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Texto 1 O conhecimento científico e o senso comum + Os quatro tipos de conhecimento

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O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E O SENSO COMUM 
 
 O conhecimento pode ser definido como uma representação intelectual significativa da 
realidade. Dependendo da forma pela qual se chegou a essa representação, sua classificação 
pode ser bem diversa: mítico, ordinário, artístico, filosófico, religioso e científico. Sendo o 
conhecimento científico e o senso comum (ou ordinário) são aqueles que estão mais 
presentes no cotidiano do homem. 
 
1 O conhecimento do senso comum 
É a forma de conhecimento mais utilizada pelo homem para interpretar a si mesmo, o 
mundo à sua volta e o universo como um todo. Também denominado como conhecimento 
ordinário, comum ou empírico, esse conhecimento surge como conseqüência da necessidade 
de se resolver problemas da vida prática, aqueles que surgem a partir do contato direto com 
os fatos e fenômenos do dia-a-dia. A percepção sensorial é o seu principal instrumento de 
análise. 
Veja, por exemplo, o homem pré-histórico, como aprendeu a se esconder da chuva em 
cavernas, a elaborar instrumentos mais eficazes para a pesca e para a caça, a cultivar plantas 
para sua sobrevivência, a fazer fogo, a navegar, a fazer remédios caseiros, etc.? Este 
aprendizado que lhe permitiu passar à criação de instrumentos mais eficazes como as redes de 
pesca, a roda, as armadilhas, os tecidos, os utensílios domésticos, bem como as leis que 
regulamentavam a convivência dos indivíduos em grupos sociais, foi gerado a partir da 
necessidade utilitária de se produzir soluções para os problemas cotidianos; não é algo 
planejado, programado, se desenvolve à medida em que a vida vai acontecendo. 
O conhecimento do senso comum é espontâneo, instintivo, não-metódico e 
vivencial, caracterizando-se principalmente por um caráter utilitarista, subjetivo e com baixo 
poder de crítica. Pois, trata-se de um conhecimento que não passa por um aprofundamento 
crítico e racionalista, não apresenta fundamento teórico que demonstre ou justifique seu uso ou 
confiabilidade. Somente a recorrência na resolução dos problemas cotidianos é que o 
transforma em uma crença, uma convicção passada de uma geração para outra. O uso das 
ervas medicinais (erva cidreira, macela, camomila, funcho, etc.) é um bom exemplo de 
conhecimento empírico, a maioria das pessoas que faz uso delas não sabe quais são as 
propriedades químicas que garantem os efeitos proporcionados ao doente. Outro exemplo: o 
açúcar cristal, sabe-se de seu alto poder bactericida e cicatrizante, mas a maioria das pessoas 
também não estudou suas propriedades químicas. 
Outra característica do conhecimento do senso comum é a subjetividade: este tipo de 
saber é predeterminado por crenças, interesses, classe social, convicções pessoais e 
expectativas presentes nos sujeitos que o elaboram; de forma que a busca sistemática por 
provas e evidências que o teste criticamente não é de interesse de seus detentores. Os 
conceitos e os termos empregados para expressar ou descrever este conhecimento 
geralmente são vagos, porque geralmente estão ligados a experiências individuais, a situações 
particulares. A vagueza na linguagem com o qual é descrito colabora com impossibilidade de 
controle e avaliação experimental - suporte essencial do conhecimento científico. 
 Há um outro problema em relação ao conhecimento ordinário que é a generalização 
de sua aplicação por uma inconsciência dos seus limites de validade. Por vezes, as condições 
determinantes de um fato são diferentes, mas os mesmos conhecimentos, as mesmas técnicas 
são aplicadas na solução dos problemas. Veja, por exemplo, o caso de agricultores leigos que, 
sem conhecimento técnico, utilizam o sistema de poda, enxerto, adubação e relação do plantio 
com as fases da lua, e, se, às vezes, algum dos fatores dessas condições muda, a eficiência 
desse saber é ameaçada. Este ponto caracteriza também o senso comum como um 
conhecimento fragmentado. 
 
O conhecimento científico 
O conhecimento científico surge da necessidade de o homem não assumir uma 
posição meramente passiva diante dos fenômenos. Assim, para que possa desvelar o mundo, 
compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo, é necessário ao ser humano propor uma observação 
mais sistemática, metódica e crítica diante dos fatos. 
O que impulsiona o homem à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de 
relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, 
captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva do senso 
comum. Desta forma, para se descobrir os princípios explicativos que servem de base para a 
 
compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza em que se está inserido, 
é necessária uma observação do objeto de interesse pautada por princípios científicos que 
orientem o pesquisador. Esses princípios devem ser expressos na forma de enunciados que 
expliquem as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados 
a um problema. Reside aí, por exemplo, a importância de uma linguagem clara e objetiva na 
elaboração de projetos de pesquisa científica, bem como dos relatórios resultantes destes. 
Por ser resultante do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser 
testadas e criticadas através de provas empíricas e da discussão acadêmica, o conhecimento 
científico é produto da necessidade de um conhecimento “seguro”, que vá além do imediatismo 
e da “crendice” do senso comum, das religiões e das mitologias. A investigação científica é a 
construção e a busca de um saber que acontece no momento em que se reconhece a 
ineficácia dos conhecimentos já existentes, é uma modificação, uma ampliação, uma 
substituição do conhecimento já existente por outro que possa responder a pergunta em 
questão. 
O conhecimento científico, na sua pretensão de encontrar respostas seguras para 
dúvidas existentes, propõe-se atingir a dois ideais: da racionalidade e da objetividade. De 
maneira que a investigação científica tem seu início quando: 
 
a) identifica-se uma pergunta que ainda não tenha resposta; 
b) verifica-se que o conhecimento existente sobre ela é insuficiente para respondê-la; 
c) percebe-se que é necessário construir uma resposta para essa dúvida e 
d) que esta resposta ofereça provas de segurança e confiabilidade que justifiquem a crença 
de que ela é uma boa resposta. 
 
O ideal de racionalidade está em atingir uma sistematização coerente, lógica, do 
conhecimento presente em todas as suas leis e teorias. As contradições entre as 
explicações que porventura componham o corpo de um conhecimento devem ser eliminadas. A 
ciência, ao sistematizar um conhecimento, procura unir as diferentes teorias ao estabelecer 
relações entre os enunciados, de forma que possa haver uma visão global sobre o assunto e 
sem inconsistências. 
Um mecanismo de eliminação de incoerências nos enunciados científicos, nas teorias e 
leis da ciência são os padrões de verdade sintática. Os enunciados devem estar livres de 
ambigüidades e contradições lógicas. No plano sintático não se verifica sobre a falsidade ou 
veracidade de um conteúdo empírico de um enunciado, apenas sobre o seu grau de logicidade 
interna ou externa e até que ponto suas afirmações concordam ou discordam entre si e do 
paradigma dominante. Por exemplo, veja as divergências entre os modelos cosmológicos de 
Ptolomeu, Galileu e Einstein: o primeiro modelo geocêntrico tem a Terra como centro fixo, o 
universo é finito e fechado, já no segundo modelo, heliocêntrico, a Terra gira em torno do seu 
próprio eixo, o universo é finito e não fechado; enquanto para Einstein, o centro é 
desconhecido, o universo é aberto, sem limites e em expansão. 
Já o ideal de objetividade tem em vista que as teorias científicas sejam 
construções conceituais que representem com fidelidade o mundo real, que contenham 
imagens sejam “verdadeiras”, evidentes, impessoais, passíveisde experimentações e aceitas 
pela comunidade científica como provadas em sua veracidade. Esse mecanismo avalia a 
verdade semântica. As teorias devem poder testadas através de provas factuais e seus 
resultados devem poder ser submetidos à avaliação crítica intersubjetiva da comunidade 
científica. 
A ciência exige o confronto da teoria com os dados empíricos, exige a verdade 
semântica como um dos mecanismos utilizados para justificar a aceitabilidade de uma teoria. 
Porém, para que se garanta que uma pesquisa científica não seja influenciada pela ideologia, 
pela visão de mundo, pelos elementos culturais, pela época, como também pela formação de 
mundo do cientista que a realiza, é necessário que haja uma intersubjetividade, uma 
possibilidade de a comunidade científica ajuizar sobre a investigação, seus resultados e 
métodos utilizados. É a intersubjetividade que proporciona a verdade pragmática. Os 
enunciados científicos devem poder ser submetidos a testes, em qualquer época e lugar por 
qualquer sujeito. 
Ao contrário do senso comum, portanto, o conhecimento científico não aceita a opinião 
ou o sentimento de convicção como fundamento para justificar a aceitação de uma afirmação. 
A investigação científica é estimulada a criar fundamentos mais sólidos para seus 
 
conhecimentos e a testar permanentemente suas hipóteses de uma forma mais rígida e 
severa. 
Já em termos de linguagem, no conhecimento científico - contrariamente ao do senso 
comum - há o uso de construtos, formulações que apresentam os conceitos de maneira 
unívoca, consensual e universal, para que se reduza ao máximo a ambigüidade e a vagueza 
destes. O uso dos construtos permite um maior poder de testes dos enunciados, e por 
conseqüência, um aumento na discriminação de quais são as observações empíricas 
adequadas para a validação de uma observação ou experimento. Percebe-se a partir desta 
característica que o conhecimento científico tem um poder de crítica maior do que o do senso 
comum, mas isto não lhe confere maior estabilidade ou dogmatismo, muito pelo contrário, as 
teorias científicas estão cada vez mais vulneráveis à localização de erros, assumindo seu 
caráter hipotético e suscetíveis à reformulação. 
Mas para que um conhecimento seja aceito como científico, ele deve satisfazer a 
critérios que justifiquem a sua aceitação. Quais são esses critérios? 
Em primeiro lugar, deve haver um método, um procedimento com passos e rotinas 
específicas, que indique como algo deve ser feito para ser considerado ciência. Em segundo 
lugar, deve se atentar que os critérios de cientificidade estão atrelados à cultura e à história das 
diferentes épocas. Fatores históricos determinam a produção científica, tanto pela questão da 
disponibilidade técnica de instrumentos que é constante mente aperfeiçoada, quanto porque 
não há uma racionalidade científica abstrata, autônoma, que independa dos fatores culturais de 
cada época. Reconhece-se aqui, o caráter permanentemente hipotético do conhecimento 
científico: já que as explicações serão sempre provisórias, tem-se que admitir que este tipo de 
conhecimento também está suscetível a falhas. Desta forma, pode-se dizer que o 
conhecimento científico é uma retomada constante das teorias e problemas do passado e do 
presente, através da crítica severa e sistemática de seus próprios postulados e métodos. 
 
Köche, J. C. Fundamentos de Metodologia Científica: Teoria da Ciência e Prática da Pesquisa. 
Rio de Janeiro: Vozes, 1997. 
 
 
PESQUISA TEÓRICA X PESQUISA EMPÍRICA 
 
Toda pesquisa parte de um problema: uma determinada situação ou condição e conseqüências 
indesejáveis que queremos solucionar. Quanto maiores as conseqüências da condição, mais 
importante é o problema. 
 
 Pesquisa teórica - Trata-se da pesquisa que é "dedicada a reconstruir teoria, conceitos, 
idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos 
teóricos" (Demo, 2000, p. 20). Esse tipo de pesquisa é orientada no sentido de re-construir 
teorias, quadros de referência, condições explicativas da realidade, polêmicas e discussões 
pertinentes. A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas nem por 
isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a 
intervenção. "O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise acurada, 
desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade explicativa" (DEMO, 1994) 
A pesquisa teórica tem por objeto a análise de uma norma, teoria ou conceito, isolado 
do contexto social em que se manifesta. Portanto, a solução do problema não é buscada no 
mundo fático, mas é concebida na mente do pesquisador a partir da análise das teorias. 
Na pesquisa “pura”, básica ou formal – a solução de um problema de pesquisa não tem 
nenhuma aplicação aparente em um problema prático, mas apenas satisfaz o interesse erudito 
de uma comunidade de pesquisadores. 
Por exemplo, para os astrônomos, não saber quantas estrelas há no céu é parte de um 
problema de pesquisa pura, de grande significado para eles. Sem conhecer este número, não 
poderão calcular a massa total do universo. Se pudessem calcular essa massa, poderiam 
descobrir se o universo continuará a expandir-se até se dissolver, transformando-se em nada, 
ou se encolherá, explodindo na criação de um novo universo. 
Ex. de problema de pesquisa pura: 
1 – Tópico: estou estudando a densidade da luz e outras radiações eletromagnéticas 
em um pequeno setor do universo, 
2 – Indagação: porque quero descobrir quantas estrelas há no céu, 
 
3- Exposição de motivos: a fim de entender se o universo se expandirá para sempre ou 
se contrairá, causando um novo Big Bang. 
Este é um problema de pesquisa, porque a pergunta implica que não sabemos algo. É 
um problema de pesquisa pura porque seu fundamento lógico implica não algo que faremos, 
mas algo que não sabemos, mas devemos saber. 
 
 
 Pesquisa empírica - É a pesquisa dedicada ao tratamento da "face empírica e fatual da 
realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual" 
(Demo, 2000, p. 21). A valorização desse tipo de pesquisa é pela "possibilidade que oferece de 
maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base fatual. O significado 
dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas estes dados agregam impacto 
pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática" (Demo, 1994, p. 37). 
 A pesquisa empírica tem como objeto uma realidade determinada, enquanto a 
pesquisa teórica tem como objeto teorias e conceitos. Portanto, a pesquisa empírica distingue-
se da pesquisa teórica pelo seu objeto. No que concerne aos meios utilizados por uma e por 
outra, esses são, no geral, os mesmos; ambas operam, no tratamento do seu objeto, com 
teorias, com conceitos e com informações sobre a realidade. 
A observação direta (espontânea ou dirigida), a coleta e análise de documentos, a 
aplicação de questionários (abertos ou fechados) e as entrevistas (espontâneas ou dirigidas) 
são alguns dos principais procedimentos da pesquisa empírica. 
Nem sempre, porém, é possível obter os dados de forma direta, através dos 
procedimentos acima. Assim, na pesquisa empírica, poderá o pesquisador valer-se de dados 
obtidos indiretamente que podem ser encontrados em livros, em artigos de periódicos e em 
todo e qualquer material bibliográfico impresso ou informático. 
Ainda que o ideal – até por uma questão de confiabilidade dos dados – seja obter os 
dados diretamente, vale lembrar que o pesquisador empírico não necessita obrigatoriamente 
realizar trabalhos de campo, pois muitos dos dados da realidade social, política e econômica 
de seu problema podem perfeitamente ser encontrados em material bibliográfico das mais 
diversas fontes. 
O que caracteriza a pesquisa empírica nãoé a coleta dos dados, mas sim a postura do 
pesquisador em relação ao objeto da pesquisa: enquanto na pesquisa teórica a solução do 
problema encontra-se na teoria, na norma, no conceito, na pesquisa empírica deverá o 
pesquisador buscá-la na realidade social. 
Ex 1: :o cobre é condutor de eletricidade; o ferro, o zinco e a prata também...logo, todo 
o metal é condutor de eletricidade. As ciências aplicadas partem da observação da realidade e 
utilizam pesquisa experimental, descritiva (qualitativa ou quantitativa) e a exploratória. 
Ex. 2: 
1 – Tópico: estou estudando a diferença entre as leituras do telescópio Hubble, em órbita 
acima da atmosfera, e leituras das mesmas estrelas pelos melhores telescópios da superfície 
terrestre, 
2 – Indagação: porque quero descobrir quanto a atmosfera distorce as medidas da luz 
e de outras radiações eletromagnéticas, 
3 – Exposição de motivos: a fim de medir com maior precisão a densidade da luz e de 
outras radiações eletromagnéticas num pequeno setor do universo. 
Tanto a pesquisa pura quanto a aplicada podem ser teóricas ou experimentais. A pura se 
propõe unicamente a enriquecer o conhecimento humano, geralmente de interesse do 
pesquisador (por motivos cognoscitivos). Para a ciência aplicada, a ciência pura ou básica é 
um meio e não um fim. Ciência aplicada é “o conjunto das aplicações da ciência básica” 
(Bunge, 1980, p.28), sendo portanto, indissociáveis. 
 
 
Questionário e exercícios de abstração da teoria 
 
1. O que é e para que serve o conhecimento do senso comum? 
2. Dê exemplos de saberes populares que podem ser considerados conhecimento 
empírico. 
3. O que diferencia basicamente o conhecimento de senso comum e do científico? 
 
4. Numere a 2
a
 coluna de acordo com a 1
a
 e responda, observando as seguintes 
instruções: 
1. conhecimento científico 2. conhecimento popular 
 
( ) saber como os peixes respiram 
( ) saber a época de semear o milho 
( ) tomar chá de erva cidreira como calmante 
( ) esperar que partos aconteçam na mudança da fase lunar 
( ) saber como preparar um bolo 
( ) saber fabricar vacinas 
 
5. Conhecimento empírico é a mesma coisa que pesquisa empírica? Explique sua 
resposta. 
6. Tente elaborar uma lista de exemplo de pesquisa teórica e empírica. 
 
 
 
 
OS QUATRO TIPOS DE CONHECIMENTO 
 
O progresso cientifico, de forma geral, é um produto da atividade humana, para a qual o 
homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolvê-lo para novas descobertas. E, por 
relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vida, o homem utiliza-se de diversas 
formas de conhecimentos, por intermédio dos quais ele evolui e faz evoluir seu habitat. 
Dentre estes tipos de conhecimentos encontram-se o filosófico, o teológico, o empírico e o 
científico. 
 
 O CONHECIMENTO POPULAR, SENSO COMUM OU EMPÍRICO 
 É um conhecimento que se adquire independentemente de estudos, de pesquisas, de 
reflexões ou de aplicações de métodos. Geralmente é adquire-se na vida quotidiana e, muitas 
vezes, ao acaso; está fundamentado apenas em experiências vivenciadas ou transmitidas de 
pessoas para pessoas; faz parte das antigas tradições. 
 Este conhecimento também pode derivar de experiências casuais, por meio de erros e 
acertos, sem a fundamentação dos postulados metodológicos; ou seja, é um conhecimento 
essencialmente de ordem prática. 
O primeiro nível de contato do intelecto com o mundo sensível se faz pelo conhecimento 
empírico, que se contenta com as imagens superficiais das coisas, com a visão ingênua do 
contexto exterior. Para Köche, "esse conhecimento, por suas características, não estabelece 
relações significativas de suas interpretações, proporcionando uma imagem fragmentaria da 
realidade. A forma pela qual se produz, somente proporciona condições de estabelecer 
relações entre as informações conseguidas de uma forma vaga e superficial". 
As declarações do conhecimento empírico referem-se à vivência imediata sobre os 
objetos ou fatos observados, e possui grandes limitações. Por ser um conhecimento do "dia-a-
dia" é preso a convicções pessoais, pode ser incoerente e até impreciso. Outras vezes, 
produz crenças arbitrárias com inúmeras interpretações para a complexidade de fatos. 
Geralmente, é fruto de uma inclinação de interesses voltados para os assuntos práticos e 
aplicáveis somente às áreas de experiência quotidiana. Por exemplo, pelo conhecimento 
empírico, os indivíduos sabem o que são folhas de uma planta ornamental, porém não 
conhecem sua classificação (ou seja, uma folha, quando completa, apresenta as seguintes 
partes: bainha, pecíolo e limbo), pois isto é assunto que compete à área da Botânica. É um 
conhecimento limitado, que não proporciona visão unitária global da interpretação das "coisas" 
ou fatos. 
O conhecimento de senso comum é considerado prático; sua ação se processa segundo 
conhecimentos adquiridos em ações anteriores, que não revelam relação científica, metódica, 
ou teórica. Quando obtido por informações, estas estão ligadas a uma ação humana. Seus 
acontecimentos procedem da vivência e parecem contidos previamente dentro dos limites do 
mundo empírico. Exemplificando: as pessoas que sabem escrever conhecem o objeto lápis, 
porém poucas são as que notaram que ele é composto de grafite, um condutor de energia. 
Reparem que o conhecimento empírico é a estrutura para se chegar ao conhecimento 
científico; embora de nível inferior, não deve ser menosprezado. Ele é a base fundamental do 
conhecer, e já existia muito antes de o ser humano imaginar a possibilidade da existência da 
ciência. 
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção 
operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma 
dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente (que conhece algo) e, de 
outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do 
sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela 
familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de 
assistemático baseia-se na "organização" particular das experiências próprias do sujeito 
 
cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na procura de uma formulação geral 
que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a 
pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida 
diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, 
pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras 
palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados 
além das percepções objetivas. 
Exemplo: desde a Antiguidade, até os nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou 
desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da 
colheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a 
defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as 
diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, 
no mesmo local, exaure o solo. No período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas 
cultivadas e uma terceira "em repouso", alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a 
mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da revolução agrícola não se 
prende ao aparecimento, no século XVII, de melhores arados, enxadas e outros tipos de 
maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XVI, da cultura do nabo e do 
trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra emrepouso: seu cultivo 
"revitalizava" o solo, permitindo o uso constante. 
Trata-se de conhecimento vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido 
de geração para geração por meio da educação informal e baseado em intuição e experiência 
pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição do solo, das 
causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos 
insetos etc. 
 
 CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
O conhecimento científico pressupõe uma aprendizagem superior. Ele se caracteriza 
pela presença do acolhimento metódico e sistemático dos fatos da realidade sensível. Através 
da classificação, da comparação, da aplicação dos métodos, da análise e síntese, o 
pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princípios e leis que estruturam um 
conhecimento rigorosamente válido e universal. 
O conhecimento científico preocupa-se com a abordagem sistemática dos fenômenos 
(objetos), tendo em vista seus termos relacionais que implicam noções básicas de causa e 
efeito. Ele difere do conhecimento empírico pela maneira de conhecer e pelos instrumentos 
metodológicos que utiliza. O conhecimento científico, englobando as seqüenciais de suas 
etapas, configura um método. 
De maneira geral, ele se prende aos fatos, isto é, tem uma referência empírica; embora 
parta deles, ele os transcende. Ele se vale da testagem empírica, a fim de formular respostas 
aos problemas colocados e para apoiar suas próprias afirmações. Geralmente, exige constante 
confrontação com a realidade e procura dar forma de problema mesmo do que já está aceito. 
Suas formulações são gerais, embora o objeto particular ou o fato singular interesse à medida 
que este pertence a uma classe ou a uma lei. 
Contudo, sempre se pressupõe que todo fato ou objeto é classificável e para estudo. Os 
eventos históricos apontam para inúmeras descobertas científicas. Como ilustração, podemos 
mencionar na área das ciências médicas, o medico e cientista brasileiro Vital Brasil, que 
desenvolveu um antídoto para a picada de cobras venenosas. O soro antiofídico que conseguiu 
preparar tornou-se conhecido e aplicado em todo o mundo. 
O conhecimento científico procura alcançar a verdade dos fatos (objetos) e depende da 
escala de valores e das crenças dos cientistas; ele resulta de pesquisas metódicas e 
sistemáticas da realidade. 
Segundo Galliano, "como o objeto da ciência é o universo material, físico, naturalmente 
perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante ajuda de instrumentos de investigação, o 
conhecimento científico é verificável na prática, por demonstração ou experimentação. Além 
disso, tendo o firme propósito de desvendar os segredos da realidade, ele os explica e 
demonstra com clareza e precisão, descobre suas relações de predomínio, igualdade ou 
 
subordinação com outros fatos ou fenômenos. De tudo isso conclui leis gerais, universalmente 
válidas para todos os casos da mesma espécie". 
O conhecimento científico se apresenta em função da necessidade de o ser humano estar 
constantemente procurando aperfeiçoar-se e não assumir uma postura simplesmente passiva, 
observando os fatos ou objetos, "sem poder de ação ou controle dos mesmos". Compete ao 
ser humano, fazendo uso de seu intelecto, desenvolver formas sistemáticas, metódicas, 
analíticas e críticas da missão de inventar e comprovar novas descobertas científicas. 
Para Popper, "o conhecimento que deve descrever e explicar-nos o mundo, sempre forma 
parte do mundo existente; por esse motivo, podem sempre surgir novas entidades com quem 
ele terá de haver-se (...), não temos conhecimento que vá além da experiência, mas, em 
momento algum, estamos autorizados a considerar complexa a experiência. Dessa maneira, o 
conhecimento, mesmo em seu grau mais alto, nada mais nos proporciona que um segmento do 
mundo existente. Toda realidade, verificamos, é em si mesma parte de uma realidade mais 
ampla". 
A literatura metodológica mostra que o conhecimento científico é adquirido pelo método 
científico e, sem interrupção, pode ser submetido a teste e aperfeiçoar-se, reformular-se ou até 
mesmo avantajar-se mediante o mesmo método. Para melhor entendimento, segue um 
exemplo dos avanços científicos na área da informática: a evolução dos microcomputadores, 
cuja primeira geração iniciou por volta de 1951 a 1957, com válvulas eletrônicas. Os 
conhecimentos foram aperfeiçoados e, de 1957 a 1964, apareceu no mercado o 
microcomputador com transistores. A terceira geração ocorreu por volta de 1964 a 1970, com 
circuitos integrados. Os conhecimentos foram melhorados e, de 1970 até os dias atuais, temos 
no mercado os computadores de última geração, que são os microcomputadores. O 
conhecimento não parou aí. Temos notícias de que, no Japão, com o andamento dos 
conhecimentos científicos, já estão desenvolvendo os microcomputadores da quinta geração; 
posteriormente outros surgirão. 
As mudanças tecnológicas marcantes que ocorreram de geração para geração foram: 
diminuição de tamanho, aumento da capacidade de processamento, redução de custo, 
aumento da velocidade de processamento etc. Reparem que, no conhecimento científico, 
ocorre uma retomada constante de novas descobertas ou ampliações, do passado para o 
presente, através dos procedimentos metodológicos. 
O conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, 
com toda "forma de existência que se manifesta de algum modo" (Trujillo, 1974:14). Constitui 
um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou 
falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no 
conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, 
formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui 
a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem 
ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, 
em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente 
exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de 
teoria existente. 
Apesar da separação "metodológica" entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, 
religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente 
pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série 
de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência 
cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de investigação 
experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se 
questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, 
pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar 
sobre o que dele dizem os textos sagrados. 
Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um 
cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada 
religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir 
segundo conhecimentos provenientes do senso comum. Exemplo: 
Hoje, a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos 
contra as pragas e hoje há o controle biológico dos insetos daninhos e pragas (cultivo 
orgânico). 
O conhecimento científico é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, 
sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos 
 
científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar 
os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizantedo que a relacionada com 
um simples fato - urna cultura específica, de trigo, por exemplo. 
 
Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico 
 
O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue 
do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que 
os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do "conhecer". Saber 
que determinada planta necessita de uma quantidade "X" de água e que, se não a receber de 
forma "natural", deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, 
nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza 
dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que 
distinguem uma espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos: 
a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. 
b) Um mesmo objeto ou fenômeno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações 
entre chefes e subordinados - pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanta 
para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular 
é a forma de observação. 
Para Bunge (1976:20), a descontinuidade radical existente entre a Ciência e o 
conhecimento popular, em numerosos aspectos (principalmente no que se refere ao método), 
não nos deve fazer ignorar certa continuidade em outros aspectos, principalmente quando 
limitamos o conceito de conhecimento vulgar ao "bom-senso". Se excluirmos o conhecimento 
mítico (raios e trovões como manifestaç6es de desagrado da divindade pelos comportamentos 
individuais ou sociais), verificamos que tanto o "bom-senso" quanto a Ciência almejam ser 
racionais e objetivos: "são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se 
aos fatos em vez de permitir-se especulações sem controle (objetividade)". Entretanto, o ideal 
de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados 
fundamentados e passiveis de verificação, é obtido muito mais por intermédio de teorias, que 
constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido como 
acumulação de partes ou "peças" de informação frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal 
de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não 
pode ser alcançado se não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da 
experiência particular; é necessário abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular 
hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos 
sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxílio das teorias. Por 
esse motivo é que o senso comum, ou o "bom-senso", não pode conseguir mais do que uma 
objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente 
vinculado à percepção e à ação. 
 
 
 O CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
 
A filosofia teve seu início na Jônia (Ásia Menor), com Tales de Mileto, e na Magna Grécia 
(Sul da Itália), no século VI a.C. 
Após o sucesso de Atenas na luta contra os persas, desviou-se e expandiu a sabedoria 
na Grécia, e tiveram grande destaque nesses conhecimentos Sócrates (por volta de 469-399 
a.C.) e Platão (mais ou menos 427-347 a.C.) e Aristóteles (aproximadamente, 384-322 a.C.). 
Por conseguinte, o pensamento filosófico foi difundindo-se por todo o mundo civilizado, com 
uma tradição que prevalece até os dias atuais. 
O grande mérito da filosofia é justamente desenvolver no ser humano a possibilidade de 
 
reflexão ou a capacidade de raciocínio. Ela não e uma ciência propriamente dita, mas a busca 
do saber.A filosofia, ou seja, a reflexão crítica, deve ser uma atitude de todas as pessoas que 
se propõem a fazer qualquer estudo, pois exercita e educa o intelecto; caso o homem não se 
esforce para isso, seu raciocínio tende a atrofiar-se.Em filosofia, podemos falar principalmente 
em duas posturas que conduzem à reflexão. A primeira tem como ponto de partida os objetos 
reais e é denominada de realismo; a segunda tem como ponto de partida as idéias, e é 
designada idealismo. Ambas as posturas são criticadas pelos estudiosos. 
Segundo Jolivet, "o problema do alcance do conhecimento é um problema distinto do 
precedente, porque o fato certo de que somos capazes de chegar ao verdadeiro deixa subsistir 
a questão de saber que verdades ou que coisas somos efetivamente suscetíveis de conhecer". 
Podemos, aqui, distinguir duas opiniões que contêm, cada uma, muitas variedades: uma afirma 
que só podemos conhecer idéias (idealismo) e outra admite conhecermos as coisas reais 
(realismo). 
O idealismo proposto por Descartes consiste em dizer que o homem não conhece 
diretamente e imediatamente, a não ser seu próprio pensamento. O idealismo faz as seguintes 
colocações: 
a) o imanente do conhecer - o princípio de imanência do conhecer é considerado pelo 
idealismo como evidente. A demonstração que ele se propõe dar consiste em dizer que a razão 
para conhecer não pode sair de si para vagar nas coisas, não tem mais do que a aparência de 
demonstração. O princípio de imanência é um puro postulado. 
b) A crítica das noções de substância e de matéria - a idéia de substância é inconsciente. 
"A matéria não é nem isto nem aquilo, nem nada de determinado", segundo Berkelea, citado 
em Curso de filosofia, de Jolivet. Ela é, então, absolutamente impensável e não corresponde a 
nada real. Conclui-se que todo real se reduz a fenômenos, que nada mais são do que as 
idéias. Ser, nesta concepção, é perceber ou ser percebido. 
O realismo é a doutrina que professa a realidade do mundo exterior. O realismo faz os 
seguintes enunciados: 
a) o objeto da inteligência, afirmando a realidade objetiva do ser, é ordenar o 
conhecimento do ser; para o realismo o objeto da inteligência é realmente a universalidade do 
ser. É daí que nasce em nós o desejo de saber sempre mais, de tudo penetrar e abarcar pelo 
próprio espírito. 
b) Os limites efetivos da razão humana, observando por outra parte, é que nossa 
inteligência é condicionada em seu exercício por órgãos corporais; o realismo não conseguiria 
esquecer os limites efetivos de nosso conhecimento, limitado por um máximo e por um mínimo. 
A reflexão fundamenta-se sobretudo na crítica analítica e sistemática em nome de 
todas as "coisas", objetos reais e sobre as questões ideais que envolvem o pensamento e a 
ação humana. 
Entende-se que o conhecimento filosófico extrai tanto das ciências já existentes, como 
das demais preocupações da inteligência do homem, suas metas gerais. A evolução das 
ciências de modo geral não poderia progredir de forma rápida se não fosse com o auxílio do 
conhecimento da filosofia dos séculos XV e XVI. Com base nas reflexões, por exemplo, dos 
estudos de Galileu, que relacionou as leis do movimento, surgiu a mecânica clássica; as 
invenções de Newton adquiriram autoridade nas ciências físicas só comparável à de Aristóteles 
com a Lógica e tantos outros estudiosos tradicionais. 
O conhecimento filosófico conduz a uma reflexão crítica sobre os fenômenos e possibilita 
informações coerentes. Seu objetivo é o desenvolvimento funcional da mente, procurando 
educar o raciocínio. O estudioso, ao obter as informações das operações mentais e de todas 
as formas de processá-lo, chega habitualmente a um raciocínio 1ógico e a um espírito 
científico. É a razão que nos dá o conhecimento; a intuição nos oferece o fato de que a razão 
coordena, analisa e sintetiza numa visão clara e ordenada. Assim, percebe-se que o homem 
atrai pelo intelecto, a razão deduz e induz e ainda demonstra, atraindo também relações entre 
os fatos (objetos) de estudos. 
Segundo Wittgenstein, "o filósofopensante não percebe que seus conceitos não poderão 
jamais ser optativos dentro de limites precisos, pois é o cientista, e não ele, que pode traçar 
limites precisos; o cientista pode responder às questões que se coloca". Daí dizer-se que não 
se deve ficar num eterno filosofar. Refletindo sobre a maneira pela qual conhece o objeto de 
 
estudo, a inteligência apreende o objeto concreto; e, ao apreendê-lo, alia-se com o objeto que 
percebe. 
Reparem que o conhecimento filosófico não está isolado no topo da atividade intelectual. 
Ele oferece as ciências de todas as áreas do saber seus princípios, enquanto o conhecimento 
científico oferece à filosofia novos dados, capazes de transformar os princípios gerais e 
reformulá-los, e torná-los passíveis de novas descobertas. 
Existe profunda interdependência entre o conhecimento filosófico e os demais 
conhecimentos, como o científico, o teológico e o empírico. O conhecimento filosófico 
unicamente guia para a reflexão e conduz à elaboração de princípios e de valores universais 
válidos para a ciência. Não está isolado dos demais tipos de conhecimentos; ele é um 
elemento dinâmico e operante no processo geral do conhecimento humano. 
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, 
que não poderão ser submetidas à observação: "as hipóteses filosóficas baseiam-se na 
experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação" 
(Trujillo, 1974:12); por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os 
enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não 
podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de 
enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas 
hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa 
tentativa de apreendê-Ia em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na 
busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz 
de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos 
ao decisivo teste da observação (experimentação). 
 Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para 
questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente 
recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange 
fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de 
instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias, 
relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por 
essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), 
como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o 
experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que 
é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega "o método racional, no qual 
prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação 
experimental, mas somente coerência lógica" (Ruiz, 1979:11o). O procedimento científico leva 
a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, 
atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre a procura do 
que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do 
universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, 
busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência. 
 
 O CONHECIMENTO RELIGIOSO 
O conhecimento teológico é um produto do intelecto do ser humano que recai sobre a fé; 
provam das revelações do mistério oculto ou do sobrenatural, que são interpretadas como 
mensagem ou manifestação divina. Este conhecimento está intimamente relacionado à fé e à 
crença divina, ou ainda a um Deus, seja este Jesus Cristo, ou Maomé, ou Buda, ou um Ser 
Invisível, ou uma Autoridade Suprema, com quem o ser humano se relaciona através de sua fé 
religiosa. Não importa qual seja sua crença e tampouco qual seu Deus; importa, porém, sua fé. 
De modo geral, apresenta respostas para as questões que o ser humano não pode 
responder, como os demais conhecimentos (filosófico, empírico ou científico), pois envolve 
aceitação, ou não. É conseqüência da fé que o aceitante deposita na existência de uma 
divindade. 
Para melhor entendimento, o conhecimento teológico está ligado à fé, assim como a 
botânica está ligada à vida das plantas. Sem a vida das plantas não poderia haver botânica; 
ou, sem os astros, seria impossível a existência da astronomia. Da mesma forma, é impossível 
a existência desse conhecimento sem a existência da fé. 
 
Segundo Ruiz, "a fé religiosa é um fato que nem a teologia ou a ciência do fato religioso 
podem explicar ou justificar cabalmente. A fé religiosa é de ordem místico-intuitiva e não de 
ordem racional-analítica". 
Os levantamentos bibliográficos sobre este assunto são unânimes em dizer que a fé é a 
vida do homem em suas relações sobre-humanas, ou seja, a vida do homem em relação ao 
poder de Deus, que o criou. Os ontologistas vão mais além, dizendo que não é necessário 
demonstrar a existência de Deus, porque, segundo eles, a existência de Deus é imediatamente 
evidente, e não se demonstra a evidência. Ela vale por si só. 
Santo Tomas de Aquino faz uma observação de que não é evidente para todos, mesmo 
entre os que admitem a existência de Deus, que Deus seja o Ser absolutamente perfeito, e tal 
que não se possa conceber maior. Muitos filósofos pagãos disseram que o mundo era Deus; 
certos povos consideravam como Deus o sol ou a lua. Isto significa que cada indivíduo, desde 
os primórdios até os dias atuais, pode ter Deus de diversas formas, o que não invalida o 
conhecimento teológico. 
O ser humano é essencialmente radicado em uma fé; a prova que mais manifesta que o 
homem é esta pessoa por natureza dotada de fé está em não haver jamais alguém encontrado 
uma tribo, por mais selvagem que seja, totalmente destituída de qualquer culto ou idéia 
religiosa. 
A fé na pessoa manifesta-se nos poderes de a mesma pensar, sentir e querer. Ela tem 
sua morada na parte invisível e espiritual do homem, compreendendo todos os poderes do 
homem, pois envolve uma operação unida e coesa de todas as faculdades da pessoa. 
Consiste mais em ser do que em fazer. 
O ser humano dificilmente deixara de ter um conhecimento teológico, pois as experiências 
da própria vida estão ligadas com revelações divinas e com a própria fé. 
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em doutrinas que contêm proposições 
sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse 
motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); e um conhecimento 
sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador 
divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante 
um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de 
que as "verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em "revelação" da 
divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão 
sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas 
evidências não são postas em dúvida, nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e 
cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmentedo Homem, demonstra as 
abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos 
ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos 
concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. 
Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e 
experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na 
evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar 
da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento 
teológico o fiel não se detém nelas a procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou 
seja, da revelação divina. 
 
 
 
 
Sistematização das características dos quatro tipos de conhecimento: 
 
 
 
Conhecimento 
Popular 
 
Conhecimento 
Científico 
Conhecimento 
Filosófico 
Conhecimento 
Religioso 
(Teológico) 
Valorativo 
 
Reflexivo 
 
Assistemático 
 
Verificável 
 
Falível 
 
Inexato 
Real (factual) 
 
Contingente 
 
Sistemático 
 
Verificável 
 
Falível 
 
Aproximadamente 
exato 
Valorativo 
 
Racional 
 
Sistemático 
 
Não verificável 
 
Infalível 
 
Exato 
 
Valorativo 
 
Inspiracional 
 
Sistemático 
 
Não verificável 
 
Infalível 
 
Exato

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