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ANTI-FÚNGICOS • São medicamentos para micose. • Existem micoses superficiais e sistêmicas. • A infecção fúngica sistêmica pode ser fatal. • Qualquer infecção por fungo é muito mais difícil de tratar do que infecções bacterianas. • Não existe tratamento de micose que dure menos de 30 dias. Uma onicomicose (fungo em unha), por exemplo, precisa de 6 meses de tratamento. >> Incidência das doenças fungicas: • Aumentou de forma explosiva nas últimas décadas pelos seguintes motivos: – Advento de quimioterapia antineoplásica: com isso o indivíduo vive mais, no entanto, vive imunodeprimido, tornando-se mais suscetível a infecções bacterianas e fúngicas. Isso aumenta o uso de antimicrobianos, os quais levam ao aumento da incidência de resistência a eles. Com o uso de quimioterápicos antineoplásicos e de antimicrobianos, começam a morrer as bactérias que competem com os fungos e, assim, o indivíduo vai ficando mais imunodeprimido. Com isso, fungos simples acabam levando pessoas a quadros de internação graves, por causa de infecções sistêmicas por fungos. – Disponibilidade de novos antimicrobianos. – Transplante de órgãos. – Novos recursos diagnósticos e terapêuticos: muitos até acabam contaminando o indivíduo com fungo. • Avanços científicos alteraram a história natural de doenças infecciosas, tornando-nos muito mais suscetíveis. • Danos no sistema de reconhecimento e defesa: – Pessoa que é vitima de microbiota colonizante. – Microrganismos cuja patogenicidade é baixa ou desconhecida. >> Sepse em hospitais dos EUA entre 1979 e 2001: • No gráfico anterior, todas as bactérias e os fungos aumentaram exponencialmente. Então, o número de sepse no mundo aumentou muito. • Do final da década de 90 até os dias de hoje, diminuiu-se o número de infecção por bactérias gram positivas e por bactérias gram negativas. Com relação a estas últimas houve uma pequena redução, a qual se manteve. • Porque que diminuiu o número de infecções por gram negativos? Porque essas novas drogas conseguem matar bactéria e evitar sepse. • Antigamente, nós usávamos muita cefalosporina de 3ª e 4ª geração, mas isso levava à liberação do LPS e choque séptico. Com o advento de carbepen, meropenen, vancomicina, QD (quinupristina- dalfopristina) e outros antibióticos mais novos, houve significativa redução e, posteriormente, uma estabilizada, nos casos de sepse. • Em número absoluto, o número de sepses bacterianas não é comparável ao de sepses fúngicas. Por exemplo, nos EUA, anualemente verificam-se 180 mil casos de sepses bacterianas (incluindo gram- positivos e gram-negativos) e de 5 a 15 mil casos de sepses por fungo. No entanto, em termos de crescimento, a sepse por fungos se sobressai à bacteriana. • O surgimento de drogas antifúngicas, na última década, tem sido mais frequente do que o surgimento de antibióticos, esse padrão não era observado antigamente. Nos últimos 10 anos, houve surgimento de pelo menos 7 anti-fúngicos. >> Antifúngicos sistêmicos: >> Classificação dos antifúngicos: Classificamos os anti-fúngicos em sistêmicos, que são os antibióticos, onde o grande representante é a anfotericina B, e em ativos em micoses superficiais. → Sistêmicos: • Antibióticos (Anfotericina B): – Em nível tópico tem ampla ação, porque a taxa de absorção é baixa e a eficácia contra os fungos é enorme, portanto, atinge grande parte deles. Para uso sistêmico, só é indicada se for uma micose potencialmente grave ou fatal, porque causa muitas reações adversas (durante a administração de anfoterecina o paciente tem tremor, vermelhidão, febre, hipotensão; depois pode apresentar lesão renal). • Pirimidinicos (Flucitosina): – São drogas que impedem a formação de bases nitrogenadas. A flucitosina, inicialmente, era uma droga anticâncer, depois passou a demonstrar efeitos antifúngicos. Ela interfere com uma pirimidina no acoplamento das bases nitrogenadas. • Imidazólicos (Cetoconazol, Fluconazol, Itraconazol, Metronidazol). – São drogas que impedem a formação de bases nitrogenadas. A flucitosina, inicialmente, era uma droga anticâncer, depois passou a demonstrar efeitos antifúngicos. Ela interfere com uma pirimidina no acoplamento das bases nitrogenadas. → Ativos em micoses superficiais: As micoses superficiais são a grande causa de procura a médicos no que diz respeito aos fungos. • Antibioticos (Griseofulvina, nistatina). • Tiocarbamatos (Tolciclato e tolnaftato). • Alilaminas (naftilina, butenafina, terbinafina): é um grupo novo. Terbinafina é um antifúngico tópico excelente, inclusive para micoses resistentes. • Imidazólicos (miconazol, clotrimazol, butoconazol) • Morfolinas (amorolfina). A maioria dos antifúngicos tópicos é associada a corticóide (como, dexametazona). • Poliênicos: anfotericina B e as drogas que se parecem com ela, como nistatina e criseofuvina, destroem o ergosterol da membrana do fungo, formando poros. Com isso, ocorre a entrada do medicamento, permitindo que o poro se abra e o fungo perca sua capacidade. Enquanto a bactéria tem parede celular e é procariótica, o fungo já é eucarioto, ou seja, já possui núcleo envolto por carioteca. Mas o fungo também possui parede celular que contém ergosterol; assim, quando o medicamento se liga ao ergosterol, ocorre a formação de poros, que permitem a saída de água, íons, e acabam levando o fungo à morte. • Azólicos: triazóis e imidazólicos, em geral. É um grupo que têm maior variedade, devido a sua segurança e a sua possibilidade de uso. São fungistáticos e interferem com a enzima que sintetiza o ergosterol (14-DM). A diferença desse mecanismo de ação para o da nistatina e da anfotericina, é que estes destroem o ergosterol levando à formação de poros, enquanto os azólicos impedem a síntese de ergosterol. • Inibidores de ácidos nucléicos: são fungicidadas. Impedem a síntese de DNA e de RNA. • Equinocandinas: são inibidores da enzima beta-1,3-glicano sintetase. >> Mecanismo de ação/alvo: • Acima vemos a parede celular de um fungo, onde notamos a presença da glicana, que é sintetizada pela glicana sintetase. A glicana é uma bicamada lipídica e os pontos rosas presentes em alguns pontos da bicamada são ergosterol, onde atuam os poliênicos (destroem o ergosterol, levando à formação do poro) e os azólicos (impedem a síntese de ergosterol). As equinocandinas impedem a glucana sintetase. Os análogos nucleosideos também provocam efeito fungicida, porque evitam a formação de ácidos nucléicos. • Os poliênicos vão fazer uma interação hidrofóbica, que é o caso da anfotericina B, mas o problema é que esse medicamento acaba interferindo com muitas outras células, principalmente células renais e isso leva ao dano renal irreversível. Sempre que formos utilizar anfoterencina B sistêmica, é preciso pedir um parecer da nefrologia e realizar regularmente provas renais. Esse medicamento é muito mais tóxico que aminoglicosídeo. >> Espectro: • O sinal positivo (+) indica qual fungo aquela droga é capaz de pegar. • Anfoterecina B só não pega Chromoblastomyces, que causa cromoblastose. Alguns do gênero Fusarium também são resistentes à anfotericina B. • Tem micose para as quais não é preciso administrar anfoterecina B. Por exemplo, cândida quase todos os medicamentos pegam, portanto, usa-se nistatina que é uma droga bem menos tóxica. >> Doenças causadas por fungos: • Aspergilose pulmonar: a cultura dele é um bolor clássico esverdeado. As linhas são as hifas do fungo. Aspergilose vai pro pulmão. Paciente inala Aspergillus e faz uma lesão pulmonar. • Blastomicose americana: Blastomyces sp. É um fungo comum no Brasil. Parece um coral. Causa lesão pulmonar. • Paracoccidioidomicose e Tuberculose: o paracoco causa tuberculose e paracoccidioidomicose (blastomicose sul-americana). Vão haver lesões pulmonares. O tratamento é com anfoterecina B ou griseofulvina(?) – ambas causam lesão renal. Muitas vezes o individuo HIV-positivo, além de ter tuberculose também apresenta paracoccidioidomicose. Então, ele faz uso do remédio da tuberculose e não melhora. • Candidíase: Candida sp. Muito comum. Não é difícil de ser identificada. Quando o indivíduo é imunodeprimido, é mais difícil conseguir reverter, mas quando não, é fácil e rápido. *Nesse caso não utiliza-se antifúngico com corticóide, porque está descamando e, então, pode ocorrer absorção sistêmica do corticóide, cuja concentração é alta. Portanto, inicialmente utiliza-se apenas o antifúngico, mas a medida que vai havendo melhora, pode-se fazer associação com corticóide. *A cândida causa, na criança, estomatite, que não tem relação com estômago. Trata-se de estomas (pequenas feridas na boca, esbranquiçadas, que doem e fazem a criança babar muito. Se assemelham a talco. Muitas vezes a criança é levada ao hospital e o médico faz diagnóstico de infecção bacteriana, receitando penicilina, quando deveria usar nistatina. É comum lavar a boca do paciente antes de administrar a nistatina, mas isso não deve ser feito com bicarbonato, porque ele neutraliza o antifúngico e ele não funciona. O correto é usar água oxigenada, que não eleva o pH e não neutraliza o antifúngico. Também não deve usar sabão comum (apenas neutro), porque também altera o pH. • Onicomicose: muitas vezes o paciente retira a unha e a outra nasce com micose, porque o fungo estava na matriz. Portanto, o ideal é tratar. • Meningite criptococica: Cryptococcus sp. É comum em fezes de pombo. A pessoa pode inalar esse microrganismo e adquirir a doença. • Coccidioidomicose: causada pelo coccidioide. No paciente abaixo, a cococidioidomicose é sistêmica, mas apresenta lesões na pele. • Fusarium micose: causada pelo Fusarium. Onicomicose causada por fusarium deixa a unha esverdeada. Existem, pelo menos, 20 fungos que causam infecção de unha. Alguns deixam a unha verde, outros deixam a unha negra. Não é possível identificar o agente causador apenas olhando, portanto o ideal é fazer raspagem e levar o material ao laboratório. Como esse processo é lento, utilizamos um antifúngico tópico de amplo espectro, que pega todos os fungos que acometem a unha. Solicita-se que o paciente use sapatos abertos por um tempo, já que o fungo se benificia com o calor e a umidade encontrados em sapatos fechados. Uso de talco também é recomendado. Muitas vezes é precisa fazer tratamento sistêmico, aproximadamente 2 a 3 vezes por semana durante 6 meses a 1 ano. • Histoplasmose: causada pelo histoplasma. Quando desconfia-se desse agente, utiliza-se um corante específico. • Paracoccidioidomicose: infecção fungica profunda causada pelo paracoccidioides brasiliensis. É endêmica na America do Sul e tem predileção por homens (15:1). Parece que o estrôgenio na mulher a protege contra o paracoco. >> Micoses superficiais: • Dermatófitos ou tineas: porções queratinizadas ou semiqueratinizadas da pele, pêlos e unhas. – Causadas por Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. • Fungos que vivem sobre a pele: – Malassezia, Piedras. • Fungos que acometem tanto a pele e apêndices quanto as mucosas: – Gênero: cândida. • Fungos filamentosos e leveduriformes: podem acometer unhas, pele, pêlos. Não são dermatófitos. Granuloma por histoplasmose: Corte tecidual. O objetivo do granuloma é tentar conter os agentes, ou seja, os histoplasmas. • Fácil de tratar. • “Frieira”. • É doloroso e incômodo. • Como a região é úmida, a micose causa rachaduras. • É difícil cicatrizar. • Dermatófito. • Dermatófito/tínea. • Muito comum aparecer no verão, principalmente em quem tem seios grandes. • Na região inguinal também é bastante observado. • São regiões em que há contato de pele a pele, fazendo com que haja temperatura elevada e suor, o qual torna o local úmido. • O ideal é tomar bastante banho, usar hidratante, manter o local seco, etc. • Talco ajuda muito pouco. • Orienta-se o uso de roupas íntimas de algodão, a fim de reabsorver líquido, e não de material sintético. • Dermatófito. • Lâmina para fazer raspagem e enviar material para análise. • Dermatófito. • Fácil de combater. • Lesões em pele de junta. • Muito incômoda. • Com uso de Lamisil tópico, essas lesões melhoram, entre 15 a 20 dias. Mas o ideal é também prescrever o Lamisil sistêmico. >> Apresentação dos antifúngicos: • Griseofulvina: Fulcin 500mg 24/24 hs – VO ou tópica. Tratamento pode durar de 4 a 6 meses. Mas deve-se ter muito cuidado, pois depois de um mês esse medicamento já começa a causar lesão renal séria. • Anfotericina B: Fungizon 50mg 24/24 hs – EV ou VO ou tópica. • Nistatina: Fungimax, Micostatin, Nidazolim, Benzevit – Tópico. • Flucitosina: Ancotil 500mg 24/24 hs VO. • Cetoconazol: Candicort, Novacort, Nizoral 200mg – VO ou tópica, 12/12 hs (mas pode ser feito 24/24 hs). • Miconazol: Dactarim, Ginedak, Ginodex, Micogyn – Tópico e EV. • Clotrimazol: Canestem – Tópico. • Econazol: Limpele, Micostyl – Tópico. • Fluconazol: Fluconal, Flunazol, Zoltec, Monipaxi 150mg – VO e EV 24/24h. • Itraconazol: Itranax, Sporanox 100mg – VO 24/24h. >> Novos antifúngicos: Inibem a biosintese de ergosterol. • Terbinafina (Lamisil): Tópico 12/12h. Oral 24/24hs (?) • Tolnaftato (Quadriderm, Quadrilom): tópico (↑Mycrosporum e ↓↓ em Candida). • Naftifina. >> Toxicidade: efeitos adversos.
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