalhadamente descritas, podem figurar na mesma licença de importação das máquinas e/ou equipamentos e no mesmo código da NCM, desde que seu valor, seja qual for, esteja previsto na documentação relativa à importação (fatura, contrato etc.). e) é dispensada a descrição detalhada das peças sobressalentes, desde que elas figurem na mesma licença de importação e no mesmo despacho aduaneiro das máquinas e/ou equipamentos, com o mesmo código de Nomenclatura Comum do MERCOSUL- NCM, desde que seu valor não ultrapasse 10% (dez por cento) do valor da máquina e/ou equipamento e esteja previsto na documentação relativa à importação (contrato, fatura, projeto etc.). Comentários Gabarito direto: letra E. Processo de Licenciamento No momento em que o pedido de licenciamento é registrado, ele recebe um número para que o importador possa acompanhar, pelo SISCOMEX, o status de seu pedido. Se o importador, logo depois de registrar o pedido de licença no SISCOMEX, consultar o sistema, ele vai obter a seguinte informação: “EM ANÁLISE”. E vai ficar nesta situação até que o órgão anuente se digne responder. Vimos que há prazo para essa resposta ser dada. Depois de deferido o licenciamento, são 90 dias para a mercadoria embarcar no exterior com destino ao Brasil. Esta é uma mudança importante trazida no final de 2008. Antigamente, o prazo para a mercadoria ser embarcada era de, no máximo, 60 dias. Agora melhorou... CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ www.pontodosconcursos.com.br 26 Pode a licença ser prorrogada, desde que apresentado o pedido antes do vencimento da licença. E, em regra, a prorrogação é somente por uma vez e com prazo máximo idêntico ao prazo original. Neste ponto, há um artigo bastante emblemático na Portaria SECEX. É o artigo 20: Art. 20. O SISCOMEX cancelará automaticamente as licenças deferidas após decorridos 90 (noventa) dias da data de validade, quando se tratar de LI deferida com restrição à data de embarque, ou após decorridos 90 (noventa) dias da data de deferimento, no caso de LI deferida sem restrição à data de embarque, quando não vinculadas a Declaração de Importação - DI.
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