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23/03/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/3 Neste contexto, já se torna clara a necessidade de uma Engenharia Civil Integrada. A partir da emissão da Licença Prévia, na qual o órgão ambiental impõe os condicionantes e requisitos para que o empreendimento seja permitido, inicia-se um longo trabalho multidisciplinar, constituído dos mais variados estudos preliminares e da elaboração simultânea do EIA/RIMA e do projeto. A expressão projeto, neste trabalho, vem sendo usada propositalmente no singular. Na prática mais usual, o projeto é subdividido em projeto principal e projetos complementares. O projeto principal é o projeto do que propriamente se pretende realizar. Um edifício residencial ou para serviços, uma praça, uma ponte, uma ferrovia, uma usina nuclear. Neste sentido, todo projeto principal é sempre um projeto de arquitetura ou de urbanismo. “A arquitetura, ao dar forma e organizar os espaços, cria as condições materiais para os nossos movimentos, para os nossos encontros e para a nossa privacidade. Desta forma, ela interfere em todas as nossas relações sociais” (HILLIER; HANSON, apud Ferreira,2006). Sendo assim, seja para uma usina nuclear, para um museu ou para uma ferrovia, um bom projeto principal visa à organização dos espaços para facilitar a sua utilização, em função do exercício das atividades, dos acessos a cada ambiente, bem como das suas interfaces e peculiaridades. Os projetos complementares são aqueles que definem como o projeto principal será realizado. Exatamente por esta razão, estes devem estar plenamente submetidos ao projeto principal, bem como o projeto principal deve ser suficientemente flexível, para acomodar todas as necessidades de todos os complementares. Para a construção de um edifício, por exemplo, além do projeto arquitetônico, diversos outros são necessários, tais como o projeto da sua estrutura, o projeto das suas fundações, o projeto elétrico, o projeto hidráulico sanitário e o projeto de prevenção e combate a incêndio, no mínimo. Cada um destes projetos requer as habilidades de um técnico com competências especificas da sua área. Em geral, todos estes profissionais são engenheiros civis, mas cada um especializado em um segmento. A primeira exceção refere-se ao projeto elétrico. Muito embora todo engenheiro civil tenha formação suficiente para pequenas instalações elétricas, os projetos elétricos de edifícios ou de obras mais complexas são, normalmente, elaborados engenheiros eletricistas. Se o empreendimento tiver elevadores, escadas rolantes, ar-condicionado central, mais projetos complementares serão necessários, em geral elaborados por engenheiros mecânicos. Tradicionalmente, os trabalhos de elaboração do projeto de execução eram organizados numa sequência relativamente linear. Concluída a definição do projeto principal, a peça gráfica produzida, geralmente denominada projeto pré-executivo ou projeto executivo preliminar, era distribuída ao encarregados da elaboração de cada projeto complementar, ou seja, projeto estrutural, projeto de fundações, 23/03/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/3 projeto hidráulico sanitário e de drenagem, projeto de prevenção e combate a incêndio, projeto elétrico e outros eventualmente necessários. Após a elaboração de tais projetos, definidos e detalhados em paralelo, era concluído e consolidado o projeto executivo principal. Dependendo do porte da obra, um coordenador, ou uma equipe de coordenação de projeto, verificava e providenciava a correção de eventuais interferências. Devido ao crescimento da complexidade dos empreendimentos e à crescente redução de prazos, cresceu a tendência de elaborar todos os projetos em paralelo, a partir de um projeto principal bem simplificado, que foi denominado projeto básico ou projeto base. Assim, enquanto o próprio projeto principal vai sendo definido e detalhado, já vão sendo elaborados os projetos da estrutura e das fundações, simultaneamente, a partir de simples estimativas de cargas, bem como todos os demais projetos complementares. Com esta tendência, abreviou-se bastante o prazo para início da obra. Contudo, surgiu também a necessidade de uma nova atividade, denominada compatibilização de projetos, cuja árdua tarefa é buscar incongruências entre os diversos projetos, elaborados isoladamente, e apontar soluções para torná-los compatíveis uns com os outros. Tais incongruências podem ser simples, tais como um pilar de 20 cm de largura embutido numa alvenaria de 12 cm, ou um tudo de 75 mm de diâmetro, para drenagem, embutido numa laje com 8 cm de espessura e com armadura dupla. Porém, também podem ser insolúveis, tais como dutos de ar-condicionado, que reduziriam demasiadamente o pé direito de escritórios, ou tubos de esgoto no teto de garagens, cuja declividade criaria passagens com alturas inferiores às exigidas por lei. Em países mais desenvolvidos, tais como a maior parte dos europeus, os EUA, o Japão, a China, a engenharia civil já convenceu os empreendedores a abdicar da redução do prazo para o início da obra, em benefício da redução do prazo total do empreendimento. Enquanto aqui são despendidos cerca de quatro, às vezes mais de cinco anos, para entregar um edifício de 30 andares, o prazo médio para a execução de edifícios de 60 andares, no Japão, é de um ano. Recentemente, na China, um hotel de 30 andares foi concluído em apenas 360 horas de obra, ou seja, em quinze dias, trabalhando-se continuamente, 24 horas por dia. É claro que esse edifício não foi totalmente construído em prazo tão curto. Todos os seus componentes foram pré fabricados e o tempo de produção das peças não está incluído nesse recorde de tempo de trabalho no canteiro de obras. Mas representa um dos melhores exemplos de Engenharia Civil Integrada. No âmbito desta engenharia civil mais desenvolvida, tanto o processo de elaboração do projeto em sequência linear, como o processo de elaboração dos diversos projetos em paralelo, vêm sendo substituídos por um processo simultâneo, cíclico e retro alimentado, com comunicação constante e imediata entre os diversos segmentos. Trata-se de um circulo virtuoso, no qual cada decisão de um profissional é verificada e transmitida imediatamente aos demais envolvidos. Neste contexto, na mesma medida em que vem crescendo a importância do gerente de projeto, vai-se reduzindo e caindo em desuso a posterior tarefa de compatibilização de projetos complementares, pois este já nascem compatíveis. 23/03/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/3 As ferramentas eletrônicas para elaboração de projetos (CADs) que permitem este detalhamento integrado e simultâneo, classificadas como BIM (Building Information Modeling), não só permitem, mas são o resultado lógico desta filosofia de trabalho. Em algumas destas plataformas, todos os diferentes especialistas envolvidos no projeto, mesmo estando em lugares diferentes, trabalham em um projeto único, (on line) conectados pela Internet. Desta forma, as interferências são percebidas antes de se tornarem incompatibilidades. Se, por exemplo, o projetista das instalações hidráulicas tenta inserir mais tubos do que um dado “shaft” comporta, o programa não aceita. Então, este projetista tem que solicitar ao arquiteto o aumento das dimensões deste “shaft”. Este aumento pode implicar, por exemplo, em redução da área do chuveiro e, se necessário, o arquiteto faz as acomodações adequadas para que este “shaft” possa ser aumentado. Porém, caso a armadura da laje já esteja detalhada, o arquiteto não conseguirá inserir as modificações, sem pedirao calculista para refazer o arranjo da armadura. Caso o novo arranjo interfira com um ponto de luz já definido no projeto elétrico, o calculista terá que buscar outro arranjo ou negociar com o projetista de elétrica a mudança deste ponto de luz. Sem dúvida, este método de detalhar requer muito mais tempo do que os métodos tradicionais. Porém, ao final do detalhamento o projeto estará integro e livre de interferências. E, do ponto de vista de uma Engenharia Civil Integrada, não resta dúvida de que cada hora técnica “gasta” na elaboração do projeto, pode implicar em dias, ou semanas, de tempo “economizado” em obra.
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