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Gestão de Recursos Federais de Defesa Civil Gestão de Recursos Federais de Defesa Civil 2ª Edição 2014 Universidade Federal de Santa Catarina Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Gestão de recursos federais de Defesa Civil / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. – 2. ed. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2014. 252 p. : il. color. ; 30 cm. ISBN 978-85-68652-00-8 1. Defesa Civil. 2. Recursos federais. 3. Administração pública. 4. Município. 5. Estado. I. Universidade Federal de Santa Catarina. III. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. I. Título. CDU 35 Catalogação na publicação por: Graziela Bonin – CRB14/1191. Ficha Catalográ� ca PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Francisco José Coelho Teixeira SECRETÁRIO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Adriano Pereira Júnior DIRETOR DO CENTRO NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RISCOS E DESASTRES – CENAD Élcio Alves Barbosa DEPARTAMENTO DE ARTICULAÇAO E GESTÃO Alziro Alexandre Gomes DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES Armin Augusto Braun DEPARTAMENTO DE REABILITAÇÃO E DE RECONSTRUÇÃO Paulo Roberto Farias Falcão UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Professora Roselane Nekel, Dra. Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Sebastião Roberto Soares, Dr. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES Diretor Geral Professor Antônio Edésio Jungles, Dr. Diretor Técnico e de Ensino Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Superintendente Geral Professor Gilberto Vieira Ângelo, Dr. EXECUÇÃO DO PROJETO Supervisão do Projeto Beatriz Ferreira Angelo de Deus Jairo Ernesto Bastos Krüger Pedro Paulo de Souza Elaboração do Conteúdo Antonio Victorino Avila Beatriz Ferreira Angelo de Deus Jairo Ernesto Bastos Krüger José Marcos Tesch Marilia Off emann Skowronski Pedro Paulo de Souza Revisão de Conteúdo Graziela Bonin Pedro Paulo de Souza Revisão de Conteúdo SEDEC Anderson da Cruz Neves Luiz Claudio de Freitas Maria Cristina Dantas Raquel Trombini Sônia Aparecida Godoy Bezzan Coordenação Gráfi ca Denise Aparecida de Bunn Revisão de Português Sergio Luiz Meira Projeto Gráfi co Studio Digital Diagramação Cláudio José Girardi Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0 Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil. Lista de Figuras Figura 1 – Linha do tempo de um desastre ............................................................................22 Figura 2 – Ações de recuperação.......................................................................................... 26 Figura 3 – Ciclo de gestão em proteção e defesa civil ........................................................... 26 Figura 4 – Formas de repasses federais de defesa civil ..........................................................35 Figura 5 – Ilustração de convênios e transferências obrigatórias ...........................................36 Figura 6 – Despesas da União ...............................................................................................36 Figura 7 – Fluxo do processo para convênios .........................................................................39 Figura 8 – Fluxo do processo para ações de resposta ............................................................40 Figura 9 – Fluxo do processo para ações de recuperação ......................................................41 Figura 10 – Linha de gravidade do desastre ..........................................................................47 Figura 11 – Procedimentos necessários para envio de proposta ........................................... 60 Figura 12 – Definição do programa .......................................................................................62 Figura 13 – Seleção de objeto do programa proposto............................................................62 Figura 14 – Cadastro de valores ............................................................................................62 Figura 15 – Complementação de proposta ............................................................................63 Figura 16 – Finalização do cadastro ..................................................................................... 66 Figura 17 – Metas e etapas de um Plano de Trabalho .............................................................91 Figura 18 – Construção de uma ponte .................................................................................. 94 Figura 19 – Estabilização de uma encosta ............................................................................ 94 Figura 20 – Documentação necessária à assinatura do Termo de Convênios .......................100 Figura 21 – Documentos necessários à liberação da primeira parcela dos recursos .............100 Figura 22 – Documentação necessária à formalização da transferência federal de recursos para as ações de Resposta ................................................................................... 101 Figura 23 – Documentação necessária à formalização da transferência obrigatória para Recuperação ....................................................................... 102 Figura 24 – Fluxo básico da tramitação entre o reconhecimento federal e a liberação de recurso ...................................................................................................... 103 Figura 25 – Gráfico de Gantt ...............................................................................................129 Figura 26 – Fase interna de licitação ................................................................................... 150 Figura 27 – Fase externa da licitação ................................................................................... 156 Figura 28 – Contrato administrativo X Convênio .................................................................169 Figura 29 – Relatório de Execução ...................................................................................... 195 Figura 30 – Relatório de Execução ......................................................................................196 Figura 31 – Relatório de Execução .......................................................................................196 Figura 32 – Relatório de Gastos ...........................................................................................206 Figura 33 – Relatório de Gastos ........................................................................................... 207 Figura 34 – Relatório de Gastos........................................................................................... 207 Figura 35 – Ponte sobre o Rio São João ...............................................................................219 Figura 36 – Área de risco: encosta na Rua Joaquim Palmeira ...............................................220 Figura 37 – Ponte das Bandeiras..........................................................................................220 Figura 38 – Massa escorregada na Avenida Prudente de Morais .......................................... 221 Figura 39 – Massa rompida na Avenida Prudente de Morais ................................................ 221 Figura 40 – Malha urbana do município de Nova Resiliência ............................................... 222 Figuras 41 e 42 – Ausência de pavimentação na comunidade do bairro Terra Vermelha .......222 Figuras 43 e 44 – Estrada vicinal do município de Nova Resiliência...................................... 223 Figura 45 – Posto de Saúde da Beira Baixa destruído pela inundação .................................. 223 Figuras 46 e 47 – Casas que foram inundadas......................................................................224 Figura 48 – Casa destruída pela inundação .........................................................................224 Figura 49 – Rua principal da localidade da Beira Baixa sem pavimentação .......................... 225 Figura 50 – Novo acesso da Beira Baixa ao Centro .............................................................. 225 Figura 51 – Escola danificada pelo desastre ........................................................................226 Figuras 52 – Córrego Tupiri no centro da cidade ..................................................................226 Figura 53 – Canal do Pessegueiro que deve ser recomposto ................................................ 227 Figura 54 – Centro de Convivência do município parcialmente destruído ............................ 227 Figuras 55 e 56 – Rodovia estadual com 3 km de estrada destruída .....................................228 Figura 57 – Sistema de abastecimento danificado devido ao desastre .................................228 Figura 58 – Massa escorregada na Avenida Prudente de Morais .......................................... 234 Lista de Tabelas Tabela 1 – Demonstrativo dos desastres de maior incidência, por região e em porcentagem. ................................................................................................................ 31 Tabela 2 – Descrição das metas e itens ................................................................................. 74 Tabela 3 – Cronograma físico-financeiro .............................................................................. 92 Tabela 4 – Plano de aplicação ...............................................................................................93 Tabela 5 – Atividades e as fontes dos recursos financeiros .................................................. 110 Tabela 6 – Discriminação das despesas com o projeto de ponte ......................................... 117 Tabela 7 – Discriminação das despesas com Plano Diretor de Drenagem Urbana .....................117 Tabela 8 – Exemplo de um cronograma físico-financeiro ....................................................128 Tabela 9 – Limite de valores das modalidades de licitação ..................................................149 Tabela 10 – Preços diferentes para cada serviço .................................................................. 236 Tabela 11 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................242 Tabela 12 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................242 Tabela 13 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................242 Tabela 14 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................243 Tabela 15 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................243 Tabela 16 – Dados de Nova Resiliência................................................................................243 Tabela 17 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................244 Tabela 18 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................244 Tabela 19 – Dados de Nova Resiliência................................................................................244 Tabela 20 – Dados de Nova Resiliência ...............................................................................244 Tabela 21 – Dados de Nova Resiliência ................................................................................245 Tabela 22 – Dados de Nova Resiliência ...............................................................................245 Lista de Quadros Quadro 1 – Diplomas legais que regem e orientam a aplicação de recursos federais de Defesa Civil .......................................................................................................41 Quadro 2 – Tipos de desastres ............................................................................................. 48 Quadro 3 – Informações referentes ao PAC2 ...........................................................................................56 Quadro 4 – Programas federais correlatos ............................................................................ 57 Quadro 5 – Elementos constituintes do Projeto Básico ..................................................................... 121 Quadro 6 – Conteúdo dos projetos para obras de edificação ........................................................... 122 Quadro 7 – Exemplos de estudos técnicos preliminares para as obras mais frequentes ....... 125 Quadro 8 – Diretrizes da fase interna .................................................................................. 151 Sumário Apresentação ............................................................................................... 17 Unidade 1 — Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 1.1 Conceitos Fundamentais ..........................................................................................21 1.1.1 Conceitos e Noções Gerais de Defesa Civil ........................................................21 1.1.2 Política Nacional de Proteção e Defesa Civil ..................................................... 27 1.1.3 Desastres mais Frequentes no Brasil e Formas de Prevenção e Mitigação ......... 31 1.2 Modalidades de Recursos .........................................................................................34 1.2.1 Prevenção, Mitigação, Preparação, Resposta e Recuperação: como se dá o repasse? .............................................................................................................34 1.2.2 Convênios e Transferências Obrigatórias ..........................................................35 1.2.3 Naturezas de Despesa: custeio e investimento ............................................................. 36 1.2.4 Forma de Pagamento: CPDC ou movimentação de conta corrente específica ...... 38 1.2.5 Fluxos Básicos das Modalidades de Transferências de Recursos Disponíveis na SEDEC ..................................................................................................................39 1.2.6 Legislação Correlata .........................................................................................41 1.2.7 Lei n. 12.983/14 ............................................................................................... 44 1.3 Situação de Anormalidade ....................................................................................... 46 1.3.1 Decretação ...................................................................................................... 46 1.3.2 Reconhecimento Federal ................................................................................. 48 1.4 Revisão da Unidade ..................................................................................................51 Unidade 2 — Formas de Obtenção de Recursos Federais 2.1 Ações de Prevenção, Mitigação e Preparação ...........................................................55 2.1.1 “PAC Prevenção” ..............................................................................................55 2.1.2 Programas Federais para Convênios .................................................................562.1.3 Obtenção de Recursos Via OGU e Via Emendas Parlamentares .........................59 2.1.4 Envio de Propostas para Convênios ................................................................. 60 2.1.4.1 Cadastramento do proponente ....................................................................................... 61 2.1.4.2 Localização do programa ..............................................................................61 2.1.4.3 Cadastramento da proposta ..........................................................................61 2.1.4.4 Preenchimento das abas ...............................................................................63 2.1.4.4.1 Aba “Dados” ...............................................................................................63 2.1.4.4.2 Aba “Participantes” ....................................................................................65 2.1.4.5 Finalização ................................................................................................... 66 2.1.5 Objetos Elegíveis ............................................................................................. 66 2.2 Ações Pós-Desastre ........................................................................................... 68 2.2.1 Resposta ......................................................................................................... 68 2.2.1.1 Plano detalhado de resposta ............................................................................................69 2.2.1.1.1 Dados cadastrais ........................................................................................70 2.2.1.1.1.1 Proponente ..............................................................................................70 2.2.1.1.1.2 Coordenador de defesa civil .....................................................................70 2.2.1.1.1.3 Responsável pelos recursos materiais ...................................................... 71 2.2.1.1.1.4 Responsável pelos recursos financeiros ................................................... 71 2.2.1.1.1.5 Dados bancários do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC) ........... 72 2.2.1.1.2 Informações do desastre ............................................................................ 72 2.2.1.1.3 Solicitação de recursos materiais para assistência humanitária ................... 73 2.2.1.1.4 Solicitação de recursos financeiros ............................................................. 73 2.2.1.1.4.1 Ações para socorro e assistência às vítimas .............................................. 73 2.2.1.1.4.2 Ações para restabelecimento de serviços essenciais ................................ 74 2.2.1.1.4.3 Quadro resumo dos recursos financeiros solicitados ................................ 75 2.2.1.1.5 Termo de compromisso .............................................................................. 75 2.2.1.1.6 Disposições gerais ...................................................................................... 75 2.2.1.2 Cartão de Pagamento de Defesa Civil ............................................................76 2.2.1.2.1 Passos para a obtenção do CPDC ................................................................ 77 2.2.1.2.2 Dúvidas frequentes em relação ao CPDC ....................................................81 2.2.2 Recuperação ................................................................................................... 86 2.2.2.1 Plano de trabalho ................................................................................................................ 87 2.2.2.1.1 Número da versão ......................................................................................87 2.2.2.1.2 Dados cadastrais ........................................................................................87 2.2.2.1.3 Outros partícipes ........................................................................................88 2.2.2.1.4 Descrição do projeto ................................................................................. 89 2.2.2.1.4.1 Objeto ..............................................................................................................................89 2.2.2.1.4.2 Período total de execução ...................................................................... 90 2.2.2.1.4.3 Justificativa ............................................................................................ 90 2.2.2.1.5 Cronograma físico-financeiro .....................................................................91 2.2.2.1.6 Plano de aplicação .................................................................................... 92 2.2.2.1.7 Cronograma de desembolso .......................................................................93 2.2.2.2 Relatório de diagnóstico...............................................................................93 2.3 Revisão da Unidade ..................................................................................................95 Unidade 3 — Termo de Referência e Projeto Básico 3.1 Formalização do Instrumento de Transferência e Liberação da Primeira Parcela 99 3.1.1 Documentação Institucional ............................................................................ 99 3.1.1.1 Convênios ..................................................................................................... 99 3.1.1.2 Transferência obrigatória para ações de resposta ................................................... 100 3.1.1.3 Transferência obrigatória para ações de recuperação ................................... 101 3.1.1.4 Fluxo básico ................................................................................................. 103 3.2 Contratação de Estudos e Projetos ......................................................................... 103 3.2.1 Termo de Referência .......................................................................................104 3.2.2 Destaque na Jurisprudência do TCU ............................................................... 119 3.3 Projeto Básico ........................................................................................................120 3.3.1 Estudos Técnicos Preliminares ........................................................................124 3.3.2 Peças Técnicas Mínimas .................................................................................. 125 3.3.2.1 Desenho ...................................................................................................... 125 3.3.2.2 Memorial de cálculo dos dimensionamentos ............................................... 125 3.3.3 Orçamento ....................................................................................................126 3.3.3.1 Planilha de Custos e Serviços ....................................................................... 127 3.3.3.2 Composição de Custo Unitário de Serviço ................................................... 127 3.3.3.3 Caderno de encargos ...................................................................................129 3.3.3.4 Memorial descritivo ..................................................................................... 130 3.3.3.5 Especificação técnica ................................................................................... 130 3.4 Documentos Complementares ............................................................................... 131 3.4.1 Pontos Críticos do Orçamento ........................................................................ 132 3.4.2 Jurisprudência do TCU e Erros mais Frequentes .............................................. 133 3.4.3 Obras Provisórias em Ações de Resposta: laudo técnico e licenciamentos ...... 134 3.5 Revisão da Unidade ................................................................................................135 Unidade 4 — Licitação e Contratos 4.1 Licitação: revisão básica ......................................................................................... 139 4.1.1 Conceito e Noções Gerais ............................................................................... 139 4.1.2 Roteiros Práticos ............................................................................................ 141 4.1.2.1 Concorrência, Tomada de Preço e Convite – tipo menor preço ..................... 141 4.1.2.2 Concorrência e Tomada de Preços – tipo técnica e preço ............................. 143 4.1.2.3 Pregão Eletrônico ........................................................................................ 147 4.2 Licitação: Jurisprudência do TCU ............................................................................148 4.2.1 Escolhas da Modalidade e Tipo .......................................................................148 4.2.2 Fase Interna ................................................................................................... 150 4.2.3 Procedimentos para a Abertura do Processo Licitatório ................................. 151 4.2.4 Obras e Serviços de Engenharia ..................................................................... 152 4.2.5 Fase Externa .................................................................................................. 156 4.3 Contratação Direta: Jurisprudência do TCU............................................................. 159 4.3.1 Conceito e Noções Gerais ............................................................................... 159 4.3.2 Licitação Dispensada ..................................................................................... 161 4.3.3 Licitação Dispensável: emergência x urgência ............................................................. 164 4.4 Contratos: jurisprudência do TCU ...........................................................................168 4.4.1 Conceito e Noções Gerais ...............................................................................168 4.4.2 Formalização .................................................................................................169 4.4.3 Cláusulas Necessárias .................................................................................... 170 4.4.4 Cláusulas Exorbitantes ................................................................................... 171 4.4.5 Execução ....................................................................................................... 172 4.4.6 Acompanhamento e Fiscalização ................................................................... 172 4.4.7 Subcontratação e Sub-rogação ...................................................................... 174 4.4.8 Reajuste de Preços ......................................................................................... 175 4.4.9 Alteração ....................................................................................................... 176 4.4.10 Acréscimo ou Supressão, Jogo de Planilha ....................................................177 4.4.11 Equilíbrio Econômico-Financeiro .................................................................. 179 4.4.12 Prorrogações ............................................................................................... 181 4.4.13 Roteiro Prático para Contratos Administrativos ............................................ 183 4.5 CGU: erros mais frequentes verificados em obras de defesa civil ............................186 4.6 Revisão da Unidade ................................................................................................ 187 Unidade 5 — Aplicação de Recursos e Prestação de Contas 5.1 Aplicação de Recursos ............................................................................................ 191 5.1.1 Competências da SEDEC e do Convenente ..................................................... 191 5.2 Prevenção: estudos, projetos e obras ..................................................................... 191 5.2.1 Fiscalização da Execução ................................................................................ 191 5.2.2 Atualização no SICONV ..................................................................................192 5.2.3 Relatório de Execução ....................................................................................192 5.2.3.1 Cabeçalho ................................................................................................... 193 5.2.3.2 Escopo ........................................................................................................ 193 5.2.3.3 Prazos e custos ............................................................................................194 5.2.3.4 Contratos ....................................................................................................194 5.2.3.5 Conclusão ....................................................................................................194 5.2.3.6 Anexos ........................................................................................................ 195 5.2.4 Solicitação de Parcelas ...................................................................................196 5.2.5 Ajuste do Plano de Trabalho ...........................................................................196 5.2.6 Termo Aditivo ................................................................................................ 197 5.2.7 Revisões de Projeto ........................................................................................198 5.3 Recuperação: estudos, projetos e obras ..................................................................198 5.3.1 Fiscalização da Execução ................................................................................198 5.3.1.1 Relatório de progresso .................................................................................198 5.3.1.2 Cabeçalho ...................................................................................................199 5.3.1.3 Escopo .........................................................................................................199 5.3.1.4 Prazos e custos ............................................................................................199 5.3.1.5 Contratos ....................................................................................................200 5.3.1.6 Conclusão ....................................................................................................200 5.3.1.7 Anexos ......................................................................................................... 201 5.3.2 Solicitação de Parcelas ................................................................................... 201 5.3.3 Prorrogação de Prazos ...................................................................................202 5.3.4 Adequação de Metas ......................................................................................202 5.3.5 Revisão de Projeto..........................................................................................202 5.4 Ações de Resposta ................................................................................................. 203 5.4.1 Relatório de Gastos ........................................................................................ 203 5.4.1.1 Cabeçalho ................................................................................................... 203 5.4.1.2 Escopo ........................................................................................................ 203 5.4.1.3 Prazos e custos ............................................................................................204 5.4.1.4 Contratos ....................................................................................................2055.4.1.5 Conclusão ....................................................................................................205 5.4.1.6 Anexos ........................................................................................................206 5.4.2 Documentação da Fiscalização ......................................................................208 5.4.3 Revisões do Plano de Trabalho .......................................................................208 5.5 Prestação de Contas Final .......................................................................................209 5.5.1 Convênios ......................................................................................................209 5.5.2 Transferências Obrigatórias ............................................................................210 5.5.2.1 Resposta .....................................................................................................210 5.5.2.2 Recuperação ............................................................................................... 211 5.6 Tomada de Contas Especial ....................................................................................212 5.7 Revisão Final: roteiros básicos ................................................................................ 213 5.7.1 Prevenção ...................................................................................................... 213 5.7.2 Resposta ........................................................................................................214 5.7.3 Recuperação ................................................................................................... 215 Unidade 6 — Casos Práticos 1° Dia ....................................................................................................................219 Estudo de Caso 1: modalidade adequada de recursos ....................................................219 2º Dia ....................................................................................................................229 Estudo de Caso 1: decretação e reconhecimento de situação anormal ..........................229 Estudo de Caso 2: plano detalhado de resposta ............................................................ 230 Estudo de Caso 3: plano de trabalho de reconstrução .................................................... 230 3° Dia ....................................................................................................................232 Estudo de Caso 1: decretação e reconhecimento de situação anormal .......................... 232 Estudo de Caso 2: plano detalhado de resposta ............................................................. 233 Estudo de Caso 3: plano de trabalho de reconstrução e relatório de diagnóstico ...........234 4° DIA ...................................................................................................................236 Estudo de Caso 1: pontos críticos do orçamento ............................................................236 Estudo de Caso 2: aditivo contratual com acréscimos e supressões ............................... 237 Estudo de Caso 3: licitação x dispensa; modalidade ....................................................... 237 Estudo de Caso 4: simulação de uso do CPDC ................................................................ 238 5º Dia ................................................................................................................... 240 Estudo de Caso 1: licitação x dispensa; modalidade .......................................................240 Estudo de Caso 2: prorrogação de contrato (licitação/contratação direta) .....................240 Estudo de Caso 3: relatório de progresso .......................................................................241 Anexo A – Informações Básicas de Nova Resiliência ............................................. 242 Referências ................................................................................................247 Apresentação Este livro é fruto do curso “Recursos Federais de Defesa Civil”, promovido pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) com o propósito de capacitar agentes de defesa civil e gestores integrantes da administração pública estadual e municipal no processo de captação, aplicação e prestação de contas de recursos federais. O objetivo é orientar os proponentes ao longo de todo o processo, partindo da solicitação de reconhecimento federal quanto à situação de anormalidade, passando pelas instruções de preenchimento dos formulários para pedido de recursos e pelos padrões a serem observados na elaboração dos projetos de engenharia, alcançando a fiscalização da execução das obras e chegando, finalmente, às prestações de contas dos recursos federais recebidos e empregados na realização do objeto pactuado. O material detalha as exigências legais e os procedimentos vigentes na SEDEC, apontando recomendações e determinações do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União. Entretanto, não se pretende esgotar o tema, cabendo ao tomador dos recursos a inteira responsabilidade pela ciência da legislação em vigor. Unidade 1 Unidade 1 Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 21 1.1 Conceitos Fundamentais Nesta unidade são apresentados alguns conceitos básicos de proteção e defesa civil, a nova Política Nacio- nal de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) , e formas de prevenção dos desastres mais comuns no país. 1.1.1 Conceitos e Noções Gerais de Defesa Civil Para padronizar o entendimento, consideramos os seguintes conceitos adotados pela SEDEC: •• Desastre: resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou sociedade, envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais ou ambientais que excedem a sua capacidade de lidar com o problema usando meios próprios, e consequentes prejuízos econômicos. •• Intensidade: a intensidade de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e a vulnerabilidade do sistema; e é quantificada em função de danos e prejuízos. •• Risco: relação existente entre a probabilidade de uma ameaça de evento adverso e o grau de vulnerabilidade de o cenário se converter em desastre. •• Dano: resultado das perdas humanas, materiais ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos ecossistemas, como consequência de um desastre. •• Vulnerabilidade: nível de insegurança intrínseca de um cenário frente a um evento adverso determinado. 1 Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 22 Recursos Federais de Defesa Civil •• Ameaça: indício de ocorrência de um fenômeno adverso, atividade humana ou qualquer condição com intensidade ou severidade suficientes para causar perda de vidas, danos ou impactos à saúde humana, à economia, à infraestrutura e ao meio ambiente. •• Prejuízo: medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em circunstâncias de desastre. •• Recursos: conjunto de bens materiais, humanos, institucionais e financeiros utilizáveis nas ações de proteção e defesa civil. A Figura 1 apresenta a linha de tempo de um desastre. Cada fase compreende a execução de ações essencialmente distintas, porém inter-relacionadas, a saber: Figura 1 – Linha do tempo de um desastre Fonte: SEDEC (2014) I – Fase da Normalidade Esta fase é integrada por ações de Prevenção, Mitigação e Preparação. a) Prevenção: medidas adotadas com antecedência para evitar a instalação de situações de riscoe para evitar que as situações de risco instaladas se convertam em desastres, inclusive por meio de ações de planejamento e gestão territorial. Por exemplo, uma regulamentação sobre o uso do solo que não permita o estabelecimento de novos assentamentos em zonas de alto Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 23 risco, acompanhada de uma ação de realocação dos ocupantes dessas áreas e de um programa de permanente fiscalização, eliminando a vulnerabilidade dessa população beneficiada. É importante ressaltar que são raros (e muito onerosos) os casos em que uma atuação com foco na ameaça consiga eliminar por completo o risco (Figura 2). b) Mitigação: medidas destinadas a diminuir ou limitar a configuração de situação de risco. Frequentemente não se pode prevenir todos os impactos adversos das ameaças, mas se pode diminuir consideravelmente sua escala e severidade mediante diversas estratégias e ações. Como na maior parte das vezes não é possível se evitar por completo os riscos dos desastres (ou o custo para tal ação seria impraticável), aplicam-se usualmente medidas mitigatórias que buscam reduzir as consequências do evento, caso se materialize. Um exemplo é a construção de uma bacia de detenção, o popular “piscinão”, usada para reduzir a frequência de inundação de uma determinada zona urbana. c) Preparação: medidas anteriores ao desastre destinadas a minimizar seus efeitos e otimizar as ações de resposta e recuperação. Incluem, por exemplo, atividades tais como o planejamento de contingências, a reserva de equipamentos e suprimentos, o desenvolvimento de rotinas para a comunicação de riscos, capacitações e treinamentos, exercícios simulados de campo etc. Nas ações de preparação, a maioria das medidas empregadas são não estruturais, ou seja, medidas que não envolvem uma construção física e que utilizam o conhecimento, as práticas ou os acordos existentes para reduzir o risco e seus impactos, especialmente por meio de políticas e legislação, para uma maior conscientização pública mediante capacitação e educação. Na preparação também estão incluídos os sistemas de alerta antecipado, que representam um dos principais elementos da redução dos danos e prejuízos de desastres. Tais sistemas não diminuem a chance de o evento adverso ocorrer, mas evitam a perda de vidas e diminuem os impactos econômicos e sociais decorrentes dos desastres. No entanto, para serem eficazes, os sistemas de alerta antecipado devem incluir ativamente as comunidades localizadas em áreas de risco, facilitar a educação 24 Recursos Federais de Defesa Civil e a conscientização do público em geral sobre tais riscos, disseminar de forma eficiente e eficaz mensagens de alerta e de alarme e garantir treinamento e preparação constantes através de exercícios simulados de evacuação. A preparação acaba por se tornar o antecedente de uma mobilização eficaz, por aprestar o meio no qual poderá ocorrer um desastre, para encarar uma situação adversa. II – Fase pós-desastre Esta fase é composta por dois tipos de ações: Resposta e Recuperação. a) Resposta: medidas que visam à provisão de serviços de socorro, assistência e reabilitação dos cenários, incluindo o restabelecimento dos serviços essenciais, durante ou após um desastre. A resposta diante de um desastre se concentra predominantemente nas necessidades de curto prazo, mas algumas se prolongam no tempo, em caráter provisório, até que as ações de recuperação sejam concluídas. É possível, por exemplo, que haja necessidade de se prolongar o suprimento de água potável por carros-pipa, a provisão de alimentos e a manutenção de abrigos temporários ou o custeio de aluguel social até que a fase seguinte esteja concluída. As ações de resposta classificam-se em: •• Socorro: ações imediatas de resposta aos desastres com o objetivo de socorrer a população atingida, incluindo a busca e salvamento, os primeiros-socorros, o atendimento pré-hospitalar e o atendimento médico e cirúrgico de urgência, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. •• Assistência às Vítimas: ações imediatas destinadas a garantir condições de incolumidade e cidadania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água potável, a provisão e meios de preparação de alimentos, o suprimento de material de abrigamento, de vestuário, de limpeza e de higiene pessoal, a instalação de lavanderias, banheiros, o apoio logístico às equipes empenhadas no desenvolvimento dessas ações, a atenção integral à saúde, ao manejo de mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 25 •• Restabelecimento de Serviços Essenciais: ações de caráter emergencial destinadas ao restabelecimento das condições de segurança e habitabilidade da área atingida pelo desastre, incluindo a desmontagem de edificações e de obras-de-arte com estruturas comprometidas, o suprimento e distribuição de energia elétrica, água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem das águas pluviais, transporte coletivo, trafegabilidade, comunicações, abastecimento de água potável e desobstrução e remoção de escombros, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. b) Recuperação: medidas que visam à reabilitação de infraestrutura, do meio ambiente, da economia e da saúde da comunidade atingida por um desastre, tendo como foco evitar a instalação de novas situações de risco (Figura 2). Normalmente, as ações de recuperação iniciam-se tão logo a situação esteja estabilizada pelas ações emergenciais de resposta. As ações de recuperação de infraestrutura, por sua vez, estão divididas em reconstrução e restauração de obras afetadas por desastre, conforme segue: •• Ações de reconstrução: ações de caráter definitivo destinadas a restabelecer o cenário destruído pelo desastre, como a reconstrução ou recuperação de unidades habitacionais, infraestrutura pública, sistema de abastecimento de água, açudes, pequenas barragens, estradas vicinais, prédios públicos e comunitários, cursos d’água, contenção de encostas, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. •• Ações de restauração: aplicam-se às estruturas públicas destruídas ou interditadas em definitivo (total ou parcialmente) por ocasião de desastre, com danos pouco significativos frente ao seu valor original. Compreendem o conjunto de serviços necessários para recompor a obra danificada à sua situação pré-desastre, aproveitando grande parte da estrutura existente. Como exemplos, citam-se a recomposição de aterros de cabeceiras e a substituição de muros de ala de pontes danificados por desastre. 26 Recursos Federais de Defesa Civil Figura 2 – Ações de recuperação Fonte: Própria pesquisa (2014) Como visto, a reconstrução de obras danificadas ocorrerá apenas nos casos em que o custo da restauração for elevado frente ao valor estimado para a estrutura restaurada, conforme parâmetro estabelecido pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Dessa forma, enquanto a reconstrução garante que a nova obra esteja submetida a um nível adequado de risco, dentro do princípio de “reconstruir melhor” (através da incorporação, se necessário, de elementos de prevenção ou de mitigação), a restauração de estruturas pouco afetadas não interfere neste aspecto, dentro de uma visão de racionalização da aplicação dos recursos de transferência obrigatória pós-desastre. A atuação da proteção e defesa civil compreende ações de: prevenção,mitigação, preparação, resposta e recuperação. Estas ações ocorrem de forma multissetorial e nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal), exigindo uma ampla participação comunitária. Na Figura 3, pode-se visualizar o ciclo de gestão em proteção e defesa civil: Figura 3 – Ciclo de gestão em proteção e defesa civil Ciclo de Gestão em Proteção e Defesa Civil Prevenção e Mitigação Preparação RespostaRecuperação Desastre Fonte: Adaptado de UFSC (2012) Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 27 O ciclo de gestão parte do princípio de que ações contínuas possam atuar diretamente em todas as fases de desastres recorrentes com o propósito de mitigar os efeitos por eles causados. A cada reinício do processo objetiva-se fazer melhor que antes. Um exemplo dessa situação são as enxurradas recorrentes em um bairro nos períodos chuvosos da região. Ao se verem afetados por um desastre desse tipo, os moradores e profissionais devem agir, em ação de resposta, a favor das vítimas, buscando moradores ilhados nos carros, ônibus e casas. Também são necessárias medidas de restabelecimento dos serviços essenciais, como a remoção de lama, tamponamento provisório de erosões provocadas nas vias urbanas etc. Após alguns dias, ao fim das ações de resposta, iniciam-se as ações de recuperação, realizando-se os levantamentos técnicos, elaborando-se os projetos de engenharia e refazendo-se a pavimentação das vias afetadas. Todavia, já se inclui, como elemento de mitigação, a realização do sistema de drenagem superficial e profunda das vias recuperadas (bocas de lobo, galerias de drenagem etc.), de forma que o risco de um desastre semelhante seja aceitável a partir desta obra. Mas não se para por aí: o município pode buscar a realização de medidas preventivas de desastres, como a proibição (com fiscalização) da ocupação de novas zonas onde a supressão vegetal criará novas áreas de risco de desastre por enxurrada. Como preparação, pode desenvolver um sistema de alerta aos moradores sobre a possibilidade de ocorrência de chuvas fortes em determinado período. Tais ações, ano após ano, objetivam reduzir o risco e o dano trazidos pelo evento recorrente. 1.1.2 Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Proteção e Defesa Civil no Brasil estão organizadas sob a forma de sistema, composto por um conjunto de órgãos e entidades da administração pública federal, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e pelas entidades privadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil. Seus objetivos são planejar e promover a defesa permanente contra desastres, naturais ou provocados pelo homem, e atuar em situações de emergência e em estados de calamidade pública. A Lei n. 12.608/12 dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC) e institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), que abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil. 28 Recursos Federais de Defesa Civil A PNPDEC apresenta diretrizes e objetivos que se integram às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável. Por isso, foram atribuídas competências à União, estados, Distrito Federal e municípios, e não mais a órgãos isolados. Agora, de acordo com a sua função e posição na estrutura governamental, todos os órgãos, articuladamente, devem adotar medidas para a redução de desastres. Por exemplo, o Plano Plurianual 2012-2015 – Plano mais Brasil, instituído pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, arrola objetivos, define metas e estabelece o Programa 2040 – Gestão de Riscos e Resposta a Desastres com iniciativas a cargo dos ministérios envolvidos, a saber: •• Ao Ministério da Integração Nacional, cabe promover ações de pronta resposta e reconstrução de forma a restabelecer a ordem pública e a segurança da população em situações de desastre em âmbitos nacional e internacional; expandir o mapeamento de áreas de risco com foco em municípios recorrentemente afetados por inundações, enxurradas e deslizamentos, para orientar as ações de defesa civil; e induzir a atuação em rede dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil em apoio às ações de defesa civil, em âmbitos nacional e internacional, visando à prevenção de desastres; •• Ao Ministério de Minas e Energia, cabe realizar o mapeamento geológico-geotécnico com foco nos municípios recorrentemente afetados por inundações, enxurradas e deslizamentos para orientar a ocupação do solo; •• Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cabe promover a estruturação de sistema de suporte a decisões e alertas de desastres naturais; •• Ao Ministério das Cidades, cabe promover a prevenção de desastres com foco em municípios mais suscetíveis a inundações, enxurradas e deslizamentos, por meio de instrumentos de planejamento urbano e ambiental, monitoramento da ocupação urbana e implantação de intervenções estruturais e emergenciais. Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 29 Naturalmente que os principais papéis são desempenhados pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), órgão central da Proteção e Defesa Civil no País, coadjuvada pelos órgãos de proteção e defesa civil nos estados e municípios. Além de assistir ao Ministro de Estado no planejamento e promoção da defesa permanente contra as calamidades públicas, como membro efetivo do SINPDEC, a SEDEC é responsável pela coordenação e articulação dos órgãos e entidades que compõem esse sistema, particularmente no esforço de alterar a cultura de pensar em proteção e defesa civil só quando da ocorrência de desastres. Nos Estados, este papel é exercido pelos órgãos Estaduais de Proteção e Defesa Civil e seu desempenho têm demonstrado que mecanismos eficientes de apoio têm trazido resultados e efeitos muito positivos aos órgãos municipais de proteção e defesa civil. Como os desastres acontecem nos municípios, são estes que, além de tomarem as providências no enfrentamento de algum evento adverso, têm a responsabilidade no âmbito local de implantar a PNPDEC; coordenar as ações do SINPDEC; identificar e mapear áreas de risco de desastres; promover a fiscalização e vedar novas ocupações nessas áreas; estimular a participação de entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços, organizações não governamentais e associações de classe e comunitárias nas ações do SINPDEC e promover o treinamento de associações de voluntários para atuação conjunta com as comunidades apoiadas; declarar situação de emergência ou estado de calamidade pública; além de muitas outras ações. Destaca-se como importante inovação aos municípios inseridos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos, o disposto na Lei n. 12.608/12, art. 27, § 2º, que fala da obrigatoriedade do atendimento aos requisitos constantes da carta geotécnica de aptidão à urbanização, para a aprovação do projeto de loteamento e desmembramento. Os municípios não estão sós. Em 2012, o governo, preocupado com a recorrência de desastres, além de sancionar a Lei n. 12.608/12, lançou o Plano Nacional de Gestãode Riscos e Resposta a Desastres Naturais, dividido em quatro eixos temáticos: prevenção, mapeamento, monitoramento e alerta, e resposta a desastres. O plano prevê o aporte de R$ 15,6 bilhões a serem aplicados em 2013 e 2014 em obras estruturantes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), voltadas à prevenção de inundações e deslizamentos em 170 municípios de 17 regiões metropolitanas e bacias hidrográficas prioritárias; e ao combate aos 30 Recursos Federais de Defesa Civil efeitos da seca, como a construção de barragens, adutoras e sistemas urbanos de abastecimento de água, em nove estados. Estão previstos recursos de R$ 160 milhões para o mapeamento de risco hidrológico em todo o país e a identificação de áreas de risco de deslizamentos e enxurradas em 821 municípios, selecionados pelo histórico de danos humanos, além de planos de intervenção voltados à redução da vulnerabilidade das habitações e da infraestrutura nos setores de risco, com propostas de soluções para os problemas encontrados. Para monitoramento e alerta estão previstos R$ 362 milhões, destinados à estruturação, integração e manutenção da rede nacional de monitoramento, previsão e alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), do Ministério de Integração Nacional; e para a expansão da rede de observação, está prevista a aquisição de radares, pluviômetros, estações hidrológicas, estações agrometeorológicas, conjuntos geotécnicos e sensores de umidade de solo. E, finalmente, estão previstos R$ 2,6 bilhões para as ações coordenadas de planejamento, resposta e recuperação, alocados: •• Para a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNSUS), vinculada ao Ministério da Saúde, que visa prestar assistência rápida às populações atingidas por catástrofes, epidemias ou crises assistenciais, dotada de medicamentos, materiais de primeiros socorros e módulos de hospital de campanha capazes de atender a desastres simultâneos; •• Para a Força Nacional de Segurança Pública, agrupamento de polícia da União que assume o papel de polícia militar em distúrbios sociais ou em situações excepcionais nos estados brasileiros, reforçada com uma equipe de 130 bombeiros para atuar no socorro a vítimas com aeronaves; •• E, por último, para a Força Nacional de Emergência/Grupo de Apoio a Emergências (GADE), composta por geólogos, hidrólogos, engenheiros, agentes de Defesa Civil e assistentes sociais, de órgãos como o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Agência Nacional de Águas (ANA), Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 31 1.1.3 Desastres mais Frequentes no Brasil e Formas de Prevenção e Mitigação Conforme a Tabela 1, estiagem e seca, enxurrada e alagamento, inundação, vendaval e/ou ciclone, e granizo, todos de origem meteorológica, são os desastres mais recorrentes registrados no Brasil. Tabela 1 – Demonstrativo dos desastres de maior incidência, por região e em porcentagem. COBRADE Norte Nordeste Sudeste Centro-oeste Sul Total Estiagem e seca 18,5 78,2 35,4 21,4 39,6 53,1 Enxurrada e alagamento 26,1 12,9 31,7 37,5 23,1 21,2 Inundaçã gradual 38,8 8,0 18,1 27,1 7,8 11,5 Vendaval e/ou ciclone 2,1 0,2 5,7 3,1 16,9 7,0 Tornado 0,0 o,o o,o 0,1 0,4 0,1 Granizo 0,2 0,1 2,3 0,9 11,2 4,3 Geada 0,0 o,o 0,1 o,o 0,2 0,1 Incêndio florestal 6,3 0,0 0,2 2,0 0,1 0,3 Movimento de massa 0,4 0,2 5,8 0,0 0,5 1,4 Erosão fluvial 4,9 o,o 0,1 1,4 o,o 0,3 Erosão linear 2,7 0,1 0,3 6,4 0,1 0,4 Erosão marinha 0,0 0,2 0,4 o,o 0,0 0,2 Fonte: UFSC (2011) Apesar da origem, não existe padronização dos tipos de desastres nas regiões brasileiras: na região Norte, o evento mais recorrente é inundação; estiagens e secas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul; enquanto na região Centro-Oeste enxurradas e alagamentos são mais frequentes. Como vemos, a maior parte dos eventos causadores de desastres decorrem do excesso ou ausência de chuvas, mas a ocorrência e a intensidade dos desastres naturais dependem mais do grau de vulnerabilidade das comunidades afetadas do que da magnitude dos eventos adversos. Nas cidades, aumenta o risco de inundações em função da impermeabilização do solo decorrente da ocupação e do asfaltamento das vias urbanas, por força também da redução da cobertura vegetal no meio rural, que acarreta modificação da dinâmica das águas na bacia e dos condicionantes do ciclo hidrológico. Tal fato impacta os rios relativamente à quantidade e à qualidade da água e ainda provoca assoreamento, gerando danos às populações. 32 Recursos Federais de Defesa Civil As causas do alto grau de vulnerabilidade são muitas, mas a principal certamente é o acelerado processo de urbanização ocorrido a partir da década de 1950, sem políticas urbanas orientadoras do uso e ocupação do solo. Em decorrência, importantes parcelas da população mais pobre ocuparam e ocupam terrenos de menor ou de nenhum valor devido a restrições legais, por situação de risco potencial ou por necessidade de preservação ambiental. Os assentamentos precários logo se expandiram e se expandem em margens de rios e em áreas de grande declividade, compondo um quadro urbano vulnerável a enxurradas, inundações e deslizamentos de encostas; mesmo loteamentos legalmente implantados estão sujeitos a desastres associados a deslizamentos, pois o conhecimento do meio físico não tem sido incorporado nos planos diretores. Dessa forma, os gestores devem adotar medidas com o propósito de minimizar os efeitos de eventos adversos, bem como a sociedade civil deve agir de forma a reduzir a vulnerabilidade do local. A seguir, citam-se algumas ações de mitigação e prevenção para os principais desastres naturais do país. •• Estiagem e seca •• Manejo integrado das microbacias; •• Obras de captações difusas de água bruta; •• Poços profundos; •• Implantação de açudes; •• Racionalização do uso da água na irrigação (gotejamento x aspersão); •• Plantio direto; •• Seleção de culturas e de cultivares, com ciclos de produção compatíveis com os períodos de estiagens e resistentes ao alagamento; •• Perenização de rios intermitentes; e •• Interligação de bacias com transposição de deflúvios excedentes. •• Enxurrada, alagamento e inundações •• Estudo de previsão de inundações; •• Zoneamento; Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 33 •• Bacias de detenção e retenção; •• Projetos comunitários de manejo integrado de microbacias; •• Drenagem das vias urbanas; •• Construção de habitações diferenciadas, com sótãos habitáveis ou sobre pilotis; •• Obras de perenização e de controle de enchentes; •• Barragens de uso múltiplo; •• Construção de canais; •• Diques de proteção; e •• Limpeza e manutenção no sistema de drenagem urbana (galerias de drenagem, bocas de lobo, sarjetas, ...). •• Movimento de massa •• Controle das águas servidas, pluviais e do lixo; •• Controle da cobertura vegetal; •• Mapeamento das áreas de risco, microzoneamento e definição das áreas edificantes e não edificantes; •• Obras de retaludamento adequando a geometria dos taludes, como cortes e aterros; •• Obras de drenagem profunda, como trincheiras drenantes e drenos horizontais profundos (DHP); •• Obras de estrutura complexa, como tirantesisolados e cortinas atirantadas; e •• Obras de muros de gravidade. É importante salientar que, antes de iniciar uma obra estrutural em uma área de risco, é fundamental a utilização de estudos técnicos de alternativas para definir o tipo de obra mais indicada e obter uma solução, de fato, eficaz. Por exemplo, para os projetos de diques de proteção, canais de drenagem e barragens, devem ser elaborados diversos estudos. Os hidrológicos proporcionam o conhecimento da intensidade das chuvas da região e identificam que parcela infiltra e que parcela escoa superficialmente, definindo a probabilidade de ocorrência das vazões do curso d’água. Já os estudos hidráulicos permitem definir a velocidade do fluxo, a largura da seção, declividades e o material de que será construído o canal. Por sua vez, os estudos geológicos e de fluxo de 34 Recursos Federais de Defesa Civil sedimentos indicam a estabilidade de taludes e fornecem dados para avaliação da viabilidade de manutenção e operação da obra. Para projetos de poços profundos, os estudos hidrogeológicos são de grande importância, pois permitem identificar os níveis de água freáticos, a profundidade e espessura das diferentes camadas de solo, o potencial hídrico subterrâneo e se há contato com água salina, bem como indicar os locais mais adequados para a perfuração. São fundamentais tanto em terreno sedimentar quanto em cristalino. Para os municípios que possuem plano diretor de desenvolvimento urbano, é obrigatória a sua consulta para aprovação de qualquer projeto de loteamento. O plano diretor, elaborado com base em estudos de microzoneamento, é um instrumento que indica o local adequado para a obra que se deseja construir por delimitar as áreas de proteção ambiental, preservação permanente e de risco. 1.2 Modalidades de Recursos Este tópico tem como objetivo apresentar as formas de repasses federais da defesa civil, dispondo um panorama geral sobre o tema. 1.2.1 Prevenção, Mitigação, Preparação, Resposta e Recuperação: como se dá o repasse? Os repasses federais para ações de defesa civil possuem características diferentes, de acordo com as ações a que se destinam. Esta diferenciação visa garantir um equilíbrio no atendimento das várias ações de defesa civil, permitindo que os limitados recursos financeiros disponíveis possam ser destinados de forma balanceada tanto para medidas que buscam evitar desastres quanto para atuações em cenários já atingidos por um evento adverso. Para ações de prevenção, mitigação e preparação, os repasses são feitos por transferência voluntária, por meio de convênios, ou através do PAC Prevenção (para obras de grande porte com alcance regional). Para casos de risco iminente, é possível utilizar a transferência obrigatória com o intuito de prevenir a ocorrência do desastre. Em todas as situações, os órgãos federados obtêm os recursos mediante depósito em conta corrente específica. Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 35 Para ações de resposta, os repasses são feitos por transferência obrigatória, com liberação dos recursos via Cartão de Pagamento da Defesa Civil (CPDC). Para ações de recuperação, os repasses também são realizados por transferência obrigatória, entretanto com depósito dos recursos em conta corrente específica. A Figura 4 apresenta um esquema das características de repasses federais de acordo com as ações de proteção e defesa civil respectivas: Figura 4 – Formas de repasses federais de defesa civil Fonte: SEDEC (2014) 1.2.2 Convênios e Transferências Obrigatórias Como dito no item anterior, convênios referem-se a ações pré-desastre e transferência obrigatória, a ações pós-desastre. Em decorrência disso, destaca-se a principal diferença entre essas duas modalidades: na transferência obrigatória, os recursos são liberados antes da aprovação do projeto básico e do orçamento, devido ao caráter de urgência da situação. No entanto, cabe ressaltar que há prazos importantíssimos a serem respeitados para o pleito de transferência obrigatória, tanto para a solicitação do reconhecimento federal da anormalidade como para o envio dos Planos de Trabalho, que serão vistos em detalhe na Unidade 2. 36 Recursos Federais de Defesa Civil Figura 5 – Ilustração de convênios e transferências obrigatórias Fonte: Silva (2012) 1.2.3 Naturezas de Despesa: custeio e investimento Segundo a Lei n. 4.320/64, as despesas da União são classificadas em: a) Despesas Correntes, que se subdividem em Despesas de Custeio e Transferências Correntes; e b) Despesas de Capital, que se subdividem em Investimentos, Inversões Financeiras e Transferências de Capital. Na Figura 6 é possível visualizar o diagrama dessa classificação: Figura 6 – Despesas da União Fonte: Baseado em Brasil (1964) Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 37 A Lei n. 4.320/64 ainda define Custeio e Investimento: •• Custeio: dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. Exemplos de ações realizadas com recursos de defesa civil, obtidos via transferência obrigatória, para custeio (grupo de despesa 3): compra de cestas básicas e reparo de bombas de sistemas de abastecimento (ação contra seca ou estiagem). •• Investimento: dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Exemplos de codificação de grupos de despesa para ações realizadas com recursos de defesa civil, obtidos via convênio ou transferência obrigatória, para investimento (grupo de despesa 4): 4.4.90.51.80: investimentos na elaboração de projetos, planos ou estudos que sejam necessários para as obras de reconstrução (Plano Diretor de Drenagem Urbana, Projetos Básicos etc.); 4.4.90.51.91: obras reconstruídas (pontes, escolas, casas etc.); 4.4.90.51.92: instalações (bombas para recuperação de sistemas de abastecimento etc.); e 4.4.90.51.93: benfeitorias em propriedade de terceiros (Atenção: são casos muito específicos, devidamente autorizados pela SEDEC, como recuperação de residências atingidas por granizo). Ao se tratar de despesas com desastres, seja na fase pré ou pós-desastre, é importante ter clara a diferença entre obras e serviços de engenharia. A desobediência nesta classificação é irregularidade grave perante o TCU e pode resultar na solicitação da devolução dos recursos, ainda que empregados para o bem da comunidade. Sendo assim, de acordo com a OT – IBR 002/2009 do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (IBRAOP, 2009 ): •• Obra de engenharia: é a ação de construir, reformar, fabricar, recuperar ou ampliar um bem, na qual seja necessária a 38 Recursos Federais de Defesa Civil utilização de conhecimentos técnicos específicos envolvendo a participação de profissionais habilitados conforme o disposto na Lei Federal n. 5.194/66. Como exemplos de obras de engenharia que aplicam recursos de defesa civil têm-se: reconstrução de ponte, perfuração de poços profundos como ação emergencial de combate à seca, perfuração de poços profundos como ação preventiva, construção de taludes, reforma de escolas, dentre outros. •• Serviço de engenharia: é toda a atividade que necessite da participação e acompanhamento de profissional habilitado conforme odisposto na Lei Federal n. 5.194/66, tais como: consertar, instalar, montar, operar, conservar, reparar, adaptar, manter, transportar, ou ainda, demolir. Incluem-se nesta definição as atividades profissionais referentes aos serviços técnicos profissionais especializados de projetos e planejamentos, estudos técnicos, pareceres, perícias, avaliações, assessorias, consultorias, auditorias, fiscalização, supervisão ou gerenciamento. Podem-se citar como exemplos de serviços de engenharia com recursos federais de defesa civil: projeto de ponte, Plano Diretor de Drenagem Urbana, reparo de bombas de sistema de abasteci- mento, aquisição de bombas para instalação de poços existentes, demolição de casas em áreas de risco, dentre outros. Note que existem situações onde tais serviços se enquadram no grupo de despesa 4, quando, por exemplo, o Plano Diretor de Drenagem é peça fundamental para a construção adequada de determina- da obra de drenagem a ser realizada imediatamente. Os projetos desta obra também passam a integrar a categoria de investimento. 1.2.4 Forma de Pagamento: CPDC ou movimentação de conta corrente específica Existem duas formas para a transferência de verba destinada a ações de defesa civil: através do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC) ou por meio de depósito em conta-corrente específica. O primeiro é empregado em ações de resposta e o segundo em convênios e ações de recuperação. O CPDC será tratado em detalhes na Unidade 2. Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 39 1.2.5 Fluxos Básicos das Modalidades de Transferências de Recursos Disponíveis na SEDEC A seguir são apresentados fluxos simplificados para se ter uma visão geral do processo de transferência de recursos federais de defesa civil, em cada modalidade. Nas próximas Unidades, estudaremos cada um desses passos detalhadamente. •• Ações de prevenção, mitigação e preparação O processo de solicitação de convênios para ações pré-desastres inicia com o acesso ao SICONV, portal do governo federal na Internet por meio do qual o município ou estado envia à SEDEC o Plano de Trabalho e o Projeto Básico, que serão analisados pela Secretaria. No decorrer do processo, há visitas técnicas da SEDEC e, no fim, o concedente emite parecer sobre a prestação de contas feita pelo ente beneficiário. Caso seja reprovada, é solicitada a devolução dos recursos não aplicados em conformidade. Caso não haja a devolução no prazo estipulado, instaura-se a Tomada de Contas Especial junto ao Tribunal de Contas da União. Cada um desses passos será visto em detalhe nas próximas Unidades. Figura 7 – Fluxo do processo para convênios Fonte: SEDEC (2013) •• Ações de resposta O processo de transferência de recursos para ações de resposta prima pela celeridade, em razão da extrema urgência com a qual lida. A transferência 40 Recursos Federais de Defesa Civil inicial fundamenta-se na solicitação do ente afetado e na experiência da SEDEC em desastres semelhantes, ficando a demonstração da correta aplicação dos recursos para fase posterior. Neste sentido, é fundamental que o ente tomador dos recursos leia atentamente as orientações disponibilizadas pela Secretaria, para que não incorra, inadvertidamente, em aplicação irregular dos recursos, tornando-se alvo de Tomada de Contas Especial perante o TCU. Figura 8 – Fluxo do processo para ações de resposta Fonte: SEDEC (2013) •• Ações de recuperação A solicitação de recursos para ações de recuperação pode ser iniciada após o reconhecimento federal do estado de calamidade pública ou situação de emergência, com a seleção e priorização das obras. Em razão da urgência do caso real, a SEDEC poderá antecipar a liberação de parte dos recursos para realização de projeto e início das obras, independentemente da análise do Plano de Trabalho, que, mesmo assim, terá de ser entregue para viabilizar a liberação das demais parcelas. A SEDEC poderá realizar visitas técnicas durante a execução das obras, mas obrigatoriamente vistoriará todas as obras concluídas, para fins de aceitação da prestação de contas. Da mesma forma, caso a SEDEC entenda ter havido aplicação indevida de recurso, solicitará a devolução do montante assim classificado. No caso de não devolução no prazo estipulado, instaurará a competente Tomada de Contas Especial junto ao Tribunal de Contas da União. Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade 41 Figura 9 – Fluxo do processo para ações de recuperação Fonte: SEDEC (2013) 1.2.6 Legislação Correlata O Quadro 1 apresenta os principais diplomas legais que regem e orientam a aplicação de recursos federais de Defesa Civil: Quadro 1 – Diplomas legais que regem e orientam a aplicação de recursos federais de Defesa Civil Ano Diploma Objeto 2014 Lei n. 12.983 – 02/06/2014 Altera a Lei n. 12.340, de 1º de dezembro de 2010, para dispor sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco e de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres, e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil; e as Leis n. 10.257, de 10 de julho de 2001, e n. 12.409, de 25 de maio de 2011. E revoga dispositivos da Lei n. 12.340, de 1º de dezembro de 2010. 2012 Portaria n. 526 - 06/09/2012 Estabelece procedimentos para a solicitação de reconhecimento de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres - S2ID. 2012 Instrução Normativa n. MI/GM 01 - 24/08/2012 Estabelece procedimentos e critérios para a decretação de situação de emergência ou estado de calamidade pública pelos Municípios, Estados e Distrito Federal; e para o reconhecimento federal das situações de anormalidade decretadas pelos entes federativos e dá outras providências. 42 Recursos Federais de Defesa Civil Ano Diploma Objeto 2012 Lei n. 12.708 - 17/08/2012 Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2013 e dá outras providências. 2012 Lei n. 12.608 - 10/04/2012 Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil-PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil-SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil-CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as leis n.12.340, de 1º/12/ 2010, n. 10.257, de 10/07/2001, n. 6.766, de 19/12/1979, n. 8.239, de 4/10/1991, e n. 9.394, de 20/12/1996; e dá outras providências. 2012 Portaria n. 37 - 31/01/2012 Altera a Portaria n. 607, de 19/08/2011, que regulamenta o uso do Cartão de Pagamento de Defesa Civil – CPDC. 2011 Portaria n. 607 - 18/08/2011 Regulamenta o uso do Cartão de Pagamento de Defesa Civil – CPDC. 2011 Lei n. 12.465 - 12/08/2011 Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da LDO 2012. 2011 Decreto n. 7.505 - 27/06/2011 Altera o Decreto n. 7.257, de 4/8/2010, que regulamenta a MP n. 494, de 2/7/2010, convertida na Lei n. 12.340, de 01/12/2010, para dispor sobre o Cartão de Pagamento de Defesa Civil – CPDC; e dá outras providências. 2010 Lei n. 12.340 - 01/12/2010 Converte em lei a MP n. 494, de 2/7/2010. Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de resposta e recuperação nas áreas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para Calamidades Públicas; e dá outras providências. 2010 Lei n. 12.309 – 09/08/2010 Dispõe sobre as diretrizes para
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