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Preconceito analise filme

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Preconceito 
 O filme acontece em torno de um julgamento, no qual um jovem porto-riquenho é acusado de ter matado o próprio pai. Os 12 jurados se se reúnem para decidir a sentença, com a orientação de que o réu deve ser considerado inocente até que se prove o contrário. Onze deles, cada um com sua razão, votam pela condenação. Henry Fonda interpreta o único que acredita na inocência do garoto. Enquanto ele tenta convencer os outros a repensarem a sentença, o filme vai revelando sobre cada um dos jurados, mostrando as convicções pessoais que os levaram a considerar o garoto culpado e fazendo com que examinem seus próprios preconceitos. Assim que os jurados entram na abafada sala do júri, começa a se posicionar, um pega o jornal, outro vai à janela, outro ainda tenta ligar o ventilador, outros conversam sobre o tempo. Ao serem fechados na sala, pelo lado de fora, aparece certo incômodo. Alguns procuram mostrar se familiarizados à situação, observando a obviedade da mesma e tentando banalizá-la como apenas um caso interessante. Pode-se notar que esse grupo heterogêneo era constituído por pessoas do sexo masculino, maiores de 21 anos, com nível de escolaridade, profissão, experiências de vida diversas, que deveriam orientar-se para uma tarefa: decidir se um adolescente era ou não culpado pela morte de seu pai, caso todos concordassem, o rapaz seria penalizado com a morte na cadeira elétrica. 
 A exposição dos argumentos que tomam por irrefutável a culpa do jovem revela um discurso assombrosamente preconceituoso e desgraçadamente atual: é culpado porque deve ser culpado, porque nada indica que seja inocente, porque nasceu num cortiço – produtor de bandidos por excelência, porque essa gente é criada pra ser violenta, porque é da natureza deles roubar e matar, porque não se pode esperar nada de diferente desse tipinho. O filme aborda conceitos, valores, princípios éticos universais que o tornam tão atual e envolventes, mesmo tendo sido produzido em 1957. A concepção sistêmica da vida é apresentada, com o questionamento das verdades absolutas das instituições, das próprias ideias e percepções. É o homem, é o grupo, enquanto seres vivos, pulsando, repaginando-se, transformando-se, organizando-se dinamicamente e auto transcendendo-se. Nesse processo complexo e inexorável, para julgar o outro é preciso olhar para você mesmo, deparar-se com os próprios medos, paradigmas, preconceitos, temores, velhas recordações e padrões de relacionar-se. Limpar as lentes para poder ver o outro, colocar-se em seu lugar, recontextualizar a situação e questionar a cultura social da “obviedade”. É preciso muita coragem para esse mergulho, para deparar-se com o novo e desconhecido dentro de si. 
 O gesto revolucionário do homem que se nega a decidir tão sumariamente a sorte de outro é o de elevar esse outro ao status de igual é a empatia de colocar-se no lugar desse outro, de imaginar-se a si mesmo réu, imigrante, pobre, indefeso – e a partir daí dedicar seu tempo e seu esforço a discutir se a culpa presumida pode ser considerada culpa materialmente comprovada.

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