Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO E LEGISLÇÃO TRIBUTÁRIA_ AULA 01- ORIGEM HISTÓRICA DA ORDEM ECONOMICA E FINANCEIRA E O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E AS FINANÇAS PÚBLICAS FONTE:https://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/47915/historia-do-direito-tri-butario-da- origem-a-aplicacao-no-brasil HISTÓRIA DO DIREITO TRIBUTÁRIO - DA ORIGEM A APLICAÇÃO NO BRASIL A história do direito tributário é muito recente A história do Direito Tributário é relativamente recente e independente dos outros ramos do Direito. Observa-se que as leis tributárias participam da história da civilização há pouco tempo, diferente dos tributos em si, que são tão antigos quanto a história do homem vivendo em sociedade – uma contradição que identifica como a sociedade ainda está dando seus primeiros passos no caminho da evolução. História dos impostos, ou tributos Os primeiros registros da cobrança de impostos são do Egito Antigo, cerca de 10.000 a.c., e essa prática é o que sustenta o governo dos países até hoje. Entre o Egito Antigo e o surgimento das nações contemporâneas, a partir de 1700 d.c. (com declaração de independência, constituição e leis para o cidadão), a cobrança de impostos era feita a critério dos reis, nobres e senhores, donos das grandes porções de terra, o que gerava uma taxação impiedosa de tributos e a escravização dos trabalhadores, cada vez mais devedores. As nações europeias, modelo do mundo ocidental, começaram a apresentar suas leis de Direito Civil e de arrecadação de impostos de forma um pouco mais humana somente depois do período feudal, por volta de 1400 (período negro, marcado por uma exploração desumana da mão de obra agrícola, principalmente); e depois também da Guerra dos 100 Anos, entre França e Inglaterra, com início em 1337 e término em 1453 (mais de cem anos, na verdade). Obviamente as leis já existiam antes na Europa – a Magna Carta, por exemplo, trouxe benefícios jamais imaginados na época, como a limitação do poder da monarquia inglesa em criar e cobrar impostos, além da criação da norma que todos os súditos têm direito a julgamento. Mesmo assim, julgamentos e cobranças obedeciam sempre às leis dos detentores do poder. “Na Idade Média, os tributos não eram pagos a um Estado, mas sim a uma pessoa, o senhor feudal, perdendo, desta maneira, o caráter fiscal (...). Os tributos eram cobrados de acordo com os interesses do governante e não do Estado.” – Balthazar, Ubaldo César. História do Tributo no Brasil. 2005, p.17. Com a consolidação das nações e dos direitos do homem como um cidadão, viu-se a necessidade de criar também direitos na questão da cobrança de impostos. DIREITO E LEGISLÇÃO TRIBUTÁRIA_ AULA 01- ORIGEM HISTÓRICA DA ORDEM ECONOMICA E FINANCEIRA E O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E AS FINANÇAS PÚBLICAS Revoluções populares históricas contra tributação Algumas revoluções populares entraram na história por conseguirem frear o aumento ou introdução de tributos: – Constantinopla, 1197: Alexios III Angelos, imperador da Grécia na época, tentou impor a arrecadação de tributos para sustentar o exército de Henrique VI, então rei da Alemanha (que pertencia ao Império Romano), mas a população se recusou a pagar. Isso obrigou Alexios a saquear túmulos antigos e retirar suas relíquias para obter o valor que seria arrecadado. – Magna Carta, 1215: reconhecida como um grande passo para a criação da constituição, a carta foi um acordo entre os barões ingleses e o Rei John. Esse acordo determinou que a partir dali um grupo (futuro parlamento) aprovaria a criação de tributos e que haveria liberdades de sucessão (hereditariedade de bens), além de direitos judiciais para todos os súditos. Nobreza, monarquia e clero passavam por um período de instabilidade, devido aos conflitos com a França desde o reinado de Richard I (Ricardo Coração de Leão), que demandavam altas contribuições para custear as batalhas. Nome original do acordo, em latim: Magna ChartaLibertatum seu Concordiaminter regem Johannenatbarones pro concessione libertatumecclesiae et regniangliae. – França, 1597: O Rei Henrique IV tentou cobrar imposto por quantidade de produtos vendidos, ou seja, em cima das vendas de todo o comércio, mas algumas cidades se recusaram a pagar, fazendo o monarca cancelar a cobrança. – Inglaterra, 1627: John Hampden, um parlamentar, começa um movimento de recusar o pagamento de impostos a Marinha Real, cobrados pelo Rei Charles I. Anos depois acontece uma guerra civil, entre 1646 e 1649, que acaba com a decapitação do monarca e proíbe a sucessão de seu filho ao trono. Alguns autores colocam Charles I como um tirano que não obedecia às leis do parlamento, outros defendem que foi um mártir. Seu filho, Charles II, assume o trono após a restauração da Monarquia, em 1660. Fontes: Burg, David F. A World HistoryofTaxRebellions. 2004. / Inglaterra. http://www.royal.gov.uk. Acesso: 3 de junho, 2013. – Revolução Americana 1775–1783: a independência dos Estados Unidos da América (EUA) também aparece como uma revolução popular contra impostos. A tão conhecida data da independência, 4 de julho, é somente o dia quando a independência foi declarada, em 1776. As batalhas para expulsar os ingleses ainda continuaram até 1783. Fonte: Sari, Earl. George Washington: RevolutionaryLeader&FoundingFather. EUA: ABDO PublishingCompany, 2010. Depois, a cobrança de impostos ainda sofreu muitas repressões populares, mas, com a declaração de independência de vários países, as taxas começam a obedecer algumas leis, ou direitos dos cidadãos. História dos tributos no Brasil Os primeiros registros de tributação no Brasil são de 1888 e sob regime da Princesa Isabel, que baixou o decreto para regulamentar a cobrança do “Imposto de Indústrias e Profissões” – algo parecido com o Imposto de Renda, criado somente em 1922. Esse tributo aparece ainda hoje e com o mesmo nome, com a cobrança facultada às prefeituras. DIREITO E LEGISLÇÃO TRIBUTÁRIA_ AULA 01- ORIGEM HISTÓRICA DA ORDEM ECONOMICA E FINANCEIRA E O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E AS FINANÇAS PÚBLICAS O documento que criou o imposto trazia também a isenção de tributos para alguns estabelecimentos e profissões de cunho artesanal ou educacional, além de qualquer atividade com finalidade humanitária, por exemplo: – Pescadores; – Mercearias; – Escolas; – Professores; – Fábricas de algodão; – Telefonia e telegrafia. Uma legislação própria para tributação foi criada somente em 1966, com o Código Tributário Nacional, Lei 5.172 decorrente da Emenda Constitucional 18/66. Isso foi um diploma revolucionário na história do Brasil, por ter conseguido, de forma sucinta, clara e precisa, apresentar alicerces para a construção de uma teoria do tributo e das novas bases para a relação entre fisco e contribuinte (MARTINS, 2005, p. 29-31). Como comparação, pode-se analisar Brasil e EUA. Cerca de 25 anos separam as reformas tributárias das duas nações. Com histórias semelhantes, são dois países da América, “nascidos” a menos de três séculos, que têm os maiores territórios e são mais populosos: – No Brasil, desde a independência, em 1822, arrecadava-se basicamente das alfândegas e de produtos importados. Somente a partir da Constituição de 1937 os tributos foram redirecionados a indústrias, comércio, imóveis e profissões, agora de forma mais abrangente. – Nos EUA, as leis regulamentam novas formas de tributação a partir de 1913, com uma reforma constitucional que começou a taxar pessoas individuais(Adaptado: http://www.taxhistory.org. Acesso em 04 de julho, 2013). Assim, pode-se dizer que a história do Direito Tributário é sim muito recente, quando comparada a própria cobrança de tributos na história. Agora, alguns princípios constitucionais que o Direito Tributário segue para sua aplicação no Brasil:1. Princípio da legalidade – impostos não podem ser exigidos ou aumentados sem que haja estipulação de lei (Art.5°, II e Art.150, I da CF); 2. Princípio da Isonomia – todos são iguais perante o fisco. (Art.5° e Art.150, I da CF); 3. Princípio da anterioridade – impostos são cobrados no ano seguinte de sua aprovação em lei. As exceções para esse princípio são o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação, o IPI, o IOF e os impostos extraordinários – em caso de guerra. (Art. 150, III a, da CF); 4. Princípio da Irretroatividade – antes do início da vigência da lei não pode haver cobrança, nem cobrança retroativa (Art.150, III a, da CF); 5. Princípio da capacidade tributária – taxas são graduadas de acordo com a capacidade econômica do contribuinte (Art.145, §1º da CF); 6. Princípio da Uniformidade – os tributos da União são iguais em todo o território nacional (Art.151, I da CF); 7. Princípio da Inconstitucionalidade – a lei tributária será inconstitucional, quando emanar contra os contribuintes faltosos, prevendo pena de prisão civil (Art. 5°, LXII da CF); DIREITO E LEGISLÇÃO TRIBUTÁRIA_ AULA 01- ORIGEM HISTÓRICA DA ORDEM ECONOMICA E FINANCEIRA E O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E AS FINANÇAS PÚBLICAS 8. Princípio de proteção fiscal – há concessão de mandado de segurança para proteger o direito fiscal líquido e certo do contribuinte (Art.5°, LXIX, da CF). Artigo por Carlos Gilberto Melchior Rodrigues Sansalone Ferrari - terça-feira, 4 de junho de 2013.
Compartilhar